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Gabriela Batista ATM 2021/2 Ginecologia e Obstetrícia VULVOVAGINITES Pelo menos 70% das mulheres apresentarão alterações no fluxo vaginal pelo menos uma vez na vida, sendo o corrimento a queixa mais comum nos consultórios. A anamnese, exame pélvico e o exame a fresco das secreções fornecem dados suficientes para o diagnóstico, sendo a cultura solicitada somente em casos especiais. As vulvovaginites incluem infecções da vagina, cérvice, trato genital superior e também causas não infecciosas como agentes químicos e irritantes. As três principais vulvovaginites são: Vaginose bacteriana, candidíase, tricomoníase FISIOLOGIA: A secreção vaginal fisiológica é variável para cada mulher, podendo sofrer influencia hormonais, orgânicas e psíquicas. Essa secreção constitui por secreção das glândulas de Bartholin e Skene com predomínio de aeróbios, secreção sebácea, esfoliação vaginal e cervical, transudato vaginal, muco cervical, mantendo o pH ácido e a lubrificação evitando assim infecções. O aspecto da secreção pode variar conforme a fase do ciclo menstrual e a presença de glicogênio, intimamente relacionado com a quantidade de estrogênio, a coloração normal da mucosa vaginal da mulher sadia apresenta aspecto rosa-pálido, tornando-se mais clara e adelgaçada na pós menopausa e vinhosa durante a gestação. O pH normal é abaixo de 4,5, tem a presença de leucócitos, bacilos de Doderlein, flora bacteriana mista, predomínio é de lactobacilos. Nas pacientes com vulvovaginites o número de lactobacilos é pequeno e o numero de leucócitos aumenta havendo um desequilíbrio da flora vaginal. Aumento de secreção pode estar presente na gestação, pico ovulatório, excitação sexual, nas patologias inclui ectopia, neoplasia, infecção. O que pode alterar o ecossistema vaginal: Idade, atividade sexual, uso de ACO, hábitos de higiene, status emocional, SIDA, uso de ATB. Cerca de 5-10% das mulheres apresentam mucorréia, secreção vaginal acima do normal, com exame especular mostrando ausência de inflamação vaginal e muco cervical claro, e o exame a fresco revela celular sem alteração inflamatória e numero de lactobacilos normais, deve-se assegurar a paciente que essas secreções vaginais são normais , vaginite atrofica pode ocorrer na menopausa e após o parto, ocorrendo por deficiência de estrogênio e melhorando com sua reposição. VAGINOSE BACTERIANA É uma síndrome clínica polimicrobiana caracterizada pela ausência de lactobacilos e por crescimento excessivo de organismos anaeróbios facultativos, com proliferação de uma flora mista composta por Peptostreptococcus, Prevotella sp, e predominantemente gardnerella vaginallis. A vaginose bacteriana é responsável por 40-50% das vulvovaginites em mulheres em idade reprodutiva, na maioria dos casos a vaginose continua a ser um problema local, Ginecologia e Obstetricia �1 Gabriela Batista ATM 2021/2 embora em algumas situações de infecções ginecológicas como endometrite, salpingite, peritonite causadas por germes anaeróbios deva ser realizada investigação Está associada a multiplicidade de parceiros, duchas vaginais, e pode facilitar a aquisição de DSTs, embora não seja uma DST. A presença de VB deve ser considerada um fator de risco para salpingites, peritonites, infecções após procedimentos cirúrgicos ginecológicos e endometrites pós-parto. Embora geralmente as pacientes procurem atendimento por estarem apresentando alguma sintomatologia, aproximadamente 50% das pacientes com VB são assintomáticas, normalmente as queixas surgem após relação sexual ou menstruação. Critérios Diagnósticos: São utilizados os CRITÉRIOS DE AMSEL admite-se que basta a associação de três sinais ou sintomas para o diagnostico de VB. -pH vaginal maior que 4,5 ( presente 80-90%) -Leucorréia: homogênea, cinzenta ou amarelada aderida as paredes vaginais e colo -Whiff-test- adicionar 1-2 gotas de KOH na secreção vaginal e depositar em um lâmina, o surgimento de um odor desagradável ( peixe podre) causada pela volatilidade das aminas é caraterístico de vaginose -Exame a fresco- presença de clue cells ( células epiteliais vaginais recobertas por Gardnerella), essas células constituem um dos melhores indicadores de vaginose. -O Diagnóstico pode ser feito por meio de Gram da secreção vaginal e do citopatológico, demonstrando as clue cells. Tratamento: As pacientes sintomáticas devem ser tratadas, não sendo necessário o tratamento de todas as pacientes assintomáticas, são tratadas as que serão submetidas a procedimentos cirúrgicos ginecológicos, o metronidazol VO por 5-7 dias é a principal droga ( lembrar que metronidazol potencializa o efeito anticoagulante da warfarin), tratamento dose única tem eficácia reduzida portanto não deve ser utilizado, tratamento alternativo pode ser feito com clindamicina. Após o tratamento a VB pode recorrer em até 30% das mulheres em um período de 3 meses, nas recorrências o tratamento usual de 7 dias deve ser repetido, pode-se realizar cultura. O tratamento de rotina do parceiro não e recomendado, quanto ao tratamento do parceiro nas vaginoses de repetição ainda é controverso na literatura. Lembrar! Actinomyces israeli é uma bactéria anaeróbia e Gram + relacionada ao uso de DIU, especialmente os sem cobre, podendo causar infecção pélvica grave, o tratamento deve ser feito com penicilina ou clindamicina Na gestante! Não é recomendado o rastreio rotineiro de VB na gestante nem o tratamento nas assintomáticas, deve-se tratar todas as sintomáticas e aquelas com risco de trabalho de parto prematuro, tratamento de escolha é o metronidazol, na lactação preferir medicação tópica Ginecologia e Obstetricia �2 Gabriela Batista ATM 2021/2 TRICOMONÍASE A tricomoníase é uma DST causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis e está presente em 4-35% de todos os casos de vulvovaginites. Mediante seu diagnóstico outras DSTs devem ser rastreadas. O período de incubação varia de 4-28 dias, a doença tem um alto poder infectante e pode ser identificada em 30-40% dos parceiros masculinos de pacientes infectadas, embora em homens sejam autolimitadas e transitórias. Nas mulheres pode variar desde doença assintomática até uma doença inflamatória aguda, embora a maioria das pacientes não apresentem sintomas, quando presentes costumam ser intensos logo após o período menstrual ou durante a gravidez. Os principais sinais e sintomas são: secreção vaginal abundante e bolhosa, de coloração amarelo-esverdeada, prurido vulvar intenso, hiperemia e edema de vulva e vagina. Menos frequentemente pode surgir sintomas como disúria, polaciúria e dor suprapúbica ( confunde com ITU), nas gestantes esta associada a ruptura prematura de membrana e parto pré-termo DIAGNÓSTICO: É confirmado pela identificação do Trichomonas no exame a fresco da secreção vaginal, o achado típico é organismos flagelados, ovoides e móveis, um grande numero de células inflamatórias também pode ser observado ( sensibilidade 50-70% quando há sintomas), raramente a cultura é indicada, CP não é indicado para diagnostico de Tricomoníase, pH maior de 4,5, pode ser feito Whiff test positivo, no exame especular colo em aspecto de framboesa, e com o uso de lugol fica com aspecto tigróide. TRATAMENTO: O metronidazol ( 2g, VO, dose única) é a escolha para tratamento, obtendo uma taxa de cura entre 90-95%, o tinidazol ( 2g, VO, dose única) tem eficácia semelhante, tratamento tópico não é recomendado pelo índice de falha. Abstinência sexual é recomendada durante o tratamento, os parceiros sexuais devem ser tratados com mesmo esquema terapêutico, já que e a tricomoníase é uma DST , na recorrência repete-se o tratamento com metronidazol por 7 dias, se ainda persistir cultura é indicada São fatores de risco: gravidez, uso de ATB, DM, obesidade, uso de corticóides, uso de roupas apertadas e com pouca ventilação, estresse. Ginecologia e Obstetricia �3 Colo em aspecto GabrielaBatista ATM 2021/2 VULVOVAGINITE FÚNGICA A candidíase não deve ser considerada uma DST, apesar de frequentemente ser diagnosticada em pacientes imunossuprimidas e portadoras de DSTs, está presente em até 40% das vaginoses bacterianas. As manifestações clínicas variam desde uma colonização assintomática até sintomas muito severos, raramente ocorre antes da menarca e aumenta sua incidência em adultos, tendo pico em torno dos 20 anos. Cerca de 75% das mulheres apresentarão pelo menos um episódio de vulvovaginite fúngica durante a menacme, e cerca de 10% irão ter infecções recorrentes, em torno de 20% das mulheres tem testes positivos mas são assintomáticas. A ocorrência e menos frequente em mulheres pós menopausa, a não ser que estejam usando estrogênio, 85-90% da flora fúngica vaginal é constituida por Candida albicans, o restante fica dividindo entre outras especies como C.glabrata e C.tropicalis. Fatores Predisponente para candidíase: Gravidez, diabete, contato oral-genital, uso de estrogênio em altas doses, ACO, uso de atb, DIU e diafragma. Diagnóstico: É sugerido clinicamente pela presença de prurido intenso, edema de vulva/ vagina, secreção esbranquiçada e grumosa ( queijo coalho), hiperemia. A principal queixa é a leucorréia esbranquiçada, pode ter disúria associada. Ph na fita menor que 4,5 ( normal), exame a fresco demonstra hifas e pseudo-hifas, o uso de KOH no exame facilita a visualização do fungo, pode-se fazer cultura ( recidiva), teste das aminas, antifungigrama O diagnóstico da candidíase é feito basicamente pela sintomatologia da paciente. Pode ser: - Não Complicada - candidíase não frequente ou esporádica, leve-moderada, mulheres imunocompetentes - Complicada - Recorrente ( 4 ou mais em um ano), severa, candidíase não albicans, mulheres com diabetes, gestantes ou imunossuprimidas - Assintomática - Sintomática: grau de severidade ( leve, moderada, grave), > 4 moderada e >7 grave ( leva em consideração prurido, eritema vulvar e vagina, edema, fissuras vaginais e vulva) Tratamento: Está indicado para o alivio das pacientes sintomáticas, até 20% das mulheres em idade reprodutiva são assintomáticas e não necessitam de tratamento. Pode ser, via oral ou tópico ( fornecem tratamento efetivo para a candidíase, sendo a terapia com azólicos mais efetiva do que nistatina), o tratamento oral com cetoconazol, fluconazol apresenta eficácia semelhante porem é muito mais tóxico e não devem ser usados na gestação. O tratamento do parceiro não tem demonstrado reduzir a freqüência das recorrências e deve ser feito somente nos sintomáticos. Nas gestantes o tratamento é feito com azóticos tópicos, as assintomáticas não precisam de tratamento. Recorrência: Pode ocorrer por uso frequente de ATB, uso de ACO, DM, imunossupressão, atividade sexual e HIV, as especies não albicans estão mais relacionadas a recorrência, faz-se profilaxia 6 meses ( cetoconazol 100mg VO, diário ou fluconazole 150mg VO, semanalmente). Ginecologia e Obstetricia �4 Gabriela Batista ATM 2021/2 DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA A DIP é uma síndrome clinica secundária à ascensão de microorganismos da vagina e/ou endocérvice ao trato genital feminino, acometendo útero, tubas uterinas, ovários, superfície peritonial, é uma infecção adquirida na comunidade, iniciada por um agente sexualmente transmissível, distinguindo-se de infecções pélvicas causadas por procedimentos médicos. A mortalidade é baixa, mas a morbidade é alta, é a quinta causa de hospitalizações em mulheres, sua prevalência é subestimada. Dentre as mulheres com infecções não tratadas por gonorreia e ou clamídia, 10-40% desenvolvem DIP, destas 25% se tornarão inférteis. Mulheres que tiveram DIP tem 6-10 vezes mais chance de desenvolver gravidez ectópica. Algumas sequelas incluem dispareunia, piossalpingite, abscesso tubo-ovariano, aderências pélvicas. O diagnóstico e o tratamento precoce das infecções genitais do trato inferior e do quadro inicial de DIP são essenciais para evitar complicações na saude reprodutiva da mulher. Ginecologia e Obstetricia �5 Gabriela Batista ATM 2021/2 Agentes etiológicos- tem etiologia polimicrobiana, os mais comuns são bactérias pertencentes a DSTs como Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia, também Mycoplasma, Actinomices israeli ( DIU). Lembrar principalmente da clamídia, gonococo e Mycoplasma. FISIOPATOLOGIA: A DIP geralmente inicia com uma infecção cervical por clamídia ou gonococo ,entram em contato com o epitélio glandular, ascende ao trato genital superior, infectando endométrio, trompas, ovário e peritônio. Cerca de 10-40% das mulheres com cervicite por gonococo ou clamídia desenvolverão DIP, há produção de exsudato purulento resultando em pelviperitonite, para proteger o abdômen as fímbrias se fecham formando a piossalpinge, se há envolvimento do ovário forma o abscesso tubo-ovariano, alguns fatores contribuem para ascensão das bactérias como DIU, gestação, menstruação retrógrada; O dano causado nas fímbrias é irreversível. Fatores de Risco: Múltiplos parceiros, histórico de DST, tabagismo, ectopia cervical, vaginose bacteriana, início precoce de atividade sexual. QUADRO CLÍNICO O diagnóstico clínico de DIP é difícil devido a diversidade dos sintomas, podendo variar desde assintomática até um quadro grave. Quando comparado a laparoscopia ( padrão ouro), o diagnostico clínico tem valor predito positivo de 67%. Nenhum achado isolado de historia clínica é capaz de fazer o diagnóstico, o manejo correto depende do conjunto de sintomas, mais os fatores de risco. As pacientes podem ter queixa de dor pélvica, dor anexial, dor a mobilização do colo uterino, sintomas como metrorragia e dispareunia. Os sintomas geralmente iniciam durante ou logo após a menstruação.O tratamento deve ser instituído na presença de critérios mínimos. -Critérios Mínimos: Dor abdominal inferior ou pélvica ( 90% tem), pode ser leve e unilateral quando somente esta na trompa, ou intensa quando há peritonite, mobilização dolorosa do útero ao toque, dor a palpação dos anexos -Critérios Adicionais: Massa pélvica, presença de hipertermia, secreção vaginal purulenta, sangramento irregular, sintomas urinários, náuseas, síndrome de Fitz-Hugh- Curtis ( Peri-hepatite) Ginecologia e Obstetricia �6 Com um quadro clínico suspeito, o tratamento deve ser sempre instituído, evitando maiores danos a saúde reprodutiva da mulher Gabriela Batista ATM 2021/2 Diagnóstico: O diagnóstico da maioria dos casos de DIP é feito pela história clínica e pelo exame físico, não sendo necessários outros métodos diagnósticos para justificar o inicio do tratamento Exames Complementares: Hemograma com leucocitose, cultura da cérvice uterina para gonococo, mycoplasma, pesquisa de Gram da secreção vaginal e pesquisa para clamídia, EQU para afastar ITU, VDRL, anti-HIV, VSG, US transvaginal poderá mostrar as tubas uterinas com material espesso, líquido livre na pelve e abscesso tubo-ovariano. Biópsia endometrial com evidência de endometrite Laparoscopia ( padrão ouro), raramente é necessária para o diagnóstico, é indicada em pacientes com alta suspeição de abdome agudo como apendicite, falha no tratamento para DIP e que não melhoram em 72 horas. Pode ser terapêutica além de diagnóstica Diagnóstico Diferencial: Causas gastrointestinais ( apendicites, colecistites), renais ( cistite, pielonefrite), causas ginecológicas como dismenorreia, gravidez ectópica, tumores de ovário, endometriose. Ginecologia e Obstetricia �7 Gabriela Batista ATM 2021/2 Tratamento: Tem como objetivos principais tratar a infecção aguda, aliviar os sintomas e prevenir complicações. Geralmente antibioticoterapia é suficiente para eliminar a infecção, em alguns casos cx está indicada. Parceiros que tiveram contato sexual nos últimos 60 dias, devem ser tratados com atb que inclua gonococo e clamídia Critérios de Internação: Gestação, não adesão a terapia, vômitos importantes,sintomas clínicos graves ( febre alta, dor severa), suspeita de abscesso pélvico ou ovariano, peronismo ou sepse, falha no tratamento ambulatorial após 72 horas com atb. Tratamento empírico se: dor pélvica (< 30 dias) + 1 critério mínimo, pacientes jovens e sexualmente ativas. Ambulatorial: 1 linha pelo CDC- Ceftriaxona 250mg IM dose unica + dixiciclina 100mg VO, 14 dias com ou sem metronidazol 500mg Hospitalar: Clindamicina 900mg IV 8/8 horas + gentamicina IV 2mg/kg ou Ampicilina- sulbactam + dixiciclina Cirurgia: Falha ao tratamento clinico, presença de massa pélvica persistente, piora clínica, suspeita de rotura de abcesso Complicações: Peri-hepatite, infertilidade ( é a mais frequente), gestação ectópica, dor pélvica crônica, DIP recorrente ( cerca de 25%) PARTO DISFUNCIONAL O trabalho de parto disfuncional é uma progressão lenta e anormal, é a principal indicação de cesariana primária no EUA. Cerca de 20% de todos os trabalhos de parto serão afetados por distúrbios de lentificação ou de parada de progressão Fatores de Risco: Idade materna avançada, complicações da gestação, condição fetal não tranquilizadora, anestesia peridural, macrossomia fetal, variedade de posição occiptossacra, nulíparidade, obesidade, baixa estatura, corioamnionite, mãe com histórico de parto disfuncional, parto distorcido prévio, pélvis não ginecóide. Diagnóstico: Períodos do TP: primeiro período ( tempo desde o inicio do TP até a dilatação cervical completa), segundo período ( tempo desde a dilatação completa até a expulsão do feto), terceiro período ( tempo desde a expulsão do feto até a saída da placenta) Disfunções do primeiro período: O primeiro período possui a fase latente e a fase ativa ( aceleração, inclinação máxima, desaceleração da dilatação cervical). Disfunção de fase latente- A duração média da fase latente é de 6,4 horas em nulíparas e 4,8 horas para multiparas, não é influenciada por idade materna, peso fetal ou anormalidades obstétricas. O diagnostico da fase latente prolongada é pelo tempo excessivo após as contrações regulares e dolorosas sem alcançar a dilatação cervical maior ou igual a 4. Pelos critérios de Friedman fase latente prolongada é aquela que dura mais de 20 horas em primíparas e mais de 14 horas em multíparas. Não é Indicativo de parada de progressão, pois esse diagnostico nao deve ser feito durante a fase latente, mas é um fator de risco para uma fase ativa disfuncional Ginecologia e Obstetricia �8 Gabriela Batista ATM 2021/2 Disfunção da fase ativa- O inicio da fase ativa é marcado pela dilatação cervical maior que 3cm em primíparas e 4cm em multíparas com contrações fortes e regulares mais os sinais do colo como apagamento. A fase ativa é dividida em período de dilatação inicial ( aceleração) com duração de 1 hora, evoluindo em que a velocidade de dilatação é linear e bastante rápida ( inclinação máxima). O período final da fase ativa é uma dilatação em velocidade constante. A descida da apresentação fetal ocorre junto com a dilatação cervical inicia-se mais tardiamente na fase ativa, em geral com 7 ou 8 cm de dilatação. A duração media da fase ativa varia entre 4,6 horas para nulíparas e 2,4 horas para multíparas. O diagnóstico de fase ativa prolongada ou parto disfuncional primário é feito no período de dilatação conforme evolução do partograma onde se identifica uma dilatação em evolução muito lenta, ultrapassando a direita a linha de alerta ( velocidade de dilatação menor que 1cm/hora). Uma fase ativa lenta é definida como 12 horas para nulíparas e 5 horas para multíparas, com dilatação menos que 1,2cm/hora em nulíparas e menos 1cm/ hora em multíparas. Anormalidade do TP: Distúrbio de lentificação ( progressão anormalmente lenta do TP) e distúrbio de parada ( parada completa de progressão) A progressão para o parto deve ocorrer em um terço dos casos de TP disfuncional, dois terços com fase ativa prolongada vão para um quadro de parada secundaria de dilatação, usa-se o partograma mais o exame clinico para diagnóstico, se descartada desproporção céfalo pélvica, pode-se fazer o manejo com ocitocina. Disfunções do segundo período- A duração média do segundo período do TP é de 66 min nas nulíparas e 20 min nas multíparas, segundo período anormalmente longo é de 3 horas para nulíparas e 1 hora para multíparas, a morbidade materna pode aumentar com um período expulsivo prolongado. A anestesia regional, a duração do primeiro período do TP, paridade, estatura materna, peso fetal, altura da apresentação influenciam a duração do segundo período. Não se recomenda nenhuma intervenção enquanto o padrão dos batimentos cardíacos estiverem normal e for observado algum progresso na descida da apresentação. Trabalho de Parto precipitado: Quando o TP evolui muito rápido também é disfuncional, TP que dura menos de 3 horas desde o inicio das contrações até o nascimento, chama- Ginecologia e Obstetricia �9 Gabriela Batista ATM 2021/2 se de período expulsivo precipitado quando dura menos de 20 minutos, está associado a uma maior freqüência de laceração no trajeto, alem de hipotonia uterina. Causas: -Anormalidades de contração uterina: Sao anormalidades na onda contrátil do útero que devem ser fortes para provocar dilatação cervical e descida da apresentação. Essas discinesias não corrigidas resultam em TP prolongado ou com parada de progressão. Hipoatividade- Contrações com pouca intensidade, freqüência menor que 2 em 10 minutos, o progresso do parto é lento mas sem prejuízo materno e fetal Hiperatividade- Intensidade de contrações exagerada, freqüência maior que 5 em 10 minutos (taquissistolia), pode ser por dosagem excessiva de ocitocina, pode produzir sofrimento fetal e rotura uterina Incoordenação e inversão do gradiente contrátil- As contrações eficazes que provocam a dilatação cervical se propagam por todo o útero de forma generalizada e sincronizada, é o tríplice gradiente descendente, quando há incoordenação desse gradiente partes do útero se contraem de maneira independente, quando ocorre inversão do gradiente o útero se contraem de inferior para superior tendo tendencia a fechar o colo e não dilatar - Distócias de trajeto: Cervical: distúrbio funcional (espasmo do orifício interno), anatômico ( rigidez após cirurgias, cervicite), expansão desigual do segmento inferior do colo, o colo mesmo fechado pode estar apagado o que dificulta o diagnóstico, edema de colo pode ser sinal de DCP e dificulta a dilatação cervical Distocia de trajeto mole: Tumorações prévias que dificultam a descida da apresentação fetal como grandes mimosa uterinos, tumores de ovário, cistos ou abscessos das glândulas de Bartholin Distócias de trajeto duro: Redução de um ou mais diâmetros da pelve, pelvimetria clinica e muito útil no diagnostico e identifica paciente com risco de distócia. Distócias fetais - Anormalidades de rotação do polo cefálico, anormalidades de flexão do polo cefálico e desproporção céfalopélvica ( falta de proporcionalidade entre bacia e feto, pode ser causada por macrossomia, hidrocefalia, anormalidades na pelve materna), o parto torna-se obstruído e o polo cefálico permanece no estreito superior, no inicio as contrações são normais mas progridem para hipertonia, utliza-se o cartograma e faz- se o diagnostico quando há dinâmica uterina adequada sem progressão ao longo de 2 horas e com sinais maternos como edema de colo, bossa fetal, está indicado cesariana. Ginecologia e Obstetricia �10 Gabriela Batista ATM 2021/2 TRATAMENTO Primeiro período: pode se usar analgesia, deambulação, redução do estresse, banho, amniotomia. Ocitocina- Pode ser usada na fase ativa do TP para corrigir hipocontratilidade, deve ser cuidada a dosagem para não causar taquissistolia. Amniotomia- Pode ser usada para melhorar a progressão do TP, diminuindo a necessidade do uso de ocitocina Hidratação- melhora o rendimento da musculatura esquelética durante exercício prolongadoCesariana- Parada de progressão do TP é diagnosticada quando após correções de discinesias com ocitocina ou amniotomia e com dinâmica uterina adequada por mais de 2 horas nao evoluir o TP, em geral é causado por DCP e está indicado cesariana Segundo Período: Sempre reavaliar mãe e feto, se as membranas estiverem integras realizar amniotomia, se a condição do feto estiver boa pode-se manter conduta expectante mesmo que o segundo período seja prolongado, é importante manter dinâmica uterina adequada, parto vaginal instrumentado com fórcipe pode ser usado em caso de distócias fetais. Partogramas Ginecologia e Obstetricia �11 Gabriela Batista ATM 2021/2 PUERPÉRIO Inicia logo após o parto ou cesárea e vai até seis semanas. - Útero: Após o nascimento do bebe o útero diminui de tamanho sofrendo uma redução de 1000g no pós parto imediato e 500g ao final da primeira semana, encontra-se globoso e com a consistência lenhosa entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical, em 2 semanas o fundo do útero é palpado na cavidade pélvica. A cérvice que estava totalmente dilatada em 12 horas perde esse aspecto, em 1 semana o colo já está fechado, com o orifício externo aparecendo em fenda, nas primeiras 48 horas deve-se formar o globo de segurança de Pinard - Lóquios: é a eliminação de conteúdo uterino no pós parto, são constituídos pela decídua externas remanescente que sofre necrose e é eliminada, a decidua interna promove a regeneração do endométrio - Lochia rubra, sangue vivo que é eliminado nos primeiros dias pós parto, Lochia Serosa depois de 3 a 4 dias, Lochia Alba em torno do decimo dia a eliminação fica esbranquiçada. É importante a avaliação dos lóquios pois quando abundantes e/ou fétidos podem representar infecção. - Vagina e Vulva: Involuem no puerpério imediato e apresentam rápida cicatrização - Imediatamente após o parto o débito cardíaco e o volume plasmático caem e tem um aumento da resistência vascular periférica pela eliminação do placenta - O retorno da ovulação pode ser bem variado, em geral na paciente que não amamenta na 6 ou 8 semanas, a ovulação é menos frequente nas pacientes que amamentam Cuidados na primeira hora pós-parto Observar os sinais vitais a cada 15 minutos, deve-se observar sangramento vaginal com palpação uterina para afastar quadros de hemorragia por hipotonia uterina, lacerações de colo e vagina, sempre que houver sangramento aumentado deve-se fazer a revisão do canal de parto e se necessário procedimentos como curagem ( restos de placenta, entra com a mão e retira) e curetagem ( uso da cureta para retirar restos) Ginecologia e Obstetricia �12 Gabriela Batista ATM 2021/2 -A temperatura materna pode subir nas primeiras 12 a 24 horas após o parto, podendo chegar até 37,8°C. Pode também ocorrer bradicardia, com a frequência chegando a 50 a 60 bpm. - Cólicas: Após o parto podem ocorrer contrações uterinas fisiológicas, que são mais intensas durante a amamentação - Membros Inferiores devem diariamente serem examinados buscando detectar edema e dor que sugere TVP, a deambulação precoce deve ser sempre estimulada pois favorece a função vesical, intestinal e reduz o risco de TVP - Episiorrafia: É preciso analgesia adequado, pode ser usado acetaminofeno, dipirona e codeína, é indicado higienização com água e sabão, deve-se examinar a procura de hematomas, infecções ou deiscências - Ferida Operatória: deve ser diariamente examinada para afastar seromas, hematoma e infecção. Deve ser feito curativos diários com gaze e soro, utiliza atb se houver Sinais de infecção - Imunizações: Pacientes Rh negativo, não sensibilizadas ( Coombs negativo) que o RN é Rh positivo deve receber imunoglobulina anti-D em até 72 horas pós parto - Depressão pós-parto: Ocorre em 10-20%das mulheres, ocorre por problemas na adaptação da mãe ao nascimento do bebe, pode-se fazer terapia ou usar medicamentos antidepressivos seguros na amamentação. Orientações para alta Hospitalar Anticoncepção: Minipílula ( ACO somente com progesterona, pode ser iniciado após 4 semanas após o nascimento, esse método tem eficácia diminuída se o intervalo entre as mamadas aumenta), Preservativo, DIU cobre ou mirena é inserido 8-12 semanas após o parto, com a involução do útero, ligadura Retorno as relações sexuais: A recomendação é após duas semanas de puerpério normal com adequada cicatrização e desejo da paciente, há geralmente uma diminuição do desejo sexual - Durante a gravidez e no puerpério, podem aparecer estrias que variam da cor rósea- arroxeada à esbranquiçada e não têm resolução espontânea. O cloasma gravídico desaparece ao longo do puerpério. Pode ocorrer queda de cabe-los, geralmente nos primeiros 5 meses . Costuma haver restauração dos padrões normais de crescimento dos cabelos entre 6 e 15 meses após o parto. Lembrar! Placenta Acreta: Adere superficialmente o endométrio, suspeitar de se a placenta não foi liberada 30 min após o parto do bebê, se a tração da placenta causar hemorragia intensa. Increta: Penetra até 50% da parede do endométrio Percreta: Invade a serosa Placenta Prévia: é a implantação da placenta sobre o orifício interno do colo ou próximo dele. A placenta prévia pode ser total (recobrindo totalmente o orifício interno do colo), parcial (recobrindo parte do orifício interno do colo). Ginecologia e Obstetricia �13 Gabriela Batista ATM 2021/2 PARTO PREMATURO O nascimento pré termo continua sendo uma grande causa de mortalidade perinatal, segundo o CDC 12,8% dos nascimentos são pré-termos nos EUA. Embora as taxas de mortalidade neonatal tenham diminuído nos últimos anos, a incidência de nascimento pré termo vem crescendo devido ao aumento das gestações múltiplas e de reprodução assistida. Define-se como parto pré termo aquela cuja gestação termina entre a 20a e 37a semana, RN com menos de 2500g são considerados de baixo peso, menos de 1500g são considerados muito baixo peso e com menos de 1000g é elevado baixo peso. Para o diagnóstico da IG é necessário a data precisa da última DUM, menstruação tem que ser regular e sem uso de medicações. As medidas fetais na primeira metade da gestação tem associação muito próxima com a IG, muitas vezes é necessário ultra-som para determinar a IG. Ameaça de Parto Prematuro: Até 2 contrações por hora, colo parcialmente apagado e dilatação menor que 2 cm. Trabalho de Parto Prematuro: 1 ou + contração em 10 min regular com duração mínima de 30 seg, apagamento > 80% do colo e dilatação maior ou igual a 2 cm Franco trabalho de Parto Prematuro: Não há medidas que impeçam mais o parto. FATORES DE RISCO: Gestação múltipla, polidrâmnio, anomalia fetal, cirurgia abdominal na gestação, conização uterina prévia, abortamentos repetitivos, incompetência istmo-cervical ( pode ser feito a cerclagem), Rupreme, corioamnionite, sangramento uterino, tabagisno, parto pré termo anterior, placenta prévia, gemelaridade, mal formações uterinas FISIOPATOLOGIA: O PPT pode ser causado por uma serie de situações que pode levar a paciente a ter contrações, o tratamento de vaginites e bacteriúria assintomática reduz o risco de PPT. Para desenvolvimento de contrações uterinas são cinco mecanismos básicos: inflamação, estresse, modificações físicas do colo uterino, isquemia placentária e hemorragia. A inflamação (corioamnionite, cervicite…) promove a liberação de endotoxinas locais como TNF, o estresse fetal ou materno pode provocar a liberação de ocitocina, cortisol, as modificações físicas locais como polidrâmnio, gemelaridade promovem a liberação de ocitocina, para haver contração uterina é necessário a liberação de alguma dessas substâncias. Geralmente a causa é multifatorial. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico de trabalho de parto pré termo (TPP) é basicamente clínico, alguns marcadores clínicos podem ser considerados como: Modificações cervicais podem ser diagnosticadas tanto pelo exame vaginal quanto pelo US. A percepção das contraçõesuterinas pela paciente tem pouca efetividade, pode-se usar tocografia para auxiliar no diagnóstico O sangramento uterino frequentemente precede um TPP, sangramento vaginal é mais frequente em pacientes que tem TPP, condição fetal não tranquilizadora também é frequente no TPP. Medicamentos que podem ser utilizados: Sulfato de Magnésio, mais utilizado como anticonvulsivante, pode causar depressão respiratória Bloqueadores do canal do cálcio como Nifedipina Antiprostaglandinas como Indometacina Ginecologia e Obstetricia �14 Gabriela Batista ATM 2021/2 Beta adrenérgicos como Sabutamol 5 ampolas em 500ml de SG a 5%, começar com 10 gotas por minuto e aumentar 10 gotas a cada 20 min ate cessarem as contrações, pode causar taquicardia materno-fetal, terbutalina também pode ser utilizada Progesterona é usada na prevenção e não no tratamento MANEJO: Rastrear contraindicações para detenção do parto ( DM não controlada, HAS não controlada, pré-eclâmpsia, morte fetal, gestação com mais de 35 semanas, descolamento prematuro de placenta, sofrimento fetal, corioamnionite) Aplicar protocolo de inibição do TPP na ausência de contraindicações Avaliar uso de corticoide (26-34 semanas reduz SAR, enterocolite necrotizante e sangramento intracerebral, uso de betametasona pelo menos 24 horas antes do nascimento) Avaliar uso de magnésio de feto < 34 semanas Promover assistência ao parto não sendo mais evitável o nascimento do pré termo - Não havendo contraindicação a detenção do trabalho de parto, em gestações de 20 a 35 semanas com contrações palpáveis de no mínimo 3 em 30 min, faz-se protocolo de TPP - As pacientes que tem dilatação menor que 2cm com apagamento menor que 80% podem ainda não estar efetivamente em trabalho de parto sendo considerada ameaça de TPP, essas pacientes são internadas e devem ser rastreadas para sofrimento fetal, ITU, ruptura de membrana, manter hidratação e repouso, se após 1 hora continuar com contrações pode-se usar medicação - TP prematuro com mais de 2cm de dilatação cervical está indicado tratamento medicamentoso e realização de exames para afastar ITU, pesquisa de estreptococcus B, pode-se usar nifedipina ou beta adrenérgico como Salbutamol, antes de 32 semanas pode-se usar indometacina - - - Ginecologia e Obstetricia �15 Gabriela Batista ATM 2021/2 - - Assistência ao parto do pré-termo: Monitorização do feto a cada 15 minutos, diagnosticar condição fetal não tranquilizadora o mais precoce possível ( cardiotocografia classe I e II) Sendo o feto de tamanho menor, a dilatação completa pode ocorrer antes dos 10cm, a gestante pode ser encaminhada a sala de parto antes de completar os 10 cm, analgesia preferencial é epidural, evitar uso de narcóticos pois podem causar depressão respiratória neonatal A escolha da via de parto é por indicação obstétrica, e não pela prematuridade, apresentações animal beneficiam-se de cesárea, assim como parto gemelar A saída do feto deve ser menos traumática possível com desprendimento suave e cuidadoso, já que tem uma maior incidência de hemorragia intracerebral, nesses casos a episiotomia deve ser ampla, o fórceps deve ser usado em feto com mais de 1500 gramas. USO DE CORTICOIDE: A principal contribuição médica para a diminuição da mortalidade perinatal tem sido o uso de corticoides para estimular a produção de surfactante. Uso de betametasona ( 12mg IM a cada 24 horas- 2 doses) em toda gestante com TPP com IG entre 24-34 semanas Uso de sulfato de magnésio até o nascimento em mulheres com TPP com menos de 34 semanas tem efeito neuroprotetor diminuindo paralisia cerebral O uso de progesterona vaginal diminui a incidência de PPT em mulheres com risco aumentado Ginecologia e Obstetricia �16 Gabriela Batista ATM 2021/2 PÓS MATURIDADE O manejo da gestação pós termo ainda é um desafio, a mortalidade perinatal aumenta nas gestações com mais de 41 semanas. Gestação pós termo é aquela que ultrapassa 42 semanas ou 294 dias calculados a partir da DUM, pós datismo é aquela que ultrapassa a DPP. A síndrome da pós maturidade é caracterizada pelo RN impregnado de mecônio, com descamação de pele, olhar atento, unhas longas. A incidência de gestação pós termo vai de 4-14%. O erro de estimativa é menor se a IG é calculada por US de 1o trimestre, grande parte são erros no cálculo de IG. Fisiopatologia: Depois de 35 semanas de gestação, ocorre aumento das contrações uterinas e da liberação de ocitocina, o colo amolece e apaga, depois de 36 semanas a divisão celular na placenta cessam diminuindo sua função. Fatores de risco: Primiparidade, gestação prolongada anterior, anencefalia, trissomia do 16e18, hipoplasia adrenal fetal, idade materna avançada ( >40 anos) Diagnóstico: A IG é calculada pela DUM, utilizando pela regra de Nagele e estima a DPP, a US precoce tem mostrado mais precisa na determinação da IG do que calculada pela DUM e reduz significativamente a taxa de falsas gestações prolongadas, o CNN no primeiro trimestre é o método mais preciso para definir a IG, é recomendada a realização de uma ecografia antes de 20 semanas para determinar a data correta da gestação. Os dados de achados clínicos e exame físico são muito importantes para auxiliar na idade gestacional, a correlação da altura uterina ( AU) e da IG cronológica deve ser rotina para evitar o pós datismo. A história menstrual, uso de ACO, percepção de movimentos fetais em primigestas começa a ser percebido com 18-19 semanas, em mulheres que já gestaram começa com 16-17 semanas, diagnóstico precoce da gestação por B-HCG e toque bimanual no primeiro trimestre são muito importantes para auxiliar no diagnóstico de IG. Riscos Fetais: Associação com diminuição de função placentária, levando a redução de crescimento fetal, redução de líquido amniótico, risco de compressão do cordão, passagem de mecônio e risco de aspiração podendo causar asfixia. O pico de tamanho e superfície placentária ocorre na 37a semana após isso sua função vai diminuindo. Se a placenta continua funcionado pode levar a macrossomia fetal com risco de trauma no parto, distocia de ombro. A mortalidade fetal intra-uterina aumenta depois de 30 semanas e os riscos maternos aumentam após 40 semanas Riscos perinatais no pós-datismo: Natimortos, anomalias, sofrimento fetal, aspiração de mecônio, hipoglicemia, sequelas Riscos Maternos: O principal risco é o trabalho de parto prolongado e a cesariana com maior morbimortalidade. A macrossomia fetal pode levar a trauma no assoalho pélvico, uretra e vagina assim como maior risco de hemorragia. Manejo do pós datismo: O manejo da gestação prolongada nao complicada pode ser feito por indução eletiva com 41 semanas ou avaliação continua do feto até que haja indicação para interrupção. A indução eletiva com 41 semanas reduz mortalidade perinatal. Alternativas a indução medicamentosa: Estimulação mamilar, descolamento de membranas Ginecologia e Obstetricia �17 Gabriela Batista ATM 2021/2 Se IG conhecida: Pacientes com 41 semanas e colo favorável devem ser induzidas com ocitocina, se colo desfavorável preparar primeiro com misoprostol e induzir com ocitocina. Gestantes com mais de 40 anos, sugere-se interromper com 40 semanas. Se IG incerta: Faz-se avaliação da saude fetal 2X por semana após 41a semana, se exame alterado está indicado interrupção. Avaliação do bem estar fetal: Deve ser realizada 2X por semana no pós datismo, é importante sempre avaliar a quantidade de LA já que o pós termo tem redução de liquido e maior aumento de compressão do cordão, pode ser realizado perfil biofísico fetal completo, cardiotocografia, avaliação do ILA, avaliação dos movimentos fetais percebidos pela gestante ( diminuição quando há menos de 3 movimentos em 1 hora), recomenda-se fazer CTG basal ou perfil biofísico nessas pacientes. Alteração em qualquer um desses parâmetros indica interrupção. O trabalho de parto é perigoso no pós termo, a amniotomia deveser realizada para identificar mecônio espesso, deve-se indicar cesária se mecônio espesso + alterações na monitorização do feto ( taquicardia, desacelerações) RUPREME- RUPTURA PREMATURA DE MEMBRANAS A Rupreme é a ruptura do âmnio que ocorre antes do inicio do trabalho de parto, independente da IG. Sua etiologia é pouco conhecida e os riscos maternos e fetais são significativos. A incidência é de aproximadamente 10% de todas as gestações, ocorre na sua maioria após 37a semana e faz parte do processo fisiológico da gestação, porem é a principal causa de trabalho de parto pré termo ,é chamado ruptura prematura pré termo, corresponde a 3% das gestações . Ginecologia e Obstetricia �18 Gabriela Batista ATM 2021/2 Fisiopatologia: A Rupreme pode ocorrer por diferentes causas, gestação a termo faz parte do processo fisiológico, e quando ocorre no pré termo geralmente está associada a infecções intra-amnióticas. Raramente a causa da rupreme é conhecida, porém a contaminação bacteriana local é fortemente sugerida em algumas pesquisas. Interleucinas 1 e 6, TNF tem sido estudados devido a seus efeitos, as membranas corionicas também produzem citoquinas, a IL-1 produz substâncias que causam o adelgaçamento das membranas. Fatores de Risco: Baixo nível socioeconômico, sangramento uterino no terceiro trimestre, baixo IMC, tabagismo, conização, parto prematuro anterior, gemelaridade, polidrâmnio, incompetência istmo-cervical, amniocentese, infecções vaginais, o principal fator de risco é história prévia de Rupreme. Diagnóstico: A maioria dos casos é diagnosticada pelo história de perda de líquido + exame especular. O exame deve ser realizado de forma que evite riscos de infecção, por isso o toque bimanual enquanto a paciente não estiver em fase ativa de TP. O exame especular é importante para ver se há prolapso de cordão. A visualização da perda de liquido pelo orifício cervical externo confirma o diagnóstico. Nos casos de corioamnionite pode ter febre, taquicardia, dor em baixo ventre. Manobra de Tarnier: Elevação da apresentação mediante palpação abdominal e em compressão do fundo uterino, provocando a saída de LA pelo orifício cervical. Exames complementares: Avaliação do pH do líquido com fenol vermelho, o pH do LA é neutro. Citologia: As células descamadas de pelo do feto configuram um mosaico. Pode ser feita a pesquisa de gotículas de lipídeos. Ecografia: US com diminuição de LA é um item adicional, não é diagnóstico pois pode estar reduzido por outras causas, a presença de líquido normal não exclui amniorrexe. Manejo: Em todas as pacientes com Rupreme, a idade gestacional, a apresentação fetal e o bem estar fetal devem ser determinados. Em qualquer IG se houver infecção intrauterina, descolamento prematuro de placenta, evidencia de comprometimento no bem estar fetal há indicação de interrupção da gestação. Na ausência desses fatores, devem ser coletados swab para pesquisa de Clamidia, gonorreia e estreptococcus B. Avaliar sempre: Se a paciente está em trabalho de parto por meio da dinâmica uterina e exame especular, o toque vaginal só é realizado se a paciente estiver em franco trabalho de parto Ginecologia e Obstetricia �19 Gabriela Batista ATM 2021/2 Deve-se excluir condição fetal não tranquilizadora por meio da ausculta dos BCF, cardiotoco e perfil biofísico fetal. A cardiotocografia fornece dados sobre contratilidade uterina e possibilidade de compressão do cordão Deve-se excluir infecção por meio do exame fisico, hemograma, amniocentese. As pacientes com mais de 34 semanas ou com sinais de sofrimento fetal devem ter parto vaginal ou cesária conforme indicação. Gestação a termo ( 37 semanas ou mais): Indução imediata com ocitocina para reduzir risco de corioamnionite, morbidade infecciosa pós parto Gestação próxima do termo ( 34-37 semanas): A maioria dos fetos tem maturidade pulmonar, infecções são a principal morbimortalidade fetal e materna, a gestação não deve ser postergada. É Indicado indução com ocitocina Conduta longe do termo ( entre 32 e 34 semanas):Se houver maturidade pulmonar documentada a indução imediata de parto é indicada, pode-se usar corticóides para o amadurecimento pulmonar e programar a indução em 48 horas Conduta longe do termo ( entre 24 e 32 semanas): Deve ter manejo conservador se não houver contraindicações materno e fetais, pois a síndrome da angustia respiratória nessa idade gestacional tem alta mortalidade. O manejo conservador consiste em repouso para permitir novo acúmulo de LA, avaliação periódica de sinais de infecção, compressão do cordão ou descolamento de placenta. A paciente deve ser avaliada diariamente para o diagnostico de sofrimento fetal. Devem realizar hemograma, controlar temperatura. A presença de febre é um indicativo de infecção, sensibilidade uterina e taquicardia fetal são sinais altamente sensíveis para infecção. A presença de LA vertical menor que 2cm e ILA menor do que 5cm tem sido associados a latência curta ate o parto, porem não são indicações para interrupção da gestação. Conduta nas gestações com menos de 24 semanas: Depois de um período de observação em 24 horas a paciente deve ser acompanhada, realizar controle diário da temperatura, repouso e avaliações semanais no hospital, após atingir viabilidade fetal ( 24 semanas) a paciente deve ser internada para acompanhamento. A sobrevida de fetos que nascem com menos de 26 semanas é de 6,7% Ginecologia e Obstetricia �20 Gabriela Batista ATM 2021/2 Corticosteroides na RUPREME: Reduz significativamente o risco de membrana hialina, hemorragia intraventricular e colite necrotizante sem aumentar os riscos de infecção materna. O beneficio se estende da 24a a 34a semana, embora os benefícios maiores sejam após 24 horas de tratamento, tratamentos com menos de 24 também melhoram os resultados. O corticoide é recomendado na rupreme de 24 a 43 semanas, na ausencia de infecção, a dose recomendada é 2 doses de 12mg de betametasona IM com intervalo de 24 horas Antibioticoterapia: Algumas sociedades recomendam antibiótico profilático nas pacientes com bolsa rota e manejo conservador, pode ser feito com ampicilina ou amoxicilina + eritromicina por 7 dias Profilaxia de estreitococo do grupo B: Há beneficio no rastreamento universal do estreptococo B e o uso de profilaxia com penicilina G cristalina, pacientes com teste positivo ou que não não tiverem resultado e se encaixarem no grupo de alto risco ( parto com menos de 37 semanas, rupreme há mais de 18 horas, febre intraparto sem causa, historia previa de RN infectado com estreptococo B) deverão usar penicilina Cardiotocografia e perfil biofisico fetal: CTG tem boa sensibilidade para detectar infecção, nas gestações com mais de 28 semanas é recomendado CTG e PBF diariamente, nas com menos de 28 semanas faz-se PBF diariamente Condição fetal nao tranquilizadora: Há possibilidade de prolapso do cordão, prematuridade, compressão do cordão devido a perda da proteção do LA. A presença de desacelerações profundas e repetidas na CTG é sugestiva de CNT por compressão do cordão, na presença de taquicardia persistente deve-se pensar em infecção. Complicações: Ginecologia e Obstetricia �21 Gabriela Batista ATM 2021/2 Infecções na gestação: Toxoplasmose É causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii que infecta seres humanos por meio de cistos excretado nas fezes de gatos ou presente na carne de animais. Contato com fezes de gatos, ingestão de verduras mal lavadas e carne mal passada, água contaminada são as formas de contração da doença. Estima-se que 1/3 da população ja teve contado com o protozoário, 54% das gestantes tem IgG +. A prevalência da doença varia conforme fatores sociais, culturais e econômicos. Quadro clínico: Geralmente é assintomática em imunocompetentes, o quadro clínico pode incluir febre, mialgia, linfadenopatia generalizada, rash cutâneo, em imunodeficientes pode causar encefalite.A gestação não piora o quadro, pode provocar aborto, prematuridade e infecção congênita ( a contaminação fetal só ocorre se a primoinfecção foi na gestação), podendo causar alterações congênitas como anemia, icterícia, cegueira, retardo mental, microcefalia, hidrocefalia, calcificações intracranianas, em geral os RN nascem assintomáticos e só irão manifestar sintomas depois. Se a contaminação ocorrer em IG mais avançada o risco de contaminação fetal é maior ( 36 semanas - 71%), mas a gravidade da doença será menor. Diagnóstico: Rastreio no pré natal ( já na primeira consulta), pesquisa sorológica de IgM e IgG específica. IgG - e IgM - : é suscetível, precisa fazer a prevenção IgG + e IgM - : infecção prévia IgG + e IgM + : pedir teste de avidez Ginecologia e Obstetricia �22 Gabriela Batista ATM 2021/2 A avidez é proporcional ao tempo de ocorrência da infecção Inferior a 15% é baixa avidez, infecção nos últimos 3 meses Superior a 30% é alta avidez, infecção há mais de 6 meses US pode ser útil no diagnóstico ( calcificação intracraniana e dilatação intraventricular) Tratamento: Espiramicina é o fármaco mais utilizado para evitar transmissão vertical ( não trata o feto, só previne que ele fique infectado). Pirimetamina ( não usar no 1 tri) + sulfadiazina + acido folinico para tentar diminuir a gravidade da infecção congênita. Pode-se fazer amniocentese com PCR para saber se o feto está comprometido e definir qual o melhor tratamento. Rubéola A rubéola é uma infecção viral exantemática, se ocorre durante a gestação pode causar anomalias congênitas, estima-se 25-50% dos casos sejam subclínicos. Há grandes campanhas para vacinação contra rubéola. Quadro clínico: A transmissão ocorre por inalação de partículas contaminadas, pode causar rash maculopapular que se inicia em tórax e face e vai para as extremidades, linfadenopatia reto-auricular, febre e artralgia. Infecção fetal: O percentual de acometimento fetal será maior e mais grave quanto mais precoce for a IG, quando ocorre no 3 tri o CIUR pode ser a única sequela. Os danos como oculares, auditivos e de SNC podem aparecer só mais tarde no desenvolvimento da criança. Síndrome da rubéola congênita: microftalmia, cardiopatia, alterações auditivas e retardo mental) Síndrome da rubéola congênita ampliada: miocardite, hepatite, púrpura e alterações ósseas. Diagnóstico: Pesquisa de anticorpos específicos, IgM + especifica para rubéola fecha o diagnóstico ( está presente só até 30 dias após a infecção), depois positiva a IgG. Prevenção: Vacinação! Manejo: Pode-se usar gamaglobulina, mas seu uso ainda é bem controverso na literatura Infecção Herpética É causada pelos vírus HSV-1 ( acima da linha da cintura) e HSV-2 ( abaixo da linha da cintura). Pode persistir latente após primoinfecção e reativar periodicamente, com maior freqüência na gestação. A transmissão ocorre por contato com as lesões abertas e pode ser oral-oral, oral-genital, genital-genital. Quadro clinico: Queimação, prurido seguindo-se com o aparecimento de vesículas que ulceram, o quadro dura de 7-10 dias, pode ocorrer mais raramente hepatite herpética, síndrome HELLP ( hemólise, baixa contagem de plaquetas e enzimas hepáticas elevadas). A infecção primária na gestação está associada a maior incidência de recorrências no trato geniturinário até o nascimento. Infecção congênita: Mortalidade fetal aumentada, aborto, trabalho de parto pré-termo, CIUR, mal formações no bebe, ruptura prematura de membranas. A transmissão para o bebê pode ser intraútero ascendente ( rupreme), pela passagem no canal de parto infectado ou contato com lesões ativas ou secreções após o parto ( mama, boca…) Diagnóstico: história + quadro clinico ( lesões típicas e recorrentes), história de parceiros com diagnostico de herpes, pode-se fazer cultura, PCR. Manejo: prevenir a transmissão perinatal do vírus para o bebê. Casos graves pode-se usar aciclovir, especialmente na herpes genital recorrente perto do termo pois reduz as recorrências clinicas no parto e diminui a herpes genital clinica. Ginecologia e Obstetricia �23 Gabriela Batista ATM 2021/2 No parto: Sem lesão genital: parto vaginal Lesão sugestiva: cesárea, se bolsa rompeu de 4-6 horas Rotura de bolsa longe do termo: tratamento conservador e antiviral Sífilis A sifilis é uma infecção sistêmica causada pelo Treponema pallidum, segundo o CDC toda gestante deve fazer rastreio na 1a consulta de pré natal, com 28 semanas e na hora do parto. A incidência de sífilis congênita em crianças menores de 1 ano de idade tem apresentado aumento significativo na ultima década. A TV acontece mais frequentemente intraútero, embora também possa ocorrer durante a passagem do feto pelo canal do parto, se houver a presença de lesão ativa. A probabilidade da ocorrência de sífilis congênita é influenciada pelo estágio da sífilis na mãe e pela duração da exposição fetal. Dessa forma, a transmissão é maior (em torno de 70% a 100%) quando a gestante apresenta sífilis primária ou secundária. A sífilis congênita é passível de prevenção quando a gestante infectada por sífilis é tratada adequadamente. A sífilis na gestação pode implicar consequências como aborto, natimorto, parto prematuro, morte neonatal e manifestações congênitas pre- coces ou tardias. Manifestações clínicas: A sifilis recente é aquela com menos de 1 ano de evolução e a tardia ( latente tardia ou terciária) após esse período. O risco de transmissão congênita esta diretamente relacionado ao estagio da doença, sendo extremamente alto nos primeiros quatro anos após a aquisição da infecção pela mãe. Sífilis primária: cancro duro placa eritematosa que ulcera, linfonodopatia regional, a lesão desaparece em media após 21 dias Sífilis secundaria: Rash cutaneo eritematoso disseminados pelo corpo Sífilis terciária: Aneurisma de aorta, demência, alterações psiquiátricas, paresias. Diagnóstico: VDRL: exame de escolha para rastreio FTA-abs ( treponêmico): confirma o diagnóstico, não deve ser utilizado para seguimento pois pode permanecer positivo toda a vida Teste rápido quando VDRL não estiver disponível Rastreio 1a consulta, 28 semanas e no parto. Se negativo, realizar no parto Se positivo a titulo baixo, repetir mensalmente Se positivo a titulo alto, pede FTA-abs, se positivo iniciar tratamento e notificação Titulo alto e sem tratamento: tratar Titulo alto e já tratou: pedir FTA-abs Tratamento: Penicilina benzatina (única capaz de prevenir transmissão vertical), gestantes com alergia a penicilina devem fazer a dessensibilização antes de iniciar o tratamento. Pode-se usar eritromicina ( considerar o feto como não tratado). O parceiro deve ser tratado também de preferência com penicilina. Até o final da gestação o controle pós tratamento deve ser feito com VDRL, os títulos devem cair permanecendo menores de 1/8. Após a primeira dose de penicilina pode ocorrer reação de jarisch-Herxheimer ( exacerbação das lesões cutâneas e involução espontânea em até 48 horas) Tratamento adequado: Ginecologia e Obstetricia �24 Gabriela Batista ATM 2021/2 Citomegalovírus É um herpes virus, pode permanecer latente após a infecção primaria e ser reativado periodicamente, a transmissão ocorre por via respiratória, contato com secreções contaminadas e via vertical. O risco de infecção no feto é muito mais alto durante a infecção primária, no inicio da gestação esta relacionado a aborto. Diagnóstico: swab da orofaringe e da urina Tratamento: Não há tratamento durante a gestação, pode-se usar ganciclovir em caso de infecção materna grave nas imunossuprimidas. Deve ser feito a prevenção! Hepatites A hepatite viral é uma doença de distribuição mundial e com alta morbidade, sendo a principal causa de icterícia na gestante, a hepatite em gestante tem sido subestimada principalmente porque os efeitos no RN só são percebidos décadas após o nascimento. Ginecologia e Obstetricia �25 GabrielaBatista ATM 2021/2 Quadro clínico: Varia de assintomático com alterações laboratoriais até fulminante com coma hepático. Os sintomas são inespecíficos como fadiga, mal-estar, inapetência. Na fase inicial aguda pode ocorrer sintomas como coriza, tosse, cefaleia e mialgias. Todos esses sintomas tendem a desaparecer com o surgimento da icterícia e do prurido. O exame fisico é difícil devido ao útero gravidico. A principal alteração é o aumento da TGO e TGP de 500 a 5.000, bilirrubinas e FA podem estar aumentadas só pela gestação ( cuidar). A gestação não favorece o aparecimento da hepatite e nem agrava o curso da doença. Diagnóstico diferencial: colelítiase, síndrome HELLP, fígado gorduroso agudo da gestação. Hepatite A: É uma infecção endêmica no Brasil, até 2 semanas após a exposição está indicado uso de imunoglobulina Hepatite B: Vírus é transmitido por sangue infectado, relações sexuais desprotegidas. Todas as gestantes devem ser rastreadas com HBsAg no pré natal, a vacinação esta i n d i c a d a p a r a t o d a s a s gestantes! Hepa t i t e C : Transmissão semelhante a Hepatite B, a transmissão intrauterina do vírus da hepatite C é 50% mais alta que do vírus da Hepatite B. Se resultado positivo, RN deve receber imunoglobulina Gestante pode amamentar. Estreptococo do Grupo B A colonização do trato urogenital de mulheres pelo estreptococo B é muito comum e frequentemente assintomática, mas com importância na morbimortalidade neonatal. Nos EUA o protocolo é rastrear a colonização de gestantes e avaliar fatores de risco para EGB para identificar as candidatas a profilaxia no parto. Após o inicio da profilaxia houve uma redução da sepse por EGP em RN, especialmente nos prematuros. CDC recomenda rastreio universal em todas as gestantes a partir de 35 semanas com swab vaginal Fatores de risco para transmissão: febre intraparto, prematuridade, ruptura de membranas prolongada ( >18 horas) em gestação a termo. Profilaxia: Penicilina G cristalina nas pacientes com cultura positiva, TPP ou rupreme. Ginecologia e Obstetricia �26 Gabriela Batista ATM 2021/2 Varicela A varicela é causada pelo varicela-zóster, um herpes vírus altamente contagioso que é disseminado pela inalação de partículas infectadas ou por contado com as lesões. A vacina é constituída por vírus vivo atenuado ( recomendado fazer antes da gravidez). Quadro clínico: Estado gripal ( febre e mal-estar), rash cutâneo pruriginoso com evolução rápida das máculas e pápulas para vesículas e crostas. Em caso de mulheres grávidas a complicação mais grave é a pneumonia intersticial Síndrome da varicela congênita: Antes de 24a semana é estimado que 1/3 dos fetos infectados apresente clinica. A síndrome inclui CIUR, microcefalia, corrioretinite, microftalmia. Podem manifestar hérpes-zóster no primeiro ano de vida. Tratamento: Não há medicação que impeça a sequela no bebê. Deve ser estimulada a vacinação de mulheres que não tiveram a doença na infância. Zika Vírus O vírus Zika é um Flavivírus capaz de causar infecção em humanos; o primeiro caso diagnosticado no Brasil ocorreu no ano de 2015, na Região Nordeste. A maioria das pessoas infectadas apresentará a forma assintomática. Em pessoas sintomáticas, os Ginecologia e Obstetricia �27 Gabriela Batista ATM 2021/2 principais sinais e sintomas são rash cutâneo, febre, conjuntivite, cefaleia, dores articulares e mialgia As anomalias congênitas associadas à infecção pelo vírus Zika foram observadas logo após a entrada do vírus no território nacional. A microcefalia foi o acometimento mais frequente do SNC e desencadeou situação de alerta no Brasil naquele momento, por ter sido considerado uma Situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Brasil, 2016). Pode ocorrer também perda fetal, aborto e retardo mental. Transmissão: O vírus pode ser transmitido por meio da picada do vetor Aedes aegypti (o mesmo que transmite dengue, Chikungunya e febre amarela), assim como por transmissão vertical e sexual. Diagnóstico é por PCR. Tratamento é de suporte, pode causar Guilian-Barré na mãe tardiamente. Não contraindica amamentação. HIV positivo Mais de 90% das crianças contaminadas são por transmissão vertical. Nos últimos anos houve um aumento do numero de mulheres infectadas, Rio grande do sul é o estado de maior incidência. OMS recomenda quatro pontos para evitar a transmissão vertical do HIV: Prevenção primaria do HIV em mulheres em idade reprodutiva, orientação anticoncepcional para mulheres soropositivas, prevenção da transmissão vertical e tratamento para as mulheres. Estima-se que somente 50% das grávidas infectadas recebam AZT durante a gestação e o parto. A maior parte das transmissões verticais ocorrem próximas ou no trabalho de parto Terapia antirretroviral na gestação: Devem fazer tratamento durante toda a gestação e quimioprofilaxia com AZT IV durante o parto pois ajuda a diminuir a chance de infecção fetal. Diagnóstico: O ministério da saúde reforça a importância do teste rápido em todo gestante que chegar ao hospital sem ter resultado de teste anti-HIV durante o pré- natal. A triagem é feita com ELISA e o segundo teste, o confirmatório é feito com o Western-blot. É recomendado rastrear as gestantes na primeira consulta pré natal, no inicio do 3o trimestre, e na maternidade. As gestantes soropositivas devem fazer sorologia para chagas, função hepática, Mantoux e CD4, carga viral ( define a via de parto) fazer na 1a consulta, 4-8 sem após o tratamento e depois mensalmente. Ginecologia e Obstetricia �28 Gabriela Batista ATM 2021/2 Quimioprofilaxia: Ginecologia e Obstetricia �29 Gabriela Batista ATM 2021/2 Cuidados no parto vaginal de gestantes HIV + Cuidados com o RN: Ginecologia e Obstetricia �30 Gabriela Batista ATM 2021/2 Lesões Epiteliais de Alto e Baixo Grau Lesões muito prevalentes e relacionadas ao HPV principalmente aos tipos 16 e 18 ( + oncogênicos) e 6 e 11 ( não oncogênicos, causam as verrugas genitais). Possui um alto risco de infecção durante a vida (75%), esse risco é acumulado pelo numero de parceiros sexuais, a cada novo parceiro o risco de infecção aumenta 15-25%/ . A maioria das infecções são eliminadas espontaneamente. O câncer do colo do útero é precedido por uma longa fase de doença pré-invasiva, denominada de neoplasia intraepitelial cervical (NIC). A NIC é categorizada em graus I, II e III, dependendo da proporção da espessura do epitélio que apresenta células maduras e diferenciadas. Os graus mais graves da NIC (II e III) apresentam uma maior proporção da espessura do epitélio composto de células indiferenciadas e, devido à sua maior probabilidade de progressão para o câncer, se deixadas sem tratamento, são consideradas seus reais precursores. A maioria das NIC I regride em períodos entre 12 a 24 meses ou não progride à NIC II ou III e, portanto, não é considerada lesão precursora. Diagnóstico: Clínica ( verruga couve-flor na vulva, ânus e colo), acido acetico lesão acetobranca, colposcopia, citopatológico, biópsia ( cautério, a frio), Dna-HPV. Rastreio: Pelo Ministério da saúde dos 25-64 anos, após 2 controles negativos em um intervalo de 1 ano, pode-se fazer trienal, para mulheres com 64 anos que nunca fizeram CP deve-se realizar 2 exames num intervalo de 1 a 3 anos. Pela Febrasgo: 3 anos após inicio da vida sexual até 70 anos ( após 2 exames negativos). Dos 20-24 anos muitas alterações de baixo e grau e muito pouca lesões malignas. Em imunossuprimidas após 1a relação sexual, intervalo de 6 meses, após 2 exames normais é anual. A amostra deve ser satisfatória é deve conter células da JEC ( epitélio escamoso, células glandulares e metaplasicas). Classificação histológica: NIC I (displasia de baixo grau), NIC II e III ( displasia acentuada), carcinoma invasor Classificação citológica:ASCUS, AGC-US,L-SIL, ASC-H, AGC-H, H-SIL, AIS. Células escamosas atípicas de resultados indeterminados ( ASCUS): É a alteração mais prevalente, entretanto, 5 a 17% dos pacientes com ASC-US e 24 a 94% dos pacientes com ASC-H podem ter um resultado de NIC 2 (Displasia Moderada) ou NIC 3 (Displasia Grave) em biópsia. Diante de um resultado de um CP ASC-US, a conduta na mulher com 30 anos ou mais será a repetição desse exame num intervalo de seis meses . A segunda coleta deve ser precedida, quando necessário, do tratamento de processos infecciosos e de melhora do trofismo genital, com uso prévio de estrogênio (para mulheres após a menopausa). Para as mulheres com idade inferior a 30 anos, a repetição do exame citopatológico deverá ser realizada em 12 meses Se dois exames citopatológicos subsequentes com intervalo de seis (no caso de mulheres com 30 anos ou mais) ou 12 meses (no caso de mulheres com menos de 30 anos) forem negativos, a mulher deverá retornar à rotina de rastreamento citológico trienal ,porém, se o resultado de alguma citologia de repetição for igual ou sugestiva de lesão intraepitelial ou câncer, a mulher deverá ser encaminhada à unidade de referência para colposcopia. No caso de a colposcopia mostrar achados anormais maiores (sugestivos de NIC II/III) ou suspeitos de invasão, deve-se realizar a biópsia . Se o resultado for de NIC II/III ou câncer, a conduta será específica para esse resultado .Em caso de colposcopia com JEC visível e com achados anormais menores (sugestivos de NIC I), a biópsia poderá ser Ginecologia e Obstetricia �31 Gabriela Batista ATM 2021/2 dispensada se a mulher tiver menos de 30 anos, história de rastreamento prévio negativo para lesão intraepitelial ou câncer e possibilidade de seguimento. Células escamosas atípicas de resultados indeterminados que não se pode excluir lesão neoplásica ( ASC-H): Todas as mulheres com laudo citopatológico de ASC-H devem ser encaminhadas para uma unidade de referência para colposcopia. Realizada a colposcopia, deve-se considerar se a JEC é visível. No caso de colposcopia com visão total da JEC e achados anormais maiores, deve ser realizada a biópsia. Na presença de achados colposcópicos anormais, sem visão da JEC, deve-se proceder à biópsia e avaliação do canal endocervical. Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (NIC I): Considerando-se apenas os exames anormais, a prevalência de LSIL foi de 27,6%, representando o segundo diagnóstico citopatológico mais frequente e demandando investigação ou acompanhamento adicionais, precedida apenas pela categoria ASC-US. A LSIL representa a manifestação citológica da infecção causada pelo HPV, altamente prevalente e com potencial de regressão frequente, especialmente em mulheres com menos de 30 anos. Recomendação: Mulheres com LSIL devem repetir o CP em seis meses. Processos infecciosos ou atrofia genital identificados devem ser tratados antes da nova coleta. Se a citologia de repetição for negativa em dois exames consecutivos, a paciente deve retornar à rotina de rastreamento citológico trienal. Se uma das citologias no período de um ano for alterada, encaminhar para colposcopia. Se a paciente tiver menos de 24 anos, repetir em 3 anos, se for imunodeprimida realizar colposcopia. Gestantes devem repetir o exame 3 meses após o parto, pois as alterações fisiológicas da gravidez dificultam a analise. LSIL tem alto potencial de regressão, e evolução para câncer é muito raro. Ginecologia e Obstetricia �32 Gabriela Batista ATM 2021/2 Lesão intraepitelial de alto grau: Nic III para invasão chance de 20% Conduta: Maiores de 25 anos: Colposcopia, se tiver lesão e JEC visível fazer incisão da zona de transformação, se a JEC não for visível fazer biopsia e avaliar o canal endocervical, se não houver lesão repetir o CP. Até 24 anos: Realizar colposcopia e biópsia, se NIC I fazer CP em 6 meses, se NIC II ou III seguimento para câncer. Seguimento: Nos casos em que o exame histopatológico da peça cirúrgica mostrar margens livres de doença ou comprometidas por NIC I, a mulher deverá ser submetida à citologia seis e 12 meses após o procedimento . Após o primeiro ano, o seguimento deverá ser realizado com citologia anual até completar cinco anos do tratamento. Nos casos em que o exame histopatológico da peça cirúrgica mostrar qualquer uma das margens comprometidas por NIC II/III, o seguimento deverá ser feito com exame citopatológico e colposcopia semestrais nos primeiros dois anos . Após os dois primeiros anos, o seguimento deverá ser feito com a citologia anual até completar cinco anos do tratamento. Em ambos os casos, após os primeiros cinco anos do tratamento a mulher deverá retornar para o rastreamento citopatológico trienal . Em pacientes com até 24 anos muitas lesões HSIL podem regredir. ADENOCARCINOMA IN SITU E INVASOR Lembrar: É o 4o câncer em prevalência no Brasil, aumento na incidência na região Norte e Nordeste e diminuição na região Sul.O câncer de colo uterino pode ser prevenido com um rastreio adequado com detecção ainda na forma de NIC. É geralmente diagnosticada em torno da quinta década de vida. Fatores de risco: HPV de alto risco ( 16,18,31,33,35), tabagismo, relação sexual precoce, múltiplos parceiros, herpes tipo II, imunodepressão. Ginecologia e Obstetricia �33 Gabriela Batista ATM 2021/2 Tipos: Epidermóide, origem na ectocérvice (80%) e adenocarcinoma, origem células colunares enodaervicais (9,7%). O carcinoma de colo normalmente se origina na JEC, é precedido na maioria das vezes por NIC e carcima in situ. Dissemina-se por extensão direta ao tecido paracervical, vagina e endométrio, com a progressão envolve as paredes pélvicas lateralmente, bexiga e reto. Metástases ocorrem principalmente por via linfática, mas podem ser por via hematogênica. O grau de diferenciação tumoral (bem diferenciado, moderadamente diferenciado e pobremente diferenciado), profundidade e extensão da invasão, presença ou ausência de invasão dos espaços linfovasculares são fatores prognósticos que devem ser avaliados Carcinoma escamoso pode ser: grande células não queratinizados ( + comum), grandes células queratinizado, pequena celular não queratinizado. Quadro clínico: Em geral na sua forma inicial são assintomáticos, a paciente pode referir secreção vaginal fétida ou sanguinolenta, ciclos menstruais irregulares, sangramento pós coita, dor em baixo ventre. Nos estágios mais avançados a paciente pode referir dor em baixo ventre importante, anemia, dor lombar, hematúria, alterações de habito intestinal. Diagnóstico: citologia, colposcopia e histologia Para diagnóstico: colposcopia + biópsia Para avaliar extensão: toque vaginal + retal, cistoscopia, retossigmoidoscopia, urografia e RM. Na citologia deve haver celular da JEC colhidas com espatula na ectocérvice e cytobrush na endocérvice, resultado negativo pode ocorrer em caso de tumores com muita necrose. A conização é indicada quando a invasão não pode ser descartada por colposcopia e biópsia dirigida da lesão, quando os resultados da colposcopia são insatisfatórios e CP revela HSIL. Ginecologia e Obstetricia �34 Gabriela Batista ATM 2021/2 Estadiamento: Se baseia nos resultados do exame fisico, anatomopatológico e exames complementares. Qualquer suspeita de invasão de bexiga e reto deve ser confirmada por biopsia. É indicado uretracistoscopia e retossigmoidoscopia pre operatória se houver suspeita de invasão desses órgãos. Tomografia e ressonância sao usadas para definir a presença ou ausência de metástases linfonodais e avaliar a extensão da lesão, pode ser usado PET CT para avaliação de linfonodos comprometidos Estadiamento cirúrgico: Lindadenectomia pélvica e para-aórtica quando há aumento ou suspeição de comprometimento dessas cadeias. Ginecologia e Obstetricia �35 Gabriela Batista ATM 2021/2 Tratamento: A cirurgia de Wertheim-Megs (histerectomia total ampliadaPiver III) envolve a retirada de utero, terco superior da vagina, ligamentos uterinos e todo o paramétrio + linfadenectomia pélvica bilateral, nas pós menopausa faz-se ooforectomia, nas pré menopausa o ovário é deslocado para a goteira parieto-cólica e fixado no peritonio. Estágio IA1: conização ou histerectomia simples se tiver prole completa, é necessário que não haja invasão angiolinfática Estágio IA2,IB2 e IIA: histerectomia radical ou traquelectomia ( retira colo uterina, tecidos parametrizas e linfadenectomia pélvica), essa técnica preserva a fertilidade, pode ser feito em lesões de ate 2cm Estágio IB2: tumores de 4 de cm, realiza-se radioterapia + quimio + braquiterapia Estágio IIB,III,IVA: rádio + quimio com cisplatina Estágio IVB: paliativo Seguimento: A maioria das recorrências ocorrem nos primeiros dois anos após o tratamento primário. O exame físico deve incluir avaliação dos linfonodos supraclaviculares, palpação abdominal, exame especular, coleta de CP e toque vaginal + retal. As pacientes devem ser avaliadas a cada 3 meses no primeiro ano, 4/4 meses no segundo, 6/6 meses até o quinto ano. Prevenção! Vacina do HPV ( meninas dos 9-13 e meninos do 12-13 anos). Doença trofoblástica gestacional São lesões que surgem do epitélio trofoblástico da placenta. É uma das neoplasias mais curáveis, mesmo em fase avançada. O prognóstico para a cura da paciente são bons mesmo com doença disseminada. A maioria das gestações molares esta curada com o esvaziamento uterino, mas em 10 a 20% dos casos há malignidade. A probabilidade de cura depende do tipo histológico, extensão da doença, níveis de HCG e sitio das metástases. Tipos de doença trofoblástica: Mola hidatiforme ( completa ou parcial) Neoplasia ótrofoblástica gestacional persistente ( mola invasora) Coriocarcinoma Tumor trofoblástico de sitio placentário ( PSTT) As molas hidatiformes são tumores localizados, não invasivos, que se desenvolvem como resultado de uma fertilização aberrante, compõem 80% dos casos de DTG. A DTG tem sido associada a diversos fatores de risco como: extremos de idade, gestação molar prévia, carências nutricionais. Quadro clinico: Sangramento vaginal, útero aumentado para IG, dor pélvica, anemia, hiperêmese gravídica. Mola Hidatiforme Fatores de risco: Infecções virais, nutrição da paciente, uso de ACO, consanguinidade. Mola Completa: Origina-se da fertilização de um ovulo com núcleo ausente com carga gênica somente do pai, um espermatozoide haploide 23X que posteriormente se duplica originando um diploide. Não possui tecidos embrionários ou fetais identificáveis e as vilosidades apresentam edema hidatiforme generalizado ( vilos hidrópicos), ausência de vasos sangüíneos e hiperplasia trofoblástica difusa. O aspecto da é de cacho de uva, possui potencial de invasão local (15%), forma maligna em 20%. Mola parcial: Geralmente se origina da fertilização de um óvulo por dois espermatozóide gerando uma triploidia ( 69XXX ou 60XXY).As mudanças hidrópicas são focais e menos proeminentes com pouca atilai e hiperplasia do trofoblasto. A mola hidatiforme parcial é a Ginecologia e Obstetricia �36 Gabriela Batista ATM 2021/2 única associada com presença de líquido amniótico e feto com atividade cardíaca. O abortamento espontâneo é a evolução natural em 99% das molas parciais, muitas vezes confundida como um aborto incompleto. Na mola parcial há vilosidades normais e focos de degeneração com necrose e hemorragia, em 5% dos casos evolui para forma maligna. Quadro Clínico: Em 75% há sangramento vaginal ( sangue escuro em pouca quantidade), parecendo “xarope”, dor abdominal, vômitos de difícil controle. 15-25% tem cisto ovariano >6cm Hipertensão gestacional precoce no 1o trimestre antes das 24 semanas , hipertireoidismo, Bhcg muito alto, altura uterina em dicordância entre DUM e altura uterina US: Área anecóide com ecos amorfos (floco de neve) Em geral os sintomas da mola parcial são bem menos proeminentes. Neoplasia trofoblástica gestacional maligna: locais de maior acometimento de metástases são pulmão, vagina, pelve, cérebro, fígado. Mola Invasora: Mola hidatiforme com velocidades hidrópicas alargadas com proliferação do trofoblasto, penetrando o miométrio, em geral aparece como uma ou mais massas mal definidas no útero com áreas anecóicas com fluxo vascular elevado. É uma sequela da mola completa, pode haver perfuração uterina. Coriocarcinoma: Macroscopicamente granular com extensas áreas de necrose e hemorragia, desarranjo entre elementos do sinckciotrofoblasto e citotrofoblasto com mitose. O sangramento vaginal irregular é o sintoma mais frequente. A apresentação clinica típica é hemorragia pós parto tardio. No US massa ecogênica semissólida. As metástases se disseminam rapidamente por via hematogênica para pulmão, vagina, pelve, fígado. Tem alta sensibilidade a quimioterapia Trofoblástico de sitio placentário: Alto potencial de malignidade, maioria é confinada ao útero, progressão é muito rápida. Tratamento é histerectomia Trofoblástico epitelióide: Após gestação a termo, raramente causa metástases. Tratamento é histerectomia, responde pouco a QTx. Ginecologia e Obstetricia �37 Gabriela Batista ATM 2021/2 GESTAÇÃO ECTÓPICA É considerada toda gravidez com implantação e desenvolvimento fora da cavidade endometrial, podendo ocorrer nas tubas uterinas, ovários, cavidade abdominal e colo uterino. Incidência entre 1-2% de todas as gestações, aumento de incidência é muito relacionado ao aumento da DIP Etiologia: A principal alteração é a lesão tubária sendo a DIP um dos principais fatores de risco, DSTs prévias, cx tubária prévia, GE prévia, técnica de fertilização assistida, DIU, idade avançada ( >35 anos), tabagismo, múltiplos parceiros sexuais, endometriose, ACO de emergencia. Fatores de risco: Etiologia: • DIP (obstruções) • DIU: por estar mal localizado permite a gravidez, mas não permite implantação correta (ocorre principalmente com DIU de cobre) • Cirurgia tubária prévia – 4-5x mais chance de ter gravidez ectópica. (Não se sabe se é pela cirurgia ou pela lesão anterior.) A intenção é sempre salvar a trompa, mas muitas vezes acaba perdendo. • Paciente com antecedente de ectópica: 6-8x mais risco de nova ectopica • Procedimentos de gravidez com reprodução assistida 2-10% - usa muito hormônio • Anticoncepção de emergência (pílula do dia seguinte – causa alterações no útero, pode impedir a implantação no local certo) • Múltiplos parceiros e início precoce das relações (DIP) • Tabagismo (alteração nas fimbrias – as responsáveis pelo movimento do embrião). Anamnese: • TRÍADE: dor abdominal + atraso menstrual + sangramento não habitual. Diante de um atraso menstrual, não é normal ter dor. • Sintomas: náuseas e vômitos, aumento e sensibilidade das mamas, síncope (rota – mais comum, pode ocorrer na gestação normal devido à hipotensão), alterações intestinais. Quadro inespecífico. Exame físico: • Sinal de Cullen: hematoma/equimose periumbical, se rota Ginecologia e Obstetricia �38 Gabriela Batista ATM 2021/2 • Dor generalizada ou localizada: sinal de Blumberg, se rota • Diminuição/parada dos ruídos hidroaéreos. • Ginecológico: presença de sangramento, dor à mobilização do colo, colo amolecido, fundo de saco posterior dolorido/abaulado, útero normal ou ligeiramente aumentado de tamanho (depende da implantação), palpação na massa anexial dolorosa em 50% dos casos. Outros exames: • Fazer duas dosagens consecutivas de BHCG em 48h = Geralmente não tem elevação de BHCG na gravidez ectópica em 66% dos casos. (duplicaria a cada 24-48h na gestação normal). • Pede sorologias, tipo sanguíneo. • Culdocentese – aspiração do fundo de saco de Douglas para ver se tem sangue, mas hoje faz US por segurança • US Transvaginal: vê espessura endometrial menor que o normal para uma gravidez, pode ter saco gestacional 2,5 a 3 semanas após a fecundação ou 4-5 semanas
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