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Fonética e Fonologia da Língua Inglesa Elen Azambuja 2010 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. © 2010 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: IstockPhoto A991f Azambuja, Elen. / Fonética e Fonologia da Língua Inglesa. / Elen Azambuja. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2010. 176 p. ISBN: 978-85-387-0967-1 1. Fonética. 2. Fonologia. 3. Pronúncia. 4. Inglês. 5. Fonema. I. Título. CDD 414 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Elen Azambuja Mestre em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sumário Sons e símbolos das vogais ................................................. 11 Vogais ............................................................................................................................................ 11 Sons e símbolos das consoantes ....................................... 27 Vogais versus consoantes ...................................................................................................... 27 Consoantes da língua inglesa .............................................................................................. 27 Vibração ou não das cordas vocais .................................................................................... 32 Consoantes fortes e fracas .................................................................................................... 32 Consoantes silábicas ............................................................................................................... 36 O Alfabeto Fonético Internacional .................................... 49 Transcrição fonética ................................................................................................................ 50 A pronúncia do passado dos verbos regulares e irregulares .................................... 65 As três possíveis pronúncias para o morfema –ed ....................................................... 65 A pronúncia dos verbos irregulares no passado ........................................................... 69 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Acento .......................................................................................... 79 O acento em palavras ............................................................................................................. 80 Prefixos ......................................................................................................................................... 81 Sufixos .......................................................................................................................................... 83 Palavras compostas ................................................................................................................. 85 Verbos frasais ............................................................................................................................. 87 Fala encadeada ........................................................................ 99 Ligação .......................................................................................................................................100 Contração ..................................................................................................................................102 Assimilação ...............................................................................................................................103 Apagamento ............................................................................................................................105 Epêntese ....................................................................................................................................106 Redução de vogal ...................................................................................................................107 Entonação .................................................................................115 Entonação ascendente e descendente ..........................................................................117 Entonação ascendente .........................................................................................................118 Outros padrões .......................................................................................................................120 A relação escrita/pronúncia nas palavras com silent letters ...........................................129 Silent letters ................................................................................................................................130 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br A relação grafia/pronúncia nas palavras com silent “e”, letras duplas e outros casos ....................145 Silent “e” .......................................................................................................................................147 Palavras emprestadas de outras línguas .........................................................................150 Homófonos ..............................................................................159 Anotações .................................................................................175 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Apresentação Este livro traz, de forma bastante simples, elementos de fonética e de fonolo- gia da língua inglesa. Apesar de seu caráter introdutório, consegue dar ao leitor os instrumentos necessários para conhecer o inventário de sons do inglês e enten- der como esses sons se organizam. É possível dividir essa obra em dois blocos – no primeiro deles, são abordadas questões referentes aos sons e à pronúncia de palavras isoladas e na fala encade- ada. No segundo bloco, são tratadas questões relativas à famosa relação grafia/ pronúncia no inglês. Assim, as dez aulas seguem uma ordem que pretende auxi- liá-lo a construir pouco a pouco seu conhecimento acerca do funcionamento do padrão de sons e da pronúncia do inglês. Os primeiros dois capítulos apresentam o inventário de sons da língua inglesa. Nos capítulos I e II, respectivamente, as vogais e as consoantes são apresentadas. Veremos que há muito mais vogais no inglês do que em português, o que expli- ca, em parte, a incapacidade que alguns aprendizes têm de distinguir e produzir palavras com vogais semelhantes como live e leave, por exemplo. O capítulo III aborda algo muito importante para os estudantes de língua estrangeira: os sím- bolos do Alfabeto Fonético Internacional e transcrições fonéticas. O domínio dos símbolos que são usados para representar os sons dá ao aprendiz autonomia, pois, quando não sabe ou está em dúvida sobre a pronúncia adequada de uma palavra, pode recorrer às transcrições, facilmente encontradas em dicionários. No capítulo IV, analisamos um aspecto da língua inglesa que, apesar de ser simples, é problemático para muitos estudantes: a pronúncia do passado dos verbos regu- lares. Nesse capítulo, também estudamos as regularidadesencontradas na pro- núncia dos verbos irregulares. No capítulo V, abordamos o acento. Veremos que a tonicidade é uma característica importante da identidade das palavras e do sig- nificado das frases. No capítulo seguinte, analisamos o que acontece com os sons na fala encadeada. Veremos que os sons têm comportamentos diferentes quando em palavras isoladas e quando articulados num fluxo contínuo, típico da fala en- cadeada. No capítulo VII, veremos os padrões entonacionais gerais do inglês. Nos capítulos VIII e IX, a relação grafia/pronúncia é analisada. Veremos que, apesar da típica irregularidade e frequente imprevisibilidade dessa relação, é possível en- contrarmos regularidades. Por fim, no capítulo X, homófonos, palavras com grafia diferente mas mesma pronúncia, serão abordados. Espero que você aprecie as aulas e que elas contribuam não só para sua for- mação, mas também para despertar seu espírito investigativo e a paixão pelos estudos relacionados à fonética e à fonologia da língua inglesa. Um grande abraço, Elen Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das vogais Nesta aula estudaremos as vogais da língua inglesa a partir dos símbo- los do Alfabeto Fonético Internacional (IPA)1 usados para representá-las e de exemplos de palavras em que aparecem. Num primeiro momento, caracterizaremos vogais e apresentaremos aquelas presentes na fonolo- gia da língua portuguesa para que você tenha um parâmetro em que se basear. A seguir, abordaremos as vogais da língua inglesa, mais especifi- camente aquelas do inglês americano, e, então, faremos uma discussão sobre as vogais curtas e longas, sua relação com a grafia e sua possibilida- de de ocorrência na palavra. Vogais Para produzirmos sons, precisamos de ar. Esse ar vem dos nossos pulmões. Ao articularmos os sons, a corrente de ar pulmonar pode encontrar algum tipo de obstrução na cavidade oral ou sair livremente, sem encontrar qualquer tipo de obstrução. Na produção das vogais, diferentemente do que acontece na articulação das consoantes, a corrente de ar passa livremente pela cavida- de oral. Além disso, as vogais são o elemento central de uma sílaba, ou seja, são o núcleo ou “pico” silábico. Isso quer dizer que sem vogais não há sílaba. As vogais são classificadas de acordo com três parâmetros: altura, ante- rioridade e arredondamento. Dessa forma, as vogais distinguem-se umas das outras de acordo com quão alta a língua está no momento de sua pro- dução (alta, média ou baixa), que parte da língua está envolvida (frontal, central ou posterior) e se há ou não arredondamento dos lábios. Assim, a vogal /o/, por exemplo, é definida como baixa posterior arredondada. Isso quer dizer que, ao articularmos essa vogal, a parte da língua envolvida é a parte posterior, a língua encontra-se abaixada e os lábios, arredondados. A quantidade total de vogais varia de uma língua para outra. Há lín- guas que apresentam um número bastante reduzido de vogais, como é o caso do árabe, com as vogais /, , /, e outras com um sistema bem mais numeroso, como é o caso do inglês. 1 A sigla IPA vem do nome inglês International Phonetic Alphabet. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 12 Sons e símbolos das vogais Podemos, então, iniciar nossos estudos das vogais do inglês. Para isso, fare- mos uma comparação entre as vogais encontradas no português brasileiro e aquelas encontradas em inglês norte-americano. As vogais da língua portuguesa Abaixo, encontramos um quadro com símbolos do IPA que representam as vogais orais tônicas do português. Quadro 1 – Vogais tônicas orais do português brasileiro anterior arred não arred central arred não arred posterior arred não arred alta i u média-alta c O média-baixa o baixa a (S IL VA , 2 00 7, p . 7 9) O quadro acima revela que há sete vogais orais tônicas em português. Os sím- bolos usados remetem ao som que representam. Assim, o símbolo // represen- ta a vogal da palavra vê, por exemplo. Os únicos símbolos diferentes daqueles que usamos na escrita regular são o que representa a vogal média-baixa anterior // e o que representa a vogal média-baixa posterior /o/. Vejamos alguns exem- plos de palavras com os sons que os símbolos do quadro acima representam. Som Exemplos Som Exemplos /i/ ilha, bico /o/ pó, ópera /c/ ema, bebê /O/ hoje, boca, // fé, ela /u/ uva, uma /a/ mata, ave As vogais da língua inglesa A seguir, encontramos uma figura com símbolos do IPA que representam as vogais simples do inglês2. 2 Vogais encontradas no inglês norte-americano. Para ver um quadro com as vogais do inglês britânico, sugiro uma visita ao site <www.phonetics. ucla.edu/vwels/chapter3/chapter3.html>.. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das vogais 13 Figura 1 – Vogais do inglês norte-americano. High i c c u O o I Front Central Back Rounded Mid Low Ao compararmos as vogais das duas línguas, um fato nos chama a atenção: há mais vogais em inglês do que em português. Enquanto encontramos apenas sete vogais em português, encontramos doze em inglês3. Vejamos, então, que vogais existem na língua inglesa. Para isso, utilizaremos os símbolos do IPA e exemplos de palavras em que as vogais correspondentes a esses símbolos são encontradas. Som Exemplos Som Exemplos /i/ be, see, leave // but, sun, love /I/ sit, ship, live /u/ boot, shoe, moon // eight, aid, maid // book, should, good // bet, bed, met /O/ gold, boat, goal // apple, act, ask /o/ law, paw, ball // ashore, afraid, later // hot, clock, mop Uma comparação entre as vogais do português e aquelas do inglês nos mostra que há algumas vogais que fazem parte das duas línguas, e outras, que estão presentes apenas no inglês. Em termos articulatórios, podemos dizer que as vogais que estão presentes nas duas línguas não nos oferecem problemas, pois sabemos como articulá-las. Nossa tarefa é, então, aprender a produzir os sons que não fazem parte da sua língua nativa e captar as sutilezas que distin- guem sons que parecem muito semelhantes para nós, aprendizes4. 3 Embora as vogais // // e // não sejam fonológicas no português, alguns autores, como Silva (2007), afirmam que esses segmentos aparecem em posição postônica final como variantes das vogais /, /, // e //, como nas palavras júri, jure, gota e mato, em que as pronúncias júr ~ júr; jur ~ jur; got ~ got e mat ~ mat são encontradas. 4 Para ver outras diferenças em relação à articulação das vogais, mais especificamente em relação à posição dos lábios, ver a tabela 1 do texto complementar. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 14 Sons e símbolos das vogais As diferenças entre algumas vogais do inglês, como é o caso das vogais /i/ e /I/, encontradas em sheep e ship, respectivamente, parecem muito sutis para nós, falantes de português, já que temos apenas a vogal /i/ no nosso sistema. Isso faz com que muitos aprendizes produzam e até mesmo percebam esses segmentos como se fossem o mesmo. Contudo, como essas diferenças são marcadas e per- cebidas por falantes nativos, também têm de ser marcadas por não nativos, sob pena de haver falhas na comunicação. Uma análise do quadro das vogais nos mostra que a vogal /I/ está posiciona- da entre as vogais /i/ e /c/. Essa posição no quadro não é aleatória. Ela mostra exatamente o que a vogal /I/ é: um segmento articulado em uma posição inter- mediária entre dois outros segmentos. /I/, por estar entre /i/ e /c/ carrega traços de ambos. Assim, de uma forma bem simplificada, podemos dizer que a vogal /I/ é um /i/com características de //. Em termos práticos, isso quer dizer que a vogal /I/ é articulada com a língua em uma posição mais baixa em relação à articulação da vogal /i/. Outros segmentos que apresentam o mesmo tipo de dificuldade são as vogais // e //. Para nós que temos apenas a vogal //, as diferenças entre esses dois segmentos parecem nem existir ou ser irrelevantes, por isso, muitos estudantes falantes de português não percebem a diferença entre //, encontrado na pala- vra bet, por exemplo, e //, de bat. A vogal //, como pode ser visto no quadro das vogais do inglês, está entre // e //, por isso, é um som que tem característi- ca dessas duas vogais. Dessa forma, a vogal //, embora nos pareça semelhante à vogal //, é, de fato, articulada com a língua em uma posição mais baixa. As diferenças existentes entre as vogais /i/ e /I/ e // e //, além de serem meramente articulatórias, são, também, fonológicas, pois não são apenas um detalhe de pronúncia, uma vez que levam a uma mudança de significado. Dessa forma, é importante respeitá-las. Outro som que não faz parte da fonologia do português também é a vogal //. Essa vogal é também um som intermediário. Por estar entre /u/ e /O/, apre- senta características dessas duas vogais, ou seja, é um /u/ com características de /O/. Em termos articulatórios, a vogal // é produzida com a língua em uma po- sição mais baixa em relação à articulação da vogal /u/. As diferenças entre essas duas vogais é mais fonética do que fonológica, pois não leva a uma mudança de significado. No entanto, essas diferenças precisam ser entendidas e, na medida do possível, marcadas, pois, afinal, saber pronunciar as palavras adequadamente também deve fazer parte do conhecimento de uma língua estrangeira. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das vogais 15 Por fim, vejamos o schwa, a vogal representada pelo símbolo //. Esse símbo- lo é usado para representar vogais não tônicas. É articulada como um // leve- mente nasalizado e mais alto do que a vogal nasal ã do português. Essa vogal pode aparecer sozinha, como em allow, ou ser seguida da consoante //, como em farmer. Note que o schwa representa uma vogal não tônica, mesmo que se- guida de //. Quando queremos representar a vogal tônica de palavras como first, earth, fur, usamos o símbolo //5. Ditongos Celce-Murcia et al. (2000, p. 95) apresentam um quadro um tanto diferente do mostrado na figura 2 para a classificação das vogais do inglês americano. Veja- mos como as autoras representam as possíveis vogais do inglês. front iy uw w o ihigh mid low jaw opens and closes central back to ng ue ri se s a nd dr op sy ae Figura 2 – Quadrante das vogais do inglês norte-americano e corte sagital da cavidade oral. (C EL CE -M U RC IA , 2 00 0) Segundo as autoras, as vogais do inglês americano dividem-se em simples, vogais com um glide adjacente e ditongos6. As vogais /I/, //, /, //, //, /o/, // pertencem ao grupo das vogais simples. Get e cut são exemplos de palavras com esse tipo de segmento. Pain (/y/) e go (/w/) são exemplos de palavras com vogais com glides adjacentes. Boy é um exemplo de ditongo: um encontro de vogal e um glide não adjacente dentro da mesma sílaba. 5 Atenção! Não confunda o símbolo //, que representa algumas vogais seguidas de –r em sílaba tônica, como mercy, dirty (mcy, dty) com o símbolo //, de bed, head (bd, hd). 6 Glide é outra palavra para semivogal. /y/ e /w/ são glides. O glide /y/ é frequentemente representado pelo símbolo // em dicionários. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 16 Sons e símbolos das vogais Abaixo, temos os possíveis ditongos encontrados em inglês, o movimento feito em sua articulação e alguns exemplos de palavras que os contêm, segundo Celce-Murcia et al. (2000, p. 94)7. Som Movimento exemplos /y/ central-baixa para alta anterior pie, fine /aw/ central-baixa para alta posterior blouse, how /y/ baixa posterior para alta anterior boy, choice Para as autoras, a diferença entre um ditongo e um encontro de vogal e glide adjacente deve-se ao fato de que os ditongos exigem um movimento maior para ir de uma vogal produzida em um ponto mais baixo na cavidade oral para um glide produzido em um ponto mais alto. Vogais longas e curtas Ainda outra distinção que devemos fazer em relação às vogais refere-se à sua característica como segmento longo ou curto8. Segundo Celce-Murcia (2000, p. 96), as vogais longas, como /iy, y, , o, w, w/), são executadas com maior tensão nos músculos do que as vogais curtas /, , , , /9. Além disso, as vogais longas podem ocorrer tanto em sílabas tônicas abertas quanto em sílabas tônicas fechadas. As sílabas abertas são aquelas que não ter- minam em consoante, é o caso das palavras see, bay, ma, paw, so, moo. As sílabas fechadas, por outro lado, terminam em consoante, como nas palavras scene, bait, mob, pawn, sole e mood. As vogais curtas, por sua vez, são produzidas com os músculos mais relaxa- dos. Em palavras monossilábicas ou quando acentuadas, aparecem somente em sílabas fechadas, como em fit, get, cat, fuss, cut, jamais em sílabas abertas. O estudo das vogais da língua inglesa nos mostra que, muitas vezes, as dife- renças que existem entre as vogais longas e curtas do inglês não causam proble- mas de comunicação, pois não levam a uma mudança de significado, apenas re- velam que o falante não é nativo. É o que acontece com as vogais // e //. Outras vezes, contudo, essas diferenças são relevantes, como é o caso das propriedades que contrastam a vogal curta // e a vogal longa //. Essas vogais são diferentes 7 Esse quadro foi traduzido por mim. 8 Os termos longo e curto estão sendo usados como equivalentes aos termos tense e lax do inglês. 9 As vogais longas /y/ e /w/ são frequentemente representadas como /:/ e /:/ em transcrições encontradas em dicionários. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das vogais 17 tanto qualitativa quanto quantitativamente. Mais do que uma distinção apenas fonética, essa diferença é também fonológica, pois leva a uma mudança de sig- nificado. Afinal, é possível imaginar o estranhamento que podemos causar em nosso interlocutor quando, em uma situação em que o que pretendemos dizer é I have a white ship, acabamos dizendo I have a white sheep, por exemplo. Essas são diferenças que devem ser mais respeitadas, já que podem causar interferências na comunicação. Entretanto, em qualquer caso, a busca por uma pronúncia adequada deve fazer parte dos objetivos do aprendiz de uma língua estrangeira. Relação entre grafia e pronúncia nas vogais longas /, / e curtas /, / A relação entre grafia e pronúncia das palavras do inglês é muito irregular. Há uma gama de letras diferentes que podem representar o mesmo fonema, como é o caso dos fonemas // e // e, por outro lado, diferentes fonemas que podem ser representados pela mesma letra, como acontece com o grupo oo, que pode representar os fonemas /o, , , /. No entanto, no que concerne à distinção entre as vogais longas /, / e as curtas /, /, é possível chegarmos a uma sistematização. A vogal curta // pode ser representada pelas letras i (live, tin), e (eleven, exaggerate), a (chocolate, beverage), ui (biscuit, build), u (business, busy) e até mesmo o (women). A vogal longa //, por sua vez, é geralmente representada pelas letras ee (see, teeth), ea (sea, tea), ey (key, honey) e y (heathy, funny). A vogal // pode ser representada pelas letras u (put, push), oo (wood, book) e oul (como nos modais would, should). A vogal longa //, por seu turno, é geralmente repre- sentada pelas letras oo (boot, food), u ( nude, rude), o (to, do), ui (fruit, juice) e ew (thew, flew) 10.Quanto à possibilidade de ocorrência, as vogais // e // têm comportamen- tos diferentes: a primeira pode aparecer no início (exam, encourage) ou no meio de palavra (sit, fig), jamais no final; a segunda pode aparecer no início (eagle, eat), no meio (scene, feet) e no final de palavra (see, flea). As vogais // e //, por sua vez, também apresentam diferenças: // só ocorre no meio de palavra (pull, full)), nunca no início ou no final; já // pode ser encontrado em qualquer posi- ção: no início (ooze), no meio (mood, goose) ou no final de palavra (flu, glue). 10 Nedel. e Fronza, C. trazem outras possibilidades de letras que podem representar os fonemas longos /, / e curtos /, / em seu artigo, que pode ser encontrado no endereço <www.letras.ufmg.br/labfon/congresso_2006/11-As_vogais_breves_e_longas.pdf>. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 18 Sons e símbolos das vogais A partir da análise da relação entre os fonemas e as letras que os podem re- presentar e as posições na palavra em que podem ocorrer, podemos chegar a algumas generalizações. Em relação às vogais // e //, é possível perceber que o fonema //, dife- rentemente do fonema //, nunca vai aparecer em final de palavra e jamais será representado graficamente pelas letras ee, ea, ey, y. Apesar de a vogal // poder ser representada por diferentes letras, em contextos de contraste, parece que a única letra que o representa é i, como em live e sit () versus leave e seat (:), por exemplo. Portanto, o aprendiz deve prestar atenção especial a esses contextos. A relação entre letra e fonema nas palavras com as vogais // e //, entre- tanto, não é tão direta, uma vez que tanto o fonema // quanto o fonema // podem ser representados pelas letras u (nude: //; put: //) , o (do: //; woman: //), oo (mood: //, good: //). Dessa forma, a única generalização que é possível fazer em relação a esses segmentos é aquela que se refere à sua possibilidade de ocorrência. Enquanto // pode aparecer em todas as posições na palavra – ini- cial, medial e final – // pode ocorrer apenas em posição medial. Assim, é essa a posição que deve receber mais atenção por parte do aprendiz. Texto complementar Summary of the characteristics of NAE vowels and diphthongs (CELCE-MURCIA et al. 2000) We can summarize the primary characteristics of NAE vowels as follows: Vowels are classified as high, mid, or low, referring to the level of the � tongue within the oral cavity and the accompanying raised or lowered position of the jaw. Vowels are also classified as front, central, or back, depending on how � far forward or back the tongue is positioned within the oral cavity du- ring articulation and which part of the tongue is involved. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das vogais 19 Vowels can be either tense or lax. These terms refer to the amount of � muscle tension used to produce the vowel, the tendency of the vow- el to glide, its distribution in closed or open syllables, and its relative place of articulation (i.e., its position in the center or on the periphery of the vowel quadrant). Vowels are simple or glided. The latter term refers to vowels with � tongue movement occasioned by an accompanying /y/ or /w/ glide. Of these glided vowels, those with an adjacent glide are distinguished from the three phonemic diphthongs, which involve a nonadjacent glide. Vowels are characterized by the degree of lip rounding or spreading � that occurs during their articulation. Obviously, no one characteristic is sufficient to describe a given vowel; rather, only the constellation of these factors can adequately characterize a vowel’s articulatory features. Table 1 visually depicts the key differences in NAE vowel articulation. Reading from left to right, the sounds move in a U-shape from the high front vowels down to the low central /α/ and back up to the high back /w/, con- cluding with the mid-central vowel // and the three diphthongs. Note how the positions of the tongue, jaw, and lips change from the left to the right of this chart. Note also how the tongue and jaw are gradually lowered from the highest front position /iy/ to the lowest central position // Then both the tongue and the jaw begin to rise through the back vowels until the highest back vowel /uw/ is reached. The lips show similar changes, beginning with their most spread position for /iy/, and parting gradually into the wide open position of //. Whereas the lips are more spread for the front vowels, they are more rounded for the back vowels. The lip positions for the tense vowels /y/ and /w/ involve a rise to an adjacent glide and are therefore marked with an arrow. The lips in the articulation of the three diphthongs also move from one position to another, but the movement is so great that two lip dia- grams are used to represent this movement. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 20 Sons e símbolos das vogais Table1 – Classification of vowels /iy / pea feet /I/ pin fit / y / paint fate / / pen fed / ac/ pan fad / / pa fob /o / paul fought Tense or lax Tense Lax Tense Lax Lax Tense Tense Tongue position Highest front near top of mouth High front, but lower and more centered than /iy/ Mid front, gliding up toward /iy/ Mid front centered Lower front than //, centered Lowest, central lying flat on bottom Low back Jaw Position High closed Slightly lower than /iy/ Begins lower than /I/ but rises during glide Open wider than /ey/ Slightly more open than // may drop a bit lower during articulation Open widest Closed slightly Lip Position Widely spread, smiling Relaxed, slightly parted and spread Spread more during glide to /iy/ Slightly spread Spread Yawn Oval Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das vogais 21 /w / pole foe // put foot /uw / pool fool // pun fun /ay/ pine fight /aw / pound foul /y / poise foil Tense Lax Tense Lax Diph- thong Diph- thong Diph- thong Mid-back, gliding up toward /uw/ High back and more centered than /w/ Highest back of tongue pushed up Relaxed mid-level Moves low central to high front Moves low central to high back Moves low back to high front Begins higher than /o/ rises more during glide Slightly higher High closed Relaxed Rises with tongue, closes Rises with tongue closes Rises with tongue closes Very rounded, closing like a camera shutter Relaxed slightly parted. weakly rounded Closed and rounded, as for whistling Relaxed, slightly parted Moves from open to slightly parted and spread Moves from open to slightly parted and round Moves from open to slightly parted and spread Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 22 Sons e símbolos das vogais Dicas de estudo Uma forma interessante e instrutiva de praticar os sons das vogais da língua inglesa, mais especificamente aqueles do inglês americano, é fazer uma visita ao site da Universidade de Iowa, cujo endereço eletrônico é <www.uiowa. edu/~acadtech/phonetics/>. Nesse site, é possível relacionar os símbolos do IPA aos segmentos e também visualizar sua articulação. Atividades 1. Que símbolo representa o som das vogais das palavras dadas? Associe as colunas adequadamente para responder a essa questão. a) // ( ) live b) /:/ ( ) leave c) /:/ ( ) shut d) // ( ) book e) /o:/ ( ) food f) // ( ) fat g) // ( ) raw h) // ( ) occur i) // ( ) occurj) // ( ) mouth k) // ( ) apply l) // ( ) earth ( ) get ( ) put ( ) culture Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das vogais 23 2. Coloque as palavras abaixo na coluna que representa a pronúncia da vogal. Siga o modelo. // // /u:/ /ju:/ /a/ /o/ /:/ // mood mood mud mute floor blood pour puddle flood down dawn done dune poodle mower lawn loan lone cousin town tow put pure doom book shoe should sure own curse boot course 3. Marque as afirmações abaixo com V ou F. a) Shoe rima com toe. ( ) b) Shoe rima com flu. ( ) c) Some rima com sum. ( ) d) Work rima com pork. ( ) e) Floor rima com more. ( ) f) Done rima com son. ( ) g) Cover rima com lover. ( ) h) Quite rima com quiet. ( ) i) Book rima com food. ( ) j) Feet rima com fit. ( ) k) Mud rima com flood. ( ) l) Put rima com foot. ( ) m) First rima com thirst. ( ) n) Put rima com but. ( ) o) Fan rima com fun. ( ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 24 Sons e símbolos das vogais Referências CELCE-MURCIA, Marianne et al. Teaching Pronunciation: a reference for tea- chers of English to speakers of other languages. Cambridge: Cambridge Univer- sity Press, 2000, pg. 102-103. LADEFOGED, Peter. Vowels and Consonants. Disponível em: <www.phonetics. ucla.edu/vowels/chapter3/chapter3.html>. Acesso em: 4 dez. 2009. NEDEL, Eduardo; FRONZA, Cátia. As Vogais Breves e Longas da Língua Inglesa: características e reflexões sobre seu uso por falantes brasileiros. Disponível em: <www.letras.ufmg.br/labfon/congresso_2006/11-As_vogais_breves_e_longas. pdf>. Acesso em: 9 dez. 2009. SILVA, Thais Cristófaro. Fonética e Fonologia do Português: roteiro de estudos e guia de exercícios. São Paulo: Contexto, 2007. STEINBERG, Martha. Pronúncia do Inglês Norte-Americano. São Paulo: Ática, 1985. Gabarito 1. A B H D C G E F J I F J L D H 2. // // /u:/ /ju:/ /a/ /o/ /:/ // mud put mood mute down mower floor curse flood book doom dune town low pour blood should boot pure loan course puddle sure shoe lone dawn Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das vogais 25 // // /u:/ /ju:/ /a/ /o/ /:/ // cousin poodle own lawn done tow 3. a) F b) V c) V d) F e) V f) V g) V h) F i) F j) F k) V l) V m) V n) F o) F Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das consoantes Estudaremos as consoantes da língua inglesa e os símbolos do Alfabe- to Fonético Internacional (IPA) usados para representá-las. Num primeiro momento, contrastaremos vogais e consoantes para, então, caracterizar- mos as consoantes da língua inglesa a partir dos critérios ponto de articu- lação, modo de articulação e grau de vozeamento. Além desses, caracte- rísticas adicionais relacionadas a algumas consoantes do inglês, como a aspiração, serão levadas em conta. Vogais versus consoantes Os sons da fala são ondas acústicas produzidas pela vibração que o ar dos pulmões causa nas cordas vocais ao passar pela laringe. Entre os sons produzidos pelo aparelho fonador humano, temos as vogais e as consoan- tes. Vogais e consoantes distinguem-se em alguns aspectos. Na articulação das vogais, a corrente de ar pulmonar sai livremente através da cavidade oral, sem que haja qualquer tipo de obstrução a ela. Na articula- ção das consoantes, por outro lado, os articuladores sempre oferecem algum tipo de obstrução à passagem de ar. Além disso, na produção das consoantes, pode haver ou não vibração das cordas vocais, o que é diferente na produção das vogais, em que as cordas vocais sempre vibram. Ainda outra diferença é que as consoantes não podem ser pico ou núcleo de sílaba como as vogais. Isso quer dizer que não pode haver sílabas formadas apenas por consoantes1. As vogais distinguem-se umas das outras em termos de altura, anterioridade e arredondamento. As consoantes, por outro lado, caracterizam-se por seu ponto e modo de articulação e vibração ou não das cordas vocais. Consoantes da língua inglesa As consoantes de uma língua são definidas a partir de seu ponto de articulação, que é o lugar na cavidade oral em que são articuladas, seu 1 O inglês é diferente nesse aspecto, uma vez que a nasal // e a lateral // podem ser silábicas em alguns contextos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 28 Sons e símbolos das consoantes modo de articulação, que se refere à natureza da obstrução que os articuladores criam em relação à passagem da corrente de ar pela cavidade oral, e vibração ou não das cordas vocais. Vamos, então, analisar as consoantes da língua inglesa de acordo com seu ponto e modo de articulação e grau de vozeamento. Ponto de articulação As consoantes podem ser definidas a partir do ponto na cavidade oral em que são produzidas e dos articuladores envolvidos na sua produção. Os articula- dores são os órgãos da cavidade oral com os quais produzimos os sons, e podem ser classificados como ativos ou passivos. Os articuladores ativos movem-se na direção dos articuladores passivos para produzir os sons. Os articuladores passi- vos não podem mover-se, mas são coadjuvantes na produção dos sons. Na arti- culação da consoante //, por exemplo, o articulador ativo é o lábio inferior e o articulador passivo, os dentes superiores. Para que compreendamos o ponto na cavidade oral onde as consoantes são articuladas e os articuladores envolvidos em sua produção, é importante termos uma noção dos diferentes órgãos que compõem o aparelho fonador. Abaixo, encontramos uma figura que mostra o aparelho fonador humano e sua relação com a produção dos sons. Lábios: articulação de sons bilabiais (b, m, p) e labiodentais (f, v). Dentes: escoamento do som. Língua: participa na produção dos sons. Céu da boca: projeção da voz. Faringe: amplia o som. Cavidade Nasal: vibração e amortiza- ção do som. Laringe: contém as cordas vocais. Traqueia: suporte para vibração das cordas vocais. Pulmões: reservatório de ar. Musculatura respiratória: produz pres- são no ar. Cavidade nasal Nariz Lábios Língua Dentes Cavidade oral Cordas vocais Traqueia Pulmão Diafragma Céu da boca Palato mole Trato vocal Faringe Laringe Esôfago IE SD E Br as il S. A . Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das consoantes 29 De acordo com o ponto na cavidade oral em que as consoantes são articula- das e os articuladores envolvidos em sua produção, podemos classificar as con- soantes como: Bilabial � : os segmentos bilabiais são articulados com o envolvimento do lábio inferior e do lábio superior. /m, p, b/ são bilabiais. Como exemplos, temos as palavras mom, park, ball. Labiodental � : as consoantes labiodentais são produzidas com a participa- ção do lábio inferior e dos dentes superiores, como nas consoantes /f, v/, de first e love. Dental � : as consoantes dentais são produzidas com a ponta da língua to- cando a superfície interna dos dentes superiores ou muito próxima deles. // e //, de think e that, respectivamente, são dentais, como mostra a fi- gura abaixo2. Alveolar � : as consoantes alveolares são articuladas com a ponta da língua próxima dos alvéolos ou tocando neles3. /n, t, d, s, z, l/, de no, to, do, sick, zoo, luck, são alveolares. Palatal � : as consoantes palatais são produzidas com a lâmina ou corpo da língua próxima ao palato duro4. /, , , /, de sugar, vision, check e justice, respectivamente, sãopalatais. Velar � : as consoantes velares são produzidas com a parte posterior da língua tocando o palato mole ou próximo a ele, como em /, , /, de sing, kite, fog. Glotal � : na produção das consoantes glotais, os músculos ligamentais da glote comportam-se como articuladores (SILVA, 2007, p. 32). A consoante /h/, de house, é glotal. 2 Como esses segmentos são efetivamente produzidos com a ponta da língua entre os dentes superiores e inferiores, alguns autores referem-se a eles como interdentais. 3 Os alvéolos são aquela saliência que temos atrás dos dentes superiores. 4 O palato, popularmente conhecido como “céu da boca”, é dividido em palato duro e palato mole. O palato duro é a parte medial e frontal do céu da boca; o palato mole, também conhecido como véu palatino, é a parte posterior e é, de fato, mole. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 30 Sons e símbolos das consoantes Além desses pontos de articulação tradicionalmente encontrados na descri- ção das consoantes, alguns autores ainda abordam outra característica dos sons e a classificam como um ponto de articulação. Os sons que apresentam essa característica são classificados como retroflexos. Retroflexo � : sons retroflexos são produzidos com a parte frontal da língua curvada para trás, fazendo com que a ponta da língua ou mesmo sua par- te inferior faça contato com a superfície superior da boca. A consoante // de road, park, more é retroflexa5. Alguns autores, como Roach (2004), contudo, discordam da classificação de retroflexo como um ponto de articulação. A esse respeito, o autor afirma que retroflexo não é realmente um ponto, mas uma configuração da língua, e realmente não pertence a nenhuma das classificações normais das categorias dos sons. A retroflexão é encontrada também em vogais – é frequentemente ouvida na fala de americanos em vogais quando há um "r" na escrita, como “car“, “more“, “bird“ (ROACH, p. 22-23, tradução nossa) Modo de articulação Como já falamos anteriormente, na produção das consoantes, a corrente de ar pulmonar sempre encontra algum tipo de obstrução ao sair através da cavida- de oral. Diferentes tipos de obstrução caracterizam diferentes modos de articu- lação. De acordo com essa característica, as consoantes podem ser classificadas como segue: Oclusivas (ou plosivas) Consoantes oclusivas são produzidas com uma obstrução inicial total à pas- sagem da corrente de ar pulmonar através da boca antes de haver uma liberação do fluxo de ar. Isso faz com que, na produção desses segmentos, haja um breve período de silêncio e, então, o ar seja liberado. /, , , , , /, de push, ball, to, do, kite e girl são oclusivas. Na articulação de // e //, a corrente de ar é num primei- ro momento totalmente bloqueada pelos lábios antes de ser posteriormente li- berada através da boca. Já na produção de // e //, a obstrução é causada pela ponta da língua quando toca nos alvéolos. Na articulação de // e //, por outro lado, é a parte posterior da língua que, ao se elevar em direção ao véu palatino, causa uma obstrução. 5 Em inglês britânico, a consoante // só é pronunciada em posição pré-vocálica. Em posição pós-vocálica, essa consoante desaparece, como em car, pronunciado [:]. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das consoantes 31 Nasal Na articulação das nasais, há uma obstrução completa à passagem da corrente de ar pela cavidade oral, como nas oclusivas. Contudo, diferentemente dessas, que são orais, as nasais são segmentos produzidos com o fluxo de ar passando através da cavidade nasal. Na produção das nasais, o véu palatino abaixa-se, forçando a corrente de ar para a cavidade nasal. /, , /, de firm, tin e sing são nasais. Das três nasais do inglês, // é a que pode causar mais problemas para os aprendizes, visto que as outras duas consoantes são mais comuns nas línguas do mundo. Felizmente, em português, temos uma consoante parecida: a nasal //, encontrada em palavras como manha e estranho, por exemplo. // distingue-se de // pelo ponto de articulação: enquanto esta é velar, aquela é palatal. Isso sig- nifica que a nasal do inglês é articulada em uma região mais ao fundo do palato do que a nasal do português. A nasal // do inglês é encontrada em posição intervocálica, como em singing ou singer, ou em posição final – sozinha, como em long ou charming, ou em en- contros consonantais finais, como em hangs ou stinged. Essa consoante nunca aparece em posição de início de palavra em inglês. Fricativa � : a corrente de ar que vem dos pulmões nem sempre é completa- mente bloqueada. Às vezes, “o ar passa por uma passagem estreita criada quando os articuladores se aproximam, mas não se tocam. O ar forçado atra- vés dessa passagem causa fricção” (CELCE-MURCIA et al. 2000, p. 44). O som resultante é denominado fricativo. As consoantes /, , , , , , , , / de fur, victory, thin, that, sorry, zebra, shoe, vision e hat pertencem a esse grupo. Africada � : as africadas são consoantes que têm características tanto de oclu- sivas quanto de fricativas: iniciam com uma obstrução total à passagem da corrente de ar pela cavidade oral, mas, em vez de terminarem como oclusi- vas, terminam como fricativas. // e //, de church e judge são africadas. Aproximante � : nas consoantes aproximantes, o fluxo de ar move-se ao re- dor da língua e sai pela boca de uma forma relativamente livre. Pertencem a esse grupo as líquidas // e // e os glides /y/ e /w/. Na produção de /l/, o fluxo de ar passa pelos lados da língua, por isso, essa consoante é também conhecida como lateral. Quanto à outra líquida, a consoante //, Celce-Murcia et al. (2000) explicam que há duas maneiras diferentes de produzir essa consoante em inglês ame- ricano. A forma mais frequentemente descrita é a retroflexa, na qual a ponta Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 32 Sons e símbolos das consoantes da língua curva-se para trás e os lábios arredondam-se levemente. Essa forma é classificada pelas autoras como um som palatal. Na outra forma, mais incomum, os lábios arredondam-se mais, a ponta da língua permanece baixa na boca e o corpo da língua eleva-se na região alveolar ou pós-alveolar. Essa forma é classifi- cada pelas autoras como alveolar. As outras aproximantes, os glides /y/ e /w/, comportam-se como as líquidas, pois o fluxo de ar sai através da boca de forma relativamente livre. Em posição de início de sílaba, os glides comportam-se como consoantes, como nas palavras yeast e woman. Esses segmentos também podem combinar-se com vogais para formar ditongos em final de sílabas, como em toy. Vibração ou não das cordas vocais As cordas vocais, que se situam na laringe, parte superior da traqueia, desem- penham um papel fundamental na produção dos sons. As cordas vocais têm a forma de dois lábios, ou pregas, e são constituídas de um tecido elástico, chama- do de ligamento. De acordo com Callou e Leite (1990, p. 18), Uma de suas extremidades está unida às cartilagens aritenoides e a outra, à tireoide. A tireoide é vulgarmente conhecida como pomo de adão por ser uma protuberância no pescoço bem visível nos homens. As aritenoides são dotadas de vários movimentos devido a um intrincado sistema de músculos, movimentos esses que ocasionam posições diversas das cordas vocais e, consequentemente, sons diferentes. A abertura triangular existente entre as cordas vocais se denomina glote. Na respiração em repouso ou na produção dos chamados sons surdos ou des- vozeados, a glote está aberta e as cordas vocais, separadas. Dessa forma, o ar que vem dos pulmões pode passar livremente pelas cordas vocais sem causar vibra- ção. Quando a glote está fechada e as cordas vocais unidas, o ar tem que forçar sua passagem, o que faz com que vibrem. É isso que acontececom os chamados sons sonoros ou vozeados. É a vibração ou não das cordas vocais que distingue consoantes como //, de Sue, e //, de zoo, por exemplo. Essa diferença pode ser sentida se colocarmos os dedos sobre o pomo de adão e articularmos as conso- antes // e // alternadamente. Consoantes fortes e fracas Enquanto a maioria dos autores concorda que a distinção entre algumas con- soantes como as oclusivas // e //, // e //, // e //, as fricativas // e //, // e Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das consoantes 33 / /, // e // e as africadas // e // repousa apenas na vibração ou não das cordas vocais quando esses segmentos são articulados, Underhill (2005) oferece uma expli- cação adicional para o contraste entre esses segmentos em língua inglesa. Segundo o autor, as consoantes desvozeadas do inglês são fortis (fortes) e as vozeadas, lenis (fracas). A distinção entre fortis e lenis envolve esforço muscular e força da respiração usada para produzir a consoante (UNDERHILL, p. 31). Para o autor, essa característica pode ser facilmente sentida tanto quando articulamos os segmentos em voz alta quanto quando os sussurramos. Se colocarmos a palma da mão aberta próximo aos lábios quando articulamos essas consoantes em voz alta e quando as sussurrarmos, podemos sentir a diferença na força do ar expelido. Para um exercício prático, os pares abaixo são sugeridos pelo autor (UNDERHILL, p. 31): pea bee tea dee chore jaw came game fire via three then sue zoo mission measure Mesmo ao sussurrarmos, conseguimos sentir a diferença entre as consoantes da coluna da direita e aquelas da coluna da esquerda. As consoantes da primeira coluna são executadas com maior esforço muscular e força de exalação e as da segunda coluna, com menor esforço muscular e força de exalação. A partir dessa observação, o autor conclui que vozeamento e desvozemento não são a única diferença entre esses pares de consoantes em inglês. Há, ainda, a característica adicional de colocarmos mais ou menos força na respiração quando articulamos esses segmentos. Assim, nos termos do autor, as consoan- tes desvozeadas /, , , , , , , / são fortis e suas contrapartes vozeadas /, , , , , , , / são lenis. Aspiração Até agora, vimos que alguns pares de consoantes do inglês distinguem-se pela vibração ou não das cordas vocais quando são articuladas, o que as define Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 34 Sons e símbolos das consoantes como vozeadas ou desvozeadas, e pelo grau de esforço muscular e força de exa- lação que demandam em sua articulação, o que as define como fortes (fortis) ou fracas (lenis). A partir dessas considerações, sabemos que as oclusivas /, , / distinguem-se de /, , / pelo grau de vozeamento e força – enquanto essas são vozeadas e fracas, aquelas são desvozeadas e fortes. Além dessas características, há outra relacionada a esses segmentos: a aspi- ração. A aspiração é um sopro de ar que acompanha as oclusivas desvozeadas /, , / em algumas posições. Como sugerem Celce-Murcia et al.(2000, p. 62), se um falante de inglês disser pie, a aspiração poderá facilmente apagar um fósfo- ro aceso ou mover um pedaço de papel colocado a sua frente; se disser buy, a chama ou o papel não serão aparentemente afetados. Contudo, não podemos generalizar e dizer que /, , / são sempre aspirados. A aspiração depende de alguns fatores, como a posição da consoante na palavra e a tonicidade da sílaba em que essa se encontra. As oclusivas /, , / só serão aspiradas em posição de início de palavra ou de sílaba acentuada6. Compare os exemplos abaixo7: [] [ pose test cord comPOSE aTTEST reCORD (v.) ] [] [ PURpose8 PROtest (n.) REcord (n.) Às vezes, por questões derivacionais, o acento muda de sílaba. Mesmo assim, a regra se mantém, como mostram os exemplos abaixo: ] STUpid stuPIdity RApid raPIdity Os exemplos acima evidenciam que a aspiração, uma característica marcan- te das consoantes /, , / do inglês, depende da posição desses segmentos na palavra e da tonicidade da sílaba em que se encontram – esses segmentos são 6 O termo acentuado é o mesmo que tônico. Assim, sílaba acentuada quer dizer sílaba tônica. 7 Por convenção, as consoantes aspiradas são marcadas com o símbolo h sobrescrito. 8 É claro que, nesta palavra, estamos nos referindo à consoante // da segunda sílaba, já que a da primeira, por estar em início de palavra e em sílaba acentuada, é aspirada. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das consoantes 35 sempre aspirados em início de palavra e em sílaba tônica medial, independente- mente de a palavra ser primitiva ou derivada. Notação das consoantes Agora que já sabemos que as consoantes são classificadas de acordo com seu ponto de articulação, o modo como são articuladas e a vibração ou não das cordas vocais, que as define como vozeadas ou desvozeadas, A sua classificação segue a seguinte ordem: Modo de articulação + ponto de articulação + grau de vozeamento Vejamos, então, alguns exemplos de como as consoantes são classificadas: //: fricativa dental desvozeada //: fricativa dental vozeada //: nasal bilabial vozeada //: nasal alveolar vozeada //: nasal velar vozeada //: oclusiva velar desvozeada //: oclusiva velar vozeada Cada consoante é definida por uma combinação única de características. Isso significa que consoantes diferentes são classificadas de forma diferente. A partir dessas considerações, é possível chegarmos a um inventário das con- soantes da língua inglesa. O quadro a seguir foi elaborado com base na análise dos parâmetros modo de articulação, ponto de articulação e grau de vozeamento. Quando as consoantes aparecem em pares, o segmento da esquerda é desvoze- ado e o da direita é sua contraparte vozeada. Eis as consoantes do inglês9. 9 Quadro baseado em Celce-Murcia et al. (2000), que apresentam uma tabela das consoantes do inglês norte-americano. A consoante // aparece duas vezes: como segmento alveolar e como segmento palatal. O segmento alveolar, por ser, segundo as autoras, menos frequente, aparece entre parênteses. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 36 Sons e símbolos das consoantes Consoantes do inglês Bilabial Labiodental Dental Alveolar Palatal Velar Glotal Oclusiva Nasal Fricativa Africada Líquida l (r) r Glide w y Consoantes silábicas Agora que já conhecemos as consoantes do inglês, vamos estudar ainda um fenô- meno que distingue o inglês de muitas línguas: a presença de consoantes silábicas. Uma das características que distinguem vogais de consoantes é o fato de po- derem ser núcleos de sílaba. Isso tem como consequência o fato de podermos ter sílabas formadas apenas por vogais, mas não podermos ter sílabas forma- das apenas por consoantes. Enquanto esse entendimento parece aplicar-se à maioria das línguas do mundo, o inglês destaca-se por ser diferente nesse as- pecto. Em inglês, existem consoantes silábicas, ou seja, consoantes que podem ser núcleo de sílaba. Essa possibilidade, contudo, não se aplica a todas as con- soantes, apenas a um conjunto muito pequeno do qual fazem parte apenas as consoantes // e //. A lateral // e a nasal // podem tornar-se silábicas, ou seja, podem compor- tar-se como uma sílaba, sem a necessidade de uma vogal. Isso acontece quando essas consoantes estão em sílaba postônica, após as consoantes alveolares /, , /, como nas palavras button (//), sudden ( //), tunnel ( ). Como as transcrições dessas palavras mostram, as consoantes silábicas são sempre iden- tificadas através de uma pequena linha verticaldesenhada abaixo delas. É claro que na escrita regular essas sílabas são sempre grafadas com a presença de uma vogal, mas, como os fatos indicam, isso é apenas uma convenção. Muitos autores, entre eles Prator Jr. e Robinett (1972) e Celce-Murcia et al. (2000), afirmam que as consoantes silábicas constituem um desafio para estudantes de língua inglesa, que tendem a usar uma vogal nos contextos em que os falantes nativos usam somente a consoante silábica. Por esse motivo, em vez de [w] (wouldn’t) e [] (sentence), os aprendizes podem dizer [w] e [], Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das consoantes 37 por exemplo. Esse fenômeno, no entanto, não causa interferências na comunica- ção, apenas mostra que o falante não é nativo e tem sotaque estrangeiro. Texto complementar Consonants from a phonetic perspective As we have seen before, vowels are essentially characterised by the ab- sence of closure of the vocal tract, so that the air can pass through it in a relatively unimpeded way. The opposite is true for consonants. Here, the characteristic feature is that there is almost always some form of obstruction or obstacle – or at least a narrowing of the vocal tract – which causes pertur- bations in the air flow. There are essentially three major ways of classifying consonants, accord- ing to their place of articulation, manner of articulation and according to their voicing. We’ll discuss each of them separately in the following sections. Presence vs. absence of voice As we have already seen for vowels, when there are fairly regular pulses from the glottis filtering the airstream, we have incidences of voicing. Voic- ing is not only possible for vowels, but may also occur with – and hence influ- ence the quality of – consonants. Since this type of filtering action that ‘drives’ the focal folds uses up part of the overall energy available to the consonant, voiced consonants tend to be weaker than voiceless ones. For this reason, the former are also sometimes labelled with the Latin term lenis (soft) and the latter with fortis (strong). Voiced consonants show similar vertical stria- tions to vowels on a spectrogram, although they are often weaker and pos- sibly also shorter, and therefore show up a little less clearly. Manner of articulation The term manner of articulation refers to the way in which the obstruc- tion inside the oral cavity is made. According to this, we can establish a few different classes of consonants that each show characteristic features which usually make them identifiable on a spectrogram with a bit of practice. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 38 Sons e símbolos das consoantes Plosives For plosives – also called stops – a solid obstruction is built up somewhere within the oral tract, initially completely blocking the airstream coming up from the larynx. This blockage is then usually released abruptly, so that the air that was compressed behind the obstacle can escape with a kind of ex- plosive movement, producing a "racking" or "popping" sound. The group of "ordinary" plosives in English comprises /p/ and /b/, /t/ and /d/, /k/ and /g/, where for each pair, the first is voiceless and the second voiced. Because of their ‘explosive’ nature, the audible phase for plosives is generally quite short, although the closure phase before the burst is quite variable. One impor- tant thing to remember when one is transcribing normal everyday running speech is that sometimes plosives at the ends of words don’t actually get released. For additional information, take a look at the plosives section of my Practical Phonetics course. Nasals Nasal consonants in English are fairly limited in number. There are only three – //, // and // – and these correspond to the voiced plosives referred to above, with the added feature that during their production the velum is lowered. This allows the air to esape through the nasal cavity instead of the oral one, in effect changing the filter. This also reduces the energy of the nasal consonant, as well as the characteristic patterns it produces. The voicing can again be seen in vertical striations, but this time, they mainly occur in a rather low frequency region. An illustration of this can be found in the nasals section of my Practical Phonetics course. Fricatives The English "pure" fricatives are // and //, // and //, // and //, // and /, and //. Where there are pairs, the second one is again voiced. Fricatives are produced, not through a complete closure, such as for plosives, but by creat- ing a partial obstruction of the airstream. This makes turbulence arise at or near the point of obstruction, where the airstream is now forced through a greatly narrowed channel. The effect is similar to strong winds blowing through a tunnel, where we may get a slow whistling sound. This whistling is particu- larly noticible in the two pairs // and // and // and //, which is why they Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das consoantes 39 are also referred to as sibilants. Fricatives generally tend to be fairly long and are therefore usually easier to see on a spectrogram, not least because they also exhibit very characteristic noise frequencies. The last fricative in the series, /h/, represents a special case since it is produced with a relatively small ob- struction, and this not inside the oral tract, but rather within the larynx. Rather than exhibiting very specific noise patterns of its own, it therefore represents something like a voiceless version of the vowel following it. You can test this by producing a sustained "plain" [], which ought to sound rather like [ :]. Ad- ditional information can again be found in the fricatives section of my Practical Phonetics course. Affricates Affricates are essentially a combination of a plosive and a following fric- ative, where the quality of the plosive remains largely the same, but the fricative part tends to be shorter than in a "pure" fricative. For an illustra- tion, see the affricates section of my Practical Phonetics course.The two pairs of affricatives generally assumed to occur in English are /t/ and /d/ and / t/ and /d/. Laterals/approximants Lateral consonants differ from the other consonants in one very distinct feature. Whereas for all other consonants1 the air can usually escape evenly around both sides of the relevant active articulator, for the English lateral // (clear l) and its velarised variant [] (dark l), the air is allowed to escape over the side of the tongue, rather than its middle. Another group of sounds that is often listed with the consonants is that of the so-called approximants. Phonetically speaking they are actually like vowels, but for phonological reasons to be discussed later are generally grouped with the consonants, as can also be seen from the consonant chart further below. They don’t exhibit the kind of "random" noise that can be seen in consonants, but usually show formant patterns similar to vowels. For this reason, at least /j/ and /w/, that are phonetically similar to /i/ and /u/ respec- tively, are often also referred to as semi-vowels. These two usually function as relatively slow on- or off-glides to pure vowels, i.e. as linking elements. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 40 Sons e símbolos das consoantes The transitions for the two remaining approximants, // – phonetically like a neutral vowel – and // take place slighly more rapidly, but we can still discern clear formant patterns, most notably for // in a lowering of the third formant (F3), which is not present in the lateral //. Illustrations and additional explanations for mostof the above can be found in the the approximants section of my Practical Phonetics course. Place of articulation Place of articulation refers to the location where the constriction or obstruction of the vocal tract occurs, as well as to the active or passive articulator(s) involved in the production of the consonant. Bilabial As the name implies, a bi labial articulation is carried out by using both lips as active articulators. For English, more or less the only bilabially pro- duced (and distinctive) consonants are the plosives //, // and //. Labio-dental In a labio-dental articulation, the lower lip and the upper teeth act together in producing the sound. In fairly standard English, only the two fricatives // and // belong to this category. One further sound – that is still considered non- standard, but seems to become more frequent for some younger speakers – is a labio-dental approximant []. It represents a realisation of // which some people regard as one of the features of a new emerging "standard" called Estuary Eng- lish, although it may also occur as a type of speech defect or in the speech of very young children, who have not acquired the standard pronunciation of // yet. Dental Dental articulation in English is exemplified by the two fricatives /θ/ and /ð/, which often represent a problem for foreign learners. This, however, may at least partially be due to the fact that some older textbooks used to de- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das consoantes 41 scribe them as inter-dental, a pronunciation that is not only fairly unrealistic, but also relatively difficult to achieve for the voiced variant... Alveolar The alveolar ridge, situated just above the upper teeth, is a highly popular place in terms of the production of English consonants. No less than 7 sounds are produced there, ranging from the plosives // and //, including the nasal //, via the fricatives // and //, to the two approximants // and //. Palato-Alveolar Sounds produced somewhere between the alveolar ridge and the hard palate are referred to a palato- or sometimes also post-alveolar. They include the two fricatives // and //, as well as the two affricates // and //. Palatal The only English "consonant" that is produced with a palatal articulation is /j/. Velar A velar place of articulation is limited to the two plosives // and //, and their nasal counterpart //. Glottal Out of the two glottal sounds of English, we have already encountered one, namely the fricative //. The other glottal consonant is the plosive //, also known as glottal stop. The table below shows most of the consonants occuring in English, at least in the reference varieties. Where necessary and applicable, we will in- troduce further symbols when we discuss other accents of English or par- ticular features that require their use. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 42 Sons e símbolos das consoantes The consonants of English Bilabial Labio-dental Dental Alveolar Palatoalveolar Palatal Velar Glottal Plosive Nasal n Fricate Approximant j j Lateral Approximant Two further symbols for approximants that are not usually included in the con- sonant table are /w/ for the voiced labial-velar and [ɫ] and the velarised variant of the alveolar lateral /l/. (WEISSER, Martin. Consonants From a Phonetic Perspective. Disponível em: <http://ell.phil. tu-chemnitz.de/phon/articulatory/consonPhon.html>. Acesso em: jan. 2010.) Dicas de estudo Sugiro, como uma forma muito interessante e instrutiva de praticar os sons das consoantes da língua inglesa, mais especificamente aqueles do inglês ame- ricano, uma visita ao site da Universidade de Iowa, cujo endereço eletrônico é <www.uiowa.edu/~acadtech/phonetics>. Nesse site, é possível relacionar os símbolos do IPA aos segmentos e também visualizar sua articulação. Uma outra dica é consultar o site organizado pelo respeitado foneticis- ta Peter Ladefoged, intitulado A Course in Phonetics, que pode ser encontrado no endereço eletrônico <www.phonetics.ucla.edu/course/contents.html>. No capítulo 3 desse site, você encontra informações em áudio e vídeo sobre as consoantes da língua inglesa, além de exercícios interessantes para testar seus conhecimentos. Atividades 1. Teste seus conhecimentos. Sem olhar o quadro das consoantes, associe as colunas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das consoantes 43 a) nasal velar vozeada ( ) [] b) fricativa palatal vozeada ( ) [] c) oclusiva bilabial vozeada ( ) [] d) fricativa dental desvozeada ( ) [] e) africada palatal desvozeada ( ) [] f) fricativa glotal desvozeada ( ) [] g) oclusiva velar vozeada ( ) [] h) fricativa palatal desvozeada ( ) [] i) oclusiva bilabila desvozeada aspirada ( ) [] j) lateral alveolar vozeada ( ) [] 2. Associe as colunas para descrever adequadamente os segmentos subli- nhados. a) oclusiva bilabial desvozeada aspirada ( ) peach b) oclusiva bilabial desvozeada ( ) dancing c) fricativa palatal vozeada ( ) forum d) fricativa dental desvozeada ( ) pocket e) líquida palatal vozeada ( ) land f) oclusiva alveolar desvozeada ( ) chair g) oclusiva alveolar vozeada ( ) bush h) nasal bilabial vozeada ( ) neck i) nasal alveolar vozeada ( ) bored j) nasal velar vozeada ( ) leopard k) africada palatal desvozeada ( ) north l) fricativa palatal desvozeada ( ) beige Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 44 Sons e símbolos das consoantes 3. Escolha a alternativa correta. I. Uma oclusiva bilabial desvozeada aspirada é encontrada em: a) pun b) rap c) bush II. Uma fricativa labiodental desvozeada é encontrada em: a) think b) thanks c) fun III. Uma africada palatal vozeada é encontrada em: a) church b) justice c) leisure IV. Uma nasal velar vozeada é encontrada em: a) nest b) fun c) sink V. Uma fricativa glotal desvozeada é encontrada em: a) rope b) hope c) shy Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sons e símbolos das consoantes 45 Referências CARVALHO, Guilherme Pires Sales; SANTOS, Thiago Monte dos. Biometria: im- pressão vocal. Disponível em: <http://www.gta.ufrj.br/grad/09_1/versao final/ impvocal/propdosinal.html>. Acesso em 07 jan. 2010. CALLOU, Dinnah; LEITE, Yonne. Iniciação à Fonética e à Fonologia. Rio de Janei- ro: Jorge Zahar Editor, 1990. CELCE-MURCIA, Marianne et al. Teaching Pronunciation – a reference for tea- chers of English to speakers of other languages. Cambridge: Cambridge Univer- sity Press, 2000. PRATOR JR., Clifford H; ROBINETT, Betty W. Manual of American English Pro- nunciation. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1972. ROACH, Peter. Phonetics. Oxford: Oxford University Press, 2004. SIlVA, Thais Cristófaro. Fonética e Fonologia do Português: roteiro de estudos e guia de exercícios. São Paulo: Contexto, 2007. UNDERHILL, Peter. Sound Foundations: learning and teaching pronunciation. Oxford: Macmillan, 2005. WEISSER, Martin. Consonants from a Phonetic Perspective. Disponível em: <http:// ell.phil.tu-chemnitz.de/phon/articulatory/consonPhon.html>. Acesso em: jan. 2010. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 46 Sons e símbolos das consoantes Gabarito 1. a) C b) G c) A d) J e) B f) D g) I h) F i) E j) H 2. a) A b) J c) H d) F e) G f) K g) L h) I i) E j) B k) D l) C 3. I. A II. C III. B IV. C V. B Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.brSons e símbolos das consoantes 47Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O Alfabeto Fonético Internacional Estudaremos o que são e como funcionam o Alfabeto Fonético Interna- cional e as transcrições fonéticas. Veremos exemplos dos símbolos usados para representar as vogais, as consoantes e os glides do inglês e também transcreveremos palavras inteiras. Uma das conquistas mais importantes dos foneticistas do século XIX foi conseguir elaborar um sistema de símbolos capaz de representar os sons das línguas do mundo e que pode ser aprendido por qualquer pessoa. O Alfabeto Fonético Internacional (IPA) é um sistema de notação fonética criado pela Associação Fonética Internacional como uma forma de repre- sentação padronizada dos sons da fala. Por ser um sistema eficiente e prá- tico para quem o domina, o IPA é amplamente utilizado por linguistas e é muito útil a professores e estudantes de línguas estrangeiras. Os símbolos do IPA são divididos em três categorias: letras, diacríticos e suprassegmentais. As letras, em número de 107, indicam os sons básicos. Os diacríticos, que totalizam 31, fornecem informações adicionais sobre esses sons. Os suprassegmentais, em número de 19, indicam caracterís- ticas como acento e entonação. Essas três categorias são ainda divididas em categorias menores: as letras podem ser vogais, consoantes ou glides, e os diacríticos e suprassegmentais são classificados de acordo com o que indicam: articulação, fonação, tom, entonação, acento e ritmo1. Desde sua criação, em 1888, o IPA já sofreu algumas reformulações. Nessas reformu- lações, novos símbolos foram adicionados e outros, removidos ou modifi- cados. A revisão mais recente foi feita em 2005. Por ter a pretensão de harmonizar-se com o alfabeto latino, o mais usado nas línguas do mundo, a maioria dos símbolos do IPA utiliza basica- mente as letras desse alfabeto, de forma que os símbolos das consoantes correspondam ao seu uso “universal”. Por esse motivo, os símbolos /, , , , , , , /, por exemplo, correspondem aos sons que essas letras re- presentam em português e inglês. 1 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabeto_fon%C3%A9tico_internacional>. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 50 O Alfabeto Fonético Internacional O alfabeto latino, entretanto, não é o único utilizado no IPA. Além das letras desse alfabeto, há alguns símbolos retirados do alfabeto grego, como //, que representa uma consoante fricativa dental desvozeada, além de símbolos que não parecem pertencer a nenhum desses dois alfabetos, como //, utilizado para representar uma consoante oclusiva glotal. No IPA, cada letra corresponde a um som específico. Isso significa que não são utilizadas combinações de letras para representar sons únicos, ou de letras únicas para representar mais de um som. Além disso, as letras sempre têm o mesmo valor sonoro, independentemente do contexto. Às vezes, é possível de- duzir o som representado por alguns símbolos através da forma de sua grafia, principalmente quando esse som é uma consoante frequentemente encontrada nas línguas do mundo; contudo, a maioria dos símbolos precisa ser treinada. As letras originais utilizadas como símbolos do IPA são, por vezes, ligeiramen- te alteradas para representar características adicionais. Por exemplo, há letras que apresentam em sua grafia um gancho para baixo e para a direita. Essas letras representam consoantes retroflexas. O par /n/ e // ilustra essa característica: en- quanto o primeiro símbolo representa uma nasal alveolar, o segundo representa sua contraparte retroflexa. Além das letras, os diacríticos e suprassegmentais são muito importantes na representação da pronúncia, pois fornecem informações adicionais. Os diacrí- ticos são sinais que, colocados sob, sobre ou através das letras do IPA, repre- sentam alguma alteração ou característica mais específica da pronúncia. O dia- crítico “”, por exemplo, representa aspiração. Quando colocado acima de um segmento, como em [], indica que ele é aspirado. Os suprassegmentais, por outro lado, indicam características que se estendem por mais de um segmento, como acento, tom ou entonação. O símbolo suprassegmental “”, quando co- locado antes de uma sílaba, indica que ela é acentuada., como na transcrição [], da palavra private, que indica que a primeira sílaba é aquela sobre a qual recai o acento de tonicidade2. Transcrição fonética No estudo de línguas estrangeiras, especificamente no que concerne à pro- núncia, o domínio do Alfabeto Fonético Internacional possibilita o entendimen- 2 Não confunda acento de tonicidade com acento gráfico. Não existe acento gráfico nas palavras do inglês, a não ser naquelas que vêm do francês. Quando falamos em acento no campo da fonologia, nos referimos à tonicidade. Assim, quando dizemos “sílaba acentuada”, queremos dizer “sílaba tônica”. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O Alfabeto Fonético Internacional 51 to das transcrições encontradas em dicionários e materiais didáticos, que se uti- lizam cada vez mais dos símbolos do IPA. A transcrição é muito útil no ensino de línguas, pois mostra aos aprendizes como uma dada palavra deve ser pronun- ciada. Por representar uma pronúncia padrão, independentemente de variações regionais ou individuais, torna-se uma ferramenta indispensável ao aprendizado e um modelo confiável no qual o estudante pode se basear para aprender a pro- núncia das palavras da língua-alvo. O primeiro passo para os estudantes de línguas estrangeiras é familiarizar- -se com os símbolos que representam os sons da língua estudada. No Alfabe- to Fonético Internacional, há um símbolo para cada som e, para cada som, não mais do que um símbolo, de modo que a representação da pronúncia deve ser inequívoca. Assim, quando usamos [m], sabemos que estamos nos referindo a uma consoante nasal bilabial, independentemente da posição em que apareça: inicial, medial ou final. O que é, então, e como funciona essa ferramenta tão útil aos estudantes de línguas estrangeiras? A transcrição fonética é um método que usa os símbolos do Alfabeto Fonético Internacional para transcrever os sons da fala. Entre esses, incluem-se palavras, frases e até mesmo textos. Callou e Leite (1990, p. 33) expli- cam que Uma transcrição fonética é uma tentativa de se registrar de modo inequívoco o que se passa na fala. E um alfabeto fonético é uma convenção para se escrever os sons das línguas independentemente da convenção que cada uma utiliza para sua escrita em cotidiano. As autoras chamam a atenção para o fato de a transcrição fonética indepen- der da escrita regular. Como qualquer estudante de inglês sabe, a relação entre grafia e pronúncia nas palavras do inglês não é direta, ou seja, não existe uma relação de um para um, em que cada letra sempre corresponde a um som e cada som é sempre representado pela mesma letra. Na transcrição fonética, diferen- temente do que acontece na escrita regular, cada símbolo representa um som específico e não há sons que sejam produzidos na fala que não sejam represen- tados na transcrição, ou seja, a transcrição fonética é uma representação exata dos sons da fala. Ao fazermos uma transcrição, podemos fazer um registro pouco especifica- do, em que apenas identificamos os segmentos produzidos, importantes para o significado, ou registrar todos os detalhes articulatórios observados, como aspiração ou desvozeamento, mesmo que não sejam relevantes para o signifi- cado. O primeiro método é conhecido como transcrição fonética ampla e o se- gundo, como transcrição fonética estreita ou fina. A transcrição fonética fina é Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais