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DOS DELITOS E DAS PENAS

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Resenha do livro "Dos delitos e das penas".
Introdução:
Apesar do livro ser uma obra antiga, de 1764, as ideias nele contidas ainda repercutem nos doutrinadores criminais. Detalhadamente, o autor vai evidenciando as divergência que ocorriam em sua época no âmbito criminal, onde os castigos eram cruéis e não eram voltados, atribuídos, ao bem público, de modo que a crueldade dos castigos era inútil. No século em que se passa a criação deste livro, o autor diz que ainda não havia dissipado todos os preconceitos que as pessoas daquela época alimentavam e que poucas pessoas procuraram reprimir os abusos do poder; não houve ninguém que se erguesse contra o absurdo das penas que estavam em uso nos tribunais, e ninguém que procurasse reformar a irregularidade dos processos criminais.
O autor começa sua obra dizendo que as vantagens da sociedade devem ser distribuídas equitativamente entre todos os seus membros mas não é isso que acontece, pois vê-se a tendência contínua de concentrar os privilégios, o poder e a felicidade na mãos de poucos e deixar para sua grande maioria a miséria e debilidade. Apenas com boas leis podem impedir esses abusos, pois a função das leis é essa, a de evitar esses abusos, já mencionados, e injustiças dentro de uma certa sociedade. Mas a sociedade acaba por, primeiramente, faz pouco caso da criação de leis sábias e justas, que as leis quase sempre não foram mais do que o instrumento das paixões da minoria ou fruto do acaso e do momento, e nunca a obra de um prudente observador da natureza, que tenha sabido orientar todas as ações da sociedade com esta finalidade única: todo o bem-estar possível para a maioria.
Felizes as nações que por meio das leis sábias fez a passagem do exceder-se do mal para uma norma para o bem. O autor afirma que depois de tanto injustiça, os homens resolveram remediar os males que os atormentavam, por isso a importância das leis.
Origem das penas e do direito de punir:
A moral política deve ser baseada em sentimentos indeléveis do coração do homem, para assim poder facultar à sociedade vantagem inextinguível. Qualquer lei que não siga essa base, irá se deparar sempre com uma resistência que a fara sucumbir. Portanto, no coração humano encontraremos os preceitos essenciais do direito de punir, pois a leis devem ser fundadas a partir do que está no coração do homem.
No começo de tudo, os homens eram livres e independente, mas chegou uma hora que houve a necessidade de se juntarem em sociedade para evitar a guerra continua e as incertezas da conservação da liberdade, pois estavam cansados de viver em meio a temores e de encontrar inimigos em toda parte. Para poderem desfrutar do restante com segurança, tiveram que abrir mão de parte da sua liberdade que assim sacrificadas ao bem geral, formou a soberania na nação.
Todavia, não era suficiente o sacrifício de parte da liberdade e a constituição de uma soberania na nação, pois a propensão do homem era demasiadamente forte à usurpação, e era imprescindível que algo fosse feito pra penalizar os que infringissem as leis, desse modo foram criadas as penas.
Destarte, o homem é obrigado a ceder uma parte de sua liberdade apenas pela necessidade, quer dizer, concorda em se desfazer de uma parcela mínima, da menor porção possível, de sua liberdade, exatamente o que seria necessário para empenhar os outros e mantê-lo na posse do restante. A reunião de todas essas parcelas de liberdade constitui o fundamento do direito de punir. As penas vão além da necessidade de manter o depósito da salvação pública são injustas por natureza. Assim, a liberdade de um acaba onde começa a liberdade do próximo, podendo demarcar até onde as pessoas podem agir, e violando as regras estabelecidas vem a necessidade de se punir.
Consequência desses princípios:
Só as leis podem apontar as penas para cada delito, essas leis são feitas pelo legislador que representa toda a sociedade através do contrato social.
Uma pena não pode ser aplicada mais severamente do que ela já é, isso tornaria o juiz que deu a sentença injusto, mesmo que esteja visando o bem público, pois a punição deve estar de acordo sempre com o que já está prescrito em lei, nem mais nem menos.
O soberano que representa a sociedade apenas pode fazer leis gerais mas não compete a ele julgar que transgrediu as regras. Tais regras feitas por ele (soberano) não distingui os membro da sociedade e todos devem obediência.
Quando ocorre delito, o soberano afirma que o acusado violou o contrato social e o acusado por sua vez nega a tal acusação de violação. Com isso é necessário que haja uma terceira pessoa para decidir a contestação, assim entra o magistrado apenas para dizer se há delito ou não. A terceira consequência, segundo o autor, é que ainda que as penas cruéis e bárbaras não sejam adversas ao bem público e à sua finalidade de atalhar os crimes, sendo totalmente inúteis, ainda seriam contrárias à natureza do próprio contrato social e à justiça.
Da interpretação das leis:
Aqueles que julgam os crimes não tem a competência de interpretar as leis penais, pois essa função é encargo dos legisladores. As leis não foram recebidas pelos juízes como uma herança deixada aos descendentes apenas para a missão de obedece-las, mas as auferiu, já elaboradas, da sociedade atual ou do soberano que é representante dessa, como resultado da vontade do geral.
O soberano é o legítimo intérprete das leis, já o juiz deve fazer o silogismo perfeito, com a premissa maior sendo a lei geral, a ação como premissa menor, e a consequência, a liberdade ou a pena. Com isso averiguar o cumprimento ou descumprimento da lei e assim enquadrar ou não o crime à lei geral. Se o juiz receber o encargo de elaborar um raciocínio a mais, o processo corre o risco de se tornar incerto e obscuro.
O axioma comum de que é essencial indagar o espírito da lei, segundo o autor, não há nada mais perigoso. Este espírito da lei seria a consequência de uma lógica boa ou ruim do juiz, fica dependente do várias circunstâncias em que o juiz se encontrasse no momento em que tivesse julgando. Assim, teria uma instabilidade pois poderia ocorrer de os mesmos crimes julgados pelo mesmo tribunal seriam punidos de maneiras distintas.
Com isso, as leis penais, por mais que sejam injustas ou não, devem ser cumpridas à letra, literalmente, para que assim qualquer pessoa possa prever com precisão qual seria sua pena se cometesse um delito e assim podendo dar mais segurança aos cidadãos.
Da obscuridade das leis:
No capítulo anterior o autor fala que a interpretação da lei é algo perigo que gera insegurança nos cidadãos, mas a obscuridade da lei tem igual consequência, pois também precisam ser interpretadas. O maior problema da obscuridade é quando as leis não são escritas em língua conhecida, comum, quando estão redigidas em línguas mortas ou raras, que são poucas as pessoas que a conhecem, não estando presentes nos lares das familias como a religião e podem muitas vezes serem alteradas pelo conflito de interesses individuais, e não pelo bem comum. Assim, enquanto o cidadão não souber as penas em que resultara pelo delito cometido, ele estará nas mãos de um pequeno número de homens que detém esse conhecimento.
Quanto maior o número de pessoas que tiverem conhecimento da lei, menor será o número de infrações, pois ao conhecer a lei saberão das consequências de cada ato e assim com medo da punição pensaram mais antes de cometer um delito.
Para o autor, é evidente a necessidade de leis claras para que na sociedade a força esteja no corpo político e não nas pessoas que o compõem. As leis deveriam ser abundantemente divulgadas, a forma escrita da lei em linguagem popular é necessária para uma forma estável de governo, com isso a tamanha importância da imprensa, que pode tornar público o conhecimento das leis e sua sanções.
Da prisão:
Conforme Beccaria deixa claro, os magistrados tem o direito de prender como bem entendem, de maneira discricionária, sem um fundamento pré-estabelecido. Assim, condena os inimigos e aos amigos garante a liberdade, e isso vaicontra a finalidade da sociedade, que é a segurança pessoal. Apenas a lei deve decretar quando que o acusado pode ser preso e submetido a interrogatório, não cabendo ao juiz decidir tais questões.
A prisão de um inocente não deve lesar sua dignidade, o que normalmente ocorre. No nosso sistema, prevalece a ideia da prepotência e de força sobre a da justiça, e são lançados à mesma masmorra tanto o criminoso convicto como o inocente suspeito, sendo que a prisão é antes uma forma de vingança do que uma custódia do réu.
Dos indícios do delitos e da forma dos julgamentos:
Neste capitulo é abordado sobre os indícios dos delitos, onde o autor diz que quando as provas estão dependentes de uma única prova, a quantidade dessas nada muda, pois se essa prova forte for destruída as demais não terão mais nenhum sentido. Mas, quando as provas são independentes entre si, ai sim o número, a quantidade, de provas importa visto que quanto mais provas fortes mais provável que o delito tenha de fato ocorrido e se constatar que uma é invalida ou falsa, não influirá sobre a validade das demais.
Existem duas maneiras de distinguir as provas de um delito, em provas perfeitas, que são aquelas em que fica obvio que o acusado é culpado e impossível dele ser inocente e basta uma prova perfeita para ser autorizada a condenação do réu. E as imperfeitas, que é quando não há como ser excluída a possibilidade de inocência do acusado.
Os julgamentos hão de ser públicos, tal como as provas de um crime, para que a opinião popular amenize à força e às paixões, e que com isso o povo se sinta realmente defendido, gerando assim, um sentimento de segurança para todos.
Das testemunhas:
Todo homem que tiver na plenitude das suas faculdades mentais pode ser usado como testemunha, porém, há de se averiguar se a possível testemunha em questão é merecedora de confiança, analisando se ela teria algum motivo para omitir a verdade ou não. Por razões nem um pouco ponderadas e absurdas, as leis não permitem que nem mulheres, devido a sua fragilidade e fraqueza, nem os condenados, tendo em vista que eles por sua vez já morrem civilmente devido a condenação, nem as pessoas marcadas pelo desprestigio e desonra, testemunhem, e isso não tem sentido já que nenhuma dessas pessoas teria o porquê mentir. Além dessas proibições de testemunho, era preciso, também, ver qual era o nível de relacionamento da testemunha com o réu. Era necessário que houvesse mais de um depoimento para condenar alguém, pois todos tem o direito de defesa.
Das acusações secretas:
Beccaria, desde o princípio do capítulo, deixa claro sua posição desfavorável em relação às acusações secretas, já que acredita ser essa a consequência de uma constituição fraca de um Estado. Para ele, a melhor forma de acusação é a pública, que é a mais positiva para o bem coletivo. Tais acusações às escondidas tornam os homens frios e falsos.
Dos interrogatórios sugestivos:
Os interrogatórios sugestivos são proibidos pela legislação, assim não podendo o juiz permitir questões indutivas, em linha reta, ele apenas deve se referir ao fato indiretamente. O irônico é que, quase simultaneamente, foi vedado os interrogatórios sugestivos e foi concedida a autorização da tortura. Sim, é contraditório, pois não há interrogatório mais sugestivo que a dor.
Ao final do capítulo, o autor afirma que quem se perpetuar em silêncio ao interrogatório, deve obter uma punição a ser posta pelas leis e que tal pena seja demasiadamente pesada pois a mudez de um acusado perante o juiz que o está interrogando, acaba por ser uma ofensa para a justiça e um absurdo para a sociedade e assim tendo que se prevenir tais atos o máximo possível.
Por último, é preciso dizer que quando há provas suficientes para condenar o réu, sua confissão não é necessária, pois já fica comprovado que ele é realmente culpado pelo delito que estava sendo acusado.
Dos juramentos:
Não há sentido exigir que o acusado jure dizer a verdade sendo que o que ele mais deseja é oculta-la. Faziam o réu jurar em nome de Deus, o que o deixa em uma saia justa tendo que fazer a dura escolhe de ser ou não um bom cristão, assim, fazendo-os infringir as leis divinas pois essas não são tão temidas quantas a leis humanas. Com isso, vê-se que os juramentos eram inúteis.
Da tortura:
A tortura era realizada para fazer o acusado confessar, só que muitas vezes um inocente acabava por confessar um crime que não havia cometido, pois queria cessar a dor que sentia no momento. Em contrapartida, muitos culpados não sucumbiam à tortura, aguentando fortemente a dor, o que os levavam a ser injustamente absolvidos. Esse ato da tortura é muito criticado pelo autor. Era uma parte do processo que não fazia sentido, pois um réu não pode ser previamente julgado antes da sentença do juiz. Todos são inocentes até que se prove o contrário. Assim, há duas possibilidades: ou o crime é certo ou incerto. Se é certo, ou seja, se há certeza da culpabilidade do acusado, a única coisa a se fazer é puni-lo com a lei, com isso, não se vê a necessidade da tortura pois não há mais utilidade em confessar. Se é incerto, há a possibilidade de torturar um inocente, e seria atroz atormentar um inocente, partindo da premissa que o acusado é inocente até se provar o delito.
Da duração do processo e da sua prescrição:
O juiz deve somente cumprir aquilo que está na lei, assim, fica a cargo unicamente da lei de determinar o tempo que deve ser aplicado para a investigação das provas do delito, é o que tem o réu para tentar se defender. Segundo o autor, há dois tipos de crimes: os crimes horrendo (atroz) e os crimes menos hediondos. Os crimes horrendos são os homicídios e suas espécies, o homicídio é um crime atroz e quanto mais atroz um crime é, mais difícil de ser provado o réu de ser culpado, sendo menos verissímil e assim tendo que ser mais rápido o processo. Os crimes menos hediondos, tem mais probabilidade de ser provado culpado o acusado, assim, o processo pode ser mais longo. Essa distinção entre os crimes é existente por ser tirada da natureza, e a segurança de todos é um direito natural.
Dos crimes iniciados; dos cúmplices; da impunidade:
Beccaria defende que a tentativa, a intenção, de cometer um delito também deve ser punida, com uma pena mais amena, mas punida e que tal atitude de punir é necessária para que assim tente fazer com que o criminoso desista de praticar o crime até o final, repensando, assim, que sua pena pode ser atenuada se não concluir o crime.
Nesse capítulo é analisado também que a punição do executor deve ser maior do que a dos cúmplices de um crime, assim, tornaria bem mais complicado achar alguém para executar a ação pelo mandante, pois, sua ameaça seria maior por estar correndo risco de ser punido mais severamente. Mas há a ressalva de que se o cúmplice oferece algo em troca para o executante, os dois devem receber penas iguais, contudo, se o cúmplice delatar seus colegas, há certos tribunais que oferecem a impunidade em troca.
Da moderação das penas:
As penas tem como finalidade impedir que o culpado volte a cometer crimes, evitar que ele cause mais danos à sociedade e não apagar o crime que foi cometido, muito menos torturar o sujeito. As punição haviam de ser mais eficazes do que ameaçadoras e violentas.
Nos países em que foram aplicadas penas mais horrendas acabaram por ter os crimes mais atrozes, assim, não sendo eficaz por não obter o resultado almejado. Completamente tirano é aquele que aplica uma sanção mais severa do que o crime requeria.
Da pena de morte:
A pena de morte não é originária de nenhum direito, tal barbárie não tem a mesma ascendência que as leis que protegem. Em nenhum momento as pessoas desejaram colocar em risco a própria vida, seria totalmente o oposto. O que mais desejavam era a segurança pessoal e por esse motivo aceitaram ceder parte de sua liberdade para que assim a soberania e as leis representassem a vontade geral e o bem coletivo. O conhecimento adquirido através das experiências com a pena de morte em vários séculos demonstrou que tal ato horrendo não deteveos criminosos e nem diminuiu o número de delitos cometidos. Assim, chegamos à conclusão de que a pena de morte é menos poderosa do que a privação da liberdade em relação à diminuição dos crimes, pois, quando é tirada a liberdade do criminoso, ele paga seus crimes e os danos causados à sociedade com trabalhos árduos e com isso estaria fadado a permanecer nesta condição até o cumprimento total de sua sanção.
A pena existe apenas para fazer com que a pessoa que cometeu o delito não o faça mais e, para ser justa, basta aplicar a punição com o grau ideal de rigor para apartar as pessoas do crime. Visto isso, a escravidão perpétua seria uma excelente forma, com o rigor na medida certa para obter o resultado desejado, que é separar a tendência ao crime dos homens, sendo uma punição que seria mais temida que a morte.
Do banimento e das confiscações:
Sobre o banimento ou expulsão da sociedade, o autor concorda com tal atitude quando alguém perturba a tranquilidade pública, não obedece as leis ou infringi as condições sob as quais os homens se mantêm. A maior questão, no entanto, é a dos bens do banido. Há casos em que sim, os bens podem ser confiscados, quando o homem morre civilmente e para a sociedade esta morte se equipara com a morte natural, assim, não o dando mais direitos ao bens que são o que liga ele à sociedade resultando em sua morte política. Além desse situação citada anteriormente, há casos em que pode ser confiscado apenas uma parte do bem e outros em que nada é confiscado, tudo é feito conforme está previsto em lei.
O confisco dos bens é indagado pelo autor, pois, ao confiscar o bem de um homem, está confiscando o bem de uma família, podendo fazer um inocente acabar na miséria, levando sua família a ruina, não sobrando muitas alternativas a não ser entrar no mundo do crime por ‘reduzi-lo à indigência e ao desespero’.
Da infâmia:
A desaprovação pública que retira do culpado a consideração e a confiança de seu povo é chamada de infâmia. O autor diz que devem ser esparsas as penas de infâmia, pois, se muitos forem os julgados pela infâmia simultaneamente, essa infâmia, logo se tornara a infâmia de ninguém.
Da publicidade e da presteza da penas:
Será mais justa e eficaz a aplicação da pena quando a mesma for mais ágil e for cercado mais de perto o delito em questão. A prisão durante um processo só se faz necessária para vedar uma possível fuga ou evitar a ocultação das provas do delito. A ação deve ser conduzida sem delongas, o juiz deve se sensibilizar, para assim obter mais rapidamente sua decisão. O autor afirma que as penas não devem ser cruéis, para que o povo se imagine no lugar dos condenados e se sensibilize com menores penas.
Da inevitabilidade das penas das graças:
O que acaba por prevenir os delitos é a inevitabilidade da aplicação da sanção, que deve ser branda, e não a sua rigidez. Os juízes devem fazer jus ao ditado latim “Iura novit curia”, que significa que o juiz conhece o direito, a lei, assim, tendo sempre que ficar atentos, prontos para aplicá-las.
Apesar da graça ser considerada pelo autor indiscutivelmente a mais bela prerrogativa do trono, ela não é aprovada pela tácita das leis existentes. Assim, a graça e a anistia não deveriam ser aplicadas, pois, quando um soberano cede graça, coloca em risco a segurança do povo por uma pessoa específica, visto que a lei penal, assim como o código criminal, existe em função do bem público. Com isso, se as penas se tornassem mais brandas não haveria mais a simbologia da virtude pregada ao ato de conceder da graça aos que infringiram a lei.
Dos asilos:
“Em toda a extensão de um Estado político, nenhum local deve estar isento da dependência da lei.”, ou seja, a lei é soberana então ela sempre deve ser respeitada. Segundo o autor, quase não há distinção entre os asilos e a impunidade, pois, conceder asilo a um criminoso gera uma sensação de impunidade, assim, é dever dos soberanos deportar os criminosos para o país em que cometeu o delito para serem julgados e não ficarem na impunidade.
Do uso de pôr a cabeça a prêmio:
Oferecer uma recompensa pelo criminoso faz desaparecer todas as ideias de moral e virtude no espírito do homem. Esse ato de colocar uma cabeça a prêmio, faz com que em vez de conseguir evitar mais crime, surgem mais cem.
Há duas opções: ou o criminoso está ainda residindo em seu país ou já o deixou. No primeiro caso, o governo que oferta uma recompensa em troca da cabeça demonstra sua fraqueza. Já na segunda opção, o povo é instigado à praticar um homicídio, assim, podendo matar um inocente.
Que as penas devem ser proporcionais aos delitos:
O que mais interessa para o povo não é somente a diminuição dos delitos mas também que às transgressões à lei mais danosas à sociedade se tornem mais raras. Há o dever da proporção entre sanções e delitos levando em conta o tamanho do prejuízo ao bem público.
O criminoso é motivado, ao agir, pelas recompensas ou com o intuito de evitar punições, de modo que procurará a prática de crimes com penas mais brandas. Assim, as penas definidas de forma desigual acabam por produzir contradições, de modo que é imprescindível que sejam definidas proporcionalmente, prevendo maiores penas aos maiores crimes e menores penas aos delitos menos graves.
Das medidas dos delitos:
As opiniões disseminadas pelos tiranos oprimiram os princípios naturais, na medida em que a grandeza do crime não depende da intenção de quem o pratica. Realmente, não há como medir exatamente o crime segundo a intenção do acusado, já que os sentimentos que o levaram a praticar o crime variam de indivíduo para indivíduo.
Então, se a intenção fosse punida, seria necessário ter um código particular para cada cidadão, além de uma nova lei penal para cada crime.
Há, ainda, quem entenda que o delito deve ser medido proporcionalmente à dignidade da pessoa atingida.
Outros, por fim, consideram a gravidade do crime segundo a intensidade da ofensa a Deus, o que é um absurdo, já que a ofensa a Deus não é nada comparável à ideia de querer vinga-Lo. As relações entre os homens e Deus são de dependência, que nos submete a um Ser perfeito e criador de todas as coisas; a um Ser soberano que apenas a si reservou o direito de ser igualmente legislador e juiz. Apenas Ele pode ser igualmente uma coisa e outra.
Divisão dos delitos:
Só há crime quando um ato atinge desfavoravelmente a sociedade ou o seu povo, se qualquer pessoa do povo for atingida em sua moral, honra ou bens, ou, por último, se o ato for contra a lei, considerando o bem público. Tirando essas circunstancias, não há crime, sob pena de se incidir em predomínio de interesses individuais. Tal acepção de crime tem como alicerce o bem de todos é imprescindível para que se harmonizem o direito e a moral.
Sem exceção, todos podem realizar tudo o que quiserem que não esteja proibido em lei, sem se preocupar com as consequências legais do ato, pois não existem. Sem esse dogma, que deveria ser protegido por lei e proclamado pelos magistrados, toda sociedade legítima não pode permanecer por muito tempo, porque ele é a recompensa justa do sacrifício que os homens fizeram de ceder parte de sua independência e de sua liberdade.
Dos crimes de lesa-majestade:
Apesar dos delitos de lesa-majestade serem, originalmente, aplicados contra faltas gravíssimas, inclusive com pena de execução e confisco de bens, com o passar do tempo, o despotismo e a ignorância deram outra colocação a esses tipos de delitos. Foram denominados para faltas leves, o que demonstra que, mais uma vez, o homem se tornou vítima de uma palavra.
É importante que se considere as ações morais por seus efeitos e que se leve em conta o tempo e o local, a fim de não se ferir o princípio da proporcionalidade das penas.
Dos atentados contra a segurança dos particulares e sobretudo das violências
A igualdade civil é essencial para que se obtenha o respeito de uma sociedade.
Sendo assim, as penas devem ser aplicadas igualmente entre as pessoas, sejam elas de alta linhagem ou simples cidadãos.
Os atentados contra a vida e a liberdade devem serconsiderados graves e punidos com penas corporais. O castigo deve ser medido pelo prejuízo causado à sociedade e não pela sensibilidade do réu.
Das injúrias:
As injúrias pessoais contra a honra devem ser punidas pela infâmia. A ideia de honra, apesar de complexa, apresenta-se de extrema relevância para uma vida em sociedade.
A honra deve ser colocada sob as asas da lei, de forma que cada indivíduo terá direito à preservação de sua imagem perante outro, com a certeza de punição quando sua honra for atingida.
Dos duelos:
Com a honra, surge a necessidade de uma defesa pessoal da mesma, assim, dando início aos combates singulares. Sabendo que a lei aplica punição aos que ferem a honra de alguém, as vezes, de maneira que não satisfazem, se originam os duelos, que seria uma forma de defesa da honra. O melhor jeito de obstar o duelo é punir o agressor e declarar inocente, quem, mesmo sem querer, viu-se obrigado a defender sua honra, demonstrando, assim, que respeita as leis, porém não teme os homens.
Do roubo:
Quando um roubo é realizado sem a prática da violência, somente deveria ter a punição em forma de dinheiro, mas, o roubo é um crime comum da miséria, sendo assim, o criminoso não tem quase nada, apenas tem a vida como seu único bem, com isso, só faz crescer a quantidade de roubos e de mendigos. A pena que seria mais pertinente, seria a escravidão temporária e para aquele que praticasse um roubo com o uso da violência, seria o mais justo acrescentar às penas corporais a escravidão
Do contrabando:
“(...) os crimes que os homens não consideram nocivos aos seus interesses não afetam o suficiente para provocar a indignação do povo.”, ou seja, apesar do contrabando ser um crime que atinge ao soberano e à nação, sua pena não há de ser grave, pois, para a opinião pública esse crime não é infame.
Isso ocorre pelo simples motivo de não enxergarem os danos que o contrabando pode lhes causar, por suas consequências produzirem impressões fracas. Esse pensamento se deve ao fato de que todo ser sensível só se importa pelos males que conhece e, por esse motivo, entendem que o confisco das mercadorias é pena mais do que justa.
Das falências:
O autor distingue o falido de modo fraudulento e o de boa-fé. Segundo ele, o de boa-fé deve pagar os credores, utilizando seu trabalho e talento para tanto, mas jamais poderá sofrer uma prisão injusta e inútil para os credores. A submissão à lei cruel, exagerada, para preservar a sociedade dos inconvenientes naturais a que está submetida, se desviará da finalidade almejada. A prisão do devedor de boa-fé, no caso, prejudicará a todos, já que não disporá de meio uteis para saldar a dívida e a prisão de nada adiantará aos credores.
Dos crimes que perturbam a tranquilidade pública:
Os crimes que perturbam a tranquilidade pública são tidos como ações de desordem e vandalismo que acabam por prejudicar a harmonia e a tranquilidade pública. O autor parte do pressuposto que não há exceção à regra geral de que todo individuo tem o conhecimento do que necessita evitar para serem inocentes e o precisam fazer para serem culpados. Para que se possam prevenir os delitos anteriormente mencionados existem medidas sociais.
Da ociosidade:
São as leis, exclusivamente, que definem qual tipo de ociosidade merece punição em conformidade com a finalidade pública do Estado e sem prejudicar a liberdade de cada um. É necessário achar uma adequada equivalência entre a liberdade que tem cada indivíduo de fazer qualquer coisa que não é proibida por lei e a finalidade política do Estado. Não se deve punir toda e qualquer ociosidade, já que alguma espécie dela pode ser vantajosa, visto aumentar a sociedade e dar mais liberdade às pessoas.
Do suicídio:
Neste capítulo, é feita uma comparação entre o suicídio e a renúncia à pátria. Aquele que comete suicídio produz menos mal à sociedade do que aquele que abandona o seu país. O primeiro deixa tudo ao seu país enquanto o segundo lhe rouba a pessoa e parte dos seus bens.
Para o autor, no entanto, a proibição de abandonar o país só aumenta o desejo de deixá-lo. Não se deve prender a pessoa pelo medo. O certo é proporcionar maior bem-estar a cada cidadão, de modo que não tenha vontade de abandonar a pátria.
Assim, a lei que prende a pessoa ao país é ineficaz e injusta. Da mesma forma a que pune o suicídio, visto que só Deus pode castigar após a morte, além do que tal castigo recairia sobre a família inocente, e não sobre o culpado. Tal lei não impedirá uma pessoa já descontente com a vida de acabar com ela.
De alguns delitos difíceis de serem constatados:
Este capítulo trata dos crimes muito frequentes, mas difíceis de serem provados. São citados o adultério, a pederastia e o infanticídio.
O adultério é tratado como uma necessidade do ser humano, anterior à sociedade, é tido como um crime de momento. Para ele, tal crime não deve ser punido, diz que o castigo é um incentivo a mais. Deve-se, na verdade, devido à enorme quantidade de oportunidades para cometê-lo, preveni-lo quando ainda não foi praticado, do que reprimi-lo quando já se estabeleceu.
A pederastia, tratada com rigor excessivo pelas leis, é caracterizada como um desvio das paixões do homem escravizado que vive em sociedade, e não como uma consequência da necessidade do homem solitário e livre.
O infanticídio, por fim, é efeito de uma alternativa cruel em que se encontra uma pessoa que apenas cedeu por fraqueza ou que sucumbiu aos esforços da violência. É difícil a escolha, de um lado a infâmia e de outro a morte de um incapaz de avaliar a perda da vida. Não há, para ele, como condenar essa mulher.
Finaliza afirmando não ser sua intenção a de enfraquecer o horror provocado por tais delitos, e sim chamar atenção para a injustiça ou desnecessidade da punição de um crime para o qual a lei não prevê meios eficazes conforme as circunstâncias encontradas no país.
De um espécie particular de crime:
Ajuda – resumo - Os crimes contra liberdade religiosa são tratados isoladamente, tendo em vista sua pontuação período da História. Procurar demonstrar como certas crenças religiosas, entre as quais só podem achar-se diferenças sutis, obscuras e muito acima da capacidade humana, podem, contudo perturbar a tranquilidade pública, a menos que somente uma seja autorizada e todas as outras proibidas.
Cabe acentuar que o Direito Penal deve tratar de crimes que pertencem ao homem natural e que violam o contrato social e o bom convívio da sociedade devo silenciar, porém, sobre os pecados cuja punição mesmo temporal deve ser determinada segundo outras regras que não as da filosofia.
De algumas fontes gerais de erros e de injustiças na legislação:
Ajuda – resumo - A noção de utilidade para os legisladores é uma das fontes geradoras de injustiças. Segundo o Beccaria: “É por uma falsa idéia de utilidade que se procura submeter uma multidão de seres sensíveis à regularidade simétrica que pode receber uma matéria bruta e inanimada; que se negligenciam os motivos presentes, únicos capazes de impressionar o espírito humano de maneira forte e durável, para empregar motivos remotos, cuja impressão é fraca e passageira, a menos que uma grande força de imaginação, que só se se encontra num pequeno número de homens, supra o afastamento do objeto, mantendo-o sob relações que o aumentam e o aproximam”.
Por exemplo, uma lei que proíbe o porte de armas desarma o cidadão pacífico, ao passo que os criminosos mantém suas armas, ou seja, qual a real utilidade de desarmar inocentes? Além de ferir a liberdade individual, submeteriam os inocentes a fiscalizações que às quais só deveriam ser submetidos os infratores
Do espírito da família:
O espírito de família é caracterizado como outra fonte geral de injustiças na legislação. Segundo Beccaria: “O espírito de família é um espirito de minúcia limitado pelos mais insignificantes pormenores; ao passo que o espírito público, ligado aos princípios gerais, vê os fatos com visão segura, coordena-os nos lugares respectivos e sabe tirar deles conseqüências úteis ao bem da maioria”.
Desse modo ele coloca o espíritode família como algo contrário ao espírito público, pois acredita na idéia de que numa república os homens são cidadãos com igualdade de Direitos, já que nesse sistema os homens convivem pautados num contrato social, enquanto na família as relações são pautadas pela autoridade dos pais, um sentimento sagrado e inviolável da natureza, caracterizando uma relação desigual.
Assim, diz que a moral particular apenas inspira a submissão e o receio, enquanto que a moral pública anima a coragem e o espirito de liberdade, sentimentos que devem se sobrepor em uma relação entre cidadãos e uma república.
Do espirito do físico:
Ajuda – resumo - O espírito do fisco, ou seja, sua forma de atuar, deve ter como eixo o interesse público e não ser, simplesmente, um meio do Estado lucrar em cima de seus cidadãos, e o Juiz tem papel fundamental nisso, tendo em vista que, através do processamento e do julgamento das ações fiscais, ele tem o poder de usar os meios e os argumentos favoráveis para impor o bem público sobre o abuso do poder estatal.
O juiz deve adotar uma postura imparcial para não se confundir com um “advogado do fisco”. A imparcialidade evita uma tendência em favorecer o fisco unicamente por questões financeiras.
O verdadeiro processo das informações e a investigação imparcial do fato deve ser prescrita pela razão, seguida no ordenamento jurídico, zelando pela moral e pelo bem público
Dos meios de prevenir crimes:
Beccaria diz: “É preferível prevenir os delitos a ter de puni-los; e todo legislador sábio deve antes procurar impedir o mal que repará-lo, pois uma boa legislação não é mais do que a arte de proporcionar aos homens a maior soma de bem-estar possível e livrá-los de todos os pesares que se lhes possam causar, conforme o cálculo dos bens e dos males desta existência.”
Pois bem. Sem dúvida, ao elaborar as leis contra os crimes, os sábios precisam ter em mente que, quanto maior a simplicidade, melhor, já que as leis são voltadas para toda uma sociedade, composta por pessoas simples ou letradas, que se dispõem a defende-las.
Não há como proibir toda forma de produzir o mal. Quanto mais se estender a esfera dos delitos, tanto mais se fará com que sejam praticados, pois se verão os crimes aumentarem à proporção que as razões de crimes especificados pelas leis forem mais numerosas.
As leis devem proteger igualmente qualquer classe social.
Outra forma de prevenir os crimes é afastar a corrupção, despertando nos juízes o interesse de manter em toda a sua pureza o crédito que todo o país lhe depositou. Da mesma forma, as virtudes deveriam ser recompensadas, a fim de estimular a prática do bem.
Por fim, não se pode esquecer que o alicerce de uma sociedade é a educação. Com a educação os homens se tornam menos propensos à prática do mal.
Conclusão:
Cesare Beccaria, então, chega à conclusão de que para não ser um ato de violência contra o cidadão, a pena a ser aplicada deve, além de ser determinada pela lei, ser essencial, pública, pronta, necessária e proporcional ao delito.

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