Buscar

Ken Wilber - conflitos_mundiais

Prévia do material em texto

WILBER E OS CONFLITOS MUNDIAIS 
 
Newsletters de Frank Visser 
 
Amsterdam, 22 de março de 2003 
 
Olá amigos do Wilber, 
 
Já que não existe, até agora, nenhuma declaração integral sobre a crise mundial atual, reuni alguns 
textos-chave escritos pelo Wilber em 2001/2002, que podem fornecer peças do quebra-cabeça. A 
terminologia de cores provém da Espiral de Desenvolvimento. Se você não está familiarizado com 
ela, por favor, consulte a seção SPIRAL DYNAMICS no site http://www.worldofkenwilber.com/. 
Esses artigos podem ser acessados através do link na parte superior da página WELCOME. 
 
WILBER SOBRE O ATAQUE AO WTC 
(Boomeritis Endnote, Novembro de 2001, http://wilber.shambhala.com) 
 
Analisa como cada meme responde ao ataque e como cada um produz uma análise diferente, com 
o meme AMARELO/TURQUESA tentando prover uma visão equilibrada da situação: 
 
"Em resumo, parece razoável considerar que os terroristas sejam VERMELHOS patológicos 
inflamados por uma ideologia AZUL distorcida – uma combinação explosiva, com certeza. Nenhum 
sistema sadio de valores de qualquer cultura que conhecemos apoia tais atos. Entretanto, surge 
uma pergunta: até onde essas patologias podem ser imputadas a outras, tais como o capitalismo 
global ocidental?" 
 
WILBER SOBRE MEMES MAUS EM GERAL 
(Fevereiro de 2002, http://www.worldofkenwilber.com/) 
 
Sugere por que o VERDE é impotente em face de ataques VERMELHOS, para os quais o AZUL 
vigoroso pode encontrar remédio, embora o meme AZUL também tenha sua versão "má" (como 
todos os outros memes): 
 
"O VERDE normalmente fica indefeso e infeliz perante o VERMELHO: todos os instrumentos e 
valores do VERDE perdem o sentido em face de brutalidade jovial e agressão intencional. 
Conversar, compartilhar, cuidar e dialogar não impressionam o VERMELHO. É preciso um meme 
AZUL para esbofetear o VERMELHO sem pestanejar." 
 
WILBER SOBRE O CONFLITO VERMELHO/AZUL 
(Entrevista em alemão, Verão de 2002, http://www.worldofkenwilber.com ) 
 
A situação atual do mundo vista sob uma perspectiva desenvolvimentista. O mundo compõe-se de 
diferentes blocos que representam diferentes estágios de consciência: tribalismo VERMELHO, 
fundamentalismo AZUL e capitalismo LARANJA. Todos apresentam seus pontos negativos: 
 
"As sombras do LARANJA, sob as quais estão as nações industrializadas ocidentais, são a 
exploração do Terceiro Mundo, a excessiva racionalização industrial, problemas ecológicos e o que 
chamamos de McCultura. Conhecemos as sombras do AZUL com suas ideologias farisaicas, 
estruturas fundamentalistas de crença, homofobia, abuso patriarcal de poder, etc. E também são 
óbvias as sombras do VERMELHO: é terrorista, é tribalista e é incapaz de construir nações 
duradouras." 
 
Essa entrevista será brevemente colocada no site http://www.worldofkenwilber.com/ em sua versão 
original em inglês. 
 
Frank 
 
Amsterdam, 23 de março de 2003 
 
Olá amigos do Wilber, 
 
Wilber solicitou-me que adicionasse o texto a seguir na Newsletter intitulada "Wilber e os Conflitos 
Mundiais" que enviei ontem: 
 
______________________________________________________________________________ 
 
Frank, 
 
Eis uma breve nota que escrevi para alguém que me perguntou se teria algo mais a dizer desde "A 
Desconstrução do World Trade Center". É claro que existem toneladas de coisas que podem ser 
escritas, mas estou aguardando até que haja condições de escutarem-se palavras sensatas. No 
momento, palavras fazem pouco sentido. Meu coração encontra-se com as famílias de centenas de 
milhares de pessoas assassinadas por Sadam (alguém está falando por elas em todos esses 
protestos?); com os muitos iraquianos que serão estupidamente mortos nessa guerra; com as 
pessoas que só conseguem ver seus próprios valores ameaçados; e com as terríveis rupturas na 
situação política do mundo que esta guerra acarretará. É realmente desastroso que tenhamos 
chegado a este ponto. 
 
P: Você gostaria de adicionar alguma coisa desde que escreveu "A Desconstrução do World Trade 
Center"? 
 
R: Não, mas lembre-se: se você for verde, você é contra a guerra. Mas se for contra a guerra, não 
necessariamente é verde. Existem razões de segunda camada para não se ir à guerra. Porém, 
também há razões de segunda camada para se ir à guerra. Os verdes não têm escolha – eles não 
irão. A segunda camada tem escolha; portanto, pese cuidadosamente as evidências. De fato, a 
segunda camada pode ou não recomendar a guerra. Mas você pode checar e ver se é 
"meramente" verde, perguntando-se sob que condições recomendaria a guerra. Se não conseguir 
pensar em nenhuma, então bem-vindo ao verde. Ainda assim, o assunto é imensamente 
complicado, mesmo através de lentes integrais; portanto, pese cuidadosamente as evidências. 
 
O grande problema dessa discussão é que ela é inteiramente de primeira camada. O azul diz: 
bombardeie o inferno daqueles malditos; o laranja diz: está bem, mas apresse-se porque você está 
prejudicando o mercado de ações; o verde diz: de jeito nenhum, sejamos amorosos. A primeira 
camada tem muita dificuldade para observar grandes quadros, daí mover-se em torno das 
estruturas parciais de valores que a definem. Estou me mantendo fora dessa discussão desde o 
ensaio sobre o WTC. É basicamente uma grande briga de foice de primeira camada. 
 
Infelizmente, o mundo necessita de ação integral. Infelizmente, não a conseguiremos, indo ou não 
à guerra. Portanto, é melhor acender uma vela do que reclamar da escuridão. Assim, trabalhemos 
em nós mesmos e tentemos aumentar nossa própria consciência integral, um passo a cada dia, de 
modo que, no final, deixemos o mundo um pouquinho mais integral do que o encontramos… 
 
Ken 
 
Tradução de Ari Raynsford (www.ariray.com.br)

Continue navegando