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aula6 - Pesquisa e prática em educação _ Pré-projeto

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Disciplina: Pesquisa e prática em educação – Pré-projeto
Aula 6: Projeto de Pesquisa: processo de elaboração
Apresentação
Nesta aula, vamos conhecer o processo de construção de um Projeto de Pesquisa e
dar início, a partir desse conhecimento, a um Projeto que possa ser plenamente
aplicado à determinada realidade social, e que possa responder à demanda específica
apresentada.
Reconheceremos ainda que a pesquisa aplicada tem fundamental importância no
processo de transformação da realidade educacional.
Bons estudos!
Objetivos
Identificar os elementos que constituem o processo de construção de um Projeto
de Pesquisa;
Reconhecer a realidade social como principal fonte de objeto de pesquisa;
Analisar a possível intervenção na realidade social a partir do resultado de uma
pesquisa.
O que há de estranho neste
resultado?
Vamos começar analisando a imagem abaixo:
 Fonte:
http://loterias.caixa.gov.br/wps/portal/loterias/landing/megasena/
<http://loterias.caixa.gov.br/wps/portal/loterias/landing/megasena/>
Independentemente de você ser um apostador de loterias ou não, você notou
algo curioso neste resultado.
E, antes que você questione, trata-se de um resultado oficial. Pode conferir! E
houve até ganhadores!
Diante dessa sequência, qualquer pessoa normal, ao observar o mundo
usando o Senso Comum, vai sentir-se incomodada com essa ordem
numérica em um sorteio que, por via de regra, é aleatório.
Porém, e se saíssemos deste conhecimento corriqueiro e buscássemos mais
informação? Se a pesquisa, como estamos vindo desenvolvendo, já começa a
fazer parte de sua formação, de seu olhar para o mundo, você poderia se
interrogar diante deste resultado: há algo verdadeiramente estranho nele ou
é apenas minha percepção?

Leitura
Veja esta reportagem! Talvez ela possa ajudar.
“É normal”, diz matemático sobre resultado da Mega Sena
considerado estranho” <https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-
alegre/noticia/2018/06/e-normal-diz-matematico-sobre-
resultado-da-mega-sena-considerado-estranho-
cjitamqlz0a8701qopypeaguj.html> .
O objeto da pesquisa
Mesmo que neste nosso exemplo a questão da pesquisa esteja simplificada,
conseguimos ter certa percepção da realidade (números de sorteio de loteria).
A curiosidade nos leva a buscar elementos (a reportagem) para sanar nossa
dúvida (haveria algo errado de fato com a sequência numérica?).
Essa postura é a mesma que devemos ter ao pensarmos
em um Projeto de Pesquisa.
Os mesmos elementos, ainda que não somente eles, devem estar presentes.
Veja:
O olhar/percepção da realidade
TEMA DE PESQUISA
A dúvida acerca desta realidade
PROBLEMA DA PESQUISA
A busca de solução
PESQUISA EM SI (a partir de um PROJETO)
Perceba que a definição do TEMA da Pesquisa e a elaboração do PROBLEMA da
Pesquisa estão intimamente ligados, embora não sejam a mesma coisa.
Quanto mais claro isso ficar, melhor será e você dará passos firmes em sua
Pesquisa!
A escolha de um tema
Nos vídeos apresentados nesta aula, a pesquisadora Mari Ella falará muitas
vezes em determinado tipos de Pesquisa, como a Pós-graduação. Não se
preocupe: toda a reflexão que ela apresenta é perfeitamente coerente a
qualquer âmbito de Pesquisa: desde a iniciação científica ao Doutorado!
Vamos começar a refletir sobre a escolha do tema da pesquisa analisando este
vídeo:

Descubra que assunto você deve estudar em uma pós - Mari Ella (Fonte:
https://www.youtube.com/watch?v=Y-u34UDIyNM
<https://www.youtube.com/watch?v=Y-u34UDIyNM> )
https://www.youtube.com/embed/GGEASiV-0GI
Embora bastante informal (e talvez, por isso, possa nos ajudar mais), o vídeo
nos apresenta a importância da escolha de um tema.
Pode parecer algo simples ou até sem importância neste momento, mas não
é! Quando você estiver realizando sua pesquisa ou produzindo o relatório
sobre a mesma (falaremos disso na próxima aula), você perceberá o quanto é
importante ter escolhido um tema que verdadeiramente lhe desperte
interesse, que seja possível de investigação no contexto de sua formação —
no caso, Graduação — e que tenha relevância social.
 Mulher estudando (Fonte: Solis Images / Shutterstock)
É neste contexto que Costa (2015, p. 16) afirma que “para se fazer pesquisa é
necessário: conhecimento do assunto, curiosidade, criatividades, paciência,
postura ética (...)”.
Contudo, provavelmente, seja Minayo que mais nos ajude neste processo:

O tema de uma pesquisa indica uma área de interesse a
ser investigada. Trata-se de uma delimitação ainda
bastante ampla. Por exemplo, quando alguém diz que
deseja estudar a questão da ‘violência conjugal’ ou da
‘prostituição masculina’, está se referindo ao assunto
de seu interesse. Contudo, é necessário para a
realização de uma pesquisa um recorte mais ‘concreto’,
mais preciso deste assunto. Ao formularmos perguntas
ao tema e ao assunto proposto, estaremos construindo
sua problematização.
(MINAYO, 2015, p. 37)
Aqui já começa a aparecer a diferença entre tema e problema (ou
problematização), mas pode ser que ainda não esteja tão claro.
Por isso, veja o exemplo da autora:

Quando dizemos que vamos estudar a ‘violência
conjugal’, delimitamos aí, muito amplamente, o campo
de observação: casais (legalmente casados ou não). Se
acrescentarmos que o interesse é por ‘maridos que
espancam suas esposas ou companheiras’, conferimos
ao assunto uma variável a ser observada. Se afirmamos
ainda que desejamos saber como tais espancamentos
são vistos ou representados pelas mulheres
vitimizadas, apontamos outra variável. Expressamos
então o intuito de relacionar duas variáveis: o
espancamento que maridos realizam em suas esposas e
a representação destas sobre este acontecimento.
Desta forma poderíamos enunciar o tema já
problematizado desta pesquisa, ou seja, nosso objeto: 
 
A REPRESENTAÇÃO SOBRE ESPANCAMENTOS
ELABORADA A PARTIR DE MULHERES MALTRATADAS
POR SEUS ESPOSOS OU COMPANHEIROS
(MINAYO, 2015, p. 38)
Além de apresentar o exemplo de um “tema já problematizado”, percebemos
outro elemento fundamental aqui e que é um tópico importantíssimo da aula:
o objeto da pesquisa.
Portanto, o objeto é, exatamente, o tema problematizado.
Isso significa que é o recorte específico escolhido pelo pesquisador para
investigar aquela determinada realidade.
Por isso, é importante a escolha consciente do tema e a possibilidade de
problematizá-lo bem.
 
Mas talvez você pudesse se perguntar agora:
O objeto de pesquisa usado no exemplo
da autora tem a ver com educação?
A princípio, não! Porque a autora não está escrevendo exclusivamente para
a área de Educação. Contudo, você, com certeza, é capaz de transferi-lo para
essa área, certo?
Atividade
1 - “O tema de uma pesquisa indica uma área de interesse a ser
investigada. Trata-se de uma delimitação ainda bastante ampla. Por
exemplo, quando alguém diz que deseja estudar a questão da ‘violência
conjugal’ ou da ‘prostituição masculina’, está se referindo ao assunto de
seu interesse. Contudo, é necessário para a realização de uma pesquisa
um recorte mais ‘concreto’, mais preciso deste assunto.” (MINAYO, M.
(Org.). Pesquisa social: teoria, método, criatividade. 34. ed. Petrópolis:
Vozes, 2015, p. 37).
A partir do fragmento acima, sabemos que, quando um TEMA DE
PESQUISA está bem PROBLEMATIZADO, temo aí:
 a) Objeto da Pesquisa
 b) Objetivos da Pesquisa
 c) Justificativa da Pesquisa
 d) Relevância da Pesquisa
 e) Hipóteses da Pesquisa
Processo de problematização
Vamos analisar agora, com a ajuda da mesma autora, o processo de
problematização:

1. Deve ser formulado como pergunta. Por exemplo:
Qual a representação sobre espancamentos é
articulada pelas mulheres maltratadas por esposos ou
companheiros? Ou: Quais os fatores que levam os
maridos a espancarem suas esposas? 
2. Deveser claro e preciso. Evitar algo como: Como
funciona a mente dos maridos que espancam suas
esposas? 
3. Deve ser delimitado a uma dimensão variável.
Deverá restringir-se, no exemplo, àquelas mulheres
que sofrem tal problema, numa localidade específica. 
4. Deve nascer das indagações: 
- Trata-se de um problema original? 
- O problema é relevante? 
- Ainda que seja ‘interessante’, é adequado para mim? 
- Tenho possibilidades reais para executar tal estudo? 
- Existem recursos financeiros para a investigação
deste tema? 
- Terei tempo suficiente para investigar tal questão?
(MINAYO, 2015, p. 38-39)
Como você pode perceber, trata-se de uma tarefa complexa, mas plenamente
possível de ser realizada quando a pesquisa é levada a sério.
E quando, inteligentemente, o
pesquisador quer abreviar seus
problemas futuros?
Confira o vídeo abaixo, falando exatamente sobre isto.

Vou te dar três dicas para identificar seu problema de pesquisa - Mari Ella (Fonte:
https://www.youtube.com/watch?v=8A9dpVae0SY
<https://www.youtube.com/watch?v=8A9dpVae0SY> )
https://www.youtube.com/embed/-tkHG6-bho4
Os demais elementos constitutivos
do projeto de pesquisa
Nem só de objeto faz-se uma pesquisa! Apesar da importância deste primeiro
passo, como vimos, na elaboração de um Projeto de Pesquisa, é necessário
também estar atento a outros passos. Vamos conhecê-los!
1. Objeto da Pesquisa
2. Base teórica conceitual

A definição teórica e conceitual é um momento crucial
da investigação científica. É sua base de sustentação.
Devemos tomar cuidado para não reescrevermos a obra
dos autores que embasam a teoria escolhida; devemos,
então, ser sintéticos e objetivos, estabelecendo,
primordialmente, um diálogo entre a teoria e o
problema a ser investigado.
(MINAYO, 2015, p. 40)
3. Hipóteses

Devemos encarar a formulação de hipóteses como uma
tentativa de criar indagações a serem verificadas na
investigação. Portanto, consideramos que este item
pode ser substituído ou encarado como uma
formulação de pressupostos ou de questões. Enfim,
como um diálogo que se estabelece entre o olhar do
pesquisador e a realidade a ser investigada. São, em
suma, afirmações provisórias a respeito de
determinado problema em estudo.
(MINAYO, 2015, p. 40-41)
4. Justificativa

Trata-se da relevância, do por que tal pesquisa deve ser
realizada. Quais motivos a justificam? Que contribuições para
a compreensão, intervenção ou solução para o problema
trará a realização de tal pesquisa? A forma de justificar em
pesquisa que produz maior impacto é aquela que articula a
relevância intelectual e prática do problema investigado à
experiência do investigador.
(MINAYO, 2015, p. 42)
5. Objetivos

Buscamos aqui responder ao que é pretendido com a
pesquisa, que metas almejamos alcançar ao término da
investigação. É fundamental que estes objetivos sejam
possíveis de serem atingidos. Geralmente se formula um
objetivo geral, de dimensões mais amplas, articulando-o a
outros objetivos mais específicos.
(MINAYO, 2015, p. 42)
6. Metodologia

Mais que uma descrição formal dos métodos e técnicas a
serem utilizados, indica as opções e a leitura operacional que
o pesquisador fez do quadro teórico. A metodologia não só
contempla a fase de exploração de campo (escolha do espaço
da pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, estabelecimento
dos critérios de amostragem e construção de estratégias
para entrada em campo) como a definição de instrumentos e
procedimentos para análise dos dados.
(MINAYO, 2015, p. 43)
7. Custos e orçamento

Este item estará presente somente nos projetos que
pleiteiam financiamento para sua realização. Geralmente os
gastos são agrupados em duas categorias: gastos com
pessoal e gastos com material permanente, como máquinas,
móveis e de consumo.
(MINAYO, 2015, p. 44)
8. Cronograma

O projeto deve traçar o tempo necessário para a realização
de cada uma das etapas propostas. Muitas tarefas podem,
inclusive, ser realizadas simultaneamente. A forma mais
usual é a do gráfico, onde são cruzados o tempo (mês 1, mês
2 etc.) e as tarefas da pesquisa (revisão bibliográfica,
montagem de instrumentos de coleta, pré-testes dos
instrumentos, aplicação dos instrumentos e fase de análise).
(MINAYO, 2015, p. 44-45)
9. Referências

Geralmente num projeto científico muitos autores e dados
são citados. No corpo do projeto deve ser feita citação breve
que possibilite maior agilização da leitura. Em seguida, ao
final do projeto todas as citações feitas serão listadas de
forma integral num item à parte. Na realidade, existe uma
grande variedade de normas para a citação bibliográfica.
(MINAYO, 2015, p. 45)
Optamos por apresentar em forma de tópicos os elementos constitutivos do Projeto
de Pesquisa, e de uma mesma autoria, por dois motivos principais:
1
Em primeiro lugar, porque não há unanimidade entre os autores sobre isso, muito
menos uma “regra oficial” que determine como deve ser elaborado tal projeto. Mas
acreditamos que o modelo apresentado por Minayo (2015) é muito prático e, ao
mesmo tempo, mantém o rigor científico que a pesquisa exige;
2
O segundo motivo é o fato de que as Instituições, áreas de conhecimento e Cursos,
possuem regras próprias, adaptando modelos como este apresentado, de acordo com
as especificidades de sua própria realidade.
Portanto, seja em documentação anexa às aulas, sejam em disciplinas posteriores
(provavelmente aquelas que se referem ao Trabalho de Conclusão de Curso), você
receberá orientações mais específicas sobre a elaboração de seu Projeto de Pesquisa.
Aqui, o objetivo é dar-lhe condições de compreender e até mesmo desenvolver
projetos para além das tarefas acadêmicas de seu Curso.
Afinal, como temos afirmado, a constituição de um Profissional Pesquisador se dará
de forma permanente, ao longo de toda sua trajetória profissional.
Atividade
2 - “Que contribuições para a compreensão, intervenção ou solução para o
problema trará a realização de tal pesquisa? A forma deste item da pesquisa
produzir maior impacto é quando articula a relevância intelectual e prática do
problema investigado à experiência do investigador”. (MINAYO, M. (Org.).
Pesquisa social: teoria, método, criatividade. 34 ed. Petrópolis: Vozes, 2015,
p. 42).
O fragmento acima nos apresenta um elemento fundamental do Projeto de
Pesquisa. A saber:
 a) Objeto da Pesquisa
 b) Objetivos da Pesquisa
 c) Justificativa da Pesquisa
 d) Problema da Pesquisa
 e) Hipóteses da Pesquisa
Relevância social da pesquisa
Nesta parte final da nossa aula, vamos retornar a um dos pontos apresentados no
item acima: a justificativa da pesquisa!
Para nos ajudar nesta reflexão, vamos assistir ao vídeo abaixo:

Cuidado - pesquisas sem justificativa fazem mal à carreira acadêmica - Mari Ella (Fonte:
https://www.youtube.com/watch?v=E_74-tLHX1c <https://www.youtube.com/watch?
v=E_74-tLHX1c> )
https://www.youtube.com/embed/PzwPLI9aCb8
Resumindo o que acabamos de ver e ouvir:
Um tema que é relevante apenas para você, não é um tema de
pesquisa! (Mari Ella)
Essa conclusão se dá por uma razão bem simples: a responsabilidade social!
Toda a pesquisa tem, por sua própria condição acadêmica e científica, de nascer da
necessidade, de uma demanda concreta. Mais do que isso: deve retornar a esta
realidade, apresentando suas reflexões e/ou propostas de intervenção.
 Mulher faz apresentação a um grupo de pessoas (Fonte: Garetsworkshop / Shutterstock)
Porém, infelizmente, nem sempre isso acontece. Ou, se usarmos de menos
eufemismo: quase nunca isso acontece!
Claro que há variações de pesquisa para pesquisa, de área de conhecimento para
área de conhecimento, mas, de modo geral, esta fasedo retorno da pesquisa é quase
sempre esquecida.
É óbvio que, na maioria das vezes, não se trata de má-fé, ou de uma atitude
proposital do pesquisador. Contudo, não podemos negar que, por uma série de
motivos, torna-se uma realidade.
Por que isso acontece?
Talvez estes pesquisadores nos ajudem a refletir sobre o tema:

Um risco talvez bem mais próximo da atuação do professor é
a conversão da reflexão, um componente natural de seu
trabalho, em um esforço autocentrado exclusivamente sobre
sua própria experiência individual, isolada das condições e
fatores que compõem a situação na qual ele e seus alunos
estão envolvidos. Não apenas a situação imediata que os
cerca na escola, como, sobretudo, a situação geral de sua
comunidade, sua região, seu país e de seu tempo (...). A
supervalorização dos aspectos ligados à experiência, ao
trabalho, à prática do professor, de certa forma favorecida
pelo desenvolvimento das ideias de reflexão e de saber
docente, não pode representar um empecilho, ou mesmo uma
dificuldade à atuação indispensável do componente teórico
em todo trabalho de pesquisa. Pode-se compreender que
tenha ocorrido um aparente desequilíbrio nas argumentações
a respeito desses temas, num esforço de resgatar a
importância devida à dimensão da prática.
(LUDKE & CRUZ, 2005)
Concordamos que este seja um grande problema e talvez o mais comum na jornada
acadêmica de qualquer pesquisador: a supervalorização da sua experiência
própria.
Especialmente no âmbito da Educação — porque todos nós passamos pela escola
— temos a tendência a generalizar nossa realidade como sendo a única possível.
Logo, nada mais comum do que, ao justificar uma Pesquisa, buscar nesta realidade
os elementos necessários para tal.
Não se trata de encontrar culpados! O importante é percebermos que tal realidade
existe, que tal risco também pode nos atingir, e buscar caminhos para enfrentá-lo.
Mais uma vez, eles nos dão uma sugestão:

E para dar conta disso é preciso que, em sua formação, o
professor receba os fundamentos oferecidos pelo esforço de
construção teórica desenvolvido pelas disciplinas que
estudam a educação, como a Sociologia, a Psicologia, a
História, a Antropologia e de modo especial a Filosofia. Só
assim, armado com esses recursos, o futuro professor vai
poder enfrentar os desafios decorrentes de sua incumbência,
ou de seu mandato.
(LUDKE & CRUZ, 2005)
Dois pontos merecem destaque nesta reflexão:
Na formação acadêmica nenhum saber é isolado 
Você, provavelmente, já ouviu e leu isso muitas vezes. Da mesma forma, as
áreas de conhecimento apresentadas acima na citação não são novidades para
você: uma ou mais disciplinas de seu Curso são compostas por elas,
individualmente ou integradas.
É muito importante que você perceba que a Grade de um Curso, como de
Licenciatura, por exemplo, não é determinada aleatoriamente. Na verdade, é
fruto também de investigações anteriores, que nos ajudam a melhorar cada vez
mais este processo tão complexo que é preparar aqueles que assumirão o ato de
educar.
O que é o mandato apontado pelos autores?
“A preparação do investigador e o exercício da pesquisa continuam privilégios da
universidade. A pesquisa continua a ser a moeda mais valiosa na contabilidade
da carreira do professor universitário. Como aproximar a pesquisa em educação
das duas realidades que lhe dizem respeito: a da universidade, onde ela é
habitualmente feita, e a da escola de educação básica, onde ela é requisitada
para atender os problemas mais vitais? Eis aí o desafio hoje enfrentado por
inúmeros colegas, pesquisadores que, como nós, procuram descobrir os
caminhos para superar os obstáculos e construir as pontes entre essas duas
realidades. A pesquisa efetuada na universidade beneficia-se dos recursos e da
preparação dos pesquisadores, que exercem essa atividade como própria de
seu status e de suas atribuições. Entretanto, temos que reconhecer a falta de
produtividade, ou mesmo de alcance da pesquisa universitária junto à escola
básica e a evidência de que os professores dessa escola estão mais habilitados
para perceber melhor os problemas cruciais que afligem esse nível de ensino. Ao
mesmo tempo, esses professores, que foram formados pela universidade,
deveriam ter recebido ali sua devida iniciação à pesquisa, para poderem se
desenvolver plenamente como profissionais autônomos, na melhor acepção do
termo ‘profissional’, por mais discutível que reconheçamos que ele seja.”
(LUDKE & CRUZ, 2005)
Esperamos, com nossas aulas, estar contribuindo efetivamente, para que você esteja
recebendo a devida iniciação científica, a fim de assumir, em breve, seu mandado
de profissional (pesquisador) autônomo.
Atividade
3 - “Um risco talvez bem mais próximo da atuação do professor é a conversão
da reflexão, um componente natural de seu trabalho, em um esforço
autocentrado exclusivamente sobre sua própria experiência individual, isolada
das condições e fatores que compõem a situação na qual ele e seus alunos estão
envolvidos.” (LUDKE, M.; CRUZ, G. Aproximando universidade e escola de
educação básica pela pesquisa. Cad. Pesquisa. São Paulo, v. 35, n. 125, p. 81-
109, Maio 2005).
O fragmento nos mostra o risco presente em muitas pesquisas. Tal risco tem
impacto direto sobre um dos elementos mais importantes do Projeto de
Pesquisa, que justifica até mesmo a necessidade de existência daquela
investigação. Estamos nos referindo:
 a) Ao Objeto da Pesquisa
 b) Aos Objetivos da Pesquisa
 c) Ao Problema da Pesquisa
 d) À Relevância da Pesquisa
 e) Às Hipóteses da Pesquisa
Referências
COSTA, M. Projeto de pesquisa: entenda e faça. 6 ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
LUDKE, M.; CRUZ, G. Aproximando universidade e escola de educação básica pela
pesquisa. Cad. Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 125, p. 81-109, Maio 2005. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
15742005000200006&lng=en&nrm=iso <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0100-15742005000200006&lng=en&nrm=iso> .
Acesso: 25 Jun. 2018.
MINAYO, M. (Org.). Pesquisa social: teoria, método, criatividade. 34 ed. Petrópolis:
Vozes, 2015.
Próximos Passos
• Os principais relatórios de conclusão de uma pesquisa e suas características;
• O portfólio e a monografia: elementos constitutivos;
• O artigo: elementos constitutivos.
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Depois assista ao vídeo “Projeto divulga a importância da ciência na rede
pública de ensino” <https://www.youtube.com/watch?
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entre escola e um centro de pesquisa.

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