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TEORIA GERAL DA PROVA 2

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TEORIA GERAL DA PROVA
	1. Provas em Geral
	A prova é a sustentação de fatos que dão lastro ao processo, dão sustentação ao processo e que são submetidos ao contraditório, sendo estes fatos objetivos ou subjetivos. A estrutura se dá sobre fatos (conduta criminosa), motivo pelo qual há a importância das provas dentro do processo penal. Logo, tudo que não é objeto do processo não é objeto de prova.
	Há um elemento essencial dentro do processo que é o objeto de prova. No entanto, há três tipos de fato que não precisam ser objeto de prova:
· Fato axiomático, ou seja, são fatos dedutivos. Ex: pessoa que morre em batida de carro; não há necessidade de provar que a pessoa está morta, e sim o motivo do acidente;
· Presunções:
· Iuris tantum – relativa;
· Iuris et de iuris – absoluta – o estupro de vulnerável se enquadra nesta classe pela sua complexidade, no entanto, a vulnerabilidade não é objeto de prova.
· Inúteis – quem define são as autoridades;
· Incontroverso – se trata de um fato que não tem contraposição. 
	O ônus da prova é incumbido à acusação, no entanto, há situações que mostram que o ônus pode ser invertido, que é o álibi[footnoteRef:1]. [1: FATO QUE CONTRAPÕE A ACUSAÇÃO NA SUA ESSÊNCIA DE DEFESA, OU SEJA, JUSTIFICA-SE UMA INCONSISTÊNCIA ACUSATÓRIA COM UM FATO DIFERENTE DO QUE ESTÁ SENDO ALEGADO.] 
Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:                       (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;                      (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.                        (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
	Existem alguns tipos de prova que o juiz pode produzir, estas estão aquém do ônus processual, fazendo com que o juiz saia da neutralidade e comece a atuar. 
	Cabe um questionamento pertinente a esta altura: somente são admitidas as provas que estão taxadas na lei processual penal? Logo, se a assertiva for afirmativa, afirma-se que o rol é taxativo. 
	De fato, como via de regra, o rol é taxativo, entretanto, a doutrina entende que, de forma excepcional, são aceitas outras provas senão as presentes na lei, desde que, é claro, não violem limites impostos pela constituição e pelo código de processo penal. 
	Divide-se, assim sendo, as provas em dois grupos: a) nominadas, sinônimas das taxativas; b) inominadas, que tratam-se das não contempladas na lei, como é o caso da inspeção judicial.
	Devemos mencionar um pouco sobre as provas emprestadas e as transferidas, bem como as suas limitações. Entende-se por prova emprestada aquela prova que é obtida por meio de outra prova produzida em outro processo. Um ponto importante dentro deste tópico, e que merece atenção, é o fato das provas documentais figurarem tranquilamente o gênero de provas emprestadas, visto que não há problema algum de copiar documentos de um processo e passar para outros, claro, desde que não sejam processos sigilosos. Caminho diferente toma a juntada de denúncias, sentenças e acórdãos que envolvam o mesmo réu, pois figuraria de forma a julgar o réu por atos regressos e não pelo pontuais. 
DÚVIDA SOBRE O LIVRO DO AURY LOPES JR. SOBRE O EMPRÉSTIMO DE PROVAS CORRESPONDENTE A TRÁFICO DE DROGAS E SIGILO BANCÁRIO.
	Atualmente as provas buscam a verdade de fato em cima do que foi sustentado no processo, por tal razão no processo penal a orientação máxima é a verdade real [footnoteRef:2]que, no entanto, é inatingível por encontrar-se limitada pela verdade formal[footnoteRef:3]. [2: AFIRMA A NECESSIDADE DE SE BUSCAR SEMPRE A VERDADE POR TRÁS DE TODO O PROCESSO, DE MODO QUE NÃO HAJA INJUSTIÇA PROCESSUAL, PRINCIPALMENTE AO FALAR-SE NA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIO OU ABSOLUTÓRIA.] [3: O PROCESSO SE NORTEIA PELOS FATOS. ] 
	Toda decisão dada pelo juiz tem que ser motivada de acordo com o exposto no processo. 
Art. 93, CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;               (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 155, CPP.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.                     (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.                       (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
	Antes de adentrar ao tema das provas ilícitas e ilegítimas, é necessário expor que prova ilegal é gênero do qual prova ilícita e ilegítima são espécie. Desta forma, cabe conceituar prova ilícita e ilegítima, uma vez que a sua definição contrapõe-se à visão do processo civil. 
· Prova ilegítima: ocorre a violação da normativa processual no momento que a prova é produzida para ser juntada ao processo. Isto posto, a norma é estritamente processual, tendo em vista sua lógica e finalidade destinadas ao processo. Ex.: juntada fora do prazo; prova unilateralmente produzida;
· Prova ilícita: é a prova que viola a norma do direito material, de forma que a Constituição ou outras normas respaldadas sejam feridas e, claro, exterior ao processo; usualmente é mencionado o direito à dignidade, intimidade e privacidade como focos deste ilícito probatório. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
	Há também o princípio da vedação à prova ilícita[footnoteRef:4], uma vez que esta prova não é aceita, por mais que seja de acordo com o princípio da proporcionalidade. [4: OBTIDA COM OFENSA AO DIREITO] 
Art. 157.  São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.                    (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 1o  São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.                  (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o  Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.             (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 3o  Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.                     (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
A prova ilícita é inválida, mas se for a única forma absolutória ela poderá ser utilizada. 
A prova ilícita derivada é a prova que provém da prova ilícita, como por exemplo: o sujeito arromba a porta do imóvel sem autorização judicial, no interior do imóvel ele encontra um caderno com um endereço de onde está a vítima. A apreensão do bem neste caso é ilícita. No entanto, com este caderno há a obtenção de uma autorizaçãojudicial para ir ao endereço e resgatar a vítima. Logo, a segunda prova (invasão) é ilícita por derivação.
Há uma exceção: quando a prova obtida ilicitamente poderia ser obtida de maneira licita, mas de outra forma que não seja a que foi ilícita, ela será regular. Ex.: duas equipes investigam o mesmo caso do parágrafo anterior, no entanto, uma procede como citado acima e outra procede de forma lícita, seguindo suspeitos. O resultado é o mesmo. A prova é lícita desta forma. 
Após termos tratado do tema das provas ilícitas e ilegítimas, cabe explicitarmos algumas teorias que discorrem sobre o tema:
· Admissibilidade processual da prova ilícita: de acordo com esta teoria, a prova pode ser admitida de qualquer forma, ao menos que seja vedada pelo ordenamento processual. Não importa, nesta perspectiva, a violação ao direito material. Os adeptos desta corrente defendem que a pessoa que produz a prova de forma ilícita deve usá-la no processo e, posteriormente, responder pelo descumprimento ao direito material em um outro processo. 
· Inadmissibilidade absoluta: esta corrente interpreta literalmente o art. 5º, LVI, da Constituição Federal, ao apoiar a ideia de que obtendo a prova ilícita há um rompimento com os princípios constitucionais. 
· Admissibilidade da prova ilícita em nome do princípio da proporcionalidade: conforme expõem os adeptos desta linhagem, as provas ilícitas seriam aceitas, ou seja, seriam abrandadas as suas admissões, quando o interesse público tivesse que ser preservado. Logo, seria apenas admitida para proteger a outros valores fundamentais. 
· Admissibilidade da prova ilícita a partir da proporcionalidade pro reo: neste caso, somente seria admitida a produção de provas ilícita quando se justificasse a favor da liberdade do réu, visto que a liberdade e a inocência são primazias constitucionais. No entanto, este prova não poderia ser utilizada contra terceiros aquém do inocente. 
	Há um tipo de perícia que o CPP dá uma atenção especial: o exame de corpo de delito. Antes de nos aprofundarmos, é necessário falar das perícias em geral.
	A perícia vem de uma habilidade diferenciada, sendo a atividade que complementa o direito, logo, é a prática da expertise em áreas complementares à do direito. Produz-se um conhecimento que é estranho ao juiz. 
	Constitui um dos objetivos principais do inquérito policial, que servirá como uma prerrogativa para o oferecimento da denúncia ou queixa, para a decretação da prisão preventiva e da decisão de pronúncia, tal qual da sentença absolutória e da condenatória. Serve, também, como requisito legal para auferir detalhes subjetivos benéficos na execução penal. 
· Exame necroscópico: a necrópsia médico-legal ou judicial é feita em todos os casos de morte violenta ou suspeita, realizada em um ambiente adequado, sempre pelo médico-legista, como membro da Polícia Judiciária, de modo a caracterizar não apenas a causa da morte mas, também, sempre que possível, a maneira da morte – art. 162, CPP;
· Exame cadavérico: ocorre quando há a exumação do cadáver já enterrado. O cadáver pode ser exumado quando suspeita-se que a causa ou circunstância de sua morte é diferente daquela que se tinha em mente quando ele foi inicialmente enterrado – art. 163, CPP. 
	Atentamo-nos à diferença entre a perícia e o laudo pericial, de forma que a perícia é a prova realizada a mando do juiz, enquanto o laudo pericial é prova documental, que pode ser juntada por qualquer parte. 
	Para ser perito é necessário, vide art. 159, CPP, ser oficial com diploma de curso superior, não especificando, o legislador, para qual seria o diploma em específico. A regra é que seja concursado, partindo dele a produção probatória solicitada pelo juiz. 
SÚMULA 361, STF. No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionado, anteriormente, na diligência de apreensão.
	Além do perito, há o perito não oficial, ou compromissado, que será aquele que atuará na ausência de um perito oficial. No entanto, são exceções e há requisitos: 1) estar compromissado; 2) idôneo; 3) diploma superior. Sempre que atuarem será em dupla. Não é possuidor de cargo público, apenas exerce cargo público. 
Art. 180.  Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
Caso haja alguma omissão quanto ao laudo dos peritos, bem como obscuridade ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. O mesmo vale para a autoridade policial, que também poderá pedir que seja completo o laudo ou que o esclareça os peritos. 
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo.
Parágrafo único.  A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.
Após juntado o laudo aos autos, compete exclusivamente ao juiz determinar vista às partes, mediante pena de ofensa aos princípios da ampla defesa e acusação e também do contraditório. Isto posto, a homologação do laudo encerra o procedimento de provas periciais, visto que tal ato implica no reconhecimento da sua perfeição. 
Art. 182.  O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
O exame de corpo de delito nada mais é que uma perícia, no entanto, diferente do que é dito popularmente, não se trata de IML. São os vestígios que o crime deixa fisicamente. É a única prova “obrigatória” dentro do processo penal, acontecendo desde o início, sendo um requisito para a propositura da ação (art. 564, III, b). Será utilizado como instrumento de justa causa da ação, havendo apenas seu valor probatório após a fase de contraditório, logo, se não há contraditório no exame de corpo de delito, é ausente seu caráter probatório. 
O artigo 158 do código de processo penal traz para nós a indispensabilidade do exame de corpo de delito, no entanto, o legislador acabou por exceder-se no texto, sendo que, em determinados momentos, não é necessário que haja a perícia, pois, os vestígios já deixam explícito as provas necessárias. Não queremos dizer que não há sua necessidade, se for de desejo que a perícia aconteça, sem problemas, mas será apenas de caráter meramente instrutório. 
Difere-se também laudo pericial de laudo de constatação, sendo este (laudo de constatação) necessário para que haja a prisão provisória. De preferência é melhor que seja atestado por um perito, mas caso não o seja, o policial é o responsável por fazê-lo. O laudo de constatação é equiparado ao exame de corpo de delito para efeitos de lavratura e de contestação. Este ponto abordado serve estritamente para o porte de drogas, vide art. 50, Lei 11.343/06.
No tocante aos crimes transeuntes, ou sem vestígios, são crimes que não deixam para trás nada de material, sendo classificados como crimes formais, ou crimes de mera conduta. Nestes casos, o exame de corpo de delito não dispensado, mas sim substituído. 
Existe o que se chama de suprimento de corpo de delito, para o caso acima citado, sendo ocupado o espaço do exame de corpo de delito pela prova testemunhal, não sendo esta prova suprida nem ao menos pela confissão. Válido ressaltar que isto apenas acontecerá nas situações nas quais houver ausência de vestígios. 
Quando falamos em perícia, a doutrina nos traz o contraditório frente à prova pericial. Se a perícia for produzida no momento do inquérito policial, não há contraditório, pois não há acusação, não há partes, a investigação é sigilosa. No entanto, cabe mencionar que a falta de oportunidade para que se exerça o contraditório na fase de produção probatória, mediante a formulação de quesitos e a indicação de assistentes técnicos, torna a prova ilícita e, consequentemente,inadmissível no processo. 
Art. 167.  Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Para os casos de lesão corporal, nos quais há incapacidade permanente ou temporária, são feitos dois exames de corpo de delito. O inicial, para saber o tempo que a pessoa ficará impossibilitada, e o complementar, feito ao final dos 30 dias, objetivando alegar a incapacidade da pessoa quanto à lesão. Pode ser utilizada a prova testemunhal como suplementar ao de corpo de delito complementar. 
Art. 168.  Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1o  No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
§ 2o  Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
§ 3o  A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
	Quanto ao interrogatório, é o momento no qual o juiz poderá tirar todas as suas dúvidas quanto a verdade que o processo está buscando. Além disso, a pessoa julgada tem a oportunidade de expressar seus pensamentos. 
	Trata-se de momento personalíssimo indispensável, de contato direto do réu com o julgador para manifestação em ampla defesa. Tendo uma natureza mista, visto que é meio de defesa e de prova (confissão).
	A duplicidade da sua natureza jurídica faz com que esta espécie de prova seja tão complexa. Podendo o interrogado optar entre ser ouvido ou não; dele que decorre o direito ao silêncio, pois o que o interrogado disser será usado nos autos como fonte de conhecimento.
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
§ 1o  O interrogatório do réu preso será  realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato.
§ 2o  Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
§ 3o  Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência. 
§ 5o  Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.
	O juiz pode fazer o interrogatório por meio de carta precatória, o que quebra a pessoalidade, visto que não é o juiz quem fará as perguntas para o réu. Isto posto, o interrogatório não integra a instrução criminal, e, pois, a sua realização mediante carta precatória não compromete, de forma alguma, o princípio da identidade física do juiz. 
	Sobre a qualificação no interrogatório não incide o direito ao silêncio, salvo nos casos nos quais a qualificação produza provas contra o acusado. O direito ao silêncio não é somente deixar de responder, significa que não necessariamente o réu tem que fornecer as informações com precisão. 
Art. 198.  O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.
	O sujeito que está sendo acusado não pode ter a sua imagem denegrida em audiência; tem o direito a não dar precisão às datas dos fatos. 
	No art. 188 não há uma previsão expressa sobre a forma do interrogatório em meios técnicos, cabendo ao juiz fazer as perguntas se achar que elas são pertinentes à situação declarada. Logo, o juiz deve regular as perguntas, visando controlar o que é questionado em juízo, como no caso de perguntas sem fundamentos, como no caso de perguntas descabidas, etc.
	Quanto ao réu menor, o antigo art. 194 colocava como sendo obrigatória a presença de um curador junto ao menor, no entanto, este artigo foi revogado pela Lei 10.792/03, cabendo observar:
SÚMULA 352, STF. Não é nulo o processo penal por falta de nomeação de curador ao réu menor que teve a assistência de defensor dativo.
	Quanto ao tópico do réu surdo-mudo, ver:
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte:
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente;
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito;
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas.
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.
	A forma de interrogatório atual é a de inquirição direta, não a presidencialista, cabendo às partes as perguntas diretamente ao réu e, ao juiz, cabe a mediação da situação. 
	Confissão consiste na admissão da acusação, trata-se do aceite da acusação. Ela pode ser praticada em diversos momentos do processo, não necessariamente sendo no interrogatório. 
	Há duas formas de confissão, a extraprocessual e a processual. Quanto à primeira, ela existe, tem valor, mas precisa ser confirmada, senão não passa de um mero indício; ela existirá dentro do interrogatório, perante alguma autoridade. No caso da extraprocessual será mediante o delegado, se for processual, mediante o juiz. 
	Quanto à sua extensão, ela pode ser simples, complexa e condicionada. A simples o acusado assume a autoria e a materialidade do crime, podendo dar mais detalhes. Com relação à confissão complexa, quando o acusado assume, confessa ou admite outras acusações e ele as assume também, ou seja, esta é a razão da complexidade, pois há mais de um crime. Para a condicionada, ou qualificada, é a confissão na qual o acusado assume os fatos, mas apresenta motivos de exclusão do crime (ex.: matei, mas foi em legítima defesa). Será valorada a confissão de acordo com o sistema de provas vigente.
	A confissão pode ser divisível ou indivisível. As divisíveis quebram a acusação e são assunções parciais, pois quebram os fatos acusatórios, assumindo parcialmente os fatos narrados; no entanto, é possível falar uma coisa e posteriormente volta atrás, retratando os fatos.
	Poderá sempre é documentada, sendo sempre formal. No entanto, há a confissão informal, pois, o réu pode confessar para Fulano e então Fulano conta em juízo que recebeu a confissão do acusado. 
	Em se tratado da prova testemunhal, há uma fragilização do seu teor em razão da sua fonte ser muito subjetivo. Ela é denominada também de prova “alquímica”, pois é completamente direcionada. Testemunha é a fonte da prova, enquanto o testemunho trata-se da prova em si.
	Trata-se da pessoa que declara ter tomado conhecimento de algo, podendo, pois,confirmar a veracidade do ocorrido, agindo sob o compromisso de ser imparcial e dizer a verdade, funcionando, no processo penal, como meio de prova, assim como a confissão, os documentos, a perícia e outros elementos. 
Art. 202.  Toda pessoa poderá ser testemunha.
	Qual a profundidade do termo “toda pessoa”? E quanto aos incapazes? Os incapazes precisarão de uma base para serem analisados, mas serão; dividimos a incapacidade em duas correntes: 
· Etária – art. 208, CPP; 
· Mental.
Art. 203.  A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
	O quão isenta é a fala da testemunha? Há equidistância entre o testemunho e as partes? Desta perspectiva, falamos em testemunha compromissada e testemunha não compromissada. 
Art. 206.  A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
	O fato de não ser obrigado a depor não significa que a pessoa não precisa comparecer em juízo, o que quer dizer é que ela poderá, em juízo, eximir-se de prestar depoimento naquele momento. Estas que podem se recusar são tratadas como testemunhas não compromissadas, pois são muito próximas do fato (testemunhas informantes).
	Cabe ao juiz, antes de iniciar a colheita dos depoimentos, informar, à testemunha sem obrigação de depoimento, que ela não necessariamente precisa fazer o que está fazendo. 
Havendo dúvida quanto à existência da união estável, para justificar a recusa de alguém a depor, faz-se prova, pelos meios admissíveis, antes do início do depoimento. Poderá, pois, a parte interessada levar testemunhas para a prova do alegado, que serão ouvidas no termo, somente para apontar a união existente entre a pessoa arrolada e o réu ou ré.
	É necessário mencionar que quando a testemunha tem o dolo de desatender e desprestigiar a autoridade do funcionário do Estado que colhe seu depoimento responde por crime de desobediência, conforme o art. 330, CP. 
	Tem determinadas testemunhas que não podem depor, pois a lei faz uma menção específica quanto a isto, o que impede que ela o faça. É o caso, por exemplo, das profissões que devem guardar determinados segredos, como é o caso de padres, advogados, médicos, etc. 
Art. 207.  São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
	O depoimento testemunhal é uma prova delicada, porque o que sabemos é que, em qualquer prova que se tenha a pessoalidade do agente, o juiz pode se convencer por tudo que é exposto para ele durante o momento do depoimento. Caberá ao juiz que se baseie nas provas (testemunho) e não na fonte (testemunha). 
	Cabe mencionar aqui que o corréu não pode ser estabelecido como testemunha, tendo em vista que não presta compromisso. O que pode haver é a delação, mas neste caso o advogado do delatado pode fazer perguntas a fim de esclarecer pontos sobre seu cliente. 
Art. 204.  O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito.
Parágrafo único.  Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos.
Art. 210.  As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. 
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas.
Art. 212.  As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. 
Parágrafo único.  Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.
	Testemunhas de acusação, a acusação pergunta primeiro e as de defesa, mesmo esquema, a defesa pergunta primeiro. O juiz poderá pedir esclarecimento e no júri há a possibilidade de que os jurados também façam perguntas; no último caso, pelo sistema presidencialista. 
Art. 213.  O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato.
	Contradita: na medida que o depoimento avança é possível que seja repetida. O juiz verifica se a testemunha tem isenção ou não ao longo do raciocínio. 
Art. 211.  Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração de inquérito.
Parágrafo único.  Tendo o depoimento sido prestado em plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiência (art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a votação dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à autoridade policial.
	O crime de falso testemunho só pode ser flagrado em júri, desta forma ele faculta a retratação, logo, se a testemunha mentir durante a audiência, mas, antes da sentença, retratar-se, esta falta não confere; há a possibilidade de a testemunha voltar atrás em relação ao que disse. 
	Tem algumas pessoas que não é necessária a pessoalidade para que haja o depoimento, como é o caso do presidente, vice, governador, membros do congresso, judiciário, etc. 
Art. 222.  A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.
§ 1o  A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.
§ 2o  Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos.
§ 3o  Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento.
Art. 222-A.  As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio.
Parágrafo único.  Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código.
Art. 223.  Quando a testemunha não conhecer a língua nacional, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e respostas.
Parágrafo único.  Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo, proceder-se-á na conformidade do art. 192.
Art. 225.  Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
	Livre convencimento motivada: o juiz pode se convencer por meio de qualquer prova, desde que seja lícita, para dar a decisão final do processo.
· Testemunhas diretas/indiretas ou pessoais/impessoais: que tiveram “contato” com o fato e que podem trazer elementos relevantes sobre o que aconteceu (DIRETA). São testemunhas do “ouvi dizer” (INDIRETAS). As testemunhas indiretas não guardam relação com o fato e já receberam as informações de terceiros; trarão elementos de confirmação ou de fragilização. 
· Testemunhas próprias/impróprias: as próprias falarão do fato principal,enquanto as impróprias dos fatos secundários. 
· Testemunhas de fato/antecedentes: a de antecedentes se relaciona com o art. 59, CP, pois elas que vão falar como que era o passado do réu, como que ele agia antigamente, etc. 
· Testemunhas numerárias/extranumerárias: numerárias são as que respeitam a quantidade de testemunhas possíveis pelo CPP; as extranumerárias são as que extrapolam a quantidade máxima, precisando de justificativa para serem ouvidas.
· Testemunhas compromissadas/informantes: as primeiras prestam compromisso e as segundas apenas a título de conhecimento do fato, não sendo elas testemunhas. 
· Testemunha da parte/ofício (art. 156, 209): a primeira é a testemunha trazida pela parte, enquanto a segunda é trazida pelo próprio juiz. 
· Testemunha referida: citada por outras testemunhas ou outros documentos. 
	A determinação para a colheita de prova testemunhal de ofício pelo juiz é uma decorrência do princípio da busca da verdade real, vigente no processo penal, além de ser, ainda, consequência do princípio do impulso oficial (art. 209, CPP).
	Se, porventura, quiser o representante do Ministério Público demonstrar ao juiz a relevância da inquirição de uma pessoa que anteriormente não foi arrolada, pode ouvi-la em seu gabinete, juntando o termo de declarações nos autos, apenas para requerer ao juiz que ela seja ouvida em audiência.
Art. 209.  O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.
§ 1o  Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem.
§ 2o  Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa.
Art. 210.  As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho.
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas.
Art. 211.  Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração de inquérito.
Parágrafo único.  Tendo o depoimento sido prestado em plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiência (art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a votação dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à autoridade policial.
Art. 212.  As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida.
Parágrafo único.  Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.
	É vedada, como regra, a emissão de opinião pessoal acerca de um fato (art. 213, CPP). Entretanto, há situações que não prescindem da avaliação subjetiva do depoente e o juiz deverá dar o crédito merecido à opinião emitida.
	Para evitar que as testemunhas fiquem constrangidas durante os seus depoimentos o juiz pede para que o acusado retire-se do ambiente, permanece na sala somente o seu defensor. Por outro lado, é defeso ao juiz ou aos funcionários do Judiciário e às partes, antes mesmo do depoimento ter início, perguntar se a pessoa a ser ouvida prefere fazê-lo com ou sem a presença do réu na sala.
	INCIDENTES PROCESSUAIS: questões de relevância diferentes do objeto principal, mas que podem influenciar diretamente na aplicação da tutela jurisdicional. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
	O direito ao sigilo é constitucional, mas, como qualquer direito, ele não é absoluto, e a expressão “em último caso” se entende aplicável a qualquer tipo de sigilo de informações, seja bancário, telefônico, de correspondência, etc. Por força disso é que há acesso a dados sigilosos. E-mail, mensagem de whatsapp, etc., não são correspondências, são dados. 
	É possível ferir o direito ao sigilo para que haja a produção de provas? Sim, mas em último caso, conforme expõe o artigo. 
	Entre interlocutores não há sigilo. Mas se um terceiro que ouve outras pessoas conversando está tendo acesso a uma informação que não é destinada a ela. Logo, interceptação é o acesso de terceiros a uma informação privada entre interlocutores. São meios de interceptação: a) escuta telefônica; b) escuta ambiental; c) gravações.
	Quando usamos a expressão escuta falamos diretamente do que se tem que pensar sobre a interceptação. Pois se alguém tem informação de uma conversa da qual não era a ela destinada, há interceptação, e isto é ilícito, salvo em último caso, quando se tenha autorização para que a interceptação seja feita. 
Art. 1º, Lei 9296/96 A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática.
Art. 2°, Lei 9296/96 Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.
	A interceptação, em regra, é vedada, a não ser quando presencia-se determinadas exceções, sendo a interpretação do rol exclusivamente e não expansivamente. Logo, como cita o artigo, apenas caberá pedido de interceptação em último caso, pois, quando possível de ser provado por qualquer outro meio, utilizá-lo-á. E, sempre que autorizada a interceptação, está se flexibilizando a norma constitucional. NECESSARIAMENTE TEM QUE SER UM CRIME PUNIDO COM RECLUSÃO. 
	A interceptação deve delimitar o seu alvo e não abranger absolutamente tudo a que se tem acesso, pois tal colhe informações das mais diversas naturezas. Por exemplo, não é possível que seja estabelecida uma interceptação para recolher informações sobre um traficante e buscar todos os seus ilícitos.
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada.
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal.
	Toda e qualquer informação de ilícito, desde que autorizada a interceptação, pode ser utilizada, pois tudo que está sendo produzido por meio daquele ato não encontra-se mais na esfera da ilicitude de obtenção de informações, no entanto, esta prova, que pode vir a ser adicional, quando for colhida poderá ser utilizada em outro processo, desde que atenda aos critérios de interceptação. 
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instruçãoprocessual penal.
	A interceptação durante o curso do processo é muito frágil, pois a maior parte das informações que correm pelo processo são feitas entre advogado e cliente, o que acaba resvalando sobre o sigilo profissional, o que a torna muito frágil. 
	A escuta telefônica não pode ficar ad eternum, pois tem que haver um alvo, tanto objetivo, quanto subjetivo. Com base nisso o art. 4º menciona:
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados.
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo.
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido.
	A quebra de sigilo refere-se à ligação que já aconteceu, enquanto a interceptação telefônica diz respeito a ligações que ainda não aconteceram. 
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição.
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas.
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8° , ciente o Ministério Público.
	A lei de organização criminosa dispõe sobre a investigação, mas especificamente quanto ao que concerne à infiltração:
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites.
§ 1º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
§ 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º e se a prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis.
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua necessidade.
§ 4º Findo o prazo previsto no § 3º , o relatório circunstanciado será apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério Público.
§ 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a representação do delegado de polícia para a infiltração de agentes conterão a demonstração da necessidade da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração.
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado.
§ 1º As informações quanto à necessidade da operação de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após manifestação do Ministério Público na hipótese de representação do delegado de polícia, devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito das investigações e a segurança do agente infiltrado.
§ 2º Os autos contendo as informações da operação de infiltração acompanharão a denúncia do Ministério Público, quando serão disponibilizados à defesa, assegurando-se a preservação da identidade do agente.
§ 3º Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação será sustada mediante requisição do Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial.
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá pelos excessos praticados.
Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.
Art. 14. São direitos do agente:
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9º da Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a testemunhas;
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário;
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização por escrito.
	A escuta telefônica somente é viável quando as diligências estiverem concluídas. Logo, as escutas e interceptações telefônicas são conseguidas, fica num documento separado, num local onde somente a autoridade tem acesso. Somente quando concluírem as diligências é que isto será juntado ao processo, anteriormente às alegações finais, pois precisa de contraditório. 
	O delegado sempre é ouvido, pois é ele quem tem o conhecimento técnico de investigação, ele é que tem que ser ouvido já que sabe os detalhes daquela organização criminosa. Sentam-se promotor, delegado e juiz, para delimitar quais são os limites do agente infiltrado. O grande problema é que ele não poderá parecer policial, o que acaba decorrendo ilícitos. 
	A informação do agente infiltrado deve ser submetida ao contraditório, assim como qualquer outra prova, pois é muito volúvel. O testemunho do agente, mesmo que compromissado, corre risco. 
	Quanto ao que se refere à busca e apreensão, trata-se, por certo, de medida de natureza eminentemente cautelar, para acautelamento de material probatório, de coisa, de animais e até de pessoas, que não estejam ao alcance, espontâneo, da Justiça; também é excepcional por implicar a quebra da inviolabilidade do acusado ou de terceiros, tanto no que se refere à inviolabilidade do domicílio quanto no que diz respeito à inviolabilidade pessoal. Logo, por romper com tais parâmetros legais, somente será autorizada mediante fundadas razoes, urgência e necessidade extrema. 
	Após isto, podemos dizer que a busca e apreensão se dividem em domiciliar ou pessoal. 
Art. 240.  A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1o  Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
§ 2o  Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
	Em relação à domiciliar, é aquela realizada em residência ou local onde a pessoa exerce profissão ou atividade, conforme expõe o art. 246, CPP. Todos esses locais, bem como os quartos de hotéis, motéis ou equivalentes, quando habitados, encontram-se incluídos e protegidos pela cláusula constitucional da inviolabilidade de domicílio. A seu turno, o automóvel não se inclui na definição legal de domicílio, a não ser quando estiver no interiordeste.
Art. 245.  As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
§ 1o  Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto da diligência.
§ 2o  Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.
§ 3o  Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.
§ 4o  Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
§ 5o  Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
§ 6o  Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.
§ 7o  Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4o.
Art. 246.  Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou atividade.
	Citamos como sendo indispensáveis para a execução da medida busca domiciliar:
· Ordem judicial escrita e fundamentada;
· Indicação precisa do local, motivos e finalidade da diligência;
· Cumprimento da diligência de dia, salvo se autorizado que se faça à noite;
· Força e arrombamento somente serão utilizados quando houver desobediência, caso de ausência do morador ou de qualquer pessoa no local. 
	Segundo o disposto no art. 243, § 2º, não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito. Aqui, o limite é o direito à ampla defesa, de tal maneira que os documentos que podem ser utilizados pelo defensor não devem ser apreendidos.
	Já a busca pessoal, a nosso aviso, não depende de autorização judicial, ainda que se possa constatar, em certa medida, uma violação à intangibilidade do direito à intimidade e à privacidade, previstos no art. 5º, X, da CF. 
	Decreto 5687/06: este decreto recebe uma convenção das nações unidas para o combate da corrupção. Convenção das Nações Unida para o combate à corrupção. No art 43 desta convenção tem a previsão de cooperação internacional. 
	Artigo 43: Cooperação internacional 1. Os Estados Partes cooperarão em assuntos penais conforme o disposto nos Artigos 44 a 50 da presente Convenção. Quando proceda e estiver em consonância com seu ordenamento jurídico interno, os Estados Partes considerarão a possibilidade de prestar-se assistência nas investigações e procedimentos correspondentes a questões civis e administrativas relacionadas com a corrupção.
	Em questões de cooperação internacional, quando a dupla incriminação seja um requisito, este se considerará cumprido se a conduta constitutiva do delito relativo ao qual se solicita assistência é um delito de acordo com a legislação de ambos os Estados Partes, independentemente se as leis do Estado Parte requerido incluem o delito na mesma categoria ou o denominam com a mesma terminologia que o Estado Parte requerente.
	Art 46: assistência judicial recíproca. Reciprocidade “eu te ajudo para que você me ajude”. Todas as relações de cooperação internacional no Brasil são feitas pelo Ministério da Justiça. Se um pedido de cooperação internacional chega no Brasil, é o ministério da Justiça que irá recepcioná-la. 
	As provas podem ser produzidas feitas no exterior. Nesse contexto de provas, não importa a fonte. 
	Prova colhida no estrangeiro segue as mesma estruturas e medidas com a prova no Brasil, sendo diferente apenas o respeito à soberania do outro país. 
MATÉRIA P2
	Aqui passamos a tratar de um tema de relevância, que são as nulidades do processo. A teor, as nulidades que o CPP lida estão ligadas aos atos processuais. Desta forma, podemos dizer que todo ato declarado nulo é irregular, mas nem todo ato irregular é declarado nulo. Observa-se, portanto, se o ato e fidedigno ao que o código nos traz e se ele está relacionado ao justo prosseguimento do processo, seja promovendo o desequilíbrio na participação e efetiva contribuição das partes, seja afetando o adequado exercício da função estatal jurisdicional.
	As nulidades – sinônimo de refazimento, por isto trata-se de retrocesso – se dividem em dois grupos, as absolutas e as relativas. Ambas provocam o mesmo efeito, sendo elas atos problemáticos e que devem ser refeitos, não sendo uma pior do que a outra (em termos conceituais). Logo, são atos imperfeitos que merecem refazimento. 
	A nulidade é absoluta quando fere a constituição, que é um vício que recai sobre um direito fundamental esboçado na carta magna, sendo um vício material. Enquanto as relativas se debruçam sobre as normas infraconstitucionais, de acordo com Paccelli, a nulidade encontra-se em relação ao interesse da parte, em determinado e específico processo.
	Enquanto a nulidade relativa diz respeito ao interesse das partes em determinado e específico processo, os vícios processuais que resultam em nulidade absoluta referem-se ao processo penal enquanto função jurisdicional, afetando não só o interesse de algum litigante, mas de todo e qualquer (presente, passado e futuro) acusado, em todo e qualquer processo.
	Embora reservada às partes a valoração dos efeitos decorrentes do vício do ato, não há como negar que, ao menos em algumas hipóteses, será possível o reconhecimento ex officio de nulidades relativas. O nosso Código de Processo Penal, por exemplo, permite o reconhecimento, pelo juiz, de sua incompetência relativa, o que implica a possibilidade de reconhecimento ex officio de nulidade relativa (art. 109, CPP).
	Há dois princípios que devem ser retomados neste momento, o da instrumentalidade das formas – por meio dele é que classificamos os vícios processuais, ou seja, traçamos os objetivos do processo (a finalidade dos atos) e se estes forem atingidos pelo vício, trata-se de um vício relevante –, o princípio do prejuízo (art. 563) – um ato jamais será declarado nulo, ainda que ele descumpra a forma, desde que ele não cause prejuízo –, princípio da causalidade (art. 573, §1º) – serão declarados nulos o ato viciado e todos que dele dependerem –, princípio da preservação dos atos (art. 573, §2º e art. 567), princípio do interesse (art. 256 e art. 565) – não se pode arguir nulidade quando houver benefício à parte, mas sim quando houver algum interesse relevante para o processo. 
Toda a matéria relativa às nulidades processuais deve ser analisada pelo prisma do prejuízo, porquanto “nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa”, nos termos do art. 563 do CPP.
As nulidades absolutas não precluem e, como regra, não se submetem aos efeitos da coisa julgada. Por essa razão, não se reserva às partes o juízo de oportunidade e conveniência quanto à alegação de sua existência, nem quanto ao seu reconhecimento. As nulidades relativas, ao contrário, dependem da iniciativa do interessado, já que o vício, ainda que existente, pode não trazer qualquer prejuízo à parte.
Se do ato nulo não tiver decorrido qualquer prejuízo para a atuação das partes ou da jurisdição, não haverá razão alguma para o reconhecimento e declaração da nulidade, nos exatos termos do art. 563. Em resumo: o que deve ser preservado é o conteúdo, e não a forma do ato processual.
Se a consequência jurídica do ato irregular é a declaração de sua nulidade, nada mais lógico que aludida nulidade estenda-se também aos atos que sejam subsequentes àqueles e, mais que isso, que sejam deles dependentes ou consequentes. Foi também o que pareceu ao legislador, consoante se extrai do art. 573, § 1º, do CPP, que estabelece aregra da causalidade.
Exemplo de contaminação da nulidade ocorreria nas hipóteses de provas obtidas a partir de outras cuja ilicitude seja reconhecida, tal como se dá na aplicação da conhecida teoria dos frutos da árvore venenosa ou fruits of the poisonous tree.
Podemos afirmar que o processo que se desenvolver perante juiz material ou absolutamente incompetente será irremediavelmente nulo, não desde o recebimento da denúncia, mas desde o seu oferecimento. E aqui já entraria em cena outro princípio, ligado às funções acusatórias do Estado: o princípio do promotor natural. Reconhecida a incompetência absoluta do juízo, os autos deverão ser encaminhados ao Ministério Público oficiante perante o juiz competente, para total reformulação da opinio delicti.
Art. 256.  A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la.
Art. 563.  Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.
Art. 565.  Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.
Art. 567.  A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
Art. 573.  Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores, serão renovados ou retificados.
§ 1o  A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência.
§ 2o  O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.
	Nas nulidades absolutas, basta provar que a nulidade é inconstitucional. No entanto, o TJ-SP tem entendido que a parte deve provar por meios cabais que as nulidades absolutas devem ser arguidas por meios certos, ou seja, provadas.
	Os atos aqui relevantes são as nulidades, que possuem relevância jurídica e que produzem efeitos jurídicos até que sejam declarados nulos, são viciados, mas produzem efeito prático. Podem ser relativas e absolutas, como já visto anteriormente, deixando claro que não há diferença entre o relativo – é sanável – e o absoluto – não sanável. A nulidade absoluta é de interesse público, o que significa que qualquer parte pode arguir tal nulidade. 
Art. 572.  As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.
Art. 564.  A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
II - por ilegitimidade de parte – o que falta para esta ação é o interesse jurídico, que para feitos de ação penal significa que a pena vai ter uma função. 
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante – não existe mais processo de contravenção, pois esta se encontra presente na Lei 9.099/95
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167;
c) a nomeação de defensor – art. 261 e 263 – ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos;
d) a intervenção do Ministério Público – art. 257 – em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública – relativa 
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa – relativa 
f) a sentença de pronúncia nos processos perante o Tribunal do Júri;
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei – não há mais libelo. 
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri;
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade;
k) os quesitos e as respectivas respostas;
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
m) a sentença;
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos de que caiba recurso;
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para o julgamento;
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
Parágrafo único.  Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das suas respostas, e contradição entre estas.
	Se não forem arguidas no prazo, as nulidades relativas são sanáveis. Nesta perspectiva, a nulidade relativa se argui na primeira oportunidade. 
	Para finalizar este tema de tamanha importância, cabe pontuar os atos defeituosos em relação ao inquérito policial. Estes, conforme explana a doutrina, não contamina o processo. 
	Os atos jurisdicionais são atos proferidos pelo juiz, no processo civil são classificados como: 
· Despacho – atos que visam a movimentação do processo.
· Decisão interlocutória;
· Sentença. 
	Já para o Processo Penal, temos os despachos e as decisões. As decisões se dividem em:
· Interlocutórias.
· Simples – são decisões que não põe fim ao processo e nem às questões principais, apenas decidem uma parte do processo. São as próximas às questões vistas no Processo Civil.
· Terminativas – elas colocam fim a uma etapa do processo. 
· Com força de definitiva – são questões que definem o mérito sem, na verdade, aprofundar à questão da culpa. Nestas decisões, o que se trata é da prescrição e das prejudiciais de mérito. Colocam ficam a uma questão que tem relevância ao processo principal, mas sem a abordagem da condenação ou da absolvição, ainda que haja o fim do processo. 
· Simples (sem mérito) – aqui temos as decisões sem abordagem de mérito, como é o que acontece no indeferimento da inicial, vide art. 395, CPP. 
· Não terminativas – elas põe fim a uma etapa processual, por exemplo, a pronúncia. 
· Sentenças propriamente ditas – aqui é abordada a pretensão punitiva estatal, se o processo chegou até aqui é porque a tutela foi dada com excelência. 
· Condenatórias – há a procedência; a condenação é acolhida.
· Absolutórias – há a improcedência; há duas maneiras de afastar a pretensão punitiva:
· Próprias – não acolhe e não aplica a pena.
· Impróprias – não acolhe e não aplica a pena, pois a pessoa não tem o requisito de punibilidade.
	As decisões com força de definitivas, exatamente como previstas no art. 593, II, submetem-se ao controle recursal das apelações, daí por que são decisões que encerram o processo ou o procedimento, com o julgamento do mérito.
	O que seriam, então, as decisões com força de definitivas que também apreciariam o mérito? Seriam aquelas decisões, não contempladas no rol do art. 581 do CPP, que poriam fim a determinados procedimentos ou processos incidentes, em tais situações, haverá a apreciação do mérito do processo incidente, e não da ação penal.
	Repetindo, então: para as interlocutórias, mistas e simples (para estas últimas, quando cabível), recurso em sentido estrito; para as sentenças, as decisões com força de definitivas e a absolvição sumária, apelação; para os despachos, nenhum recurso nominado, ressalvada a possibilidade da utilização de correição parcial para a impugnação do error in procedendo.
	Fazem parte do aspecto do processo penal os seguintes tópicos: a) despachos de mero expediente: são atos meramente ordenatórios – junte-se, cumpra-se, intime-se – e que não causam prejuízo às partes, não sendo passiveis de recurso; b) decisões, que são interlocutórias simples e interlocutórias mistas – que serão abordadas mais à frente; c) sentenças. 
	Dos elementos citados, apenas a sentença resolvepor completo o objeto do processo penal, que é a pretensão acusatória. 
	A forma da sentença constitui-se da mesma maneira que é feita no processo civil, ou seja, em 4 partes: 
· Relatório – indicação do nome das partes com a descrição dos acontecimentos que embasam o processo.
· Fundamentação – não pode haver apenas a motivação, mas também a fundamentação para a decisão proferida pelo juiz. O magistrado avalia e enfrenta a totalidade das teses acusatórias e defensivas, esboça quais são os motivos que o levam a proferir a sentença. 
· Dispositivo – aqui é a parte onde o juiz exporá a absolvição do réu ou, em caso contrário, a sua condenação com toda a dosimetria da pena. No último caso (condenação) o juiz deverá utilizar-se do art. 387, CPP, em conjunto das regras estabelecidas pelo art. 59 e s.s. do CP
	No dispositivo, o juiz poderá se manifestar acerca da indenização (reparação de danos). Nestes casos é necessário que as partes tenham pedido tal manifesto (que virá na inicial acusatória). Se o magistrado fixar valor indenizatório na sentença que não o tenha pedido expressamente, a pena será de nulidade por incongruência da sentença. O contraditório e a ampla defesa devem se fazer presentes perante a condenação monetária. 
· Autenticação – art. 564. 
Art. 381.  A sentença conterá:
I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las;
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;
V - o dispositivo;
VI - a data e a assinatura do juiz.
	Quanto ao que tange à simetria processual, temos:
· Fatos iniciais – que delimitam o objeto da sentença. 
· Emendatio libelli – é um ajustamento de tipo, pois ele está incongruente. É o “remendo da inicial”. Quando nos referimos a tal instituto jurídico nos encontramos perante o art. 383 e mais dois elementos: a) ausência de fatos novos; e b) tipificação incongruente. Ela pode ser feita de ofício, permitindo até que o tribunal emende a decisão de primeira instância. Se não se alterar os fatos, a imputação formal pode ser apenas uma correção. 
· Mutatio libelli – há uma mudança do fato por motivos supervenientes. Nesta situação o juiz não pode fazer isto de ofício, pois esta alteração muda todo o processo, preservando-se, portanto, a competência acusatória e a ampla defesa. Ao juiz cabe apenas a identificação. Aqui é alterada toda a defesa, diferentemente da emendatio, na qual o juiz deve apenas readequar o artigo que será o que indiciará a pessoa. Aqui a ordem se dá para o órgão acusatório – MINISTÉRIO PÚBLICO – o que é reflexo do princípio da obrigatoriedade da ação pública[footnoteRef:5]. O juiz não pode fazer julgamento parcial do fato submetido à sua análise, ou seja, ou a inicial é procedente ou improcedente e, se o juiz julgar algo que não é o fato em si, a decisão é extra petita, portanto, a melhor decisão é a absolvição. Súmula 453, STF. A divergência entre dolo e culpa não é mais objeto de mutatio, sendo NO MÁXIMO uma razão de emendatio. [5: Segundo o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, o Ministério Público está obrigado a oferecer a ação penal tão só tenha ele notícia do crime e não existam obstáculos que o impeça de atuar. Impõe-se, portanto, ao Ministério Público o dever de promover a ação penal.] 
Art. 383.  O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave – aqui a alteração somente se dá em relação ao tipo penal, por mais que a pena mais grave venha a ser a culminada.
§ 1o  Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei.
§ 2o  Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos.
Art. 384.  Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.
§ 1o  Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código – é aplicado se o juiz percebeu que tem fato novo e o MP não acolheu o pedido de manifestação do magistrado, remete-se, então, a denúncia ao PGR. O questionamento que se faz é sobre a constitucionalidade deste parágrafo, pois o procedimento em questão já tem provas produzidas e se há dúvida mediante o fato que já teve uma produção probatória, absolve. 
§ 2o  Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento.  
§ 3o  Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo.  
§ 4o  Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.  
§ 5o  Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.
	Quando falamos em sentença apreciamos dois elementos principais: condenação e absolvição. Quanto a esta, o que é debatido são os fatos. O que se estabelece é a simetria – correlação – dos fatos que são apresentados em juízo. “O direito penal é o direto penal do fato”. A ideia é de que a verificação se dê sobre o fato em específico, e não sobre os pretéritos ou os futuros. 
	A correlação é estabelecida por meio de um princípio que leva seu nome – princípio da correlação ou da congruência – que trata-se do princípio normativo dirigido a delimitar as faculdades resolutórias do órgão jurisdicional, pelo qual deve existir identidade entre a decisão e o debatido, oportunamente, pelas partes, conforme traz Pedro Aragoneses Alonso. Este princípio é primordial para o processo penal, pois, é por meio dele que concretizamos todos os princípios constitucionais que se aplicam ao processo. 
	No processo penal não existe um direito disponível, o que se busca é uma verdade maior. 
	Existem dois tipos de fatos que são levados em conta: o fato penal e o fato natural. O natural, é a representação do mundo físico – violência, subtração, etc. – mas também há o fato penal, que é um conceito árduo, pois, a conduta que é tipificada se amolda aos ditames normativos, logo, este é a mesma coisa que o fato natural, mas visto sobre a ótica do código. 
	O juiz não é vinculado ao aditamento do MP, ele pode somente praticar a emendatio e não a mutatio. 
	No processo penal, a coisa julgada nunca é absoluta, cabendo a revisão criminal. Aqui a “ação rescisória” não tem prazo. A revisão é a forma de garantir a presunção de inocência, que evita os efeitos extrapenais, mas ela pode desvincular, por exemplo, fatos decorrentes da decisão, como a restituição de uma pessoa a um cargo público. 
	Quem pode pedir a revisão: o próprio condenado ou o CADI (cônjuge, ascendente, descendente e irmão).
	A coisa julgada absolutória é uma “pedra” sobre o fato, ela é absoluta. 
Art. 622.  A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após.
Parágrafo único.  Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas.
	Se é uma coisa julgada que fala sobre o fato, não há o que se falar, pois é uma decisão objetiva e concreta com base no caso em questão. 
	Deve-se compreender a extensão da coisa julgada absolutória, que tem duas estruturas: a) declarativa, mas é a coisa julgada que aborda todo o mérito da causa e afasta o fato, daí não há como voltar atrás; b) dúbia, não declara/não julga o fato, que é incompleta, não encerra a discussão.Vide art. 386, CPP. 
	É possível que a coisa julgada absolutória, fundamentada em documento falso, pode ser revisada, pois não tem o mesmo efeito que as coisas julgadas declaratórias comuns. Isto não é um posicionamento único, porque a extinção de punibilidade não é irreversível, a exclusão se dá quanto ao fato. 
	No processo penal, o juiz decide todas as etapas possíveis: a) materialidade; b) imputação de autoria; c) valoração jurídico-penal da conduta. 
	A norma que prevê o recurso em sentido estrito contra a decisão que negar ou que conceder a ordem, nos termos do art. 581, X, CPP, refere-se, como regra, aos atos praticados na fase de investigação e não na de processo.
	O princípio de simetria processual é regra em todos os processos, estipulando os limites do processo, que são os fatos apresentados à apreciação. Só é possível apreciar e julgar o que é trazido em juízo. O que importa aqui são os fatos, a própria defesa se embasa sobre os fatos.
	Emendatio libelli, corresponde a uma alteração de tipo, não de fatos. Por esta razão que ela, presente no art. 383, é um fenômeno mais amplo, a modificação recai sobre a denominação do tipo ou da lei. A parte pode provocar a emendatio, mas ela também pode ser de ofício. “Nada impede” que ela ocorra em segunda instância. Aqui neste ponto é relevante destacar, conforme defende Aury Lopes Jr., que o réu não se defende exclusivamente dos fatos mas também da qualificação jurídica que a ele é imputada, embora a doutrina majoritária divirja a este respeito. A alteração recai sobre o fato da acusação e não sobre a pretensão acusatória, que é o objeto do processo penal. 
	Fato processual penal: acontecimento da vida, real e indivisível, abrangendo o acontecimento naturalístico com todas circunstâncias e classificação do crime. Portanto, fato processual = fato natural + fato penal. 
	Quanto ao cabimento de contraditório no momento em que é feita a emendatio há divergência doutrinária, particularmente opto pela visão adotada por Aury Lopes Jr., que segue a fundamentação constitucional, art. 5º, LV, impondo a vedação da prova surpresa, que é incompatível com o direito à informação clara e determinada do caso penal que se encontra na constância do julgamento.
	A mutatio libelli é muita mais impactante, porque nela o fato pode ser alterado. São institutos, tanto esta como a anterior, que ocorrem no fim da fase de produção de provas. O juiz tem que acolher ou não a mutatio, por tal razão que ela não pode ser feita em segunda instância e, se isso ocorrer, haverá a supressão de instância. Ela é feita de ofício, enquanto a outra somente pode ser feita pelo MP, vide art. 384. Quando o ministério público não fizer a mutatio poderá o juiz absolver o réu por não demonstrar a tese acusatória nos limites da sua pretensão. 
	Alterar de dolo para culpa a acusação seria emendatio ou mutatio? De acordo com o STF, a situação exposta é classificada como emendatio. O juiz poderia até mesmo ocultar na sentença, existindo posição contrária. 
	Coisa julgada é uma ficção jurídica para garantir a segurança processual e jurídica. No processo penal isto é muito mais contundente; a coisa julgada que tem efeito de imutabilidade é a absolutória, ou seja, que não é alterável, vide art. 18, 386 e 414. 
Art. 18.  Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Art. 386.  O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV –  estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
Parágrafo único.  Na sentença absolutória, o juiz:
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;
II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas;
III - aplicará medida de segurança, se cabível.
Art. 414.  Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado.
Parágrafo único.  Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova.
	A coisa julgada em razão de dúvida é absolutória, mas um pouco diferente, pois o fato não está claro nesta situação. Este processo pode ser reaberto. 
	Se o juiz diz que o fato não aconteceu é porque o fato não aconteceu, tornando-se uma coisa julgada que não será reaberta, ainda que apareça prova superveniente que altere a decisão, logo, recai sobre a totalidade do fato. Se ele diz que as provas não são suficientes para que houvesse condenação o problema está na fase probatória, sendo este o limite à coisa julgada absolutória, mas se surgir prova nova, a decisão que fez coisa julgada não alcança esta prova nova; aqui falamos da totalidade do processo. 
	A ação de revisão criminal é uma ação diferente, pois é a única forma que se tem de mexer na coisa julgada. O que ocorre é uma agregação à coisa julgada condenatória, alcançando apenas a coisa julgada de condenação. É uma ação que não tem prazo, a própria parte pode fazer e seu objetivo é atingir a garantia da presunção de inocência com a ideia de resguardar esta presunção por meio da apresentação de elementos ou reapreciação do processo por outro julgador, vide art. 621 ao art. 631. 
	Se a conduta do crime estiver num contexto de continuidade processa-se junto, se não estiver no mesmo âmbito de continuação o processo se dá em separado. 
	Concurso formal: uma conduta com vários resultados. Se a coisa julgada estabelece este conceito, a coisa julgada também abrange o concurso formal. O que se tem é uma falta de aparato processual. O concurso material a coisa julgada não alcança, pois são várias condutas e vários resultados. 
	A coisa julgada penal promove efeitos em outras esferas, seja positiva ou negativamente, conforme está exposto no art. 63, CPP. 
Art. 63.  Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único.  Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso iv do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido.
Art. 391.  O querelante ou o assistente será intimado da sentença, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da sede do juízo, a intimação será feita mediante edital com o prazo de 10 dias, afixado no lugar de costume.
Art. 392.  A intimação da sentença será feita:
I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança;
III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração, expedido o mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
IV - mediante edital, nos casos do no II, se o réu e o defensor que houver constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça;
V - mediante edital, nos casos do no III, se o defensor que o réu houver constituído também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça.
§ 1o  O prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano,

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