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1 2 U72 Urgências endodônticas: protocolo clínico / XXX Turma de Odontologia. Imperatriz: Facimp Wyden, 2019. 114 p. il. Inclui leitura complementar 1. Endodontia. 2. Urgências endodônticas. 3. Casos clínicos em odontologia. I. Título. CDU: 616.314.18 CDD: 617.6342 3 Dedicamos este livro (e-book), a DEUS pelo dom da vida, pela sabedoria e capacitação que Ele nos tem concedido. Dedicamos a MsC. Patrícia Santos Oliveira, pelo encorajamento, dedicação e compromisso com a Odontologia e o Aprendizado dos seus alunos, aquela que consegue enxergar a capacidade, e acreditar no potencial de cada um dos seus discentes impulsionando-os a ir muito mais além do que eles mesmos acreditam a conseguir. És um verdadeiro exemplo de Mestre. Por fim dedicamos à XXX Turma de Odontologia da FACIMP-Wyden que se engajou nesse projeto com compromisso e responsabilidade. 4 “É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas.” Eclesiastes 4:9 Sabemos que sozinho jamais conseguiríamos, muitas pessoas contribuíram, somado conhecimento em nosso aprendizado para que lográssemos êxito nesta jornada. Desta forma, gostaríamos de agradecer à Coordenação e a equipe de Docentes do curso de Odontologia desta Instituição, por toda dedicação, pelo ensino dessa linda ciência odontológica e pelo compromisso na formação de nosso caráter profissional; a palavra que expressa nosso sentimento é gratidão. Agradecemos ainda a cada colaborador da Clínica Escola, por tornarem nossos dias mais prazerosos com sua dedicação ao trabalho. E certamente agradecemos a cada acadêmico autor desta edição pela forma competente que abraçaram e acreditaram nesse projeto. 5 1. Estruturação do Diagnóstico Endodôntico no Atendimento de Urgência .................. 6 2. Pulpite Reversível e Pulpite Irreversível Hiperplásica no Atendimento de Urgência16 3. Pulpite Irreversível: Protocolo de Atendimento de Urgência ................................... 27 4. Periodontite Apical Aguda: Protocolo de Atendimento de Urgência ....................... 39 5. Abscesso Perirradicular Agudo: Protocolo de Atendimento de Urgência ................ 49 6. Abscesso Perirradicular Agudo fase Evoluído: Protocolo de Atendimento de Urgência ........................................................................................................................ 59 7. Dor após sessão de tratamento endodôntico. Dor após obturação do canal radicular: Protocolo de Atendimento de Urgência ........................................................................ 69 8. Traumatismo Dentário – fratura coronária e radicular: Protocolo de Atendimento de Urgência ........................................................................................................................ 79 9. Traumatismo Dentário – concussão, subluxação e luxações: Protocolo de Atendimento de Urgência .............................................................................................. 94 10. Traumatismo Dentário – Avulsão: Protocolo de Atendimento de Urgência ........ 108 6 Diagnóstico Endodo Patrícia Santos Oliveira Patrícia Santos Oliveira O conceito de urgência é diferente de emergência. Urgência é uma situação/ocorrência que deve receber tratamento imediato para devolver o bem-estar ao paciente. Emergência é uma situação/ocorrência que oferece risco à vida. As urgências endodônticas estão correlacionadas com casos de dor e/ou tumefação que requerem diagnósticos e tratamentos imediatos. Cerca de 90% dos casos de urgência nos atendimentos são devido à dor de origem pulpar e periapical. A estruturação do diagnóstico correto durante o atendimento de urgência é fundamental para resolução do problema, visto que este vai influenciar no planejamento e execução do tratamento. Para isto, é necessário realizar sistematicamente os exames subjetivos, objetivos e radiográficos. 1 Objetivos de aprendizagem - Transmitir informações sobre a estruturação do Diagnóstico Endodôntico. 7 A ANAMNESE é fundamental para a estruturação do diagnóstico. É o momento em que o profissional vai questionando e ouvindo o paciente para obter informações importantes para conhecer o histórico daquela situação de urgência. Durante esse momento é importante o profissional procurar saber qual o motivo da procura do atendimento, refere-se à QUEIXA PRINCIPAL. Ex. “sinto dor de dente sempre que tomo água gelada”. A HISTÓRIA MÉDICA é investigada para obter informações das condições gerais de saúde do paciente, para o planejamento do tratamento adequado para condições sistêmicas do paciente. É importante saber que o paciente é hipertenso, diabético, se tem doenças renais, gastrointestinais, cardiovasculares, alérgicos à medicação sistêmicas (antibióticos, anti-inflamatórios, analgésicos), alérgicos à hipoclorito de sódio e ao látex. A HISTÓRIA ODONTOLÓGICA deve ser investigada para obter informações sobre os aspectos relacionados à dor, desde seu surgimento, duração, intensidade, se o paciente fez uso de analgésicos e anti-inflamatórios, se a dor é localizada ou difusa. Além disso, sintomas de cansaço, prostração e inapetência (falta de apetite) associados aos sinais de edema e febre, para o diagnóstico de infecção que estejam provocando a toxemia. (excesso de toxinas microbianas acumuladas no sangue). 8 A INSPEÇÃO EXTRA-ORAL deve começar desde o momento que paciente entra no consultório, pois a simples observação gestual e expressão facial podem fornecer informações relevantes ao acometimento de dor intensa. Outros aspectos também são observados como assimetrias faciais, alteração da textura da pele e sua cor como hematomas, eritemas e equimoses. A INSPEÇÃO INTRA-ORAL é importante observar a boca como um todo, investigando alteração de cor da coroa, estado das restaurações, exposição pulpar, presença de cárie e cavidades como erosão, abrasão. Buscando averiguar alteração de cor e textura dos tecidos moles, presença de tumefação e fístula. DICA A inspeção extra-oral deve iniciar desde o momento em que o paciente adentrar no consultório. Cuidado: Displasia Cementária e Abscesso Periodontal têm característica muito semelhante às Alterações periapicais de origem pulpar. O Diagnóstico diferencial é a vitalidade pulpar positiva. 9 A PALPAÇÃO deve ser realizada utilizando a ponta dos dedos indicadores e/ou médios, apalpando as regiões de fundo de suco e região coronária, investigando a presença de edema e resposta dolorosa. 10 EDEMA ? DOR ? Figura 4. Palpação . A PERCUSSÃO VERTICAL é realizada com o cabo do espelho, percutindo com delicadeza a coroa do dente em questão no sentido perpendicular ao longo do eixo do mesmo. A resposta positiva a percussão vertical está associada à inflamação na região periapical. A PERCUSSÃO HORIZONTAL é realizada com o cabo do espelho, percutindo com delicadeza a coroa do dente em questão no sentido horizontal ao longo do eixo do mesmo. A reposta positiva a percussão horizontal está associada a alterações periodontais.Assista ao vídeo Percussão vertical e horizontal A mobilidade dentária pode ser causada por: perda do suporte ósseo do dente, trauma, extensão de um processo inflamatório no tecido gengival ou periapical. FIQUE ATENTO 11 A MOBILIDADE DENTÁRIA também é avaliada durante a estruturação do diagnóstico endodôntico, é realizada aplicando uma força com os dedos sobre a estrutura dentária, na tentativa de movimentar o elemento dentário em todas as direções. A SONDAGEM PERIODONTAL deve ser realizada em 3 regiões da face vestibular e lingual, não esquecendo de verificar a região de furca. Desta forma esse exame verifica se há ou não normalidade no periodonto. Quando se tem alteração periodontal, ou seja, presença de bolsa, concomitante com alteração periapical (necrose pulpar, mobilidade dentária, lesão de furca), o tratamento endodôntico deve ser concomitantemente com o tratamento periodontal. O EXAME RADIOGRÁFICO é indispensável para estruturação do diagnóstico endodôntico de urgência. A radiografia periapical é mais utilizada para o diagnóstico das alterações pulpares e periapicais. Além de obter a imagem panorâmica do dente em questão, podemos visualizar comprimento, largura, raio de curvatura, anatomia coronária e radicular, alterações periapicais oriundas da necrose pulpar, caraterísticas que podem indicar ou não o tratamento endodôntico como também para o planejamento do tratamento endodôntico. Figura 4. Sondagem periodontal com sonda milimetrada. Não se pode abrir mão da sondagem periodontal!! As Alterações Periapicais causam alterações periodontais. FIQUE ATENTO DICA Toda alteração periapical, ou seja, rarefação óssea de origem pulpar, a respectiva deve está necrosada. 12 O TESTE DE VITALIDADE PULPAR TÉRMICO PELO FRIO é o teste mais utilizado para avaliar a vitalidade da polpa, o frio causa vasoconstrição da polpa, quando a polpa está sadia a resposta é dor com alívio imediato após a remoção do frio. Já na polpa inflamada a resposta é de dor sem alívio após a remoção do frio, ou nos casos de dor espontânea ocorre o alívio da dor. O emprego do gás refrigerante ganhou largo emprego nos últimos anos. Os fluidos refrigerantes mais utilizados são o butano, o diclorodifluormetano e o tetrafluoretano. No Brasil, encontram-se marcas comerciais que usam uma mistura de butano e propano (Endo Ice – Maquira®; EndoFrost e Endo Ice F - Coltene®). Protocolo Teste térmico pelo frio Assista ao vídeo Teste Térmico pelo frio Acesse QR CODE 13 Uma paciente YOP, 42 anos, solteira, parda, do lar, cardiopata (portadora de prolapso da válvula mitral), procurou o atendimento de urgência em Odontologia do Hospital Municipal. Ao ser atendida pelo cirurgião dentista, a paciente relatou sentir dor intensa (grau 9), na região da maxila esquerda, com duração de cerca de 5 horas contínuas. No exame físico extraoral o profissional observou edema facial na região infraorbitária e assimetria facial, e no exame intraoral constatou extensa lesão de cárie nos dentes 26. Na imagem radiográfica observou no dente 26 extensão da lesão de cárie na câmara pulpar, tratamento endodôntico insatisfatório e espaço do ligamento periodontal aumentado em 3 mm. Durante a palpação intraoral na região periapical dos dentes a paciente relatou dor, e foi observado uma leve tumefação na região do dente 26. No teste de percussão vertical e horizontal houve exacerbação da dor principalmente no dente 26, no teste de vitalidade pulpar térmico pelo frio resultou em ausência de estímulo no dente 26 e presença de estímulo no dente 25. O profissional detectou bolsa periodontal no dente 26 e mobilidade grau 3. Ajude o profissional a concluir o provável diagnóstico endodôntico do dente 26, e indique o tratamento mais adequado para este caso. 14 15 1- LOPES, H. SIQUEIRA JR, JF. Endodontia: biologia e técnica. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 2- SOARES, I.S. Endodontia: técnicas e fundamentos. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. 3- REIS, F. Tecnologias endodônticas. 1 ed. Rio de Janeiro: Santos, 2015. 4- KRIGER, L. MOYSES, SJM., MOYSES, ST., Clínica Integrada em Odontologia. São Paulo: Artes Médicas, 2013. 16 Diagnóstico Endodo[Digite uma citação do documento ou o resumo de um ponto interessante. Você pode posicionar a caixa de texto em qualquer lugar do documento. Use a guia Ferramentas de Desenho para alterar a formatação da caixa de texto de citação.] Dhulyano da Silva Corrêa, Emanuela Simão Araujo, Esteffane Lima de Mesquita Corrêa. 2 Entre as atribuições do cirurgião-dentista, uma das mais nobres e importantes refere-se à promoção do alívio da dor do paciente. A dor de origem pulpar ou perirradicular corresponde a cerca de 90% dos casos de urgência em consultórios dentários, sendo que, muitas vezes, a intervenção endodôntica torna-se imprescindível para o alívio imediato dos sintomas. A urgência endodôntica é uma situação que está relacionada com casos de dor, que requerem diagnóstico e tratamento imediato. Sendo que na maior parte das situações de urgência, a intervenção endodôntica torna-se imprescindível para o alívio dos sintomas. O sucesso do tratamento de urgência, caracterizado pela remissão da sintomatologia, é gratificante para o profissional e o paciente e contribui decisivamente para que a confiança do paciente seja conquistada. Todavia, o fracasso em debelar a dor resulta em frustração para ambos e pode comprometer a relação profissional paciente. Objetivos de aprendizagem - Fornecer informações sobre a estruturação do Diagnóstico e tratamento de urgência de Pulpite Reversível e Irreversível hiperplásica. 17 O atendimento de urgência em Endodontia mesmo que inesperado, deve ter como base a realização de um bom diagnóstico fundamentado em evidências clínicas, com o recurso a meios auxiliares de diagnóstico, bem como a definição das prioridades do tratamento e execução do mesmo, sempre baseado nas circunstâncias do atendimento e disponibilidade do cirurgião-dentista, com vista a aliviar a dor e controlar a inflamação ou infecção que esteja presente, devolvendo ao paciente as suas capacidades físicas. O diagnóstico e o planeamento de tratamento são essenciais para a prática da Endodontia. O diagnóstico determina o tipo de patologia que envolve o dente, já o plano de tratamento envolve a seleção apropriada de sinais e sintomas determinando o nível de dificuldade do tratamento, a sua individualidade e sequência dos procedimentos, chegando no final ao restabelecimento da saúde e funcionalidade do dente. Para chegar a um diagnóstico correto, devem ser realizados sistematicamente os seguintes exames: TIPOS DE EXAMES Subjetivo História médica e dental. Objetivo Exame clínico visual, testes de vitalidade pulpar (térmico, elétrico, cavidade), testes percussão e palpação, sondagem periodontal. Exame Radiográfico Radiografia periapical, se necessário, complementado por tomografia computadorizada cone-beam. 18 A dor de origem pulpar pode ser resultado da estimulação de dois tipos de fibras nervosas sensoriais oriundas do gânglio trigeminal: as fibras A-δ e as do tipo C. 3. As fibras nervosas A-δ são mielínicas, com rápida velocidade de condução (de 6 a 30 m/s), apresentam diâmetro variável entre 1 e 5 μm e possuem um baixolimiar de excitabilidade. Nos estágios iniciais da inflamação pulpar (PULPITE REVERSÍVEL), o limiar de excitabilidade dessas fibras é reduzido, tornando-as mais suscetíveis aos estímulos externos (principalmente, o frio). Clinicamente, o paciente acusa dor aguda, provocada muitas vezes pelo frio ou pelo doce, de curta duração que passa rápido após a remoção do estímulo. O prognóstico para o dente e para o tecido pulpar, nessa condição, mostra-se favorável. O tratamento indicado é o conservador, ou seja, a remoção do agente agressor ou proteção pulpar indireta ou direta. As fibras do tipo C são amielínicas, e possuem elevado limiar de DOR. Elas são responsáveis pela dor severa, contínua, excruciante, espontânea, fastidiosa e, às vezes, difusa, própria de pulpite irreversível sintomática. Nestes casos, há necessidade de intervenção endodôntica para alívio da sintomatologia. Nos casos de Pulpite Irreversível Hiperplásica, o paciente relata dor provocada durante a mastigação. Quando presente, a dor é semelhante à descrita para a hipersensibilidade dentinária. Neste estágio inicial de inflamação, a polpa está sob agressão; todavia, se o agente patogênico for removido, apresenta condições de voltar ao estado de normalidade. Clinicamente, o paciente acusa dor aguda, provocada muitas vezes pelo frio ou pelo doce, de curta duração que passa rápido após a remoção do estímulo, já radiograficamente a polpa apresenta-se normal, mas pode evidenciar restaurações infiltradas e pequenas cáries. Macroscopicamente, se fosse possível observar a polpa inflamada reversivelmente, seu aspecto seria de sangramento 19 vermelho vivo e brilhante, polpa com consistência e resistente ao corte. O prognóstico para o dente e para o tecido pulpar, nessa condição, mostra-se favorável. Tratamento de Urgência para Pulpite Reversível Remoção do tecido cariado ou restauração defeituosa e realizar a restauração definitiva. Em dentes anteriores, ou mesmo posteriores que irão receber restauração com resina composta, é conveniente aplicar um forro com cimento de hidróxido de cálcio e selar a cavidade com cimento de ionômero de vidro. Após uma a duas semanas, se o dente estiver assintomático, a restauração definitiva pode então ser aplicada. Figura. 2 - Sangramento vermelho vivo e brilhante ocorrido após remoção de cárie, exposição pulpar e curetagem pulpar. Clinicamente o paciente apresentava apenas dor provocada pelo frio, indicando pulpite aguda reversível. Figura. 1 – Radiografia periapical apresentando restauração insatisfatória (infiltrada) com lesão cariosa com proximidade a câmara pulpar. FIQUE ATENTO! Tratamento mais indicado para Pulpite Reversível sem exposição pulpar é o tratamento conservador: Capeamento pulpar indireto. DICA Em caso de dúvida no diagnóstico de Pulpite Reversível (PR) e Pulpite Irreversível (PI), lembre-se que em caso de PR pode se ter alívio da dor com o uso de analgésico, diferentemente da PI que só tem alívio da dor com o tratamento endodôntico. 20 Protocolos Clínicos de tratamento de Urgência Pulpite Reversível Caso sem exposição pulpar CAPEAMENTO PULPAR INDIRETO 1. Anestesia e isolamento absoluto 2. Remoção da cárie 3. Limpeza da cavidade com clorexidina 2% em bolinha de algodão 4. Lavar e secar com bolinha de algodão 5. Inserção do agente capeador CaOH2 pasta-pasta. 6. Restauração em Cimento de Ionômero de Vidro (CIV) fotoativado ou químico. 7. Restauração em Resina composta 8. Acompanhamento Caso com pequena exposição pulpar sem tecido cariado remanescente CAPEAMENTO PULPAR DIRETO 1. Anestesia e isolamento absoluto 2. Remoção do tecido cariado 3. Lavar com soro fisiológico e clorexidina a 2% 4. Secar com algodão estéril 5. Introduzir agente capeador CaOH2 PA + Pasta/Pasta 6. Selamento cavitário com CIV 7. Restauração definitiva em Resina Composta. 8. Proservação 21 Caso com exposição pulpar e tecido cariado remanescente, dentes jovens (Rizogênese incompleta). PULPOTOMIA 1. Radiografia de diagnóstico. 2. Anestesia local. 3. Isolamento absoluto. 4. Remoção do tecido cariado. 5. Remoção do teto da câmara pulpar com pontas diamantadas. 6. Amputação da polpa coronária com curetas afiadas e/ou instrumentos rotatórios esféricos. 7. Irrigação com soro fisiológico (gelado). 8. Hemostasia completa com auxílio de bolinha de algodão estéril. 9. Aplicação do CaOH2 P.A e outra camada de CaOH2 Pasta/Pasta. 09. Selamento com uma base de CIV. 10. Restauração definitiva do dente com Resina composta. 11. Radiografia final. 12. Proservação. 22 A principal característica da pulpite crônica hiperplásica é a presença do pólipo pulpar, visto clinicamente. O pólipo pulpar representa a proliferação de tecido de granulação na superfície pulpar exposta à cavidade oral que, anteriormente à formação hiperplásica, estava ulcerada. Esse tipo de alteração pulpar é mais comum em dentes jovens, com ápice incompleto, por causa da capacidade de defesa aumentada. O trauma constante de alimentos e da mastigação sobre a superfície pulpar ulcerada leva à formação do pólipo pulpar. O paciente relata dor provocada durante a mastigação e, clinicamente, é notado sangramento ao toque do pólipo, já que se trata de estrutura ricamente vascularizada. Radiograficamente, observa-se comunicação entre cavidade oral e cavidade pulpar por meio de cárie extensa e profunda. Figura. 3 – Comunicação entre cavidade oral e cavidade pulpar por meio de cárie extensa e profunda. Figura. 4 – Pólipo pulpar DICA O pólipo pulpar é um tipo de hiperplasia inflamatória pouco comum associada a dentes não-vitais. 23 Tratamento O tratamento para dentes com ápice completo com pulpite crônica hiperplásica é a biopulpectomia. Já para dentes com ápice incompleto, recomenda-se a manutenção da polpa radicular a fim de permitir a complementação radicular. Dessa forma, em dentes com ápice incompleto, sugere-se tratamento conservador denominado pulpotomia tratamento descrito acima. Protocolo Clínico de Atendimento de Urgência BIOPULPECTOMIA 1. Radiografia de diagnóstico. 2. Anestesia local – Mepivacaína 3% com Vasoconstritor. 3. Isolamento absoluto 4. Remoção do tecido cariado 5. Remoção do teto da câmara pulpar com pontas diamantadas 6. Irrigação com hipoclorito de sódio 1% 7. Localização dos canais radiculares. 8. Exploração e esvaziamento do canal com limas. 9. Preparo do terço cervical e médio com brocas gattes ou largo. 10. Odontometria. 11. Remoção da polpa radicular. 12. Irrigação abundante com hipoclorito de sódio 1%. 13. Secagem do canal com cones de papel estéril. 14. Aplicação de medicação intracanal Ca(OH)2. 15. Selamento provisório da cavidade com CIV. 16. Radiografia para observa o completo preenchimento do canal por medicação. 17. Prescrição de Analgésicos. 18. Preparo completo do canal na seção posterior + obturação dos canais (selamento) 24 FIQUE ATENTO! Assim que se obter o CRT, é necessário ajustar as pontas de irrigação ao mesmo, para que não ocorra extravasamento acidental de solução irrigadora para o periápice. Assista ao vídeo Pulpite Reversível Acesse QR CODE 25 Paciente A.C.O.S., gênero feminino, melanoderma, 16 anos, procurou a atendimento do Hospital Escola da FACIMP, apresentando como queixa principal: dor provocada no elemento 36. Foi realizado o exame clínico e constatou-se a presença de um pólipo pulpar na oclusal do dente, destruição parcial da coroa dentária e comprometimento pulpar. Foi realizado exame radiográficopara melhor diagnóstico do caso, onde se observou imagem radiolúcida com cárie profunda e comprometimento pulpar do elemento 36. Ajude o profissional a concluir o provável diagnóstico endodôntico do dente 36, e indique o tratamento mais adequado para este caso. Caso Clínico Figura 5. Radiografia periapical do dente 46 26 1- LOPES, H. SIQUEIRA JR, JF. Endodontia: biologia e técnica. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 2- LEONARDI, Denise Piotto. GIOVANINI, Allan Fernando. ALMEIDA, Susimara. SCHRAMM, Celso Alfredo. BARATTO-FILHO, Flares. Alterações pulpares e periapicais. Mestrado em Odontologia Clínica, Universidade Positivo – Curitiba – PR – Brasil, 2011. 3- RIBEIRO, Joana Filipa Monteiro. Urgências Endodônticas – Protocolo de Atuação. Mestrado em Odontologia Integrada, Universidade Fernando Pessoa, Porto – Portugal, 2015. 27 Diagnóstico Endodo[Digite uma citação do documento ou o resumo de um ponto interessante. Você pode posicionar a caixa de texto em qualquer lugar do documento. Use a guia Ferramentas de Desenho para alterar a formatação da caixa de texto de citação.] Patrícia Santos Oliveira O principal motivo dos pacientes na procura do cirurgião dentista (CD) é a dor de origem endodôntica, dentro dos quais o mais comum é a pulpite aguda irreversível. A dor endodôntica é aquela que se origina na polpa dentária, em decorrência de cárie ou de trauma dental, que pode acometer os tecidos periodontais apicais. A dor é o sintoma mais relatado durante a anamnese, oriunda de processos patológicos de origem inflamatória. Ao relacionar o fenómeno da dor, o CD deve-se basear em dados clínicos de diagnóstico, (incluindo, entre outros, o teste de sensibilidade pulpar), complementado pelo exame radiográfico. O controle da dor endodôntica engloba todos os aspectos do tratamento, entre eles o controle da dor pré-operatória através de um diagnóstico preciso, redução da ansiedade do paciente e ainda o controle da dor operatória, através de anestésicos locais e técnicas operatórias. Bruna Teixeira da Silva Fernanda Maria Valim Jane Keure Ramalho 3 Objetivos de aprendizagem - Transmitir informações sobre as características clínicas e o tratamento de urgência de pulpite irreversível. 28 Esta condição pulpar denota estágio avançado de inflamação. A polpa está sob agressão, e apenas a remoção do agente patogênico não basta para cessar a dor, ou seja, a polpa não apresenta condições de voltar ao estado de normalidade após a remoção da causa. Ao invadir a polpa, microrganismos ou toxinas, ampliam a inflamação, resultando em um processo imunológico e inflamatório que busca impedir o avanço da infecção e eliminar o agente agressor. O aumento da pressão interna do compartimento pulpar dificulta o aporte de nutrientes por meio da corrente sanguínea, bem como, a remoção de excretas caracterizando o estado de Congestão Pulpar. Portanto, o tecido pulpar torna-se acometido por um processo inflamatório irreversível principalmente devido as suas condições peculiares, como paredes inextensíveis, restrita vascularização para suprimento e eliminação de metabólitos, restos celulares e toxinas, o qual invariavelmente resultará em necrose, seja por liquefação ou coagulação. 29 Nos casos de pulpite sintomática, uma lesão de cárie não diagnosticada ou não tratada em sua fase inicial, invariavelmente, atingirá a polpa e desencadeará uma resposta inflamatória mais severa. O paciente pode relatar dor intermitente ou espontânea, onde a exposição a alterações de temperatura, nomeadamente, ao frio vai provocar episódios de dor prolongada e intensa durante algum tempo, mesmo depois de retirado o estímulo, esta dor, tem ainda a característica de poder ser aguda ou difusa, localizada ou referida. O paciente comumente relata uso de analgésicos, o qual pode ou não ser eficaz, dependendo do estágio da inflamação. Em alguns casos raros, pode haver dor à percussão. A pulpite irreversível assintomática pode-se tornar sintomática ou até mesmo necrótica caso não aconteça à intervenção profissional do cirurgião dentista habilitado durante o processo inflamatório pulpar. Nas fases iniciais da pulpite Irreversível, a dor pode ser facilmente relacionada ao dente afetado, mas nos estágios mais avançados, o paciente torna-se incapaz de identificar o dente acometido. DICA Resposta dolorosa, prolongada e severa ao frio é sugestivo de pulpite irreversível. 30 No teste de vitalidade pulpar o dente pode doer muito com frio no início ou exacerbar com o calor e aliviar com frio nos estágios finais. A dor aumenta nos momentos de repouso em decúbito (momento em que o paciente deita, pois existe um aumento de pressão sanguínea na região, tornando a dor exacerbada); Resposta à palpação apical e percussão vertical pode ser negativa ou positiva. No exame radiográfico a região periapical, radiograficamente, pode estar normal ou com aumento do espaço periodontal apical e lâmina dura intacta. Durante o acesso coronário há presença de sangramento intenso ou ausente, escuro ou muito claro. 31 Assista ao vídeo De FIQUE ATENTO Caso haja tempo hábil para fazer um atendimento completo, o cirurgião dentista poderá optar por fazer: 1- Anestesia com Mepivacaína com vasoconstritor; 2-Remoção de tecido cariado e Abertura coronária de acordo com o ponto de eleição, brocas e forma de conveniência indicados para o dente em tratamento; 3-Isolamento absoluto; 4-Descontaminação do campo operatório com hipoclorito de sódio (NaOCl) a 2,5% ou clorexidina a 2%; 5-Exploração do canal. Durante a exploração de canais mais amplos, a polpa deve ser deslocada das paredes dentinárias pela ação do instrumento. (ex. utilize além de um instrumento, aumente o diâmetro para remoção do tecido pulpar); 6- Preparo do terço cervical e obtenção do comprimento de trabalho (CT). 7-Completo preparo químico-mecânico. (Se não houver dor à percussão, realiza-se a obturação do canal radicular) obs: houver necessidade de uma consulta adicional, deve-se aplicar uma medicação intracanal com pasta de hidróxido de cálcio associado a soro fisiológico. 8- Selamento coronário com cimento temporário. Caso o cirurgião dentista não possua tempo para fazer um atendimento completo, poderá optar em fazer a seguinte abordagem. 1- Dentes unirradiculares: pulpectomia e medicação com corticosteroide (p. ex., Decadron® colírio ou Otosporin®); 2- Dentes multirradiculares: pulpectomia do canal mais amplo (distal, nos molares inferiores e, palatino, nos molares superiores) ou apenas pulpotomia (quando o tempo disponível para atendimento for muito curto). Medicação com corticosteroide (Decadron colírio ou Otosporin). 32 3-Selamento coronário com cimento temporário e prescrição de analgésico/anti- inflamatória. A dor em casos de urgência deve ser controlada, apropriadamente, com analgésicos, antinflamatórios ou com um opióide fraco combinado com antinflamatórios na quantidade adequada. O paciente deve ser avisado dos riscos e complicações futuras se não tiver o tratamento definitivo apropriado, bem como avisado dapossibilidade dos sintomas mudarem ou piorarem, antes do término do tratamento. O medicamento indicado é o Ibuprofeno de 400 a 600 mg, de 6 em 6 horas por 1 ou 2 dias. Para pacientes com intolerância a antinflamatórios não esteroidais (AINEs), recomenda-se o acetaminofeno (paracetamol) de 650 a 1.000 mg. Entretanto uma vez que a polpa entrou na fase irreversível, os medicamentos se tornam ineficazes e de nada valerá administrar analgésicos e/ou antinflamatórios. A conduta correta e eficaz que eliminará a dor do paciente é a abertura do dente. Nos casos em que o paciente se encontra numa fase de transição entre a pulpite reversível e a irreversível, torna-se eficaz o uso de analgésicos. O uso de analgésico/antinflamatório quando por limitações de tempo, inabilidade do operador, dor perirradicular ou problemas anatômicos, não é realizado o tratamento de canal em uma sessão, necessitando consulta adicional. 33 Analgésicos Indicação: Quando paciente relata desconforto, casos de dor leve a moderada. Exemplos: Dose adulta :Paracetamol 750 mg, 1 cápsula de 8/8 horas. Dose Infantil: Paracetamol 32 mgm, 1 gota/kg ou 0,4ml/kg da suspensão (no máximo 4 vezes/dia) Dose adulta: Dipirona 500mg ou 35 gotas VO 4/4 h Dose Infantil: Dipirona 6 a 15mg ,1 gota/ 2kg Anti-inflamatórios Indicações: Diante de um processo inflamatório de características moderada a Severa, quando este estiver acompanhado de uma infecção sempre administrar em conjunto um antibiótico. Exemplos: Dose adulta: Diclofenaco Sódico 50 mg 1 cp VO 6/6 hs durante 03 dias . Dose infantil: Acima de 12 anos: 1 a 2mg/kg/dia, 8/8h ou 12/12h (dose máxima 200mg/dia) Dose adulta: Ibuprofeno 600 mg 1 cp VO 6/6hs. Dose infantil: Ibuprofeno 5 a 10 mg/kg/, dose máxima 1200mg/dia. Dose adulta: Piroxam 20 mg 1 cp VO ao dia. Dose infantil: Acima de 12 anos: 0,4mg/kg/dia. CUIDADO Doses excessivas de paracetamol pode causar hepatotoxicidade. CUIDADO Antinflamatórios podem cortar efeito de anti-hipertensivos. O que ocorre é a inibição da enzima COX que gera a redução sistêmica e renal da síntese de prostaglandinas. 34 Um estudo sobre o efeito da anestesia local na dor pós-operatória em dentes com pulpite irreversível concluiu que os pacientes aos quais foram administrados bupivacaína não sentiram dor após 6 horas do tratamento quando comparados com os que receberam lidocaína para a realização do mesmo tratamento A fim de aumentar o sucesso anestésico e possibilitar a realização do procedimento endodôntico várias possibilidades têm sido estudadas, como a utilização de técnicas anestésicas complementares, uso de medicamentos por via oral previamente à injeção anestésica ou em infiltração concomitante ou de forma suplementar, como anti-inflamatórios, analgésicos, sedativos e outros aditivos. As técnicas complementares mais utilizadas são intraligamentar, infiltrativa vestibular, intraóssea e, em última instância, a técnica intrapulpar. A técnica intraligamentar consiste na injeção da solução anestésica no espaço ocupado pelo ligamento periodontal, entre o cemento e o osso. Na técnica intraóssea é realizada uma perfuração da cortical óssea vestibular, no espaço entre o dente a ser tratado e seu vizinho mais distal; quando o dente a ser tratado é o segundo molar inferior a perfuração é feita na região mesial. O ponto de perfuração é sobre uma linha imaginária passando no centro da papila gengival entre os dois dentes, cerca de 4 mm em direção apical a partir de uma linha que une a margem gengival dos dois dentes (Malamed, 2013). Após a perfuração da cortical óssea, a solução anestésica é injetada diretamente no osso esponjoso, próximo ao ápice da raiz dental, de onde é rapidamente absorvida. E, finalmente, quando as técnicas anestésicas complementações não resultaram em anestesia adequada para a realização do procedimento e a cavidade pulpar já está exposta, resta à última opção para o tratamento desses dentes, a técnica intrapulpar, que consiste na injeção de solução anestésica diretamente no canal radicular. Nesta técnica o controle da dor é obtido não apenas pela ação farmacológica da solução anestésica, mas também pela pressão aplicada no momento da injeção. 35 DICA É uma técnica vantajosa porque tem início de ação imediato e o volume anestésico necessário é mínimo. Porém, a anestesia intrapulpar é traumática, pois está associada a um período de dor intensa. Figura 4. Té cnica anésté sica intrapulpar. . DICA A conduta correta e eficaz que eliminará a dor do paciente é a abertura do dente. 36 Paciente do sexo feminino, 33 anos relatou dor no elemento 26 durante a decolagem de um vôo que durou aproximadamente 1 hora, a paciente relatou sentir dor principalmente quando era exposta ao estímulo frio, a dor era intensa e de longa duração. Ao exame clínico, observou-se que o elemento dental apresentava uma restauração em resina composta na face oclusal, e lesão cariosa na face distal. Os testes de percussão e palpação foram negativos, e o de vitalidade pulpar ao frio positivo. Ao exame radiográfico verificou-se ausência de alterações significativas como lesão periapical e ausência de aumento do espaço do ligamento periodontal. Ajude o profissional no diagnóstico desse caso. Caso Clínico 37 http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-40122014000300009&lng=pt&nrm=iso http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-40122014000300009&lng=pt&nrm=iso 38 1- LOPES, H. SIQUEIRA JR, JF. Endodontia: biologia e técnica. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 2- Soares,I. e Goldberg,F.(2001) Emergências Endodônticas, In: Soares, I. e Goldberg, F.(ED.).Endodontia: Técnica e fundamentos. Porto Alegre,Artmed,pp.250-273. 3- LEONARDO, Mário Roberto. Endodontia: tratamento de canais radiculares: princípios técnicos e biológicos. 2 volumes encadernados. São Paulo: Artes Médicas, 2005. Reimpressão 2008. 4-Barbin, Eduardo Luiz; Spanó, Júlio César Emboava; De Matos, Maickel; Schnorrenberger, Rochele. Aspectos Gerais do Comprometimento Pulpar. Plataforma de Ensino Continuado de Odontologia e Saúde (PECOS), Pelotas, 2012. Disponível em: Acesso em: 01 ago. 2012. 5-NÓBREGA, F. J.; NÓBREGA,M. Manual de medicamentos habitualmente usados em pediatria. 12. ed. São Palo: Nestlé/ Nutrição. 2003. 39 Diagnóstico Endodo[Digite uma citação do documento ou o resumo de um ponto interessante. Você pode posicionar a caixa de texto em qualquer lugar do documento. Use a guia Ferramentas de Desenho para alterar a formatação da caixa de texto de citação.] Patríc Periodontite Apical Aguda Protocolo de Atendimento de Urgência Alayana Bruna Silva Campos Kamylla Oliveira Chaves Lorena de Jesus Barreiros Naftally Lorrane Oliveira Moura A agressão microbiana aos tecidos perirradiculares pode induzir a liberação de mediadores químicos envolvidos no desenvolvimento de uma resposta inflamatória aguda. Muitas dessas substâncias agem sobre a microcirculação, promovendo vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. Isso gera a saída de fluidos dos vasos e formação de edema, levando à compressão das fibras nervosas sensoriais. Essa compressão é o principal responsável pela dor de origemperirradicular, pois o ligamento periodontal apical possui pouco espaço para expandir. Como a causa da dor perirradicular de origem infecciosa é a presença de bactérias no interior do sistema de canais radiculares, o tratamento desta condição é a eliminação ou pelo menos a redução da população bacteriana intracanal. Considerando que as bactérias localizadas na porção apical são as principais envolvidas na agressão dos tecidos perirradiculares, não é justificável realizar a instrumentação dos dois terços coronários do canal na sessão de URGÊNCIA, deixando o segmento apical para uma segunda sessão. 4 Objetivo de aprendizagem Detalhar o protocolo de atendimento de Urgência para casos de Periodontite Perirradicular Aguda. 40 No entanto, quando não há um tempo suficiente para a instrumentação completa do canal, como geralmente ocorre nas situações de urgência, ao se realizar a abertura coronária e a limpeza dos dois terços coronários, pode haver alívio dos sintomas por causa da diferença de pressão (perirradicular e atmosférica), que induz uma drenagem, ainda que mínima e as vezes não observada clinicamente, mas de magnitude suficiente para reduzir a compressão no ligamento periodontal apical. Contudo, a remissão dos sintomas é mais previsível quando o canal é limpo e desinfetado em toda sua extensão. A periodontite apical aguda (PAA), também chamada de pericementite apical aguda, é uma inflamação do compartimento periodontal apical consequente de injúrias física, química ou bacterianas. Tais injúrias podem ser decorrentes de traumas (injúria física) ou agentes etiológicos que podem chegar ao periodonto apical via canal radicular através do forame apical. O diagnóstico diferencial entre PAA e abscesso apical aguda em fase inicial se faz necessário. Quadro clinicamente mais evidente, mais significativo ou mais intenso, sinaliza para o abscesso dentoalveolar agudo em fase inicial. Dor intensa à mastigação; teste positivo de percussão e, às vezes, de palpação; Dor ao toque: o paciente tem a sensação de dente crescido por causa da ligeira extrusão do dente, no alvéolo, em decorrência do edema no ligamento periodontal apical; Radiograficamente: pode haver ou não espessamento do ligamento periodontal. 41 Fique atento Os resultados dos testes pulpares são negativos, uma vez que a periodontite apical aguda está associada, em geral, à necrose pulpar. Nos raros casos em que esta patologia estiver associada à inflamação pulpar irreversível, os resultados dos testes são similares aos da pulpite irreversível. Figura1. Espessamento do espaço do ligamento periodontal em dente com periodontite apical aguda. DICA Quando se observa extensa área de destruição óssea perirradicular associada à periodontite apical aguda, esta encontra-se associada à agudização de um processo crônico, como granuloma ou cisto. 42 1° opção - Preparo inicial: opta-se pela anestesia com Mepivacaína ou Bupivacaína; - Abertura coronária; - Isolamento absoluto; - Inundação da câmara pulpar com NaOCL a 2,5%; - Desinfecção progressiva do canal: um instrumento de pequeno calibre (#08, #10, #15) é introduzido de maneira folgada no canal, com movimentos suaves de vai e vém, carreando a solução irrigadora no sentido apical e desalojando o tecido pulpar necrosado e infectado. Neste momento, nenhuma ação de corte deve ser exercida contra as paredes dentinárias. Após o avanço, de 2 a 3mm, no interior do canal, a lima é removida, limpa com gaze estéril e a solução irrigadora renovada na câmara pulpar. A lima é então reinserida no canal e estas manobras repetidas até que o instrumento atinja o limite entre os terços médio e apical; - Limpeza por ampliação dos dois terços coronários com brocas Gates- Glidden ou outros instrumentos acionados ao motor (pode ser feito também a associação de instrumentos, como por exemplo Gates I, II e III e Largo I e II para a ampliação do terço cervical); - Limpeza apical e obtenção do CT com limas de pequeno calibre e irrigação abundante com NaOCL a 2,5%; - Completo preparo químico – mecânico; - Colocação de medicação intracanal; - Selamento coronário com cimento temporário e prescrição de analgésico/anti-inflamatório; - Alívio oclusal. 43 2° opção (quando há limitações de técnica, tempo e anatomia) - Preparo inicial; - Instrumentação dos terços cervical e médio, preservando os 3 a 4mm apicais e irrigando com NaOCL a 2,5%; - Remoção do excesso de NaOCL do canal por meio de aspiração: não secar o canal com cones de papel. - Colocação de mecha de algodão embebida em NaOCL na câmara pulpar: uma pasta de hidróxido de cálcio não é aplicada nesta situação, pois o canal ainda não foi totalmente instrumentado. A aplicação de NaOCL visa minimizar a penetração de bactérias da saliva por uma possível microinfiltração do selador temporário. Além disso, mantém ação antimicrobiana residual, impedindo proliferação microbiana até que a completa instrumentação seja executada, no máximo, em 7 dias. -Selamento coronário com cimento temporário e prescrição de analgésico/anti-inflamatório; -Alívio oclusal. Assista ao vídeo Periodontite Perirradicular Aguda Acesse QR CODE 44 Dor severa Ibuprofeno 400 mg + acetominofeno de 6 em 6 horas + oxicodona 10mg 1 a 2 comprimidos 2 x ao dia Dor moderada Ibuprofeno 400 mg + acetominofeno 1 comprimido a cada 6 horas Dor de baixa intensidade Ibuprofeno 400 mg 1 comprimido a cada 6 horas 45 Paciente, G. S. F., 18 anos, sexo masculino, feoderma, estudante, compareceu à clínica escola da faculdade facimp – wyden, durante o curso de atualização em Endodontia, com a queixa principal “comecei o tratamento de canal do dente 46, não finalizei e agora está doendo”. Durante a anamnese, o paciente relatou que tinha a sensação que o dente estava crescido e que doía quando o se alimentava. No exame físico extraoral não foi observado alterações e no intraoral, observou-se uma restauração provisória com cimento de ionômero de vidro, sem presença de edema na região apical. Foi realizado então os testes de percussão vertical, percussão horizontal e de vitalidade pulpar (térmico ao frio) no dente em questão, no qual o único com resultado positivo foi o de percussão vertical. O dente vizinho também foi examinado para que não houvesse dúvidas, e o resultado foi negativo aos testes de percussão horizontal e vertical, e teste de vitalidade pulpar positivo. Foi realizado radiografia periapical do dente 46, a qual apresentou um ligeiro espessamento do ligamento periodontal apical (fig-1), com integridade da lâmina dura. Diante dos dados obtidos através da anamnese, exame clínico e radiográfico, o diagnóstico foi de periodontite apical aguda no dente 46. Foi realizado, então, o atendimento de urgência na seguinte sequência: isolamento absoluto, remoção da restauração provisória, exploração e esvaziamento no cad-3 com limas especiais (foi detectado possível desvio do canal mesiolingual), irrigação com NaClO a 1%, preparo dos terços cervical e médio, colocação da medicação intracanal (soro fisiológico + hidróxido de cálcio P.a) e selamento coronário com cimento de ionômero de vidro. Como terapia complementar, foi prescrito ibuprofeno 400mg. Solicitou-se uma tomografia para análise de possível desvio do canal mesiolingual para que o tratamento possa ser finalizado. Caso Clínico 46 Figura 2. Radiografia periapical. Dente 46 com espessamento do ligamento periodontal apical 47 http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-86372013000500007http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-86372013000500007 48 1- LOPES, H. SIQUEIRA JR, JF. Endodontia: biologia e técnica. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 2- KRIGER, L. MOYSES, SJM., MOYSES, ST., Clínica Integrada em Odontologia. São Paulo: Artes Médicas, 2013. 3- A. L. KIRCHHOFF, R. VIAPIANA, R. G. RIBEIRO Repercussões periapicais em dentes com necrose pulpar, Porto Alegre: Revodonto, 2013. 49 Diagnóstico Endodo[Digite uma citação do documento ou o resumo de um ponto interessante. Você pode posicionar a caixa de texto em qualquer lugar do documento. Use a guia Ferramentas de Desenho para alterar a formatação da caixa de texto de citação.] Objetivos de aprendizagem - Divulgar informações sobre a estruturação do Diagnóstico e tratamento de urgência do Abscesso Perirradicular Agudo na fase inicial Bruna Pessoa de Sousa Cavalcante Caio Felipe Bezerra Veras Vinícius de Oliveira Sousa Ricardo Lima Negreiros Barros 5 O abscesso dentário ou periapical, tanto na variável aguda quanto na crônica, consiste em um processo inflamatório com formação de pús nos tecidos periapicais, localizados ao redor da ponta da raiz do dente, que normalmente geram dor. O Abscesso Perirradicular Agudo pode ser causado por agentes físicos, químicos e microbianos, responsáveis por alterações inflamatórias irreversíveis do órgão pulpar, com posterior infecção do tecido periapical. O motivo mais comum é a presença dos microorganismos que causam as cáries que, ao não serem tratados adequadamente, acabam infeccionando a polpa do dente, e logo após, passam do interior do canal radicular a região apical. 50 Os diagnósticos dos abscessos possuem diferentes níveis de evolução, devendo ser correto para determinar o tratamento mais adequado através de uma conduta anamnésico-clínico-radiográfica própria para cada fase do abscesso. No abscesso agudo, a coleção permanece confinada à região periapical, neste caso, o paciente apresenta dor contínua, localizada e pulsátil, sendo detectável uma sintomatologia dolorosa nos exames à palpação apical e percussão. É a fase do tratamento em que ocorre a ausência da tumefação local, paciente se queixa de dor intensa, espontânea e localizada, dando a sensação da latejamento e pressão. O elemento apresenta resposta negativa aos testes térmicos de vitalidade pulpar e pequena mobilidade. Logo, ao exame radiográfico pode se observar uma lesão radiolúcida na região apical quando é devido à agudização de um Granuloma ou Cisto. E apenas um alargamento do espaço do ligamento periodontal. Figura 1. Esquema do Abscesso Perirradicular em fase inicial. 51 O tratamento consiste em abrir uma via para que o pús que estar localizado na região apical consiga ser drenado para fora dessa região. Sendo feita através da anestesia por meio do bloqueio regional, abertura coronária com brocas diamantadas e desbridamento foraminal de 1 a 2 mm. Portanto, se ocorrer à drenagem irrigar abundantemente por 2 minutos com solução de Milton (hipoclorito de sódio a 1%) para dissolver todo o material necrótico que estar no local. Após drenagem colocar medicação intracanal e restauração provisória. Informar ao paciente que a dor deve passar de 24 a 48 horas após, se por acaso ter um agravamento da situação que ele retorne para uma nova avaliação. Protocolo Clínico de Atendimento de Urgência Abscesso Perirradicular Agudo em fase inicial 1. Anestesia infiltrativa e/ou bloqueio (Mepivacaína 2%) 2. Abertura Coronária e Isolamento absoluto 3. Esvaziamento do canal radicular 4. Preparo do Terço Cervical e Médio 5. Odontometria 6. Debridamento foraminal de 1 a 2mm 7. Preparo do Terço Apical 8. Medicação intracanal 9. Selamento provisório 9. Prescrição medicamento (Dipirona sódica 500mg de 4-4 horas) 52 O desenvolvimento de um abscesso perirradicular se dar através da reação de defesa contra os diferentes patógenos advindos do canal radicular e conjuntamente com a persistência da irritação estimulam a resposta inflamatória e imunológica. Nesta fase a lesão se encontra com os mesmos sinais e sintomas encontrados quando está na fase inicial, mas, com edema endurecido e firme a palpação. O elemento em que se estar ocorrendo essa patologia vai apresentar respostas negativas aos testes térmicos e ao radiográfico espessamento do ligamento periodontal, logo, apresenta certa mobilidade. O abscesso quando está nessa fase é bem complexo para se tratar devido após a abertura coronária muitas vezes não ocorrer à drenagem. Tratamento O tratamento é idêntico ao Abscesso na fase inicial, seguindo o protocolo de abertura coronária para ocorrer à drenagem do pús o que nessa fase nem sempre acontece. Sendo necessário muitas das vezes prescrever analgésicos como paracetamol G ou Tylenol 750mg de 4 em 4 horas. Vale ressaltar, que pode ser prescrito também que o paciente faça bochechos com água morna para que melhore na drenagem do pús. FIQUE ATENTO A obturação do canal radicular só pode ser realizada após a regressão total dos sinais e sintomas do abscesso. 53 EVOLUÇÃO Protocolo Clínico de Atendimento de Urgência Abscesso Perirradicular Agudo em Evolução 1. Anestesia infiltrativa e/ou bloqueio ( mepvacaína 2% ) 2. Abertura Coronária e isolamento absoluto 3.Esvaziamento do canal radicular 4. Preparo do Terço Cervical e Médio 5. Odontometria 6. Preparo do Terço Apical Figura 2. Esquema do processo de evolução do Abscesso em fase inicial para fase em evolução. 54 7. Debridamento foraminal de 1 a 2mm 8. Medicação intracanal 9. Selamento provisório 10. Prescrição medicamentosa (Codeína 30mg + paracetamol 500mg de 4-4 horas e amoxicilina 500mg de 8-8 horas por 7 dias) 11. Recomendações: bochechos com água morna no mínimo 5 vezes ao dia Trismo é considerado a limitação de abertura bucal cuja etiologia está associada a diversos fatores tais como disfunção temporomandibular, complicações exodônticas, lesão cancerosas, entre outras. Resulta da instalação de processo inflamatório o qual, muitas vezes, não é grave e nem impede o paciente de executar suas atividades normais. Quando necessário, está indicado para o tratamento do trismo o uso de anti-inflamatórios não esteróides (AINES), relaxantes musculares bem como terapias físicas através do uso de calor. Protocolo Clínico de Atendimento de Urgência 1. Prescrição medicamentosa – Amoxicilinca 500mg de 8-8 horas Amoxicilina 500mg + metronidazol 250mg de 8-8 horas Amoxicilina 500mg + acido clavulânicoG 125mg de 8-8- horas Após melhora do trismo 2. Anestesia infiltrativa e/ou bloqueio (mepivacaína 2%) 3. Abertura Coronária e isolamento absoluto 55 4. Esvaziamento do canal radicular 5. Preparo do Terço Cervical e Médio 6. Odontometria 7. Preparo do Terço Apical 8. Debridamento foraminal de 1 a 2mm 9. Medicação intracanal 10. Selamento provisório 11. Prescrição medicamentosa (Codeína 30mg + paracetamol 500mg de 4-4 horas e amoxicilina 500mg de 8-8 horas por 7 dias) 12. Recomendações: bochechos com água morna no mínimo 5 vezes ao dia 13. Proservação. Assista ao vídeo Abscesso Perirradicular Agudo Acesse QR CODE 56 O paciente J.M.F.S. (41 anos), leucoderma, compareceu à clínica escola da FACIMP WYDEN com queixa de dor intensa, latejante, ininterrupta e espontânea. Apresentava edema de grande vulto na região inferior e posterior de mandíbula, com histórico de evolução do quadro de sete dias. O paciente relatou acometimentos febris e perturbações no ciclo de sono-vigíliadevido à dor intensa e progressiva. Ao exame intra-oral constatou-se cárie profunda no dente 36, edema, eritema e sem ponto de flutuação na região acometida. Os testes térmicos foram negativos, mas o de percussão vertical positivo. Ajude o profissional no diagnóstico desse caso. Figura 1 - Radiografia periapical evidenciando aumento do espaço do ligamento periodontal do dente 36. Caso Clínico 57 http://www.revista.aborj.org.br/index.php/rbo/article/viewFile/44/48 http://www.revista.aborj.org.br/index.php/rbo/article/viewFile/44/48 58 1- LOPES, H. SIQUEIRA JR, JF. Endodontia: biologia e técnica. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 2- ROCHA, Rodney Garcia. Clinica integrada em odontologia 1.ed.São Paulo: Artes medicas, 2013 3- ESTRELA, C. Rev. bras. odontol., Rio de Janeiro, v. 65, n. 2, p.186-195, jul./dez. 2008. Terapêutica do abscesso 59 Diagnóstico Endodo[Digite uma citação do documento ou o resumo de um ponto interessante. Você pode posicionar a caixa de texto em qualquer lugar do documento. Use a guia Ferramentas de Desenho para alterar a formatação da caixa de texto de citação.] Patrícia Santos Oliveira Dayra Sousa Larissa Guedelha Vanessa Lopes O Abscesso Perriradicular Agudo é dividido de acordo com a sua fase de evolução, pode ser intra-ósseo, subperiosteal e submucoso, a fase submucosa, é sua fase final de evolução, por esse motivo também pode ser chamado de evoluído. Nessa fase, o pús ultrapassou a lâmina dura, chegou no trabeculado ósseo e se fixou na região de submucosa. A característica clínica desse estagio são: assimetria facial e edema com presença de ponto de flutuação e consistente ao toque, dor espontânea, pulsátil, teste de vitalidade pulpar negativo, envolvimento sistêmico com presença de febre, mal estar e linfadenopatia regional. Na radiografia fica perceptível a reabsorção óssea, demonstrada pela área radiolúcida difusa na região apical, e espessamento do ligamento periodontal. Figura 1. Abscesso periapical evoluído com drenagem intra oral (Leles & Estrela) 6 Objetivos de aprendizagem - Ao final desse capítulo, o aluno deve estar apto para Não só diagnosticar, mas realizar o tratamento de Urgência diante de um abscesso perriradicular agudo, afim de impedir sua disseminação 60 *Anamnese; *Exame clínico intra e extra-oral; *Exame radiográfico; *Antissepsia oral; *Anestesia: mepivacaína a 3% ou Bupivacaína a 2% (bloqueio regional e infiltrativa); *Alivio oclusal; (devido à extrusão do dente) *Abertura coronária; *Isolamento absoluto; *Farta irrigação com hipoclorito de sódio de 1 a 2%; *Esvaziamento do conteúdo do canal radicular, com consequente processo de sanificação auxiliado por instrumento de calibre fino e hipoclorito de sódio a 1%. O forame é ampliado até a lima nº15 ou 25 (tipo k-File), dependendo do diâmetro inicial; *Desbridamento foraminal 1mm além; *Medicação intracanal hidróxido de cálcio com soro fisiológico (pasta) ou Ultracal; *Selamento provisório coltosol na embocadura do canal e CIV. NÃO OCORRENDO A DRENAGEM VIA CANAL Faz-se necessário a abertura do trajeto para a drenagem de secreção purulenta formada 61 DRENAGEM INTRAORAL Remover isolamento absoluto; *Drenagem, próximo à região do dente, e o ponto de flutuação; *Incisão de aproximadamente 0,5 a 1,0 cm com bisturí sobre o ponto de flutuação; * Divulsão com uma pinça ou tesoura de ponta fina, atingindo a área de necrose e pús permitindo o seu extravasamento. * Pressionar a região demasiada com compressa de gaze, favorecendo maior drenagem; *Em caso de extensão de secreção purulenta: *Instalação de dreno (pedaço de lençol de borracha ou luva), tempo de manutenção do dreno é de 72 horas a 1 semana; podendo variar dependendo da resposta imunológica do paciente.) CUIDADOS ADCIONAIS: *Bochecho com água morna *Instruções de higiene oral *Retorno de 3 a 7 dias, para preparo do canal radicular. TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA *Analgésico /Antiinflamatório - Ibuprofeno 600 mg de 6/6 horas *Antibiótico - 1° escolha: Amoxilina 500 mg com ácido clavulânico 125 mg de 8/8 horas - 2° escolha: Clindamicina 300 mg de 6/6 horas DRENAGEM EXTRAORAL *Anestesia deve ser feita superficial a pele ao redor da área com tumefação 62 * Incisão de aproximadamente 0,5 a 1,0 cm com bisturi nº 15 no ponto mais baixo possível dentro da área de flutuação da pele deve ser direcionada acompanhando as linhas anatômicas, evitando a formação de cicatrizes. Acesse https://www.youtube.com/watch?v=aceB8UyTSjQ&feature=youtu.be. * Uma vez drenada a secreção purulenta, prepara-se o dreno favorecendo a manutenção da abertura da incisão mantendo-se a drenagem por um período maior. Acesse https://www.youtube.com/watch?v=bZDEIIA_iYk&feature=youtu.be. * O dreno pode ser feito com lençol de borracha em forma de T mantido por um período médio de 48a 72 horas. * A área da incisão pode ser protegida com pomada antisséptica (Hipoglós) que vai auxiliar no controle microbiano e na fácil remoção do dreno e de gaze protetora. CURATIVO: *Pomada antisséptica ao redor das bordas da ferida; *Com gaze para cobrir area; *Trocar curativo a cada 24 horas. CUIDADOSADICIONAIS: *Compressa morna na região do curativo; *Instruções de como trocar o curativo; *Retorno de 3 a 7 dias. TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA *Analgésico /Antiinflamatório - Ibuprofeno 600 mg de 6/6 horas *Antibiótico - 1° escolha: Amoxilina 500mg com ácido clavulânico 125 mg de 8/8 horas - 2° escolha: Clindamicina 300mg de 6/6 horas DICA Na anestesia, somente o bisel da agulha deve ser introduzido, conforme vai injetando o líquido, nota-se o início da esquemia. https://www.youtube.com/watch?v=aceB8UyTSjQ&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=bZDEIIA_iYk&feature=youtu.be 63 VIAS DE DISSEMINAÇÃO DO ABSCESSO Quando não tratado adequadamente, a infecção odontogênica pode ser responsável pela disseminação de bactérias para os espaços fasciais. A difusão do exsudato purulento para os espaços fasciais da cabeça e do pescoço é definido pelo término radicular e sua relação com a cortical e sua inserção muscular (ver a tabela 1). DICA Quando a disseminação da infecção causa trismo são acrescentados os seguintes cuidados: Compressas mornas por 20 min a 1 hora. Uso de relaxante muscular (Diazepam ou outro benzodiazepínico). Uso de goma de mascar sem açúcar (ATM). Vídeo 1 - Drenagem extra oral Vídeo 2 – Colocação do dreno extra oral https://www.youtube.com/watch?v=aceB8UyTSjQ&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=bZDEIIA_iYk&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=aceB8UyTSjQ&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=aceB8UyTSjQ&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=bZDEIIA_iYk&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=bZDEIIA_iYk&feature=youtu.be 64 Dente Envolvido Cortical Via de disseminação Dentes Inferiores Vestibular Fundo de vestíbulo mandibular, se o ápice do dente estiver acima do músculo bucinador (dentes posteriores) ou mentoniano (dentes anteriores). Dentes Anteriores Inferior Vestibular Lingual Espaço mentoniano, se o ápice dodente estiver abaixo da inserção do músculo mentoniano. Espaço submentoniano, se o ápice dentário estiver abaixo da inserção do músculo milo-hioideo. Dentes Posteriores Inferiores Lingual Espaço submandibular, se o ápice do dente estiver localizado abaixo da inserção do músculo milo-hioideo. Se envolver os espaços submentoniano, sublingual e submandibular será chamado de Angina de Ludwig. Segundo e terceiros molares também podem drenar para o espaço pterigomandibular. Dentes Posteriores Superiores Vestibular Fundo de vestíbulo, se o ápice dentário estiver abaixo da inserção do musculo bucinador. Dentes Superiores Palatina Palato Incisivo Central Superior Vestibular Base do lábio superior, se o ápice do dente estiver localizado acima da inserção do musculo orbicular da boca. Canino e o Primeiro Molar Superior Vestibular Espaço infraorbitário ou canino, se o ápice do dente estiver localizado acima da inserção do musculo levantador do ângulo da boca. Tabela 1 – Via de disseminação do abscesso agudo levando em consideração o dente e a cortical envolvida 65 Fique Atento Após se instalar a Angina de Ludwig, a celulite pode ainda avançar para os espaços faríngeo e cervical, causando obstrução das vias áreas e levar a morte. Assista ao vídeo Abscesso Perirradicular Evoluído Acesse QR CODE 66 Uma paciente VGS, 44 anos, casada, melanoderma, dona lar, portadora de síndrome de cushing, buscou atendimento de urgência na Clínica Escola da Facimp Wyden. Na anamnese, a paciente relatou sentir dor no dente 22. No exame físico intraoral a acadêmica observou presença de um abscesso na mucosa referente àregião apical do dente 22, além de cárie extensa na palatina do dente em questão. Ao exame radiográfico observou no dente 22 extensa lesão de cárie com envolvimento pulpar, e grande reabsorção óssea na região apical. No teste de percussão vertical e horizontal houve exacerbação da dor principalmente no dente 22, no teste de vitalidade pulpar térmico pelo frio resultou em ausência de estímulo no dente 22 e presença de estímulo no dente 21. Abaixo uma demonstração do protocolo do tratamento de urgência no referido caso. Figura 2. Exame clínico intraoral com presença de edema e ponto de flutuação / Exame radiográfico apresentando cárie extensa e reabsorção óssea. 67 1- LOPES, H. SIQUEIRA JR, JF. Endodontia: biologia e técnica. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 2- ESTRELA & FIGUEIREDO. Endodontia: Princípios Biológicos e Mecânicos. 1ª. ed. São Paulo. Ed. Artes Médicas. 1999. 819p.. 3- COHEN, S. & HARGREAVES, K. M.Caminhos da Polpa. 9ª. ed. (Português), Ed. Elsevier Editora Ltda, Rio de Janeiro, 2007. 1079p. 68 Diagnóstico Endodo[Digite uma citação do documento ou o resumo de um ponto interessante. Você pode posicionar a caixa de texto em qualquer lugar do documento. Use a guia Ferramentas de Desenho para alterar a formatação da caixa de texto de citação.] Patrícia Santos Oliveira Objetivos de aprendizagem - Transmitir informações sobre a dor após tratamento endodôntico em casos de urgência. Amanda Lima Andrade Ana Paula Silva Oliveira Lucca Manoel Rodrigues F. Soares Thalita Sousa Ramos Entre as atribuições do Cirurgião Dentista (CD) uma das mais nobres e significativas refere-se ao alívio da dor do paciente. A dor de origem pulpar ou perirradicular corresponde a cerca de 90% dos casos de urgência em consultórios dentários, sendo que o CD deve aliviar imediatamente essa dor, podendo levar a uma intervenção de caráter endodôntico aliado à medicação. 7 69 A dor se apresenta como uma experiência sensorial e emocional; como o medo, ansiedade e desconforto associado a um dano tecidual potencial real, causado por fibras nervosas altamente especializadas chamadas nociceptores. Desse modo antes de a resposta sensorial primária ao estímulo nocivo (isto é, potencial de ação) ser conduzida ao córtex cerebral para percepção, ela alcança o corno dorsal da medula. À vista disso, funcionando como uma inversão do potencial de membrana que percorre uma membrana de uma célula, os mesmos são essenciais porque transportam rapidamente, além de coordenar informações entre e dentro dos tecidos. Eles podem ser gerados por diversas células, mas são empregados mais intensamente pelo sistema nervoso, com intuito de comunicação entre neurônios e para transmitir informações dos neurônios para outro tecido do organismo. Isso ocorre devido à formação (da bomba de sódio e potássio). Os potenciais de ação são mensageiros essenciais para a linguagem neuronal. Figura 2- Mecanismo de ação dos anti-inflamatórios não esteroidais. 70 DICAS para indicar o retratamento endodôntico devemos avaliar: presença de fístula, dor a palpação, sensibilidade ao toque, dor espontânea, tratamento endodôntico inadequado com rarefação óssea, ausência de tratamento restaurador adequado. Retratamento endodôntico é sempre a primeira opção quando surge um fracasso de um tratamento prévio, envolve a remoção do material obturador antigo dos canais, nova desinfecção e conformação de todos os canais, identificação e conformação de todos os problemas encontrados no tratamento prévio e por fim novo preenchimento dos canais com material selador, trata-se geralmente de uma dificuldade, elevados estudos mostram que o insucesso endodôntico é decorrente de 03 fatores – técnica responsável pelo operador, patológico, pois há presença de microrganismos e sistêmico que são doenças que dificulta o processo de reparo tecidual. Há indicações basicamente quando um dente tem uma infecção ou inflamação, devemos remover o lado e preencher com material, com o objetivo de selar a entrada coronária para que tenha uma resposta favorável, o retratamento é um procedimento realizado em um dente que recebeu tentativa anterior de tratamento definitivo que resultou em uma condição que requer um novo tratamento endodôntico adicional para obtenção de resultados de sucesso. Critério clínico Dor a percussão e/ou palpação, não é mais de origem pulpar, pois a polpa já foi removida, assim não necessita mais realizar os testes térmicos. A dor é de origem periapical, edema intra ou extraoral, fístula, perda da função mastigatória, aumento do volume do fundo de saco de vestíbulo. 71 Os AINES (anti-inflamatórios não esteroidais) e os analgésicos são as medicações mais utilizadas no tratamento da dor aguda e crônica decorrente de um processo inflamatório, que é caracterizado pelo extravasamento do plasma ocasionando edema e tumefação. Considerando que esse grupo de medicamentos deve ser empregado após fazer um balanço entre riscos e benefícios para o paciente. Sua ação decorre da inibição da síntese de prostaglandinas (PG), mediante inibição das enzimas ciclooxigenase1 (COX-1) e ciclooxigenase2 (COX-2), criando subgrupos de anti-inflamatórios seletivos e não seletivos para COX-2. O uso de AINEs acarreta também a inibição das “prostaglandinas benéficas”, que possui papel protetor do GI (gastrointestinal) promovendo desconforto gástrico, e por esse motivo não sendo tolerados por alguns indivíduos. No entanto a base fundamental para a terapêutica coadjuvanteao tratamento endodôntico é o correto diagnóstico da patologia presente. Há dois sítios de ação no qual os fármacos podem agir. Em primeiro instante, age perifericamente, diminuindo a produção de PG sensibilizando os mediadores químicos da inflamação e seus eventos vasculares. Sua segunda ação é central, menos caracterizada possivelmente na medula espinhal. As lesões inflamatórias aumentam a liberação de PG na medula, o que facilita a transmissão de dor através de neurônios. 72 Há atualmente uma grande preocupação quanto ao abuso terapêutico dos antibióticos, pois um dos motivos fundamentais para o incremento da resistência bacteriana é o emprego excessivo desses fármacos por parte de alguns profissionais da área da saúde. Relacionado ao papel dos antimicrobianos no tratamento das infecções, esses medicamentos devem ser considerados apenas com auxiliares na terapêutica, ou seja, através de seus mecanismos de defesa imunológica, ajudam a limitar o processo criando condições para que o hospedeiro possa eliminar os agentes causais de uma maneira rápida e eficaz. Além de que, os antibióticos podem ser empregados para uso profilático, onde não existe infecção, mas o risco para tal. É uma emergência que aponta a agudização podendo ser desencadeada entre as sessões de tratamento de canais radiculares e apresenta sinais de inflamação (dor, calor, rubor, edema e perda da função). A inflamação aguda nos tecidos perirradiculares é originada por alguns fatores, como microoganismos e seus produtos (causa principal); iatrogenia (instrumentação incompleta do canal, perfurações); hospedeiro. Protocolo clínico de atendimento de Urgência O tratamento dependerá da situação que o paciente se encontra no consultório odontológico, em caso de: - Obturação adequada: deve-se prescrever analgésico/anti-inflamatórios; - Obturação inadequada: iniciar o retratamento. Caso o CD não tenha tempo, deve- se seguir o protocolo abaixo. - Radiografia inicial; - Anestesia tópica; 73 - Anestesia do nervo; - Abertura coronária e remoção do teto com a broca de ponta inativa; - Isolamento absoluto; - Esvaziamento e exploração; - Medicação intracanal; - Selamento provisório; - Realizar prescrição medicamentosa de analgésico; Protocolo clínico de Retratamento - Acesso coronário - Desobturação / Remoção do material obturador: Técnicas: - Manual: Hedstroem - Manual e mecânica - Motores rotatórios Gattes e Largo Solventes: - Eucaliptol: MUITO USADO. Menos efetivo que o clorofórmio (Exceto quando aquecido a 30°C); efeito antibacteriano e anti-inflamatório; não apresenta potencial cancerígeno; - Óleo de laranja: MUITO USADO. Desintegrar cimentos de óxido de zinco e eugenol; não é tóxico. - Reinstrumentação Desobturação do conduto Reinstrumentação completa Limpeza e modelagem 74 - Obturação / selamento Assista ao vídeo Dor pós-operatória Acesse QR CODE 75 Caso Clínico Uma paciente T.F.B. 22 anos, solteiro, procurou o atendimento de urgência na clínica escola de Odontologia. Ao ser atendido pelo cirurgião dentista, relatou sentir dor no elemento 46 após a sessão do tratamento endodôntico. Ou seja após a sessão do preparo do canal radicular. (tratamento endodôntico de periodontite crônica). Apresentando como queixa principal “dor quando mastigava”. No exame radiográfico mostrou espessamento do ligamento periodontal, alargamento do forame apical, lesão radiolúcida e não apresentava material obturador. Conclusão do caso: Ocorreu uma Flare-up, pois houve uma iatrogenia do CD durante a Odontometria. Após tal diagnóstico foi realizado anestesia tópica; anestesia do nervo alveolar inferior, bucal e lingual; abertura coronária; isolamento absolulto; remoção da medicação; recapitulação da odontometria pela técnica eletrônica (houve erro nesta etapa, o CRT estava além do limite foraminal); medicação intracanal; restauração provisória e prescrito nimesulida 200mg – 1 comp. Tomar 1 comprimido ao dia durante 3 dias 76 http://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/153_608.pdf http://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/153_608.pdf 77 1- LOPES, H. SIQUEIRA JR, JF. Endodontia: biologia e técnica. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 2- RIBEIRO, Joana Filipa Monteiro. Urgências Endodônticas – Protocolo de Atuação. Mestrado em Odontologia Integrada, Universidade Fernando Pessoa, Porto – Portugal, 2015. 3- ANJANEYULU, K; NIVEDHITHA, M. S. Influence of calcium hydroxide on the post-treatment pain in Endodontics: A systematic review. J Conserv Dent, n. 17, p. 200-207, 2014. 4- L. Z. Palma; W. L. Centenaro; C. A. da Silva; et.al, Incidência de dor após conclusão de tratamento endodôntico em dentes permanentes em pacientes atendidos na clínica escola de odontologia da uri erechim, perspectiva, erechim. v. 41, n.153, p. 73-83, março/2017. 78 Diagnóstico Endodo[Digite uma citação do documento ou o resumo de um ponto interessante. Você pode posicionar a caixa de texto em qualquer lugar do documento. Use a guia Ferramentas de Desenho para alterar a formatação da caixa de texto de citação.] Patrícia Santos Oliveira Embora as injúrias traumáticas ocorram em qualquer idade, a faixa etária mais comum em que elas afetam os dentes permanentes varia de 8 a 12 anos, principalmente como resultado de acidentes com bicicletas, skates, em playgrounds ou acidentes esportivos. O dente mais vulnerável é o incisivo central superior, que envolve aproximadamente 80% das injúrias dentárias, seguido pelo lateral superior e pelos incisivos centrais e laterais inferiores. As injúrias dentárias nunca são agradáveis tanto para o paciente como para o clínico. Um cenário comum durante a visita de urgência revela um paciente traumatizado ou o seu responsável estressado diante de um clínico assoberbado. Este é um dos desafios que os clínicos enfrentam para controlar a cena, acalmar os pacientes e os pais e levar o tempo necessário para conduzir uma avaliação qualitativa das injúrias do paciente. Sem esse controle pelo clínico, lesões importantes podem ser facilmente negligenciadas pela urgência do momento. Aristeu Gomes Neto Ismael Henrique Sampaio Tavares Jackson França Vieira Richardson Vieira Machado 8 Objetivos de aprendizagem - Transmitir informações sobre o traumatismo dentário e seu protocolo de atendimento de urgência. 79 Quando, como e onde ocorreu o acidente são significativos. QUANDO o acidente ocorreu é o mais importante. Com o passar do tempo, começam a se formar coágulos sanguíneos, o ligamento periodontal resseca, a saliva contamina a ferida e tudo isso se torna um fator decisivo em relação à sequência de tratamento. Compreender como o acidente ocorreu ajudará o clínico a localizar injúrias específicas. Um murro nos dentes anteriores pode causar fraturas da coroa, da raiz e do osso da região anterior e é menos provável de lesar regiões posteriores. ONDE o trauma ocorreu torna-se significativo para o prognóstico. A necessidade de profilaxia para o tétano é influenciada pelo local do acidente. QUEIXA PRINCIPAL Com exceção de dor e sangramento, pode haver uma queixa específica que ajude no diagnóstico. Se a queixa for de que os dentes “não estão encaixando”, o clínico
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