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REALIZAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA RAPHAEL SAYDI MUSSI – 2019 RICARDO DE LIMA ARMOND – 2018 EDIÇÃO PLANO B EDUCAÇÃO DIAGRAMAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS – GERÊNCIA DA ESCOLA VIRTUAL PICTORAMA DESIGN Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola Nacional de Seguros E73s Escola Nacional de Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Seguros de transportes /Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; Assessoria técnica de Raphael Saydi Mussi. – Rio de Janeiro: ENS, 2019. 157 p.; 28 cm 1. Seguro transportes. I. II. Título. 0017-1950 CDU 368(072) É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. RIO DE JANEIRO 2019 A Escola Nacional de Seguros promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitaliza- ção e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola Nacional de Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola Nacional de Seguros. SEGUROS DE TRANSPORTES SEGUROS DE TRANSPORTES 1. ASPECTOS GERAIS DE SEGUROS DE TRANSPORTES 10 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 11 DIVISÃO DA CARTEIRA DE SEGUROS DE TRANSPORTES 14 Seguros de Transportes 15 Seguros de Responsabilidade Civil do Transportador 15 CONTRATO DE SEGURO DE TRANSPORTES 16 INTERESSE SEGURÁVEL 17 CONTRATOS DE COMPRA E VENDA E INCOTERMS 18 Obrigatoriedade da Contratação do Seguro de Transportes de Bens 23 INSTRUMENTOS DE UM CONTRATO DE SEGUROS DE TRANSPORTES 24 Questionário 25 Proposta 25 Apólice 26 Averbação 27 Endosso 29 Fatura ou Conta Mensal 29 Certificado de Seguro 29 CONCEITOS UTILIZADOS EM SEGUROS DE TRANSPORTES 30 Limite Máximo de Garantia (LMG) 30 Prazo para Pagamento do Prêmio 31 Franquia e Participação Obrigatória do Segurado (POS) 31 Critérios de Taxação 32 Importância Segurada 33 SUMÁRIO INTERATIVO SEGUROS DE TRANSPORTES SEGUROS DE TRANSPORTES Moeda do Seguro 34 Vistoria 35 FIXANDO CONCEITOS 1 36 2. CONDIÇÕES GERAIS E COBERTURAS BÁSICAS DOS SEGUROS DE TRANSPORTES 40 CONDIÇÕES GERAIS 41 Prejuízos Não Indenizáveis 41 Bens e/ou Mercadorias Não Compreendidos no Seguro 41 Pagamento do Prêmio 43 Prazo do Seguro 43 Regulação e Liquidação de Sinistros 43 OUTROS SEGUROS 44 SUB-ROGAÇÃO DE DIREITOS 44 RESCISÃO E CANCELAMENTO 44 OBRIGAÇÕES DO SEGURADO 45 PERDA DE DIREITOS 47 COBERTURAS BÁSICAS 47 COBERTURA BÁSICA RESTRITA C 49 COBERTURA RESTRITA B 50 COBERTURA BÁSICA AMPLA A 51 PREJUÍZOS NÃO INDENIZÁVEIS (RISCOS NÃO COBERTOS) 51 RISCOS SUJEITOS À CONSULTA PRÉVIA E ESTIPULAÇÃO NA APÓLICE (COBERTURAS A, B E C) 53 Início e Fim dos Riscos (Coberturas Básicas A, B e C) 54 FIXANDO CONCEITOS 2 56 SEGUROS DE TRANSPORTES SEGUROS DE TRANSPORTES 3. COBERTURAS ADICIONAIS DOS SEGUROS DE TRANSPORTES 60 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 61 COBERTURA ADICIONAL DE FRETE E/OU SEGURO 62 COBERTURA ADICIONAL DE DESPESAS 62 COBERTURAS ADICIONAIS DE TRIBUTOS (MERCADORIAS IMPORTADAS) 63 COBERTURA ADICIONAL DE LUCROS ESPERADOS 64 COBERTURA ADICIONAL PARA EMBARQUES AÉREOS SEM VALOR DECLARADO 65 COBERTURA ADICIONAL PARA CLASSIFICAÇÃO DE NAVIOS EM VIAGENS INTERNACIONAIS 65 COBERTURA ADICIONAL DE RISCOS DE GREVES 66 COBERTURA ADICIONAL DE RISCOS DE GUERRA PARA EMBARQUES AQUAVIÁRIOS E AÉREOS 67 FIXANDO CONCEITOS 3 68 4. CLÁUSULAS ESPECÍFICAS DOS SEGUROS DE TRANSPORTES 70 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 71 CLÁUSULA ESPECÍFICA PARA EMBARQUES AÉREOS SEM VALOR DECLARADO 71 CLÁUSULAS ESPECÍFICAS DE AVERBAÇÕES 72 Cláusula Específica para Averbação Provisória Única para os Seguros de Transportes de Importação 72 Cláusula Específica de Averbações para os Seguros de Transportes de Exportação e Transportes Nacionais 73 Cláusula Específica de Averbação Simplificada para os Seguros de Transportes Nacionais 73 CLÁUSULA ESPECÍFICA DE FRANQUIA PARA OS SEGUROS DE TRANSPORTES INTERNACIONAIS E NACIONAIS (EXCETO OPERAÇÕES ISOLADAS E TRANSPORTES TERRESTRES NACIONAIS) 74 SEGUROS DE TRANSPORTES SEGUROS DE TRANSPORTES CLÁUSULA ESPECÍFICA DE PARTICIPAÇÃO OBRIGATÓRIA DO SEGURADO (POS) PARA OS SEGUROS DE OPERAÇÕES ISOLADAS E TRANSPORTES TERRESTRES NACIONAIS 75 CLÁUSULA ESPECÍFICA DE DISPENSA DO DIREITO DE REGRESSO (DDR) 76 FIXANDO CONCEITOS 4 77 5. SEGURO OBRIGATÓRIO DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO TRANSPORTADOR RODOVIÁRIO DE CARGA (RCTR-C) 79 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 80 RISCOS COBERTOS 81 RISCOS NÃO COBERTOS 82 BENS OU MERCADORIAS NÃO COMPREENDIDOS NO SEGURO 84 COBERTURAS DE BENS OU MERCADORIAS SUJEITOS A CONDIÇÕES PRÓPRIAS 85 COMEÇO E FIM DOS RISCOS 85 APÓLICE DE RCTR-C 86 AVERBAÇÕES 86 Averbação Simples 86 IMPORTÂNCIA SEGURADA E LIMITE MÁXIMO DE GARANTIA 87 ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 88 COBERTURAS ADICIONAIS DO SEGURO DE RCTR-C 89 Cobertura Adicional de Operações de Carga/Descarga/Içamento 89 Cobertura Adicional para Viagem Rodoviária com Percurso Complementar Fluvial 89 Cobertura Adicional para Extensão de Cobertura ao Valor dos Impostos Suspensos e/ou Benefícios Internos 90 Cobertura Adicional para o Transporte de Cargas Excepcionais/Especiais 90 CLÁUSULAS ESPECÍFICAS DO SEGURO OBRIGATÓRIO DE RCTR-C 90 CRITÉRIOS DE TAXAÇÃO 93 FRANQUIA E PARTICIPAÇÃO OBRIGATÓRIA DO SEGURADO 95 SEGUROS DE TRANSPORTES SEGUROS DE TRANSPORTES PRÊMIO 95 FIXANDO CONCEITOS 5 97 6. SEGURO FACULTATIVO DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO TRANSPORTADOR RODOVIÁRIO POR DESAPARECIMENTO DE CARGA (RCF-DC) 99 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 100 RISCOS COBERTOS 101 RISCOS NÃO COBERTOS 102 BENS NÃO COMPREENDIDOS NO SEGURO 102 COBERTURA DE BENS OU MERCADORIAS SUJEITOS A CONDIÇÕES PRÓPRIAS 103 COMEÇO E FIM DOS RISCOS 103 APÓLICE DE RCF-DC 104 IMPORTÂNCIA SEGURADA E LIMITE MÁXIMO DE GARANTIA 104 CRITÉRIOS DE TAXAÇÃO 105 PARTICIPAÇÃO OBRIGATÓRIA DO SEGURADO (POS) 106 AVERBAÇÕES 106 PRÊMIO 106 COBERTURAS ADICIONAIS DO SEGURO DE RCF-DC 107 Cobertura Adicional de Roubo no Depósito do Transportador 107 CLÁUSULAS ESPECÍFICAS DO SEGURO DE RCF-DC 107 FIXANDO CONCEITOS 6 110 7. PROCESSOS DE SINISTROS NOS SEGUROS DE TRANSPORTES 111 CONCEITO BÁSICO DE SINISTROS 112 APURAÇÃO DE DANOS 113 Tipos de Vistoria 114 REGULAÇÃO 116 Perda Total 116 Salvados 117 SEGUROS DE TRANSPORTES SEGUROS DE TRANSPORTES LIQUIDAÇÃO 117 FIXANDO CONCEITOS 7 120 8. ASPECTOS DA COMERCIALIZAÇÃO DOS SEGUROS DE TRANSPORTES 121 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 122 GERENCIAMENTO DE RISCO 123 Tipos de Gerenciamento de Riscos 124 Principais Mecanismos 124 Consulta a Cadastro de Motoristas e Proprietários de Veículos de Transportes Terrestres de Cargas 125 Rastreamento, Monitoramento e Roteirização 125 Escolta 126 FIXANDO CONCEITOS 8 128 ESTUDOS DE CASO 129 GLOSSÁRIO 131 ANEXOS 136 Anexo 1 – Modelo de proposta de seguro de transportes 136 Anexo 2 – Modelo de apólice avulsa de seguro de transporte internacional 137 Anexo 3 – Modelo de apólice de seguro RCTR-C 141 Anexo 4 – Modelo de Averbação de Seguros de Transportes 145 Anexo 5 – Certificado de Seguro de Transportes 147 Anexo 6 – Coberturas básicas dos Seguros de Transportes 148 Anexo 7 – Coberturas adicionais dos Seguros de Transportes 149 Anexo 8 – Cláusulas específicas para Seguros de Transportes 150 Anexo 9 – Tarifa nacional – Terrestre (rodoviário/ferroviário) – Cobertura C 151 Anexo 10 – Modelo de questionáriopara análise de aceitação – RCTR-C e RCF-DC 152 GABARITO 155 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 157 10 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES 01 ■ Identificar os ramos que compreendem a carteira de Seguros de Transportes. ■ Reconhecer o funcionamento de um contrato de Seguros de Transportes. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Identificar os instrumentos de um contrato de Seguros de Transportes. ■ Compreender os conceitos utilizados nos Seguros de Transportes. CONSIDERAÇÕES INICIAIS DIVISÃO DA CARTEIRA DE SEGUROS DE TRANSPORTES CONTRATO DE SEGURO DE TRANSPORTES INTERESSE SEGURÁVEL CONTRATOS DE COMPRA E VENDA E INCOTERMS INSTRUMENTOS DE UM CONTRATO DE SEGUROS DE TRANSPORTES CONCEITOS UTILIZADOS EM SEGUROS DE TRANSPORTES FIXANDO CONCEITOS 1 TÓPICOS DESTA UNIDADE ASPECTOS GERAIS de SEGUROS de TRANSPORTES 11 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES CONSIDERAÇÕES INICIAIS Por definição, o Seguro de Transportes é um contrato pelo qual a segura- dora se obriga a indenizar o segurado quanto aos prejuízos decorrentes de danos materiais causados à carga durante o transporte. Antes de começarmos, que tal você dar uma olhada no esquema a seguir? Ele vai te mostrar, de forma bem simplificada, um esquema global com os principais elementos de uma operação que, normalmente, precede e demanda um Seguro de Transportes. FIGURA 1: PRINCIPAIS ELEMENTOS DE UMA OPERAÇÃO Necessidade e Obrigação de Seguro Seguro do Transportador (RC) COMPRA VENDA OU TRANSFERÊNCIA CONTRATO DE COMPRA E VENDA NOTA FISCAL OU DOCUMENTO EQUIVALENTE Ato desencadeador da Operação TRANSPORTE Define as condições da Transação Estabelece, entre outros, o INCOTERM a ser aplicado (ou seja, quem tem responsabilidade por frete, seguro, entre outros) Definição do tipo de MODAL VEÍCULO PRÓPRIO TRANSPORTADOR (PF/PJ) Necessidade de Seguro Seguro de Embarcador Terceirização da etapa de transporte CONTRATO DE TRANSPORTE/ CONHECIMENTO DE EMBARQUE Fonte: os autores (2019). 12 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES A carteira de Transportes reúne todos os seguros que visam cobrir os riscos relacionados às viagens nacionais e internacionais, por quaisquer modais de transportes e também os Seguros de Responsabilidade Civil dos Transportadores de Carga. Nesse material trataremos basicamente, dos dois principais ramos da carteira de transporte que se relacionam com as figuras do embarcador e transportador. Já em relação aos Seguros de Responsabilidade Civil dos Transportado- res, falaremos apenas sobre os seguros mais comercializados, que são: ■ Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviá- rio de Cargas, comumente denominado pela sigla “RCTR-C”, de contratação obrigatória. ■ Seguro de Responsabilidade Civil Facultativo por Desapareci- mento de Carga, conhecido como “RCF-DC”, destinado aos transportadores rodoviários de carga. Modal Modal é o tipo de transportes que será utilizado no transporte de cargas. É importante que você perceba que uma operação pode envolver mais de um modal. Os modais mais comuns são: ■ Aquaviário – Todos aqueles em que os meios de transportes se deslocam por água, podendo ser: » Marítimo (pelo mar); » Cabotagem (pelo mar ao longo da costa); » Fluvial (por rios navegáveis); e » Lacustre (por lagos/lagoas navegáveis). ■ Aéreo – Todos aqueles em que os meios de transportes se deslocam pelo ar. Basicamente, estamos falando de aeronaves, devidamente regulamentadas pelos órgãos nacionais e internacionais de aviação. ■ Terrestres – Todos aqueles em que os meios de transportes se deslocam por terra, podendo ser: » Rodoviário; e » Ferroviário. No Brasil, por razões de políticas de infraestrutura, o modal mais utilizado é o rodoviário. 13 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Os ramos de seguro abrangidos por toda a carteira de transportes estão demonstra- dos no esquema a seguir: FIGURA 2: RAMOS DE SEGUROS Importante Diferença entre transporte multimodal e intermodal O termo multimodal refere-se a um transporte combinado, ou seja, é a utilização de mais de um modo de transporte, com operações de transbordo realizadas por um único prestador de serviço, por meio de um documento único emitido pelo operador de trans- porte multimodal (OTM). No processo de transporte multimodal que utiliza contêiner, a carga permanece no mesmo contêiner durante toda a viagem. Ou seja, nessa forma de transporte, não há manuseio da mercadoria durante a operação. Já no processo intermodal, o transporte é feito por pelo menos dois meios diferentes e com a emissão de vários documentos de transporte. Ou seja, caracteriza-se pela emis- são individual de documento de transporte para cada modal, bem como pela divisão de responsabilidade entre os transportadores. Aquaviário TRANSPORTES Terrestre Aéreo Terrestre Aéreo Aquaviário Terrestre Aéreo Responsabilidade Civil do Operador de Transporte Multimodal – Carga (RCOTM-C) Responsabilidade Civil do Transportador Ferroviário – Carga (RCTF-C) Responsabilidade Civil do Transportador Intermodal – Carga (RCTI-C) Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário – Carga (RCTR-C) Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário – Carga Viagem Internacional (RCTR-VI) Responsabilidade Civil do Armador – Carga (RCA-C) Responsabilidade Civil do Transportador Aéreo – Carga (RCTA-C) Responsabilidade Civil Facultativa por Desaparecimento de Carga (RCF-DC) Transportes Responsabilidade do Transportador InternacionaisNacionais Exportação Aquaviário Importação 14 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES DIVISÃO DA CARTEIRA DE SEGUROS DE TRANSPORTES A carteira de Seguros de Transportes é dividida basicamente em duas partes: Seguro de Transportes e Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador. A partir de agora, vamos falar separadamente de cada uma dessas partes porque entender a diferença entre uma e outra é fundamental para a com- preensão desta disciplina. Basicamente, o Seguro de Transportes é contratado pelo próprio embar- cador do bem ou da mercadoria, enquanto que o Seguro de Responsabi- lidade Civil do Transportador é contratado pela empresa transportadora do bem ou mercadoria de propriedade de terceiros (embarcador, empresa de Logística), cuja contratação é específica e atende a necessidades dife- rentes, conforme esclarecido pela Carta Circular nº 2/2015 da SUSEP, cuja leitura recomendamos. Importante Os Seguros de Transportes Internacionais referem-se às viagens realizadas do Brasil para o exterior (exportações) e do exterior para o Brasil (importações). O tipo de Seguro de Transporte a ser contratado depende basicamente de três fatores: ■ Responsável pela Contratação » Embarcador, » Transportador. ■ Natureza da Operação » Nacional, » Internacional. ■ Modais Utilizados » Aquaviário, » Terrestre, e » Aéreo. 15 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES — Seguros de Transportes É o seguro contratado pelo embarcador, ou seja, pessoa física ou jurídica que possui interesse direto na mercadoria ou nos bens transportados. O embarcador é, em geral, o proprietário da carga, mas também pode ser uma empresa de logística deslocando um bem ou uma mercadoria de pro- priedade de sua contratante. Esse seguro tem por objetivo repor ao segurado os prejuízos causados aos seus bens e/ou mercadorias durante o processo de transporte, de acordo com a cobertura contratada e conforme o modal utilizado. O segurado aqui é o embarcador. O Seguro de Transportes pode ser: Nacional Para operações de transportes feitas exclusivamente dentro do território nacional. Ou seja, com origem e destino no Brasil. Internacional Para operações de transportes feitas com origem ou destino fora do território nacional. As operações de transporte internacional, por sua vez, são subdivididas de acordo com sua origem: Importação Quando a venda e transporteda mercadoria têm origem fora do território nacional e o destino é o Brasil. Exportação Quando a venda e o transporte da mercadoria se originam no terri- tório brasileiro, tendo como destino qualquer outro país. — Seguros de Responsabilidade Civil do Transportador Esse tipo de seguro é contratado obrigatoriamente pelo transportador e cobre a responsabilidade pelo transporte da mercadoria de terceiro duran- te o período de viagem. Existe um tipo de seguro de responsabilidade do transportador que é facultativo, o RCF-DC, complementar ao RCTR-C. Mas não se preocupe, falaremos dele com detalhes mais adiante. 16 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES O segurado aqui é o transportador, mas o beneficiário do seguro é o embarcador, contratante do transporte ou seus consignatários. Os Seguros de Responsabilidade Civil do Transportador são subdivididos de acordo com o modal de transporte utilizado (rodoviário, aéreo, ferroviá- rio, aquaviário). O Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador mais comercializado no Brasil, o Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Carga, é conhecido por sua sigla RCTR-C e pertence ao modal Rodoviário. Falare- mos sobre esse seguro mais à frente. CONTRATO DE SEGURO DE TRANSPORTES O contrato de Seguros de Transportes surge, na maioria das vezes, em decorrência de dois outros tipos de contratos que o antecede: Contrato de compra e venda Documento que formaliza a transação comercial entre um ven- dedor e um comprador, estabelecendo as obrigações entre as partes contratantes. Conhecimento de Embarque É uma espécie de recibo emitido em várias vias, que contém as características do bem ou mercadoria e o percurso do transporte e a confirmação da entrega daquele bem ou mercadoria ao trans- portador pelo embarcador. Portanto, esse é o documento que faz prova da entrada da merca- doria no meio de transporte, essencial para o seguro, e que será emitido de acordo com o modal escolhido. A exceção à regra da existência de contrato anterior ao contrato de Seguro de Transporte ocorre quando, por exemplo, há simples transferência de mercadorias entre filiais de uma mesma empresa utilizando veículos próprios. Nesses casos, emite-se uma nota fis- cal de simples remessa, inexistindo o conhecimento de embarque, já que não haverá a figura do transportador. 17 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Importante ■ Contrato de compra e venda: representado pela nota fiscal ou fatura comercial; e ■ Contrato de transporte de mercadorias: representado pelo conhecimento de embarque ou de frete ou de transporte. INTERESSE SEGURÁVEL Os Seguros de Transportes e de Responsabilidade Civil do Transportador se diferenciam pelo interesse segurável. No primeiro, o Seguro de Transportes, pode ser contratado por quem deti- ver a propriedade ou posse direta sobre o bem ou a mercadoria transpor- tada, pois, nessa hipótese, o segurado possui interesse em preservá-los contra os riscos inerentes à viagem, podendo ser: ■ o dono da mercadoria ou embarcador; ■ o credor hipotecário; ou ■ o agente logístico. Portanto, os Seguros de Transportes nacionais e internacionais não podem, em nenhuma hipótese, ser contratados pelo transportador ou outro depositário, porque o Seguro de Transporte visa garantir o interes- se da pessoa física ou jurídica que tem interesse segurável (propriedade, posse, entre outros) sobre a carga. O Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador de Carga, por sua vez, não poderá ser contratado pelo embarcador da mercadoria, ape- nas por empresas transportadoras devidamente legalizadas e habilitadas pelas normas em vigor. O interesse segurável do embacador ou do transportador será definido pelo contrato que deu origem à necessidade de deslocamento do bem ou mercadoria, pois nele será determinada a responsabilidade das partes. Para que você entenda melhor, veja esse exemplo: o contrato de compra de um veículo importado determinará as obrigações do vendedor para o transporte desse bem, desde a fábrica até o local de destino final, poden- do o comprador (proprietário) assumir parte da obrigação do transporte e pelo seguro desde a origem até o local final. Credor hipotecário É o agente financeiro que tem por garantia o bem/mercadoria objeto do transporte, podendo exigi-lo do devedor para saldar sua dívida. 18 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Para finalizarmos esta seção, observe o esquema a seguir, que represen- ta as relações que precedem o contrato de Seguros de Transportes e o de Responsabilidade Civil do Transportador: FIGURA 3: RELAÇÕES QUE PRECEDEM OS CONTRATOS : OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA DE TRANSPORTE Contrato de compra e venda nota fiscal ou outro documento equivalente Contrato de transporte Conhecimento de embarque ou outro documento equivalente Seguro de transporte Único embarque ou vários embarques Seguro de responsabilidade civil do transportador Vários embarques Fonte: os autores (2019). CONTRATOS DE COMPRA E VENDA E INCOTERMS Com o incremento do comércio global, houve a necessidade de padroni- zação dos contratos de compra e venda. Nesses contratos estão definidas as responsabilidades pela contratação do Seguro de Transporte, sejam elas do vendedor ou do comprador da mercadoria. Essas cláusulas padrão são conhecidas pela sigla Incoterms. Os Incoterms surgiram em 1936, quando a Câmara Internacional do Comér- cio – CCI –, com sede em Paris, interpretou e consolidou as diversas for- mas contratuais que vinham sendo utilizadas no comércio internacional. Os Incoterms servem para definir, na estrutura de um contrato de compra e venda internacional, os direitos e obrigações recíprocos do exportador/ vendedor e do importador/comprador, estabelecendo um conjunto padrão de definições e determinando regras e práticas neutras, como onde o 19 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES exportador deverá entregar a mercadoria, quem pagará o frete ou quem será o responsável pela contratação do seguro. É válido lembrar que os costumes e as leis variam de acordo com cada país, por isso, a padronização das regras de comércio evita problemas de interpretação das partes contratantes quanto ao custo e risco das transações. Assim, é possível reconhecer a necessidade de padronizar previamente o entendimento do vendedor e do comprador quanto às tarefas necessárias para deslocamento da mercadoria, desde o local de origem até o local de destino (zona de consumo). Esse deslocamento de mercadorias e bens pode ser resumidos pelos pas- sos representados a seguir: FIGURA 4: DESLOCAMENTO DE MERCADORIAS E BENS 1. Embalagem e marcação. 2. Carregamento. 3. Transporte interno (país do exportador). 4. Desembaraço aduaneiro na exportação (partida). 5. Movimentação em terminal (partida). 6. Seguro da viagem principal; transporte da viagem principal. 7. Movimentação em terminal (chegada). 8. Desembaraço aduaneiro na exportação (chegada); 9. Transporte interno no destino. 10. Descarga no destino. Fonte: os autores (2019). Saiba mais Indicamos a leitura do livro Incoterms 2000. Elaboração: Câmara de Comércio Internacional, Edições Aduaneiras. 20 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES No ano 2000, foi realizada uma atualização dos Incoterms. Essa atualiza- ção levou em consideração o crescimento das zonas de livre comércio, o aumento de comunicações eletrônicas em transações comerciais e as mudanças nas práticas relativas ao transporte de mercadorias, além de oferecer uma visão mais simples e mais clara dos 13 Incoterms, que são divididos em grupos, você pode observar no quadro a seguir. QUADRO 1: ATUALIZAÇÃO DOS INCOTERMS Fonte: os autores (2019). Neste material, iremos estudar apenas os cinco Incoterms mais utilizados no Brasil, procurando apresentar os níveis de responsabilidade de cada uma das partes envolvidas no contrato de compra e venda. São eles: ■ FAS (Free Alongside Ship).■ FOB (Free On Board). ■ CFR (Cost and Freight). ■ CIF (Cost, Insurance and Freight). ■ EX (Ex Works). O quadro a seguir traz a síntese da distribuição das responsabilidades na relação entre comprador/importador e vendedor/exportador durante o deslocamento das mercadorias ou bens, desde a origem até o destino. Observe que, para cada modalidade, há diferenças entre as responsabi- GRUPO E (PARTIDA) EXW EX WORKS Grupo F (Transporte principal não pago) FCA FAS FOB Free Carrier Free Alongside Ship Free on Bord Grupo C (Transporte principal pago) CFR CIF CPT CIP Cost and Freight Cost, Insurance and Freight, Carriage Paid to Carriage and Insurance Paid to Grupo D (Chegada) DAF DES DEQ DDU DDP Delivered at Frontier Delivered Ex Ship Delivered Ex Quay Delivered Duty Unpaid Delivered Duty Paid 21 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES lidades do vendedor, sinalizadas com a cor cinza, e as responsabilidades do comprador, sinalizadas com a cor azul. QUADRO 2: TABELA INCOTERMS 2010 CUSTOS EX FAS FOB CFR CIF Embalagem e marcação Carregamento Transporte interno (país do exportador) Desembaraçado aduaneiro na exportação (partida) Movimentação em terminal (partida) Seguro de viagem principal Transporte de viagem principal Movimentação em terminal (chegada) Desembaraçado aduaneiro na exportação (entrada) Transporte interno no destino Descarga no destino Modalidade de transporte Qualquer Marítimo Marítimo Marítimo Marítimo Transferência de riscos: do vendedor para o comprador No local de origem Na costa do navio no cais do porto de embarque Ao cruzar a murada do navio, no porto de embarque Comprador Vendedor Fonte: os autores (2019). Preste atenção no resumo a seguir. Nele, você vai encontrar listadas as obriga- ções assumidas pelas partes do contrato de compra e venda, de acordo com o Incoterms especificado. 22 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES A seguir, apresentamos o resumo das obrigações assumidas pelas par- tes do contrato de compra e venda, de acordo com o Termo Internacio- nal de Comércio espeficiado. QUADRO 3: RESUMO DAS OBRIGAÇÕES DE CONTRATAR FRETE E SEGURO NOS PRINCIPAIS TIPOS DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA Você percebeu que, quando comparadas as responsabilidades atribuídas aos contratos acima descritos, a Cláusula Ex Works é aquela que impõe a menor quantidade de obrigações ao vendedor e maiores obrigações ao comprador? Por outro lado, a Cláusula CIF é o tipo que determina ao vendedor o maior número de obrigações em comparação ao contrato anteriormente citado. Para que não fique nenhuma dúvida, dê uma olhada no exemplo a seguir. Considere que um exportador brasileiro de soja do Centro-Oeste tem a intenção de vender sua produção agrícola para Shanghai, na China, esco- ando-a via Porto de Santos. Nesse caso, o contrato internacional celebrado CONTRATO PROVIDÊNCIAS DO VENDEDOR Exportador PROVIDÊNCIAS DO COMPRADOR Importador EXW (Ex Works) Entregar a mercadoria ao comprador no seu estabe- lecimento. Contratar o seguro e o transporte (frete), a partir do estabelecimento do vendedor. FAS (Free Alongside Ship) Transporta internamente a carga e coloca à dispo- sição do comprador ao lado do navio no porto de embarque. Contratar o transporte e o seguro principais, a partir do porto de embarque, inclusive a operação de embarque e arrumação da carga no navio. FOB (Free on Board) Contratar o transporte inter- no e o seguro até o porto de embarque, inclusive a colocação da carga a bor- do (dentro) do navio. Contratar o transporte e o seguro, principais, do porto de embarque (com a carga já a bordo) até o local de destino. CFR (Cost and Freight) Contratar o transporte até o porto de destino final e o seguro até o embarque da carga, no porto de embarque. Contratar o transporte do porto de destino até o local de destino final, e o seguro a partir do porto de em- barque, com a carga já embarcada. CIF (Cost, Insurance and Freight) Contratar o transporte e o seguro do início até o porto de destino final. Contratar o transporte até o destino final. Fonte: os autores (2019). 23 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES entre o vendedor/exportador brasileiro e o comprador/importador chinês prevê no Contrato a aplicação da Cláusula do tipo FOB (free on board). Nessa hipótese, a empresa brasileira ficará responsável por contratar o frete em território nacional (transporte interno) desde o local da produção, além do seguro, até o porto de embarque (Porto de Santos), inclusive a colocação da carga a bordo (dentro) do navio que fará o transporte de Santos (SP) até o porto de Shangai, na China. Em contrapartida, na hipótese acima descrita, o importador deverá con- tratar o transporte principal (do Brasil até a China), além do seguro desse trajeto, bem como do Porto de Shanghai até o local de destino. Saiba mais Apesar de as bases dos contratos de Incoterms serem gerais, algumas disposições es- peciais incluídas pelas partes no contrato prevalecem sobre as regras do Incoterm. Por- tanto, ainda que adotem determinado Incoterm, as partes contratantes podem estipular variações ou adições em relação a elas, atendendo às necessidades de seus negócios e às conveniências do momento. — Obrigatoriedade da Contratação do Seguro de Transportes de Bens Seguro de Transporte Nacional As pessoas jurídicas de direito público ou privado são obrigadas a segurar os bens e as mercadorias de sua propriedade contra os riscos de força maior e caso fortuito inerentes aos transportes rodoviários, ferroviários, aéreos e aquaviários. Essa obrigatoriedade encontra-se disposta no art. 12 do capítulo VI do Decreto nº 61.867/1967, combinado com o inciso III do art. 2o do Decreto 85.266/1980. Esta modalidade de seguro é regulamentada pela Circular SUSEP 354, de 2007. Mesmo considerando que os conceitos de força maior e caso fortuito são excludentes de responsabilidade dos transportadores, podemos dizer, que no campo prático, a diferenciação é de pouca relevância. Assim, o manual adotou a seguinte definição: Força maior/caso fortuito Acontecimento inevitável, irresistível, imprevisto e independente da vontade humana. Vale a pena ler na íntegra Resolução no 21 do Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior, de 07 de abril de 2011, é a que regulamenta os Incoterms no Brasil. 24 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Exemplo: roubo com utilização de arma, tempestade, furacão, inundação, queda de raio, entre outros fenômenos da natureza. Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador O art. 10, no capítulo IV do Decreto nº 61.867/1967, também estabelece que as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que se incumbi- rem do transporte de carga e mercadorias de terceiros, são obrigadas a con- tratar Seguro de Responsabilidade Civil em garantia contra perdas e danos que sobrevenham às cargas que lhes tenham sido confiadas para transporte em território nacional, contra a emissão de conhecimento de embarque. Segundo o mesmo decreto, os transportadores são obrigados a segurar suas responsabilidades contra riscos que não se enquadrem como força maior ou de caso fortuito . Importante Essas normas estão em vigor até hoje. Em 05 de janeiro de 2007, o art. 13 da Lei 11.442 ratificou os dispositivos do Decreto nº 61.867/1967, mantendo a obrigatoriedade da contratação do seguro prevista no artigo 20 da Lei 73/1966. Seguros de Importação e Seguros de Exportação A contratação dessas modalidades de seguro não é obrigatória. O que vai determinar a necessidade de contratar o seguro para as mer- cadorias importadas ou exportadas será a modalidade do contrato de Compra e Venda praticado pelas partes envolvidas – Incoterms Estas modalidades de seguro também são regulamentadas pela Cir- cular SUSEP nº 354/ 2007.INSTRUMENTOS DE UM CONTRATO DE SEGUROS DE TRANSPORTES Os documentos fundamentais para efetuar o contrato de Seguros de Saiba mais Leia a Resolução CNSP 197, de 16 de dezembro de 2008, que trata do tema contratação de seguro no exterior. 25 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Transportes são o questionário, a proposta, a apólice, o endosso, a aver- bação e a fatura ou conta mensal. Falaremos detalhadamente sobre cada um deles a seguir. Também podemos acrescentar a essa lista o certificado de seguro, usado em Seguros de Transportes Internacionais – Exportações. Quando falamos em instrumentos de contratação, estamos nos referindo aos documentos oficiais de uma seguradora que irão permitir que o con- trato de Seguros de Transportes exista. — Questionário Um dos documentos mais utilizados para iniciar uma negociação de um Seguro de Transportes é o Questionário para Análise de Aceitação – Anexo 10. O questionário é o documento que acompanha a proposta em que o segu- rado responde a perguntas feitas pela seguradora sobre o risco. Cada seguradora tem o seu modelo, mas, de modo geral, as informações solici- tadas são as mesmas. O questionário contém todas as informações necessárias para a análise do risco e, ao solicitar a cotação à seguradora, ele é utilizado para acompa- nhar a proposta de seguro. É a partir dos elementos desse questionário que a seguradora avalia as condições do risco, faz o enquadramento necessário e decide se irá ou não assumi-lo e qual o prêmio adequado aquela operação. O preenchimento correto e completo do questionário, com informações pre- cisas e claras sobre o risco, pode evitar que a seguradora venha a fazer outros questionamentos. Além disso, também permite que a cotação ou proposta a ser apresentada esteja adequada às necessidades do segurado. Sendo assim, é importante que o segurado concorde em preencher o ques- tionário. Se não for possível convencê-lo, o corretor poderá fazê-lo em seu lugar. No entanto, não se deve pensar que o questionário é obrigatório. Se todas as informações nele solicitadas forem enviadas por carta, fax ou e-mail, a seguradora se dará por satisfeita e apresentará a cotação normalmente. — Proposta A proposta (Anexo 1) é o documento que contém todas as informações acerca dos riscos propostos, inclusive as condições particulares, especiais e demais cláusulas do contrato de seguro. Normalmente, ela é emitida pela seguradora ou pelo corretor, mas sempre deve ser assinada pelo interes- sado em contratar o seguro e também pelo corretor. 26 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES A proposta precisa refletir fielmente tudo o que foi negociado com o segu- rado, culminando na cotação que a seguradora lhe apresentou. Ao assinar a proposta, o segurado concordará com tudo o que estiver ali descrito e, por esse motivo, é importante que ele se certifique de estar assinando a proposta que contém as condições negociadas. Algumas seguradoras podem se recusar a apresentar uma proposta ou cotação por falta de informações ou informações imprecisas. Podem, ain- da, elaborar uma proposta com condições que não condizem com o risco ou não atendam às necessidades do segurado. A proposta do Seguro de Transportes não segue um modelo específico, pois cada seguradora adota um critério de elaboração. Prazo de Aceitação da Proposta pela Seguradora A seguradora dispõe de 7 (sete) dias corridos, nos casos de propostas para seguros de apólices avulsas e de 15 (quinze) dias corridos, nos demais seguros, contados a partir da data do recebimento da proposta, para recu- sar, por escrito, o risco que lhe foi proposto. Entretanto, no caso de solicitação de documentos complementares, para análise e aceitação do risco, ou alteração proposta, o prazo de 15 dias ficará suspenso e voltará a correr a partir da data em que a documentação solicitada for entregue. Atenção A ausência de manifestação da seguradora, por escrito, com relação a esses prazos caracteriza a aceitação tácita (automática) do risco proposto. Ou seja, caracteriza a con- tratação da proposta de seguro apresentada. — Apólice A apólice é um instrumento básico que formaliza a contratação de um seguro. É na apólice que são registradas as condições e taxas dos Seguros de Transportes e sua forma de operação As apólices de Seguros de Transportes possuem uma página de capa, cha- mada frontispício, na qual estão dispostos: os dados do segurado, a identi- ficação da sucursal ou filial da seguradora, além do ramo e do número da apólice. Quando a apólice for avulsa, constará, também, o prêmio do seguro. 27 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Ao frontispício é anexada uma especificação de seguro, que é separada por itens (limite de responsabilidade, garantias/riscos cobertos, objeto do seguro). Também devem ser anexadas à apólice todas as cláusulas e con- dições de cobertura que forem ratificadas em seu texto. Nos Seguros de Transportes, são utilizados três tipos de apólices: Apólice Avulsa A apólice avulsa (Anexo 2) visa à cobertura de um único embarque, con- templando toda a especificação da mercadoria segurada (marca, núme- ro de série, espécie, quantidade, embalagem, valor, meio de transporte, locais de início e destino, cobertura, taxas, prêmio e importância segurada). A contratacão desta apólice é recomendada para empresas que não efetu- am embarques com frequência. As apólices contêm as condições gerais, especiais e particulares aplicáveis ao embarque efetuado pelo segurado. Apólice de Averbação ou Aberta A apólice de averbação, ou aberta, é a forma mais utilizada e recomen- dada para segurados que efetuam embarques com frequência ao longo da vigência, em datas incertas e imprevisíveis, com valores segurados variáveis e igualmente imprevisíveis. As apólices também contêm as con- dições gerais, especiais e particulares que regem todos os embarques efetuados pelo segurado. A especificação das mercadorias seguradas constará das averbações, que poderão ser emitidas pelo segurado em formulário impresso ou por meio eletrônico mediante acordo prévio com a seguradora. Apólice Anual com Prêmio Fracionado (ou Apólice Ajustável) A apólice anual com prêmio fracionado, ou simplesmente apólice ajus- tável, é aquela destinada a cobrir diversos embarques, com prêmio fixo ou ajustável. A importância segurada e o prêmio inicial serão calculados com base em esti- mativa anual de embarques, fornecida pelo segurado. O prêmio nor- malmen- te é cobrado em até 11 parcelas, a critério do segurador. Em geral, o ajustamento do prêmio é feito ao final da vigência da apólice, ou em períodos menores, se assim for negociado, e tem base nos embarques efetivamente realizados pelo segurado, que se compromete a informá-los mensalmente à seguradora. Nessa apólice também poderá ser negociada a entrega, ao término da vigência, da relação dos embarques realizados. 28 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES — Averbação A averbação é o ato de o segurado informar à seguradora, por qualquer meio de comunicação acordado entre as partes, a realização dos seus embarques no caso de apólices abertas. Das averbações devem constar os principais dados sobre o embarque: data de saída, local de início e destino, identidade do veículo transportador, importância segurada, coberturas ou garantias pretendidas, tipo de merca- doria, embalagem. O mais importante a ser observado em relação às averbações são seus prazos de entrega. Isso porque não entregar a averbação dentro do prazo estabelecido nas condições do seguro pode acarretar perda do direito à indenização pelo segurado. Nos Seguros de Transportes, geralmente, adota-se um dos seguintes tipos de averbação: Simples Deve ser entregue à seguradora antes do início do embarque. Reco- mendada a segurados com reduzida frequência de embarques; Simplificada Pode ser entregue à seguradora até o dia 15 do mês subsequente ao da realização ouda data de chegada das viagens, no caso de transportes de importação. Indicada para segurados que possuam considerável volume de embarques. A averbação simplificada é apresentada em forma de relação de embarques, contendo todas as informações relativas aos embar- ques efetuados pelo segurado. Nos Seguros de Transportes Nacionais são utilizadas averbações simples e/ou simplificadas. Nos Seguros de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Car- ta (RCTR-C), são utilizadas apenas averbações simples, estando proibidas as averbações simplificadas, conforme Resolução CNSP 247/2011. Todavia, nos Seguros de Transportes Internacionais, as averbações obede- cem as regras um pouco diferenciadas. ■ Nas importações são utilizadas averbações provisórias, definitivas e provisórias únicas. ■ Nos Seguros de Transporte Internacional de Exportação são uti- lizadas averbações do tipo simples, e a utilização da averbação simplificada pode ser negociada. Saiba mais Veja um modelo de averbação utilizado nos Seguros de Transportes no Anexo 4. 29 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES A maioria das seguradoras criou sistemas informatizados para que o segurado proceda à comunicação de embarques por meio de averbações eletrônicas. Esses sistemas consistem no envio às seguradoras, pelos segurados, de infor- mações sobre os embarques às seguradoras, por meio de coletor de dados ou redes de informática, inclusive pela Internet. A transmissão de arquivos também é utilizada, agilizando a comunicação dos embarques e, consequen- temente, o trabalho operacional dos segurados e das seguradoras. — Endosso É o documento emitido pela seguradora para complementar, prorrogar, cancelar ou realizar qualquer tipo de alteração no contrato de seguro em vigor. Uma vez emitido, o endosso passa a ser parte integrante e insepa- rável da apólice. — Fatura ou Conta Mensal É o documento emitido pela seguradora para cobrança do prêmio do seguro nas apólices por averbação. As faturas são emitidas mensalmente e compre- endem o somatório dos prêmios das averbações entregues à seguradora. — Certificado de Seguro É utilizado nos Seguros de Exportação e tem a finalidade de comprovar, junto ao importador ou bancos financiadores, que o seguro foi contratado. O certificado é quase uma averbação, pois dele deverão constar todos os dados sobre o embarque, como em uma averbação. Ele deve ser solicita- do pelo segurado, sempre antes do início do risco. O certificado de seguro (Anexo 5) é usado somente em Seguros de exportações e tem a finalidade de comprovar a contratação do segu- ro, por parte do exportador, a contratação do seguro para bancos finan- ciadores, compradores de mercadorias (importadores) ou terceiros com algum interesse nos bens. Essa comprovação será necessária quando o contrato de compra e venda estabelecer que a contratação do seguro deve ser feita pelo vendedor (exportador), como nos contratos na modalidade CIF. Importante O certificado de seguro obedece a um modelo padronizado e é acompanhado de ins- truções em português e inglês sobre como o recebedor das mercadorias deve proce- der em caso de sinistro. 30 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES CONCEITOS UTILIZADOS EM SEGUROS DE TRANSPORTES Muitos conceitos e terminologias utilizados no Seguro de Transportes são comuns a outros tipos de seguros, mas alguns guardam certas parti- cularidades. Veja a seguir a definição de limite máximo de garantia (LMG), prazo para pagamento do prêmio, franquia e participação obrigatória do segurado (POS), critérios de taxação, importância segurada, moeda do seguro e vistoria. — Limite Máximo de Garantia (LMG) Entende-se por limite máximo de garantia (LMG) de uma apólice o valor máximo para a qual a seguradora garante cobertura, por viagem, em um mesmo meio de transporte ou por acúmulo de bens ou mercadorias, decorrentes de uma ou mais viagens, ainda que tal acúmulo não seja do conhecimento do segurado. Importante Entende-se por Limite Máximo de Garantia (LMG) – previsto na apólice. O LMG corres- ponde ao limite de responsabilidade da apólice em cada embarque/veículo/viagem ou por acúmulo em qualquer local coberto pela apólice. Saiba mais: Além do LMG, temos ainda o LMI e o IS. Veja o que significa cada uma dessas siglas: Limite Máximo de Garantia (LMG): valor máximo garantido pela seguradora em um mes- mo embarque/veículo/viagem ou por acúmulo em qualquer local coberto na apólice. Limite Máximo de Indenização (LMI): é um valor estipulado na apólice em que, na hipótese de a soma das indenizações pagas atingir tal limite, a apólice será automatica- mente cancelada. Importância Segurada (IS): é o valor averbado pelo segurado, em conformidade com os conhecimentos de embarques rodoviários emitidos pelo segurado ou outro documento da mesma importância e conteúdo, entregues no modo de averbações à seguradora. 31 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Importante A aceitação de eventuais embarques de valor superior ao LMG constante na apólice dependerá de concordância da seguradora, prévia e expressa, que deverá ser consul- tada, por escrito, pelo menos três dias úteis antes do início da viagem ou do acúmulo. Muitas vezes, as ampliações que são feitas por endosso referem-se apenas a deter- minados embarques e acabam sendo chamadas de embarques esporádicos. Após a conclusão da viagem, a apólice retorna automaticamente aos limites anteriores. — Prazo para Pagamento do Prêmio O prêmio do seguro deve ser pago até o 30º (trigésimo) dia após a emis- são da fatura ou nota de seguro, exceto para as apólices avulsas, cujo prêmio deve ser pago à vista e antes do início do risco. — Franquia e Participação Obrigatória do Segurado (POS) Em algumas modalidades são aplicadas franquias, já em outras modalida- des são utilizadas participações obrigatórias dos segurados (POS). Vale esclarecer que a franquia à qual estamos nos referindo corresponde ao valor inicial fixado no contrato, cuja responsabilidade é do segurado e está associada à perda parcial. Já a POS é o percentual fixado sobre even- tual sinistro, podendo ou não ser associado a um valor mínimo. Em relação à POS nos Seguros de Transportes Nacionais, temos uma situ- ação diferente para cada tipo de viagem: Viagens terrestres Geralmente não se aplicam franquias, exceto quando previamen- te negociadas com o segurado. Atualmente, o mais praticado é a aplicação de POS (Participação Obrigatória do Segurado), em especial quando o risco proposto envolver mercadorias conside- radas de alta atratividade para o roubo, como: ■ Autopeças; ■ Aparelhos celulares, partes e acessórios; ■ Bebidas; ■ Brinquedos; ■ Calçados; ■ Charque e carnes in natura; 32 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES ■ Confecções e tecidos; ■ Couro beneficiário; ■ Eletrodomésticos/eletrônicos; ■ Leite em pó ou condensado; ■ Medicamentos; ■ Óleos comestíveis; ■ Óleos lubrificantes; ■ Pneus e câmaras de ar; e ■ Tintas. Essa relação de mercadorias pode variar entre as seguradoras, que, de modo geral, possuem um número muito maior de merca- dorias postas sob sua cobertura. Viagens aquaviárias São utilizadas franquias dedutíveis, aplicáveis ao valor do embarque, que variam de 1% a 3% em função da mercadoria e da embalagem. Viagens aéreas Não são aplicadas franquias nem POS, exceto quando negociado com o segurado. Já nos Seguros de Transportes Internacionais, temos: Importação Para as viagens terrestres, aquaviárias e aéreas são utilizadas franquias dedutíveis, aplicáveis ao valor total do embarque e que variam de 1% a 3% em função da mercadoria e da embalagem. Exportação Usualmente, não são aplicadas franquias ou POS, exceto nos casos preestabelecidos entre seguradora e segurado. — Critérios de Taxação Com o fim do monopólio do resseguro, as seguradoras passaram a poder firmar contratos com o ressegurador de sua preferência, o que trouxe para elasuma liberdade tarifária, ou seja, a possibilidade de adotarem critérios próprios para taxar um risco de transporte. Comentário Nos Seguros de Exportação, não são utilizadas franquias, pois, em geral, os beneficiários são compradores no exterior e dificilmente aceitam a aplicação de franquias que acabam por ser deduzidas de suas indenizações, em caso de verificação do risco. 33 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES — Importância Segurada A importância segurada, estipulada pelo segurado, deve corresponder ao valor real do objeto segurado (custo) constante da nota fiscal, fatura ou outro documento hábil, mas não implica reconhecimento, por parte da seguradora, de prévia determinação de seu valor real. A definição da importância segurada nos Seguros de Transportes apresen- ta algumas peculiaridades. Ao valor da nota fiscal podem ser adicionadas outras verbas seguráveis, mediante a contratação de coberturas adicio- nais, que são: ■ Frete e/ou seguro. ■ Despesas. ■ Lucros esperados. ■ Tributos (impostos, taxas e contribuições). Os valores relativos às verbas seguráveis deverão ser separadamente dis- criminados na apólice ou averbação. Exemplo Vejamos como seria um seguro em que o contratante optasse por todas as coberturas adicionais: Custo (nota fiscal) R$ 90.000,00 Frete R$ 10.000,00 Despesas R$ 10.000,00 Lucros Esperados R$ 11.000,00 Tributos R$ 1.000,00 Importância segurada total R$ 122.000,00 34 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Importante O exemplo mostrado anteriormente é mais comum de se observar em Seguros de Transportes Internacionais de Importação, pois, para haver inclusão das coberturas de Lucros Esperados e Tributos nos Seguros de Exportação, é necessária a solicitação expressa do importador. Nos Seguros de Transportes Nacionais também não é muito comum a contratação des- tas coberturas adicionais, uma vez que, ao emitir a nota fiscal, o vendedor já considerou o seu lucro, bem como os impostos incidentes sobre o produto. Na hipótese de contratação do seguro com importância segurada inferior ao valor real do objeto segurado (averbação com valor a menor), será aplicado rateio, e o segura- do, para todos os fins e efeitos, será considerado segurador da diferença e participará proporcionalmente dos prejuízos verificados. Se, por ocasião de um sinistro, a seguradora detectar que houve exagero na impor- tância segurada (averbação com valor a menos), poderá reduzi-la (IS) ao valor real do objeto segurado, sem a devolução de prêmio. — Moeda do Seguro Os Seguros de Transportes Nacionais, seja qual for o modal de transpor- te, e os Seguros de Responsabilidade Civil dos Transportadores deve- rão ser sempre contratados em moeda corrente, ou seja, em reais. A importância segurada é informada em reais, e os prêmios, pagos na mes- ma moeda. Eventuais indenizações decorrentes de sinistros também serão liquidadas da mesma forma. Seguro de Importação O Seguro de Importação, por envolver relações comerciais com outros países, permite ao segurado optar por duas formas para contratar a sua apólice: em moeda nacional ou moeda estrangeira. Veja a diferença entre essas duas formas a seguir. Em moeda nacional Nesta opção, ocorre a conversão dos valores que se encontram em moeda estrangeira nos documentos de compra e venda, bem como no conhecimento de transporte. A conversão é realizada considerando-se a paridade do câmbio vigente na data de saída do meio de transporte. 35 UNIDADE 1 SEGUROS DE TRANSPORTES Toda e qualquer indenização será sempre paga ao segurado/ beneficiário, no Brasil, em moeda corrente. Caso haja necessidade de se fazer uma substituição do bem avariado, todos os custos para transferência do numerário para o exterior correrão por conta do importador. Nessa modalidade, não existe cobrança do IOF. Em moeda estrangeira Nessa opção, o segurado tem o direito de declarar a importância segurada na moeda estrangeira original (exemplo: dólar, euro, libra). Nessa modalidade não existe cobrança do IOF. A cobrança do prêmio e a liquidação de sinistros em moeda estran- geira estarão subordinadas às normas estabelecidas pelo Banco Central, por meio da Circular nº 3.691/2013, que permite às segu- radoras a manutenção de contas em moeda estrangeira, conforme previsto no art. 187 do normativo. Atenção O pagamento do prêmio do seguro em moeda estrangeira obedecerá ao previsto no art. 118, inciso I da Circular 3.691 do BACEN. “O prêmio e a indenização relativos ao contrato de seguro celebrado em moeda estrangeira, inclusive de crédito a exportação, são pagos por transferência ban- cária, em moeda estrangeira, com utilização de recursos disponíveis no exterior ou mediante celebração e liquidação de contrato de câmbio, efetivando- se a entrega da moeda estrangeira para crédito na conta da empresa seguradora.” — Vistoria Nos Seguros de Transportes, não são realizadas vistorias prévias, pois seria inviável devido à grande movimentação de cargas que é realizada diariamente. A vistoria só é realizada em caso de sinistros para apuração dos danos, conforme veremos adiante. 36 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE TRANSPORTES FIXANDO CONCEITOS 1 Marque a alternativa correta: 1. Entende-se por viagens de “cabotagem” aquelas realizadas: (a) Por caminhões em rodovias e/ou ferrovias. (b) Entre os aeroportos brasileiros. (c) Em rios e lagos navegáveis. (d) Pelo mar ao longo da costa. (e) Em viagens internacionais marítimas. 2. Um dos documentos que representam o contrato de compra e venda é o (a): (a) Nota fiscal. (d) Conta mensal. (b) Conhecimento de embarque. (e) Averbação simplificada. (c) Apólice avulsa. 3. Considerando-se o interesse segurável, os Seguros de Transportes Nacionais e Internacionais não podem ser contratados pelo: (a) Embarcador da carga a ser transportada. (b) Agente logístico. (c) Administrador do crédito da carga a ser transportada. (d) Transportador da carga. (e) Proprietário da carga transportada. 4. O contrato que define a responsabilidade pela contratação dos Segu- ros de Transportes é o contrato de: (a) Comodato. (d) Compra e venda. (b) Transporte. (e) Risco. (c) Aluguel. 5. O contrato de compra e venda que estabelece para o vendedor da mer- cadoria a responsabilidade da contratação do seguro e do frete até o porto de destino final da mercadoria é denominado: (a) EXW – Ex Works. (d) CFR – Cost and Freight. (b) FAS – Free Alongside Ship. (e) CIF – Cost, Insurance and Freight. (c) FOB – Free on Board. 37 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE TRANSPORTES Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta 6. Analise as proposições a seguir, considerando as disposições vigentes sobre a obrigatoriedade da contratação dos Seguros de Transportes: I) A legislação brasileira obriga o embarcador nacional a segurar todas as suas mercadorias em operação de transporte contra os riscos de caso fortuito e força maior. II) O transportador é obrigado a contratar seguro de todas as cargas transportadas contra todos os riscos, inclusive os decorrentes de casos fortuitos e de força maior. III) A SUSEP obriga o importador a contratar os Seguros de Transportes de todas as mercadorias e bens importados. IV) O Seguro de Transportes para mercadorias exportadas é obrigatório somente para as pessoas jurídicas. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente II e III são proposições verdadeiras. (c) Somente III e IV são proposições verdadeiras. (d) Somente I, II e III são proposições verdadeiras. (e) I, II, III e IV são proposições verdadeiras. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta 7. Em relação à comercialização dos Seguros de Transportes, é correto afirmar que: I) As seguradoras costumam adotar um questionário para análise de aceitação de risco, que poderá ser substituído por outro documento equivalente, desde queo segurado, ou seu corretor de seguros, responda a todos os quesitos propostos pela seguradora. II) É muito importante que o segurado leia criteriosamente a proposta que irá assinar, pois, ao fazê-lo, estará concordando com tudo o que estiver escrito nela. III) O certificado de seguro é geralmente adotado em todos os tipos de Seguro de Transportes e deve ser solicitado à seguradora após o início da viagem segurada. IV) As seguradoras analisam os resultados dos segurados consideran- do um período mínimo de seis meses. 38 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE TRANSPORTES Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I e II são proposições verdadeiras. (b) Somente II e III são proposições verdadeiras. (c) Somente III e IV são proposições verdadeiras. (d) Somente I, II e IV são proposições verdadeiras. (e) I, II, III e IV são proposições verdadeiras. 8. Analise as proposições a seguir, considerando os instrumentos adota- dos nos contratos de Seguros de Transportes: I) A apólice avulsa é emitida para segurados que possuem grandes volumes de embarques. II) O certificado de Seguros de Transportes é obrigatório nos Seguros de Importação. III) A averbação simplificada nos Seguros de Transportes Nacionais deve ser entregue pelo segurado à seguradora até o dia 15 do mês subsequente ao da realização das viagens seguradas. IV) Nos Seguros de Transportes Internacionais de Importação são uti- lizadas averbações denominadas provisórias, definitivas e provisó- rias únicas. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente I e III são proposições verdadeiras. (c) Somente III e IV são proposições verdadeiras. (d) Somente I, II e III são proposições verdadeiras. (e) I, II, III e IV são proposições verdadeiras. 9. No que se refere à franquia e POS nos Seguros de Transportes, é cor- reto afirmar que: I) Nos Seguros de Exportação, geralmente, não são aplicadas franquias nem POS, exceto nos casos acordados previamente entre segurado e segurador. II) A cobertura para roubo oriundo de assalto à mão armada nos Segu- ros de Transportes Terrestres rodoviários é concedida com a fixação de uma franquia única de R$ 15.000,00. III) Não se aplica franquia nem POS nos Seguros de Transportes Nacio- nais Aéreos. 39 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE TRANSPORTES Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente II é proposição verdadeira. (c) Somente I e II são proposições verdadeiras. (d) Somente I e III são proposições verdadeiras. (e) Somente II e III são proposições verdadeiras. Analise se as proposições são verdadeiras ou falsas e depois marque a alternativa correta 10. No que se refere à importância segurada e à moeda do seguro, nos Seguros de Transportes, as disposições vigentes estabelecem que: ( ) A importância segurada nos Seguros de Transportes deve corres- ponder ao valor real do objeto segurado, constante do contrato de compra e venda. ( ) A inclusão de verbas específicas para garantir o frete, eventuais des- pesas, o lucro esperado e tributos (impostos, taxas e contribuições) deve ser feita através da contratação de coberturas adicionais. ( ) Os Seguros de Transportes, Nacional ou Internacional, podem ser contratados tanto em moeda nacional quanto em moeda estrangei- ra, qualquer que seja o modal de transporte. ( ) Nos Seguros de Importação contratados em moeda nacional não existe a cobrança de IOF. Assinale a alternativa correta: (a) V, V, V, F. (b) V, V, F, V. (c) V, F, F, V. (d) F, V, V, F. (e) F, F, V, V. Marque a alternativa correta 11. De acordo com a Circular 3.691/2013 do Banco Central, nos seguros con- tratados em moeda estrangeira, o pagamento do prêmio poderá ser feito: (a) Com os recursos de que o segurado dispuser no exterior. (b) Em reais e por meio da rede bancária. (c) Na moeda do seguro e nominal à SUSEP. (d) Em dólares norte-americanos e nominal ao ressegurador. (e) Na mesma moeda da importância segurada e nominal ao ressegurador. 40 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES 02 ■ Conhecer as principais cláusulas das condições gerais dos Seguros de Transportes. ■ Compreender o funcionamento e a aplicabilidade das principais coberturas básicas dos Seguros de Transportes. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Identificar a melhor cobertura a ser oferecida ao segurado de acordo com o risco. CONDIÇÕES GERAIS OUTROS SEGUROS SUB-ROGAÇÃO DE DIREITOS RESCISÃO E CANCELAMENTO OBRIGAÇÕES DO SEGURADO PERDA DE DIREITOS COBERTURAS BÁSICAS COBERTURA BÁSICA RESTRITA C COBERTURA RESTRITA B COBERTURA BÁSICA AMPLA A PREJUÍZOS NÃO INDENIZÁVEIS (RISCOS NÃO COBERTOS) RISCOS SUJEITOS À CONSULTA PRÉVIA E ESTIPULAÇÃO NA APÓLICE (COBERTURAS A, B E C) FIXANDO CONCEITOS 2 TÓPICOS DESTA UNIDADE CONDIÇÕES GERAIS e COBERTURAS BÁSICAS dos SEGUROS de TRANSPORTES 41 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES CONDIÇÕES GERAIS As condições gerais possuem cláusulas que regulamentam os direitos e as obrigações do segurado e da seguradora. Uma única condição geral aplica-se aos Seguros de Transportes nacionais e internacionais, independentemente da modalidade de transporte (terres- tre, aérea ou aquaviária). — Prejuízos Não Indenizáveis Para fins desse seguro, consideram-se prejuízos não indenizáveis aqueles expressamente convencionados nas condições especiais, que fazem par- te integrante e inseparável desta apólice, bem como: a) Medidas sanitárias, desinfecções ou fumigações, invernada, quarentena, demora, estadia e sobrestadia em porto, imprópria preparação do navio para o carregamento, flutuações de preço e perda de mercado. b) Atos decorrentes de riscos políticos, de crédito e de garantia financeira. — Bens e/ou Mercadorias Não Compreendidos no Seguro Este item estabelece que não podem ser segurados em Transportes os seguintes bens e/ou mercadorias: ■ Qualquer bem, quando compreender outros riscos além dos exclu- sivamente de Transporte. Vale a pena ler na íntegra Circular SUSEP nº 354/2007, que disponibiliza no sítio da SUSEP as condições contratuais do plano padronizado para o Seguro de Transportes 42 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES ■ Filmes e/ou equipamentos cinematográficos, fotográficos e simi- lares, quando abrangerem os riscos de permanência em cinemas, estúdios, filmotecas, depósitos ou lojas de vendedores ou locado- res e locais de filmagens. ■ Bens de terceiros recebidos para transporte. ■ Dinheiro (em moeda ou papel), cheques, contas e comprovantes de débito; metais preciosos e semipreciosos e suas ligas, trabalha- das ou não, pedras preciosas, semipreciosas e pérolas, em geral, engastadas ou não; notas e notas promissórias; cartões de crédito, cartões telefônicos, cartões de estacionamento em geral; talões de cheques, vales e outros assemelhados e registros; títulos, apó- lices, diamantes industriais, documentos e obrigações de qualquer espécie e escrituras; bilhetes de loteria, selos e estampilhas; salvo pelo seu valor material (intrínseco). ■ Bens em exposições, quando estiver incluído o risco de perma- nência no local de exposição. ■ Joias, salvo quando se tratar de bagagem, nos termos da cobertu- ra básica para Seguros de Bagagem. Também não poderão ser segurados em Transportes os bens e/ou mer- cadorias listados a seguir, a não ser que haja estipulação expressa, conti- da na especificação da apólice, mediante inclusão de cobertura adicional ou cláusula específica, confirmando a cobertura. São eles: ■ Equipamentos móveis, nos casos de autolocomoção. ■ Mercadorias em devolução ou redespachadas. ■ Mercadorias e/ou bens usados. ■ Mercadorias sem valor declarado no conhecimento de embarque. ■ Mercadorias embarcadas em navios com denominação a avisar. ■ Chapas galvanizadas e/ou folhas de ferro zincadas (folha de flan- dres), sempre que o documento de compra estabelecer especifi- caçõesinferiores às mínimas previstas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), quanto a peso, aderência e uniformi- dade da camada de zinco. ■ Mercadorias transportadas no convés do navio. ■ Material radioativo. ■ Mercadorias embarcadas em navios com as seguintes características: » Estejam excluídos da 1a classe das sociedades de classificação reconhecidas ou de classes desconhecidas. » Tenham mais de 20 anos (a contar a partir do ano de constru- ção do navio, inclusive conforme seu registro de classificação) ou de idade desconhecida. 43 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES » Tenham menos de 1.000 toneladas de arqueação bruta TAB. » Não tenham autopropulsão. » Sejam construídos com outros materiais que não sejam ferro ou aço. » Sejam utilizados em linhas regulares de características des- conhecidas. — Pagamento do Prêmio A data limite para o pagamento do prêmio à vista ou da primeira parcela não poderá ultrapassar o 30o (trigésimo) dia da emissão da apólice, endos- so, fatura ou conta mensal. — Prazo do Seguro Nas apólices de Transportes, deverão sempre constar as datas de início e fim da vigência do seguro. No caso de apólice aberta, a vigência normalmente é de 12 (doze) meses, mas a seguradora pode, a seu critério, emitir apólices com vigência inferior a esse prazo. As apólices terão início e término de vigência às 24 horas das datas indi- cadas na proposta. Não havendo data especificada na proposta, valerá a data de entrada da proposta na seguradora. Nas apólices do tipo avulsa, o prazo do seguro será o tempo de duração da viagem, o que não é possível especificar em apólice. — Regulação e Liquidação de Sinistros De acordo com o disposto nas condições padronizadas estabelecidas pela Circular no 354/2007, a seguradora é obrigada a pagar em dinheiro o pre- juízo resultante do risco assumido ou, caso haja concordância com o segu- rado, poderá repor o bem objeto da cobertura contratada. Valor do Objeto Segurado O valor do objeto segurado é o valor de custo constante na fatura comer- cial ou documento equivalente. Na falta da fatura comercial ou documento equivalente, o custo deve corresponder ao valor de mercado do objeto segurado no local e data do embarque. 44 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES OUTROS SEGUROS O segurado não poderá manter mais de uma apólice de Seguros de Trans- portes sobre o mesmo interesse e contra os mesmos riscos, na mesma ou em outra seguradora, sob pena de suspensão de seus efeitos, sem qualquer direi- to à restituição dos prêmios ou das parcelas do prêmio que houver pagado. SUB-ROGAÇÃO DE DIREITOS Efetuado o pagamento da indenização, o comprovante valerá como ins- trumento de cessão, a seguradora ficará sub-rogada, até o valor da inde- nização paga, em todos os direitos e ações do segurado contra aqueles que, por ato, fato ou omissão, tenham causado os prejuízos indenizados pela seguradora ou para eles concorrido. Salvo dolo, a sub-rogação não tem lugar se o dano for causado pelo côn- juge do segurado, seus descendentes ou ascendentes, consanguíneos ou afins. É ineficaz qualquer ato do segurado que diminua ou extinga, em prejuízo do segurador, os direitos de sub-rogação. RESCISÃO E CANCELAMENTO O contrato de Seguros de Transportes pode ser rescindido, total ou par- cialmente, a qualquer tempo, por iniciativa de quaisquer das partes contra- tantes, mas sempre com concordância recíproca, ressalvados os riscos em curso, ou seja, as viagens já iniciadas. O seguro poderá ser cancelado nas seguintes situações: ■ Quando ocorrer o não pagamento do prêmio. ■ Decorrido o prazo de seis meses sem que o segurado tenha aver- bado qualquer embarque. ■ No caso de falência ou liquidação judicial ou extrajudicial da empresa segurada. 45 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES Na prática, as seguradoras comunicam previamente a intenção de cancelar uma apólice em um prazo mínimo de 30 dias. OBRIGAÇÕES DO SEGURADO São obrigações a serem cumpridas pelo segurado, seus empregados e agentes, em caso de sinistro coberto pelas condições do seguro: ■ Dar imediato aviso à seguradora, por escrito, sobre todo e qual- quer sinistro, inclusive declaração de avaria grossa, mesmo que o fato seja público e notório. ■ Independentemente das medidas legais e administrativas a que está sujeito, tomar todas as providências para defesa, salvaguar- da e preservação do objeto segurado, bem como para minorar as consequências do sinistro e, ainda, agir em conformidade com as instruções que receber da seguradora. Os eventuais desembolsos decorrentes das providências anterior- mente mencionadas, bem como as despesas ou custos de salva- mento devidos a terceiros, serão de responsabilidade da segura- dora até o limite da importância segurada. ■ Instruir seu pedido de indenização com os documentos compro- batórios da causa, natureza e extensão da perda ou dano material sofrido pelo objeto segurado. ■ Assegurar que todos os direitos contra transportadores, depositá- rios ou terceiros estejam devidamente preservados e exercidos, observado o disposto na legislação em vigor. A seguradora reembolsará o segurado por quaisquer despesas que tenham sido efetuadas, de maneira correta e razoável, no cumpri- mento das obrigações previstas até o limite da importância segurada. ■ Havendo indícios de perdas, avarias, violação, falta de peso ou qual- quer outra forma de dano às mercadorias seguradas, antes da retira- da dos armazéns de descarga, deverá serefetuada a vistoria obrigató- ria para a constatação do montante da perda, roubo ou avaria. No caso de avaria ou falta em mercadorias importadas, obriga-se o segurado (ou seus prepostos) a requerer, dentro do mais curto prazo e antes do desembaraço aduaneiro, a competente vistoria aduaneira, a menos que haja expressa dispensa dessa providên- cia por parte da seguradora. 46 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES A vistoria será realizada em conjunto com o representante da segu- radora, do transportador e da entidade responsável que detiver a guarda ou custódia das mercadorias. Devem ser observados prazos e procedimentos previstos nas condições especiais do seguro. Nos casos de mercadorias importadas, a seguradora não se res- ponsabilizará por despesas normais ou extraordinárias com guarda, vigilância, capatazias e armazenagens que venham a incidir sobre o objeto segurado, salvo no caso em que essas despesas sejam, direta e exclusivamente, decorrentes de vistoria aduaneira não dispensada. Muito embora ainda conste das Condições Gerais como uma obrigação do segurado, a Vistoria Aduaneira foi extinta pela Lei Ordinária 12.350/2010; portanto, as seguradoras deixaram de exigir tal providência. ■ Agir com razoável presteza em todas as circunstâncias que esti- verem sob seu controle. As medidas tomadas pelo segurado ou pela seguradora com o objetivo de salvar, proteger ou recupe- rar o objeto segurado não serão consideradas como renúncia ou aceitação de abandono, nem de outro modo prejudicarão os direitos de qualquer parte. O segurado obriga-se, ainda, a: ■ Comunicar à seguradora, com exatidão, todas as circunstâncias que, por algum modo, direta ou indiretamente, possam influir na aceitação do seguro ou na fixação da taxa do prêmio, não apenas contemporâneas à contratação, mas também as que se tenham verificado, ou cuja verificação for previsível durante a vigência da apólice. ■ Dar aviso imediato à seguradora, por escrito, ao longo de toda a vigência da apólice, acerca de toda e qualquer alteração relati- va às informações contidas na proposta de seguro que originou a emissão da apólice, bem como toda e qualquer circunstância que, direta ou indiretamente, possa influir no estado do risco, alte- rando-o, modificando-o ou ampliando-o, além de toda e qualquer circunstância cujo conhecimento possa ser útil para a seguradora atuar, por ações diretas ou mediante orientações,a fim de evitar a caracterização de sinistro ou o agravamento dos riscos. 47 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES PERDA DE DIREITOS Além dos casos previstos em lei e nas condições da apólice, a seguradora ficará isenta de qualquer obrigação decorrente do contrato de seguro se: ■ O segurado fizer declarações falsas ou incompletas, ou, ainda, se omitir circunstâncias do seu conhecimento capazes de influir na aceitação da proposta. ■ O segurado deixar de cumprir as obrigações convencionadas na apólice. ■ O sinistro for devido à culpa grave ou dolo do segurado e/ou do beneficiário do seguro que, agindo em nome do próprio segu- rado, ou com o seu conhecimento, tenham contribuído para a causa do sinistro. ■ O segurado fizer uso de qualquer comunicação fraudulenta ou de má-fé. ■ O segurado, por qualquer meio, procurar obter benefícios ilícitos do seguro. ■ O segurado se recusar a apresentar qualquer documentação que seja exigida pela seguradora, para o correto esclarecimento do fato ocorrido. ■ O segurado não declarar à seguradora a existência de quaisquer outros seguros que garantam, contra os mesmos riscos, os bens segurados. ■ O segurado não comunicar, imediatamente, à seguradora a efetiva- ção posterior de outros seguros, conforme definido no item anterior. ■ Houver a inobservância ou negligência do consignatário ou de seus representantes no cumprimento das obrigações que tenham como propósito evitar ou reduzir perdas, bem como assegurar o direito de ressarcimento da seguradora contra transportadores, depositários ou outras partes envolvidas em sinistro indenizável pelas coberturas do seguro. COBERTURAS BÁSICAS Existem, ao todo, 23 coberturas básicas disponíveis, à escolha do segura- do, que variam em função da amplitude dos riscos cobertos e/ou da mer- cadoria ou bem a ser segurado. 48 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES Veja alguns exemplos: ■ Cobertura ampla para mercadorias/bens congelados. ■ Cobertura restrita para mercadorias/bens congelados. ■ Cobertura ampla para batata e outros bulbos raízes. ■ Cobertura ampla para madeiras. São três principais coberturas básicas disponíveis: ■ Cobertura básica restrita C. ■ Cobertura básica restrita B. ■ Cobertura básica ampla A. Essas coberturas podem ser contratadas para praticamente todo tipo de mercadoria, exceto para aquelas que possuem uma cobertura específica. No Anexo 6 deste manual, estão relacionadas todas as coberturas básicas disponíveis. Para analisarmos cada uma das coberturas básicas, é necessário enten- dermos antes os conceitos e as características da avaria grossa, uma vez que se trata de um evento incluído em praticamente todas as coberturas básicas dos Seguros de Transportes e em algumas coberturas adicionais. Avaria grossa ou avaria comum Avaria grossa ou avaria comum é o dano, sacrifício ou gasto extraordinário feito, deliberadamente, pelo capitão e principais membros da tripulação para salvar o navio e/ou a carga transpor- tada de um perigo iminente, comum a ambos. Os procedimentos de avaria grossa, no Brasil, são regulados pelo Código Comercial Brasileiro. A avaria grossa tem dois objetivos básicos: ■ O salvamento do navio e/ou da carga. ■ A continuação da viagem programada até o porto de des- tino, no próprio navio ou por outros meios, com o carrega- mento total ou parcial, perfeito ou avariado. Os prejuízos classificáveis como avaria grossa podem ser dividi- dos, de acordo com suas origens, em sacrifícios e despesas. Sacrifícios são danos materiais sofridos por um bem, seja devido a um ato direto ou em consequência de ato de avaria grossa, provocados intencio- nalmente para que se salve do perigo o restante dos interesses envolvi- dos na aventura marítima comum. 49 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES Um bom exemplo disso é o lançamento de parte da carga ao mar para aliviar o peso do navio e salvar a expedição (este ato é denominado alijamento da carga). Despesas são os gastos extraordinários realizados para salvar o navio, a carga, o frete ou todo o conjunto que compõe a expedição marítima. Observe esse exemplo de despesas: despesas com a contratação extra- ordinária de um rebocador para salvar a expedição em caso de perigo imi- nente de colisão, encalhe ou outro dano, em virtude da perda da máquina propulsora do navio. O sacrifício ou a despesa que resulta em avaria grossa deve ser feito para a segurança comum, contra risco imediato e grave, presente, atual e certo que afete a expedição marítima, e não apenas o navio. O sacrifício imposto deve ser deliberado, ou seja, provocado por decisão expressa do capitão e dos principais tripulantes. É necessário, também, que o sacrifício apresente resultado útil, ou seja, pelo sacrifício imposto devem ser salvos, no todo ou em parte, navio e mercadoria. Para que as cargas possam ser liberadas após a avaria grossa, indepen- dentemente da conclusão de todos os procedimentos de regulação, o armador tem o direito de exigir uma garantia dos embarcadores, ou seja, só entregar a carga mediante fiança que garanta o pagamento posterior, eventualmente devido pelo proprietário da carga. Essa fiança, em princí- pio, deve ser paga através de depósito em dinheiro. Na prática, entretanto, é substituída por um termo de compromisso. Os danos e despesas ocasionados pela avaria grossa são repartidos, pro- porcionalmente, entre o navio, o frete e a carga. O levantamento dos danos e despesas da avaria grossa é feito por um pro- fissional especializado em avarias marítimas, chamado árbitro regulador. Cabe a ele calcular as partes devidas a cada um dos interessados, isto é, navio e cargas, na liquidação do sinistro. COBERTURA BÁSICA RESTRITA C A cobertura básica restrita C cobre, basicamente, os prejuízos que o segu- rado venha a sofrer em consequência de perdas e danos causados ao objeto segurado, descrito na apólice e averbações, exclusivamente por: Alijamento É o lançamento ao mar de mercadorias ou partes da embarcação. É, geralmente, praticado em ocasiões de perigo para evitar mal maior e, por isso, constitui caso típico de avaria grossa. 50 UNIDADE 2 SEGUROS DE TRANSPORTES ■ Incêndio, raio ou explosão. ■ Encalhe, naufrágio ou soçobramento do navio ou embarcação. ■ Capotagem, colisão, abalroamento, tombamento ou descarrila- mento de veículo terrestre. ■ Abalroamento, colisão ou contato do navio, embarcação, aeronave ou veículo de terra com qualquer objeto externo que não seja água. ■ Colisão, queda e/ou aterrissagem forçada da aeronave devida- mente comprovada. ■ Descarga da carga em porto de arribada. ■ Carga lançada ao mar. ■ Perda total de qualquer volume durante as operações de carga e descarga do navio. ■ Perda total decorrente de fortuna do mar e de arrebatamento pelo mar. ■ Sacrifício de avaria grossa e despesas de salvamento. ■ Despesas que o segurado venha a ser obrigado a pagar ao trans- portador, por força da cláusula de “Colisão por Ambos Culpados”. ■ Despesas de remessa do objeto segurado para seu destino correto, quando, em decorrência de um risco coberto pelo seguro, o trânsi- to segurado terminar em um porto ou local que não seja o mesmo para o qual o objeto segurado estiver destinado. Porém, neste caso, não são aplicáveis as despesas de avaria grossa ou as despesas de salvamento, nem as despesas resultantes de culpa, insolvência ou inadimplemento financeiro do segurado ou seus empregados. Podemos dizer, assim, que a Cobertura Básica Restrita “C” garante perdas e danos às mercadorias decorrentes de acidentes com o meio de transporte. COBERTURA RESTRITA B A cobertura restrita B envolve as mesmas perdas e danos relacionados na cobertura restrita C, acrescidos dos seguintes riscos: ■ Inundação, transbordamento de cursos de água, represas, lagos ou lagoas durante a viagem terrestre. ■ Desmoronamento ou queda de pedras, terras, obras de arte
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