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Fichamento da obra DOS DELITOS E DAS PENAS

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Fichamento da obra “Dos Delitos e das Penas” de Cesare Beccaria
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V
Publicado por Victória Caroline Rodrigues Cardoso de Paula
há 4 anos
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Capitulo I - Introdução
Beccaria defende logo na introdução de sua obra, constata uma tendência de se acumular os privilégios como poder e felicidade, para uma minoria, e consequentemente deixar apenas miséria e fraqueza para a maior parte da sociedade. Com isso, declara que deve-se haver igualdade entre todos os membros da sociedade, e que isso só será possível com boas leis que impedirão esses abusos.
Ainda em sua introdução, afirma que as leis, que deveriam provir de convenções feitas entre homens livres, não passaram de instrumento das paixões da minoria, ou fruto do acaso e do momento, e jamais obra de um prudente observador da natureza humana que tivesse por único objetivo de proporcionar o bem-estar da maioria.
Destaca também, que se havia chegado o momento de se diferenciar as espécies de delito e as adequadas formas de punição e finaliza indagando-se a respeito da origem das penas, dos fundamentos do direito de punir dos aspectos gerais da pena de morte, do ajustamento das torturas das prevenção de delitos, e da utilidade das penas em cada tempo e a influência que exercem nos costumes.
Capítulo II - Origem das penas e do direito de punir
O autor inicia o capitulo afirmando que toda lei que não for estabelecida sobre os sentimentos do homem, terá de em algum momento, ceder, fazendo assim uma analise sobre a influência moral da política sobre as leis.
Prosseguindo, Beccaria diz que as leis surgiram inicialmente com o propósito de agrupar os homens que viviam independentes e isolados, à superfície da terra e em constante estado guerra entre si. Cansados de viver nessas condições eles sacrificaram uma parcela de sua liberdade, para usufruir o restante com mais segurança. Desse sacrifício de liberdade, originou o Estado, que é o encarregado pelas leis, como depositário dessas liberdades e dos trabalhos da administração foi aclamado o soberano, e cita então Thomas Hobbes. Porém, não bastava a formação deste depósito, como diz Beccaria, fazia-se necessário a criação de uma forte proteção contra possível usurpação de um particular as penas. Essas penas precisariam causar imediata impressão aos sentidos. "(...) só a necessidade constrange os homens a ceder parte da sua liberdade;" nas palavras do autor. Isso se baseia em que cada qual apenas concorda ceder parte de sua liberdade, exatamente proporcional ao necessário para manter posse da restante. "O conjunto de todas essas pequenas porções de liberdade constitui o fundamento do direito de punir", Beccaria afirma. Encerra dizendo que toda ação de poder que se afasta desse fundamento constitui abuso e não mais justiça, e que as penas que venham a ultrapassar a necessidade do que ele chama de salvação pública, são injustos por natureza.
Capitulo III - Consequências desses princípios
Neste capítulo, Beccaria apresenta três consequências desses princípios. A primeira se apresenta como a exclusividade das leis fixarem as penas de cada delito, ou seja, do legislador que a cria, em nome de toda a sociedade. Com isso Beccaria diz que nenhum magistrado pode ter a autoridade de ser mais severo que a lei, pois dessa forma ele será injusto.
A segunda consequência é que o soberano que deve fazer leis gerais, a qual toda a sociedade deve se submeter. Ele pontua ainda que a esse soberano somente cabe legislar, porém, que há de haver outro soberano que afirmará quando houver a violação do contrato social, e por fim o magistrado deve decidir a contestação, que deve simplesmente pronunciar se há ou não um delito. Já a terceira, é baseada na ideia de que ainda que a possível crueldade das penas não seja reprovada pela filosofia, a que ele se refere como mãe das virtudes, se provar-se que aquela é inútil e incapaz de impedir crimes, o qual é o seu único fim, dever-se-á considerá-la como um elemento desqualificador a natureza do contrato social e a toda justiça.
Capitulo IV- Da interpretação das leis
Novamente, Cesare entra na questão de que os juizes não podem ter o direito de interpretar as leis penais, já que não são legisladores, este deve apenas aplica-lá justamente. O legítimo interprete é o soberano, o depositário das vontades atuais de todos. Afirma ainda que juiz deverá fazer um silogismo perfeito, que se não for realizado, haverão casos onde os mesmos delitos sejam punidos com penas distintas, devido justamente à instabilidade e parcialidade dos juizes, que são os encarregados de interpretar as leis e distribuir justiça. Beccaria defende que as leis penais sejam fixas e literais, de forma que cada cidadão possa calcular exatamente a consequência de uma ação reprovável. O que será para o autor, útil, porque tal conhecimento desviará o cidadão do crime. Neste sentido, destaca que, um espírito independente surgirá aos cidadãos que estarão, por fim, menos submetidos às leis e à autoridade dos magistrados.
Capítulo V - Da obscuridade das leis
Neste capítulo, Beccaria defende que as leis devem ser familiar ao povo, para que cada cidadão possa julgar as consequências de seus atos sobre sua liberdade e seus bens. E que para isso, elas devem ser escritas numa linguagem clara e acessível ao povo. Dessa acessibilidade, resultaria a redução de delitos ocorridos.
Destaca ainda a importância da imprensa para essa publicidade necessária das leis, já que ele julga a obscuridade das leis tão nociva quanto a interpretação arbitrária das leis.
Capítulo VI - Da prisão
Beccaria critica o sistema jurisprudencial e criminal no qual ele viveu, dizendo que no lugar da justiça, a ideia de força e poder é imposta a povo. Critica ainda o fato de que tanto o "inocente suspeito" e "criminoso convicto" são lançados sem distinção a masmorra, e assim caracteriza a prisão de seu tempo, como um suplício ao invés de um meio que detenha um acusado. Beccaria diz ainda no sexto capítulo, que o direito dos magistrados de prender discricionariamente os cidadãos, constitui-se erro grave. Neste sentido, afirma que a lei deve estabelecer as situações que um homem pode ser preso e submetido a interrogatório.
Capitulo VII - Dos indícios do delito e da forma dos julgamentos
Neste capítulo, Cesare indica como devem ser tratados os indícios. Inicia dissertando a respeitos das várias provas que dependem da veracidade de uma única, esta por sua vez, se desconsiderada for, desconstrói todas as outras, e por isso, merecem menor valor. Porém, quando as provas são independentes entre si, a falsidade de uma das provas não influirá nas demais, e sendo assim, quanto mais provas mais provável será o delito. Beccaria classifica as provas em perfeitas e imperfeitas, dizendo que a primeira são as que demonstram que é impossível que o acusado seja inocente, já a segunda sãos as que não excluem a possibilidade de inocência do acusado.
Uma única prova perfeita é suficiente para condenar o acusado, as imperfeitas, como já citado, necessitam de um numero maior para justificar a culpa. Porém, as provas imperfeitas não justificadas pelo acusado tornam-se provas perfeitas.
Capítulo VIII - Das testemunhas
O autor considera importante que uma legislação, determine exatamente o grau de confiança que se deve das as testemunhas, assim como a natureza das provas pelas quais se possam constatar um delito. Prossegue dizendo que todo homem racional pode ser testemunha, porém que deve medir-se a confiança a ele, de acorde com os interesses que ele possa ter de dizer ou não a verdade, de acordo com a amizade ou o ódio que tenha em relação ao acusado. Critica também a restrição do testemunho á mulheres e condenados, justificadas respectivamente pela fraqueza e a morte civil. Diz também, que é necessário que sempre haja mais de uma testemunha, porque se um afirma e outro nega, não há nada de certo, prevalecendo o conceito que todo homem é inocente até que se demonstre o contrário.
Capítulo IX - Das acusações secretas
Beccaria se mostra completamente contra a praticadas acusações secretas, referindo-se a esta como um abuso manifesto, mas, consagrado em alguns Estados. Explica-nos, que as acusações secretas são típicas da Monarquia e que numa sociedade que a admite, qualquer um que pode suspeitar vê no semelhante um inimigo, qualquer cidadão é um delator em potencial. O autor defende ainda, a publicidade dos atos penais e processuais penais, a título de transparência e devida justiça
Capítulo X - Dos interrogatórios sugestivos
Cesare Beccaria explica, no presente capítulo, que os interrogatórios sugestivos são aqueles destinados ao réu e remetem a uma resposta imediata. Critica o fato das leis proibirem tal procedimento justificando que só se deve interrogar com relação a maneira pela qual o crime foi cometido e sobre suas circunstâncias, ao passo que permitem a tortura. Sugere, justamente, que se substitua a tortura pelo interrogatório sugestivo.
Capítulo XI - Dos juramentos
Neste breve capítulo, o autor destaca a inutilidade das leis dos juramentos, uma vez que ninguém tem o interesse de dizer a verdade para sua própria destruição, por suas próprias palavras"Outra contradição entre as leis e os sentimentos naturais é exigir de um acusado o juramento de dizer a verdade, quando ele tem o maior interesse em calá-la". Para ele, esta lei vai de encontro com as leis naturais "A razão faz ver que assim deve ser, porque todas as leis opostas aos sentimentos naturais do homem são vãs e conseguintemente funestas."
Capítulo XII - Da questão ou tortura
Neste capítulo, o artífice europeu reforça a presunção de inocência do acusado, até que se protele sentença em contrário. O autor questiona o uso dos castigos como a tortura e faz uma proposição: ou o delito é certo, ou é incerto. Se for certo, deve-se punir com a pena fixada em lei, e a tortura é inútil – por ser desnecessária a confissão do acusado; se é incerto, paira ser hediondo atormentar um possível inocente. Estabelece uma relação de equidade entre as antigas provas de fogo dos Romanos e a tortura, dizendo "A única diferença existente entre a tortura e as provas de fogo é que a tortura só prova o crime quando o acusado quer confessar, ao passo que as provas queimantes deixavam uma marca exterior, considerada como prova do crime." Destaca ainda, que a tortura submete o inocente a estado pior do que ao culpado, porquanto "o inocente submetido à questão tem tudo contra si: ou será condenado, se confessar o crime que não cometeu, ou será absolvido, mas depois de sofrer tormentos que não mereceu. O culpado, ao contrário, tem por si um conjunto favorável: será absolvido se suportar a tortura com firmeza, e evitará os suplícios de que foi ameaçado, sofrendo uma pena muito mais leve. Assim, o inocente tem tudo que perder, o culpado só pode ganhar."
Encerra o capítulo demonstrando repúdio a tortura como meio de descobrir cúmplices de delitos e de extorquir e acusar um homem que praticou certo delito a outro delito distinto. Fecha dizendo que os homens que a admitem são crápulas da carnificina e cultivadores do derrame de sangue.
Capítulo XIII - Da duração do processo e da prescrição
Beccaria ressalta que, uma vez conhecidas as provas, é necessário conceder ao réu, tempo e meios oportunos para que se justifique. Mas esse tempo há de ser breve, de modo que não prejudique o imediatismo da pena. Acentua, ainda, que os crimes atrozes, se provados, não deverão se prescrever. Quando um crime atroz não é comprovado, menos verossímil é ele. Será preciso, pois, diminuir o tempo do processo e aumentar o tempo de prescrição. O autor disserta que existem dois tipos de delitos: os delitos atrozes (homicídios e toda progressão dos mais horríveis assassínios) – os quais se devem diminuir-se o tempo do processo e da investigação, mas aumentar o tempo da prescrição; e os delitos menores – para os quais, o processo deve ser mais demorado e o tempo de prescrição ser menor.
Capítulo XIV - Dos crimes começados; dos cúmplices; da impunidade
O italiano afirma que, se bem que as leis não possam punir as intenções, os delitos que estão no começo com alguma ação que manifesta vontade de fazê-lo, também merecem castigo. Porém, esse ultimo deve receber uma pena menos severa do que o anterior. Doutrinando sobre os cúmplices, o autor diz que, quando há vários cúmplices de um delito, o executor sofrerá a pena maior, e os cúmplices serão castigados com uma pena menor que a do executor, salvo se o executor receber recompensa dos cúmplices. Aí, as penas devem ser iguais a todos. O autor admite, ainda, a atribuição de impunidade ao cúmplice que entregar os outros cúmplices. Precisando, ainda, acrescentar aos dispositivos dessa lei que a impunidade traria consigo o banimento do delator.
Capítulo XV - Da moderação das penas
O presente capítulo explica que "Os castigos têm por fim único impedir o culpado de ser nocivo futuramente à sociedade e desviar seus concidadãos da senda do crime." A forma de punir proporcionalmente os delitos é aquela que produza a impressão mais eficaz e duradoura sobre os ânimos dos homens, de modo que não cometam tais delitos. Para que o castigo produza o efeito que dele se deve esperar, basta que o mal que causa ultrapasse o bem que o culpado retirou do crime. Toda severidade que ultrapasse os limites se torna supérflua e, por conseguinte, tirânica. A crueldade das penas produz ainda dois efeitos nefastos – contrários ao seu fim principal, que é prevenir o crime: difícil proporção entre delito e pena; e instabilidade da pena cruel, o que acarretaria na perda de vigor da lei e na impunidade do crime. O artífice finda refletindo que o rigor das penas deve ser relativo ao estado atual da nação. Primariamente, deve-se agir mais energicamente contra os grosseiros selvagens, mas à medida que a sociedade vai caminhando, os homens se tornam mais sensíveis, fazendo com que as penas amenizem.
Capítulo XVI - Da pena de morte
No presente capítulo, Beccaria explica que a pena de morte não é um direito, nada mais é que uma guerra declarada a um cidadão pela nação, que julgou esse cidadão inútil e alvo destrutivo. Ou o homem tem o direito de se matar, ou não pode ceder esse direito a outrem nem à sociedade inteira. A pena de morte não se apoia, assim, em nenhum direito.
No geral, se justifica a pena de morte em dois motivos: quando o estado está em perigo de perder a sua liberdade, e sua lei é substituída pela desordem; e quanto um cidadão, mesmo privado de sua liberdade, pode atentar contra a segurança pública, podendo sua existência gerar revolução perigosa no governo estabelecido. Porém, sob a serena calmaria do reino das leis, sob uma unanimidade de governo, um estado bem defendido e estável interna e externamente, onde tudo está nos moldes corretos, não pode haver necessidade de tirar a vida de algum cidadão. Continua Beccaria dizendo que o rigor do castigo causa menos efeito sobre o espírito humano do que a duração da pena. A morte de um malfeitor é para o crime menos eficaz do que o longo e contínuo exemplo de um homem privado de sua liberdade, tornado até certo ponto uma besta de carga e que repara com trabalhos penosos o dano que causou à sociedade. Num governo tranqüilo e livre, são necessários menos espetáculos de execução do que impressões duráveis. Para que uma pena seja justa, deve ter apenas o grau de rigor bastante para desviar os homens do crime. Não há homem que possa vacilar entre o crime, mal grado a vantagem que esse prometa, e o risco de perder para sempre a liberdade. Assim, então, a escravidão perpétua, em vez da pena de morte, supre toda necessidade de rigor para afastar do crime o espírito mais determinado. Numa nação em que a pena de morte é empregada, é imprescindível, para cada exemplo que se dá, um novo crime; ao passo que a escravidão perpétua de um único culpado pões sob os olhos do povo um exemplo que subsiste sempre, e se repete. A vantagem da pena da escravidão para a sociedade é que amedronta mais aquele que a testemunha do que quem a sofre.
Capítulo XVII - Do banimento e das confiscações
Nesse capítulo, Beccariaexplana que todo cidadão que perturba a tranqüilidade pública deve ser excluído da sociedade, ou seja, banido. Os cidadãos banidos da sociedade podem perder seus bens ou parte deles. Quando o indivíduo é banido da sociedade, deve-se confiscar total ou parcial de seus bens declara o autor, de acordo com a gravidade do delito. Há casos em que o indivíduo não pode ser privado de seus bens. A perda de todos os bens é uma pena maior do que seu banimento e acontece quanto à pena imposta por lei anula todas as relações que existem entre a sociedade e o indivíduo delinquente, como se este fosse morto perante a sociedade.
Capítulo XVIII - Da infâmia
Beccaria destaca que a infâmia é um sinal de desaprovação pública, que priva o réu da confiança e da consideração da sociedade. As penas de infâmia não devem ser muito freqüentes, porque os efeitos reais do poder de opinião enfraquecem a força da própria união. Afirma que não devem recair sobre um grande número de pessoas há um tempo, porque a infâmia de muitos se transformaria na infâmia de nenhum. Declara ainda "As penas infamantes devem ser raras, porque o emprego demasiado freqüente do poder da opinião enfraquece a força da própria opinião."
Capítulo XIX - Da publicidade e da presteza das penas
Beccaria ressalta neste capitulo que, a prisão deve ser uma simples custódia de um cidadão que espera ser julgado, que deve durar o menor tempo possível, assim como ser o mais brando possível. Diz ainda, que o objetivo do cárcere deve ser o de impedir sua fuga e que ele oculte as provas do crime. A presteza das penas é útil porque quanto menor a distância de tempo entre a pena e o delito, mais forte e durável será a associação das idéias de delito e pena. Em suas palavras "Uma pena por demais retardada torna menos estreita a união dessas duas idéias: crime e castigo."
Capítulo XX - Que o castigo deve ser inevitável. – Das graças.
Segundo Beccaria, "Não é o rigor do suplício que previne os crimes com mais segurança, mas a certeza do castigo". A perspectiva de um castigo moderado, mas inevitável causará sempre uma forte impressão mais forte do que o temor de um suplício terrível, em relação ao que se apresenta alguma possibilidade de impunidade. Por temer a ideia dos pequenos males, o homem se abstém de fazer certos atos dos quais ele tem a certeza de que serão punidos, mesmo que com pequenas penas. Às vezes, abster-se de punir um delito pode parecer benevolência, porém, constituirá um sistema viciado, diz Cesare. Para o autor, se há de haver graça, há de se fixar em códigos. Pois estando sob a vontade do executor das leis, a graça alcançará só os que lhe convirem, ferindo inevitavelmente o conceito de justiça comum a todos, que é o maior objetivo.
Capítulo XXI - Dos asilos
Beccaria explana neste breve capítulo, que existe pouca diferença entre a impunidade e os asilos e, justifica, dizendo que, como o melhor meio de impedir o crime, segundo ele, é a perspectiva de um castigo certo e inevitável, os asilos, representam "um abrigo contra a ação das leis, convidam mais ao crime do que as penas o evitam". Neste sentido, constata que não deve existir nenhum lugar independente das leis dentro da fronteira de um país. Continua dizendo que na História, vê-se que dos asilos originaram-se grandes revoluções nos Estados e nas opiniões humanas. O autor, diz ainda que os crimes cometidos em uma sociedade não são puníveis em outra, em regra. O direito de impor leis a um cidadão não é universal, é particular a sua sociedade, ao contrato social no qual ele está inserido.
Capítulo XXII - Do uso de pôr a cabeça a prêmio
Assimila Beccaria que, se o governo põe a cabeça de um criminoso a prêmio, mostra-se fraco, em suas palavras "Quando a gente tem força para defender-se não compra o socorro de outrem.", Continua sua crítica dissertando "Anula todas as idéias de moral e de virtude, tão fracas e tão abaladas no espírito humano. De um lado, as leis punem a traição; de outro, autorizam-na."
Ou seja, para punir um crime, faz - se nascer tantos outros. Há de se unir a moral à política, desprezando as leis que incentivam a competição moral e jurídica entre os cidadãos.
Capítulo XXIII - Que as penas devem ser proporcionadas aos delitos
Cesare ressalta que deve existir uma proporção entre os delitos e as penas. Essa proporção se deve a que nem todos os delitos danam igualmente a sociedade; uns mais, outros menos. Então, quanto mais danoso o delito, maior deverá se a pena correspondente. Existe uma escala de delitos, cujo no primeiro escalão estão aqueles que destroem imediatamente a sociedade; e os menores são as pequenas ofensas feitas a particulares. Por isso, também deve existir uma escala de penas, que devem ser proporcionais aos delitos cometidos.
Capítulo XXIV - Da medida dos delitos
Como salienta Beccaria, a verdadeira medida dos delitos é o tamanho do dano a sociedade. Quanto maior o dano à sociedade, maior será o delito e, portanto, a pena. Alguns opinam que a graduação dos delitos deve considerar a gravidade do pecado, ou seja a visão divina. Isso, segundo Beccaria, é um erro, já que a gravidade do pecado depende da malicia do coração de cada um, e nenhum ser humano pode saber o que se passa no coração do outro. O único capaz de ter esse conhecimento é Deus.
Capítulo XXV - Divisão dos delitos
O autor autor italiano neste presente capítulo, explica que há distintos tipos de delitos. Classificam-se em três grupos, segundo a gravidade. Os delitos que estão no topo dessa graduação são os que destroem imediatamente a sociedade ou a quem a representa. Em segundo plano, menos graves, se encontram os delitos que atingem a vida, os bens ou ahonra de um cidadão. Depois estariam os atos contrários ao que a leis fixam ou proíbem, tendo em vista o bem público. Toda conduta que não se encaixar numa dessas classes não poderá ser considerado como crime, nem punido com tal
Capítulo XXVI - Dos crimes de lesa-majestade
Disserta Beccaria que esses crimes foram postos na classe dos grandes crimes, porque são nefastos à sociedade. Afirma o autor, ainda, que todo delito é nocivo à sociedade, mas nem todos tendem a destruí-la. Assim, há de se julgar as ações morais por seus efeitos positivos tendo em conta o tempo e o lugar.
Capítulo XXVII - Dos atentados contra a segurança dos particulares e, principalmente, das violências
Prossegue Beccaria, depois de explanar sobre os crimes que atingem a sociedade, vêm os atentados contra a segurança dos particulares. Entre esses crimes, uns são contra a vida, outros contra a honra, e outros contra os bens. Os atentados contra as pessoas devem ser punidos com penas corporais. Os atentados contra a segurança e liberdade dos cidadãos são uns dos delitos mais graves. Pela periculosidade jurídica que a dosimetria de pena distinta a ricos e pobres poderia causar, impera-se, e é justa, a aplicação de pena a ambos da mesma maneira.
Capítulo XXVIII - Das injúrias
Beccaria doutrina neste capítulo que as injúrias pessoais, contrárias à honra, devem ser punidas pela infâmia. Existe uma contradição notória entre as leis – ocupadas de proteger a fortuna e a vida do cidadão – e as leis de honra – que preferem a opinião a tudo. Nada mais é do que um paradigma moral de cada um. Pode-se determinar um denominador comum do que seja a honra, se junta à particularidade de todos os indivíduos. É esse denominador comum que será um portal para retornar ao estado de natureza, desqualificando o contrato social. "A ideia da honra é uma ideia complexa, formada não somente de várias idéias simples, mas também de várias idéias complexas por si mesma."
Capítulo XXIX - Dos Duelos
Cesare, dispõe que os duelos estabelecidos nas más leis nasceram da necessidade dos sufrágios públicos – a honra. Continua assegurando que esses espetáculos vis devem ser combatidos com punições ao agressor (aquele que deu lugar àquela) e declarar inocente aquele que, sem procurar tirar a espada, se viu constrangido a defender a própria honra.
Capítulo XXX - Do roubo
O doutrinador defende, que um a roubo cometido sem violênciasó deve-se atribuir pena pecuniária. Mas, se o roubo for por necessidade, as penas pecuniárias contribuirão simplesmente para multiplicar os roubos, cabendo para este tipo de roubo, uma espécie de escravidão temporária, um trabalho para reparar o dano causado ao pacto social. Se, porém, o roubo é acompanhado de violência, é justo ajuntar à servidão as penas corporais.
Capítulo XXXI - Do contrabando
Nessa dissertação, Beccaria afirma que o contrabando é um delito que fere tanto o príncipe quanto a nação, mas que a pena não deve ser o da infâmia, pois a opinião pública não presta nenhuma infâmia a esta espécie de delito. O contrabando tem a origem na própria lei, já que ao aumentar os impostos, aumenta a tentação de realizar o contrabando. Se os imposto forem pequenos, consequentemente haveria menos contrabando, já que os cidadãos não se arriscariam para pouca diferença. As penas impostas aos contrabandistas, além do confisco do material contrabandeado, não necessita ser o mesmo de um assassino, por exemplo. Porém, "Merece uma pena considerável, como a prisão e mesmo a servidão, mas uma prisão e uma servidão análogas à natureza do delito."
Capítulo XXXII - Das falências
O autor europeu afirma que existem dois tipos de falidos: os fraudulentos, estes devem ser punidos com a mesma pena de falsificadores de moeda. E os falidos de boa fé, aos quais se deve castigar com menos rigor. O autor diz que a lei deve trazer as explicações e as atribuições penais e processuais dos falidos fraudulentos e de boa fé. E também explicita o princípio da presunção de inocência "Se a fraude do falido for muito duvidosa, será melhor optar por sua inocência. Há uma máxima geralmente certa em legislação, segundo a qual a impunidade de um culpado tem graves inconvenientes; mas, a impunidade é pouco perigosa quando o delito é difícil de constatar-se."
Capítulo XXXIII - Dos delitos que perturbam a tranqüilidade pública
Neste capítulo, Beccaria trata dos delitos que ele classifica como os da terceira espécie. Aqueles que perturbam a tranquilidade pública dos cidadãos. Cabe ao magistrado de polícia evitar que se perturbe a tranqüilidade pública, mas eles não podem atribuir leis arbitrárias, pois se o fizerem, estarão caminhando para a tirania. Devem agir de acordo com o código que circule entre as mão dos cidadãos, de modo que eles possam saber quando são passíveis de culpa e quando são inteiramente inocentes, em suas palavras "Creio não haver exceção à regra geral de que os cidadãos devem saber o que precisam fazer para serem culpados, e o que precisam evitar para serem inocentes."
Capítulo XXXIV - Da ociosidade
Neste capítulo, nos é exposto que os governos sábios não permitem o ócio político no meio do trabalho, já que aquele que perturbe a tranqüilidade pública e não obedeça às leis deve ser excluído da sociedade. Ócio político é atribuído a quem não contribui à sociedade nem com trabalho nem com riqueza. É aquele que sem nunca perder, sempre acumula. Não considerado ocioso aquele que trabalhou para acumulou riquezas, nem aquele que goza da riqueza de seus antepassados. Pelo contrário, esses são bem-vindos na sociedade, já que o aumento do número deles pode trazer prosperidade à nação.
Capítulo XXXV - Do suicídio
Esse capítulo explica que o suicídio não é um delito que se pode atribuir uma pena propriamente dita, já que se para castigar alguém, só um inocente ou um corpo já sem vida, não há porém, lógica. Tratamos neste capítulo de um crime que somente Deus, poderá punir após a morte do culpado. Não é, porém, um crime perante os homens, porque o castigo recai sobre família inocente e não sobre o culpado. Ainda neste sentido, ele destaca "aquele que se mata faz menos mal à sociedade do que aquele que renuncia para sempre à sua pátria. O primeiro deixa tudo ao seu país, ao passo que o outro lhe rouba sua pessoa e uma parte dos seus bens."
Capítulo XXXVI - De certo delitos difíceis de constatar
Beccaria inicia constatando que "cometem-se na sociedade certos delitos que são bastante freqüentes, mas que é difícil provar. Tais são o adultério, a pederastia, o infanticídio. Aqui que o há delitos que são freqüentes, mas difícil de prová-los, tais como: o adultério, a pederastias e o infanticídio." O melhor meio de preveni-los seria proteger com leis eficazes a fraqueza e a infelicidade contra essa espécie de tirania, que só se levanta contra os vícios que não se podem cobrir com o manto da virtude.
Capítulo XXXVII - De uma espécie particular de delito
O autor faz, nesse capítulo, uma breve demonstração da espécie de delito cuja punição inundou a Europa de sangue humano, e que ele não se pretende alongar devido suas atrocidades desumanas. Diz ainda que "Deve-se crer que todas essas coisas estarão demonstradas e conformes aos interesses da humanidade, se houver em alguma parte uma autoridade legítima e reconhecida que as ponha em prática."
encerra abstendo-se de analisá-la sob a luz da humanidade e da filosofia. "Quanto a mim, só falo aqui dos crimes que pertencem ao homem natural e que violam o contrato social; devo silenciar, porém, sobre os pecados cuja punição mesmo temporal deve ser determinada segundo outras regras que não as da filosofia."
Capítulo XXXVIII - De algumas fontes gerais de erros e de injustiças na legislação
O autor começa explicando que as falsas idéias que os legisladores fizeram da utilidade são uma das fontes de erros e injustiças. Falsa ideia de utilidade é ocupar-se mais com inconvenientes particulares do que com gerais; é querer comprimir, ao invés de excitar, os sentimentos naturais; é silenciar a razão e escravizar o pensamento. É, ainda, sacrificar mil vantagens reais ao temor de uma desvantagem imaginária. As leis que proíbem porte de arma, exemplifica, pois só desarma o cidadão pacífico e deixa o celerado com o ferro nas mãos.
Capítulo XXXIX - Do espírito de família
Beccaria assinala que o espírito familiar é outra fonte genérica de injustiças na legislação. Ele discorda da afirmação de que a pena afeta mais um nobre que carrega consigo uma ilustre família, a qual será afetada, do que um plebeu que não tem essa espécie de "responsabilidade". Afirma ainda que justamente pela educação que lhe foi confiada, o nobre exerce efeito ainda mais funesto sobre a sociedade e deve ser punido igualmente. Assim, nas repúblicas livres, é que se considerou o Estado antes como uma sociedade de famílias do que como a associação de certo número de homens.
Capítulo XL - Do espírito do fisco
Cesare expõe que, certo tempo atrás, todas as penas eram pecuniárias. O objeto das penas era um litígio entre o fisco e o réu; agindo o fisco em dever de acumular patrimônio para o soberano. O juiz era mais que um protetor das leis, era um advogado do fisco. "O juiz, quando exerce suas funções, não é mais do que o inimigo do culpado, isto é, de um infeliz curvado ao peso das cadeias, minado pelo sofrimento, que os tormentos esperam e que o futuro mais terrível cerca de horror e de assombro. Não é a verdade o que ele procura;" Quanto o réu de declarava-se culpado, automaticamente se tornava devedor do fisco.
Capítulo XLI - Dos meios de prevenir crimes
Beccaria inicia o capítulo afirmando que é melhor prevenir os crimes do que ter de puni-los. Diz ainda, que em toda boa legislação o fim não é castigar os delitos, é, sim, evitá-los. Por cada motivo que leva o cidadão a cometer um verdadeiro delito, há mil que nos levam a acometer ações indiferentes que são definidas como delito pelas más legislações. Destaca "Quereis prevenir os crimes? Fazeis leis simples e claras; fazei-as amar; e esteja a nação inteira pronta a armar-se para defendê-las, sem que a minoria de que falamos se preocupe constantemente em destruí-las". É, igualmente, meio de prevenir delitos, afastar do santuário das leis a própria sombra da corrupção, interessando os magistrados em conservar em toda a sua pureza o depósito que a nação lhes confia. Quanto mais numerosos forem os tribunais, menos se violarão os direitos dos homens. Também é artifício de prevenção de penas érecompensando a virtude, recompensa essa que estimularia os cidadãos a deixar de cometer delitos. Uma “meritocracia” pacífica. Afim, o meios mais seguro, mas ao mesmo tempo mais difícil, de tornar os homens menos inclinados a praticar o mal, é aperfeiçoar a educação deles. O autor finaliza expondo sobre a vastidão dos limites do assunto.
Capítulo XLII - Conclusão
O autor fecha elucidando que, de toda teoria supracitada, pode-se deduzir um teorema geral utilíssimo: é que, para não ser um ato de violência contra o cidadão, a pena deve ser essencialmente pública, pronta, necessária, a menor das penas aplicáveis nas circunstâncias dadas, proporcionada ao delito e determinada pela Lei.

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