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Fato Típico – Resultado Nexo Causal
DIREITO PENAL
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FATO TÍPICO – RESULTADO NEXO CAUSAL
Da conduta surgem dois resultados: o naturalístico (material) e o normativo 
(jurídico).
Resultado naturalístico
É a modificação do mundo exterior perceptível pelos sentidos. Perceba que 
nem todo crime produz um resultado naturalístico. Afinal, não são todas as con-
dutas criminosas que geram essa alteração no mundo exterior. Exemplos: no 
caso de um homicídio (art. 121 do Código Penal), pode-se facilmente observar 
uma alteração no estado das coisas antes e após a prática delituosa. A vítima, 
que estava viva, depois da conduta criminosa se encontra morta.
Código Penal 
Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
O mesmo ocorre no caso de uma lesão corporal (art. 129 do Código Penal). A 
vítima, que estava em perfeitas condições físicas, agora apresenta hematomas 
e escoriações pelo corpo. 
Código Penal 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Entretanto, em determinados crimes, não é perceptível, por meio dos sen-
tidos, nenhuma alteração, como ocorre no caso da violação de domicílio (art. 
150 do Código Penal). Quando um agente permanece no interior de casa alheia 
contra a vontade de seu proprietário, há o crime de violação de domicílio, mas 
nenhuma alteração no mundo exterior é percebida.
Código Penal 
Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade 
expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.
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Resultado normativo
É a lesão ou perigo de lesão aos bens jurídicos tutelados pelo Direito Penal. 
Todo crime possui um resultado jurídico. Afinal, vigora, no Direito Penal brasi-
leiro, o princípio da “exclusiva proteção dos bens jurídicos”, segundo o qual: “a 
única razão de existir do direito penal é a proteção de bens jurídicos que 
não são devidamente protegidos pelos outros ramos do direito”.
Por essa razão, até mesmo aqueles crimes que não possuem um resultado 
naturalístico produzem resultado normativo.
Exemplos:
• No caso do homicídio, o resultado normativo é a lesão ao bem jurídico 
“vida”.
• Na lesão corporal, o resultado normativo é a lesão ao bem jurídico “integri-
dade física”.
• No caso da violação de domicílio (que não gera resultado naturalístico), o 
resultado normativo produzido é a lesão ao bem jurídico “liberdade indivi-
dual”.
Atenção!
Todo crime produz um resultado normativo, mas nem todo crime produz 
resultado naturalístico.
Nexo de causalidade
O nexo de causalidade é o elemento do fato típico que faz a ligação entre a 
conduta praticada pelo agente e o resultado dela proveniente. É a ponte entre os 
dois elementos analisados anteriormente (conduta e resultado).
Código Penal
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável 
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resul-
tado não teria ocorrido.
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Teoria da causalidade simples: causa é todo fato sem o qual o resultado 
não teria ocorrido.
O Código Penal adotou, como regra, a “causalidade simples” (também 
conhecida como teoria da equivalência das condições, teoria da condição sim-
ples, teoria da condição generalizadora, da equivalência dos antecedentes cau-
sais ou conditio sine qua non), segundo a qual todo fato sem o qual o resultado 
não teria ocorrido é causa de sua produção.
Exemplo: João e Maria concebem um filho, Pedro. Pedro compra um revólver 
vendido por José (de maneira regular e permitida) e mata seu desafeto, Tiago, 
com três disparos.
As condutas de:
• João e Maria, que concebem Pedro, o homicida;
• José, que vende a arma do crime para Pedro;
• Pedro, que dispara contra a vítima com a intenção de matá-la.
São consideradas causas da produção do resultado. Isso porque há a causa-
lidade simples, regra do ordenamento jurídico. 
Atenção!
Obviamente, para que seja possível a imputação de responsabilidade penal 
aos envolvidos, deve-se levar em consideração uma causalidade psíquica 
(análise de dolo ou culpa em cada uma das condutas praticadas).
Concausas
Dentro do estudo do nexo causal, um dos assuntos mais importantes para 
provas de concurso público, sem sombra de dúvidas, é o estudo das concausas. 
Concausa é a convergência de uma causa externa à vontade do autor de uma 
conduta que influencia na produção do resultado por ele pretendido. As concau-
sas se dividem em duas espécies:
• Absolutamente independentes;
• Relativamente independentes.
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Absolutamente independentes
São as causas externas que não possuem nenhuma relação com a conduta 
praticada pelo agente e que acabam produzindo autonomamente o resultado por 
ele desejado. Por essa razão, impedem a responsabilização do agente.
Podem ser preexistentes, concomitantes ou supervenientes. Essa subdivisão 
é feita com base na relação entre o momento em que a conduta foi praticada 
pelo agente e o momento em que a causa absolutamente independente ocorreu.
• Preexistente: a causa absolutamente independente (a qual produziu efeti-
vamente o resultado) ocorre antes da conduta praticada pelo agente. Exem-
plo: o agente efetua disparos contra a vítima, que havia ingerido veneno 10 
minutos antes e veio a morrer envenenada.
 Conclusão: como a conduta praticada pelo agente não tem nenhuma rela-
ção com a causa efetiva e não foi a causa do resultado morte, não é possível 
responsabilizá-lo por esse resultado. O agente responderá apenas por ten-
tativa de homicídio.
• Concomitante: a causa absolutamente independente (a qual produziu efe-
tivamente o resultado) ocorre ao mesmo tempo que a conduta praticada 
pelo agente. Exemplo: o agente efetua disparos contra a vítima no mesmo 
momento em que o teto desaba sobre ela. A vítima morre em razão de trau-
matismo craniano por causa do desabamento. 
 Conclusão: como a conduta praticada pelo agente não tem nenhuma rela-
ção com a causa efetiva e não foi a causa do resultado morte, não é possível 
responsabilizá-lo por esse resultado. O agente responderá apenas por ten-
tativa de homicídio.
• Superveniente: a causa absolutamente independente (a qual produziu 
efetivamente o resultado) ocorre depois da conduta praticada pelo agente. 
Exemplo: o agente envenena a vítima, mas, antes de o veneno fazer efeito, 
a vítima é assassinada em uma tentativa de assalto.
 Conclusão: como a conduta praticada pelo agente não tem nenhuma rela-
ção com a causa efetiva e não foi a causa do resultado morte, não é possível 
responsabilizá-lo por esse resultado. O agente responderá apenas por ten-
tativa de homicídio.
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A causa externa que produz o resultado sozinha, sem nenhuma relação com 
o comportamento do agente, tem a capacidade de afastar o nexo causal entre 
o comportamento do agente e o resultado produzido. Portanto, se o comporta-
mento do agente não é necessário para a produção do resultado, ele não é con-
siderado causa. E, se não é causa, não responde pelo crime. 
�������������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a 
aula preparada e ministrada pelo professor Paulo Igor.

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