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Elementos do Crime: Conduta, Resultado e Tipicidade

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DELEGADO CIVIL 
Paulo Sumariva 
Direito Penal 
Aula 03 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
◦ Exclusão da Conduta: 
a) Caso fortuito e força maior: são aqueles acontecimentos imprevisíveis, inevitáveis; não há vontade do agente em 
realiza-los. 
b) Movimentos reflexos: são aquelas ações em curto-circuito (ação emocional, repentina, não controlada pelo agente). 
c) Sonambulismo e Hipnose: sonambulismo está cientificamente comprovado, assim como a hipnose, não há vontade do 
agente. 
d) Coação física irresistível: há diferença entre coação física e coação moral. Coação física é aquela situação em que o 
agente é fisicamente controlado pelo coator, na verdade o coator é quem está agindo, não o agente. Ela exclui a conduta. 
Na coação moral existe vontade do agente, mas é uma vontade viciada. Ela exclui a culpabilidade. 
 
◦ Resultado: 
- Conceito: é o efeito, é a consequência, o desdobramento da conduta. 
 
◦ Espécies de Resultado: 
1-Jurídico/Normativo: consiste na violação da lei penal, há ofensa a um bem jurídico protegido. 
2-Naturalístico/Material: é a modificação no mundo exterior provocada com a conduta criminosa. 
- Todo crime tem resultado jurídico ou normativo, nem todo crime tem resultado material ou naturalístico. 
Ex.: a ofensa da honra subjetiva de alguém produz resultado jurídico, mas não gera resultado material. 
 
- É possível crime sem resultado? 
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Todo crime tem resultado jurídico (ou normativo), já que toda conduta criminosa viola uma lei penal, ofende um bem 
jurídico. Porém nem todo crime possui resultado naturalístico (ou material) uma vez que apenas os crimes materiais é 
que têm resultado naturalístico. Crimes formais não possuem resultado naturalístico ou material. 
 
◦ Tipicidade: 
-Conceito: é um elemento do fato típico presente em todo e qualquer crime. 
É a soma da tipicidade formal com a tipicidade material. 
 
- Tipicidade FORMAL: analisa se o fato praticado na vida real se encaixa no modelo de crime descrito na norma penal. 
- Tipicidade MATERIAL: (ou substancial) é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. 
 
◦ Princípio da Insignificância: função – excluir a tipicidade material; assim o fato passa a ser atípico. 
Ex.:agente subtrai um bombom sonho de valsa de uma rede de supermercados – não há efetiva lesão ao bem jurídico 
protegido – diminuição do patrimônio da vítima. 
Quando a tipicidade material é excluída é porque se aplicou o Princípio da Insignificância. 
 
- O delegado de polícia pode aplicar o Princípio da Insignificância? 
HC 84.412 – STJ – Só o Juiz pode reconhecer o Princípio da Insignificância. Mas alguns doutrinadores discordam desse 
posicionamento, afirmando que o delegado pode sim aplicar a insignificância para não prender uma pessoa por fato 
atípico. 
 
◦ Pressupostos pra o reconhecimentos da Insignificância: 
1-minima ofensividade da conduta 
2- nenhuma periculosidade social da ação 
3- reduzido grau de reprovabilidade do comportamento 
4- inexpressividade da lesão jurídica provocada 
 
- O que é adequação ao catálogo no Direito Formal? 
É o reconhecimento da tipicidade formal. 
 
- Relação entre tipicidade formal, material e o Princípio da Ofensividade (ou lesividade): 
O Princípio da Ofensividade diz que o Direito Penal só é legítimo quando a conduta do agente é capaz de lesar ou de pelo 
menos colocar em perigo um bem jurídico. Nem toda conduta que tem tipicidade formal está de acordo com o princípio 
da ofensividade. Por isso é necessário que se tenha além da tipicidade formal, a tipicidade material. 
 
- Qual a teoria utilizada pelo DP? 
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A teoria utilizada é a Teoria Indiciária da Tipicidade, também chamada de Ratio cognoscendi. A tipicidade é indício da 
ilicitude. 
A tipicidade acarreta na presunção de ilicitude. É uma presunção relativa (eu posso produzir prova em contrário – ex.: 
legítima defesa) (presunção absoluta – não posso produzir prova em contrário – ex.: menoridade) 
Ela acarreta na inversão do ônus da prova. 
 
- Teoria dos Elementos Negativos do Tipo: 
Criada pelo alemão Webber, as excludentes da ilicitude funcionam como elementos negativos do tipo. Surge aqui o Tipo 
Total de Injusto. 
 
- Teoria da Tipicidade Conglobante: 
Criada por Zafaroni, seria a tipicidade legal + a antinormatividade. Significa que não basta o agente violar a norma penal, 
é preciso que ele ofenda o ordenamento o jurídico como um todo. Há a antecipação da análise da ilicitude. 
 
◦ Adequação Típica: 
É a tipicidade formal que é colocada em prática. 
1-Adequação Típica Imediata: também chamada de subordinação imediata. 
É aquela em que o fato praticado pelo agente se encaixa diretamente, perfeitamente, no tipo penal. 
 
2-Adequação Típica Mediata: também chamada de subordinação mediata ou adequação típica ampliada ou por extensão; 
O fato praticado pelo agente não se encaixa diretamente no tipo penal, será preciso utilizar uma outra norma para que 
exista a tipicidade. São as Normas de Extensão ou Normas Complementares da Tipicidade. 
 
- Normas de Extensão: 
1-Tentativa: Art. 14, II; CP – “Diz-se o crime: II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias 
alheias à vontade do agente.” 
 
2-Participação: Art. 29; CP – “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na 
medida de sua culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será 
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
 
3-Dever de Agir: Art. 13, §2º; CP – “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar 
o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
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b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.” 
 
◦ Relação de Causalidade: (nexo causal) 
- Art. 13; CP: O resultado (leia-se resultado NATURALÍSTICO), de que depende a existência do crime, somente é imputável 
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 
- Conceito: é o vínculo que se estabelece entre a conduta e o resultado naturalístico. 
- Âmbito de aplicação: o estudo da relação de causalidade só tem relevância nos crimes materiais (ou de resultado). 
 
- Qual teoria é adotada na Relação de Causalidade? 
Adota-se a Teoria da Equivalência dos Antecedentes ou teoria da Equivalência das Condições ou ainda Teoria da Condição 
Simples ou ainda Teoria da Condição Generalizadora ou Teoria da Condictio Sine Qua Non. 
Está prevista no Art. 13; CP, causa é todo e qualquer acontecimento sem o qual o resultado não teria ocorrido. Se o 
resultado contribuiu de qualquer modo para aquela causa. Quem deu causa ao resultado responde por ele. 
Ex.: mandante de homicídio. 
 
- É possível falar em regresso ad infinitum? 
A relação de causalidade não é só física, ela é psíquica. Quando se fala em conduta em Direito Penal é preciso que haja 
dolo ou culpa. O agente tem que produzir uma ação ou omissão para dar causa ao fato e isso não é possível se não houver 
dolo ou culpa na conduta, não sendo possível assim, falar em regresso ad infinitum.- Identificação da Causa: 
É feita através do Modelo de Eliminação Hipotética, ou seja, depois que o crime foi praticado volta-se no tempo para, 
hipoteticamente, eliminar alguns fatos em que o agente não agiu com dolo ou culpa e encontrar ou não o vínculo entre a 
conduta do agente e o resultado produzido. 
 
◦ Concausa: 
É a chamada concorrência de causas; é a convergência de uma causa externa à conduta do agente e que influi na produção 
do resultado. 
1- Concausa Dependente: elas derivam da conduta do agente, elas necessitam da conduta do agente para ocorrerem. 
Elas nunca excluem o nexo causal. Sem a conduta do agente elas não teriam ocorrido. 
2- Concausa Independente: elas são capazes de produzir por si só o resultado. Elas se dividem em: 
a- Absolutamente Independente: é aquela que não tem origem na conduta do agente; não está na mesma linha do 
desdobramento causal. Não há qualquer relação com a conduta do agente. Ela pode ser: 
 
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a’- Preexistente: são aquelas que antecedem a conduta do agente. 
Ex.: atirar no seu vizinho, mas ele já estava morto por ter tido um ataque cardíaco. 
 
b’- Concomitante: são aquelas que agem simultaneamente à conduta do agente. 
Ex.: duas pessoas atiram num mesmo momento numa terceira pessoa, a bala do atirador 1 chegou primeiro e matou a 
pessoa, a bala do atirador 2 não matou a pessoa por uma Concausa absolutamente independente concomitante. 
É a chamada coautoria colateral. 
 
c´- Superviniente: é aquela que ocorre posterior à conduta do agente. 
Ex.: nora tenta matar a sogra envenenada, mas ela é assaltada logo após ingerir o chá e morre por ferimento de bala. 
- Qual a consequência das Concausas Absolutamente Independentes? 
A consequência (ou efeitos jurídicos) das concausas absolutamente independentes é que elas rompem o nexo causal, o 
agente não responde pelo crime, apenas pelos atos praticados, se estes forem crime. 
 
b- Relativamente Independente: é aquela que está na mesma linha do desdobramento causal, ela tem origem na conduta 
do agente. Elas estão relacionadas com a conduta do agente. São 3 espécies: 
 
a’’- Preexistente: são causas anteriores, mas só se manifestam em decorrência direta da ação do agente. Elas não rompem 
o nexo causal, o agente vai responder pelo resultado. 
Ex.: A atira em B, mas o tiro pega de raspão; contudo B morre por ser hemofílico. 
 
b’’- Concomitante: também não rompe o nexo, agente responde pelo resultado. 
Ex.: A dá um soco em B que cai na rua e é atropelado e morre. 
 
c’’- Superviniente: são 2 tipos: 
1- não produz por si só o resultado: ela não rompe o nexo causal 
2- produz por si só o resultado: rompe o nexo causal, o agente não responderá pelo resultado.

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