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Sistema auditivo

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Objetivos 
1) Identificar as estruturas anatômicas responsáveis pelo sentido da audição. 
2) Descrever a neurofisiologia da audição. 
3) Caracterizar o sentido do equilíbrio, identificando as estruturas responsáveis pelo equilíbrio. 
4) Diferenciar os distúrbios da audição Condutiva (dano na condução na orelha externa, média ou interna); 
neurossensorial (dano nas células sensoriais ou nervo auditivo) e mista (ambas). 
5) Listar as causas mais prevalentes de perda auditiva e os mecanismos de prevenção. 
6) Caracterizar PAIR, identificando o quadro clínico, a fisiopatologia e os aspectos epidemiológicos. 
7) Identificar os impactos psicossociais decorrentes da perda auditiva. 
_______________________________________________________________________________________________________ 
1) Anatomia – REFERÊNCIA: ANATOMIA – GRAY’S. 
Orelha externa e média: Por convenção, a orelha é subdividida em três partes – a orelha externa, média e interna. 
Ela é em grande parte, mas não inteiramente, contida dentro do osso temporal. As orelhas não apenas recebem, 
modulam, conduzem e analisam discriminativamente as ondas complexas de pressão que constituem som, mas também 
contêm os órgãos do equilíbrio. 
ORELHA EXTERNA: A orelha externa não é simplesmente uma corneta acústica, mas o primeiro de uma série de 
modificadores do estímulo no aparelho auditivo. Ela consiste na orelha e 
no meato acústico externo. A orelha se projeta em um grau variável e 
individual a partir do lado da cabeça e coleta as ondas sonoras, as quais 
ela conduz ao longo do meato acústico externo até a membrana 
timpânica. 
A superfície lateral da orelha é irregularmente côncava, olha ligeiramente 
para a frente e exibe numerosas eminências e depressões. Ela tem um 
rebordo curvo proeminente, a hélice. Esta usualmente apresenta um 
pequeno tubérculo posterossuperiormente, o tubérculo auricular (de 
Darwin), que é bastante pronunciado em torno do sexto mês de vida 
intrauterina. A antélice é uma proeminência curva, paralela e anterior à 
parte posterior da hélice: ela se divide acima em dois ramos que 
flanqueiam uma fossa triangular escavada. A depressão curva entre a 
hélice e a antélice é a escafa. A antélice circunda a profunda, espaçosa, 
concha da orelha, que é incompletamente dividida pelo pilar ou 
extremidade anterior da hélice. A área conchal acima desta, acima da 
concha, é sobrejacente ao trígono suprameatal do osso temporal, o qual 
pode ser palpado através dela, e que é sobrejacente ao antro mastóideo. O trago é uma pequena aba curva abaixo do 
ramo da hélice e na frente da concha: ele se projeta posteriormente, em parte se superpondo ao orifício meatal. O 
antitrago é um pequeno tubérculo oposto ao trago e dele separado pela intertrágica. Abaixo dele situa-se o lóbulo da 
orelha, composto de tecidos fibrosos e adiposos. Ele é mole, diferente da maior parte da orelha que é suportada por 
cartilagem elástica e é firme. A face craniana da orelha apresenta elevações que correspondem às depressões na sua 
face lateral, e a partir das quais elas são denominadas (p. ex., eminência da concha, eminência da fossa triangular). 
A pele da orelha continua no interior do meato acústico externo para cobrir a face externa da membrana timpânica. Ela 
é fina, não tem papilas dérmicas e é estreitamente aderente às partes cartilagíneas e ósseas do canal (inflamação do 
canal é muito dolorosa por causa desta fixação às estruturas subjacentes). O tecido subcutâneo espesso da parte 
cartilagínea do meato contém numerosas glândulas ceruminosas que secretam cera, ou cerume. Sua estrutura tubular 
enovelada assemelha-se à das glândulas sudoríferas. As células secretórias são colunas quando ativas, mas cuboides 
quando quiescentes; são cobertas externamente por células mioepiteliais. Os ductos se abrem para a superfície epitelial 
ou para dentro da glândula sebácea vizinha de um folículo piloso. O cerume evita a maceração da pele meatal por água 
retida. Foram atribuídas propriedades antibacterianas ao cerume, mas falta evidência disto. 
MEATO ACÚSTICO EXTERNO: O meato acústico externo se estende da concha à membrana timpânica; ele tem 
aproximadamente 2,5 cm desde o soalho da concha e aproximadamente 4 cm desde o trago. Possui duas partes 
estruturalmente diferentes: seu terço lateral é cartilagíneo e seus dois terços mediais são ósseos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A parte lateral, cartilagínea, tem aproximadamente 8 mm de comprimento. Ela é contínua com a cartilagem auricular e 
fixada por tecido fibroso à circunferência da parte óssea. 
ORELHA MÉDIA: A orelha média é um espaço irregular, lateralmente comprimido na parte petrosa do osso temporal. 
Ela é revestida com uma membrana mucosa e cheia de ar, proveniente da parte nasal da faringe por intermédio da tuba 
auditiva. A orelha média contém três pequenos ossos, o martelo, a bigorna e o estribo, chamados coletivamente 
ossículos da audição, que formam uma cadeia articulada que conecta as paredes lateral e medial da cavidade, e que 
transmite as vibrações da membrana timpânica através da cavidade para a cóclea. 
A função essencial da orelha média é transferir energia eficientemente a partir das vibrações relativamente fracas no ar 
elástico, compressível, no meato acústico externo para o líquido incompressível em torno dos delicados receptores na 
cóclea. 
MEMBRANA TIMPÂNICA: A membrana timpânica separa a cavidade timpânica do meato acústico externo. Ela é 
fina, semitransparente e quase oval, embora um pouco mais larga em cima que embaixo. O cabo do martelo está 
firmemente fixado à superfície interna da membrana timpânica até o seu centro, o qual se projeta na direção da cavidade 
timpânica. A superfície interna da membrana é assim convexa e o ponto de maior convexidade é chamado umbigo da 
membrana timpânica. Embora a membrana como um todo seja convexa na sua superfície interna, suas fibras radiadas 
são curvas com suas concavidades dirigidas para dentro. 
OSSÍCULOS DA AUDIÇÃO 
Uma cadeia de três ossículos móveis, 
martelo, bigorna e estribo, transfere ondas 
sonoras através da cavidade timpânica a 
partir da membrana timpânica à janela do 
vestíbulo. O martelo é fixado à membrana 
timpânica e a base do estribo é fixada à 
margem da janela do vestíbulo. A bigorna 
fica suspensa entre eles e se articula com 
ambos os ossos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA: Anatomia e Fisiologia – TORTORA. 
 
ANATOMIA DA ORELHA: A orelha é dividida em três regiões principais: 
(1) a orelha externa, que coleta as ondas sonoras e as direciona para dentro; 
(2) a orelha média, que conduz as vibrações sonoras para a janela do vestíbulo (oval); e 
(3) a orelha interna, que armazena os receptores para a audição e para o equilíbrio. 
• Orelha externa: é formada pela orelha (pavilhão auricular), pelo meato acústico externo e pela membrana timpânica. 
A orelha é uma aba de cartilagem elástica com formato semelhante à extremidade de uma corneta e 
recoberta por pele. A sua margem é a hélice; a parte inferior é o lóbulo. Ligamentos e músculos ligam a orelha à cabeça. 
O meato acústico externo é um tubo curvado com cerca de 2,5 cm de comprimento que se encontra no temporal e leva 
à membrana timpânica. A membrana timpânica ou tímpano é uma divisão fina e semitransparente entre o meato 
acústico externo e a orelha média. A membrana timpânica é coberta por epiderme e revestida por um epitélio cúbico 
simples. Entre as camadas epiteliais encontra-se tecido conjuntivo composto por colágeno, fibras elásticas e 
fibroblastos. O rompimento da membrana timpânica é chamado de perfuração do tímpano. Ele pode ser causado pela 
pressão de um cotonete, por traumatismo ou por uma infecção na orelha média e em geral se cura em 1 mês. A 
membrana timpânica pode ser avaliada diretamente pelo uso de um otoscópio, um instrumento que ilumina e amplia o 
meato acústico externo e a membrana timpânica.Próximo a sua abertura externa, o meato acústico externo contém alguns pelos e glândulas sudoríferas especializadas 
chamadas de glândulas ceruminosas, que secretam cera de ouvido ou cerume. A combinação entre pelos e cerume 
ajuda a evitar a entrada de poeira e de objetos estranhos na orelha. O cerume também evita danos à pele delicada do 
meato acústico externo que podem ser causados pela água e por insetos. O cerume em geral desidrata e desprende-se 
do meato acústico. Entretanto, algumas pessoas produzem muito cerume, que pode se tornar compactado e amortecer 
os sons. O tratamento do cerume impactado é a irrigação periódica da orelha ou a remoção da cera com um instrumento 
rombo pelo otorrinolaringologista. 
• Orelha média: é uma pequena cavidade, cheia de ar e revestida por epitélio, situada na parte petrosa do temporal. 
 
Ela é separada da orelha externa pela membrana timpânica e da orelha interna por uma divisão óssea fina que 
contém duas pequenas aberturas: a janela do vestíbulo (oval) e a janela da cóclea (redonda). Estendendo-se através da 
orelha média e ligada a ela através de ligamentos encontram-se os três menores ossos do corpo, os ossículos da audição, 
que são conectados por articulações sinoviais. Os ossos, nomeados por causa de seus formatos, são o martelo, a bigorna 
e o estribo. O “cabo” do martelo se liga à face interna da membrana timpânica. A “cabeça” do martelo é articulada ao 
corpo da bigorna. A bigorna, o osso do meio na série, se articula com a cabeça do estribo. A base do estribo se encaixa 
na janela do vestíbulo (oval). Diretamente abaixo dessa janela encontra-se outra abertura, a janela da cóclea 
(redonda), que é encapsulada por uma membrana chamada de membrana timpânica secundária. 
Além dos ligamentos, dois pequenos músculos esqueléticos também se ligam aos ossículos. O 
músculo tensor do tímpano, que é inervado pelo ramo mandibular do nervo trigêmeo (V), limita o movimento e 
aumenta a tensão da membrana timpânica, evitando danos à orelha interna por causa de barulhos muito altos. O 
músculo estapédio, que é inervado pelo nervo facial (NC VII) é o menor músculo esquelético do corpo humano. Ao 
evitar grandes vibrações no estribo decorrentes de sons altos, ele protege a janela do vestíbulo (oval), mas também 
diminui a sensibilidade auditiva. 
Por esse motivo, a paralisia do músculo estapédio está associada à hiperacusia, que é uma audição anormalmente 
sensível. Como demora uma fração de segundo para que os músculos tensor do tímpano e estapédio se contraiam, eles 
podem proteger a orelha interna de sons altos prolongados, mas não de sons curtos, como o de um tiro. 
A parede anterior da orelha média contém uma abertura que leva diretamente para a tuba auditiva, conhecida também 
pelo epônimo trompa de Eustáquio. A tuba auditiva, contendo osso e cartilagem elástica, conecta a orelha média com 
a parte nasal da faringe ou nasofaringe (porção superior da garganta). Ela normalmente encontra-se fechada em sua 
extremidade medial (faríngea). Durante a deglutição e ao bocejar, ela se abre, permitindo que o ar entre ou saia da 
orelha média até que a pressão nela seja igual à pressão atmosférica. A maioria das pessoas já experimentou a sensação 
de estalo na orelha quando as pressões se igualam. Quando as pressões estão balanceadas, a membrana timpânica vibra 
livremente conforme as ondas sonoras chegam nela. Se a pressão não estiver equilibrada, podem ocorrer dor intensa, 
prejuízo auditivo, zumbido nas orelhas e vertigem. A tuba auditiva também é uma rota para patógenos que saem do 
nariz e da garganta para a orelha média, causando o tipo mais comum de infecção auditiva. 
• Orelha interna: A orelha interna também é chamada de labirinto por causa de sua série complicada de canais. 
 
Estruturalmente, ela é formada por duas divisões principais: um labirinto ósseo externo que encapsula um labirinto 
membranáceo interno. É como se fossem balões longos colocados dentro de um tubo rígido. O labirinto ósseo é 
formado por uma série de cavidades na parte petrosa do temporal divididas em três áreas: (1) os canais semicirculares, 
(2) o vestíbulo e (3) a cóclea. O labirinto ósseo é revestido por periósteo e contém a perilinfa. Esse líquido, que é 
quimicamente semelhante ao líquido cerebrospinal, reveste o labirinto membranáceo, uma série de sacos e tubos 
epiteliais dentro do labirinto ósseo que têm o mesmo formato geral do labirinto ósseo, abrigando os receptores para a 
audição e o equilíbrio. 
O labirinto membranáceo epitelial contém a endolinfa. O nível de íons potássio (K+) na endolinfa é incomumente alto 
para um líquido extracelular e os íons potássio desempenham um papel na geração dos sinais auditivos. 
O vestíbulo é a parte central oval do labirinto ósseo. O labirinto membranáceo no vestíbulo é formado por dois sacos 
chamados de utrículo e sáculo, que são conectados por um pequeno ducto. Projetando-se superior e posteriormente ao 
vestíbulo encontram-se três canais semicirculares ósseos, cada um deles localizado em ângulos aproximadamente 
retos um em relação aos outros dois. Com base em suas posições, eles são nomeados como canais semicirculares 
anterior, posterior e lateral. Os canais semicirculares anterior e posterior são orientados verticalmente; o canal lateral é 
orientado horizontalmente. Em uma extremidade de cada canal encontra-se um alargamento redondo chamado de 
ampola. As partes do labirinto membranáceo que se encontram dentro dos canais semicirculares ósseos são chamados 
de ductos semicirculares. Essas estruturas se conectam ao utrículo do vestíbulo. 
O nervo vestibular, parte do nervo vestibulococlear (VIII) consiste nos nervos ampular, utricular e sacular. Esses 
nervos contêm neurônios sensitivos de primeira ordem e neurônios motores que formam sinapses com os receptores 
de equilíbrio. Os neurônios sensitivos de primeira ordem carregam a informação sensorial proveniente dos receptores 
e os neurônios motores carregam sinais de retroalimentação para os receptores, aparentemente para modificar sua 
sensibilidade. Os corpos celulares dos neurônios sensitivos encontram-se localizados nos gânglios vestibulares. 
 
Anteriormente ao vestíbulo encontra-se a cóclea, um canal espiral ósseo que lembra a casca de um caracol e realiza 
quase três voltas ao redor de um núcleo ósseo central chamado de modíolo. Cortes histológicos através da cóclea 
revelam que ela é dividida em três canais: o ducto coclear, a rampa do vestíbulo e a rampa do tímpano. 
 
 
O ducto coclear é uma continuação do labirinto membranáceo em direção à cóclea; ele é preenchido por endolinfa. O 
canal acima do ducto coclear é a rampa do vestíbulo, que termina na janela do vestíbulo (oval). O canal abaixo é a 
rampa do tímpano, que termina na janela da cóclea (redonda). Tanto a rampa do vestíbulo quanto a rampa do 
tímpano são partes do labirinto ósseo da cóclea; portanto, essas câmaras são preenchidas por perilinfa. A rampa do 
vestíbulo e a rampa do tímpano são separadas completamente pelo ducto coclear, exceto por uma abertura no ápice da 
cóclea, o helicotrema. 
 
A cóclea é adjacente à parede do vestíbulo, na qual a rampa do vestíbulo se abre. A perilinfa no vestíbulo é contínua 
com aquela da rampa do vestíbulo. A membrana (parede) vestibular separa o ducto coclear da rampa do vestíbulo e 
a lâmina basilar separa o ducto coclear da rampa do tímpano. Localizada sobre a lâmina basilar encontra-se o órgão 
espiral ou órgão de Corti. 
 
O órgão espiral é uma lâmina espiral de células epiteliais, incluindo células epiteliais de sustentação e cerca de 
16.000 células ciliadas, que são os receptores da audição. Existem dois grupos de células ciliadas: as células ciliadas 
internas estão organizadas em uma única fileira, enquanto as células ciliadas externas estão organizadas em três 
fileiras. Na porção apical de cada célula ciliada encontram-se entre 40 e 80 estereocílios, que se estendem paraa 
endolinfa do ducto coclear. Apesar de seu nome, os estereocílios são microvilosidades longas e semelhantes a pelos 
organizadas em várias fileiras de comprimento graduado. 
Em suas extremidades basais, as células ciliadas formam sinapses com os neurônios sensitivos de primeira ordem e 
com os neurônios motores da parte coclear do nervo vestibulococlear (VIII). Os corpos celulares dos neurônios 
sensitivos estão localizados no gânglio espiral. Embora as células ciliadas externas superem em quantidade as 
células ciliadas internas em uma proporção de três para um, as células ciliadas internas formam sinapses com 90 a 95% 
dos neurônios sensitivos de primeira ordem no nervo coclear, que transmite a informação auditiva para o encéfalo. Em 
comparação, 90% dos neurônios motores no nervo coclear formam sinapses com as células ciliadas externas. A 
membrana tectória é uma membrana gelatinosa flexível que cobre as células ciliadas do órgão espiral. Na realidade, 
as extremidades dos estereocílios das células ciliadas estão em contato com a membrana tectória enquanto os corpos 
das células ciliadas se encontram sobre a lâmina basilar. 
______________________________________________________________________________________________ 
2) Neurofisiologia da audição. REFERÊNCIA: Fisiologia Médica – GUYTON & HALL. 
A condução do som da membrana timpânica para a cóclea: A Figura mostra a membrana timpânica (comumente 
chamada tímpano) e os ossículos, que conduzem o som da membrana timpânica do ouvido médio, chegando à cóclea 
(ouvido interno). Fixado à membrana timpânica está o cabo do martelo. O martelo está ligado à bigorna por ligamentos 
minúsculos; assim, sempre que o martelo se move, a bigorna se move com ele. A extremidade oposta da bigorna se 
articula com a base do estribo, e a placa do estribo se situa contra o labirinto membranoso da cóclea, na abertura da 
janela oval. 
A extremidade do cabo do martelo é fixada 
ao centro da membrana timpânica, e esse 
ponto de fixação é constantemente 
tracionado pelo músculo tensor do tímpano, 
que mantém a membrana timpânica 
tensionada. Essa tensão permite que as 
vibrações do som, em qualquer parte da 
membrana timpânica, sejam transmitidas 
aos ossículos, o que não seria verdade se a 
membrana fosse frouxa. Os ossículos do 
ouvido médio ficam suspensos por 
ligamentos, de tal modo que o martelo e a 
bigorna combinados atuam como alavanca única, tendo seu fulcro aproximadamente na borda da membrana timpânica. 
A articulação da bigorna com o estribo faz que esse (1) empurre para a frente, a janela oval e o líquido coclear no outro 
lado da janela a cada vez que a membrana timpânica se move para dentro; e (2) puxe de volta o líquido, todas as vezes 
que o martelo se movimenta para fora. 
“Casamento de Impedância” pelo Sistema Ossicular: A amplitude dos movimentos da placa do estribo a cada 
vibração sonora tem apenas três quartos da amplitude do cabo do martelo. Portanto, o sistema de alavanca ossicular 
não aumenta o alcance do movimento do estribo como se acredita comumente. 
Em lugar disso, o sistema realmente reduz a distância, mas aumenta a força de movimento por cerca de 1,3 vez. Além 
disso, a área da superfície da membrana timpânica é em torno de 55 milímetros quadrados, enquanto a superfície do 
estribo é, em média, 3,2 milímetros quadrados. Essa diferença de 17 vezes, multiplicada por 1,3 vez, que é a 
amplificação proporcionada pelo sistema de alavancas, causa aproximadamente 22 vezes mais força total exercida 
sobre o líquido da cóclea, em relação à que é exercida pelas ondas sonoras contra a membrana timpânica. 
Como o líquido tem inércia muito maior do que o ar, é necessário aumentar a quantidade de força, para que a vibração 
aérea seja transmitida para o líquido. Portanto, a membrana timpânica e o sistema ossicular proporcionam casamento 
da impedância, entre as ondas sonoras no ar e as vibrações sonoras no líquido da cóclea. 
Na ausência do sistema ossicular e da membrana timpânica, as ondas sonoras ainda podem trafegar diretamente através 
do ar do ouvido médio e entrar na cóclea pela janela oval. No entanto, a sensibilidade para a audição fica então 15 a 20 
decibéis menor do que para a transmissão ossicular — equivalente à diminuição para nível de voz quase imperceptível. 
Atenuação do som por contração dos músculos tensor do Tímpano e Estapédio: Quando sons intensos são 
transmitidos pelo sistema ossicular e, daí, para o sistema nervoso central, ocorre reflexo com período de latência de 
apenas 40 a 80 milissegundos, causando contração do músculo estapédio e, em menor grau, do músculo tensor do 
tímpano. O músculo tensor do tímpano puxa o cabo do martelo para dentro, enquanto o músculo estapédio puxa o 
estribo para fora. Essas duas forças se opõem entre si e assim fazem com que todo o sistema ossicular desenvolva 
aumento da rigidez, reduzindo muito a condução ossicular do som com baixa frequência, em especial as frequências 
abaixo de 1.000 ciclos/s. 
Esse reflexo de atenuação pode reduzir a intensidade da transmissão do som de baixas frequências por 30 a 40 decibéis, 
o que é aproximadamente a mesma diferença entre a voz intensa e o sussurro. Acredita-se que seja dupla a função desse 
mecanismo: proteger a cóclea de vibrações prejudiciais causadas por som excessivamente intenso e mascarar sons de 
baixa frequência em ambientes com som intenso (mascaração, em geral, remove a grande porção do ruído de fundo e 
permite que a pessoa se concentre nos sons acima de 1.000 ciclos/s, por onde é transmitida a maior parte da informação 
pertinente à comunicação vocal). Outra função dos músculos tensor do tímpano e estapédio é diminuir a sensibilidade 
auditiva da pessoa à sua própria fala. Esse efeito é ativado por sinais nervosos colaterais, transmitidos a esses músculos 
ao mesmo tempo em que o cérebro ativa o mecanismo da voz. 
Transmissão do som através do osso: Como o ouvido interno, a cóclea está incrustada na cavidade óssea no osso 
temporal, chamada labirinto ósseo, as vibrações do crânio inteiro podem causar vibrações do líquido na cóclea. 
Portanto, sob condições apropriadas, diapasão ou vibrador eletrônico colocado em qualquer protuberância óssea do 
crânio, mas especialmente no processo mastoide perto da orelha, faz que a pessoa ouça o som. No entanto, a energia 
disponível até nos sons intensos no ar não é suficiente para causar audição pela condução óssea, a menos que aparelho 
de amplificação eletromecânica especial do som seja aplicado ao osso. 
Anatomia funcional da cóclea: Ela consiste em três tubos espiralados, lado a lado: (1) a rampa vestibular; (2) a rampa 
média; e (3) a rampa timpânica. A rampa vestibular e a rampa média são separadas uma da outra, pela membrana de 
Reissner (também, chamada membrana vestibular). 
A rampa timpânica e a rampa média são 
separadas uma da outra pela membrana 
basilar. Na superfície da membrana 
basilar, está o órgão de Corti, que contém 
uma série de células eletromecanicamente 
sensíveis, as células ciliadas. Elas 
constituem os órgãos receptores finais que 
geram impulsos nervosos em resposta às 
vibrações sonoras. 
 
 
Esquema das partes funcionais da cóclea “retificada”, tendo em vista a condução de vibrações sonoras. 
 
Em primeiro lugar, observe que está faltando a membrana de Reissner nessa figura. Essa membrana é tão fina e tão 
facilmente móvel que não obstrui a passagem de vibrações sonoras da rampa vestibular para a rampa média. Portanto, 
no que se refere à condução do som no líquido, a rampa vestibular e a rampa média são consideradas como câmara 
única. (A importância da membrana de Reissner é a de manter um tipo especial de líquido na rampa média, que é 
necessário para a função normal das células ciliadas receptivas ao som). 
As vibrações sonoras entram na rampa vestibular pela placa do estribo, na janela oval. A placa cobre essa janela e se 
conecta às bordas da janela por ligamentoanular frouxo, de modo que pode se movimentar para dentro e para fora, com 
as vibrações sonoras. O movimento para dentro faz com que o líquido se movimente para a frente pelas rampas 
vestibular e média, e o movimento para fora faz o líquido se mover para trás. 
Membrana Basilar e Ressonância na Cóclea: A membrana basilar é uma membrana fibrosa que separa a rampa 
média da rampa timpânica. Contém 20.000 a 30.000 fibras basilares que se projetam do centro ósseo da cóclea, o 
modíolo, em direção à parede externa. Essas fibras são estruturas rígidas, elásticas e em forma de palheta que se fixam 
por suas extremidades basais na estrutura óssea central da cóclea (o modíolo), mas não se fixam em suas extremidades 
distais, exceto se as extremidades distais estiverem imersas na membrana basilar frouxa. Como as fibras são rígidas e 
livres em uma extremidade, podem vibrar como as palhetas de uma gaita. 
Os comprimentos das fibras basilares aumentam progressivamente, começando na janela oval e indo da base da cóclea 
a seu ápice, aumentando o comprimento, de cerca de 0,04 milímetro, próximo das janelas oval e redonda a 0,5 milímetro 
na extremidade da cóclea (o “helicotrema”), aumento de 12 vezes no comprimento. 
Os diâmetros das fibras, contudo, diminuem da janela oval para o helicotrema e, assim, sua rigidez total diminui por 
mais de 100 vezes. Como resultado, as fibras curtas e rígidas, perto da janela oval da cóclea, vibram melhor nas 
frequências muito altas, enquanto as fibras longas e flexíveis, perto da extremidade da cóclea, vibram melhor nas 
frequências baixas. 
Desse modo, a ressonância de alta frequência da membrana basilar ocorre perto da base, onde as ondas sonoras entram 
na cóclea pela janela oval. Entretanto, a ressonância de baixa frequência ocorre perto do helicotrema principalmente 
devido às fibras menos rígidas, mas também devido ao aumento da “carga” com massas extras de líquido que precisam 
vibrar, ao longo dos túbulos cocleares. 
Transmissão de ondas sonoras na cóclea — “onda viajante”: Quando o pé do estribo se movimenta para dentro 
contra a janela oval, a janela redonda precisa ficar abaulada para fora porque a cóclea é delimitada, em todos os lados 
por paredes ósseas. O efeito inicial da onda sonora, que entra na janela oval, é fazer com que a membrana basilar, na 
base da cóclea, se curve na direção da janela redonda. No entanto, a tensão elástica que se cria nas fibras basilares 
quando elas se curvam em direção à janela redonda desencadeia onda de líquido que “trafega” ao longo da membrana 
basilar em direção ao helicotrema. 
O movimento da onda, ao longo da membrana basilar, é comparável ao movimento da onda de pressão ao longo das 
paredes arteriais, também é comparável à onda que trafega ao longo da superfície de lago pequeno. 
 
 
 
 
 
A Figura 53-5A mostra o movimento 
de onda de alta frequência, pela 
membrana basilar; 
a Figura 53-5B ilustra uma onda de 
média frequência; 
e a Figura 53-5C mostra uma onda 
com frequência muito baixa. 
 
 
 
 
 
 
 
Padrão de Vibração da Membrana Basilar para Diferentes Frequências Sonoras: Observe na imagem, os 
diferentes padrões de transmissão para ondas sonoras de diferentes frequências. Cada onda é relativamente fraca a 
princípio, mas se torna forte quando chega à parte da membrana basilar que tem frequência de ressonância natural, 
igual à respectiva frequência do som. Nesse ponto, a membrana basilar pode vibrar para a frente e para trás com tal 
facilidade que a energia da onda se dissipa. Consequentemente, a onda morre nesse ponto e deixa de se propagar pela 
distância restante, ao longo da membrana basilar. Desse modo, a onda sonora de alta frequência tem trajeto apenas por 
curta distância ao longo da membrana basilar, antes que chegue a seu ponto de ressonância e se dissipe; a onda sonora, 
com frequência média, trafega por cerca de meio caminho e, então, se dissipa; e a onda sonora, com frequência muito 
baixa, trafega por toda a distância ao longo da membrana. 
Outra característica da propagação ondulatória é que as ondas trafegam rapidamente ao longo da parte inicial da 
membrana basilar, mas ficam progressivamente mais lentas quando se afastam em direção à cóclea. 
A causa dessa diferença é o alto coeficiente de elasticidade das fibras basilares, perto da janela oval e do coeficiente 
progressivamente menor ao longo da membrana. Essa transmissão inicial rápida das ondas permite que os sons com 
alta frequência cheguem longe o suficiente, na cóclea, para se propagarem e se separarem na membrana basilar. Sem 
essa rápida transmissão inicial, todas as ondas de alta frequência se agrupariam, mais ou menos, no primeiro milímetro 
da membrana basilar, e suas frequências não poderiam ser discriminadas. 
Padrão de Amplitude da Vibração da Membrana Basilar: As curvas tracejadas da Figura 53-6A mostram a posição 
de uma onda sonora na membrana basilar quando o estribo (a) está todo para dentro, (b) voltou à posição neutra, (c) 
está todo para fora e (d) voltou novamente ao ponto neutro, mas está indo para dentro. A área sombreada em torno 
dessas diferentes ondas mostra o grau de vibração da membrana basilar, durante ciclo vibratório completo. Esse é o 
padrão da amplitude de vibração da membrana basilar para essa frequência sonora em particular. 
A Figura 53-6B mostra os padrões de amplitude de vibração para diferentes frequências, demonstrando que a amplitude 
máxima para o som com 8.000 ciclos/s ocorre perto da base da cóclea, enquanto a das frequências inferiores a 200 
ciclos/s está na extremidade da membrana basilar, perto do helicotrema, onde a rampa vestibular se abre na rampa 
timpânica. 
O principal método pelo qual as frequências sonoras são discriminadas entre si baseia-se no “lugar” de estimulação 
máxima das fibras nervosas do órgão de Corti, situado na membrana basilar, como será explicado a seguir. 
 
Função do órgão de Corti: É o órgão receptor que gera impulsos nervosos em resposta à vibração da membrana 
basilar. Observe que o órgão de Corti se 
situa na superfície das fibras basilares e da 
membrana basilar. Os receptores sensoriais 
reais no órgão de Corti são dois tipos 
especializados de células nervosas 
chamados células ciliadas — fileira única 
de células ciliadas internas, em número de 
cerca de 3.500 e medindo em torno de 12 
micrômetros de diâmetro, e três ou quatro 
fileiras de células ciliadas externas, em 
número de aproximadamente 12.000 e tendo 
diâmetros de apenas cerca de 8 micrômetros. 
As bases e os lados das células ciliadas fazem sinapse com a rede de terminações nervosas da cóclea. Entre 90% e 95% 
dessas terminações acabam nas células ciliadas internas, o que enfatiza sua importância especial para a detecção do 
som. As fibras nervosas, estimuladas pelas células ciliadas, levam ao gânglio espiral de Corti, que se situa no modíolo 
(centro) da cóclea. As células neuronais do gânglio espiral enviam axônios — total de cerca de 30.000 — para o nervo 
coclear e, depois, para o sistema nervoso central no nível da parte superior do bulbo. 
Excitação das Células Ciliadas: Os minúsculos cílios, os estereocílios, se projetam cranialmente das células ciliadas 
e tocam ou emergem no revestimento em gel da superfície da membrana tectorial, que se situa acima dos estereocílios 
na rampa média. Essas células ciliadas são semelhantes às células ciliadas encontradas na mácula e nas cristas 
ampulares do aparelho vestibular. 
A Figura 53-8 mostra o mecanismo pelo 
qual a vibração da membrana basilar excita 
as terminações dos cílios. As extremidades 
externas das células ciliadas se fixam 
firmemente em uma estrutura rígida 
composta por placa plana, chamada lâmina 
reticular, sustentada por bastões de Corti 
triangulares, que se fixam firmemente às 
fibras basilares. As fibras basilares, os 
bastões de Corti e a lâmina reticular se 
movimentam como unidade rígida. 
O movimento paracima da fibra basilar provoca a rotação da lâmina reticular para cima e para dentro, em direção ao 
modíolo. Depois, quando a lâmina reticular oscila para baixo, a lâmina reticular é distorcida para baixo e para fora. O 
movimento para dentro e para fora faz com que os cílios das células ciliadas sejam distorcidos para a frente e para trás 
contra a membrana tectorial. Assim, as células ciliadas são excitadas sempre que a membrana basilar vibra. 
Sinais Auditivos São Transmitidos Principalmente pelas Células Ciliadas Internas: Embora haja 3 a 4 vezes mais 
células ciliadas externas que internas, cerca de 90% das fibras nervosas auditivas são estimuladas pelas células internas, 
e não pelas externas. Não obstante, se as células externas forem lesadas, enquanto as células internas permanecerem 
inteiramente funcionais, ocorrerá grande perda auditiva. 
Portanto, tem sido proposto que as células ciliadas externas, de algum modo, controlam a sensibilidade das células 
ciliadas internas para diferentes tons, o fenômeno chamado “afinação” do sistema receptor. Em apoio a esse conceito, 
grande número de fibras nervosas retrógradas se dirige do tronco cerebral para as vizinhanças das células ciliadas 
externas. O estímulo dessas fibras nervosas pode, na realidade, encurtar as células ciliadas externas e possivelmente 
também variar seu grau de rigidez. Esses efeitos sugerem um mecanismo nervoso retrógrado para controlar a 
sensibilidade do aparelho auditivo a diferentes tons, ativada por meio das células ciliadas externas. 
 Potenciais Receptores das Células Ciliadas e Excitação das Fibras Nervosas Auditivas: Os estereocílios 
(isto é, os “cílios” que fazem protrusão das extremidades das células ciliadas) são estruturas rígidas porque cada um 
tem estrutura proteica rígida. Cada célula ciliada tem cerca de 100 estereocílios em sua borda apical. Esses estereocílios 
ficam cada vez mais longos no lado da célula ciliada distante do modíolo, e os topos dos estereocílios mais curtos são 
fixados por finos filamentos aos lados posteriores de seus estereocílios adjacentes mais longos. 
Portanto, sempre que os cílios se curvam na direção dos mais longos, as pontas dos estereocílios menores são puxadas 
para fora da superfície da célula ciliada. Isso causa transdução mecânica que abre 200 a 300 canais condutores de 
cátions, permitindo que o movimento rápido dos íons potássio com cargas positivas no líquido da rampa média 
circunjacente flua para os estereocílios, acarretando despolarização da membrana das células ciliadas. 
Desse modo, quando as fibras basilares se curvam para a rampa vestibular, as células ciliadas se despolarizam, e, na 
direção oposta, elas se hiperpolarizam, gerando, assim, potencial receptor alternante da célula ciliada, o que, por sua 
vez, estimula as terminações do nervo coclear que fazem sinapse com as bases das células ciliadas. Acredita-se que um 
neurotransmissor de ação rápida seja liberado pelas células ciliadas nestas sinapses durante a despolarização. É possível 
que a substância transmissora seja o glutamato, mas não há certeza disso. 
 Potencial Endococlear: Para explicar ainda mais inteiramente os potenciais elétricos gerados pelas células ciliadas, 
precisamos explicar outro fenômeno elétrico, chamado potencial endococlear. A rampa média é cheia com líquido, chamado 
endolinfa, enquanto a perilinfa é o líquido presente na rampa vestibular e na rampa timpânica. A rampa vestibular e a rampa 
timpânica se comunicam diretamente com espaço subaracnoide em torno do encéfalo, assim, a composição da perilinfa é quase 
idêntica à do líquido cefalorraquidiano. Inversamente, a endolinfa que enche a rampa média é um líquido inteiramente diferente, 
secretado pela estria vascular, área muito vascularizada, na parede externa da rampa média. A endolinfa contém alta concentração 
de potássio e baixa de sódio, o que é exatamente oposto ao conteúdo da perilinfa. 
Existe potencial elétrico de cerca de +80 milivolts por todo o tempo entre a endolinfa e a perilinfa, com positividade no interior 
da rampa média e negatividade fora. Esse é o chamado potencial endococlear, que é gerado por secreção contínua de íons potássio 
positivos para a rampa média, pela estria vascular. 
A importância do potencial endococlear é que os topos das células ciliadas se projetam, através da lâmina reticular, sendo banhados 
pela endolinfa da rampa média, enquanto a perilinfa banha os corpos das células ciliadas. Além disso, as células ciliadas têm 
potencial intracelular negativo de −70 milivolts em relação à perilinfa, mas −150 milivolts em relação à endolinfa, nas suas 
superfícies superiores, onde os cílios se projetam através da lâmina reticular para a endolinfa. Acredita-se que esse alto potencial 
elétrico nas pontas dos estereocílios sensibilize a célula em grau extra, aumentando, assim, sua capacidade de responder ao som 
mais discreto. 
Determinação da frequência do som — o princípio do “lugar”: Das discussões anteriores, fica aparente que os sons 
de baixa frequência causam ativação máxima da membrana basilar, perto do ápice da cóclea, e os sons de alta frequência 
ativam a membrana basilar perto da base da cóclea. Sons de frequência intermediária ativam a membrana em distâncias 
intermediárias, entre os dois extremos. 
Além disso, existe organização espacial das fibras nervosas na via coclear, em todo o trajeto da cóclea até o córtex 
cerebral. O registro de sinais, nos tratos auditivos do tronco cerebral e nos campos receptivos auditivos do córtex 
cerebral, mostra que neurônios cerebrais específicos são ativados por frequências sonoras específicas. Portanto, o 
principal método usado pelo sistema nervoso para detectar diferentes frequências sonoras é o de determinar as posições 
ao longo da membrana basilar que são mais estimuladas, que é chamado princípio do lugar para a determinação da 
frequência sonora. 
É possível observar que a extremidade distal da membrana basilar no helicotrema é estimulada por todas as frequências 
sonoras abaixo de 200 ciclos/s. Portanto, tem sido difícil compreender, pelo princípio do lugar, como se pode diferenciar 
entre frequências sonoras baixas na faixa de 200, baixando até 20. Postula-se que essas frequências baixas sejam 
discriminadas principalmente pelo chamado disparo em surto ou princípio da frequência. Isso significa que sons com 
baixa frequência, de 20 a 1.500 a 2.000 ciclos/s, podem causar surtos de impulsos nervosos sincronizados nas mesmas 
frequências, e esses surtos são transmitidos pelo nervo coclear até os núcleos cocleares do cérebro 
Determinação da intensidade: A intensidade é determinada pelo sistema auditivo pelo menos por três modos. 
➢ Primeiro, à medida que o som fica mais intenso, a amplitude de vibração da membrana basilar e das células ciliadas 
também aumenta, de modo que as células ciliadas excitam as terminações nervosas com frequência mais rápida. 
➢ Segundo, à medida que a amplitude de vibração aumenta, faz com que cada vez mais e mais células ciliadas, nas 
margens da porção ressonante da membrana basilar, sejam estimuladas, causando, assim, somação espacial dos 
impulsos — isto é, transmissão por muitas fibras nervosas, e não através de apenas algumas. 
➢ Terceiro, as células ciliadas externas não são estimuladas significativamente, até que a vibração da membrana basilar 
atinja alta intensidade, e a estimulação dessas células, presumivelmente, notifica o sistema nervoso que o som é 
intenso. 
Detecção de Alterações de Intensidade — A Lei da Potência: A pessoa interpreta mudanças de intensidade dos 
estímulos sensoriais, aproximadamente, em proporção a uma função da potência inversa da intensidade real. No caso 
do som, a sensação interpretada muda aproximadamente em proporção à raiz cúbica da intensidade real do som. Para 
expressar esse conceito de outro modo, o ouvido pode discriminar diferenças de intensidade do som, do sussurro mais 
suave aoruído mais intenso possível, representando aumento de aproximadamente 1 trilhão de vezes da energia do som 
ou 1 milhão de vezes de aumento da amplitude do movimento da membrana basilar. 
Ainda assim, o ouvido interpreta essa grande diferença do nível sonoro como alteração de cerca de 10.000 vezes. Desse 
modo, a escala de intensidade é bastante “comprimida” pelos mecanismos de percepção sonora do sistema auditivo, o 
que permite a pessoa interpretar diferenças de intensidades sonoras dentro de faixa muito mais ampla da que seria 
possível, se não existisse a compressão da escala de intensidade. 
 Unidade em Decibéis: Devido às extremas variações da intensidade sonora que o ouvido pode detectar e 
discriminar, as intensidades sonoras geralmente são expressas em termos do logaritmo de suas intensidades reais. 
Aumento de 10 vezes da energia sonora é chamado 1 bel, e 0,1 bel é chamado 1 decibel. Um decibel representa aumento 
real de energia sonora de 1,26 vez. 
Outra razão para usar o sistema de decibéis, para expressar alterações de intensidade é que, na faixa habitual de 
intensidades sonoras para a comunicação, o aparelho auditivo mal pode distinguir variação de aproximadamente 1 
decibel de intensidade sonora. 
 Limiar para Audição em Diferentes Frequências: A Figura 53-9 mostra os limiares de pressão, em que os 
sons de diferentes frequências mal podem 
ser detectados pelo aparelho auditivo. Essa 
figura demonstra que som de 3.000 ciclos/s 
pode ser ouvido mesmo quando sua 
intensidade não passa de 70 decibéis abaixo 
de 1 dina/cm2 de nível de pressão sonora, o 
que é um decamilionésimo de microwatt por 
centímetro quadrado. Inversamente, som de 
100 ciclos/s só pode ser detectado se sua 
intensidade for 10.000 vezes maior que isso. 
 Faixa de Frequências da Audição: As frequências sonoras que a pessoa jovem pode ouvir ficam entre 20 e 
20.000 ciclos/s. No entanto, com referência novamente à Figura 53-9, vemos que a faixa sonora depende em grande 
extensão da intensidade. 
Se a intensidade for de 60 decibéis abaixo de 1 dina/cm2 de nível de pressão do som, a faixa sonora será de 500 a 5.000 
ciclos/s; somente com sons intensos, a faixa completa de 20 a 20.000 ciclos pode ser atingida. Na idade avançada, essa 
faixa de frequências em geral é encurtada para 50 a 8.000 ciclos/s ou menos 
▪ MECANISMOS AUDITIVOS CENTRAIS 
Vias nervosas auditivas 
 
A Figura 53-10 mostra as principais vias auditivas. Ela mostra que as fibras nervosas do gânglio espiral de Corti 
entram nos núcleos cocleares dorsal e ventral, localizados na parte superior do bulbo. Nesse ponto, todas as fibras 
fazem sinapse, e neurônios de segunda ordem passam, em sua maior parte, para o lado oposto do tronco cerebral para 
terminar no núcleo olivar superior. Algumas fibras de segunda ordem também se projetam para o núcleo olivar superior 
no mesmo lado. 
Do núcleo olivar superior, a via auditiva ascende pelo lemnisco lateral. Algumas das fibras terminam no núcleo do 
lemnisco lateral, porém muitas outras se desviam desse núcleo e vão para o colículo inferior, onde todas ou quase todas 
as fibras auditivas fazem sinapse. Daí, a via passa para o núcleo geniculado medial, onde todas as fibras fazem sinapse. 
Por fim, a via prossegue por meio da radiação auditiva, até o córtex auditivo, localizado em sua maior parte no giro 
superior do lobo temporal. 
Devem ser observados vários pontos importantes. O primeiro é que sinais de ambos os ouvidos são transmitidos, por 
meio de vias de ambos os lados do cérebro, com preponderância de transmissão da via contralateral. Em pelo menos 
três lugares no tronco cerebral ocorre cruzamento entre as duas vias: 
(1) no corpo trapezoide; (2) na comissura entre os dois núcleos do lemnisco lateral; e (3) na comissura que liga os dois 
colículos inferiores. 
O segundo é que muitas fibras colaterais dos tratos auditivos entram diretamente no sistema reticular ativador do tronco 
cerebral. Esse sistema se projeta difusamente para cima, no tronco cerebral, e para baixo, na medula espinal, e ativa 
todo o sistema nervoso em resposta a sons intensos. Outros colaterais vão para o verme do cerebelo, que também é 
ativado, instantaneamente, no evento de um ruído súbito. 
O terceiro é que o alto grau de orientação espacial é mantido nos tratos de fibras da cóclea, em todo o trajeto até o 
córtex. De fato, existem três padrões espaciais para o término das diferentes frequências sonoras nos núcleos cocleares, 
dois padrões nos colículos inferiores, um padrão preciso, para frequências de som distintas no córtex auditivo e, pelo 
menos, cinco outros padrões precisos no córtex auditivo e nas áreas de associação auditiva. 
 Frequências de Descargas em Diferentes Níveis nas Vias Auditivas. Fibras nervosas isoladas que entram nos núcleos 
cocleares do nervo auditivo podem causar descargas com frequências de até pelo menos 1.000 por segundo, sendo essa frequência 
determinada, em grande parte, pela intensidade do som. Nas frequências sonoras de até 2.000 a 4.000 ciclos/s, impulsos do nervo 
auditivo costumam ser sincronizados com as ondas sonoras, mas não ocorrem, necessariamente, com todas as ondas. 
Nos tratos auditivos do tronco cerebral, as descargas, em geral, já não são sincronizadas com a frequência sonora, exceto nas 
frequências sonoras abaixo de 200 ciclos/s. Acima do nível dos colículos inferiores, até essa sincronização é principalmente 
perdida. Esses achados demonstram que os sinais sonoros não são transmitidos inalterados diretamente do ouvido até níveis mais 
altos do cérebro; em lugar disso, as informações dos sinais sonoros começam a ser dissecadas a partir do tráfego de impulsos, em 
níveis não superiores aos núcleos cocleares. Teremos mais a dizer sobre essa última característica adiante, em especial em relação 
à percepção da direção da qual vem o som. 
Função do Córtex Cerebral na Audição 
A área de projeção dos sinais auditivos para o córtex cerebral é mostrada 
na Figura 53-11, que demonstra que o córtex auditivo se situa em sua 
maior parte no plano supratemporal do giro temporal superior, mas 
também se estende à lateral do lobo temporal, sobre grande parte do 
córtex insular, até a porção lateral do opérculo parietal. 
 A Figura 53-11 mostra duas subdivisões distintas: o córtex auditivo 
primário e o córtex de associação auditiva (também chamado córtex 
auditivo secundário). O córtex auditivo primário é excitado diretamente 
por projeções do corpo geniculado medial, enquanto as áreas de 
associação auditivas são excitadas, secundariamente, por impulsos do 
córtex auditivo primário, bem como por algumas projeções das áreas de 
associação talâmicas, adjacentes ao corpo geniculado medial. 
 
 
 
Percepção das Frequências Sonoras no Córtex Auditivo Primário: Pelo menos seis mapas tonotópicos foram 
descritos no córtex auditivo primário e nas áreas de associação auditivas. Em cada um desses mapas, sons de alta 
frequência excitam neurônios em uma extremidade do mapa, enquanto sons com baixa frequência excitam neurônios 
na extremidade oposta. Na maioria dos mapas, os sons com baixa frequência estão localizados na frente, como a Figura 
53-11 mostra, e os sons com alta frequência estão localizados posteriormente. Essa representação não é observada para 
todos os mapas. 
Por que o córtex auditivo tem tantos mapas tonotópicos diferentes? A resposta presumivelmente é que cada uma das 
áreas distintas disseca alguma característica específica dos sons. Por exemplo, um dos grandes mapas do córtex auditivo 
primário discrimina quase inteiramente as próprias frequências sonoras e dá à pessoa a sensação psíquica dos tons 
sonoros. Outro mapa, provavelmente, é usado para detectar de qual direção vem o som. Outras áreas corticais auditivas 
detectam qualidades especiais, como o início súbito de sons ou talvez modulações especiais, como ruído versus sons 
de frequências puras. 
A faixa de frequências, à qualcada neurônio individual responde no córtex auditivo é muito mais estreita do que nos 
núcleos cocleares e de retransmissão no tronco cerebral. 
Observe que a membrana basilar, perto da base da cóclea, é 
estimulada por sons de todas as frequências, e nos núcleos 
cocleares encontra-se essa mesma variedade de representação 
sonora. Ainda assim, no momento em que a excitação chega ao 
córtex cerebral, a maioria dos neurônios que respondem ao som 
responde a apenas à faixa estreita de frequências, e não à faixa ampla. Portanto, em algum ponto ao longo da via, 
mecanismos de processamento “focalizam” a resposta às frequências. Acredita-se que esse efeito de focalizar seja 
causado, em grande parte, pelo fenômeno da inibição lateral em relação aos mecanismos para transmitir informações 
nos nervos. Isso significa que a estimulação da cóclea em determinada frequência inibe as frequências sonoras em 
ambos os lados dessa frequência primária; essa inibição é causada por fibras colaterais que se ramificam da via primária 
de sinais e que exercem influências inibitórias sobre as vias adjacentes. O mesmo efeito tem sido demonstrado como 
sendo importante para a focalização de padrões de imagens somestésicas, imagens visuais e outros tipos de sensações. 
Muitos dos neurônios no córtex auditivo, especialmente no córtex de associação auditiva, não respondem apenas a 
frequências sonoras específicas no ouvido. Acredita-se que esses neurônios “associem” diferentes frequências sonoras 
entre si ou associem informações sonoras a informações de outras áreas sensoriais do córtex. Na verdade, a parte parietal 
do córtex de associação auditiva se sobrepõe, em parte, à área somatossensorial II, o que poderia criar fácil oportunidade 
para a associação de informações auditivas com informações somatossensoriais. 
Discriminação de “Padrões” Sonoros pelo Córtex Auditivo: O córtex auditivo é especialmente importante na 
discriminação dos padrões sonoros tonais e sequenciais. 
A destruição dos córtices auditivos primários, no ser humano, reduz bastante a sensibilidade auditiva. A destruição de 
um dos lados apenas reduz, discretamente, a audição no ouvido oposto; isso não causa surdez, devido às muitas 
conexões cruzadas, de lado a lado, na via neural auditiva. No entanto, afeta realmente a capacidade que se tem de 
localizar a fonte do som, porque são necessários sinais comparativos em ambos os córtices, para a função de localização. 
As lesões que afetam as áreas de associação auditivas, mas não o córtex auditivo primário, não diminuem a capacidade 
da pessoa de ouvir e diferenciar tons sonoros ou até de interpretar pelo menos padrões simples de som. No entanto, a 
pessoa costuma ficar incapaz de interpretar o significado do som ouvido. Por exemplo, lesões na parte posterior do giro 
temporal superior, que é a chamada área de Wernicke e é parte do córtex de associação auditiva, costumam tornar 
impossível que a pessoa interprete os significados das palavras faladas, embora ela as escute perfeitamente bem e possa 
repeti-las. 
Determinação da direção da qual vem o som: A pessoa determina a direção horizontal da qual vem o som por dois 
meios principais: (1) o intervalo de tempo entre a entrada do som em um ouvido e sua entrada no ouvido oposto; e (2) 
a diferença entre as intensidades de sons nos dois ouvidos. 
O primeiro mecanismo funciona melhor nas frequências abaixo de 3.000 ciclos/s, e o segundo mecanismo opera melhor 
nas frequências mais altas porque a cabeça é barreira maior ao som nessas frequências. 
O mecanismo do intervalo de tempo discrimina a direção muito mais precisamente do que o mecanismo da intensidade, 
por não depender de fatores alheios, mas somente do intervalo exato de tempo entre dois sinais acústicos. Se a pessoa 
estiver olhando com precisão na direção da fonte de som, ele chegará a ambos os ouvidos exatamente no mesmo 
instante, enquanto, se o ouvido direito estiver mais próximo do som que o esquerdo, os sinais sonoros do ouvido direito 
entrarão no cérebro à frente dos do ouvido esquerdo. 
Os dois mecanismos mencionados não podem dizer se o som está emanando da parte da frente ou de trás da pessoa 
ou de cima ou de baixo. Essa discriminação é dada principalmente pelos pavilhões auditivos dos dois ouvidos. A forma 
do pavilhão auditivo muda a qualidade do som que entra na orelha, dependendo da direção de que vem o som. Acontece 
assim ao enfatizar frequências sonoras específicas que chegam de diferentes direções. 
Mecanismos Neurais para Detectar a Direção do Som: A destruição do córtex auditivo, em ambos os lados do 
cérebro, quer em seres humanos quer em mamíferos inferiores, causa perda de quase toda a capacidade de detectar a 
direção de onde vem o som. 
Análises neurais para esse processo de detecção começam nos núcleos olivares superiores do tronco cerebral, embora 
sejam necessárias vias neurais em todo o trajeto destes núcleos ao córtex para a interpretação dos sinais. Acredita-se 
que o mecanismo seja o seguinte. 
O núcleo olivar superior se divide em duas partes: (1) núcleo olivar superior medial; e (2) núcleo olivar superior 
lateral. O núcleo lateral está relacionado com a detecção da direção da qual o som está vindo, presumivelmente, por 
simples comparação da diferença de intensidades do som que chega aos dois ouvidos e pelo envio de sinal apropriado 
ao córtex auditivo, para estimativa da direção. 
O núcleo olivar superior medial, contudo, tem mecanismo específico para detectar o intervalo de tempo entre os sinais 
acústicos que entram nos dois ouvidos. Esse núcleo contém grande número de neurônios que têm dois dendritos 
principais, um se projetando para a direita e outro para a esquerda. O sinal acústico do ouvido direito invade o dendrito 
direito, e o sinal do ouvido esquerdo invade o dendrito esquerdo. A intensidade de excitação de cada neurônio é muito 
sensível ao intervalo de tempo específico entre os dois sinais acústicos dos dois ouvidos. Os neurônios próximos a 
borda do núcleo respondem, de modo máximo, a intervalo de tempo curto, enquanto os próximos da borda oposta 
respondem a intervalo de tempo longo; os intermediários respondem a intervalos de tempo intermediários. 
Desse modo, desenvolve-se padrão espacial de estimulação neuronal no núcleo olivar superior medial, com o som 
diretamente à frente da cabeça estimulando um grupo de neurônios olivares de modo máximo e sons de ângulos laterais 
diferentes, estimulando outros grupos de neurônios em lados opostos. Essa orientação espacial de sinais é, então, 
transmitida para o córtex auditivo, onde a direção do som é determinada pelo local dos neurônios estimulados de modo 
máximo. Acredita-se que todos esses sinais, para determinar a direção do som, sejam transmitidos por uma via diferente 
e excitem um local no córtex cerebral diferente da via de transmissão e do local de término para padrões tonais de som. 
Esse mecanismo para detecção da direção do som indica novamente como informações específicas, nos sinais 
sensoriais, são dissecadas à medida que os sinais passam por diferentes níveis de atividade neuronal. Nesse caso, a 
“qualidade” da direção do som é separada da “qualidade” dos tons sonoros, no nível dos núcleos olivares superiores. 
REFERÊNCIA: Fisiologia Humana – SILVERTHORN 
 
______________________________________________________________________________________________ 
3) Sentido do equilíbrio – REFERÊNCIA: Fisiologia Humana – SILVERTHORN. 
A ORELHA: EQUILÍBRIO 
O equilíbrio refere-se a um estado de estabilidade, quer a palavra seja utilizada para descrever as concentrações iônicas 
dos líquidos corporais, quer a posição do nosso corpo no espaço. O sentido especial do equilíbrio tem dois componentes: 
um componente dinâmico, que nos fornece informações sobre nosso movimento no espaço, e um componente estático, 
que nos diz se a nossa cabeça está na posição vertical normal. 
A informação sensorial proveniente da orelhainterna e dos proprioceptores presentes nas articulações e nos músculos 
comunica ao nosso encéfalo a localização das diferentes partes do nosso corpo, umas em relação às outras, e em relação 
ao meio externo. A informação visual também tem um papel importante no equilíbrio, como pode ser observado em 
uma sala de cinema de 360°, em que a cena se inclina repentinamente para um lado e o público se inclina com ela. 
A nossa sensação de equilíbrio é mediada por células pilosas, as quais revestem o aparelho vestibular cheio de líquido 
da orelha interna. Estes receptores não neurais respondem a mudanças na aceleração rotacional, vertical e horizontal, e 
no posicionamento. A função das células pilosas é similar à das células da cóclea, mas a gravidade e a aceleração, em 
vez de as ondas sonoras, é que fornecem a força que move os estereocílios. As células pilosas vestibulares possuem um 
único cílio longo, chamado de cinocílio, localizado em um lado do feixe ciliar. O cinocílio estabelece um ponto de 
referência para a direção da curvatura. 
 
FIGURA 10.19 Transdução de sinal nas células pilosas. Os estereocílios das células pilosas possuem “molas de comportas”, as 
quais fecham canais iônicos. Suas aberturas são controladas pelos filamentos de ligação apicais, que formam pontes proteicas que 
ligam cílios adjacentes. 
Quando os cílios se curvam, os filamentos de ligação entre eles abrem e fecham canais iônicos. O movimento em uma 
direção provoca a despolarização das células pilosas; com o movimento na direção oposta, elas hiperpolarizam. Isso é 
similar ao que ocorre nas células pilosas cocleares (ver Fig. 10.19). 
O APARELHO VESTIBULAR FORNECE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTO E POSIÇÃO 
O aparelho vestibular, também chamado de labirinto membranoso, é uma série intrincada de câmaras interconectadas 
cheias de líquido. Em seres humanos, o aparelho vestibular é composto de dois órgãos otolíticos semelhantes a sacos 
– o sáculo e o utrículo – juntamente com três canais semicirculares, os quais se conectam ao utrículo em suas bases. 
(FIGURA A) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os órgãos otolíticos nos informam a aceleração linear e a posição da cabeça. Os três canais semicirculares detectam a 
aceleração rotacional em várias direções. 
O aparelho vestibular, assim como o ducto coclear, é preenchido com endolinfa com alta concentração de K+ e baixa 
de Na+, secretada pelas células epiteliais. Do mesmo modo que o líquido cerebrospinal, a endolinfa é secretada 
continuamente e drenada da orelha interna para o seio venoso da dura-máter do encéfalo. 
Se a produção de endolinfa exceder a taxa de drenagem, o acúmulo de líquido na orelha interna pode aumentar a pressão 
de líquido dentro do aparelho vestibular. Acredita-se que o acúmulo excessivo de endolinfa contribui para a doença de 
Ménière, uma condição marcada por episódios de vertigem e náuseas. Se o órgão espiral (de Corti) no ducto coclear é 
danificado pela pressão de líquido dentro do aparelho vestibular, isso pode resultar em perda auditiva. 
OS CANAIS SEMICIRCULARES DETECTAM A ACELERAÇÃO ROTACIONAL 
Os três canais semicirculares do aparelho vestibular detectam a aceleração rotacional. Eles estão orientados em ângulos 
retos um ao outro, como três planos que se juntam para formar o canto de uma caixa (Fig. 10.22a). 
O canal horizontal (ou lateral) detecta rotações que associamos com o giro, como um rodopio de um patinador no gelo 
ou o balançar de sua cabeça à direita e à esquerda para dizer “não”. O canal posterior detecta a rotação esquerda-direita, 
como a rotação que você realiza quando inclina sua cabeça em direção ao seu ombro ou realiza uma pirueta. 
O canal anterior detecta a rotação para a frente e para trás, como quando você balança sua cabeça para a frente e para 
trás ou dá uma cambalhota. 
Em uma das extremidades de cada canal há uma câmara alargada, a ampola, a qual contém uma estrutura sensorial, 
chamada de crista. A crista é constituída de células pilosas e uma massa gelatinosa, a cúpula, que se estende da base 
ao teto da ampola, fechando-a (Fig. 10.22b). Os cílios das células pilosas são embebidos pela cúpula. 
Como a rotação é detectada? Quando sua cabeça gira, o crânio ósseo e as paredes membranosas do labirinto se movem, 
porém, o líquido dentro do labirinto não consegue acompanhar, devido à sua inércia (a tendência de um corpo em 
repouso a permanecer em repouso). Nas ampolas, a endolinfa inclina a cúpula e suas células pilosas na direção oposta 
àquela para a qual a cabeça está girando. 
Fazendo uma analogia, pense em passar um pincel (cúpula ligada à parede de um canal semicircular) com tinta molhada 
(a endolinfa) em um quadro. Se você puxar o pincel para a direita, a tinta fará as cerdas do pincel serem inclinadas para 
a esquerda (Fig. 10.22b). Do mesmo modo, a inércia do líquido no canal semicircular puxa a cúpula e os cílios das 
células pilosas para a esquerda, quando a cabeça vira para a direita. 
Se a rotação continua, o movimento da endolinfa finalmente é o mesmo da cabeça. Então, se a rotação da cabeça para 
abruptamente, o líquido não pode parar imediatamente. O líquido continua a girar na direção da rotação da cabeça, 
deixando a pessoa com uma sensação de estar girando. Se a sensação for suficientemente forte, a pessoa pode projetar 
o seu corpo na direção oposta à da rotação, em uma tentativa reflexa de compensar a aparente perda de equilíbrio. 
OS ÓRGÃOS OTOLÍTICOS DETECTAM A ACELERAÇÃO LINEAR E A POSIÇÃO DA CABEÇA 
Os dois órgãos otolíticos, o utrículo (pequena bolsa) e o sáculo (pequeno saco), são organizados para detectar forças 
lineares. Suas estruturas sensoriais, chamadas de máculas, compreendem células pilosas, uma massa gelatinosa, 
conhecida como membrana otolítica, e partículas de proteínas e carbonato de cálcio, chamadas de otólitos. 
Os cílios das células pilosas são inseridos na membrana otolítica, e os otólitos ligam-se à matriz de proteína na superfície 
da membrana (Fig. 10.22c). Se a gravidade ou a aceleração faz os otólitos deslizarem para a frente ou para trás, a 
membrana otolítica gelatinosa desliza com eles, curvando os cílios das células pilosas e produzindo um sinal. Por 
exemplo, as máculas estão horizontais quando a cabeça está em sua posição ereta normal. Se a cabeça se inclina para 
trás, a gravidade desloca os otólitos, e as células pilosas são ativadas. 
A mácula do utrículo detecta a aceleração para a frente ou a desaceleração, bem como quando a cabeça se inclina. A 
mácula do sáculo está orientada verticalmente quando a cabeça está ereta, o que a torna sensível às forças verticais, 
como quando um elevador está descendo. O cérebro analisa o padrão das células pilosas despolarizadas e 
hiperpolarizadas para calcular a posição da cabeça e a direção do movimento. 
AS VIAS DO EQUILÍBRIO PROJETAM-SE PRIMARIAMENTE PARA O CEREBELO 
As células pilosas vestibulares, assim como as da cóclea, estão tonicamente ativas e liberam neurotransmissor nos 
neurônios sensoriais primários do nervo vestibular (um ramo do nervo craniano VIII, o nervo vestibulococlear). Esses 
neurônios sensoriais fazem sinapse nos núcleos vestibulares do bulbo ou vão, sem fazer sinapse, diretamente para o 
cerebelo, um importante local de processamento do equilíbrio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vias colaterais seguem do bulbo para o cerebelo ou ascendem através da formação reticular e do tálamo. 
Existem algumas vias pouco definidas do bulbo para o córtex cerebral, entretanto a maior parte da integração do 
equilíbrio ocorre no cerebelo. Vias descendentes dos núcleos vestibulares seguem para neurônios motores envolvidos 
com a movimentação dos olhos. Essas vias ajudam a manter os olhos fixos em um objeto enquanto a cabeça gira. 
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4) Distúrbios da audição: Condutiva (dano na conduçãona orelha externa, média ou interna); Neurossensorial 
(dano nas células sensoriais ou nervo auditivo) e mista (ambas). REFERÊNCIA: Fisiologia – GUYTON & HALL 
ANORMALIDADES DA AUDIÇÃO - Tipos de Surdez 
A surdez se divide em dois tipos: (1) a causada por comprometimento da cóclea ou do nervo auditivo, ou dos circuitos 
do sistema nervoso central do ouvido, em geral, classificada como “surdez nervosa”; e (2) a causada por 
comprometimento das estruturas físicas da orelha que conduzem o próprio som à cóclea, que é, em geral, chamada 
“surdez de condução”. 
Se a cóclea ou o nervo auditivo forem destruídos, a pessoa fica permanentemente surda. No entanto, se a cóclea e o 
nervo ainda ficarem intactos, mas o sistema tímpano-ossicular tiver sido destruído ou estiver anquilosado (“congelado” 
no lugar por fibrose ou calcificação), as ondas sonoras ainda poderão ser conduzidas à cóclea por meio da condução 
óssea de gerador de sons aplicado ao crânio sobre a orelha. 
Audiômetro: Para determinar a natureza das deficiências auditivas, usa-se o “audiômetro”. Esse instrumento é um fone 
de ouvido conectado a oscilador eletrônico, capaz de emitir tons puros de baixas a altas frequência e é calibrado para 
que o som, com nível de intensidade zero, em cada frequência seja a intensidade que mal possa ser ouvida pelo ouvido 
normal. O volume calibrado de controle pode aumentar a intensidade acima do nível zero. Se a intensidade tiver de ser 
aumentada para 30 decibéis acima do normal antes de ser ouvida, diz-se que a pessoa tem perda auditiva de 30 decibéis, 
nessa frequência em particular. 
Ao realizar o teste auditivo usando o audiômetro, testam-se cerca de 8 a 10 frequências cobrindo o espectro auditivo, e 
a perda auditiva é determinada para cada uma dessas frequências. O chamado audiograma é colocado em gráfico, 
mostrando a perda auditiva em cada uma das frequências no espectro auditivo. 
 
O audiômetro, além de ser equipado com fone de ouvido para testar a condução aérea pela orelha, é equipado com 
vibrador mecânico para testar a condução óssea do processo mastoide do crânio para a cóclea. 
Audiograma na Surdez Nervosa: Na surdez nervosa, que inclui lesão da cóclea, do nervo auditivo ou dos circuitos 
no sistema nervoso central, desde o ouvido, a pessoa tem perda total da capacidade de ouvir o som testado, por condução 
aérea e condução óssea. A figura mostra um audiograma retratando a surdez nervosa parcial. Nessa figura, a surdez é 
principalmente para o som de altas frequências. Tal surdez poderia ser causada por lesão da base da cóclea. Esse tipo 
de surdez ocorre, em certo grau, em quase todas as pessoas com mais idade. 
Outros padrões de surdez nervosa ocorrem frequentemente da seguinte maneira: (1) surdez para sons de baixa 
frequência, causada por exposição excessiva e prolongada a sons muito intensos (p. ex., uma banda de rock ou motor 
de avião) porque os sons com baixa frequência geralmente são mais intensos e mais prejudiciais ao órgão de Corti; e 
(2) surdez para todas as frequências, causada por sensibilidade do órgão de Corti a fármacos — em particular, 
sensibilidade a alguns antibióticos, tais como estreptomicina, gentamicina, canamicina e cloranfenicol. 
Audiograma para Surdez de Condução do Ouvido Médio: Tipo comum de surdez é ocasionado por fibrose, no 
ouvido médio, após infecção repetida ou por fibrose que ocorre na doença hereditária, chamada otosclerose. Em 
qualquer caso, as ondas sonoras não podem ser transmitidas facilmente pelos ossículos da membrana timpânica à janela 
oval. A figura mostra um audiograma de pessoa com “surdez de condução aérea do ouvido médio”. Nesse caso, a 
condução óssea é essencialmente normal, mas a condução pelo sistema ossicular está bastante deprimida em todas as 
frequências, principalmente nas frequências baixas. Em alguns casos de surdez de condução, a placa do estribo fica 
“anquilosada” por hipercrescimento ósseo até as bordas da janela oval. Nesse caso, a pessoa fica totalmente surda para 
condução ossicular, mas pode readquirir audição quase normal pela remoção cirúrgica do estribo e sua substituição por 
diminuta prótese de Teflon ou de metal que transmite o som da bigorna para a janela oval. 
REFERÊNCIA: Perdas auditivas condutivas – Miguel Hippolyto – REVISTA DA FMRP USP 
SITUAÇÕES E DOENÇAS QUE CURSAM COM PERDAS AUDITIVAS CONDUTIVAS 
→ Distúrbios do pavilhão auricular e meato auditivo externo (MAE) – orelha externa 
As patologias de orelha externa causam perda auditiva de condução por levarem a uma obstrução mecânica à condução 
do som. Além dos processos infamatórios, alterações congênitas que evoluem com malformações de pavilhão auricular 
e atresia ou agenesia de meato acústico externo impedem a chegada da onda sonora à orelha média. Entre elas merecem 
atenção às relacionadas a malformações do primeiro arco e primeiro sulco branquial, resultando em: anormalidades do 
pavilhão auricular; atresia do conduto auditivo externo ósseo, com ou sem associação de anormalidades no martelo ou 
bigorna e anormalidades na mandíbula. 
Quanto às malformações congênitas da orelha que alteram o sistema de condução do som, Colman classifica em três 
grupos básicos: 
Grupo I: Anomalias menores. O canal auditivo externo está presente, é estreito, mas permeável. A cadeia ossicular 
pode estar fixa, principalmente o estribo. É o tipo menos comum de malformação. 
Grupo II: Anomalias maiores. O pavilhão auricular está com malformações evidentes, o meato auditivo externo ósseo 
está ausente. A orelha média também apresenta anormalidades variadas. São os casos mais frequentes. 
Grupo III: Anomalias na pneumatização do osso temporal com malformações na orelha interna presentes. 
O tratamento destas condições visa restabelecer a condução do som através de procedimentos cirúrgicos que são 
indicados nas anomalias do grupo I e no grupo II somente se bilaterais, sendo contraindicadas para o grupo III. São 
cirurgias difíceis, realizadas em vários tempos cirúrgicos e com resultados bastante variados, com resultados 
satisfatórios para as malformações do grupo I. 
Quanto às doenças adquiridas da orelha externa, as mais comuns são as otites externas, com uma incidência de 5 a 20% 
no verão e que levam à perda auditiva por edema do meato acústico externo. Além disso, outras situações podem induzir 
a perda auditiva condutiva: 
a) Corpos estranhos do meato acústico externo: Podem ocorrer em qualquer idade, mais 55% ocorrem em crianças 
até 15 anos de idade e podem ser inertes ou vivos, chegando ao MAE de forma voluntária ou involuntária. O tratamento 
visa à remoção adequada do corpo estranho, evitando-se lesões iatrogênicas do mesmo ou da membrana timpânica e/ou 
cadeia ossicular. 
b) Traumas e ferimentos do pavilhão e MAE: A perda auditiva condutiva ocorre por edema e ou lacerações do MAE, 
podendo haver estenose do mesmo, quando a porção cartilaginosa é comprometida. O tratamento é cirúrgico e de difícil 
resolução, com recidivas frequentes das estenoses. 
c) Otoematoma: São na maioria de etiologia traumática, ocorrendo de forma espontânea em pacientes portadores de 
discrasias sanguíneas. Pode ocluir o MAE, o que não é comum. 
d) Queimaduras: Podem levar a estenose do MAE e lesão da membrana timpânica como complicações, além de 
infecção secundária. 
e) Pericondrite: Infecção localizada na cartilagem da orelha externa, com evolução lenta. Evolui com necrose da 
cartilagem, o que favorece sua deformidade, favorecendo assim a oclusão do MAE e perda auditiva condutiva. 
f) Rolhas (Tampões) de cerume ou epidérmicos: O cerume é composto de descamação epitelial, secreção sebácea e 
produto de glândulas ceruminosas. Os sintomas frequentes são hipoacusia súbita, autofonia, otalgia e vertigem e/ou 
zumbidos em alguns casos. Os tampões epiteliais são compostos por restos epiteliais queratinizados, aderidos às paredes 
do MAE. São de origem idiopática, com frequente potencial de recidiva.g) Colesteatoma de MAE: Gera sintomas de otalgia crônica monótona, unilateral com ocasional otorréia de odor 
fétido, geralmente a audição é normal, o que depende da obstrução do MAE pelo colesteatoma. A membrana timpânica 
não está comprometida e há erosão óssea do MAE. O tratamento depende de sua remoção cirúrgica, bem como de 
qualquer osso necrótico local. 
h) Dermatites: Causam preferencialmente prurido, mas existe hiperemia ou palidez da pele do MAE, edema, vesículas 
e exsudatos, reduzindo a luz do MAE, favorecendo assim a hipoacusia condutiva. Podem evoluir para uma forma de 
otite externa crônica redicivante. 
i) Otomicose: É o comprometimento do MAE e da membrana timpânica por fungos (Aspergillus e Candida), de 
evolução lenta, sendo o sintoma mais comum o prurido. A redução auditiva depende do grau de comprometimento da 
luz do MAE e da associação com descamação epitelial e cerume. 
j) Tuberculose e Leishmaniose: Lesões granulomatosas que podem comprometer o MAE e orelha média, sendo esta 
mais comum na tuberculose, levando a perda auditiva condutiva por oclusão do MAE ou comprometimento da 
membrana timpânica e lesão da cadeia ossicular. 
k) Otite externa localizada: Compromete os folículos pilosos e sebáceos do terço externo da orelha externa, sendo 
causada por estafilococos. Leva a otalgia intensa e aguda e eventual hipoacusia dependendo da obstrução do MAE. 
l) Otite externa difusa aguda: Infecção bacteriana causada principalmente pelo Staphilococcus, Streptococcus, 
Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis e Pseudomonas aeruginosa. Causa otalgia intensa, otorréia e sensação de 
plenitude auricular e hipoacusia, dependendo do edema e da intensidade e qualidade da otorréia no MAE. 
→ Distúrbios da orelha média 
a) Otite média aguda (OMA): A OMA é uma inflamação da orelha média que cursa com sinais e sintomas, 
caracterizados por otalgia, febre, mal estar geral e irritabilidade, hipoacusia e desequilíbrio, queda do estado geral, 
anorexia, cefaléia e por vezes otorréia, dependendo da faixa etária acometida. Tem início rápido e pode evoluir para 
complicações intratemporais e intracranianas com sequelas a curto, médio e longo prazos. 
Na patogênese da OMA estão envolvidos a infecção (agente infeccioso), condições imunológicas do hospedeiro, 
disfunção tubária, alergia e condições socioeconômicas, como frequência a berçários, escolas, parada precoce no 
aleitamento materno e fumo passivo. Os agentes bacterianos mais frequentes são o Streptococcus pneumoniae (20-
40%), Haemophilus influenzae (10-30%), Moraxella catarrhalis (10-20%) e Streptococcus pyogenes e Staphilococcus 
aureus (2-3%), podendo ainda haver a presença de bactérias entéricas e S. aureus em neonatos. 
A perda auditiva na OMA pode ocorrer e geralmente é transitória em decorrência do acúmulo de secreção na orelha 
média, o que dificulta a transmissão do som pela membrana timpânica e cadeia ossicular. No entanto, devido à 
toxicidade de produtos bacterianos e inflamatórios liberados próximos à janela redonda ou ao próprio agente etiológico 
envolvido, pode ocorrer perda auditiva neurossensorial ou mista, devido ao comprometimento coclear. 
→ Outras doenças que acarretam perda auditiva condutiva 
a) Timpanosclerose: é uma afecção comum nos indivíduos portadores de otite média crônica supurativa, otites médias 
agudas recorrentes e otite média crônica secretora, com ou sem tubos de ventilação. De etiopatogenia desconhecida, 
caracteriza-se por áreas de tecido colágeno avascular que sofre degeneração hialina com depósito de cálcio e 
neoformação osteocartilaginosa. Compromete a membrana timpânica e outras áreas da orelha média como a cadeia 
ossicular, levando a uma perda auditiva condutiva. 
b) Otosclerose: é definida como um processo patológico primário, osteodistrofia localizada, da cápsula ótica, raramente 
envolvendo a cadeia ossicular, podendo gerar alterações secundárias a audição com perdas auditivas condutivas, 
neurossensorial ou mista. Geralmente compromete os ossos temporais bilateralmente e de forma simétrica. 
→ Traumas do osso temporal, membrana timpânica e cadeia ossicular 
Podem ocorrer de forma direta a membrana timpânica e cadeia ossicular, como por exemplo, o trauma por “cotonete” 
ou grampo de cabelo, acarretando perda auditiva condutiva de intensidade variável, dependendo do local 
comprometido. Os traumas de osso temporal podem ocorrer por acidentes com trauma craniano direto ou por objetos 
perfuro cortantes. 
A perda auditiva é uma das complicações deste tipo de lesão podendo ser condutiva ou neurossensorial, de grau 
variável, reversível ou irreversível. As perdas condutivas ocorrem por hematoma ou perfuração da membrana 
timpânica, hemotímpano e/ou lesão da cadeia ossicular em diferentes níveis. 
O tratamento pode envolver um procedimento cirúrgico otológico para tratamento do nervo facial (descompressão), 
correção de fístulas ou reconstrução de cadeia ossicular, sendo que os casos de perda auditiva neurossensorial bilateral 
podem necessitar de aparelho auditivo. 
REFERÊNCIA: Novo Tratado de Fonoaudiologia 3ª edição – Otacílio Lopes Filho. 
Causas de deficiência auditiva condutiva por alteração na orelha externa: As obstruções no nível do meato acústico 
externo, que impeçam a passagem do som pela via aérea, podem ser responsáveis por perdas do tipo condutivo. São de 
diagnóstico muito fácil, em virtude da objetividade do exame da orelha externa. Dentre as mais frequentes, encontram-
se: 
1. Agenesias do meato acústico externo: podem ser uni ou bilaterais. Essas displasias podem comprometer também 
a orelha média, constituindo-se em um problema de solução mais difícil, especialmente quando bilaterais. O estudo 
radiográfico, especialmente a tomografia computadorizada, mostrará a sua real gravidade. 
2. Síndrome de Treacher Collins: caracteriza-se por deformidades dos pavilhões e meatos acústicos, podendo haver 
malformação de martelo e/ou bigorna; os pacientes apresentam os olhos inclinados para baixo, devido à hipoplasia das 
maxilas, e mandíbulas hipodesenvolvidas. 
3. Estenoses adquiridas: podem ser traumáticas ou pós-inflamatórias ou mesmo póscirúrgicas. 
4. Exostoses (osteomas): quando fecham completamente o meato acústico, determinam perdas auditivas consideráveis. 
A remoção dessa afecção é muito trabalhosa, especialmente quando não se pode conservar a pele do meato acústico 
externo. Nesses osteomas, pequeno acúmulo de cerume será suficiente para provocar a sensação de hipoacusia. 
5. Cerume impactado: o cerume, quando excessivo e mesmo impactado, pode provocar uma perda condutiva 
considerável. A sua remoção, muitas vezes trabalhosa, determina recuperação imediata da audição. As glândulas 
ceruminosas estão situadas no terço externo do meato acústico, ali acumulando o cerume. O hábito de limpar o canal 
auditivo com hastes flexíveis (cotonetes) provoca o acúmulo de cerume no fundo desse canal, uma vez que o empurram 
para dentro. Em pessoas que trabalham em locais com muita poeira, ou mesmo naquelas que têm muitos pelos no canal 
auditivo, é um achado frequente. O curioso é que a perda de audição é súbita (com sensação de orelha entupida) e quase 
sempre depois do banho ou após nadar. A remoção desse cerume deve ser feita com irrigação da orelha, com água ou 
solução fisiológica morna, evitando-se o uso de estiletes, que podem ferir o canal. Em algumas oportunidades, pode ser 
removido por delicada aspiração. Sua remoção com pinças só deverá ser feita com muito cuidado e sob adequada 
iluminação. 
6. Canal colabado: é uma condição que pode determinar uma perda condutiva, pela compressão do trago sobre o canal 
auditivo, determinada por uma menor elasticidade dos tecidos nesse nível. É especialmente encontrado em pessoas 
idosas, nas quais há uma perda do tecido elástico subcutâneo. Nessas pessoas, um especial cuidado deverá ser tomado 
durante o exame audiométrico. 
7. Otite externa difusa: o edema

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