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Antígona de Sófocles

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Por Carlos Xavier 
para Direito sem Juridiquês 
Assista ao vídeo clicando aqui 
 
 
 
 
Este é um resumo sobre a Antígona de Sófocles, um livro que normalmente é 
indicando no início da Faculdade de Direito para auxiliar no estudo da diferença entre 
positivismo e jusnaturalismo 
A história de Antígona é uma história da mitologia grega, e essa lenda foi contada 
por mais de um autor. A versão mais conhecida é a de Sófocles, e é essa que nós vamos 
considerar. Se você for ler a obra, note que ela foi escrita como uma peça de teatro. 
Antígona é filha de Édipo, e na época da nossa história o pai e a mãe dela já 
tinham morrido. Mas não foram só o pai e a mãe. Os dois irmãos de Antígona, Polinice e 
Etéocles, também morrem, um pouco antes de nossa história começar. E eles mataram um 
ao outro disputando o poder de Tebas, a cidade que foi governada por Édipo, o seu pai. 
Então Creonte, que assumiu o poder em Tebas, manda que Etéocles, que morreu 
lutando pela cidade, tenha um funeral honrado, e que o corpo de Polinice seja deixado ao 
relento, para ser comido pelas aves e despedaçado pelos cães (era assim que o pessoal 
2 de 3 
 
falava naquela época). E não só isso: quem se atrevesse a desobedecer a ordem do Creonte 
deveria ser morto. 
Mas Antígona, sozinha e com suas próprias mãos, arrasta o corpo do seu irmão e 
começa a enterrá-lo. Ela é descoberta no meio do processo e é levada até Creonte. E 
quando eles se encontram nós temos um belo embate entre o direito natural e o direito 
positivo. 
Enquanto os decretos de Creonte representam o direito positivo, Antígona agiu 
em obediência ao direito natural. Pois todo morto, segundo as “leis divinas,” deveria ser 
sepultado, não importando o que dissessem as “leis da cidade,” Antígona afira. 
Note o contraste, por favor, “leis divinas” contra “leis da cidade.” A palavra 
“justiça” também aparece, para mostrar que mesmo que Creonte tivesse poder para 
ordenar a morte de quem desobedecesse as suas ordens, a atitude dele com Polinice e 
com Antígona estava sendo injusta. 
A noção de justiça é reforçada por uma frase de Antígona: “será um belo fim se eu 
morrer, tendo cumprido esse dever.” E outra, reforçando a ideia de direito natural: “não 
creio que o teu decreto tenha o poder de revogar as leis divinas, que nunca foram escritas, 
mas são irrevogáveis.” 
Mas Creonte manda que Antígona seja morta. Na verdade, ele manda que ela seja 
sepultada viva. A caminho do túmulo, Antígona clama: “deuses imortais, a qual das vossas 
leis desobedeci?” reforçando que ela estava agindo de acordo com o direito natural. 
Então mais dois personagens entram em cena. O primeiro é Hémon, que é filho de 
Creonte e noivo de Antígona. Ele confronta o seu pai dizendo que todos na cidade estão 
admirando a atitude de Antígona e revoltados com a postura de Creonte, mas não têm 
coragem de enfrentá-lo, pois ele detém o poder. Ele até podia ser o detentor do poder, 
mas talvez não estivesse sendo um governante muito sábio. 
Essa conversa termina com Hémon dando a entender que iria se matar, mas 
Creonte entende isso como uma ameaça de morte contra ele mesmo. 
O segundo personagem que confronta Creonte é Tirésias, o velho adivinho da 
cidade, que nunca errou numa de suas profecias. Ele diz que os deuses estão insatisfeitos 
com os atos de Creonte e que daquele jeito as coisas não iriam acabar bem. 
Eles discutem por um tempo, e surge um outro conceito importante: prudência. 
Embora hoje para nós prudência pareça significar ser cuidadoso, naquela época prudência 
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significava a capacidade de identificar o justo diante do caso concreto. Nosso amigo 
Aristóteles nos ensina isso. 
Note que Creonte estava sendo imprudente, porque o poder havia subido à sua 
cabeça e ele não deu ouvidos à voz dos deuses, à voz da razão, à voz da justiça, à voz do 
seu filho, à voz do povo (embora o povo tivesse medo de enfrenta-lo), e à voz do adivinho. 
E assim ele não conseguiu ver o qual era a solução justa diante do caso concreto, achando 
que bastava ele ordenar e estava resolvido. 
Então ele muda de ideia e decide enterrar Polinice. Depois, vai até o lugar onde 
Antígona foi enterrada viva. Mas lá ele encontra Antígona já morta, porque ela se enforcou 
com o seu cinto. E lá ele encontrou seu filho Hémon, que já estava desesperado. Ele tenta 
matar seu pai, mas Creonte desvia do golpe. Logo em seguida Hémon também se mata. 
Mas calma, a desgraça ainda não acabou. Quando a mulher de Creonte, Eurídice, 
fica sabendo disso tudo, ela também se mata. 
A moral da história é a seguinte: veja a desgraça que aconteceu porque Creonte 
achou que os seus decretos, o direito positivo, poderiam ser impostos simplesmente 
porque ele era o dono do poder, deixando a justiça de lado. 
Para encerrar, vejamos com os ensinamentos de Antígona permanecem atuais. 
Podemos traçar um paralelo com esta lenda indo para a a primeira metade do Século 
passado. Ali, podemos pensar na ideologia de Creonte como o positivismo jurídico 
tradicional, nos decretos de Creonte como as leis da Alemanha nazista e em toda a tragédia 
que aconteceu em Tebas como o Holocausto e a II Guerra Mundial. Não seria esse um 
paralelo interessante? Fica a dica para reflexão...

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