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Revista de Direito Internacional

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Vinte anos da OMC
Twent years of wto Brasília v. 12 n. 2 p. 1-509 jul-dez 2014
Revista de diReito inteRnacional
BRazilian Jounal of inteRnational law
Responsáveis por essa edição: 
Nitish Monebhurrun
Michelle Ratton Sanchez Badin
 Gustavo Ferreira Ribeiro
Alice Rocha da SIlva
REVISTA DE DIREITO INTERNACIONAL
BRASILIAN JOURNAL OF INTERNATIONAL LAW
Programa de Mestrado e Doutorado em Direito
Centro Universitário de Brasília
Reitor
Getúlio Américo Moreira Lopes
Presidente do Conselho Editorial do UniCEUB
Elizabeth Regina Lopes Manzur
Diretor do ICPD
João Herculino de Souza Lopes Filho
Coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado e Editor
Marcelo Dias Varella
Linha editorial
A Revista de Direito Internacional (RDI) foi criada como instrumento de vinculação de trabalhos acadêmicos relacionados a temáticas 
tratadas pelo Direito Internacional Público e Privado. A revista é sucessora da Revista Prismas, que foi dividida em dois periódicos 
(junto com Revista Brasileira de Políticas Públicas), em virtude da quantidade de submissão de artigos e procura. Na busca pelo 
desenvolvimento e construção de visões críticas a respeito do Direito Internacional, a RDI possui sua linha editorial dividida em dois 
eixos:
1. Proteção internacional da pessoa humana: abrange questões referentes ao direito internacional ambiental, direito humanitário, 
internacionalização do direito, além de pesquisas sobre a evolução do direito dos tratados como forma de expansão do direito 
internacional contemporâneo.
2. Direito Internacional Econômico: abrange questões referentes aos sistemas regionais de integração, direito internacional econômico 
e financeiro e solução de controvérsias comerciais e financeiras. A RDI busca incentivar a pesquisa e divulgação de trabalhos 
relacionados as disciplinas voltadas para o estudo do Direito Internacional publicando artigos, resenhas e ensaios inéditos. A revista 
está aberta às mais diversas abordagens teóricas e metodológicas impulsionando a divulgação, o estudo e a prática do Direito 
Internacional.
Comitê editorial
Alice Rocha da Silva, Centro Universitário de Brasília
Cláudia Lima Marques, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
José Augusto Fontoura Costa, Universidade de São Paulo
Julia Motte Baumvol, Université de Nice
Nádia de Araújo, Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Nitish Monebhurrun, Centro Universitário de Brasília
Layout capa
Departamento de Comunicação / ACC UniCEUB
Disponível em:
www.rdi.uniceub.br
Circulação
Acesso aberto e gratuito
Matérias assinadas são de exclusiva responsabilidade dos autores.
Citação parcial permitida com referência à fonte. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Reitor João Herculino
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Reitor João Herculino
Endereço para Permuta
Biblioteca Reitor João Herculino
SEPN 707/907 Campus do UniCEUB
Cep 70790-075 Brasília-DF
Fone: 61 3966-1349
e-mail: biblioteca@uniceub.br
Revista de Direito Internacional / Centro Universitário de Brasília, Programa de Mestrado e Doutorado em 
Direito, volume 12, número 2 - . Brasília : UniCEUB, 2011- .
Semestral.
ISSN 2237-1036
Disponível também on-line: http://www.rdi.uniceub.br/Continuação de: Revista Prismas: Direito, Políticas 
Públicas e Mundialização. Programa de Mestrado em Direito do UniCEUB.
1. Direito Internacional. 2. Políticas Públicas. 3. Mundialização. I. Programa de Mestrado em Direito do 
UniCEUB. II. Centro Universitário de Brasília.
CDU 34(05)
– Editorial –
Edição Especial: Avaliando vinte anos de OMC
Editora Especial: Michelle Ratton Sanchez Badin1* 
O aniversário da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 31 de dezembro de 2014, 
foi pouco alardeado nas mídias nacional e internacional, diante dos impasses em se avançar para a 
conclusão da Rodada Doha. Mesmo entre os contratempos, há uma tentativa de imprimir a ideia 
de avanço pelo seu Diretor Geral, Roberto Azevêdo. No último encontro do Conselho Geral da 
OMC, órgão centralizador das atividades cotidianas da organização, em 10 de dezembro passado, 
Azevedo anunciou 2015 como um ano especial para a OMC, com a celebração de seus vinte anos e 
a realização da sua 10ª. Conferencia Ministerial. 
Aos vinte anos a OMC enfrenta os desafios de fechar a Rodada Doha, a pulverização de outros 
espaços regulatórios, com a expansão dos acordos regionais e preferenciais de comércio, e o impacto 
no comércio internacional da carência regulatória internacional em outros temas econômicos e sociais. 
Isso coloca a OMC em xeque nos seus trabalhos internos, no seu âmbito de atuação que é o comércio 
internacional especificamente, mas também num espaço mais amplo da governança global. 
Por outro lado, a OMC conseguiu se valer de um relevante grau de institucionalização no 
cenário internacional, com a prerrogativa das regras acordadas entre os seus membros. Nesse 
sentido, a continuidade dos seus trabalhos, sobretudo de acompanhamento e supervisão das políticas 
comerciais de seus membros, ainda no cenário de retomada da economia internacional após a crise 
de 2008, e a credibilidade no funcionamento do seu sistema de solução de controvérsias são pontos 
de destaque entre os organismos internacionais.
A relevância da organização para a projeção internacional do Brasil e as prerrogativas da sua política 
externa, em prol do multilateralismo nas relações econômicas internacionais, também traz elementos 
adicionais para essa analise retrospectiva e prospectiva nos vintes anos de OMC, neste numero da RDI.
Este número especial da RDI convocou, com sucesso, a comunidade acadêmica para refletir, 
de forma interdisciplinar, sobre o comércio internacional hoje, o papel da OMC na governança 
do sistema multilateral e seus desafios no século XXI. É com satisfação que publicamos aqui os 
resultados selecionados a partir desta chamada.
Os artigos que aqui se encontram abordam as temáticas sobre a OMC, seus arranjos e regras, 
sobre propostas de reforma do sistema multilateral e de sistemas alternativos no debate do comércio 
internacional, sobre as regras do comércio internacional e os impactos para políticas nacionais 
de desenvolvimento, bem como sobre evoluções recentes do sistema de solução de controvérsias. 
Artigos com reflexões teóricas sobre o funcionamento da OMC e o impacto político dos trabalhos 
desta organização para a inserção internacional de países em desenvolvimento como o Brasil 
também enriquecem este numero, projetando novas questões sobre a OMC enquanto organismo 
internacional e seu papel na política internacional.
Esperamos que o numero contribua, assim, para enriquecer o debate nacional sobre o papel 
do direito no sistema de comercio internacional e a inserção do Brasil neste cenário.
Desejamos uma boa leitura a todos!
* Professora da Escola de Direito da FGV-São Paulo.
Sumário
I. CrônICas
1. CrônICas da atualIdade do dIreIto InternaCIonal ...............................................................16
Nitish Monebhurrun (org.) 
crônica 1: um panorama sobre as negociações do Pacote de Bali e os seus desdobramentos no âmbito da oMc ......16
Erika Braga
 crônica 2: incorporação do F.A.T.C.A. – Foreign Account Tax Compliance Act no ordenamento jurídico 
brasileiro e impactos jurisprudenciais no conceito de sigilo bancário. ..............................................................20
Carolina Reis Jatobá Coêlho
 crônica 3: as sanções aplicadas pela união europeia à Rússia em razão da anexação da península da crimeia ...24
Tiago Felipe de Oliveira
 crônica 4: international law and the curious case of scottish independence ................................................27
Eshan Dauhoo
 crônica 5: evolution or Procrastination? the ongoing debate(s) on the Recognition of the Palestinian state ......30
Nitish Monebhurrun (org)0
2. CrônICas da jurIsprudênCIa InternaCIonal
 decisões da corte internacional de Justiça e do tribunal internacional sobre o direito do Mar ....................34
Nitish Monebhurrun
José EduardoSiqueira
 Questões relacionadas com a apreensão e detenção de certos documentos e dados (timor leste c/ 
austrália), Medidas Provisórias, 03 de março de 2014 ........................................................................................40
Gleisse Ribeiro Alves
Alice Rocha da Silva
 o caso austrália c. Japão perante a corte internacional de Justiça, decisão, 31 de março de 2014 .................43
Liziane Paixão Silva Oliveira
Maria Edelvacy Marinho
 caso do Parecer consultivo do tribunal internacional de direito do Mar de 1º de fevereiro de 2011 ...............49
Gabriela Garcia B. Lima
 comentários ao caso m/v “virginia ” (Panamá c. Guiné-Bissau), 14 de abril de 2014 ......................................55
Carina Costa de Oliveira
Natália da Silva Gonçalves
 
3. CrônICas do dIreIto InternaCIonal dos InvestImentos ........................................................ 65
Nitish Monebhurrun
	 Tema	1:	Reflexão	sobre	os	(futuros)	acordos	brasileiros	relativos	à	proteção	dos	investimentos:	os	acordos	de	
cooperação e de facilitação de investimentos. ....................................................................................................65
 tema 2: a desapropriação ...................................................................................................................................72
II. os vInte anos da omC
export Controls as IndustrIal polICy on natural resourCes: regulatory lImItatIons on 
ChIna – raw materIals and ChIna – rare earths Cases ............................................................... 78
Gustavo Ferreira Ribeiro
1 introduction .........................................................................................................................................................79
2 development .......................................................................................................................................................80
2.1 The rebirth of export controls: from mercantilism to the multilateral system .............................. 80
2.2 The recent cases: China – raw materials and China – rare earths ....................................................81
2.3 Export quotas and article XI of GATT-94 .........................................................................................82
2.3.1 Temporarily ........................................................................................................................................................82
2.3.2 Essential ..............................................................................................................................................................83
2.3.3 To prevent or relieve critical shortages ..........................................................................................................84
2.3.4 Intermediate remarks ......................................................................................................................................85
2.4 Export duties and article XI of the GATT-94 .................................................................................... 86
2.5 Export restraints (in various types) and the downstream industry exception: article XX(i) 
of the GATT-94 ................................................................................................................................. 87
2.6 Export restraints and the general and local shortage exception conditioned by the equity 
partition obligation: article XX(j) of the GATT-94 ...................................................................................89
3 final remarks .......................................................................................................................................................90
References .............................................................................................................................................................. 91
o problema da espIonagem eConômICa InternaCIonal: serIa a organIzação mundIal do Co-
mérCIo o foro adequado para sua apreCIação? ........................................................................... 93
Humberto A.Vasconcelos Lima
Naiana Magrini Rodrigues Cunha
1 introdução ...........................................................................................................................................................94
2 espionagem econômica, propriedade intelectual e comércio internacional .....................................................95
2.1 Espionagem econômica como tema afeto à propriedade intelectual ................................................95
2.2 O vínculo entre propriedade intelectual e comércio internacional ...................................................96
3 espionagem econômica diante das normas do acordo tRiPs e do sistema de solução de controvérsias da oMc .....97
3.1 Atos de espionagem econômica violam obrigações assumidas no acordo TRIPS? .......................98
3.2 O órgão de solução de controvérsias da OMC poderia apreciar atividades de espionagem 
econômica como uma violação a costume internacional? ..................................................................... 100
3.3 Mecanismo de apreciação de reclamações em situações de não violação (Non-violation 
complaints)......................................................................................................................................................102
4 conclusão .......................................................................................................................................................... 103
Referências ........................................................................................................................................................... 104
InternatIonal standards for IntelleCtual property rIghts proteCtIon: a refleCtIon on 
ClImate-frIendly teChnology transfer ...................................................................................107
Guihong Zhang
Jiani Jiang
Can Wang
1 introduction ....................................................................................................................................................... 107
2 transfer of climate-friendly technologies and minimum protection standards for iP .................................... 109
3	Reflection	on	“Minimum Protection standards” in the international iP system .............................................112
4 china’s practice and patent laws ........................................................................................................................116
5 suggestions to improve the standards for iP Protection ..................................................................................118
6 conclusion ......................................................................................................................................................... 120
Bibliography ......................................................................................................................................................... 122
os vInte anos da omC, suas ConquIstas e desafIos: uma análIse do brasIl e o sIstema de 
soluções de ControvérsIas ................................................................................................ 124
Etiene M. Bosco Breviglieri
Luciano Meneguetti Pereira
1 aspectos introdutórios ....................................................................................................................................... 125
2	A	Organização	Mundial	do	Comércio:	conquistas	e	desafios .......................................................................... 125
2.1 Entendendo a OMC .............................................................................................................................. 126
2.2 As conquistas da OMC ......................................................................................................................... 129
2.3 Os desarranjose os desafios da OMC na atualidade ........................................................................131
3 o órgão solucionador de controvérsias: conceituação e alcance ..................................................................... 139
4 as soluções de controvérsias na oMc e o Brasil: efetivação do comércio e desenvolvimento de uma política 
econômico-diplomática .....................................................................................................................................141
4.1 O Brasil nos Contenciosos da OMC: Aspectos Relevantes ..............................................................143
5	Considerações	finais .......................................................................................................................................... 146
Referências ........................................................................................................................................................... 148
a relação entre os tratados multIlateraIs ambIentaIs e os aCordos da omC: é possível 
ConCIlIar o ConflIto? ................................................................................................................ 151
Fabio Costa Morosini, 
Luisa Zuardi Niencheski
1 introdução ......................................................................................................................................................... 152
2	Obstáculo	para	superação:	análise	do	surgimento	de	conflitos	 ...................................................................... 152
2.1 Conflito de normas ...........................................................................................................................................152
2.2 Conflito de jurisdições .......................................................................................................................................155
3 interpretação e integração aplicáveis aos subsistemas do direito internacional ............................................. 156
3.1 Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados: instrumentos à interpretação .................................156
3.2 Aplicação do desenvolvimento sustentável como diretriz interpretativa ..................................................159
4 conciliando medidas restritivas do comércio e objetivos ambientais ..............................................................161
4.1 Premissas do artigo XX do GATT 1994 ........................................................................................................161
4.2 Incidência prática das exceções ao sistema multilateral comercial .............................................................162
5 conclusão .......................................................................................................................................................... 165
Referências ........................................................................................................................................................... 166
um desafIo na organIzação mundIal do ComérCIo: vIabIlIdade de um aCordo plurIlateral 
sobre energIa .............................................................................................................................169
Matheus Linck Bassani
1 introdução ......................................................................................................................................................... 170
2	Desafios	no	comércio	de	energia	na	Organização	Mundial	do	Comércio ....................................................... 170
2.1 Tarifas e outras medidas aduaneiras afetando importação de bens ................................................170
2.1.1 Tarifas de importação .....................................................................................................................................170
2.1.2 Restrições de importação ...............................................................................................................................171
2.2 Medidas que afetam a exportação ........................................................................................................171
2.3 Tributação interna e regulação ..............................................................................................................172
2.4 Subsídios ...................................................................................................................................................173
2.5 Trânsito .....................................................................................................................................................174
2.6 Serviços.....................................................................................................................................................175
2.7 Conservação ambiental ..........................................................................................................................176
2.8 Investimento ............................................................................................................................................177
2.9 Disputas ....................................................................................................................................................177
3 viabilidade de um acordo plurilateral sobre energia ........................................................................................ 180
4 conclusão .......................................................................................................................................................... 184
Referências ........................................................................................................................................................... 186
Contratações públICas no âmbIto da omC: a polítICa legIslatIva brasIleIra à luz do dIreIto 
ao desenvolvImento ..................................................................................................................192
André Jansen do Nascimento
1 introdução ......................................................................................................................................................... 193
2 Plano normativo da onu e o direito fundamental ao desenvolvimento ......................................................... 195
3 o direito fundamental ao desenvolvimento na constituição federal de 1988 .................................................. 197
4 os vinte anos do agreement on Government Procurement (GPa) .................................................................. 199
5 a política legislativa das compras governamentais brasileira: a licitação como instrumento regulatório e 
realizador do direito ao desenvolvimento ......................................................................................................... 205
6	Considerações	finais .......................................................................................................................................... 212
Referências ........................................................................................................................................................... 214
governança global e a organIzação mundIal do ComérCIo: desafIos Impostos pelo novo 
mandato de desenvolvImento ...................................................................................................218
Letícia de Souza Daibert
Ana Luísa Soares Peres
1 introdução ......................................................................................................................................................... 219
2 Relevância da governança global para o funcionamento das organizações internacionais ............................ 219
3	Desenvolvimento	das	organizações	internacionais	de	finalidade	específica	no	século	xx:	governança	e	
mudanças paradigmáticas motivadas pelo adensamento das relações internacionais .................................... 221
4 a oMc como agente fomentadorde uma governança global em matéria de comércio internacional e 
desenvolvimento econômico ............................................................................................................................. 223
4.1 Interpretação dos acordos da OMC: reconhecimento da existência de valores compartilhados 
pelos membros da organização .................................................................................................................. 224
4.2 A boa governança na OMC .................................................................................................................. 228
5 Países em desenvolvimento e a oMc ............................................................................................................... 229
6 a rodada doha e a necessidade de reforma da oMc ...................................................................................... 232
6.1 Reforma do processo de tomada de decisão ...................................................................................... 232
7 conclusão .......................................................................................................................................................... 234
Referências ........................................................................................................................................................... 236
vInte anos de CrIse para a áfrICa? poder, assImetrIas e a abordagem lIberal da omC .....239
Igor Abdalla Medina de Souza 
1 introdução ......................................................................................................................................................... 240
2 Gatt 1947: referência para a visão liberal das instituições ............................................................................. 241
2.1 Institucionalismo liberal........................................................................................................................ 242
2.2 Liberalismo pós-guerra fria .................................................................................................................. 243
3 Poder institucional ............................................................................................................................................ 245
3.1 Mudança de fórum ................................................................................................................................ 245
3.2 Rolo compressor ..................................................................................................................................... 246
4 estimativas de perdas absolutas para a africa ................................................................................................. 248
5	Considerações	finais	 ......................................................................................................................................... 252
Referências .......................................................................................................................................................... 254
os meCanIsmos de Indução ao CumprImento no âmbIto da omC .............................................258
Fernando Lopes Ferraz Elias
1 introdução ......................................................................................................................................................... 259
2 entre a política e o direito, a implementação das regras e das decisões da oMc .......................................... 260
3	Fatores	que	influenciam	o	descumprimento	das	regras	e	das	decisões	da	OMC	pelos	países	desenvolvidos 263
4	Fatores	que	influenciam	o	descumprimento	das	regras	e	das	decisões	da	omc	pelos	países	em	
desenvolvimento ................................................................................................................................................ 265
5 formas de descumprimento das regras e das decisões da oMc ..................................................................... 270
6 análise de dados e estatísticas pertinentes ao cumprimento das regras e das decisões da oMc .................. 271
7 Propostas e perspectivas de aprimoramento do cumprimento das decisões da oMc .................................... 273
8 considerações finais ........................................................................................................................................ 276
Referências ........................................................................................................................................................... 277
a promoção de aCCountabIlIty na organIzação mundIal do ComérCIo: uma análIse horI-
zontal e vertICal .......................................................................................................................280
Celso Henrique Cadete de Figueiredo
1 introdução ......................................................................................................................................................... 281
2	As	dificuldades	da	aplicação	da	accountability na governança global ............................................................. 283
3 Para quem a oMc deve promover accountability? .......................................................................................... 286
4 elementos de accountability no plano horizontal ............................................................................................ 288
4.1 O componente legislativo como elemento de estabelecimento de padrões .................................. 288
4.2 O Mecanismo de Revisão de Políticas Comerciais como cerne no monitoramento e na difusão 
de informações através da transparência .................................................................................................. 290
4.3 Órgão de Solução de Controvérsias como elemento de aplicação de sanções ............................. 291
5 elementos de accountability na oMc sob uma perspectiva vertical ............................................................... 293
5.1 A participação da sociedade civil na OMC ........................................................................................ 294
5.2 Estabelecimento de padrões ................................................................................................................. 296
5.3 Transparência na prática de difusão de informações ....................................................................... 297
5.4 A participação da sociedade civil no processo de enforcement das regras pelo Órgão de 
Solução de Controvérsias .................................................................................................................299
6	Considerações	finais .......................................................................................................................................... 301
Referências ........................................................................................................................................................... 303
la omC y el proCeso de globalIzaCIon de la regulaCIón alImentarIa ..................................307
Maria Eugenia Marichal
1 la emergencia de un régimen alimentario global ............................................................................................ 308
2 el codex alimentarius y su articulación con la oMc ..................................................................................... 309
3	El	sustento	científico	subyacente	a	la	regulación	alimentaria	del	complejo	OMC	e	Codex	Alimentarius ...... 312
4 las tecnologías de estandarización global ....................................................................................................... 315
4.1 La metodología de análisis de riesgos alimentarios ...........................................................................315
4.2 La implementación de Sistemas Nacionales de Control Alimentario ...........................................317
5 algunas problemas y límites del régimenglobal alimentario .......................................................................... 319
o aCordo gats e sua aplICação aos servIços do ComérCIo eletrônICo ..................................322
Gleisse Ribeiro Alves
1 introdução ......................................................................................................................................................... 323
2	A	classificação	dos	serviços	do	comércio	eletrônico	 ....................................................................................... 324
3 a implementação efetiva das recomendações e decisões do osc no domínio dos serviços do comércio 
eletrônico ........................................................................................................................................................... 327
4 conclusão .......................................................................................................................................................... 332
Referências .......................................................................................................................................................... 334
a omC e o regIonalIsmo do séCulo xxI: estratégIa de ImposIção de modelos normatIvos? .. 337
Camilla Capucio
1 introdução: a oMc e o regionalismo................................................................................................................ 338
2 desenvolvimento ............................................................................................................................................... 339
2.1 A dicotomia superada: stumbling blocs e building blocs .................................................................339
2.2 O regionalismo do século XXI como vetor para imposição de modelos normativos ............... 341
2.3 Os modelos normativos europeus e norte-americanos ................................................................... 342
2.4 Em busca de um modelo latino-americano ...................................................................................... 344
3	Comentários	finais:	desafios	e	perspectivas ...................................................................................................... 345
Referências ........................................................................................................................................................... 346
a organIzação mundIal do ComérCIo e a ChIna: dIreIto de proprIedade e proprIedade InteleC-
tual no país ................................................................................................................................349
Lucas Costa dos Anjos
1 considerações iniciais ....................................................................................................................................... 350
2 direito de propriedade na china ...................................................................................................................... 351
3. Propriedade intelectual na china ..................................................................................................................... 354
4 categorias de propriedade intelectual na china ............................................................................................... 356
4.1 Marcas e nomes de domínio ................................................................................................................. 356
4.2 Patentes .....................................................................................................................................................357
4.3 Direitos de autor e programas de computador ...................................................................................357
4.4 Indicações geográficas ........................................................................................................................... 358
5	Considerações	finais:	implementação	de	padrões	mínimos	de	proteção,	adequação	internacional	e	inovação	na	
china ............................................................................................................................................................................... 358
Referências ........................................................................................................................................................... 360
dos ContenCIosos na omC Com enfoque em restrIções às exportações da ChIna ................363
Marco Antônio Alcântara Nascimento
1 introdução ......................................................................................................................................................... 364
2 Restrições às exportações no sistema Multilateral de comércio: um novo (velho) tema a ser enfrentado .....366
3 antecedentes recentes dos contenciosos da china: a construção da “diplomacia das matérias-primas”, com 
atuação destacada organização para cooperação e desenvolvimento econômico ........................................ 369
4 dos contenciosos na oMc: casos china-Matérias-Primas (cMP) e china-terras-Raras (ctR) .................. 372
4.1 Painel CMP (WT/DS394, WT/DS395 e WT/DS398) .....................................................................372
4.2 Painel CTR (WT/DS431, WT/DS432 e WT/DS433) .....................................................................374
5 conclusão .......................................................................................................................................................... 377
Referências ........................................................................................................................................................... 383
o redImensIonamento da omC no trato dos aCordos ComerCIaIs regIonaIs .......................387
Alice Rocha da Silva
1 introdução ......................................................................................................................................................... 388
2 estabelecimento de precisões conceituais ....................................................................................................... 388
3 o fortalecimento do regionalismo comercial ................................................................................................... 390
4 a proliferação de mecanismos de solução de controvérsias previstos em acR .............................................. 392
5 os efeitos da proliferação de acR para o sistema multilateral de comércio da oMc .................................... 393
6 o papel da oMc e do multilateralismo para a governança mundial aliada a novos arranjos regionais ......... 396
7 conclusão .......................................................................................................................................................... 397
Referências ........................................................................................................................................................... 399
III. outros temas
dereChos humanos en la realIdad aCtual: la globalIzaCIón y el multICulturalIsmo ..........403
David Falcão
1 introducción ...................................................................................................................................................... 403
2 Globalización: sus implicaciones en el debate acerca de derechos Humanos ............................................... 404
3 Multiculturalismo: el cáncer de los derechos Humanos versus un pluralismo integrador razonable ........... 406
4 la amenaza multiculturalista a la integración respetuosa ............................................................................... 407
Referencias ........................................................................................................................................................... 410
ImunIdade de jurIsdIção do estado e reparação CIvIl pela prátICa de tortura: o Caso zahra 
KazemI v. repúblICa IslâmICa do Irã .........................................................................................412Patrícia Maria Lara Abreu
Rodrigo Otávio Bastos Silva Raposo
1 introdução ......................................................................................................................................................... 412
2 o caso Kazemi e a disputa entre jus cogens e imunidade de jurisdição .......................................................... 414
2.1 O assassinato de Zahra Khazemi e a busca por reparação civil na justiça canadense .................415
2.2 A disputa entre as categorias jus cogens e imunidade de jurisdição no caso Kazemi .................416
3 o assassinato	da	Sra.	Kazemi	não	é	justiciável,	mas	o	dano	causado	a	seu	filho	o	é:	o	caso	na Quebec 
superior court .......................................................................................................................................................................419
3.1 A proibição da tortura como jus cogens e o Canada State Immunity Act .....................................419
3.2 Os danos sofridos pelo herdeiro e a hipótese de competência do art. 6(a) do Canada State 
Immunity Act ................................................................................................................................................ 424
4	O	dano	causado	ao	herdeiro	não	permite	fixar	a	jurisdição	canadense:	o	caso	na	Quebec court of appeal ...... 425
4.1 A Constituição canadense interpretada à luz do jus cogens: razões para indenizar o espólio ........425
4.2 Dano moral não configura a hipótese de competência do art. 6(a) do Canada State Immunity Act: a 
reversão da decisão da Quebec Superior Court .............................................................................................................427
5 a limitação à responsabilização patrimonial do estado estrangeiro pela prática de atos de tortura não afronta a 
sociedade democrática de direito: o caso na supreme court of canada ....................................................... 428
5.1 Hipóteses de exceção à imunidade de jurisdição e a qualificação da prática de tortura como ato 
oficial do Estado: impedimentos infraconstitucionais à desconsideração da imunidade de jurisdição. 429
5.2 A limitação ao direito de reparação em casos de tortura é compatível com a sociedade 
democrática de direito: a constitucionalidade do SIA. ........................................................................... 430
6 conclusÃo ................................................................................................................................................... 432
Referências ........................................................................................................................................................... 433
da naCIonalIdade Como dIreIto humano: da neCessárIa amplIação das hIpóteses de aplICação 
do CrItérIo do jus sanguInIs nos Casos de adoção InternaCIonal ............................................435
Hitala Mayara Pereira de Vasconcelos
1 introdução ......................................................................................................................................................... 435
2	Da	evolução	do	conceito	de	nacionalidade:	do	mero	reflexo	da	soberania	estatal	para	a	noção	de	direito	humano ...438
3 o princípio da proteção ao interesse superior da criança e seus efeitos em matéria de nacionalidade nas 
hipóteses de adoção internacional .................................................................................................................... 441
4 da postura do Brasil quanto ao reconhecimento da nacionalidade brasileira nos casos de adoção 
internacional ...................................................................................................................................................... 444
5 conclusão .......................................................................................................................................................... 449
Referências ........................................................................................................................................................... 450
InterregIonal organIzatIons (Iros) In europe: new subjeCts of Contemporary Interna-
tIonal law? ........................................................................................................................... 454
Davorin Lapas
1 introduction ....................................................................................................................................................... 454
2 interregional organizations (iRos) – new forms of institutionalized sub-state co-operation in europe ....... 455
2.1 European Groupings of Territorial Cooperation (EGTCs) and Euroregional Co-operation 
Groupings (ECGs) ...................................................................................................................................... 456
2.2 Association of European Border Regions (AEBR) ...........................................................................461
2.3 Assembly of European Regions (AER) .............................................................................................. 462
2.4 Euroregions ........................................................................................................................................... 464
3 Hybrid or quasi-iRos (QuaiRos) – shared membership for states and sub-state entities ........................... 467
4 concluding remarks ......................................................................................................................................... 470
Bibliography ......................................................................................................................................................... 473
a Conexão entre os dIreItos humanos e a Corrupção ..............................................................477
Gabriela Alves Mendes Vieira
Marcelo Dias Varella
1 introdução ......................................................................................................................................................... 478
2 a difícil conceituação da corrupção e as suas implicações ............................................................................. 478
2.1 Os conceitos trazidos pelos principais instrumentos legais de combate à corrupção ................478
2.2 Instrumentos legais de combate à corrupção .................................................................................... 480
2.3 Quadros internacionais e outros instrumentos que relatam a corrupção e os direitos humanos ...... 483
3 a conexão entre a corrupção e os direitos humanos ....................................................................................... 485
3.1 Determinando quando um direito humano é violado ..................................................................... 485
3.2 O impacto da corrupção sobre os direitos humanos ....................................................................... 486
3.3 Conectando a corrupção a um direito humano específico .............................................................. 489
4 conclusão .......................................................................................................................................................... 491
Referências ........................................................................................................................................................... 492
grupo de soCIedades: Instrumento jurídICo de organIzação da empresa plurIssoCIetárIa .....495
Daniel Amin Ferraz
1 introdução ......................................................................................................................................................... 496
2 Breve tipologia do grupo de sociedades e suas distinções jurídico-doutrinárias: instrumento societário ou 
obrigacional? .....................................................................................................................................................497
3 o grupo de sociedades de base societária e outros instrumentos de concentração empresarial .................... 497
3.1 Fusão ........................................................................................................................................................ 498
3.2 Cisão ......................................................................................................................................................... 499
3.3 Holding .................................................................................................................................................... 500
4 o grupo de sociedades e a Joint Venture ................................................................................................................................501
4.1 A joint venture e as relações internacionais ...................................................................................... 501
4.2 Disciplina jurídica da joint venture ..................................................................................................... 502
4.3 Tipologia ................................................................................................................................................. 503
4.4 Joint venture e o grupo de sociedades ............................................................................................... 503
5 conclusão: o grupo de sociedades e as relações de domínio múltiplo ............................................................ 504
Referências ........................................................................................................................................................... 507
Crônicas da atualidade do 
Direito Internacional 
Erika Braga Justo
Carolina Reis Jatobá Coêlho
Tiago Felipe de Oliveira
Eshan Dauhoo
Nitish Monebhurrun (org.)
 
1. cRônicas da atualidade do diReito 
inteRnacional 
Nitish Monebhurrun (org.)* 
crônica 1: um panorama sobre as negociações do Pacote de Bali e os seus 
desdobramentos no âmbito da OMC (Erika Braga Justo).
 crônica 2: incorporação do F.A.T.C.A. – Foreign Account Tax Compliance Act 
no ordenamento jurídico brasileiro e impactos jurisprudenciais no conceito de 
sigilo bancário. (Carolina Reis Jatobá Coêlho).
crônica 3: as sanções aplicadas pela União Europeia à Rússia em razão da 
anexação da península da Crimeia. (Tiago Felipe de Oliveira).
crônica 4: international Law and the Curious Case of Scottish Independence. 
(Eshan Dauhoo).
crônica 5: evolution or Procrastination? The Ongoing Debate(s) on the 
Recognition of the Palestinian State. (Nitish Monebhurrun).
Crônica 1: Um panorama sobre as negociações do Pacote de Bali e os seus 
desdobramentos no âmbito da OMC
Erika Braga**
Na dinâmica mundial de (re)acomodação de poderes, a OMC exerce um 
importante papel. É um foro multipolar que abandona a então bipolaridade 
existente nas décadas anteriores à sua constituição. O jogo entre duas potências 
cede espaço para novos integrantes, que, dentro do contexto das negociações de 
comércio internacional, são contemplados com a igualdade jurídica no modelo 
decisório da Organização Mundial do Comércio. 
É certo que a igualdade jurídica não representa uma isonomia de poderes — o 
que limita a efetividade do equilíbrio entre as partes —, mas isso não minimiza a 
relevância desse avanço. O sistema multilateral combate o regionalismo fechado, 
indicador de tendências conflitivas no cenário internacional por seu caráter de 
exclusão. A escalada de tensões e os desentendimentos entre Estados são algumas 
das marcas da bipolaridade e do regionalismo fechado, ambos remodelados na 
atualidade pela multipolaridade emergente. Essa recente tendência de equilíbrio 
permite o protagonismo de diversos atores, muitas vezes fortalecidos por 
grupos de concertação, como demonstra a atuação destacada dos países em 
desenvolvimento.
É sob esse prisma que o marco normativo único da OMC se mostra estratégico. 
O processo de negociação alicerçado pelo “single undertaking” abole a possibilidade 
de escolha de normas à la carte. Anteriormente, sob a égide do GATT 47, a cada 
Estado era facultado o direto de optar e se comprometer apenas com os acordos 
que fossem convenientes aos seus exclusivos interesses. Nos moldes atuais, os 
Estados Membros vinculam-se imperativamente a todas as regras1, em igualdade 
de direitos e deveres. 
1 Apenas quatro acordos se limitam a um grupo restrito de signatários. São relativos às seguintes 
matérias: comércio de aeronaves civis, compras governamentais, laticínios e carne bovina.
DOI: 10.5102/rdi.v11i2.3197
* PhD in International law (School 
of Law of Sorbonne, Paris), 
Associate Professor (University 
Centre of Brasília), Visiting Professor 
(Universidad de la Sabana, Bogotá). 
Nitish.monebhurrun@gmail.com
** Advogada, Mestre em Direito 
Internacional Econômico (Escola 
de Direito da Sorbonne, Paris). 
erikabjusto@yahoo.com.br
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O preço a ser pago corresponde à maior dificuldade 
em se finalizar um acordo.2 O peso do poder político de 
cada Estado membro — ou a falta dele — se contrasta 
com a igualdade jurídica garantida pelo arcabouço 
legal. É um embate geopolítico, em última instância. 
Por isso a importância dos sistemas multilaterais, 
capazes, não de superar o desnível do poder político 
e econômico, mas de garantir um mecanismo jurídico 
apto a promover uma melhor pulverização de forças no 
cenário global.
A Rodada de Doha é um reflexo dessa balança. A 
sua paralisia chegou a colocar em xeque o futuro da 
própria instituição. Sinais de evolução foram dados na 
IX Conferência Ministerial3 ocorrida em dezembro 
de 2013 em Bali, conduzida pelo brasileiro Roberto 
Azevêdo, diretor-geral da OMC.
A IX Conferência Ministerial era aguardada como 
a mais importante em muitos anos. Os seus resultados 
moldariam o futuro da organização e do sistema global 
de comércio. As questões enfrentadas envolviam temas 
complicados, razão pela qual o Pacote de Bali, em caso 
de fracasso, comprometeria a capacidade da OMC para 
negociar acordos futuros. Um elemento importante 
inserido no debate foi o risco de exclusão dos países 
menos desenvolvidos em face de uma paralisia das 
negociações multilaterais. Além de caracterizar um 
retrocesso, cederia mais espaço para a realização de 
acordos bilaterais — excludentes por natureza. Um 
passo importante, portanto, deveria ser dado na direção 
da retomada da Rodada de Doha.
Numa atmosfera de tensão, anunciou-se o avanço. 
O Pacote de Bali foi divulgado como um sucesso 
diplomático e a superação de alguns pontos nevrálgicos 
que bloqueavam a evolução das negociações (i). Após 
a conclusão dos trabalhos formalizados pela Decisão 
Ministerial de 7 de dezembro de 2013, a Índia, com 
uma nova composição de governo, recua, valendo-se do 
veto ao Acordo sobre a Facilitação do Comércio para 
barganhar outros pontos ainda pendentes de consenso, 
especificamente, a flexibilização dos Estoques Públicos 
de Alimentos para fins de Segurança Alimentar (ii).
2 As dificuldades impostas por esse modelo decisório desafiam 
os Estados a encontrar um caminho jurídico alternativo, sem 
depender da anuência de um número tão elevado de partes. O 
aumento significativo de Acordos de Livre Comércio (Free Trade 
Agreements) celebrados por membros da OMC é indicador de que 
há uma tendência de bifurcação das normas internacionais de 
comércio, até certa medida, por meio do bilateralismo.
3 A Conferência Ministerial é o órgão de decisão supremo na 
OMC, que se reúne a cada dois anos.
a. Os resultados da IX Conferência Ministerialde Bali
O chamado “Pacote de Bali”4 representou uma 
vitória diante do congelamento das negociações na 
Rodada de Doha e, pontualmente, das controvérsias 
acerca das reformas propostas durante a IX Conferência 
Ministerial de Bali.
A tensão maior foi gerada por posições divergentes 
entre os Estados Unidos e a Índia. O debate mais crítico 
circunscreveu-se ao tema sobre Subsídios e Estoque 
de Alimentos para fins de Segurança Alimentar 
(a), ameaçando, inclusive, o êxito do Acordo sobre 
Facilitação do Comércio (B).
•	 A “cláusula de paz” como mecanismo de flexibilização 
favorável aos países em desenvolvimento em casos de 
Estoque de Alimentos para fins de Segurança Alimentar
As negociações sobre questões agrícolas são 
as mais complexas no comércio internacional. A 
polarização entre os países desenvolvidos e o grupo 
de países em desenvolvimento ganha realce quando 
o objeto de novas regulamentações é a proteção à 
agricultura de cada Estado membro. Se, por um 
lado, os países em desenvolvimento produtores e 
exportadores de commodities agrícolas defendem 
uma legislação mais rígida contra a proteção dos 
produtores nacionais, do lado oposto estão os países 
desenvolvidos. A razão é simples e a solução mostra-
se distante: uma legislação mais rígida impediria 
que grandes potências continuassem a subsidiar 
significativamente a produção agrícola nacional, e a 
falta de competitividade de seus produtores internos 
seria uma das consequências diretas, abarcando 
todos os respectivos efeitos danosos.
No caso em questão, entretanto, foi o 
posicionamento da Índia que, por muito pouco, não 
levou as negociações ministeriais de Bali ao colapso. 
A ausência de acordo sobre a vigência da cláusula 
de paz no âmbito dos subsídios e de estoque de 
alimentos para a segurança alimentar foi o motivo 
do impasse (i). O temido fracasso foi evitado nas 
últimas horas, quando as partes chegaram a um 
consenso após muita articulação e consultas feitas 
pelo diretor-geral Roberto Azevêdo (ii).
(i) O impasse provocado pela Índia durante as 
negociações da cláusula de paz
4 Declaração ministerial de Bali: WT/MIN(13)/DEC.
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A segurança alimentar é um dos temas sensíveis 
para Estados com grandes dimensões e densidade 
populacional. Quando se trata de uma negociação de 
normas vinculantes que possivelmente atingem essa 
questão, a postura, naturalmente, é de defesa e menor 
disponibilidade de transação. 
Esse foi o tenso e inesperado cenário enfrentado 
em Bali, pois as negociações prévias realizadas em 
Genebra apontavam para um consenso entre as partes 
(a). O fator surpresa foi o recuo da Índia (b).
(a) Os rascunhos Pré-Bali
As reformas propostas sobre subsídios agrícolas 
para estocagem de alimentos para fins de segurança 
alimentar foram o motivo da controvérsia. Em 
novembro de 2012, o G-33, composto por países 
em desenvolvimento e liderado pela Índia, havia 
proposto a flexibilização da regra: os países em 
desenvolvimento deveriam ter maior margem de 
manobra para subsidiar a compra de alimentos e a 
sua respectiva estocagem quando a finalidade fosse 
garantir a segurança alimentar, sem que a distorção 
de mercado resultante se configurasse em um ilícito 
comercial. 
Diante da complexidade, como é peculiar às 
matérias relacionadas ao Acordo sobre Agricultura, 
o tempo seria escasso para negociar uma emenda até 
a data da IX Conferência Ministerial em Bali. De 
maneira paliativa, os Estados trabalharam sobre 
um texto legal que garantisse uma solução interina: os 
membros, temporariamente, se absteriam de apresentar 
uma queixa legal e de iniciar uma disputa no Órgão de 
Solução de Controvérsias na hipótese de distorções 
de mercado provocadas pelas políticas praticadas 
por países em desenvolvimento comprometidas com 
segurança alimentar. A esse compromisso foi dado o 
nome de “cláusula de paz”.
Dessa forma, o rascunho do acordo foi aprovado por todos 
os membros e a IX Conferência Ministerial de Bali seria 
apenas o palco para a formalização.
(b) O recuo da Índia durante a IX Conferência 
Ministerial de Bali
O governo indiano, no decorrer dos trabalhos 
em Bali, obteve papel de destaque ao se posicionar 
contrário à versão do texto, alegando que a segurança 
alimentar seria inegociável5. A controvérsia instalou-se 
precisamente sobre o termo “solução interina”, cujo teor 
indica que a vigência da cláusula de paz seria temporária. 
É importante mencionar que os Estados Unidos, bem 
como outros membros, ainda em Genebra, haviam 
condicionado a aceitação desta cláusula à existência de 
um prazo limite para a sua validade. 
Diante disso, todas as outras negociações, a exemplo desta, 
também foram prejudicadas, dada a insistência da Índia 
em impedir qualquer prosseguimento do texto nos termos 
acordados em Genebra. O resultado do dissenso dependeria 
de uma questão técnica e, principalmente, da vontade política 
dos envolvidos. A interpretação jurídica do termo “solução 
interina” seria, portanto, a chave do sucesso ou do fracasso 
da Ministerial de Bali. 
Para a Índia, significaria um compromisso vigente até que 
uma solução permanente fosse encontrada pelos membros, 
consensualmente. Para os Estados Unidos, alinhados aos 
outros membros que receavam o provável impacto da 
aplicação da cláusula de paz por tempo indeterminado, 
“solução interina” não poderia ser entendida como algo 
diferente de uma medida com prazo-limite definido. 
(ii) A articulação diplomática e a solução apresentada
Em face deste desafio, reuniões de bastidores 
foram articuladas a fim de superar esse impasse — 
que significaria uma séria crise institucional no seio 
da OMC —, considerando-se a já grave paralisia da 
agenda de Doha.
Na tentativa de resgatar o Pacote de Bali, consultas 
foram feitas entre Roberto Azevêdo, os Estados Unidos 
e a Índia. Nesse momento, a Índia já não sustentava 
uma posição comum ao G-33, o que aumentava a 
pressão sobre ela. Algumas alternativas, pendentes de 
validação pelos outros membros, foram apresentadas 
pelo diretor-geral, mas não foram aceitas pelo governo 
indiano.
No entanto, apesar da iminência de uma “tragédia 
institucional”, um consenso foi anunciado no último 
dia da IX Conferência Ministerial. A saída encontrada 
foi mais diplomática do que jurídica. O texto da solução 
proposta por Roberto Azevêdo e aceito pelas partes 
registra o compromisso dos membros em negociar uma 
5 ht tp ://pt . i c t sd .org/br idges -news/pontes/news/
subs%C3%ADdios-e-estoque-de-alimentos-tema-decisivo-no-
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solução permanente até a XI Conferência Ministerial 
de 2017, com a vigência da cláusula de paz até esta data. 
A revisão também restringe o alcance do acordo apenas 
às políticas de armazenagens já existentes. 
A partir dessa vitória diplomática, o caminho ficou 
livre para a finalização do acordo principal, referente à 
facilitação do comércio.
B) A conclusão do Acordo sobre Facilitação de 
Comércio
Com o Acordo sobre Facilitação do Comércio6 
sugere um revigoramento da quase fracassada Rodada 
de Doha. Em quase vinte anos, foi o primeiro acordo 
multilateral concluído pelos Estados membros da OMC, 
que cria compromissos vinculantes em operações de 
importação e exportação.Trata-se de regras para o estabelecimento de 
critérios mais transparentes e ágeis no processamento 
de documentos, bem como a simplificação e redução 
de requisitos nas transações de comércio exterior. 
Especialistas demonstram que a harmonização dos 
procedimentos e a maior eficiência decorrente das 
novas regras podem significar um ganho superior à 
redução tarifária7. 
Não há dúvidas quanto à dupla importância desse 
acordo. Em termos econômicos, tem o potencial de 
promover um aumento real da circulação internacional 
de mercadorias e do PIB global. Em termos jurídicos 
e diplomáticos, representa uma vitória — mesmo que 
parcial — para o multilateralismo da OMC, que vinha 
sendo fortemente questionado e ameaçado pela sua 
ineficaz Rodada de Doha.
Considerada a relevância do Acordo de Facilitação 
Comercial em ambos os aspectos mencionados, pode-
se visualizar a dimensão do problema causado pelo 
veto da Índia no âmbito do Acordo sobre Agricultura. 
O impasse paralisou toda a agenda de negociações e 
colocou em risco o avanço de uma das peças principais 
do Pacote de Bali. 
Apesar de todas as dificuldades, a IX Conferência 
Ministerial entregou o Pacote de Bali com os 
progressos comerciais, jurídicos e diplomáticos 
esperados. Estabeleceu-se 31 de julho de 2014 como 
6 WT/MIN(13)/36
7 Os benefícios ainda dependem da ratificação do Acordo e da 
implementação das medidas, que demandam reformas institucionais 
e ajustes nos sistemas aduaneiros.
data limite para se adotar o Protocolo de Emenda do 
Acordo sobre Facilitação do Comércio, elaborado pelo 
Comitê Preparatório durante a reunião do Conselho 
Geral. Nessa data, o Protocolo seria aberto à aceitação 
até 31 de julho de 2015. A surpresa indigesta veio em 
julho de 2014, meses após a conclusão do Pacote de 
Bali. Novamente a Índia tem o protagonismo ao vetar 
o acordo, bloqueando não só a sua evolução como 
a de todos os outros temas, inclusive a Agenda de 
Desenvolvimento de Doha.
II. O Pacote de Bali e seus desdobramentos
A. O novo recuo da Índia e a comunicação de mais um veto 
Concluído o Pacote de Bali, iniciaram-se os 
trabalhos do Comitê Preparatório sobre Facilitação 
do Comércio, encarregado de realizar um exame 
jurídico de caráter formal, com o escopo de garantir 
o funcionamento eficiente do Acordo. Um Protocolo 
de Emenda deveria ser apresentado em 31 de julho de 
2014, durante a reunião do Conselho Geral, quando 
começaria o prazo para aceitação do Acordo sobre 
Facilitação do Comércio como parte do conjunto de 
normas vinculantes da OMC. 
Próximo ao prazo limite, a Índia manifestou-se 
contrária à continuidade dos trabalhos, e as mesmas 
questões superadas em Bali foram resgatadas. 
Especificamente, indicou que não aceitaria o 
Protocolo enquanto não houvesse uma solução 
permanente sobre a flexibilização das regras nos 
casos de estoques públicos de alimentos para fins de 
segurança alimentar. 
Todo o trabalho realizado em Bali perderia sua 
eficácia. Sob o prisma jurídico, o Acordo sobre 
Facilitação do Comércio — o maior avanço nos últimos 
20 anos da organização — não poderia, sequer, ser 
ratificado pelos Estados membros. Essa foi a estratégia 
da Índia, barganhar usando o vínculo político entre os 
dois instrumentos jurídicos: Acordo sobre Facilitação 
do Comércio v. solução interina (temporária) sobre 
Estoque Público de Alimentos para fins de Segurança 
Alimentar.
O Protocolo não foi aceito pela Índia na data-limite e 
a crise foi instalada no seio da OMC. Os Estados Unidos 
posicionaram-se do lado oposto. Não concordam em 
negociar nos moldes impostos pelo governo indiano e 
o impasse congela o processo de implementação das 
normas negociadas em Bali, englobando as respectivas 
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negociações multilaterais. O colapso provocado pela 
Índia ameaçava potencialmente a continuidade da 
própria Rodada de Doha. Nesse sentido, Roberto 
Azevêdo declarou que a OMC enfrentava a pior crise 
desde a sua criação, e a própria existência/finalidade da 
organização estava em jogo.
Muita articulação política e diplomática, 
aparentemente sem efeitos, eleva a crise a patamares 
ainda mais preocupantes. O desgaste político foi 
inevitável, e a Índia, por maior que fosse o seu 
poder de barganha, viu-se efetivamente pressionada 
pelos Estados membros e pelo diretor-geral Roberto 
Azevêdo. A conjuntura conflituosa demandava uma 
avaliação atenta do trade-off: o prejuízo político indiano 
deveria ser melhor calculado.
Assim foi feito. A crise foi revertida, e na reunião 
do Conselho Geral, em 27 de novembro de 2014, foi 
anunciado um novo acordo sobre a situação.
B. A recente decisão adotada pelo Conselho Geral 
sobre o Pacote de Bali
A reunião do Conselho Geral, em 27 de novembro 
de 2014, foi o palco para a declaração que colocou fim 
ao impasse. A solução pauta-se por três decisões:
1. Esclarecimento da decisão de Bali sobre Estoques 
Públicos de Alimentos para fins de Segurança alimentar. 
Fica acordado que a cláusula de paz permanecerá 
vigente até que uma decisão permanente seja adotada. 
Além disso, antecipa-se a data limite para a conclusão 
das negociações relativas à matéria. Nas decisões de 
Bali o prazo determinado estendia-se a 2017. Com a 
revisão, a nova data passa a ser 31 de dezembro de 2015, 
assegurada a continuidade da cláusula de paz caso as 
partes não cheguem a um consenso.8
2. O Protocolo de Emenda do Acordo sobre 
Facilitação do Comércio foi adotado, iniciando-
se o processo de implementação. Abre-se a fase de 
ratificações, respeitadas as regras internas de cada 
Estado. A entrada em vigor do Acordo depende do 
depósito do instrumento de ratificação feito por dois 
terços dos Estados membros.9 
3. Implementação imediata de todas as Decisões 
Ministeriais de Bali, o que inclui o Programa de 
Trabalho das questões remanescentes da Agenda 
8 WT/GC/W/688;
9 WT/PCTF/W/28
de Doha, com um novo prazo acordado para a sua 
conclusão: julho de 2015.10
Superado o conflito, fica o desafio a ser enfrentado: 
a OMC precisa atuar com maior rapidez e eficiência 
para garantir a sua relevância como foro multilateral 
e cumprir o seu papel de facilitador do comércio 
internacional. Roberto Azevêdo encerrou o seu discurso 
feito na reunião do Conselho Geral conclamando os 
Estados membros a encontrar uma nova forma de 
negociar: “We need do find an easier way of doing things. (...) 
We can’t wait another two decades to deliver further multilateral 
outcomes. We have to think about how we can operate in a more 
efficient way.”11. 
Espera-se, assim, que os Estados membros concluam 
os trabalhos e as ratificações nos prazos definidos, 
resgatando a relevância da OMC no complexo jogo 
geopolítico de (re)acomodação de poderes globais.
Crônica 2: Incorporação do F.A.T.C.A. – Foreign Account 
Tax Compliance Act no ordenamento jurídico brasileiro 
e impactos jurisprudenciais no conceito de sigilo 
bancário.
Carolina Reis Jatobá Coêlho*12
I. Apresentação do FATCA e os impactos quanto o sigilo 
bancário
The era of banking secrecy is over”13
A declaração dos membros do G2014 exarada no 
contexto de pós-crise econômica que foi caracterizada 
— dentre outros fatores — pela evasão fiscal e quebra 
de confiança no sistema financeiro, na forma como 
dita, parece até incontestável em qualquer contexto 
10 WT/GC/W/690
11 Ver declaração completa em:http://www.wto.org/english /
news_e/news14_e/gc_rpt_27nov14_e.htm
* Mestranda em Direito das Relações Internacionais no 
Centro Universitário de Brasília. Advogada da Caixa Econômica 
Federal e Gerente Executiva Substituta da Gerência Nacional 
de Atendimento Jurídico às Vices-Presidênciasde Contratações, 
Governo e Tecnologia. carolinarjcoelho@hotmail.com 
13 “A era do sigilo bancário acabou”. LEADER’S STATEMENT. 
GROUP OF TWENTY. LONDON SUMMIT. G20 ACTION 
PLAN FOR RECOVERY AND REFORM. Declaration on 
Strengthening 2 April 2009. Disponível em: <http://www.imf.org/
external/np/sec/pr/2009/pdf/g20_040209.pdf>. Acesso em: 03 
dez. 2013. 
14 O Grupo dos Vinte reúne, desde 1999, os Ministros das 
Finanças e Presidentes dos Bancos Centrais das 19 maiores 
economias do mundo - incluindo o Brasil. 
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e para qualquer cidadão-correntista do mundo. O 
sigilo bancário é um direito ancião e corresponde 
a uma obrigação imposta por contrato, norma, 
prática costumeira ou por lei positivada infra ou 
constitucionalmente às instituições financeiras ou 
equiparadas de manter em segredo dados que lhes 
cheguem ao conhecimento como consequência de 
relações jurídicas vinculadas às suas atividades. 
No Brasil, ao direito ao sigilo bancário está 
conformado, de forma interpretativa por doutrina e 
jurisprudência, ora no inciso X, ora no inciso XII, ora 
em ambos os incisos do art. 5º da Constituição15. O 
inciso X protege a vida privada e intimidade, tendo 
por foco a pessoa, enquanto o inciso XII tem em 
vista a manifestação de pensamento da pessoa. Não 
há, portanto, previsão expressa constitucional sobre o 
próprio sigilo bancário. Infraconstitucionalmente, ao 
contrário, o sigilo bancário apresenta não só proteção 
específica, mas encontra hipóteses de exceção na Lei 
Complementar nº 105/2001. Quanto ao afastamento 
para fins fiscais, há regulamentação infralegal específica 
no Decreto nº 3.724/2001, que foi recentemente 
alterado pelo Decreto nº 8.303, de 04 de setembro de 
2014. 
Mas será mesmo que o direito ao sigilo bancário 
está fadado a desaparecer, ainda que enquadrado — em 
alguns ordenamentos jurídicos, a exemplo do brasileiro 
— como um direito de estatura constitucional 
vinculado aos direitos humanos de privacidade e 
intimidade? Cinco anos após a declaração dada na 
Cúpula de Londres, não se pode dizer de forma 
peremptória que o direito ao sigilo bancário não existe 
mais, mas muitas iniciativas aparecem de forma global 
e simultânea na intenção de flexibilizá-lo em face de 
valores relacionados ao combate à lavagem de dinheiro, 
corrupção e evasão fiscal. Pode-se apontar como uma 
dessas iniciativas legislativas o um conjunto de normas 
norte-americanas de efeitos extraterritoriais em etapas 
15 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). 
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br>. Acesso em 30 
out 2014. “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: X 
- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem 
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material 
ou moral decorrente de sua violação; XII - é inviolável o sigilo 
da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e 
das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem 
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal”.
que apresenta clara intenção de recuperar a economia 
norte-americana, arrasada com a crise dos subprimes, 
incrementando a arrecadação de tributos por parte de 
cidadãos residentes fora daquele território estatal. 
A legislação referida inseriu um capítulo inteiro 
(seções 1471 a 1474, correspondente ao Capítulo IV) 
ao Código Tributário Norte-Americano de 1986 
(Internal Revenue Code), o que foi denominado no Título 
V do Hire Act de F.A.T.C.A. - Foreign Account Tax 
Compliance, normatização que estabeleceu obrigações 
com efeitos extraterritoriais, estabelecendo às 
Instituições Financeiras Estrangeiras (Foreign Financial 
Institution ou FFI ) procedimentos para a identificação, 
documentação e monitoramento de contas de pessoas 
consideradas norte-americanas16 
Acerca da abrangência da norma, vale definir 
dois grupos principais que a devem observância, na 
posição de intermediários das informações: (i) Foreign 
Financial Institutions (FFIs) — Instituições Financeiras 
Estrangeiras e (ii) Non Finacial Foreign Entities (NFFEs) 
— Entidades não classificadas como Instituições 
Financeiras Estrangeiras. A norma impõe obrigações a 
tais entes, incluindo como destinatários finais da norma 
as denominadas US Person, que poderão ser pessoas 
físicas (US Individuals) ou jurídicas, cujas contas serão 
objeto de reporte às autoridades norte-americanas.
Dentre tantos pontos polêmicos17, destaca-se que 
a legislação estrangeira de efeitos extraterritoriais 
impõe às Instituições Financeiras e assemelhadas 
o encaminhamento de informações pessoais e 
financeiras de cidadãos norte-americanos à Receita 
Norte-Americana (Internal Revenue Service – IRS), o que, 
em tese, poderia colidir frontalmente em restrições 
constitucionais, legais e jurisprudenciais de países que 
consideram o sigilo das operações bancárias em seu 
ordenamento jurídico doméstico, como é o caso do 
Brasil.
16 US GOVERNMENT PRINTING OFFICE. Congressional 
Bills. House Bill. 111TH Congress. Disponível em: <http://www.
gpo.gov/fdsys/pkg/PLAW-111publ147/html/PLAW-111publ147.
htm>. Acesso em: 10 dez 2013. Conforme a alínea b (Apresentação 
de Relatórios) da Seção 1471 (Retenção de Pagamentos às Instituições 
Financeiras), os requerimentos da subseção são atendidos com 
relação a qualquer instituição financeira estrangeira que mantenha 
um acordo em vigor, ou seja PFFI – Participating Foreign Financial 
Institutions. 
17 Vale descrever que outro ponto polêmico é que a 
implementação da norma implica custos operacionais que deveriam 
recair sob a responsabilidade do órgão de arrecadação dos E.U.A. 
originalmente, cuja competência tributária se afirma. 
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As informações requeridas referem-se a dados 
pessoais e também financeiros de cidadãos norte-
americanos como: nome, endereço, número de 
identificação fiscal, número, saldo e movimentação 
de contas bancárias detidas por18: i) US Individuals/
Person cujo valor da conta bancária exceda U$50.000,00 
(cinquenta mil dólares) ou ii) US Entities — pessoas 
jurídicas cujo saldo em conta bancária ultrapasse o valor 
de U$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil dólares).19 
Destaca-se que o procedimento de reporte ocorrerá 
de forma eletrônica e automática, sem quaisquer 
autorizações judiciais ou administrativas ou até 
instauração de qualquer procedimento ou pedido. 
Essa perspectiva é mais do que um passo adiante 
em comparação com modelos de intercâmbio de 
informações para fins fiscais, sempre firmados por 
intermédio de acordos ou tratados de cooperação com 
vinculação e respeito à legislação de cada país sobre o 
sigilo bancário. É um real desafio para conformação 
jurídica da proteção ao sigilo bancário na legislação 
nacional dos países, principalmente quando a lei ou a 
jurisprudência condicionem o acesso das informações 
bancárias pelo Fisco a algumas circunstâncias 
procedimentais, como a instauração de procedimento 
fiscal ou autorização

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