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Fichamento 1 Antropologia juridica- 1 semestre

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BÔAS FILHO, O. V. A, 2007. CONSTITUIÇÃO DO CAMPO DE ANÁLISE E PESQUISA DA ANTROPOLOGIA JURÍDICA. V. 6, Pp. 333-349. São Paulo: Prisma Jurídico.
1 - Antropologia, colonialismo e imperialismo
Examinar os apectos culturais, históricos e sociais da formação da antropologia jurídica para uma melhor pesquisa e análise. Marc Ferro tem um pensamento similar com Hannah Arendt, ao discorrer a colonização e o imperialismo, ao dizer que: “o expansionismo imperialista do século XIX difere significativamente das formas de conquista precedentes que caracterizam as politicas imperialistas típicas da formação de impérios, ao estilo de Roma.” (BÔAS FILHO APUD HANNAH ARENDT, 2007, pág. 334) Antônio NegrI e Michael Hardt, chamou de “substancia politica”( BÔAS FILHO APUD NEGRL E HARDT,2007, pág. 334) o que intitulam de império, seria uma forma imperialista distinta, já que o governo de hoje, governa a vida social, enquanto o imperialismo procura estender sua soberania para além de suas fronteiras.
Em 1880 e 1914 manifesta-se um novo tipo de império, o colonial, dividido em países avançados e atrasados. Com fundamento em, a superioridade racial será uma das mais capazes ferramentas de legitimação da expansão imperial. A diferença racial é um parecer de uma identidade nacional, tendo em vista o sujeito colonizado surge como indefinido e gera uma idealização negativa de outros não europeus. Esse processo encontrara na antropologia influentes mecanismos de base, a qual fornecia instrumento para legalizar a expansão imperialista possibilitando conhecimentos uteis no século XIX ao exercício da dominação. Através desse contexto fica entendido: “ que a antropologia jurídica se desenvolveu como uma espécie de subproduto do expansionismo imperial do século XIX.”( BÔAS FILHO APUD SHIRLEY E ROULAND, 2007, pág. 337). Posto isso, a relação da antropologia como o processo de colonização, é de tal importância para entender não apenas as direções conceituais das primeiras escolas de antropologia jurídica, mas também o progresso da antropologia enquanto disciplina.
2 - Aspectos constitutivos do campo de análise e pesquisa da antropologia no século XIX.
No contexto do século XIX, serão apresentados três aspectos que podem ser decretados como: constitutivos do campo de análise e pesquisa da antropologia nascente, sendo elas: 
a) a ideia de um campo de análise e pesquisa limitado ao estudo das “sociedades primitivas”;
b) a perspectiva evolucionista, que tinha base no pressuposto etnocêntrico da superioridade da sociedade ocidental sobre as demais; 
c) o caráter instrumental da disciplina que, ao fornecer, ainda que indiretamente, base para a dominação colonial constituiu-se num saber voltado à “gestão de populações”. (BÔAS FILHO, 2007, pág 340)
2.1 - Antropologia como estudo das “sociedades primitivas”
No primeiro ponto citado logo a cima, a antropologia exibe um campo de análise, o que a difere das outras ciências do homem, se aperfeiçoando na descrição e classificação de grupos tidos como primitivos. Esse tópico tornou-se mais atual no contexto pós-colonial, devido à desmembração dos grandes impérios colônias reduziu o interesse as pesquisas em campos longínquos. Para Neiburg e Sigaud: “ os antropólogos começaram a voltar sua atenção para o “patrimônio etnológico” das sociedades modernas” (BÔAS FILHO APUD NEIBURG E SIGAUD, 2007, pág. 341). Assim demarcando o campo de estudo e pesquisa da antropologia diante da sociologia.
2.3 - Evolucionismo como expressão de um pressuposto etnocêntrico
No segundo ponto, o progresso da antropologia jurídica está associada estreitamente com a questão da dominação, afirma Copans, “ houve uma afinidade bastante clara entre a relação de subjugação dos povos não “europeus” pelo “messianismo” ocidental, típicos do fim do século XIX, e as teorias evolucionistas que, fundadas em concepções etnocêntricas, forneceram a base ideológica para legitimar essa dominação.”( BÔAS FILHO APUD COPANS, 2007, pág. 343) 
Logo, esses pareceres evolucionistas definiram a constituição do campo de estudo e pesquisa da antropologia geral, e da jurídica, dado que mantiveram presas a categorias analíticas problemáticas, tais como as de “raça” e “evolução unilinear”. (BÔAS FILHO,2007, pág. 343) Nesse sequencia a antropologia deixou de ser um saber propriamente cientifico para tornar-se ideologia.
2.4 - Saber instrumental à “geração de populações”
No terceiro ponto, deixa claro que “a antropologia evolucionista era voltada ao estudo dos “povos primitivos” e baseada no pressuposto etnocêntrico de que as sociedades ocidentais seriam superiores às demais, pois constituíram um processo evolutivo unilinear pautado etapas sucessivas de desenvolvimento.” (BÔAS FILHO, 2007, pág 344) 
Para Lévi Strauss, o que liga a antropologia com a expansão colonial, é uma era de violência, que em seus primeiros tempos se apresentou como uma dimensão instrumental e pragmática, com o proposito de tornar mais eficaz a dominação imperialista.
Portanto, é nessa finalidade que a antropologia do século XIX poderá ser descrita, como uma espécie de saber voltado à “gestão de populações”, uma vez que se teria prestado à fundamentação do governo, à administração e ao controle dos povos colonizados.( BÔAS FILHO, 2007, pág 345)
3 - Considerações finais 
Com base do estudo desse artigo, podemos compreender que a antropologia jurídica do século XIX, foi a constituição do campo de análise e pesquisa como destaca Norbert Rouland (1988) ao dizer que a antropologia teria sido um instrumento que serviu aos motivos da colonização, voltada a gestão de populações, a partir de uma visão etnocêntrica que as qualificava como “primitivas”.
Lévi Strauss, frisa que o saber antropológico de um lado, concedeu uma visão mais objetiva dos fenômenos humanos, por outro, isso se deu a partir de relação em que uma parte da humanidade se arrogou o direito de tratar a outra como objeto.( BÔAS FILHO APUD STRAUSS, 2007 pág. 346)

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