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ARTES VISUAIS PINTURA: TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS Professora Cíntia Ribeiro Borges Professor Léo Teodoro Gurnhak http://unar.info/ead 1 Pintura – Técnicas e Procedimentos APRESENTAÇÃO Caro(a) Aluno(a) A disciplina apresentada aqui não tem a intenção de ensinar a pintar, mas, sim, de mostrar um caminho e orientar quanto ao uso dos materiais dentro de suas técnicas específicas, o que também não o impede de fazer suas próprias experiências. Contudo, é necessário a quem está iniciando no campo da pintura que se dê uma orientação, de preferência, prática, de fácil aprendizagem e que o auxilie a superar obstáculos, pois, fatalmente, surgirão obstáculos e dúvidas. Para ser artista, não basta ter talento, é necessário desenvolver as técnicas para poder explorar as potencialidades criativas que, com certeza, você possui.. A principal parte dessa disciplina é o fazer, só ler os textos não trará crescimento. Somente o uso dos materiais e a realização das atividades propostas lhe trarão segurança para pintar. Ao longo dessa disciplina, iremos aprender a distinguir e exercitar as técnicas utilizadas por grandes artistas, da têmpera à tinta a óleo, passando pela aquarela, pelo pastel e pelas tintas acrílicas. Veremos, também, a evolução das técnicas, partindo da têmpera, desenvolvendo novas possibilidades expressivas e caminhando com outros materiais. Professora: Cíntia Ribeiro Professor: Léo Teodoro Gurnhak 2 PROGRAMA DA DISCIPLINA Ementa: Técnicas de expressão plástica bidimensional e experimentações práticas. Contato e recebimento das propriedades expressivas e construtivas dos materiais, suportes, instrumentos, procedimentos e técnicas nas produções de formas pictóricas. Conteúdos: Unidade 1– Têmpera Unidade 2 – Encáustica Unidade 3 – Aquarela Unidade 4 – Afresco Unidade 5 – Giz Pastel Metodologia Sendo o curso oferecido na modalidade a distância (EAD), e o conhecimento a ser transmitido, principalmente, de forma teórica e ilustrativa, estudaremos as principais obras de cada processo de criação e produção da história da arte universal. O aluno encontra em cada unidade o texto sobre a técnica e a história da mesma, imagens para facilitar o entendimento de como era realizada e instruções para realizar seu próprio trabalho, embasado na referida técnica, porém, fazendo uso de seu próprio repertório cultural como tema. Avaliação No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, sem, entretanto, se caracterizar como a única forma possível e recomendada. Na avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e espaço predeterminados, diferentemente, a avaliação a distância permite que o 3 aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente, a necessidade de estabelecimento de prazos. A avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os seguintes instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem: 1) Trabalhos práticos individuais; 2) Provas bimestrais realizadas presencialmente; 3) Trabalhos de pesquisa bibliográfica individuais. As estratégias de recuperação incluirão: 1) retomada eventual dos conteúdos abordados nos módulos, quando não satisfatoriamente dominados pelo aluno; 2) elaboração de trabalhos com o objetivo de auxiliar a vivência dos conteúdos. Bibliografia Básica BARRETO, I. Oficina de pintura: materiais, fórmulas, processos HERBERT. A arte de agora, agora: uma introdução à teoria da pintura e escultura modernas. SP: Perspectiva 1972 JANSON H., W. & e JANSON, A. F. Introdução à história da arte. SP: Martins Fontes, 1999 Bibliografia Complementar CUMMING, R. Para entender a arte. SP: Ática, 2003 DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. SP: Martins Fontes, 2003 MARTINS, M. C. F. D. Temas e técnicas em artes plásticas. SP: ECE, 1986 OSTROWER, F. Acasos e criação artística. RJ: Campus, 1999 PEDROSA, I, Da cor à cor inexistente. Ed. Leo Christiano Editorial, 1990 PENTEADO NETO O desenho estrutural. SP: Perspectiva, 1976 4 UNIDADE 1 – TÊMPERA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: A unidade intenciona levar o aluno a conhecer e trabalhar com o material têmpera, de modo que ele seja capaz, ao final da unidade, de se expressar usando o material com a técnica adequada. ESTUDANDO E REFLETINDO O termo têmpera refere-se as tintas opacas à base de água, mas esse mesmo termo aplica-se também à técnica que usa gema de ovo como aglutinante. Os quadros são feitos sobre madeira, tela ou um suporte com base gessada. É uma tinta de secagem rápida e isso produz uma superfície à prova de água e, como consequência, as pinceladas não se misturam facilmente. As pinceladas são sobrepostas, assim é que o artista cria os tons da pintura; a técnica é que as finas pinceladas aplicadas umas sobre as outras produzem um efeito de sombra. Possuem os contornos nítidos e as cores sólidas, secas, além de uma cobertura que não racha; para proteger a têmpera, em geral é usada uma camada de verniz depois que a pintura estiver pronta. A técnica da têmpera já era usada por egípcios, gregos e romanos. Alcançou o maior desenvolvimento na Europa entre os séculos XIII e XVI, época em que se destacou Carlo Crivelli. Crivelli foi pintor na Renascença Italiana durante o Quattrocento. Nascido em Veneza no ano de 1435, usava têmpera, apesar de se mostrar interessado na pintura a óleo. 5 Carlo Crivelli – Madona e a Criança (1480) Apesar de ser italiano, seu estilo lembrava muito mais a arte bizantina do que a tendência naturalista que acontecia em Florença. A têmpera feita à base de ovo teve três períodos característicos, sendo que o primeiro vai até o final do séc. XIII, o segundo ocorre durante o séc. XIV chegando até meados do séc. XV, sendo que, depois da metade do séc. XV, novas práticas com técnicas mistas introduziram inovações. As têmperas à base de ovo são utilizadas, ainda hoje, pelos monges ortodoxos do Monte Athos na Grécia, na confecção de ícones bizantinos, objetos do culto da Igreja Cristã Oriental. Entre os pintores contemporâneos que usaram este tipo de pintura destaca-se o americano Andrew Wyeth. 6 Monge Iconógrafo do Monte Athos Andrew Wyeth - Helga 7 BUSCANDO O CONHECIMENTO A tinta tradicional para a pintura de têmpera é a mistura de um pigmento com gema de ovo e água destilada. Ao aplicar-se essa mistura sobre o suporte, a água evapora, deixando uma película colorida que chamamos de têmpera de ovo. Atualmente a têmpera já existe pronta para comercialização, porém você está aprendendo a fazer sua própria têmpera na disciplina de Pinturas – Materiais e Suportes. Vejamos como é feito um trabalho com têmpera. O primeiro passo é desenhar o modelo no suporte; depois preenchemos o fundo; nesse trabalho, por se tratar de um ícone bizantino, utilizamos o dourado, feito à base de purpurina e goma laca, com o fundo seco; aí, desenhamos a auréola. Depois, preenchemos de vermelho a área do manto e, com um tom mais escuro de vermelho, pintamos a sombra das dobras do véu. 8 Use o azul no lenço que cobre o cabelo e também na roupa. Use tons de rosa em camadas, para criar o efeito de dégradé. Para uma sensação maior de sombreamento, use hachuras em um tom de rosa ainda mais claro. Use a mistura de purpurina e goma laca para fazer as joias no manto da imagem. Com um tom mais escuro de azul, faça os detalhes da roupa. Depois faça as luzes com camadas de azuis mais claros, até chegar ao branco. 9 O mesmo processo que usamos, até agora, para sombreamento será usado durante todo o trabalho. Note que o tom mais escuro é usado por baixo de todas as camadas de tinta sobreposta, cada camada utilizada aumenta o brilho e “joga” para o fundo os espaçosque continuaram mais escuros. 10 Usamos a cor laranja para fazer o barrado do manto e a gola da roupa; com um marrom bem escuro marcamos as dobras e depois “iluminamos” o trabalho com hachuras em branco. Para o rosto, preenchemos a área com marrom e desenhamos os olhos, o nariz, a boca e os detalhe com um marrom escuro. Para iluminar, aplicamos camadas de ocre à amarelo claro, lembrando que devemos deixar sempre um pouco da camada anterior aparecendo, para criar o efeito de dégradé. Com o rosto iluminado. podemos dar atenção aos detalhes dos elementos que compõem o rosto, como os olhos, o nariz e a boca. Para a boca, usamos um rosa um pouco mais escuro para o lábio superior e outro um pouco mais claro para o inferior. 11 Para finalizar a boca, invertemos o processo que usamos até esse momento. Usamos o vermelho para criar a sombra e dar volume à boca. Para os olhos, demarcamos a área do globo ocular com um tom de amarelo, para fazermos a sombra, depois iluminamos com o branco. E continuamos com o branco para iluminar as áreas de maior expressão, como o nariz, sobre o lábio superior, a testa e a área logo abaixo dos olhos. Para finalizarmos, marcamos a dobra das pálpebras. Fonte: imagens retiradas da internet 12 INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO Agora que você já viu a técnica para a produção de um trabalho artístico usando o material têmpera, faça um trabalho usando essa técnica. Você pode fazer uma releitura da obra apresentada no tópico “Buscando o Conhecimento” ou propor o seu próprio modelo. Você irá precisar das tintas, nas cores que você acreditar mais apropriadas para o modelo proposto; pincéis redondos, goma laca, purpurina, papel duplex gessado (para ser usado como suporte). Atente-se para o fato de que, na impossibilidade de encontrar algum dos materiais solicitados, são possíveis as substituições. Na ausência de pigmento em pó para a produção da têmpera em casa, pode utilizar têmpera guache comprada; as escolares são vendidas em caixas com seis cores: verde, vermelho, amarelo, azul, preto e branco. A princípio, você será capaz de produzir as outras cores de que precisar, a partir dessas. A têmpera guache industrializada seca mais lentamente que a têmpera original, por isso você precisará esperar a secagem da tinta antes de aplicar as próximas camadas. O papel duplex gessado pode ser substituído por um papelão preparado com massa acrílica, ou massa corrida fina (encontrada em casas de materiais de construção para criar textura em parede, mas, nesse caso, é necessário ficar atento, pois a cobertura deve ser perfeitamente lisa.) 13 UNIDADE 2 – ENCÁUSTICA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: A proposta da unidade é levar o aluno a conhecer e trabalhar com a técnica da encáustica, de modo que ele seja capaz de utilizá-la ao produzir trabalhos. ESTUDANDO E REFLETINDO Encáustica é a técnica que usa a cera pigmentada para pintar. Segundo a Enciclopédia Itaú Cultural: Técnica de pintura, popularmente conhecida como pintura a fogo, desenvolvida pelos gregos desde o século V a.C., na qual os pigmentos de cor são diluídos em cera quente. Normalmente a mistura é mantida aquecida para que a cera não endureça, dificultando sua manipulação, ou aplicada por meio de um cautério - instrumento usado na pirogravura para queimar a madeira. Outra possibilidade é usar a mistura fria, com a cera diluída em terebintina. Como tinta, pode ser aplicada com espátula ou pincel, além de ser usada no mármore de estátuas, para preservá-las de musgos. (http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic /index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=43, acesso em 06/07/2012) O nome da técnica vem do grego, enkausticos, que significa gravar a fogo, pode ser aplicada com pincel, com uma espátula quente, com ferro para encáustica (lembra muito um ferro de passar roupa, e ele também pode ser http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=43 http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=43 14 usado). A cera é aplicada na superfície a ser pintada; como é de secagem rápida, costuma-se também colocar uma fonte de calor sob o suporte da pintura; o calor deixa a cera mais macia, abrindo ao artista opções de vários efeitos de cor e textura. A mistura é, geralmente, mantida aquecida para que a cera não endureça e dificulte o uso, mas também pode ser aplicada por meio de um cautério – ferramenta de pirogravura para queimar a madeira. Existem outras possibilidades de uso, como a mistura fria, quando a cera é diluída em terebintina. Desta maneira ela pode ser aplicada, mais facilmente, com espátula ou pincel e pode ser usada no mármore de estátuas, para preservação. A encáustica é muito resistente, basta analisar a inúmera quantidade de pinturas às quais temos acesso até hoje. Para trabalhar a encáustica são necessárias condições adequadas de manuseio como um ambiente arejado, cuidados com fogo e ferramentas específicas. Ela possibilita transparências, texturas, densidades, velaturas, sobreposições, relevos. Tudo isso sem falar nas muitas possibilidades quando ela é misturada com outras técnicas, multiplicando ainda mais as suas possibilidades. Esta técnica pode assumir diversas estéticas, como nos trabalhos egípcios num período tardio, obras que exibem um extremo realismo, e como nos trabalhos de Jasper Johns, com uma obra menos representativa da figura humana, mas, também, bastante expressiva. 15 Retrato Fayum – Egito Jasper Johns – Um Alvo e Quatro Rostos BUSCANDO CONHECIMENTO Como vimos na produção das duas últimas obras citadas no “Estudando e Refletindo”, a encáustica pode ser utilizada para expressar diferentes poéticas, mas para entender um pouco o funcionamento do material nos fixaremos no exemplo abaixo. Existem vários instrumentos para o trabalho com encáustica, todavia alguns são substituíveis. O ferro para encáustica é muito prático, porém não é necessário tê-lo para se trabalhar a técnica. Um ferro de passar roupas antigo pode ajudar bastante; se não tiver um ferro, uma espátula aquecida também pode ser usada na função do ferro. 16 Na superfície aquecida do ferro, passamos a cera na cor que desejarmos; deslizamos o ferro no papel e a cera é transferida para o papel. Sem o calor do ferro, a cera se tornará dura quase instantaneamente e quando mudamos de cor usamos papel toalha para limpar o ferro dos restos de cera de cor diferente. Usamos branco e azul para criar o céu, a passada é firme, com pouca ondulação, mas necessária, para transmitir a sensação de nuvens. 17 Com o verde claro, o verde escuro e um pouco de azul, fazemos as colinas, também com a passada firme, assim como fizemos o céu. Com verdes, azuis e amarelo, criamos uma textura na cera; aí usamos o ferro de maneira diferente, não o passando no papel, mas transferindo a cera para o suporte como um carimbo. Depois de criada a textura, alisamos a base da colina com uma passada de ferro. Com um 18 instrumento de metal, “descascamos” a cera aplicada para criar um caminho, mas temos que tomar cuidado para não lascar a cera. Assim como aparece na imagem 2, limpe o ferro com papel absorvente para continuar, e passe giz preto na ponta do ferro para desenhar uma gaivota. Agora, com a lateral do ferro, fazemos uma cerca, marcando os mourões e o arame. Com um instrumento de metal, novamente retiramos a cera já colocada, para criar detalhes na pintura. Fazemos, nesse momento. a forma de uma escada. Para preencher áreas pequenas, podemos usar o cautério, mas na falta de um cautério, podemos derreter a cera em uma colher e aplicá-lacom um pincel. Para acertar a forma, usamos, novamente, um instrumento de metal a fim de retirar a cera que está sobrando. 19 Para conseguir efeitos de luz, usamos o mesmo processo de retirar a cera da área que queremos clara, porém, utilizando um instrumento mais de ponta mais fina. O resultado final é este: 20 Fonte: imagens retiradas da internet INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO Agora que você já viu a técnica da encáustica, produza um trabalho usando essa técnica; você pode fazer uma releitura da obra apresentada no tópico “Buscando o Conhecimento” ou propor o seu próprio trabalho. Você precisará de uma caixa de giz de cera, o modelo proposto, pincéis chatos, papel cartão (para ser usado como suporte) e as ferramentas, que podem ser um ferro de passar roupa, mas só ser for dos antigos (aquele que não tem furinhos na chapa de metal), ou esquentar uma espátula em uma chama e usar a espátula para espalhar a cera. 21 UNIDADE 3 – AQUARELA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: A unidade intenciona levar o aluno a conhecer e trabalhar com a aquarela, de modo que ele seja capaz, ao final da unidade, de se expressar usando o material com a técnica adequada. ESTUDANDO E REFLETINDO A aquarela se apresenta na história da arte em diversos momentos e expressa diferentes estéticas; trata-se de uma técnica de pintura onde os pigmentos se encontram suspensos, diluídos em água e os suportes podem variar, mas normalmente utilizamos papéis de alta gramatura. A aquarela surgiu na China com a invenção do papel, pois até esse momento eram usados os velinos, que são suportes feitos de pele de carneiro, e de pincéis macios. A técnica da aquarela é fluida, mas não disforme. Observe abaixo, em “Bambus ao vento”, obra de autor desconhecido. 22 No ocidente podemos citar as obras do gravurista e pintor Albert Dürer, que deixou um acervo com, pelo menos, 120 aquarelas. A “Jovem lebre”, pintada em 1502, é um trabalho de técnica mista, pois Dürer usou aquarela com guache. Vale lembrar que a aquarela pode ser usada com vários materiais em conjunto, inclusive com tinta a óleo, mas atente-se para o fato de que não se mistura tintas com diferentes diluentes. Para mesclar as técnicas de aquarela e óleo, é necessário utilizar a aquarela primeiro, esperar secar, para, só depois, repor a tinta a base de óleo. A diferença entre a aquarela e as outras tintas à base de água é a ausência do pigmento branco em sua composição, o que a faz translúcida, mas a utilização de qualquer material à base de água com material a óleo deve respeitar os mesmos princípios dos expostos para a aquarela. Albert Dürer – Jovem Lebre (1502) – Aquarela e Guache sobre papel. Como já citado, a aquarela pode assumir outra estética, como nos trabalhos de Wassily Kandinsky, em que ele usa a aquarela para fazer abstrações e criar imagens etéreas. Na obra de Kandinsky, de 1910, sem título, é o primeiro trabalho abstrato feito com esse material. 23 Wassily Kandinsky – Sem título (1910) – Aquarela sobre papel BUSCANDO O CONHECIMENTO Bem, para trabalhar com a aquarela é necessário ter o desenho daquilo que será pintado, e é sempre bom relembrar que não existe tinta branca ou algum tipo de reparo na aquarela, todas as áreas que forem brancas no desenho devem ser respeitadas. Vamos ver um trabalho com aquarela. Nosso tema, aqui, será uma flor. Para a técnica que trabalharemos nessa unidade, faremos uma experimentação com o tachismo, mas, apesar disto, será um trabalho figurativo. Tachismo –Definição 24 Menos que um movimento pictórico com traços facilmente reconhecíveis, o tachismo remete a uma tendência artística que finca raízes na Europa no período após a Segunda Guerra Mundial, 1939-1945. O termo - que vem do francês tache, "mancha" - é criado pelo crítico Michel Tapié no livro Un Art Autre [Uma Arte Outra] para tentar definir o novo estilo de pintura que recusa qualquer tipo de formalização, rompendo com as técnicas e os modelos anteriores. Arte informal (no sentido de sem forma) é outra designação corrente para o tachismo, às vezes também ligado à noção de abstração lírica. A defesa da improvisação, associada ao gesto espontâneo e instintivo, permite entrever as afinidades da nova pintura com o expressionismo abstrato, assim como a inspiração no surrealismo, pela valorização do inconsciente, no dadaísmo, em função da defesa do caráter irracionalista da arte e no expressionismo, que toma a imaginação como expressão direta do espírito do artista. O uso de manchas irregulares de cores remete ainda à pintura de maturidade de Claude Monet. O pintor e poeta Jean-Michel Atlan, um dos expoentes da nova tendência pictórica, define, em 1953, o caráter do projeto tachista: "A pintura para mim não pode ser derivada de uma idéia preconcebida; a parte que cabe ao acaso (aventura) é muito importante e, de fato, é este acaso que cumpre o papel decisivo no processo de criação." (http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic /index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3843, acesso em 08/07/2012) http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3843 http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3843 25 Para iniciarmos o trabalho com a aquarela, na técnica de tachismo, criamos manchas com a tinta verde, onde buscamos a forma das folhas, e com a vermelha as manchas que criarão a flor. Para escurecer a tinta, é necessária a reposição de tinta, as várias camadas de tinta sobrepostas vão escurecendo a área, a mistura de diferentes tons pode ser feita no godê ou na própria obra. 26 Para criar uma sensação maior de profundidade e delimitar as áreas que estão sendo trabalhadas, fechamos o fundo com um tom bem escuro. Depois que a base do trabalho estiver seca, as manchas iniciais que criamos, podemos trabalhar os detalhes, de maneira mais formal, no sentido de dar uma forma clara ao objeto que estamos querendo representar. 27 INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO Bem, agora é com você. Produza um trabalho usando a técnica da aquarela; você pode fazer uma releitura da obra apresentada no tópico “Buscando o Conhecimento” ou propor o seu próprio trabalho, baseando-se nas pinturas chinesas ou nos trabalhos de Kandinsky e sua abstração lírica. Você irá precisar de um jogo de aquarela, podendo ser de pastilhas ou líquida, o modelo proposto, pincéis redondos e macios, um papel de alta gramatura (para ser usado como suporte), godê, água e panos para limpar o pincel. 28 UNIDADE 4 – AFRESCO CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: A proposta da unidade é levar o aluno a conhecer e trabalhar com a técnica do afresco, de modo que ele seja capaz de utilizá-la ao produzir trabalhos. ESTUDANDO E REFLETINDO A técnica artística onde o artista pinta diretamente em tetos ou paredes é chamada Afresco, ela consiste em pintar sobre camada uma camada de revestimento de fresco, como o gesso. O uso do afresco é bastante antigo, sendo utilizado desde a Grécia Antiga. Nas cidades arqueológicas de Pompeia e Herculano, que foram destruídas pela erupção do vulcão Vesúvio, os arqueólogos encontraram vários afrescos que mostraram cenas da vida cotidiana da civilização romana. Afresco da cidade de Pompeia Mas os afrescos que mais conhecidos na história da arte foram os produzidos por Michelangelo Buonarotti, um dos artistas mais famosos do 29 Renascimento Italiano, com temas bíblicos, para Capela Sistina no Vaticano. Outros artistas importantes que produziram afrescos foram Rafael Sanzio, Giotto, Fra Angelico, e Tiopollo. BUSCANDO CONHECIMENTO Michelangelofoi um grande mestre no afresco, a técnica utilizada por ele para fazer as pinturas gigantescas da Capela Sistina foi o stencil ou máscara, para transferir o desenho para a parede onde ele seria pintado. 30 O início do trabalho é a preparação para a pintura, passando uma camada de cimento ou gesso na parede e a aplicação de desenho, que é feito no papel e depois é marcado na camada fresca de cimento. Com uma esponja, a tinta marrom é “batida” na linha do desenho, que foi pontilhada com agulha previamente, para deixar gravado no cimento, onde estarão os detalhes. 31 Depois de marcado o desenho, começa a pintura. A pintura do afresco segue os mesmos passos da aquarela, pois a correção é difícil, uma vez que a tinta entra na cobertura da parede. O Afresco tem uma grande durabilidade porque a tinta se mistura à cobertura da parede, seja cimento ou gesso, e não é somente uma película acima da cobertura da parede, ela não descasca. Fonte: imagens retiradas da internet 32 INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO Você já fez uso da técnica da aquarela; para trabalhar com o afresco, você pode utilizar os mesmos passos da aquarela, o que irá mudar é a base, o suporte que utilizaremos para o trabalho. Você irá precisar de tintas, pode ser aquarela ou tinta acrílica diluída; de uma tela onde passaremos uma camada de massa acrílica; do desenho que irá reproduzir em um papel -deixando o seu contorno todo furadinho-, de uma esponja para transferir o desenho do papel para a tela, como vimos no “Buscando Conhecimento” e pincéis para trabalhar a tinta. 33 UNIDADE 5 – Giz Pastel CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: A proposta da unidade é proporcionar ao aluno o conhecimento sobre os materiais giz pastel seco e giz pastel oleoso, fazendo o aluno capaz de trabalhar com o material, de modo que ele possa, ao final da unidade, se expressar usando o material com a técnica adequada. ESTUDANDO E REFLETINDO Podemos considerar que as primeiras de pinturas com pastel podem ser encontradas em cavernas que datam de mais de 3.000 anos, quando nossos ancestrais usavam pigmentos da terra como ocres e carvão para criar e pintar nas paredes. A história do giz pastel oleoso também remonta à pré-história, a mistura de pigmentos com gordura já acontecia durante esse período. Bisão - Altamira, Espanha – Paleolítico, cerca de 21.000 a.C. à 13.000 a.C. Os primeiros pastéis coloridos surgiram por volta de 1499, na Itália pelas mãos de Jean Perreal, que conhecia Leonardo da Vinci. Este entrou em contato 34 com “uma nova técnica” de pintar com cores secas: as primeiras cores usadas por Da Vinci foram preto, sanguínea, sépia e branco. Cabeça de uma jovem – Leonardo Da Vinci – Sanguínea sobre papel Mas o pastel seco começa realmente a ser utilizado no século XVIII, com os pintores Rosalba Carriera e Maurice Quentin de La Tour, que o descreveram como uma ligação direta da mão com a tela, não havendo a necessidade de desenho prévio. A aplicação não dependia de um meio e as camadas podiam ser sobrepostas imediatamente. Muitos pintores utilizaram o pastel de acordo com seus estilos pessoais como Delacroix, Millet, Manet, Monet, Renoir, Toulouse Lautrec, Whistler, Childe Hassam, Gauguin, Picasso, Chagall, Pollock e, o mais prolífico, Edgar Degas. 35 Edgar Degas - Woman At Her Toilette (1889) - Pastel On Paper Museu Hermitage, São Petersburgo BUSCANDO CONHECIMENTO O processo de trabalho com os dois materiais é muito semelhante, o que muda de um giz para o outro é a aparência final do trabalho. Iniciaremos com o giz pastel seco. O papel para trabalhar com esse material pode ser colorido, pois ele cobre a cor do papel com facilidade, o primeiro passo é fazer a base. Aqui usamos giz amarelo, alaranjado e vermelho. Depois desenhamos o sol e os reflexos com giz branco 36 Preenchemos o céu e o mar com o azul e esfumamos, pode ser com um esfuminho ou com o próprio dedo. O próximo passo é fazer as nuvens com o branco e os brilhos refletidos na água, misturando o branco ao amarelo claro. Agora, para o barco, o desenho é feito com giz branco e colorido com amarelo e laranja, refletindo os tons avermelhados do sol. 37 Do lado direito, nós vemos uma montanha, ela é feita com marrom escuro e depois esfumada, a luz refletida do sol é feita com um tom de marrom avermelhado e depois o volume é mostrado com pequenos toques de branco, somente onde há incidência de luz. Para finalizar, é colocada a praia com marrom claro na margem inferior do papel; a espuma do mar é uma mistura “salpicada” de amarelo claro e branco. E a pintura pronta fica assim: Para o giz pastel oleoso, o processo é, realmente, bem parecido. Iniciamos marcando no papel. 38 Em seguida, trabalharemos a pera: preencha o espaço da pera com verde claro, entre com o amarelo sobre o verde, criando volume onde o verde não estava tão intenso. Com o verde escuro, introduzimos a sombra e o branco cria o brilho nas áreas que seriam as mais iluminadas da fruta; faça o caule da pera com marrom claro e branco. 39 Para a maçã, começamos com o vermelho no centro da fruta, na parte superior criamos volume com amarelo e alaranjado em dégradé do vermelho para o amarelo e a ideia de profundidade é dada com o violeta e o vinho na parte inferior da fruta. Com os dedos, esfume as frutas para integrar as cores e reponha giz para criar os detalhes. Com marrom claro, marrom escuro e preto faça a mesa e crie um fundo com azul, propondo o volume e escurecendo esse fundo quando estiver próximo das frutas. 40 Fonte: imagens retiradas da internet INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO Bem, você viu a construção de imagens com as técnicas de giz pastel seco e giz pastel oleoso; para fixar esse processo, produza um trabalho com a técnica de pastel oleoso. Você irá precisar de uma caixa de giz pastel oleoso, pode ser escolar, o papel que será seu suporte, escolha um papel de gramatura alta, para que você tenha tranquilidade ao trabalhar. O tema pode ser o mesmo visto no tópico “Buscando Conhecimento” ou um proposto por você, mas o trabalho deve atender às especificações da técnica apresentada. Av. Ernani Lacerda de Oliveira, 100 Parque Santa Cândida CEP: 13603-112 - Araras / SP (19) 3321-8000 ead@unar.edu.br www.unar.edu.br 0800-722-8030 POLO EAD MATRIZ http://www.unar.edu.br http://unar.info/ead http://www.unar.edu.br http://www.unar.edu.br Página 1 Página 2
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