OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL E INDIVISÍVEL

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OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL E INDIVISÍVEL (art. 257 a 263)
CONCEITOS
· Divisível (Cfr. Art.87 CC/2002)
É aquela cuja prestação é suscetível de cumprimento parcial, sem prejuízo de sua substância e de seu valor, de modo que, havendo pluralidade subjetiva, tal obrigação se presumirá dividida em tantas obrigações, iguais e distintas quantos forem os credores ou devedores. (Art.257 c/c art. 87). (arts. 252, §2º; 455; 812, 776; 830; 831; 1.297; 1.266; 1.999, etc.). 
 EX: Se A, B e C (multiplicidade de devedores) devem a D R$ 300.000,00, a dívida será partilhada entre os três devedores, de forma que cada um deverá pagar ao credor a importância de R$ 100.000,00. Se A deve a B,C e D (multiplicidade de credores) a quantia de R$ 600.000,00, deverá pagar a cada um deles R$ 200.000,00.
· Indivisível
É aquela cuja prestação só pode ser cumprida por inteira, não comportando, por sua natureza (ex. animal), por motivo de ordem econômica (ex. pedra preciosa) ou dada a razão determinante do ato negocial (ex. reforma de prédio por vários empreiteiros, em que o dono da obra convenciona que pode exigi-la por inteiro de qualquer um deles) sua cisão em várias obrigações parceladas distintas, pois uma vez cumprida parcialmente a prestação, o credor não obtém nenhuma utilidade ou obtém a que não representa a parte exata da que resultaria do adimplemento integral, logo havendo pluralidade de devedores, cada um será obrigado pela dívida toda (art. 258)
 Espécies de indivisibilidade
a) Física ou material: se a sua prestação for indivisível física ou materialmente, por não poder ser fracionada em prestações homogêneas, cujo valor seja proporcional ao todo. 
Ex. obrigação de entregar um documento ou entregar um cavalo de corrida.
b) Legal ou jurídica: prestação indivisível por determinação legal, embora seja naturalmente divisível. 
Ex. obrigação de entregar um pequeno imóvel rural/agrário, contendo apenas um módulo rural, que não pode ser fracionado por força da Lei nº 4.504/64.
c) Convencional ou contratual: se a indivisibilidade de sua prestação advier da vontade das partes (art. 88 e 314), apesar de ser materialmente divisível. 
Ex. contrato em que dois vendedores de açúcar se obrigam a entregar por inteiro, numa só partida, a uma refinaria da açúcar, 5.000 toneladas do produto.
d) Judicial: quando a indivisibilidade é proclamada pelos Tribunais: 
Ex: obrigação de indenizar nos acidentes de trabalho.
Pluralidade de sujeito nas obrigações INDIVISÍVEIS
· Se houver pluralidade de devedores: cada um será obrigado pela dívida toda (art. 259).
 Ex. A, B e C devem entregar a D um quadro de Leonardo da Vinci, tal entrega terá de ser feita por qualquer deles, podendo o credor reclamá-la tanto de um como de outro.
· Se houver pluralidade de credores: cada um deles poderá exigir o débito inteiro, mas o devedor somente se desobrigará pagando a todos conjuntamente ou a um deles, dando este caução de ratificação dos outros credores. 
Ex. A deve entregar a B, C e D um cavalo Trovão Azul, poderá cumprir esta prestação entregando o animal aos três ou a um deles, que o exija. (art.260)
Efeitos da obrigação DIVISÍVEL
· Há presunção juris tantum de que essa relação obrigacional (divisível) está repartida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos foram os credores ou devedores. (art. 257)
· Cada devedor se libera do vínculo pagando sua quota, e cada credor nada mais poderá exigir, desde que receba sua parte na prestação.
· O credor perde, em caso de insolvência de um dos codevedores, a parcela do insolvente.
· A interrupção da prescrição por um dos credores não alcança os demais, logo, a interrupção de prescrição operada contra um dos devedores não prejudica os outros (art. 204).
· A extinção do débito por remissão, transação, novação, compensação ou confusão operar-se tão-somente a cada quota parte, subsistindo em relação os demais.
CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL
Havendo PLURALIDADE DE DEVEDORES
· Cada devedor será obrigado pela dívida toda (art. 259)
· O devedor que pagar o débito sub-rogar-se-á no direito do credor em relação aos outros coobrigados (art. 259, § único)
· O credor não pode recusar o pagamento feito por inteiro por um dos devedores, sob pena de ser constituído em mora.
· A nulidade quanto a um dos co-devedores estende-se a todos.
· A insolvência de um dos co-devedores NÃO prejudica o credor.
Havendo PLURALIDADE DE CREDORES
· Cada credor poderá exigir o débito por inteiro (art. 260, caput)
· O devedor desobrigar-se-á pagando a todos conjuntamente, mas nada obsta que se desonere pagando o débito integralmente a um dos credores, desde que autorizado pelos demais, ou que, na falta desta autorização, dê esse credor caução de ratificação dos demais credores (art. 260, I e II)
· Cada co-credor terá direito de exigir dinheiro, daquele que receber a prestação por inteiro, a parte que lhe cabia no total (art. 261)
· A remissão (perdão) da dívida por parte de um dos credores (art. 262), não atingirá o direito dos demais credores.
· A transação, novação compensação e a confusão, em relação a um dos credores, não operam a extinção do débito para com os outros co-devedores, que apenas poderão exigir, descontada a quota parte daquele.
· A nulidade quanto a um dos co-credores estende-se a todos (art. 177)
PERDA DA INDIVISIBILIDADE
· Desaparecimento do motivo que deu causa à indivisibilidade
· Conversão da prestação indivisível em seu equivalente pecuniário (art. 263, §§ 1º e 2º)
· Inadimplemento de obrigação indivisível com cláusula penal (art. 414, § único)