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Peca 2 - PS V - MI

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PRÁTICA SIMULADA V - CCJ0049
Semana Aula: 2
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DO MUNICIPIO Y, entidade sindical regularmente constituída, inscrita no CNPJ sob o nº..., com sede rua.., município...,cidade..., estado... atuando como substituto processual de seus filiados , vem, por seu advogado com endereço profissional na rua..., bairro..., cidade..., Estado..., que indica para os fins do artigo 106, do CPC/2015 com fundamento nos artigos 5º, LXXI da CRFB/88 e o artigo 8º, III da CRFB/88 e artigo 40, § 4º da Constituição da República, vem impetrar:
 MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO
em face de ato omissivo do PREFEITO DO MUNICIPIO Y, com endereço na..., bairro..., cidade..., estado..., pelos fatos e fundamentos de direito a seguir aduzidos:
DOS FATOS 
O Impetrante é entidade sindical de base, que congrega os Servidores Públicos Municipais e pretende, através do presente Mandado de Injunção, obter pronunciamento mandamental que assegure a obtenção de aposentadoria especial aos servidores processualmente substituídos “cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física” conforme preconiza o artigo 40 § 4º, III, da Constituição Federal, ante a omissão legislativa em editar a Lei Complementar para regulamentar o exercício do direito.
Trata-se da defesa de interesse ou direito coletivo da categoria representada pela entidade sindical ou, pelo menos, de interesse ou direito de parte da categoria, senão, de direitos individuais homogêneos dos servidores interessados, porque decorrentes de origem comum hipóteses que, indistintamente, alcançam legitimidade ativa extraordinária ao sindicato, porquanto pleiteia, em nome próprio, direito alheio, assim autorizado no artigo 6º, do Código de Processo Civil.
A exigida autorização legislada vem da Constituição Federal, cujo artigo 8º, III, atribui aos sindicatos a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas, tal que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que os sindicatos têm legitimidade processual para atuar na defesa de todos e quaisquer direitos subjetivos individuais e coletivos dos integrantes da categoria por ele representada.
Impende consignar por oportuno que tais servidores públicos exercem atividade profissional em estação de tratamento de esgoto do Município Y, submetendo-se à exposição constante a agentes nocivos a saúde, por conseguinte, em razão das atividades por eles desempenhadas, poderiam requerer aposentadoria especial, com base no artigo 40, § 4º da Constituição Federal de 1988, contudo mediante a ausência de lei complementar que regulamente a contagem diferenciada do tempo de serviço dos servidores públicos para fins de aposentadoria especial.
Portanto, em razão da mora legislativa, esses servidores são obrigados a permanecer, durante muito mais tempo, expostos a essas condições prejudiciais, o que acarreta danos irreversíveis a sua saúde.
Assim, impossibilitados de exercer o direito fundamental à aposentadoria especial em razão da falta da lei regulamentadora, de forma que não houve alternativa senão a impetração do presente remédio constitucional.
DOS FUNDAMENTOS 
Diante dos fatos expostos, não há dúvidas quanto ao cabimento da presente medida, encontrando o impetrante amparo no artigo 5º, inciso LXXI, da CRFB/88 e na Lei 12.016/09, que prevê a concessão de mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais.
Mediante a ausência de lei complementar municipal regulamentadora do direito previsto na Constituição Estadual em seu artigo 126, § 4º,III, torna inviável o exercício do direito à aposentadoria especial aos servidores públicos municipais que laboram em condições especiais que prejudicam a saúde ou integridade física, razão pela qual o mandado de injunção coletivo é o instrumento adequado à satisfação da pretensão veiculada, mediante a existência dessa norma de eficácia limitada ainda não regulamentada, que impede o exercício de um direito em caso concreto.
Assim a competência legislativa das pessoas politicas para editar sobre norma social, em especial, acerca do regime jurídico dos seus servidores públicos seria concorrente conforme dispõe o artigo 24, XII da CRFB/88. Desta forma com a ausência de norma de caráter geral expedida pela União haverá competência plena o chefe do executivo local para propositura da lei, tendo o município autonomia para legislar sobre aposentadoria especial de seus servidores no exercício da competência supletiva de acordo com os artigos 24, §3º, c/c art. 30, II da CRFB/88. 
Na verdade, o mandado de injunção busca neutralizar as consequências lesivas decorrentes da ausência de regulamentação normativa de preceitos constitucionais revestidos de eficácia limitada, cuja incidência - necessária ao exercício efetivo de determinados direitos neles diretamente fundados - depende, essencialmente, da intervenção concretizadora do legislador.
Nesta mesma linha de entendimento o ilustre doutrinador...
“....................................................................................................................................................................................................” (Nome, obra, data, pág.)
Com efeito, não é só o direito à aposentadoria especial que resta prejudicado, mas também um outro direito social fundamental que na está na base do reconhecimento do direito ao estabelecimento de regras e critérios diferenciados quando se trate de servidor submetido a condições de trabalhos especiais: o direito à saúde na forma do artigo 6° da CRFB/88. Assim como o princípio da isonomia dispondo o artigo 5°, caput, CRFB/88 que de igual modo, constitui fundamento para o reconhecimento de um direito à aposentadoria especial, na medida em que, mediante o estabelecimento de requisitos e critérios diferenciados busca-se igualar o trabalhador que labora em condições especiais ao trabalhador que labora em condições normais. Trata-se, portanto, de garantir uma igualdade real, e não meramente formal, a partir da aplicação do princípio de que se deve tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais
Cabe ressaltar que em vários julgados, o Supremo Tribunal Federal determinou que, enquanto existir omissão do Presidente da República no que tange ao artigo 40, § 4º da CRFB/88, deve ser aplicado o artigo 57, caput, e § 1º, da Lei 8.213/1991, que prevê a aposentadoria especial para os trabalhadores que cumprirem as exigências legais.
Nesse sentido é a jurisprudência do Egrégio Tribunal.
MANDADO DE INJUNÇÃO - NATUREZA. Conforme disposto no inciso LXXI do artigo 5º da Constituição Federal, conceder-se-á mandado de injunção quando necessário ao exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Há ação mandamental e não simplesmente declaratória de omissão. A carga de declaração não é objeto da impetração, mas premissa da ordem a ser formalizada. MANDADO DE INJUNÇÃO - DECISÃO - BALIZAS. Tratando-se de processo subjetivo, a decisão possui eficácia considerada a relação jurídica nele revelada. APOSENTADORIA - TRABALHO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS - PREJUÍZO À SAÚDE DO SERVIDOR - INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR - ARTIGO 40, § 4º, DACONSTITUIÇÃO FEDERAL. Inexistente a disciplina específica da aposentadoria especial do servidor, impõe-se a adoção, via pronunciamento judicial, daquela própria aos trabalhadores em geral - artigo 57, § 1º, da Lei nº8.213/91. (STF - MI: 758 DF, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 01/07/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-182 DIVULG 25-09-2008 PUBLIC 26-09-2008 EMENT VOL-02334-01 PP-00037 RDECTRAB v. 15, n. 174, 2009, p. 157-167)
A Constituição Federal assegura a aposentadoria especial tanto paraos trabalhadores submetidos ao Regime Geral de Previdência, quanto aos servidores públicos (artigos 201, § 1°, e 40, § 4°, da CF).
Em ambos os casos, o direito ampara aqueles que laboram em condições especiais, que prejudiquem a saúde e a integridade física e aos portadores de deficiência. A única diferença está em que, no caso dos servidores públicos, com as alterações introduzidas pela Emenda Constitucional 47/2005, incluiu-se na previsão também os servidores que exercem atividades com risco de vida. A eficácia do direito está na dependência da edição de lei complementar, até agora inexistente.
Ocorre que, a própria Constituição Federal, mediante a Emenda Constitucional nº 20/1998, estabeleceu que, enquanto não for publicada a lei complementar a que se refere o artigo 201, § 1°, para aqueles que laboram em atividades sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física será aplicado o disposto nos artigos 57 e 58, da Lei 8.213/1991, na redação vigente na data de publicação da emenda.
Desse modo, para os trabalhadores submetidos ao Regime Geral de Previdência Social, que laboram em condições prejudiciais à saúde e à integridade física, a aposentadoria especial encontra regramento provisório que permite o exercício do direito constitucionalmente assegurado.
Considerando que o objetivo do legislador constituinte, em ambos os casos foi um só, isto é, de dar proteção ao direito social à saúde e efetividade ao princípio da isonomia, além de promover a dignidade da pessoa humana, tem-se por razoável a aplicação provisória do mesmo regramento contido nos artigos 57 e 58, da Lei nº 8.213/1991, aos servidores públicos cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
Portanto, busca-se, por conseguinte, mediante mandado de injunção, tornar viável o exercício, pelos servidores públicos que preenchem os requisitos para tanto, do direito consagrado no § 4° do artigo 40 da Constituição, nos termos dos artigos 57 e 58, da Lei nº 8.213/1991.
DOS PEDIDOS 
Ante todo o exposto, requer:
 a) a notificação da autoridade coatora, para que, querendo, no prazo legal, preste as informações que entender pertinentes, conforme artigo 7º, I, da Lei nº 12.016/09; 
b) Intimação Ministério Público.
c) que o pedido seja ao final julgado procedente para declarar a omissão normativa do artigo 40, § 4º, da CRFB/88, que inviabilizou o direito á aposentadoria especial;
d) a aplicação analógica da Lei nº 8.213/91 em seu artigo 57, caput e § 1º, até que seja sanada a omissão pelo Excelentíssimo Prefeito do Município Y, competente para edição da norma regulamentadora especifica.
e) a condenação do impetrado em custas processuais 	
DAS PROVAS
Requer a análise das provas anexadas a presente ação.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 
Nestes termos, pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB nº.../UF

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