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APOSTILA PENAL I

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1 
 
 
UNIVERSO SALGADO DE OLIVEIRA – UNIVERSO 
DIREITO PENAL I – 2020-1 
4º PERÍODO - PROFA. MAXIMILIANA MORAES 
 
SUMÁRIO 
RESPONSABILIDADES DOS ACADÊMICOS 
 
PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA 
 
INTRODUÇÃO – CONCEITOS BÁSICOS, CARACTERÍSTICAS, FONTES E 
ESTRUTURA DO DP, PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
 
TEORIA DA LEI PENAL - CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS, CLASSIFICAÇÃO, 
NORMA PENAL EM BRANCO 
 
HERMENÊUTICA 
 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL - NO TEMPO (PRINCÍPIOS; TEMPO DO CRIME E 
CONTAGEM DE PRAZOS) E NO ESPAÇO (TERRITORIALIDADE, 
EXTRATERRITORIALIDADE; LUGAR DO CRIME); APLICAÇÃO DO DIREITO 
PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS; CONFLITO APARENTE DE NORMAS . 
 
TEORIA DO CRIME 
 CONCEITOS E ELEMENTOS DE CRIME 
 FATO TÍPICO – CONDUTA 
 SUJEITOS E OBJETO DO CRIME 
 RESULTADO E NEXO CAUSAL 
 TIPICIDADE 
TIPOS PENAIS DOLOSOS , CULPOSOS E PRETERDOLOSOS 
 ITER CRIMINIS – CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 TENTATIVAS ABANDONADAS E ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
 CRIME IMPOSSÍVEL 
 ILICITUDE E SUAS EXCLUDENTES 
 CULPABILIDADE – CONCEITO, TEORIAS, ELEMENTOS 
 EXIMENTES DA CULPABILIDADE 
 ERROS EM DIREITO PENAL 
 
CONCURSO DE PESSOAS - AUTORIA E PARTICIPAÇÃO; TEORIAS; 
RELEVÂNCIA PARA TIPIFICAÇÃO DE CONDUTAS 
 
QUESTIONÁRIO: CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 
 
 
 
 
 
 
 
2 
RESPONSABILIDADES DO ACADÊMICO: 
 Chamadas poderão ser realizadas qualquer momento nos últimos quarenta minutos da 
aula. Se você tiver necessidade de sair da sala, encarregue um colega para justificar 
a ausência. Não é possível rever registro de faltas após fechamento do diário on-line. 
 AULAS INVERTIDAS – LEITURA ANTECIPADA DO CONTEÚDO A SER 
MINISTRADO NA AULA. A estratégia pedagógica mais eficiente e a 
problematização, ou seja, o enfrentamento de questão prática pelo aluno que 
deverá construir pessoalmente seu conhecimento teórico. A proposta de aulas 
invertidas tem o intuito de facilitar o sucesso da estratégia. 
 Tenha sempre o CÓDIGO PENAL ATUALIZADO em sala de aula, e acesse 
frequentemente ao menos uma das obras doutrinárias sugeridas na Bibliografia, para 
possibilitar as leituras antecipadas dos conteúdos; NÃO SE APRENDE DIREITO 
PENAL SEM MUITA, MUITA E MUITA LEITURA DE DOUTRINA. NÃO CONTE 
SOMENTE COM O CONTEÚDO MINISTRADO EM SALA DE AULA, E MUITO 
MENOS COM A APOSTILA! 
 LEIA LITERATURA!!!!! Redija textos! Resolva eventuais dificuldades com redação. 
 Entre com frequência no AVA para verificação dos conteúdos e exercícios propostos, 
mantendo com a professora diálogo sobre os mesmos. INFORME-SE SOBRE 
SEMANA DE REALIZAÇÃO DE VTSP e FAÇA AS ATIVIDADES ON LINE COM 
RESPONSABILIDADE. 
 Participe das atividades acadêmicas propostas, inclusive das atividades em grupos 
(que são sempre passíveis de avaliação direta e individual); Observe as atividades 
extra-classe computadas em carga horária e avaliadas (TDE). 
Regras a serem observadas: 
 FREQUÊNCIA MÍNIMA PARA APROVAÇÃO: 75% das aulas TOTAIS (carga horária 
de 75 horas) 
 Observe as datas de avaliações e entregas de trabalhos. ATRASOS NÃO SERÃO 
TOLERADOS, especialmente em face do prévio agendamento. Eventuais problemas 
devem ser articulados e decididos ANTES DAS DATAS DE APLICAÇÃO DAS VTS 
e não posteriormente. 
 Durante nosso convívio, vamos exercer cidadania e boa educação, mantendo as 
salas de aula limpas (a UNIVERSO proíbe alimentação em sala) e bem 
conservadas, evitando sair da sala durante aulas expositivas e atentando para que 
os celulares estejam desligados durante as aulas. Somos todos responsáveis pelo 
sucesso de nosso relacionamento acadêmico! 
Critérios de avaliação: - As provas de Penal I são absolutamente sem consulta. 
 V1 e V2 – provas mistas valendo 10,0 (dez) - 60% de questões objetivas e 40% de 
questões subjetivas, em que a qualidade da linguagem é elemento de avaliação 
(correção ortográfica, concordância verbal e nominal, vocabulário técnico e culto e, 
principalmente raciocínio lógico). PESO 02 
 VT – valendo 10,0 (7,0 atividades presenciais e 3,0 no Ambiente Virtual) – Observe as 
datas pré-determinadas para a entrega/realização das atividades propostas, cada 
uma com valoração específica: PESO 01 
 Proibição de manutenção de equipamento eletrônico pelo aluno durante a 
aplicação das provas. 
CÁLCULO DA MÉDIA DO SEMESTRE:V1 x 2 + VT + V2 x 2 = MS 
 5 
 2ª chamada – somente para os alunos que obtiveram autorização da universidade 
mediante processo administrativo. O pedido deve ser feito em 48 horas após a aplicação 
da prova. Provas descritivas e abrangendo todo o conteúdo ministrado até a data da 
prova. 
 Avaliação Suplementar - VS Disciplina ministrada durante todo o semestre, em 
prova descritiva, aplicada aos acadêmicos que obtiverem MS entre 4,0 e 6,9. Aprovação 
na disciplina requer NOTA = OU > 5,0 NA VS, independentemente da nota necessária 
para obtenção de média final 5,0. 
Tudo o que você precisa saber sobre seus direitos e deveres na Universidade estão registrados no 
MIA – MANUAL INFORMATIVO DO ALUNO. Leia e evite transtornos futuros! 
META – MANUAL DE ELABORAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS 
 
 
3 
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO DIREITO PENAL 
1. CONCEITOS BÁSICOS 
a. NORMA – sistema de regras dentro das quais as sociedades se movem e se 
conduzem. Normas de conduta social; normas científicas; normas de etiqueta; normas 
jurídicas etc. 
b. DIREITO - Conjunto de normas jurídicas, ou seja, coercitivas (cuja observância é 
obrigatória), estabelecidas em uma sociedade por meio do Estado. Conjunto de 
Normas de conduta social imposta coercitivamente pelo Estado. O objetivo do 
Direito é estabelecer as normas de comportamento (âmbito jurídico) para a proteção 
de bens e valores considerados importantes para a sociedade – controle social. Neste 
sentido, o Direito tem função conservadora de estruturar e garantir determinada ordem 
econômica e social. 
c. LEI - “A LEI É O PRONUNCIAMENTO SOLENE DO DIREITO” (Del Veccio). É o 
veículo pelo qual a norma jurídica aparece e sua observância se torna cogente. 
 
d. CIÊNCIA DO DIREITO - É o conjunto de conhecimentos e princípios, ordenados 
metodicamente, de modo a tornar possível a elucidação do conteúdo das normas 
jurídicas e dos institutos em que elas se organizam. 
 
e. RAMOS DO DIREITO - Constitucional; administrativo; eleitoral; militar; penal; civil; 
trabalhista, processual etc. 
f. DIREITO PENAL 
 
BITENCOURT: “É um conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a determinação de 
infrações de natureza penal e suas sanções correspondentes – penas e medidas de 
segurança”. 
 
GUILHERME DE SOUZA NUCCI: “É o conjunto de normas jurídicas voltado à fixação dos 
limites do poder punitivo do Estado, instituindo infrações penais e as sanções correspondentes, 
bom como regras atinentes à sua aplicação”. 
 
g. Ao Direito Penal, um dos ramos do Direito, cabe tutelar apenas os bens jurídicos 
hierarquicamente considerados essenciais para garantir a paz social. Assim, só 
será da alçada desse ramo de Direito aquilo que positivamente tiver alcançado status 
penal, através da atividade legislativa (Direito Positivo). A razão é que somente este 
ramo de Direito prevê e aplica a pior sanção, o pior castigo – a pena. Não deve ser 
usado, portanto, para disciplinar qualquer desavença ou situação humana. Ele é 
SUBSIDIÁRIO dos demais ramos de Direito na função de disciplinar as relações 
humanas e sociais, e ele é a ULTIMA RATIO, por ser o remédio mais amargo! Também 
por essa razão, este é o ramo do Direito encarregado de estabelecer as normas 
jurídicas que determinam os limites punitivos do Estado. O Estado não pode punir 
qualquer um, nem de qualquer modo, nem por qualquer coisa!!!!!. Ele só pode 
punir DENTRO e CONFORME os limites legais! Nesse sentido o Direito Penal tem 
a função de limitar o arbítrio do Estado em face do cidadão. 
 
2. VOCABULÁRIO DE INTERESSE: 
 CÓDIGO PENAL – Seco; Anotado; Comentado 
 DOUTRINA: Conjunto de teorias que envolvem um julgamento de valor, com o propósito de 
transformaruma realidade. Não tem valor legal. 
 JURISPRUDÊNCIA: Conjunto de decisões dos tribunais sobre questões de direito. 
Decisões uniformes e constantes do poder judiciário. Não tem valor legal. 
 COERÇÃO: possibilidade de aplicar sanção (DP é coercitivo) 
 COAÇÃO: efetiva aplicação da sanção 
 JURÍDICO: relativo ao Direito, às leis 
 JUDICIAL: relativo ao sistema judiciário 
 DIREITO PENAL OBJETIVO: conjunto de normas jurídico- penais “(...) que regula a ação 
estatal, definindo os crimes e cominando as respectivas sanções”.
1
 
 
A ROSA, apud NILO BATIST MIRABETE, 2001, 26-27 
 
 
4 
 DIREITO PENAL SUBJETIVO – jus puniendi e jus libertatis; O ESTADO detém o jus 
puniend, = o direito de punir que surge com a norma penal (direito objetivo), e que é 
limitado pelo mesmo direito através do direito subjetivo de liberdade (jus libertatis) do 
cidadão. 
 DIREITO PENAL MATERIAL/SUBSTANTIVO: conjunto das normas que definem os 
crimes, cominam as penas e estabelecem os princípios e as normas gerais de Direito 
Penal. 
 DIREITO PENAL FORMAL/PROCESSUAL/ADJETIVO: Conjunto das normas de aplicação 
do Direito penal; 
 CRIMINOLOGIA: “É a ciência que estuda o crime como fenômeno social, o criminoso, 
como parte integrante do mesmo contexto, bem como as origens de um e de outro, além 
dos fatores de controle para superar a delinquência”. 
 CRIMINALIDADE (conceito criminológico) e CRIME (conceito jurídico). 
 POLÍTICA CRIMINAL: Postura do Estado no combate à criminalidade, tanto com relação 
ao sistema penal (normas em abstrato) como no contexto de sua aplicação aos casos 
concretos. 
 PARTE GERAL E PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO; LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE; 
 DENÚNCIA: Nome da peça inicial do processo penal, produzido exclusivamente pelo 
Ministério Público nas ações penais públicas. 
 QUEIXA: Nome da peça inicial do processo penal, produzido exclusivamente pelo 
ofendido, ou seu representante legal, nas ações penais privadas. 
 NOTÍCIA-CRIME: A informação sobre a ocorrência de um crime fornecida por um cidadão 
à autoridade policial. 
 TCO – TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA – Juizados especiais 
 BO – BOLETIM DE OCORRÊNCIA – Inquérito policial 
 
MOVIMENTOS PENAIS 
 
 Abolicionismo Penal 
o Prega um rompimento da cultura punitiva da sociedade 
o Propõe descriminalização e despenalização 
o Prescreve adoção de modelos conciliatórios, terapêuticos, indenizatórios e 
pedagógicos 
o Maiores expoentes: GODWIN; HUSMAN; MATHIESEN; CHRISTIE; 
SCHEERER 
 
 Garantismo Penal 
o Voltado ao respeito intransigível aos direitos fundamentais humanos e à 
Constituição 
o Propõe um Direito Penal mínimo em que a Constituição figure como um limite à 
atuação punitiva do Estado. 
o Maior expoente: Ferrajoli 
 Lei e Ordem 
o Política da Tolerância Zero (política criminal americana) – Direito Penal Máximo 
o O Estado deve intervir punitivamente na gênese do delito 
 
 
LEITURAS SUGERIDAS: 
# BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. 
# MORBACH, Gilberto. Entre Positivismo e interpretativismo, a terceira via de Waldron. 
Ed. JusPodium, 2020. 
 
Documentário “CENTRAL” – Documentário sobre Cadeia Pública de Porto Alegre – Youtube, 
disponível em https://youtu.be/7xFdmb7FROI 
 
 
 
 
 
 
https://youtu.be/7xFdmb7FROI
 
 
5 
 
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL 
 
 Direito Penal Primitivo (pré-histórico) 
o Confusão entre religião, direito e moral 
o Tradição oral 
o Diversidade de Direitos 
 História do Direito Penal 
o Surgimento da escrita – Direito Cuneiforme; Código Ur-Nammu (2000 aC); 
Código de Hammurabi (Babilônia, 1686 aC, com vários preceitos penais) 
 Fase da Vingança Penal 
o Vingança Divina – normas de cunho religioso (sobrenatural) em que a inflição 
de castigo destinava-se a apaziguar a ira divina) 
 Código de Manu (India); Cinco Livros (Egito); Livro das Cinco Penas 
(China); Pentateuco (Hebreus) etc. 
o Vingança Privada – Justiça pelas próprias mãos, geralmente exagerada e 
desproporcional. “Perda da paz” (banimento do convívio social); Vingança de 
Sangue (guerra entre agrupamentos). 
 Justiça Privada – poder atribuído ao chefe da família ou do clã/tribo 
decorrente do fortalecimento do poder social. 
 Lei de Talião – Tal e qual – olho por olho e dente por dente – germe da 
reação proporcional e da personalidade da pena 
 Composição pecuniária e acentuação do poder soberano 
o Vingança Pública – responsabilidade do Estado de assegurar integridade 
territorial, política e social de seus súditos. 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PENAL 
 
 1700 a.C: Código de Hamurabi – Babilônia – Lei de Talião 
 1300 a.C: Os X Mandamentos – Moises, Bíblia 
 1280 a 888 a.C: Leis de Manu - Sistemas de castas na Índia 
 621 a.C: Leis de Drácon - Grécia – Código jurídico para Atenas 
 450 a.C: As XII Tábuas - base do Direito Romano – Lei escrita 
 350 a.C: Código Chinês de LI KUI – 1º Código Imperial chinês 
 529: Código de Justiniano – Imperador Bizantino 
 653: Código T‟ANG – direito oriental 
 1100: 1ª escola de Direito – Irnerius, Bolonha 
 1215: Carta Magna – João sem Terra – Inglaterra – esboço da common law inglesa. 
 1776: Declaração de independência norte americana 
 1789: Revolução Francesa 
 1804: Código de Napoleão – Pós revolução francesa – influência nos direitos modernos 
 1864:Convenção de Genebra – garantia de respeito mínimo de direitos humanos 
 1945/46: Processos dos crimes de guerra – Nuremberg 
 1948: Declaração Universal dos Direitos do Homem – ONU 
 
SISTEMAS JURÍDICOS DA ATUALIDADE 
o Common Law – Judge made law – precedentes judiciais – Inglaterra, secs XIII 
a XV 
o Civil Law – tradição romano-germânica 
 
 
 Direito Penal Português: Ordenações Afonsinas (1447); Ordenações Manuelinas 
(1521); Ordenações Felipinas (1603, Livro V). 
 1764 – Dos Delitos e das Penal – Cesare Bonesana, Marquês de Beccaria 
 Direito Penal Brasileiro: 1830 – Código Criminal do Império 
 1889 – Proclamação da República 
 1890 – Código Penal da República – muito criticado 
 1932 – Consolidação das Leis Penais – Vicente Piragibe 
 1940 – Código Penal – Decreto-lei 2848/40 – inspiração clássica e positivista 
 
 
6 
 1984 – Reforma da Parte Geral – Lei 7.209/84inspiração finalista 
 
 
ESTRUTURA ATUAL DA NORMA PENAL BRASILEIRA 
a) Código Penal brasileiro vigente: 
 Decreto Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (entrou em vigor em 1º de janeiro de 
1942; influência do Código Penal italiano de 1930 e do estatuto penal da Suíça de 1937). 
 Lei n. 7.209, de 11 de julho de 1984 (em vigor desde 13 de janeiro de 1985, tendo 
modificado a redação da parte geral do CP). 
 
b) Leis penais complementares mais importantes 
 Decreto Lei 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal 
 Decreto Lei 3.688, de 3/10/1941 – Lei de Contravenções Penais 
 Lei 7.210, 1984 – LEP – Lei de Execuções Penais 
 Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995 – Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Justiça 
Estadual. 
 Lei 10.259, de 12 de julho de 2001 – Juizados Especiais Cíveis e Criminais – Justiça 
Federal. 
 Lei 8.072/90 – Lei dos crimes hediondos 
 Lei 12403/11 – Alterou disciplina de prisões cautelares 
 Lei 13.964/2019 – Pacote Anticrime 
 Demais leis especiais 
 
b) Estruturação do Código Penal: Parte Geral: 120 artigos; Parte especial: 240 artigos (do 
121 a 361) 
 
c) Exposições de Motivos do Código Penal – Parte Geral Lei 7209/84 e da Lei de 
Execuções Penais, Lei 7210/84 – IMPORTANTÍSSIMA A LEITURA das Exposições de 
motivos de todas as novas leis!!!!! 
 
d) Propostas de Novo Código Penal – Há hoje duas propostas de reforma do CP, uma na 
Câmara dos Deputados (Projeto de Lei nº 724 ) e outra no Senado Federal (PLS 236/12) 
 
 PROJETO DE LEI DO SENADO – PLS 236/12 – Reflexão: 
 O QUE CONDUZ À NECESSIDADE DE UMA NOVA LEGISLAÇÃO PENAL 
1. Gritantes transformações verificadas especialmente a partir da segunda metade do 
séc. XX – globalização– velocidade das informações – informática – Perfil urbano da 
sociedade brasileira do Século XXI; 
2. Inflação legislativa; falta de sistematização; desproporção de penas; influência midiática 
3. Necessidade de adequação do CP aos novos rumos impostos pela CF 88, em direção 
a um Estado Social e Democrático de Direito – Direito Penal Constitucional 
4. Verificação do aumento da violência, com geração de insegurança pública e anomia. 
5. Superação de dogmas do liberalismo clássico e contemplação de direitos sociais como 
fundantes de mais ações políticas positivas 
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES PROPOSTAS 
I. Criminalizações 
1. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO: casos de servidores ou autoridades públicas que não 
conseguirem comprovar a origem de determinado bem ou valor. Pena: até cinco anos. 
O Estado poderá se apossar do bem de origem duvidosa. Atualmente, ter patrimônio a 
descoberto não é crime por si só. 
2. JOGOS DE AZAR 
3. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA - pena de até 10 anos de prisão 
4. CRIMES CIBERNÉTICOS: tipifica condutas contra a inviolabilidade do sistema 
informático, cometidos mediante uso de computadores ou redes de internet. Passaria a 
ser crime o mero acesso não autorizado a um sistema informatizado. 
5. CRIMES CONTRA OS DIREITOS HUMANOS 
 
 
7 
 
II. Descriminalizações, exclusões de ilicitude e diminuição da pena 
1. ABORTO: gestante de até 12 semanas poderá interromper a gravidez desde que um 
médico ou um psicólogo ateste que a mulher não tem condições de arcar com a 
maternidade 
a. Diminuição das penas – de 01 a 03 para 6 meses a 02 anos 
2. EUTANÁSIA: pena de 2 - 4 anos de prisão; ORTOTANÁSIA – exclusão da ilicitude - o 
agente deixa de fazer uso de meios artificiais para manter a vida do paciente, em face 
de doença grave e irreversível, sendo a circunstância atestada por dois médicos e com 
consentimento do paciente ou da família. 
3. PLANTIO, PORTE, COMPRA DE DROGAS PARA USO PRÓPRIO – 
4. DIREITO AUTORAL: cópia de um CD de música ou de um livro didático para uso 
pessoal, sem qualquer objetivo de lucro 
5. FURTO: Extinção da punibilidade do agente que repare o dano, desde que com 
concordância da vítima. 
- outras reflexões: idade penal; direitos do consumidor, crimes organizados, crimes financeiros 
e tributários, falência do sistema prisional, formas de punir diversas da perda de liberdade etc. 
 
ESCOLAS PENAIS 
 
a) CLÁSSICA (IDEALISTA) 
– Período teórico-filosófico - Publicação de “Dos delitos e das Penas” 
– Período Científico (ético-jurídico (teórico)) – Francesco Carrara e Enrico Pessina) 
 Responsabilidade criminal do criminoso baseia-se no livre arbítrio (homem nasce livre e 
deve responder por suas escolhas voluntárias – atos morais penalmente imputáveis) 
 Crime é ente jurídico, e não fato humano 
 A função da pena é retribuição 
 
b) POSITIVA – Lombroso (O homem delinquente – 1876); Enrrico Ferri; Garofalo 
 Estudo do Direito Penal deslocado para o campo da investigação científica, com foco 
em aspectos biológicos, sociológicos e psicológicos. 
 Crime visto como fato social e humano 
 A responsabilidade Criminal baseia-se na defesa social 
 A função da pena é prevenção. A sanção não é balizada pela gravidade do fato, e sim 
pela periculosidade do agente (conferindo poder ilimitado ao Estado). 
 
c) TERCEIRA ESCOLA – ECLÉTICA – procurou fundir as duas anteriores. 
 Crime é entidade jurídica e fenômeno natural 
 A sanção penal fundamenta-se na culpa moral (pena ) e na periculosidade (medida de 
segurança) 
 A pena tem finalidade mista (retribuição e prevenção) 
 
COMO DEVE A SOCIEDADE ENFRENTAR OS FENÔMENOS CONTEMPORÂNEOS - 
(terrorismo, fundamentalismos violentos, criminalidade globalizada)? 
- surgimento do DIREITO PENAL DO INIMIGO – Jakobs – DOIS DIREITOS PENAIS: 
 
a) DIREITO PENAL DO CIDADÃO – PREVENÇÃO GERAL POSITIVA – incumbe ao DP 
garantir a eficácia da norma, com observância dos direitos e das garantias fundamentais - 
liberalismo 
 
b) DIREITO PENAL DO INIMIGO – LEGISLAÇÃO DE EXCEÇÃO PARA COMBATER INIMIGO 
QUE GERA PERIGOS – infrator não é tratado como sujeito de direitos, e sim como inimigo que 
deve ser eliminado. Patriotic Act (EUA) = detenções de pessoaspor tempo indeterminado; 
Guantânamo, Abu Ghraib, Osama Bin Ladem, etc. 
 
 
 
8 
* Critérios para definição do DPI: a) antecipação da punibilidade (punição de atos 
preparatórios); b) falta de redução de pena proporcional à antecipação; legislação combativa 
(penas severas e diferenciadas); d) supressão de garantias processuais penais. 
 
* É possível compatibilizar princípios da dignidade humana e da inocência com uma legislação 
que trata o indivíduo como não sujeito de direitos e garantias processuais penais? 
 
* Direito penal do fato e Direito penal do autor 
 
* “O Direito Penal do Inimigo é o retrato da crise da humanidade” (Alexandre R A Moraes) 
 
 
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL 
 
 Positivo: evidenciado à sociedade por meio de leis emanadas do Poder Legislativo. 
 Público: protege bens jurídicos que interessam toda a sociedade. Os bens jurídicos 
tutelados pelo DP são considerados indispensáveis para a manutenção e 
desenvolvimento da vida social. 
 Autônomo: Não é apenas um ramo sancionador complementar dos demais ramos do 
Direito. É um ramo autônomo em face do conteúdo de seus preceitos, que visam a 
tutelar, através da construção da figura de crimes e da sanção correspondente á sua 
violação, bens jurídicos hierarquicamente considerados. 
 Valorativo: DP valora e seleciona os valores da coletividade. 
 Finalista: Constitui técnica de controle social (função histórica, econômica, social). 
 
 
FONTES DO DIREITO PENAL - DE ONDE PROVÉM O DIREITO PENAL 
 
 MATERIAL / DE PRODUÇÃO / SUBSTANCIAL: ÓRGÃO QUE ELABORA. 
A única fonte material de Direito Penal é o ESTADO – UNIÃO – LEI FEDERAL 
 
o Competência privativa da União para legislar sobre matéria penal (CF, art. 22, 
inc. I). 
o CF, parágrafo único do art. 22 - Lei complementar pode autorizar os Estados a 
legislar sobre matérias específicas (relacionadas na própria lei complementar) 
de interesse local (competência potencial). 
 Iniciativa de leis penais: membros do Congresso Nacional; Presidente 
da República; Iniciativa Popular (art. 61, § 2º CF). 
 
 FORMAL / DE COGNIÇÃO / DE CONHECIMENTO: MODO PELO QUAL O DIREITO 
PENAL EXTERIORIZA-SE. Espécies normativas que podem contem conteúdo penal: 
Pode ser: 
 Imediata/direta/primária: LEI – princípio da reserva legal 
 Mediata/indireta/secundária: incidem somente na seara da licitude penal, ampliando-a. 
Ou seja, só podem servir como base para normas penais permissivas. 
 COSTUMES: conjunto de normas de comportamento obedecidas uniformemente 
como se obrigatórias fossem. Não cria ou revoga crimes, mas influencia na 
interpretação e elaboração da lei penal (Ex. interpretação de “atos obscenos”, art. 
215 CP). 
 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO premissas éticas extraídas do material 
legislativo 
 ANALOGIA IN BONAM PARTEM: só pode ser utilizado para ampliar o ius libertatis 
 
 
LEI: 
 
- Sentido estrito (formal) – “Manifestação da vontade coletiva expressada através dos 
órgãos constitucionais” = ato legislativo, aprovado pelo Congresso e sancionado pelo 
Presidente da República. 
 
 
9 
- Sentido lato (material) - toda norma jurídica emanada dos órgãos do Estado 
competentes para formulação do direito. Abrange, portanto, o conceito formal e 
informal de lei. Atos legislativos, provimentos, resoluções, atos administrativos etc. 
 
Somente uma lei federal (sentido estrito, formal) pode definir a conduta criminosa e 
cominar penas – princípio da legalidade 
 
* Emenda Constitucional 45 - tratados
 
internacionais relativos a direitos humanos ratificados 
pelo Brasil passou a ter status constitucional, desde que sejam aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, 
passando a ter, após tal procedimento,valor de emenda constitucional. 
 
 
QUESTÕES PARA ORIENTAR LEITURA DE DOUTRINA 
1. O que é direito penal? 
2. O que deve estar sob a tutela do Direito Penal? 
3. Por que se diz que a tutela penal tem caráter subsidiário e é a ultima ratio? 
4. O que é jus puniendi? Quem tem o monopólio do jus puniendi? O que delimita o jus 
puniendi? O que é jus libertatis? Quem é sujeito desse direito? 
5. Qual a diferença entre Direito e Moral? 
6. O que é fonte do Direito Penal? 
7. Diferencie fonte material e formal de Direito Penal, e aponte as fontes formais. 
8. O estado de Goiás pode, através de seus órgãos legislativo e executivo, passar a punir 
com pena de morte os criminosos condenados por estupro seguido de morte? 
Justifique. 
9. O que são costumes do ponto de vista jurídico? 
10. O que é analogia do ponto de vista jurídico penal? Ela é admissível para criar delitos e 
cominar penas? Justifique. É possível utilizar a analogia no DP Brasileiro? 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
 
a) Princípio Constitucional da Dignidade Humana – art. 1º, III 
 
b) Princípio da estrita legalidade 
 
Art. 5º, XXXIX da CP; Art. 1º CP: nullum crimen, nulla peoena sine praevia lege (FEUERBACH, 
séc. XIX) – PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE – protege contra a invasão arbitrária do 
Estado = garantia política. 
 
Histórico: Direito medieval 
o 1215 – Inglaterra – Magna Carta firmada por João sem Terra, por pressão dos 
barões Ingleses – proibição de definir crimes e aplicar penas; germe da 
limitação do poder do Estado em face da liberdade do indivíduo. 
o Iluminismo – Montesquieu – divisão de poderes do Estado. 
o Bill of rights.- Constituições das Colônias Inglesas na América do Norte 
o Congresso de Filadélfia (1774); 
o Consituição Federal Americana (1787); 
o Revolução Francesa; Declaração dos Direitos Humanos (1789) 
 
A LEGALIDADE é uma garantia constitucional dos direitos do homem no sentido de que ele 
pode fazer tudo o que a lei não proíbe. O Princípio da Legalidade aplicado ao Direito Penal tem 
uma função mais específica de garantia política contra arbítrio do Estado. 
 
c) Princípios decorrentes: 
 
Princípio da reserva legal: LEGE SCRIPTA - a existência do crime e da pena limita-se ao 
campo da lei, que no Brasil deve ser escrita (direito positivo); Princípio da anterioridade da lei 
penal: LEGE PRAEVIA - a lei penal deve estar em vigor no momento do crime; Princípio da 
culpabilidade; Proibição da analogia in malam partem: LEGE STRICTA; Princípio da 
 
 
10 
taxatividade: LEGE CERTA - necessidade de perfeita correspondência entre o fato e o crime 
previsto no tipo (Beling) – definição; Princípio da Retroatividade da Lei mais benéfica; 
Outros: Individualização da pena; personalidade da pena; limitação das penas; humanidade, 
presunção da inocência, da intervenção mínima (subsidiariedade), da culpabilidade, da 
proporcionalidade etc. 
 
 
TEORIA DA LEI PENAL 
 
A LEI PENAL – PODER LEGISLATIVO FEDERAL 
 
Conceito de Lei Penal: Único instrumento utilizado pelo Estado para dar a conhecer o Direito 
Penal, onde estão contidas as normas que definem crimes e cominam penas. 
 
- Características das normas penais: 
 Exclusividade: só a norma penal define crime e comina penas; 
 Anterioridade: só incidem se já estiverem em vigor na data do seu cometimento; 
 Imperatividade: Impõe-se coativamente a todos, sendo obrigatória a sua observância; 
 Generalidade: eficácia erga omnes, dirigindo-se a todos, inclusive inimputáveis. 
 Impessoalidade: dirige-se impessoal e indistintamente a todos. 
 
* A norma penal caracteriza-se por ser DESCRITIVA, e não proibitiva. – O TIPO PENAL 
DESCREVE A CONDUTA PROIBIDA PELO DIREITO PENAL 
 
- Classificação das normas penais – espécies: 
 Incriminadoras: descrevem crimes e cominam penas. (Ex: art. 121 (homicídio), art. 151 
(furto), art. 213 (estupro) – parte especial do CP. 
 Não incriminadoras: declaram a licitude ou punibilidade de certas condutas, ou apenas 
esclarecem o conteúdo de outras normas. Elas podem ser: 
- Permissivas (exculpantes, eximententes): afastam a punibilidade do agente, ou 
seja, tornam lícitas determinadas condutas tipificadas em leis incriminadoras. Ex. 
art. 128 (não se pune aborto praticado por médico.....), art. 23 (não há crime ..... - 
excludentes de ilicitude: estado de necessidade, legítima defesa, estrito 
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito). 
- Explicativas (complementares): esclarecem o conteúdo de outras normas e 
delimitam o âmbito de sua aplicação. Arts. 1º, 2º, 3º etc. 
 
- Estrutura da norma penal: Cada dispositivo da lei penal é uma norma, e estrutura-se em 
ARTIGOS, compostos, na parte especial, de 02 preceitos: 
 Preceito primário: descrição da conduta – tipo penal 
 Preceito secundário: sanção abstratamente cominada em um valor mínimo e um máximo. 
 
- NORMA PENAL EM BRANCO: NORMAS PENAIS INCOMPLETAS – Normas nas quais o 
preceito secundário está completo (sanção), permanecendo indeterminado o seu preceito 
primário (descrição da conduta é incompleta). Por isso, necessita da complementação de outro 
dispositivo legal ou regulamentar, ou seja, da complementação de uma outra lei EM SENTIDO 
MATERIAL = ato legislativo, provimentos, resoluções, atos administrativos. 
 
As normas penais em branco podem ser: 
 Sentido lato (homogêneas, impróprias): quando o complemento provém da mesma 
origem legislativa da norma penal em branco: ex. um dispositivo do C.Civil (Lei Federal) 
complementa um dispositivo do C.Penal (Lei Federal). Ex. Art. 169, I CP é completado por 
art. 1264 CC; Art. 237 é completado pelo art. 1521 CC. . 
 Sentido estrito (heterogêneas, próprias): quando o complemento provém de fonte formal 
diversa, ou seja, a lei é complementada por ato normativo infra-legal, como uma portaria, 
um decreto. Ex. art. 269, Lei de drogas (11.343/2006) complementada por portaria da 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (portaria SVS/MS 344/1998). 
 
 
11 
 Lei penal em branco inversa ou ao avesso: o preceito primário é completo, carecendo 
de complementação o preceito secundário, que deve ser complementado por lei (princípio 
da reserva legal). Ex. Lei 2.889/1956, arts. 1 a 3º - crimes de genocídio. 
 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL – HERMENÊUTICA 
 
Interpretar – interpretare – A interpretação jurídica consiste em determinar o verdadeiro sentido 
e alcance de determinada norma jurídica. Uma boa interpretação jurídica deve fundar-se em: 
a) Equidade: correspondência jurídica e ética da norma ao caso concreto. 
b) Doutrina: estudos, investigações, reflexões teóricas dos cultores do Direito. 
c) Jurisprudência: repetição constante de decisões no mesmo sentido em casos semelhantes. 
 
Conceitos: A Interpretação é a atividade que consiste em extrair da norma penal seu exato 
alcance e real significado. A hermenêutica é a ciência que se ocupa de sistematizar os 
métodos e os elementos de interpretação jurídica. 
 
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO 
 
 Gramatical ou literal – sentido literal das palavras (semântica e sintaxe). 
 Sistemático – analisa a norma em face da sua posição dentro do ordenamento jurídico 
(relação com demais normas). 
 Histórico – compreensão do Direito como fenômeno histórico-cultural (lei sob perspectiva 
histórica). 
 Teleológico – busca alcançar o objetivo da norma, vontade da lei, atendendo a seus fins 
 Comparativo – considera a recíproca influência de diversos ordenamentos jurídicos. 
 
ORIGEM DA INTERPRETAÇÃO - sujeito que elabora: o intérprete 
 
 autêntica ou legislativa – Feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração do texto. 
Pode ser contextual (feita dentro do próprio texto interpretado (CP, art. 327 – esclarece 
sentido de funcionário público), ou posterior, quando a lei interpretadora entra em vigor 
depois da interpretada. Tem portanto efeito ex tunc, uma vez que apenas esclarece o 
sentido da outra. 
 doutrinária ou científica – Feita pelos estudiosos do Direito. Nesse sentido,o que é a 
exposição de motivos de uma lei? Interpretação doutrinária. 
 Judicial – Feita pelos órgãos jurisdicionais, e sem força obrigatória. 
 
 quanto aos meios empregados: como é feita a interpretação 
 
RESULTADO DA INTERPRETAÇÃO 
 
 restritiva/estrita – Limita o âmbito de aplicação da lei a um círculo mais restrito do que o 
indicado por suas palavras. A lei diz mais do que queria, exigindo que o intérprete restrinja o 
seu significado (lex minus voluit quam dixit). 
 Ex. Consideram-se, para efeitos de aplicação da pena, que 
antecedentes criminais são condenações criminais transitadas em 
julgado incapazes de gerar reincidência e não tudo o que corresponde 
a vida pregressa do cidadão. 
 Extensiva/ampliativa – Amplia o alcance do texto. A letra escrita da lei fica aquém de sua 
vontade (lei diz menos do que queria), exigindo que o intérprete amplie o seu significado 
(lex plus voluit quam dixit). 
 
Integração da Norma Penal: “É a combinação indivisível de todas essas pesquisas, aliada à 
consciência do conteúdo finalístico e valorativo do direito, que completa a atividade de 
interpretação da lei. A confiabilidade da tarefa hermenêutica depende do conjunto de todas 
essas operações”. (Ada Pellegrini Grinover). 
 
 
 
 
 
12 
REVISÃO 2 
1. Como se estrutura a norma penal? Ela tem uma característica proibitiva ou 
descritiva? 
2. O que são preceitos primário e secundário da norma penal? 
3. O que é norma penal em branco? Qual a sua relevância? Como se relacionam as 
normas penais em branco e o princípio da taxatividade? 
4. Qual a diferença entre norma penal em branco em sentido lato e em sentido estrito? 
5. Qual a importância da hermenêutica para o Direito? 
 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL - ÂMBITOS TEMPORAL e ESPACIAL 
 
A LEI PENAL NO TEMPO 
a. Conceitos: 
 Vigência = Atividade da lei: Princípio tempus regit actum – aplicação da lei vigente à época 
do fato = princípio da reserva legal. 
 Período de vigência da lei - intervalo de tempo que se inicia no momento em que a lei que 
define o fato típico se torna obrigatória pela sua entrada em vigor (projeto, sanção, 
promulgação, publicação e vacatio legis) e que termina no momento em que a lei deixa de 
ser obrigatória por ter cessado a sua vigência (revogação tácita ou expressa). 
 Retroatividade da lei: fenômeno pelo qual a lei retroage no tempo, alcançando fatos 
ocorridos antes de sua vigência = aplicação de uma norma jurídica a fato ocorrido antes da 
sua vigência. 
 Irretroatividade da lei: Impossibilidade da lei alcançar fatos ocorridos antes de sua vigência. 
Princípio fundamental no Direito Penal - anterioridade da lei penal – princípio da reserva 
legal. 
 Ultratividade da lei: fenômeno pelo qual uma norma jurídica é aplicada a fato ocorrido após 
o término de sua vigência. Possibilidade da lei alcançar fatos ocorridos após a sua 
revogação. 
 
- REGRA APLICÁVEL AO DIREITO PENAL: irretroatividade da lei penal: princípio da 
anterioridade da lei = princípio da reserva legal, art. 1º CP - princípio tempus regit actum (a lei 
vigente à época do fato). 
 
- EXCEÇÃO: extratividade da lei penal - retroatividade e ultratividade 
 Retroatividade da lei penal: A lei penal sempre retroagirá para beneficiar o réu, e nunca 
para prejudicá-lo. 
 
Art. 2º CP: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único: a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença transitada em julgado.”. 
 
Art. 5º, XL: “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. 
 
 Ultratividade da lei penal: ocorre nas hipóteses de Leis temporárias ou excepcionais - Leis 
auto-revogáveis, de vigência temporária. 
 Leis excepcionais: feitas para vigorarem em períodos anormais (guerras, calamidades, 
estado de emergência etc). Sua duração coincide com a do período anormal. 
 Leis temporárias: feitas para vigorarem em período de tempo previamente determinado 
pelo legislador. Traz textualmente a data de cessação de sua vigência. 
 
* Lei 1.521/14951, art. 2º, VI – é crime contra a economia popular transgredir tabelas oficiais de 
gêneros e mercadorias. 
* Lei Geral da Copa – Lei 12.663/12 – definição de infrações penais somente durante a copa do 
mundo 
 
Art. 3º CP: “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou 
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se aos fatos praticados durante sua 
vigência”. 
 
 
 
13 
JUSTIFICATIVA: São leis ultra-ativas, sob pena de perderam toda a sua força intimidativa. A 
retroatividade de lei posterior, nesses casos, somente é possível se a novatio legis fizer 
menção expressa ao período anormal ou ao tempo de vigência da lei temporária, passando a 
regular os fatos praticados então. 
 
 
- SOLUÇÃO LEGAL PARA AS HIPÓTESES DE DIREITO INTERTEMPORAL: 
 Novatio legis incriminadora: lei que tipifica fato anteriormente não incriminado. Hipótese em 
que a lei é absolutamente irretroativa, por força do princípio da legalidade. 
 Abolitio criminis: lei posterior deixa de considerar um fato como criminoso, revogando o tipo 
penal incriminador. O fato passa a ser atípico. Alcança inclusive fatos definitivamente 
julgados (extinção da punibilidade, art. 107, III do CP). Desaparecem os reflexos penais, 
mas não os civis. 
 Novatio legis in mellius: a novatio legis que, de qualquer modo, traz um benefício para o 
agente no caso concreto (lex mitior). Lei retroage 
 Novatio legis in pejus: a novatio legis que, de qualquer modo, agrava a situação do agente 
no caso concreto (lex gravior). Lei não retroage. 
 Lex tertia: combinação de leis; Teoria da ponderação unitária / global; teoria da 
ponderação diferenciada. A Jurisprudência brasileira filia-se à primeira teoria. 
 
CONCLUSÃO: Havendo conflito de leis penais, com o surgimento de novos preceitos jurídicos 
após a prática do fato delituoso, será aplicada sempre a lex mitior, que tem extratividade; a lex 
gravior não tem extratividade (princípio geral da irretroatividade da lei). 
 
O QUE É UMA LEI MAIS BENÉFICA? 
“ Sempre que houver restrição do jus puniendi e, consequentemente, ampliação dos direitos 
de liberdade do indivíduo, a lei há que ser tida como mais favorável. Toda regra, portanto, que 
aumente o campo de licitude penal e amplie o espectro de atuação do agente, não só 
excluindo figuras criminosas, como também, refletindo-se sobre a culpabilidade e a 
antijuridicidade, é considerada lex mitior. Do mesmo modo, qualquer regra que diminua ou 
torne a pena mais branda ou comute em outra de menor severidade também será mais 
benéfica. Há, no entanto, situações difíceis de serem solucionadas”.
2
 
 
 
TEMPO DO CRIME – momento em que se considera praticado o delito para a aplicação da lei 
penal a seu autor. Importa para a determinação da lei aplicável à hipótese, de determinação de 
imputabilidade, de concessão de anistia, etc. 
 
 Teorias sobre o momento do crime 
 Teoria da Atividade – Considera-se praticado o crime no momento da conduta, da ação 
ou emissão 
 Teoria do Resultado – Considera-se praticado o crime no momento do resultado. 
 Teoria da Ubiqüidade (Mista) – Considera-se praticado o crime tanto no momento da 
conduta (ação ou omissão) quanto no momento do resultado. 
Art. 4º - “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro 
seja o momento do resultado”. 
O CP adotou a teoria da atividade, ou seja, a imputabilidade do agente deve ser aferida no 
momento em que o crime é praticado, pouco importando a data em que o resultado venha a 
acontecer. 
 
Obs. Em matéria de prescrição o CP adotou a teoria do resultado - o lapso prescricional 
começa a correr a partir da data da consumação (art. 111, I). 
 
 Crime permanente: consumação se prolonga no tempo, ou seja, é considerado 
tempo do crimetodo o período em que se desenvolver a atividade delituosa. Ex. 
seqüestro. 
 
 MIRABETE, 2001, 26-27 
2 NILO BATISTA, op. Cit.
3
 Copérnico; Kepler; Galileu 
 
 
14 
 Crime continuado: considerado uma unidade delitiva (ainda que ficcional), 
aplicando-se a lei do momento em que cessou a continuação, exceto com relação à 
inimputabilidade. 
 
 
- CONTAGEM DE PRAZOS 
 
Art. 10: O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os 
anos pelo calendário comum. 
 
Art. 11: FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA: Desprezam-se, nas penas privativas de 
liberdade e nas restritivas de direito, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de 
cruzeiro. 
 
 Relevância: duração da pena, livramento condicional, sursis, etc. 
 No DP, quanto mais breve o prazo, melhor para o réu (inclui-se o primeiro dia no 
cômputo). No DPP, quanto mais longo o prazo, melhor para o réu (não se inclui o 
primeiro dia no cômputo- art. 798, par. 1º do CPP). 
 Contam-se os dias, meses e anos pelo calendário Gregoriano, ou seja, sem atenção 
às frações. Uma pena cuja execução iniciou às 23h50 min do dia 10 de março de 2001. 
Esse dia deverá ser computado, pois não interessam as horas ou os minutos, e sim o 
dia. Contagem de mês e ano: não importa o nº de dias de cada um, e sim o período. 6 
meses a partir de abril: o prazo termina em setembro, não importando se o mês tem 30 
ou 31 dias; 
 A regra aplica-se para prescrição e decadência; 
 Os prazos de natureza penal são fatais e improrrogáveis, mesmo que terminem em 
feriados ou domingos. 
 
REVISÃO Nº 3 
1. Qual os princípios que regem a aplicação da lei penal no tempo? 
2. O que é VIGÊNCIA de lei? O que faz cessar a vigência de lei penal, e como pode ocorrer? 
3. O que é “extratividade” da lei? 
4. O que é Novatio Legis in pejus? E Novatio legis in mellius? Qual o princípio que se aplica a 
tais hipóteses respectivamente? 
5. Qual o nome que se dá à lei que deixa de considerar crime uma conduta tipificada em lei 
anterior? Esta lei pode retroagir? 
6. Qual o nome com o qual se designa uma nova lei que tipifica conduta anteriormente não 
considerada crime? Esta lei pode retroagir? 
7. O que é uma lei excepcional ou temporária? O que ocorre com estas leis do ponto de vista 
do direito intertemporal, e sob qual fundamentação legal? Há divergências? 
8. Quais as teorias formuladas na doutrina a respeito do tempo do crime, e o que as 
distingue? Qual a teoria adotada pela legislação brasileira? (cite a norma legal). 
9. Em se tratando de contagem de prazos, há uma diferença entre Direito Penal e Direito 
Processual Penal. Qual é ela? 
 
 
 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO: 
 
 DO LUGAR DO CRIME: art. 6º 
 
 TEORIAS: 
o Teoria da Atividade – Considera-se praticado o crime no lugar ou no local 
da ação ou da omissão, isto é, no local da conduta 
o Teoria do Resultado – Considera-se praticado o crime no lugar ou no local 
onde houve o resultado da conduta 
o Teoria da Ubiqüidade (Mista) – Considera-se praticado o crime tanto no 
local da conduta quanto no local do resultado. 
A doutrina adota a Teoria da Ubiqüidade por acreditar que o lugar do crime é tanto o da 
conduta como o do resultado. 
 
 
15 
 
Art. 6º: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou 
em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
* APARENTE conflito entre art. 6º do CP e art. 70 do CPC (que adota teoria do resultado). 
Art. 6º do CP destina-se à determinação de regras de direito penal internacional – 
hipóteses de aplicação da norma penal brasileira. Internamente a questão é irrelevante, 
uma vez que há apenas uma lei penal aplicável em todo o território nacional. A regra 
processual diz respeito aos critérios para definição de competência. 
 
 APLICAÇÃO DA NORMA PENAL BRASILEIRA – LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
A norma penal prevê 5 (cinco) princípios para solucionar eventuais conflitos de leis penais no 
espaço (relativos à norma penal aplicável em cada lugar). O princípio da TERRITORIEDADE é 
adotado como REGRA, e os demais como exceções (fundamentando hipóteses de 
EXTRATERRITORIEDADE, quer seja quando a norma penal brasileira aplica-se a crimes 
cometidos no exterior, ou quando normas estrangeiras aplicam-se a crimes cometidos no 
Brasil. 
- Princípios de aplicação da lei penal no espaço 
 Princípio da territorialidade: Decorre da soberania do Estado (o Estado tem jurisdição sobre 
as pessoas dentro de seu território). 
 Princípio da nacionalidade / personalidade: aplicação da lei do país de origem do agente 
(nacionalidade ativa e passiva), independentemente do local onde o crime é cometido. Este 
princípio fundamenta a proibição de extradição de brasileiros (art. 5º, LI, CF) – princípio da 
personalidade ativa – art. 7º, II, b do CP (hipóteses em que, mesmo cometendo crimes no 
exterior, o agente será punido pela Lei Penal Brasileira). 
 Princípio da proteção / competência real / de defesa: aplicação da lei nacional ao fato que 
atinge bem jurídico nacional, independentemente do local em que foi praticado ou da 
nacionalidade do agente. Art. 7º, I, e § 3º do CP. 
 Princípio da competência universal / justiça cosmopolita: prevê que o criminoso seja punido 
onde quer que seja detido, segundo as leis desse país, desconsiderando o local do crime, a 
nacionalidade do autor ou o bem jurídico lesado. Este princípio leva em conta os crimes 
contra a humanidade (Crimes ambientais, terrorismo, genocídio, crimes de guerra, etc). Art. 
7º, II, „a‟. 
 Princípio da representação - substituição: prevê a aplicação da lei do país quando, por 
deficiência legislativa ou desinteresse do país que deveria reprimir o crime, este deixa de 
fazê-lo, com relação a delitos cometidos em aeronaves ou embarcações (nacionalidade do 
meio de transporte onde ocorreu o crime). Art. 7º, II, „c‟. 
 
O princípio fundamentalmente adotado pelos países é o da territorialidade, complementado 
por dispositivos fundamentados nos demais princípios, uma vez que há a necessidade de se 
punir crimes cometidos no exterior, sob pena de se favorecer a impunidade. 
 
- Princípio da territorialidade - Art. 5º CP: A lei penal aplica-se a todas as pessoas, nacionais 
ou estrangeiras, sujeitos ativos ou passivos, que se encontrem no território nacional. 
 O princípio da territoriedade pode ser: 
o Absoluto: Só a lei penal nacional é aplicável aos crimes cometidos no território 
nacional. 
o Temperado: a lei nacional aplica-se em regra ao crime cometido no território 
nacional, mas excepcionalmente é aplicada lei estrangeira, por determinação 
de tratados ou convenções internacionais. 
 
 Princípio adotado no Brasil: territorialidade temperada: O ordenamento penal brasileiro é 
aplicável aos crimes cometidos no território nacional, não importando a nacionalidade, se 
residente ou em trânsito, SALVO quando normas do Direito internacional dispuserem em 
sentido contrário. 
 
- CONCEITO DE TERRITÓRIO NACIONAL: Materialmente, é o espaço delimitado por 
fronteiras geográficas. Juridicamente, abrange todo o espaço em que o Estado exerce sua 
soberania: 
 
 
16 
 Solo; 
 Rios, lagos, mares interiores, golfos, baías e portos; 
 Faixa de mar exterior ao longo da costa (mar territorial) – Lei 8.617/93 – 12 milhas 
marítimas (soberania absoluta); 200 milhas (plataforma continental - Zona econômica 
exclusiva). 
 Espaço aéreo correspondente ao território e mar territorial (Lei 7.565/86, art. 11 – 
adoção da teoria da absoluta soberania do país subjacente), 
 Navios e aeronaves (públicas ou a serviço público, onde quer que se encontrem) 
 Navios e aeronaves brasileiras privadas, em alto mar ou espaço aéreo correspondente. 
 
* A competência para o julgamento de crimes cometidos a bordo de embarcações e aeronaves: 
- da Justiça Federal (art. 109, IX, CF) – Todas as aeronaves (ainda que em solo) e navios 
(autorizadosa viagens internacionais). 
- da Justiça Estadual: iates, lanchas, botes, embarcações equiparadas. 
 
- Extraterritorialidade 
 Incondicionada: Art. 7º, I, CP – A norma penal brasileira NÃO é subsidiária, impondo-se 
independentemente de julgamento do criminoso no exterior ou de seu ingresso no território 
nacional. Regra recebe críticas, invocando-se, inclusive, a Convenção Americana de Direitos 
Humanos (1992), que proíbe o duplo processo e a dupla punição pelo mesmo fato 
 
 Condicionada: Art. 7º, II e § 3º - A aplicação da norma penal brasileira sujeita-se ás 
condições legais, bem como ao ingresso do criminoso no território nacional. 
 
 Art. 8º CP – NON BIS IN IDEM – Compensação de penas. 
 Pena cumprida no estrangeiro: art. 8º CP: o dispositivo visa a evitar a dupla punição. Se a 
pena cumprida no exterior for de mesma natureza, mas menor que a prevista no Brasil, o 
autor deverá cumprir o saldo restante. Se a cumprida for maior, evidentemente não será 
executada no Brasil. Se as penas forem de diferentes naturezas, a cumprida no exterior 
deverá atenuar a execução brasileira. 
 Eficácia da sentença estrangeira: Art. 9º: A sentença estrangeira pode ser homologada no 
Brasil para: 
o obrigar o condenado à reparação do dano, restituições e outros efeitos 
civis. Nesse caso, a homologação depende de pedido do interessado. 
o sujeitar o condenado ao cumprimento de pena / medida de segurança. 
Neste caso, a homologação depende da existência de tratado de 
extradição com o país que proferiu a sentença ou, não havendo, de 
requisição do Ministério da Justiça. 
 
Penal. Extraterritorialidade. Trancamento da ação penal. 
“Se a atividade, tida como ilícita, não ocorreu no Brasil, o paciente, como gerente de banco, não está 
sujeito às leis brasileiras, visto que os contratos foram assinados no Uruguai (art. 7º, I e II do CP). Ordem 
de habeas corpus concedida” (TRF 1ª R. - 3ª T. - HC 2007.01.00.042175-0 - rel. Tourinho Neto - j. 
22.10.2007 - DJU 09.11.2007). 
 
Penal. Nova Lei de Drogas. Conflito de normas. Aplicação da lei mais benéfica. 
“Não há dúvida acerca da maior gravidade no tratamento legal do crime de tráfico de substância 
entorpecente com o advento da Lei nº 11.343/06 quanto aos tipos penais descritos no art. 33, caput, 
inclusive o transportar drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar. No entanto, houve redução da base mínima do aumento da pena devido ao caráter 
transnacional do crime, já que se no sistema da Lei nº 6.368/76 o aumento mínimo era de 1/3 (um terço), 
agora no sistema introduzido pela Lei nº 11.343/06 o aumento mínimo passou a ser de 1/6 (um sexto). 
Além disso, houve a criação de nova causa de diminuição da pena no § 4º, do art. 33, da Lei nº 
11.343/06, ou seja, a diminuição de 1/6 a 2/3 da pena em se tratando de agente primário, de bons 
antecedentes, sem se dedicar às atividades criminosas, tampouco integrar organização criminosa. Assim, 
nos termos do inciso XL, do art. 5º, da Constituição Federal, há de se considerar que em determinadas 
situações, como é o caso relacionado ao apelante, será perfeitamente possível a constatação de que 
realmente deve haver aplicação da lei penal mais recente, eis que, pontualmente, ela se revela mais 
favorável ao acusado do que a lei antiga” (TRF 2ª R. - 1ª T. - AP 2006.51.01.502180-4 - rel. Guilherme 
Calmon - j. 26.9.2007 - DJU 30.10.2007 – ementa não-oficial). 
 
 
 
17 
- APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CÓDIGO PENAL 
 
Art. 12: As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se 
esta não dispuser de modo diverso. 
 
- o O o - 
 
IV - A LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS 
- Aplicação erga omnes da lei penal - ISONOMIA 
 
- IMUNIDADES: privilégios FUNCIONAIS (e não pessoais) a que se sujeitam determinadas 
pessoas em face da função que exercem. Podem ser: 
a) diplomáticas e consulares – Convenção de Viena (1961), aprovada no Brasil pelo Dec. 
Legislativo 103, de 1964, ratificada em 65 e promulgada pelo Dec. 56.435, de 1965 - decorrem 
de tratados e convenções internacionais - inviolabilidade garantida (e irrenunciável) a chefes e 
representantes de países estrangeiros, agentes diplomáticos (embaixador, secretários da 
embaixada, pessoal técnico e administrativo); familiares dos agentes diplomáticos; funcionários 
das organizações internacionais, quando em serviço (ONU, OEA, UNESCO etc). 
- As sedes diplomáticas não são extensão de território internacional, mas tão somente 
representações invioláveis, como garantia aos representantes alienígenas. 
 
b) parlamentares – Podem ser: 
Materiais – absolutas (penais) – art. 53, caput CF – inviolabilidade (irrenunciável), no exercício 
de mandatos eletivos, por opiniões, palavras ou votos. Absoluta liberdade de expressão de 
pensamento. 
- não é necessário que o parlamentar esteja no exercício das funções legislativas, ou que a 
manifestação da opinião verse sobre matéria parlamentar, mas que a ofensa tenha nexo de 
implicação recíproca entre a manifestação do pensamento e a condição de congressista. 
- Estende-se ao parlamentar licenciado mas em funções decorrentes do mandato. 
Formais – relativas (processuais) – Art. 53, §§ 1º, 3º e 4º CF (Emenda Constitucional 35, 
2001)– prerrogativas concedidas a partir da diplomação aos membros do Congresso Nacional, 
referentes a foro, possibilidades de prisão (somente se em flagrante de crime inafiançável), 
sigilo parlamentar etc. 
- EC 35 , de 20/12/2001 – Em caso de prisão em flagrante por crime inafiançável, devem os 
autos serem remetidos em 24 horas para a Casa respectiva, para que se resolva sobre a 
prisão por maioria dos membros. 
Em caso de processo, por força da EC 35, deixou de ser necessária licença da Casa 
Parlamentar para instauração de ação penal. Se houver denúncia do Procurador Geral da 
República em razão de prática de crime comum, o STF poderá recebe-la e determinar 
instauração de AP. Deverá, entretanto, dar ciência à casa respectiva que, por iniciativa de 
partido político e voto da maioria dos membros, poderá, até a decisão final, sustar o antamento 
da ação. 
 
- Prerrogativas de Foro: 
 Presidente da República: não goza de imunidade material, mas de prerrogativa de função. É 
julgado pelo STF (crimes comuns), e pelo Senado Federal (crimes de responsabilidade), 
depois de licença da Câmara dos Deputados pelo voto de 2/3 da casa. 
 Governadores de Estado: processados e julgados pelo STJ. 
 Prefeitos: processados e julgados pelo TJ dos Estados 
 Vereadores: Não têm foro privilegiado, mas gozam de imunidade material. 
 Advogados: imunidade judiciária, sendo invioláveis por seus atos e manifestações no 
exercício da profissão, nos limites da lei – art. 133 CF. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS: O FENÔMENO OCORRE QUANDO A UM ÚNICO 
FATO APLICA-SE, APARENTEMENTE, MAIS DE UMA NORMA INCRIMINADORA. MAS, 
NA VERDADE, UMA SEMPRE PREVALECERÁ SOBRE A OUTRA! 
 
As eventuais dúvidas se resolvem pela aplicação dos seguintes critérios-princípios: 
 
a) Sucessividade: Resolução abstrata do conflito Duas leis ordinárias disciplinam a 
mesma matéria – prevalece a mais recente. Ex. vender mercadoria abaixo do preço de 
custo para impedir a concorrência, infração disciplinada pela Lei 1.521/51, art. 3º, V e 
Lei 8.137/90, art. 4º, VI. 
 
b) Especialidade: Resolução abstrata do conflito - A norma especial prevalece sobre a 
norma geral (art. 12 CP). A norma especial constitui uma subespécie da geral, 
agravada ou atenuada. A especial abrange a geral, mas tem um plus, uma 
particularidade. Ex. infantiício – homicídio; furto qualificado – furto simples; Homicídio - 
latrocínio 
 
c) Subsidiariedade: Há relação de subsidiariedade, ou seja, de continente e conteúdo. A 
conduta descrita na norma subsidiária integra a conduta descrita na norma principal 
(está contida nela). Nessas hipóteses, os tipos descrevem diferentes graus de violação 
a um mesmo bem jurídico. Ex.1- Na hipótese deuma pessoa ser presa sob acusação 
de roubo a mão armada (art. 157, par. 2º, I). Apura-se que ela não portava nenhum 
bem que não fosse próprio (crime impossível). Não poderá ser punida por roubo, mas 
sim por porte ilegal de arma (soldado de reserva). Ex. 2 – Na hipótese de um motorista 
atropelar pessoa no trânsito e omitir socorro, será imputada pelo crime de Lesão 
corporal culposa agravada pela omissão de socorro (art. 303, par. Único CTB). Nesse 
caso, aplica-se apenas a norma principal. A subsidiariedade pode ser explícita (ex. se o 
fato não constituir crime mais grave) ou implícita (ex.. fato incriminado na norma 
subsidiária é elemento ou circunstância agravante da norma principal – estupro + 
constrangimento ilegal; homicídio + lesão corporal). 
 
d) Absorção (consunção): Relação de meio e fim. Um crime é praticado como meio 
necessário ou normal na fase de preparação ou de execução de outro. A conduta 
descrita em uma norma esvazia o desvalor da outra, na medida em que é descrita em 
maior amplitude. Um fato está condito dentro do outro, de maior amplitude. (ex. 
violação de domicílio e furto em residência; porte ilegal de arma e homicídio; 
falsificação e estelionato). 
 
e) Alternatividade: Aplica-se a tipos mistos alternativos, ou seja, tipos penais de ação 
múltipla ou de conteúdo variado. Se o agente praticar várias ações nucleares previstas 
em um único tipo penal, havendo conexão entre as ações, incorrerá uma só vez no 
delito. Ex. Expor e vender drogas. O agente que o faz incorre na prática de um só 
crime, art. 33 da Lei 11.343/2006 – tráfico ilícito de entorpecentes. 
 
PLURALIDADE DE FATO - 
a) Antefato impunível: Ex. Crime de falsidade documental (art. 297, par. 2º - assinatura 
falsa em talão de cheques de terceiro) + Estelionato (art. 171, entrega do documento 
no comércio): Nessa hipótese, o crime de estelionato absorverá o falso, tendo em vista 
o esgotamento do potencial lesivo do cheque falsificado que não poderá mais ser 
utilizado. 
b) Pós-fato impunível: Ex. Crime de dano (art. 163) após crime de furto (art. 155). Nessa 
hipótese, o furto absorverá o dano, pois este não terá o condão de agravar o mal 
produzido pela ofensa ao patrimônio. 
 
- o O o – 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 TEORIA DO CRIME 
 
 CRIME / DELITO / CONTRAVENÇÃO PENAL: fato natural ou construção jurídico-penal? 
 
1. CONCEITOS DE CRIME 
 aspecto material: É todo fato humano que propositada ou descuidadamente, lesa ou 
expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da 
coletividade e da paz social. Cada sociedade elege o que deve ou não ser crime, 
conforme seus interesses particulares, evidenciando que conteúdo do ilícito penal é o 
caráter danoso da ação (contra um bem jurídico) e seu desvalor social (relevância do bem 
jurídico em determinada sociedade). 
 
 aspecto formal/analítico: É todo fato típico / ilícito / (culpável) - elementos estruturais do 
crime, do ponto de vista do Direito Positivo; evidencia a relação de contrariedade entre um 
fato previamente descrito em lei (tipicidade) e a ordem jurídica associada à pena (ilicitude). 
 
DIFERENÇAS ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÕES PENAIS 
 
 
SANÇÃO PENAL 
CRIME CONTRAVENÇÃO 
Reclusão e detenção, com 
ou sem multa 
Prisão simples ou somente 
multa 
 
AÇÃO PENAL 
Pública, condicionada ou 
não, e privada 
Pública incondicionada 
PUNIBILIDADE DA 
TENTATIVA 
Punível Não punível 
ELEMENTO SUBJETIVO Dolo ou culpa na conduta Apenas voluntariedade 
EXTRATERRITORIALIDADE Sim Não 
LIMITES DE 
CUMPRIMENTO DE PENA 
30 anos 5 anos 
SURSIS 2 a 4 anos 
(excepcionalmente de 4 a 6) 
Até 3 anos 
 
 
- Conceito ANALÍTICO bipartido: fato típico e ilícito – 
- Conceito ANALÍTICO tripartido: fato típico, ilícito e culpável 
 
 O que é fato típico? Aquele que se ajusta perfeitamente a um determinado modelo 
previsto em Lei Penal, a que se denomina TIPO PENAL. 
 O que é fato ilícito? Aquele contrário ao direito, ao ordenamento jurídico de 
determinada sociedade. 
 O que é ser culpável? A culpabilidade não se refere ao fato, mas à pessoa que 
pratica o fato. É ser sujeito a um juízo de reprovação social, desde que presentes 
os elementos da culpabilidade (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e 
inexigibilidade de conduta diversa). 
 
2. FATO TÍPICO: 
 TIPO PENAL= Tatbestand – é a descrição legal da conduta proibida. (Beling). 
 
 FATO TÍPICO: 
 conceito: fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do 
modelo previsto na lei penal. Síntese da conduta ligada ao resultado pelo nexo causal, 
amoldando-se ao modelo legal incriminador. 
 elementos: conduta; tipicidade + resultado; relação de causalidade (crimes materiais) 
 
 2.1. CONDUTA: Conduzir - Dicotomia CORPO x MENTE 
 
Há várias teorias sobre a conduta punível. Em todas, é indispensável a existência do 
binômio VONTADE (querer ativo) e CONSCIÊNCIA. 
 
 
 
20 
TEORIAS DA CONDUTA 
i- Causal/naturalística: FRANZ VON LISZT, fim do séc. XIX: ação é o movimento corporal 
voluntário causador de modificação no mundo exterior. 
- Movimento voluntário não significa movimento desejado, e sim o movimento muscular 
mecânico decorrente de um IMPULSO NERVOSO CEREBRAL DO HOMEM. 
- Os movimentos de uma pessoa em convulsão podem ser chamados de movimentos 
voluntários? Justifique. 
 
 Influência da filosofia positivista, comtiana. O movimento deve ser consciente e voluntário. 
 Ênfase no desvalor do resultado. Conceito da conduta é neutro, não valorizado. 
 Dolo e culpa são irrelevantes para enquadramento típico da conduta, importando tão 
somente para o exame da culpabilidade – TEORIA PSICOLÓGICA. 
 Ex: motorista prudente + suicida atropelado e morto = a ação do motorista seria 
considerada conduta, ficando para análise posterior a aferição da culpabilidade (dolo ou 
culpa). 
 
ii Final/finalista: HANS WELZEL, 1920/1930. Conduta é a ação/omissão humana, 
consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade. 
 
 Valorização do aspecto teleológico da ação/omissão. A conduta não é apenas a causação 
de um resultado. Ela deve ser consciente, voluntária, mas também dirigida a uma finalidade 
(propósito). 
 Ênfase no desvalor da ação (dolo ou culpa); 
 A finalidade (O DOLO/CULPA) está na própria conduta, e não fora dela. O dolo e a culpa 
são imprescindíveis para enquadramento típico da conduta. 
 A culpabilidade passa a ter um conceito apenas normativo – TEORIA NORMATIVA PURA 
 
SEM O EXAME DA VONTADE FINALÍSTICA NÃO SE SABE SE O FATO É TÍPICO OU NÃO = 
NÃO EXISTE CONDUTA TÍPICA SEM VONTADE, CONSCIÊNCIA E FINALIDADE = NÃO É 
POSSÍVEL SEPARAR O DOLO/CULPA DA CONDUTA. 
 
 FATO TÍPICO: fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do 
modelo previsto na lei penal. PARA QUE UM FATO SEJA TÍPICO É NECESSÁRIO QUE 
DECORRA DE UMA CONDUTA (dolosa ou culposa = tipo subjetivo); Nos crimes materiais 
deve haver um RESULTADO e uma RELAÇÃO DE CAUSALIDADE entre a CONDUTA e o 
RESULTADO; E tudo isso deve corresponder ao MODELO LEGAL (TIPICIDADE). A tipicidade 
não é apenas material, mas também subjetiva (existência da finalidade motivando a 
voluntariedade do agente). 
 
SE A CONDUDA É UM DOS ELEMENTOS DO FATO TÍPICO, E SE O DOLO/CULPA 
INTEGRAM A CONDUTA (e não a culpabilidade), CONCLUI-SE QUE O DOLO/CULPA 
INTEGRAM O FATO TÍPICO. NÃO HÁ FATO TÍPICO (E, PORTANTO, NÃO HÁ CRIME) SE O 
AGENTE PRATICA A CONDUTA (AÇÃO OU OMISSÂO) SEM DOLO OU CULPA. 
 
- Dolo: elemento subjetivo da conduta. Consciência dos elementos do tipo legal + vontade de 
realizá-los para alcançar o resultado. 
- Culpa: elemento normativo. Ausência do dever objetivo de cuidado imposto a todas as 
pessoas de razoável diligência. 
 
Um fato descrito no código como crime, mas que é praticado sem dolo ou sem culpa, não é um 
fato típico, ou seja, não é um crime. É APENAS AZAR!!!!! 
 
- A qual das teorias filia-se o atual Código Penal Brasileiro? (art. 18 do CP). 
 
Resumo : 
 Elementos daconduta: vontade, finalidade, exteriorização, consciência. 
 Não há conduta: quando não existe vontade (coação física absoluta, força bruta; 
movimentos involuntários – reflexos; casos fortuitos ou força maior). 
 
 
21 
 Há conduta: quando há coação moral irresistível. A vontade é viciada, mas existe. O 
coato não responde ante ausência de culpabilidade. 
 Há conduta: quando o agente pratica conduta voluntária e finalística, mas produz 
resultado não querido, ante a quebra de um dever objetivo de cuidado (culposa). 
 Há conduta: conduta consciente e voluntária produz resultado coincidente com a 
finalidade que dirigiu o ato (dolosa); 
 Há conduta :conduta consciente e voluntária produz resultado além da vontade, 
havendo uma mistura entre a conduta dolosa e culposa. (preterdolosa). 
 Não há conduta: agente pratica conduta sem dolo, não sendo prevista a modalidade 
culposa para o tipo. 
 
b. FORMAS DE CONDUTA: 
a) AÇÃO: comportamento positivo, movimentação corpórea, facere, atividade consciente 
dirigida a um fim. 
b) OMISSÃO: abstenção de atividade que o agente podia e devia realizar, comportamento 
negativo, non facere. A estrutura da conduta omissiva é normativa, e não naturalística. 
 
1) FORMAS DE CONDUTAS OMISSIVAS 
 Crimes omissivos próprios (puros): a omissão é elemento do tipo penal. Trata-se de 
simples infração da ordem ou comando de agir, independentemente do resultado. 
Ex: omissão de socorro (135), omissão de notificação de doença (269). O omitente 
responde pela omissão, mas não pelo resultado – CRIMES FORMAIS 
 
 Crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão): a conduta descrita é 
comissiva, mas o resultado ocorre porque aquele que tinha dever jurídico de 
impedir, omite-se. O omitente responde não só pela omissão, mas também pelo 
resultado não evitado por sua omissão, salvo se este não puder lhe ser atribuído por 
dolo ou culpa. 
Ex. art. 13, Parág. 2º. - Fontes formais do dever de atuar listadas pelo CP: 
 
c. SUJEITOS E OBJETO DO CRIME 
 Sujeito ativo: pessoa humana que pratica a CONDUTA correspondente à figura típica 
descrita na lei 
- Quem pode ser sujeito ativo de crime? 
 
 Sujeito passivo: titular do bem jurídico lesado ou ameaçado de lesão. 
 O Estado é sempre sujeito passivo indireto do crime, uma vez que não apenas 
o ofendido, mas a própria ordem pública e a paz social são violados pela prática 
de um crime. 
 O Estado é sujeito passivo direto de crimes que atentam contra sua entidade 
política ou administrativa. 
 A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo e ativo (*) de crime. 
 
c.2 OBJETO DO CRIME: 
- JURÍDICO: o bem jurídico, interesse protegido pela norma penal. A vida (homicídio), a 
integridade corporal (lesões corporais); patrimônio (furto); honra (injúria); costumes e 
liberdade da mulher (estupro); administração da justiça (peculato) etc. 
 
- MATERIAL: Pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta. O morto (homicídio), o 
machucado (lesões corporais); a coisa alheia móvel subtraída (furto); a mulher (estupro), 
etc. 
 
2.2. RESULTADO: Segundo elemento do crime; 
- Conceito naturalístico: modificação no mundo exterior provocada pelo comportamento 
humano voluntário. 
- Conceito jurídico/normativo: LESÃO OU PERIGO DE LESÃO DE UM INTERESSE 
PROTEGIDO PELA NORMA PENAL. (Há crimes que não provocam modificações no 
mundo exterior, mas lesam bens jurídicos - o art. 13 do CP vincula a existência do crime ao 
resultado normativo, mas isso só aplica-se aos crimes materiais. 
 
 
 
22 
- Do ponto de vista do resultado naturalístico, os crimes classificam-se em: 
o Materiais: (crimes de resultado) - há a necessidade de um resultado externo à 
ação, descrito na lei. Ex. morte (homicídio), subtração (furto, roubo) etc. A 
consumação do crime depende da realização do resultado, ou seja, há o 
momento da ação e o momento do resultado. POR ISSO ADMITE A 
TENTATIVA DO CRIME. 
o Formais: (crimes de atividade) - a consumação do crime não depende do 
resultado pretendido pelo agente. A prática da conduta apenas implica no 
crime consumado. Ex. ameaça, art. 147 (independe que a vítima efetivamente 
fique intimidada); injúria, art. 140 (independe de reação psicológica do 
ofendido). POR ISSO NÃO ADMITE A TENTATIVA DO CRIME. 
o De mera conduta: (crimes de atividade) - Não há qualquer resultado 
naturalístico. A simples prática da conduta implica no crime consumado. Ex. 
violação de domicilio, art. 150, ato obsceno, art. 233 etc. POR ISSO NÃO 
ADMITE A TENTATIVA DO CRIME. 
 
2.3. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE – NEXO CAUSAL: ART. 13 CP 
a. Conceito: elo de ligação físico (material, natural) que se estabelece entre a conduta e o 
resultado naturalístico - art, 13 CP: A idéia de causa remete para um conceito naturalístico, e 
não jurídico. Assim, causa é a conexão, a ligação que existe numa sucessão de 
acontecimentos que pode ser entendida pelo homem. 
b. Teoria: O CP brasileiro adotou a Teoria da equivalência dos antecedentes ou teoria da 
conditio sine qua non 
 
* Pensamento de Stuart Mill: “causa é toda ação ou omissão anterior que contribui para a 
produção do resultado” (art. 13, caput) = LEI ATRIBUI RELEVÂNCIA CAUSAL A TODOS OS 
ANTECEDENTES DO RESULTADO – tudo o que, retirado da cadeia de causa e efeito, 
provocar a exclusão do resultado, considera-se causa – procedimento hipotético de 
eliminação. 
 
* O que impede o regressus ad infinitum? A presença do dolo/culpa na conduta. 
 
 Como vimos, há crimes que não provocam uma mudança naturalística no mundo exterior. 
A conseqüência dessa característica reflete-se na relação de causalidade entre a conduta 
(ação/omissão) e o resultado, algumas vezes irrelevante para a existência do crime (do 
ponto de vista naturalístico) – crimes formais e de mera conduta. 
 
Superveniência de causa relativamente independente – art. 13, § 1º - exclui imputação quando 
por si só produziu o resultado. 
 
CONCAUSA: CAUSAS DISTINTAS DA CONDUTA PRINCIPAL, QUE ATUAM AO SEU LADO, 
CONTRIBUINDO PARA A PRODUÇÃO DO RESULTADO. 
 
PODEM SER: 
A) DEPENDENTES – inserem-se na linha normal de desdobramento causal da conduta. 
Não há ruptura do nexo causal. ex. a atira em b: desdobramentos: perfuração em 
órgão vital – lesão cavitária – hemorragia – parada cardio-respiratória – morte (relação 
de dependência, sem um não há outro) 
B) INDEPENDENTES – refoge ao desdobramento causal da conduta, produzindo, por si 
só, o resultado. 
Estas podem ser: 
- absolutamente independentes (quando a segunda causa não se origina na conduta, não 
sendo decorrência dela. Há uma ruptura do nexo causal). 
 
- relativamente independentes (origina-se da conduta, mas é independente, uma vez que 
atua como se por si só tivesse produzido o resultado. Não é uma decorrência esperada da 
conduta – não se situa dentro da linha de desdobramento causal da conduta.). 
 
* estas podem ser: 
 
 
23 
 
- Preexistentes: A é hemofílico (causa preexistente); A recebe golpe de faca de B, o qual 
não tem gravidade para, isoladamente, provocar a morte de ninguém; A morre, em face da 
conjugação do seu estado de hemofilia e da facada. 
 
- Concomitantes: A atira na vítima B; B, por causa do tiro, escorrega e cai de um 
desfiladeiro, morrendo em decorrência das lesões causadas. 
 
- Supervenientes: A golpeia B; B é levado ao hospital mas sofre acidente no percurso e 
morre em decorrência deste. Apesar de haver nexo causal, o legislador estabeleceu uma 
exceção, rompendo, juridicamente, tal nexo. Assim, o nexo causal só será mantido se a 
causa superveniente manter-se na linha de desdobramento físico ou anátomo-patológico 
da conduta (desdobramento causal obrigatório). Se a causa superveniente por si só causar 
o resultado, há uma ruptura do nexo causal. ADOÇÃO DA TEORIA DA CAUSALIDADE 
ADEQUADA (condição qualificada ou teoria individualizadora – Von Kries) = CAUSA 
IDÔNEA A GERAR O EFEITO. Para a teoria da causalidade adequada, somente haverá 
relação de causalidade entre uma conduta e umresultado, se aquela se mostrar como a 
causa mais adequada a produzi-lo, segundo um juízo de probabilidade. Se o resultado 
puder ser antevisto como provável ou possível diante da conduta praticada, ficará 
estabelecida a relação de causalidade. 
 
 Analise e decida as situações em que se verifica o nexo causal, justificando-se. 
- Crimes omissivos próprios: 
- Crimes de mera conduta: 
- Crimes formais: 
- Crimes materiais: 
- Crimes omissivos impróprios: 
 
 TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA – FUNCIONALISMO – CONJUNTO DE 
PRESSUPOSTOS JURÍDICOS QUE CONDICIONAM A RELAÇÃO DE IMPUTAÇÃO 
(ATRIBUIÇÃO) DE UM RESULTADO JURÍDICO (OU NORMATIVO) A UM DETERMINADO 
COMPORTAMENTO (PENALMENTE RELEVANTE – questionamento a respeito de quais 
atos podem nos ser atribuídos como obras nossas, e quais são obras do acaso – 
 novo elemento (normativo) do fato típico que COMPLEMENTA a relação de 
causalidade. A imputação de um resultado a uma conduta não deve fundar-se 
apenas numa relação lógica de causa e efeito, mas deve também revelar-se um 
procedimento JUSTO, o que se verifica através da presença dos seguintes 
requisitos: criação/incremento de um risco juridicamente proibido e 
relevante + a repercussão do risco no resultado + exigência de que o 
resultado esteja dentro do alcance do tipo penal violado. 
 
 NÃO HÁ IMPUTAÇÃO se se criou riscos irrelevantes (decorrem da própria existência social 
– viajar de avião, paraquedismo, estradas perigosas etc. ); riscos permitidos (cirurgias, 
prática de esportes, tráfego); riscos diminuídos; princípio da confiança 
 
 NÃO HÁ IMPUTAÇÃO se o risco não repercutiu no resultado (causas imprevisíveis; cursos 
causais hipotéticos ou extraordinários, causas supervenientes relativamente independentes; 
resultados não compreendidos no fim de proteção da norma) 
 
 NÃO HÁ IMPUTAÇÃO se o risco gerado não está compreendido no alcance do tipo. Ex. A 
pratica relação sexual com B sem proteção, conhecendo a condição de soropositivo de B. 
 
 
O DIREITO POR QUEM O FAZ - Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo 
Direito penal. Crimes de trânsito. Exclusão da imputação objetiva do resultado no caso de risco 
permitido ou de diminuição de risco. 10.ª Câmara Criminal AP 0003295-28.2010 j. 24.03.2014 – 
public. 11.04.2014 Cadastro IBCCRIM 3024 
Voto 
Ouso divergir do eminente relator sorteado, cujo relatório adoto; a meu ver, a r. sentença proferida pelo 
culto magistrado Marcel Peres Rodrigues não merece reparo. 
 
 
24 
De início, ressalto o excelente trabalho da digna defensora, advogada Elisângela da Cruz da Silva, que 
mostrou combatividade e técnica jurídica exemplares. Dito isto, passo ao mérito. 
 
Está bem comprovado que o apelado, dirigindo um GM Astra, colidiu frontalmente com a vítima, que vinha 
de bicicleta, na contramão de direção. Não há dúvida de que vinha, o apelado, em excesso de velocidade, 
78,2km/h; praticamente o dobro da legalmente permitida (40km/h), embora não se possa deixar de 
registrar que o local (há foto nos autos) é daqueles que não exigem velocidade máxima tão baixa. O 
resultado – e isto sem dúvida contribuiu para a decisão do digno juiz de direito, que por certo o conhece – 
é idêntico ao que ocorre nos postos de fiscalização de polícia rodoviária, onde a velocidade máxima 
permitida (30km/h) não é respeitada por ninguém; todos passam, no mínimo, a 50 ou 60km/h. 
 
De qualquer sorte, a meu ver não há dúvida de que a vítima contribuiu de maneira decisiva para o 
acidente; entendem o Ministério Público e o douto relator, porém, que ele poderia ter sido evitado, se o 
apelado tivesse mantido a velocidade permitida. O digno magistrado (fls. 224 e ss.), porém, e a meu ver 
corretamente, julgou não haver prova de que o excesso contribuiu de forma juridicamente relevante para 
a morte da vítima, que teria ocorrido de qualquer forma, ainda que o apelado tivesse respeitado o limite. 
 
O culto juiz de direito sentenciante, não custa ressaltar, acompanhou – conscientemente ou não – 
jurisprudência consagrada na Alemanha, já desde o Tribunal Supremo do Reich. É dizer: verificou o digno 
magistrado não haver prova segura de que a conduta causou incremento de risco juridicamente relevante. 
Como diz Günther Jakobs, mencionando a “decisão fundamental” do Tribunal Supremo da Alemanha, em 
caso semelhante (não idêntico: no processo ali citado, o ciclista estava bêbado, e o motorista do veículo 
não mantinha a distância legal exigida), “puede quesea probable que las cosas sucediesen de outro 
modo, pero no está probado” (La Imputación Objetiva em Derecho Penal, trad. Manuel Cancio Meliá, 
Madri: Editorial Civitas, S.A., 1.ª ed., 1996, pág. 193). 
 
A tese é, hoje, pacífica na Alemanha; e, creio, já é tempo seja adotada aqui. Na verdade, foi posta em 
destaque com a recente introdução, no Brasil, da teoria da imputação objetiva, hoje aceita de maneira 
quase pacífica na Alemanha.(1) 
 
Não se trata de aderir a cada novidade que nos vem dos influentes juristas germânicos; na verdade, há 
críticos severos (como deixei registrado na nota) que colocam em dúvida, com sólidos argumentos, a real 
utilidade dessa teoria. No Brasil, porém – assim como, ressalto, na Alemanha –, ela, no mínimo, tem o 
mérito de chamar à atenção. Cuida-se, isto sim, de aperfeiçoar cada vez mais, do ponto de vista da 
justiça, a aplicação de pena criminal. A meu ver, poucos lugares-comuns causaram tantas injustiças 
quanto “em direito penal, culpas não se compensam”. Afirmação, é claro, verdadeira; muito mais 
importante, porém – e necessário para saber se o princípio se aplica –, é verificar se a conduta culposa 
do réu contribuiu de alguma forma para o resultado; e, se contribuiu, se lhe era previsível, na forma 
concreta como ocorreu. O que é evidente, por exemplo, no caso de a culpa ser apenas o não ter 
habilitação; neste caso, sempre se faz a pergunta óbvia: se o agente fosse habilitado, haveria alguma 
mudança no resultado? Nas palavras de Wolfgang Frisch, para que se impute o resultado ao autor é 
preciso que nele “… se haya materializado precisamente el riesgo en virtud del cual está prohibido el 
comportamiento; la producción del resultado deve presentarse, en este sentido, como realización del 
riesgo desaprobado” (Comportamiento Típico e Imputación del Resultado, trad. Joaquín Cuello Contreras 
e José Luís Serrano González de Murillo, Madrid/Barcelona: Marcial Pons, 2004, pág. 70). 
 
Eis o que diz, por exemplo, Urs Kindhäuser acerca de situações como esta: “… en la relación del riesgo 
que fundamenta la imputación se trata de la relación entre un sucesso fáctico, el acidente no evitado, y 
uma hipótesis contrafáctica que se expressa en uma frase condicional irreal, es decir, si el autor hubiera 
podido evitar el acidente. La pregunta acerca de la imputación sería aproximadamente la siguiente: habría 
podido el autor evitar el acidente, si en lugar de la velocidade (prohibida) de 80km/h hubiese conduzido a 
uma velocidad (permitida) de 50km/h? … Mientras existan dudas relevantes procesalmente respecto a la 
evitabilidad de la realización del tipo penal, no se puede exigir al autorresponsabilidad por la 
realización del tipo penal …” (Derecho Penal de la Culpabilidad y Conducta Peligrosa, trad. Claudia López 
Díaz, Bogotá: Universidad Externado de Colombia, 1.ª ed., 1996, págs. 134/6; os grifos são meus). 
 
Pois bem: a meu ver, neste caso há dúvida mais do que razoável de que, ainda estivesse o apelante na 
velocidade permitida, seria possível evitar o acidente e a morte; mesmo a 40km/h o choque (estando a 
vítima em sentido contrário e em movimento por certo rápido, pois ia na contramão, quase que 
certamente tentando atravessar a pista – se não, por que estaria na contramão?), mesmo a 40km/h, eu 
dizia, o choque seria muito forte. A morte foi causada por “afundamento em região occipital” (fls. 8; as 
demais lesões não seriam fatais); a foto do carro mostra que a vítima, projetada por cima do capô, bateu 
a cabeça no vidro para-brisa, o que teria, é quase

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