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DIREITO PENAL-PARTE GERAL

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DIREITO PENAL (PARTE GERAL) PARA CONCURSOS 
| Prof. Jordão Santana 
 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
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OS: 0231/1/20-Gil 
CONCURSO: 
 
ASSUNTO: Direito Penal (Parte Geral) 
 
CONCEITO DE DIREITO PENAL 
É o conjunto de normas (regras e princípios) destinados a punir e a prevenir a prática de crimes e de contravenções penais 
mediante a imposição de uma sanção penal. 
Cleber Masson 
 
É um ramo do direito público que visa combater as infrações penais através a imposição de sanções penais objetivando o 
controle e a paz social – Jordão Santana 
O Direito Penal é um ramo do Direito Público. Desde que a sociedade aboliu a auto-tutela (justiça privada) como forma 
principal de resolução de conflitos e a substituiu por soluções institucionalizadas, como é o caso da Jurisdição Penal, o ius 
puniendi (direito de punir) passou a ser monopólio do Estado. 
As normas de Direito Penal são normas indisponíveis e genéricas. Indisponíveis porque o Estado não pode abrir mão do seu 
dever-poder de punir. Genéricas porque são dirigidas a todos os cidadãos, indistintamente. Por óbvio, estes dois atributos da 
norma penal (indisponibilidade e generalidade) comportam exceções que serão estudadas no decorrer do curso. 
No Direito Penal, o Estado funciona como sujeito passivo de todas as infrações penais (crimes e contravenções). Ele é sujeito 
passivo imediato nos casos em que um interesse seu é atingido de modo direto, como no crime de peculato, e sujeito passivo 
mediato em virtude da sua responsabilidade em garantir a ordem pública e a paz social, de modo que qualquer infração 
penal sempre contrariará algum destes interesses, ainda que indiretamente. 
O direito penal como traz a constituição federal é de competência privativa da união portanto em regra a competência para 
legislar sobre direito penal pertence a união (congresso nacional) 
Art. 22, I, CF-88. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
 
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL 
Segundo Magalhães Noronha, “o Direito Penal é uma ciência cultural, normativa, valorativa e finalista”. 
 É CIÊNCIA, porque tem base cientifica e o conjunto de análises produzidas pelos estudiosos sobre suas normas confere os 
contornos da chamada “dogmática penal.” 
 É uma ciência CULTURAL, porque estuda o “dever-ser”, e, mais especificamente, a resposta do Estado a determinados 
comportamentos, diferindo-se, assim, das ciências naturais, que se preocupam apenas em definir e descrever os fenômenos 
que se passam no plano do “ser”. 
 É uma ciência NORMATIVA, porque o seu objeto de estudo é a norma jurídica penal (regras e princípios). 
É uma ciência VALORATIVA, porque apresenta a sua própria escala de valores para os fatos que lhe são submetidos, de tal 
sorte que o mesmo fato pode ser valorado de modo distinto ao longo do tempo. Pense-se, por exemplo, no porte ilegal de 
arma de fogo, que era uma mera contravenção penal até a Lei 9.434/1997 - que fez dessa infração penal um crime – e, 
paulatinamente, caminhou para um tratamento jurídico ainda mais rigoroso em termos de punição, com a promulgação do 
Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003). 
 É uma ciência FINALISTA, na medida em que o Direito Penal tem uma finalidade prática, que é a proteção de bens jurídicos. 
A palavra norma tem sua origem no mesmo radical que compõe a palavra “normal”, motivo pelo qual denota a expectativa 
por determinadas formas de comportamento, previsíveis dentro dos critérios e regras de experiência. 
 
 
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FUNÇÕES DO DIREITO PENAL 
a) Proteção de bens jurídicos 
Destacada por Claus Roxin, a proteção de bens jurídicos é a principal função do Direito Penal. É da proteção de bens jurídicos 
que o Direito Penal retira o seu fundamento de existência e legitimidade. 
O que é um bem Jurídico ? 
Os bens jurídicos são os valores e interesses relevantes para a manutenção e o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. 
Nem todo bem jurídico é passível de tutela penal. Apenas os mais importantes é que são selecionados pelo legislador, 
mediante um juízo de valoração positivo, pautado em diretrizes oferecidas pela Constituição Federal. É precisamente aqui 
que nasce o debate sobre a Teoria Constitucional do Direito Penal, a partir da qual pode-se dizer que o Direito Penal só é 
legítimo quando tutela valores consagrados na Constituição Federal. 
b) Instrumento de controle social 
Ao criar crimes, cominar e aplicar penas; o Direito Penal funciona como instrumento de controle social, pois busca a 
manutenção da paz pública. 
c) Garantia 
Franz Von Liszt dizia que o Código Penal é a Magna Carta do delinquente. Isso significa que as leis penais, muito mais do que 
punir, visão proteger as pessoas do arbítrio estatal. O Direito Penal funciona como um escudo do cidadão contra o Estado. 
d) Função ético-social do Direito Penal 
A função ético-social também é chamada de função criadora ou de função configuradora dos costumes, pois coloca em 
destaque a estreita relação mantida entre o Direito Penal e os valores éticos reinantes em uma sociedade. Exemplos 
marcantes são as pautas de Direito Penal que dominaram as últimas eleições (ex.: combate a corrupção e ao crime 
organizado), bem como a crescente tutela do meio ambiente por meio da responsabilização penal, enquanto fruto da 
paulatina tomada de consciência acerca da necessidade de preservação dos recursos naturais. A incorporação de 
determinados valores éticos, assim, tem impacto quase que imediato no plano do Direito Penal, fazendo com que a norma 
penal assuma um papel educativo, voltado a produzir um suposto efeito moralizador. 
e) Função simbólica 
A função simbólica é aquela que traduz a produção de efeitos internos na mente dos governantes e dos governados. Não 
possui, portanto, efeitos concretos/práticos. 
- Exemplo atual é a inclusão da qualificadora do feminicídio no crime de homicídio, que além de atender a uma necessidade 
concreta, confere a impressão de que o legislador se preocupa com o problema da violência contra a mulher, criando nos 
cidadãos a expectativa de que o índice de crimes de homicídio contra a mulher, praticados em virtude de sua condição de 
pessoa do sexo feminino, diminuiriam. Isso, porém, distancia-se do que ocorre na prática, onde o índice cresce cada vez mais. 
Mesmo assim, a criação da qualificadora é suficiente para estabilizar as expectativas dos cidadãos no que tange a postura 
esperada do legislador diante da problemática social. 
A função simbólica contribui para a chamada hipertrofia do Direito Penal, criando um Direito Penal do medo e do terror. O 
fenômeno da hipertrofia está compreendido dentro de uma produção legislativa descontrolada (inflação legislativa), voltada 
a conferir soluções aos problemas sociais com recurso ao reforço punitivo do Direito Penal e não por meio da implementação 
de politicas publicas efetivas, que tratem a raiz do problema. É o chamado Direito Penal de Emergência, que, ao propor 
soluções imediatistas para os problemas sociais, conduz a uma situação de descrédito do Direito Penal no médio e no longo 
prazo. 
f) Função motivadora 
A ameaça de uma sanção motiva as pessoas a não violar as normas penais. 
g) Função de redução da violência estatal 
Proposta por Jesus Maria Silva Sanches, a função de redução da violência estatal visa fazer da aplicação da pena (que é uma 
violência do Estado para com o cidadão) algo o menos violento possível. Essa função pode ser traduzida na expressão:“quanto menos Direito Penal, melhor.” 
h) Função promocional 
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O Direito Penal deve auxiliar no desenvolvimento de uma sociedade ao promover determinados valores como a preservação 
dos recursos ambientais. 
 
FONTES DO DIREITO PENAL 
As fontes do Direito Penal dizem respeito às formas pelas quais o Direito Penal é criado e os modos pelos quais ele se 
manifesta. 
Fontes materiais, substanciais ou de produção 
Dizem respeito à criação do Direito Penal pela União (Art. 22, I, CP). 
LEMBRE-SE: Os estados federados também podem legislar sobre Direito Penal, desde que preenchidos dois requisitos: (i) 
deve se tratar de questão específica de interesse local do estado e (ii) autorização da União mediante Lei Complementar (LC). 
Fontes formais, cognitivas ou de conhecimento 
 Dizem respeito à aplicação do Direito Penal, como ele se revela e se manifesta. As fontes formais se subdividem em: 
I- Fontes formais imediatas: é a lei, pois é ela, lei ordinária, a responsável por criar crimes e cominar penas (Art. 1º, CP c/c 
Art. 5º, XXXIX, CF-88). 
Art. 1º, CP. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Art. 5º, XXXIX, CF-88. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
OBS: Alguns autores sustentam que a Constituição é fonte imediata do Direito. No entanto, embora seja possível a 
Constituição criar crimes e cominar penas, como ela de fato faz, essa não é a sua função precípua assim também como a 
JURISPRUDÊNCIA para alguns autores é classificada como fonte imediata. 
II- Fontes formais mediatas: São as que auxiliam na aplicação do Direito Penal, tais como a Constituição Federal, a 
jurisprudência (Cleber Masson) (conjunto de decisões reiteradas sobre um mesmo assunto), a doutrina, o costume (repetição 
de um comportamento em face da crença na sua obrigatoriedade), os tratados e convenções internacionais sobre Direitos 
Humanos, os atos administrativos e os princípios gerais do Direito. 
O costume possui um elemento objetivo (reiteração do comportamento) e outro subjetivo (crença na obrigatoriedade). É 
esse elemento subjetivo que diferencia o costume jurídico do mero hábito. 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
Introdução 
Conceito: é a atividade mental que busca alcançar o significado, isto é, o conteúdo da lei penal. Toda e qualquer norma 
penal, por mais simples que se apresente, deve ser interpretada. 
ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO 
Quanto ao sujeito: autêntica, judicial ou doutrinária 
a) Autêntica: é aquela efetuada pelo legislador mediante a edição de uma outra lei. A lei interpretativa pode ser contextual 
(quando editada ao mesmo tempo em que a lei interpretada – Ex.: explicação do que é “condição de mulher” na 
qualificadora do feminicídio) ou posterior (quando o legislador edita a lei interpretativa para sanar dúvidas que não eram 
previstas ao tempo de edição da lei). 
Art. 121. Matar alguem: 
[...] 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
[...] 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
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- A lei interpretativa é de aplicação obrigatória, podendo ser aplicada para fatos passados, ainda que para prejudicar o réu, 
uma vez que ela não cria crime. O crime já havia sido criado, de modo que a lei vem apenas para esclarecer o seu conteúdo. 
b) Judicial: é aquela efetuada pelos juízes e tribunais, não sendo, em regra, obrigatórias. A interpretação judicial só é 
obrigatória na decisão do caso concreto quando constitui enunciado de súmula vinculante. 
c) Doutrinária: é aquela efetuada pelos estudiosos do Direito Penal. 
ATENÇÃO: A Exposição de Motivos do Código Penal (CP) – ou de qualquer outra lei – constitui interpretação doutrinária. 
Quanto aos meios ou métodos: gramatical e lógica 
a) Gramatical: também chamada de sintática, a interpretação gramatical é a espécie de interpretação mais simplista de 
todas, pois se apega ao sentido literal das palavras. 
b) Teleológica: é aquela que leva em conta os fins a que lei se destina, bem como elementos de cunho histórico e de Direito 
Comparado. 
 
Quanto ao resultado: declaratória, extensiva ou restritiva 
a) Declaratória: é aquela em que há perfeita coincidência entre o texto da lei e sua vontade. Em outras palavras, a lei disse 
exatamente o que queria dizer. 
b) Extensiva: é aquela em que a lei disse menos do que queria. Exemplo clássico é a interpretação extensiva relacionada à 
proibição da bigamia, que pode ser estendida a poligamia também. Da mesma forma, podemos lançar mão deste tipo de 
interpretação para estender a proibição da extorsão mediante sequestro para a extorsão mediante cárcere privado. 
Art. 235, CP Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
c) Restritiva: A lei disse mais do que queria, de modo que o interprete busca aplica-la com seu alcance reduzido. 
 
Interpretação progressiva, adaptativa ou evolutiva. 
É aquela na qual a lei é interpretada de modo a adaptá-la a realidade atual. 
Os que defendem a redução da maioridade penal sem a necessidade de uma nova Constituição, ou seja, por emenda, 
utilizam esse tipo de interpretação ao dizer que o adolescente de 16 (dezesseis) anos de hoje é diferente do adolescente da 
época em que a Constituição foi promulgada. 
Interpretação analógica ou intra legem (dentro da lei). 
Não se confunde com analogia, dado que a analogia vem para colmatar uma lacuna (forma de integração) e a interpretação 
analógica ocorre sempre que o legislador traz para o texto da lei uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica. 
(...) “mediante paga ou promessa (formula casuística) de recompensa ou por qualquer outro motivo torpe (fórmula 
genérica).” 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984): 
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
(...) “a embriaguez pelo álcool ou por qualquer substancia de efeitos análogos” 
Art. 28, CP. Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
É notável que a interpretação analógica é utilizada nos casos em que o legislador vê-se confrontado com a inviabilidade de 
disciplinar todas as situações da vida social dentro do texto legal, bem como da impossibilidade de alteração constante da lei. 
 
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Princípios Penais Fundamentais Princípios são valores fundamentais que inspiram a criação e a aplicação do Direito Penal. 
O Direito é formado por normas jurídicas sendo essas subdivididas em: 
 
Regras e Princípios. 
Qual a diferenças entre as regras e os princípios? 
As regras são fixas, rígidas e absolutas. Os princípios, por sua vez, são maleáveis, isto é, são flexíveis. Em relação à afirmação 
de que os princípios são valores fundamentais que inspiram a criaçãoe a aplicação do Direito Penal, a “criação” refere-se ao 
fato de que os princípios se dirigem ao legislador, ou seja, eles antecedem a própria lei. 
Além disso, a “aplicação” dos princípios é voltada ao operador do direito. Assim, em breve síntese, os princípios devem ser 
observados tanto na criação da lei (Poder Legislativo), quanto na aplicação da lei ao caso concreto (pelo operador do direito). 
Existem princípios que se encontram expressamente positivados no ordenamento jurídico brasileiro. Como exemplo disso, 
tem-se o princípio da reserva legal, o princípio da anterioridade, o princípio da individualização da pena. Entretanto, também 
existem princípios que, embora não previstos expressamente na legislação brasileira, são extraídos do sistema jurídico 
globalmente considerado. Como exemplos de princípios implícitos, tem-se o princípio da proporcionalidade e o princípio da 
insignificância. 
 
Princípio da intervenção mínima 
A aplicação da lei penal deve ser feita de forma subsidiária e fragmentária, tendo em vista que esse é o mais gravoso dos 
ramos jurídicos. O Direito Penal é o ramo jurídico responsável por conceituar o crime como conduta e a pena como 
conseqüência é mais gravoso dos ramos jurídicos que tem como principal objetivo proteger os bens jurídicos mais 
importantes da vida em sociedade. A função do Direito Penal que identifica determinadas condutas como criminosas ou 
contravencionais cominando a essas condutas penas ou medidas de segurança tem como objetivo proteger os bens jurídicos 
mais importantes da vida em sociedade. 
O Direito Penal contemporâneo, portanto, só pode ser aplicado quando necessário, tendo em vista que ele é o mais gravoso 
dos ramos jurídicos. Assim sendo o princípio da intervenção mínima é o princípio constitucional implícito, porque essa noção 
que o Direito Penal deve proteger os bens jurídicos mais importantes da vida em sociedade classificando determinadas 
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condutas como criminosas ou contravencionais, cominando a essas penas ou medidas de segurança advém do próprio 
Estado Democrático de Direito que valoriza direitos fundamentais do cidadão e o respeito à norma por parte de todos os 
indivíduos. O Direito Penal, portanto, serve precipuamente para proteger os bens jurídicos mais importantes e para proteger 
o próprio criminoso da folha punitiva estatal. Assim sendo, o princípio da intervenção mínima vai dizer que o Direito Penal, a 
pena, só se aplica quando necessária proteger os bens jurídicos mais importantes a vida em sociedade, portanto a aplicação 
do Direito Penal deve se dá de forma subsidiária e fragmentária. 
Os princípios da subsidiariedade e da fragmentariedade são desdobramentos do princípio da intervenção mínima. 
 
Princípio da subsidiariedade 
O Direito Penal é subsidiário a todos os outros ramos do Direito. Classifica a norma penal como “última ratio”, ou seja, última 
forma de proteger os bens jurídicos mais importantes da vida em sociedade. 
 
Princípio fragmentariedade 
O Direito Penal protege apenas fragmentos dos bens da vida, ou seja, o Direito Penal somente protege os bens jurídicos mais 
importantes da vida em sociedade. 
Um desdobramento lógico do princípio da fragmentariedade é o princípio da insignificância. 
 
Princípio da insignificância 
A conduta que não ofende de forma relevante o bem jurídico tutelado é penalmente irrelevante. 
O princípio da insignificância não está prevista expressamente na Constituição, não está previsto no Código. Esse princípio foi 
inserido no Direito Penal moderno por Claus Roxin no qual o princípio tem base tirada do Direito privado, mais 
especificamente no Direito Romano. 
Quando o princípio da insignificância é aplicado no Direito Penal hoje tem uma natureza específica, pois exclui a tipicidade 
material. 
A tipicidade é o juízo de adequação entre a conduta e a norma penal, entra a conduta e o tipo, entre a ação do agente e o 
tipo penal que prevê a norma incriminadora. 
Tipicidade material é o conteúdo do crime, ou seja, violação ao bem jurídico tutelado enquanto a tipicidade formal é a forma. 
2° - Nenhuma periculosidade social da ação 
3° - Baixo grau de reprovabilidade do comportamento 
4° - Inexpressividade da lesão jurídica 
Obs.1: Inf. 439, STJ 
Obs.2: Art. 289, CP – crime de moeda falsa / HC 187077 - STJ 
Tutela-se a fé pública e a credibilidade no sistema financeiro nacional trazem na sua essência periculosidade social, portanto 
não se aplica o crime de insignificância em crimes de moeda falsa. 
Se a falsificação for esdrúxula não há crime de falsificação, mas sim estelionato. 
Obs.3: Inf. 793, STF / Inf. 756, STF / Inf. 717, STF / Inf. 534, STJ / Inf. 520, STJ 
A jurisprudência costuma afirmar que o princípio da insignificância, em caso de reincidência ou maus antecedentes deve ser 
analisado caso a caso. 
A reincidência pode afastar a aplicação do princípio da insignificância quando for prova da habitualidade criminosa em delitos 
daquela natureza, pois o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento não estará presente. 
Obs.4: Lei 10522/02 – art. 20 / Inf. 536, STJ / Ag Reg no REsp 625888 / Inf. 739, STF / RHC 66291/PR - STJ 
 Costuma-se dizer que o princípio da insignificância pode se aplica em crimes contra a ordem tributária quando o valor da 
dívida não ultrapassa dez mil reais, entendimento do STJ. Porém, em 2012 duas portarias do Ministério da Fazenda Nacional 
modificaram esse panorama (Portaria 75/12 e 130/12) elevado o valor para vinte mil reais. O STJ não seguiu, pois segundo 
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seu entendimento o Ministério da Fazenda não haveria competência para modificar um entendimento que havia sido 
consolidado com base na lei em sentido estrito. Obs.5: Inf. 667, STF 
Ato infracional é a conduta típica e ilícita praticada pela criança ou adolescente. O princípio da insignificância exclui a 
tipicidade. Obs.6: Aplica-se o princípio da insignificância em crimes ambientais contando que os requisitos estejam presentes. 
Por exemplo, crimes de pesca ilegal. Obs.7: Inf. 624, STF 
Não se aplica o princípio da insignificância em rimes contra a administração pública, pois a moralidade administrativa não é 
violada de forma inexpressiva, mas o STF costuma aplica o princípio quando os requisitos estão presentes. Por exemplo, 
peculato de material de escritório. SUMULA 599 STJ 
No caso dos militares, o STF afirma que não é possível aplicar o princípio da insignificância. Isso porque os militares são 
regidos pela hierarquia e pela disciplina. 
Além disso, o militar transmite uma sensação de segurança pública e ele não pode se aproveitar da autoridade do cargo para 
praticar crimes. 
 
Aplicação pela autoridade policial 
É possível que a autoridade policial aplique o princípio da insignificância? 
Em relação a este questionamento, há duas correntes: 
1ª) Não. 
Essa posição já foi adotada pelo STJ (HC 154.949 – Informativo 441). O STJ afirmou que essa função é exclusiva do Poder 
Judiciário. 
2ª) Sim. 
A autoridade policial pode aplicar no princípio da insignificância no caso concreto. 
Os que entendem ser possível, defendem que a natureza jurídica do princípio da insignificância possibilita tal aplicação, já 
que o fato é atípico. 
 
Princípio da Proibição do “Bis in idem” 
Este princípio ressalta que não se admite, em hipótese alguma, a dupla punição do agente pelo mesmo fato. 
Está previsto no art. 8º, 4, Pacto de São José da Costa Rica:“Art. 8º (...) 
 O acusado absolvido por sentença passada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos.” 
O Pacto de São José da Costa Rica foi incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto nº 678/1992. 
Súmula 241, STJ: “ A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como 
circunstância judicial.” 
Para entender a Súmula 241, STJ, imagine o caso em que o agente tem uma única condenação definitiva. A reincidência é 
agravante genérica, ou seja, incide na segunda fase de aplicação da pena privativa de liberdade. Desta forma, se essa 
condenação definitiva caracterizou reincidência, ela não pode, ao mesmo tempo, ser usada como circunstância judicial 
desfavorável (mau antecedente), pois isso caracterizaria bis in idem. 
Entretanto, se o agente possui duas condenações definitivas, a primeira delas será usada como reincidência e a segunda será 
usada como mau antecedente. 
 
Princípio da irrelevância penal do fato / bagatela impróprio / insignificância imprópria 
É aquele aplicado quando a conduta não ofende de forma relevante os bens jurídicos tutelados pela norma penal. 
No princípio bagatela impróprio a conduta nasce relevante para o Direito Penal, entretanto, por motivos posteriores a ação 
ou omissão a aplicação de pena se torna desnecessária. Por exemplo, perdão judicial. 
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Luiz Flávio Gomes diz que o perdão judicial é uma das manifestações do princípio bagatelar impróprio, entretanto, perdão 
judicial depende de previsão legal e o princípio bagatelar impróprio supostamente não necessitaria de previsão legal 
específica. 
Defende esses autores que ao art. 59 do CP dá liberdade ao juiz para analisar as circunstancias judiciais e decidir pela 
aplicação de pena, conforme demonstram-se necessária e suficiente para aprovação e reprovação do crime. 
 
Princípio da Adequação Social 
O Direito Penal não deve alcançar as condutas que não ofendem o sentimento social de justiça. 
Há duas correntes para a aplicação do princípio da adequação social, são elas: 1ª – O princípio da adequação social destina ao 
legislador 
Deve na cominação de condutas deixar de fora das normas incriminadoras aquelas que não mais ofendem o sentimento 
social de justiça, aquelas que não mais são consideradas violadoras da ordem social vigente. 
 Sobre essa conduta o juiz não poderia sob fundamento do princípio da adequação social deixar de aplicar uma pena, tendo 
em vista que os costumes poderiam afastar a aplicação da lei penal em sentido estrito. 
2ª – O princípio da adequação social não só se destina ao legislador na cominação de penas como também se destina ao juiz 
na aplicação das penas 
Para essa segunda conduta poderia o juiz deixar de aplicar à pena tendo como fundamento o princípio da adequação social. 
Por exemplo, circuncisão. 
A jurisprudência tende a primeira corrente. Existem julgados tanto no STJ quanto STF que decidem que condutas, por 
exemplo, vendedores em shoppings populares não são justificáveis pelo princípio da adequação social mesmo se ele tiver o 
alvará da prefeitura para funcionar, pois a autorização do Estado ou costume na venda de produtos que ofendam os direitos 
autorais são, literalmente, objeto de contrabando não justificáveis a conduta pelos costumes locais. 
STF decidiu que delitos, como por exemplo, casas de prostituição continuam tipificadas formalmente e materialmente e o 
legislador que deve retirá-los do ordenamento conforme a conduta não seja mais reprovável socialmente. 
 
Princípio da Lesividade 
O Direito Penal não pode alcançar a conduta que não viola bens jurídicos, portanto não se podem punir atitudes internas, 
pensamentos, condições, características, ideologias, comportamentos que só violam bens jurídicos próprios e sim a violação 
de bens jurídicos de terceiros. 
Parte da doutrina, como Cesar Roberto Bitencourt, afirma que em nome desse princípio certos crimes de perigos (abstratos) 
são inconstitucionais. Crimes de perigo são aqueles que não descrevem condutas que violam bens jurídicos, mas assim como 
condutas que levam perigo de lesão ao bem jurídico, probabilidade de lesão ao bem jurídico. 
Os crimes de perigo abstrato se diferenciam dos crimes de perigo em concreto, o primeiro são aqueles nos quais o perigo 
está absolutamente presumido com a prática da conduta enquanto que no segundo não basta à prática da conduta é 
necessário provar a probabilidade de lesão ao bem jurídico no caso concreto. 
Entretanto o STF não vê inconstitucionalidade nos crimes de perigo abstrato, inclusive o STF costuma afirma que crimes 
como tráfico de drogas e porte ilegal de armas são crimes de perigo abstrato não importando assim a quantidade e a pureza 
da droga para a cominação da pena (Inf. 818, ST). 
 
Princípio da Alteridade 
Afirma que não se podem punir condutas que não violam o bem jurídico de terceiro, ou seja, não se podem punir condutas 
que só violam os próprios bens jurídicos. O princípio da alteridade é um desdobramento lógico ao princípio da lesividade. 
 
Princípio da Culpabilidade 
Não há pena nem crime sem culpabilidade remete ao próprio conceito de culpabilidade que possui duas perspectivas 
distintas. 
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 Culpabilidade diz respeito ao pressuposto do crime e ao limite da pena, pois culpabilidade é juízo de reprovação pessoal. 
Não há crime e nem pena sem o terceiro elemento do conceito tripartite e analítico de crime que é a culpabilidade. 
Sobre uma segunda perspectiva, culpabilidade vem como limite da pena, pois no art. 59 do CP culpabilidade vem como 
critério de fixação da pena base na dosimetria penal, portanto culpabilidade é limite da pena. 
Existe na doutrina clássica um terceiro desdobramento do princípio da culpabilidade que proíbe a responsabilidade objetiva, 
ou seja, aquela que se aplica sem dolo ou culpa. Tome cuidado, pois não está atualizada essa tese. 
 
Princípio da Pessoalidade / Intranscendência da pena (art. 5°, XLV, CF) 
Responsabilidade penal é pessoal e intransferível, mas a obrigação de reparar o dano ou o perdimento de bens podem serem 
transmitidos na força da herança. 
Quando falamos em perdimento de bens falamos em ação extrapenal da condenação que diz respeito ao perdimento tanto 
aos objetos do crime quanto da vantagem obtida com o crime. 
A pena de multa continua sendo intransferível, continua sendo não transferida aos herdeiros mesmo nas forças da herança 
por não perder o seu caráter penal. 
 
Princípio da Individualização da Pena (art. 5°, XLVI, CR) 
O princípio da individualização da pena vai além da cominação como também na aplicação e também na execução da pena. 
O princípio da individualização da pena exige que a lei regulamente e, portanto possibilite a individualização em todas as 
esferas. Assim, sendo é inconstitucional a lei que faz ao contrário, ou seja, que impossibilita, veda de forma absoluta “ex 
legis” e objetiva a individualização da pena ao crime praticado e ao criminoso. 
Três julgados do STF que determinaram a inconstitucionalidade de institutos que eram muito importantes no Direito Penal, 
porém violavam o princípio da individualização da pena, são eles: a) inconstitucional os crimes hediondos (HC 82959); b) 
considerou regime inicialmente fechado obrigatório é inconstitucional (HC 111840); e c) inconstitucional a lei de drogas na 
medida em que proíbe a substituição de pena (HC 97256 / Súmula Vinculante 26 / Súmula471, STJ). 
 
Princípio da Legalidade (art. 5°, XXXIX, CR) 
É uma das principais garantias fundamentais da magna carta. Não há crime sem lei anterior que o defina, não há pena sem 
prévia cominação legal. 
O princípio da legalidade se dá em 04 desdobramentos, são elas: 1° - Lei escrita O princípio da legalidade exige lei escrita, ou 
seja, o Código Penal não é um Código de Ética no sentido que os costumes não podem exercer uma influencia negativa sobre 
a lei penal,sobre o criminoso, sobre o fato praticado. O costume incriminador é algo que não pertence ao Estado 
Democrático de Direito, somente a lei escrita, portanto a reserva legal é necessária para se incriminar condutas. 
 
2° - Lei Estrita 
Exige-se lei estrita, ou seja, a lei ordinária ou complementar pode cominar penas e tipificar condutas criminosas. Primeiro 
retira-se da esfera de incriminação de todos os diplomas informativos e infralegais, retiramos inclusive a Medida Provisória, 
pois ela no campo do Direito Penal não pode cominar penas e nem tipificar crimes. 
O STF tem decidido em seus julgados que a MP pode sim ter conteúdo penal quando a norma por ela positivada é ampliativa 
de direitos e não restritiva, por exemplo, a Lei de Armas que trazia um prazo para que o indivíduo entregasse ou registrasse a 
arma. Esse prazo tinha natureza “abolitio criminis” temporária, pois foi ampliado através de MP. 
Cuidado, pois a própria Constituição Federal em seu art. 62, §1°, b diz que “é vedada a edição de MP sobre matéria relativa à 
Direito Penal, Processual Penal e Processual Civil”. 
A analogia em desfavor do réu “in malam partem” está vedada pelo princípio da legalidade. Analogia é o método de 
integração da norma do qual o intérprete constata uma omissão legislativa. 
 
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Não confundir analogia com interpretação analógica, pois analogia pressupõe ausência da lei e interpretação analógica a 
própria lei propõe a ampliação de suas hipóteses de aplicação através de uma fórmula genérica que se segue a uma fórmula 
casuística, por exemplo, homicídio qualificado por paga promessa de recompensa ou por qualquer outro motivo torpe. 
A interpretação extensiva tenta retirar o conceito inserido na própria norma, no próprio tipo penal quando a lei diz menos do 
que ela deveria dizer e quando aquele conceito obviamente, por sua própria natureza abrange outros termos, outras 
situações que fazem parte daquele contexto (art. 176, CP). 
 
3° - Lei certa / princípio da Taxatividade / Legalidade penal estrita 
A norma penal não pode criminalizar comportamentos abertos, a lei penal deve ser estrita, não há crime sem lei anterior que 
o defina. 
Os tipos penais abertos são um convite para que juízos e governos autoritários possam preencher aquele quadro normativo 
na forma que melhor lhes convier. 
O princípio da taxatividade vem restringir a tipificação a comportamentos delimitados, a condutas. 
 
4° - Lei prévia (art. 5°, XL, CR) 
A norma penal que prejudica o réu deve ser anterior ao fato praticado. A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
Por exemplo, a Lei 12650/2012 que aumentou o prazo prescricional para crimes sexuais contra crianças e adolescentes, 
nesses crimes a prescrição só começa quando a vítima completa 18 anos, ou quando o Ministério Público oferece a denúncia. 
Princípio da reserva legal Princípio da legalidade 
Esse princípio está no art. 5º, XXXIX, da CF/88: 
CF, art. 5º, XXXIX: “Não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal.” 
O princípio da reserva legal depende de lei em sentido estrito 
(é uma lei em sentido formal e material). 
Obs.: 
Lei em sentido formal: é aquela que tem forma de lei, ou seja, 
é aquela que foi criada de acordo com o processo legislativo 
previsto na Constituição Federal. 
Lei em sentido material: é aquela que trata de conteúdo 
constitucionalmente destinado à lei. 
O princípio da legalidade está no art. 5º, II da CF/88: 
CF, art. 5º, II “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa senão em virtude de lei.” 
O princípio da legalidade se contenta com a lei em sentido 
amplo, ou seja, qualquer ordem emanada do Estado (lei 
ordinária, decreto legislativo, resolução etc.). 
 
As medidas provisórias podem ser utilizadas pelo Direito Penal? 
Há duas correntes: 
1ª) SIM, é possível, desde que para favorecer o réu. 
Obs.: Essa posição, historicamente, vem sendo adotada pelo STF. 
Exemplo: medidas provisórias editadas para, por certo período, excluir o crime de porte ilegal de arma de fogo e facilitar a 
entrega das armas pela população. 
 
2ª) NÃO, pois as medidas provisórias não podem ser utilizadas no Direito Penal. 
Essa é uma posição chamada de “constitucionalista”, pois o art. 62, §1º, I, “b”, CF, preceitua: 
CF, art. 62, §1º, I, b: 
“Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, 
devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
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§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
I – relativa a: 
(...) 
b) direito penal, processual penal e processual civil; 
Princípio da reserva legal (estrita legalidade) e princípio da legalidade são a mesma coisa? 
Existem autores que tratam esses princípios como sinônimos. Parte da doutrina, entretanto, considera que tais princípios são 
diversos. 
 
Princípio da Anterioridade 
O princípio da anterioridade está previsto no art. 1º, CP; e no art. 5º, XXXIX, CF: 
CP, art. 1º. “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” 
CF, art. 5º, XXXIX: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.” 
Atenção: o princípio da reserva legal e o princípio da anterioridade são inseparáveis e se complementam. Por isso, tanto a CF 
quanto o CP tiveram o cuidado prevê-los de forma conjunta. 
a) Conceito: 
A lei penal deve ser anterior ao fato que se pretende punir, ou seja, a lei penal apenas poderá ser aplicada para os fatos 
praticados após a sua entrada em vigor. 
➢ Qual é o efeito automático do princípio da anterioridade? 
O efeito automático é que a lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu (art. 5º, XL, CF). 
Obs.: a lei penal benéfica goza de retroatividade (aplicação da lei a fatos anteriores à sua entrada em vigor) e ultratividade 
(aplicação da lei mais benéfica - mesmo depois de revogada - se o fato foi praticado enquanto ela estava em vigor). A 
retroatividade e a ultratividade são espécies do gênero extra-atividade. 
Princípio da exclusiva Proteção de Bens Jurídicos 
O que são bens jurídicos? 
São valores ou interesses relevantes para a manutenção e o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. 
O Direito Penal não deve se preocupar com questões morais, políticas, éticas, religiosas, filosóficas, etc. 
Todo bem jurídico deve ser tutelado pelo Direito Penal? 
Não. Apenas os bens jurídicos mais importantes comportam a proteção do Direito Penal. 
Quem escolhe quais são os bens jurídicos que devem ser tutelados pelo Direito Penal? 
A escolha é feita pela Constituição Federal. Nesse diapasão, surge a chamada “teoria constitucional do Direito Penal”. 
 
A teoria constitucional do Direito Penal 
O Direito Penal só é legítimo quando tutela valores consagrados na Constituição Federal. Todo crime deve ter fundamento 
de validade na CF. 
Exemplo: o homicídio (art. 121, CP) é crimeporque a Constituição Federal, em seu artigo 5º, assegura a todas as pessoas o 
direito à vida. 
Claus Roxin: “Um conceito de bem jurídico vinculante político-criminalmente só pode derivar dos valores garantidos na lei 
fundamental, do nosso Estado de Direito baseado na liberdade do indivíduo, através dos quais são marcados os limites da 
atividade punitiva do Estado”. 
Atenção: na lei suprema de qualquer país, a liberdade é a regra. Se a Constituição Federal coloca a liberdade como regra, 
somente a CF pode indicar quando a criação de crimes é válida. Desse modo, os bens jurídicos merecedores de tutela penal, 
os quais podem tirar a liberdade do indivíduo, devem estar previstos na Constituição Federal. 
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PRINCIPAIS PRINCIPIOS COBRADOS EM PROVA- RESUMÃO 
 
 
ÚLTIMA OLHADA ANTES DA PROVA 
 
 
 
 
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LEI PENAL NO TEMPO 
Quando fala em lei penal no tempo fala em sucessão de leis e os efeitos dos delitos já praticados antes, durante e depois da 
sucessão. 
 
 LEI PENAL EM BRANCO 
Conceito 
Franz Von Liszt dizia que as normas penais em branco são como “corpos errantes em busca de alma.” 
Observação n. 1: toda lei incriminadora tem um preceito primário e um preceito secundário. 
 Preceito primário: é a definição da conduta criminosa. 
Preceito secundário: é a pena cominada. 
Assim, a norma penal em branco é aquela cujo preceito secundário é completo, mas o preceito primário precisa de 
complementação. 
Espécies 
a) Homogênea ou lato sensu 
É aquela em que o complemento tem a mesma natureza jurídica da lei penal a ser complementada. Em outros termos, a lei 
penal é complementada por outra lei. 
A lei penal em branco homogênea pode ser: 
a.1) homovitelina: é aquela em que a norma penal e o seu complemento se encontram no mesmo diploma legal (exemplo: 
CP, art. 304). 
CP, art. 304: “Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a 
cominada à falsificação ou à alteração.” 
a heterovitelina: é aquela em que a norma penal e o seu complemento estão contidos em diplomas legislativos diversos 
(exemplo: crime de apropriação de tesouro). 
CP, art. 169, parágrafo único, inc. I: “quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que 
tem direito o proprietário do prédio”. 
b) Heterogênea, stricto sensu ou fragmentária 
A lei penal heterogênea é aquela que é complementada por um ato administrativo. 
Isso não viola o princípio da reserva legal, pois o conteúdo mínimo está descrito na lei e o ato administrativo é mero 
complemento. 
Exemplo: 
Art. 33, caput, da Lei 11.343/2006: “Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à 
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer 
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. 
Observação n. 2: no caso do exemplo citado, a complementação é feita na Portaria 344/1998 da ANVISA. 
c) Ao avesso ou inversa 
É aquela em que o preceito primário é completo, mas o preceito secundário depende de complementação. Em outras 
palavras, há o crime, mas falta a pena. 
Na norma penal em branco ao avesso, o complemento será obrigatoriamente uma lei, em razão do princípio da reserva legal. 
Exemplo: art. 1º da Lei nº 2.889/1956 (genocídio) 
Art. 1º da Lei 2.889/1956: “Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou 
religioso, como tal: 
a) matar membros do grupo; 
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b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; 
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; 
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; 
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; 
Será punido: 
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; 
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; 
Com as penas do art. 270, no caso da letra c; 
Com as penas do art. 125, no caso da letra d; 
Com as penas do art. 148, no caso da letra e;” 
Observação n. 3: genocídio não é crime contra a vida. Genocídio é crime contra a humanidade, é crime contra a diversidade 
humana. Assim, é crime de competência da justiça comum (estadual ou federal) e não é de competência do Tribunal do Júri. 
 
d) De fundo constitucional 
Norma penal em branco de fundo constitucional é aquela cujo complemento é um dispositivo da Constituição Federal. 
Exemplo: 
CP, art. 121, § 2º, VII: 
“Art. 121 – Matar alguém: 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da 
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou 
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:” 
 
e) Ao quadrado 
A norma penal em branco ao quadrado é aquela em que o complemento da norma também precisa de complementação. 
Exemplo: 
Art. 38 da Lei 9.605/1998: “Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, 
ou utilizá-la com infringência das normas de proteção”. 
O que é floresta de preservação permanente? 
O complemento está no art. 6º da Lei nº 12.651/2012 (Código Florestal): 
Art. 6º da Lei 12.651/2012: “Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por 
ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais 
das seguintes finalidades. 
 
LEI PENAL NO TEMPO 
Introdução 
Depois da sua criação e publicação, a lei produz efeitos até ser revogada por outra lei. Em outras palavras, lei só se revoga 
por outra lei. Trata-se do princípio da continuidade das leis. 
Observação n. 4: o desuso não revoga lei. O costume, por mais consolidado que seja, também não revoga lei. 
Decisão judicial, ainda que proferida pelo STF em sede de controle concentrado de constitucionalidade, também não revoga 
lei, somente retira a sua eficácia. 
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A revogação pode ser: 
• Total, também chamada ab-rogação; e 
• Parcial, também chamada de derrogação. 
 
Conflito de leis penais no tempo: Direito Penal intertemporal 
O conflito ocorre quando uma nova lei penal entra em vigor, revogando a anterior. 
Esse conflito de leis penais no tempo é solucionado pelo Direito Penal Intertemporal. Direito Penal intertemporal, portanto, é 
o conjunto de normas que solucionam o conflito de leis penais no tempo. 
No direito intertemporal há uma regra geral: tempus regit actum. Aplica-se a lei penal que estava emvigor na data em que o 
fato foi praticado. 
Exceções: dizem respeito à lei penal benéfica. A lei penal benéfica, conforme art. 5º, XL, CF/1988, retroage para beneficiar o 
réu. 
 
Lei penal benéfica: retroatividade e ultratividade 
A retroatividade é a aplicação da lei penal para os fatos passados. 
A ultratividade é a aplicação da lei penal benéfica para o futuro. Ou seja, a lei penal benéfica continua aplicável, mesmo 
depois de revogada, se o fato foi praticado enquanto estava em vigor. 
 
 Espécies: abolitio criminis e novatio legis in mellius 
a) Abolitio criminis 
Abolitio criminis é a nova lei que torna atípico o fato até então considerado criminoso. 
Natureza jurídica: abolitio criminis é causa de extinção da punibilidade (CP, art. 107, III1). Tecnicamente, a abolitio criminis 
apaga a própria tipicidade do fato e, por consequência, retira do Estado o direito de punir. 
1 CP, art, 107, III: “Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;” 
A abolitio criminis vem indicada no art. 2º do CP: 
CP, art. 2º, caput: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a 
execução e os efeitos penais da sentença condenatória”. 
Atenção: a abolitio criminis cessa a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Entretanto, subsistem os 
efeitos extrapenais (exemplo: obrigação de reparar o dano causado pelo crime). 
 A abolitio criminis depende de dois requisitos: 
• revogação formal do tipo penal; 
• supressão material do fato criminoso: o fato deixa de ter relevância penal, tanto para aquele tipo penal, como para o 
ordenamento jurídico como um todo. (Exemplo: art. 240, CP – antigo crime de adultério). 
Observação n. 5: às vezes, pode ocorrer a revogação formal do tipo penal e não ocorrer a supressão material do fato 
criminoso. 
Exemplo: crime de atentado violento ao pudor, o qual constava no art. 214, CP (revogado pela Lei 12.015/2009). 
Nesse caso, não houve abolitio criminis. O que era atentado violento ao pudor, atualmente, caracteriza o crime de estupro 
(CP, art. 213). Trata-se de manifestação do princípio da continuidade normativa. Nesse caso, ocorre um mero deslocamento 
geográfico do crime (transmutação topográfica do crime). 
 
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 Novatio legis in mellius (ou Lex Mitior) 
É a nova lei que, de qualquer modo, favorece o réu. 
CP, art. 2º, parágrafo único: “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda 
que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.” 
A expressão “de qualquer modo” do dispositivo supracitado deve ser interpretada da maneira mais ampla possível 
Em caso de dúvida do magistrado acerca de qual é a lei mais favorável, há duas posições sobre como proceder: 
1ª) a dúvida deve ser sanada pelo próprio juiz (Poder Judiciário). 
2ª) o juiz deve perguntar ao réu. 
Observação n. 6: no caso da novatio legis in mellius, o crime continua existindo. 
 
Lei penal benéfica e vacatio legis 
A lei penal benéfica pode ser aplicada durante o prazo de vacatio legis? 
Durante seu período de vacatio, a lei não pode ser aplicada nem para prejudicar nem para beneficiar o réu. 
 
Pontos comuns à abolitio criminis e à novatio legis in mellius 
 o trânsito em julgado da condenação não impede a retroatividade benéfica. 
 A retroatividade benéfica é automática, ou seja, ela independe de cláusula expressa. 
 Questão n. 1: quem aplica a lei penal benéfica? A qual órgão do Poder Judiciário compete aplicar a lei penal benéfica? 
Depende do momento em que se encontra a persecução penal. 
 Tramitação em 1º grau de jurisdição: nesse caso, a lei é aplicada pelo juiz respectivo. 
 Tramitação em tribunal: nesse caso, a lei é aplicada pelo tribunal respectivo. 
 Já existe condenação definitiva: o juízo da execução (Súmula 611/STF e art. 66, I, da LEP2) é o responsável pela aplicação 
da lei, pouco importa a origem da condenação. 
2 LEP, art. 66, I: “Compete ao Juiz da execução: 
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;” 
Súmula 611 STF: “Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais 
benigna”. 
 
Novatio legis incriminadora (neocriminalização) e novatio legis in pejus 
É também chamada de neocriminalização. Trata-se de nova lei que cria um crime até então inexistente. 
A novatio legis in pejus (ou lex gravior) é a nova lei que, de qualquer modo, prejudica o réu. 
Observação n. 7: tanto a novatio legis incriminadora como a novatio in pejus só se aplicam a fatos futuros, ou seja, elas nunca 
retroagem. É desdobramento lógico do princípio da anterioridade no Direito Penal. 
 
Lei penal intermediária 
Para se falar em lei penal intermediária, há necessidade de, pelo menos, três leis se sucedendo no tempo. 
 
Lei “A” Lei “B” (favorável) Lei “C” 
Crime Sentença 
No RE nº 418.876, o STF entendeu ser possível a aplicação da lei intermediária, desde que ela seja a mais favorável ao réu. 
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Observação n. 8: a lei intermediária tem retroatividade e também ultratividade: volta no tempo para atingir um fato passado 
e, também, continua aplicável, mesmo após revogada. . Combinação de leis penais (Lex Tertia ou lei híbrida) 
Questão n. 2: para favorecer o réu, o juiz pode utilizar parte da lei nova e parte da lei antiga? 
A primeira posição, defendida por Nelson Hungria, não admitia a combinação de leis penais, por entender que a combinação 
violaria o princípio constitucional da Separação dos Poderes. Nelson Hungria dizia que, se o juiz pegasse parte de uma lei e 
parte de outra, estaria exercendo a função de legislador. Essa posição sempre prevaleceu na doutrina e na jurisprudência 
brasileira. Em Portugal, esta posição é denominada de teoria da ponderação unitária (ou global). 
A segunda posição, defendida por José Frederico Marques, admite a possibilidade da combinação de leis penais: o Juiz, ao 
combinar leis penais, está apenas transitando dentro de limites previamente definidos pelo legislador. No Direito comparado, 
esta teoria é denominada de teoria da ponderação diferenciada: o juiz pode aplicar parte da lei nova e parte da lei anterior. 
Essa questão ganhou muito destaque recentemente, com o crime de tráfico de drogas. 
 
Tráfico de drogas 
Lei 6.368/1976 Lei 11.343/2006 
Crime (art. 12) Sentença (art. 33) 
Pena: 3 a 15 anos Pena: 5 a 15 anos 
Art. 33, §4º: benefício (tráfico privilegiado) 
– Informativo nº 727) não admite a combinação de leis penais. O argumento 
central é o princípio da Separação dos Poderes. 
O STJ, por sua vez, sumulou a matéria (Súmula nº 501): 
Súmula 501 do STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas 
disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a 
combinação de leis.”. 
Observação n. 8: o art. 2º, § 2º, do CPM, trata expressamente do tema: 
Art. 2º, § 2º, do CPM: “Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser consideradas 
separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato”. 
 
1.8. Lei temporária e lei excepcional 
Lei temporária é aquela que temseu prazo de vigência previamente definido no tempo. Um exemplo recente é a Lei da Copa 
(Lei nº 12.663/2012, art. 36): 
Lei 12.663/2012, art. 36: “Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência até o dia 31 de dezembro de 2014.” 
 
Lei excepcional é aquela que vigora somente em situações de anormalidade. 
 A lei temporária e a lei excepcional têm duas características fundamentais: 
a) São autorrevogáveis: elas não precisam de lei revogadora. Findo o prazo de validade ou o período de anormalidade (na lei 
excepcional), elas estarão automaticamente revogadas. 
b) Ultratividade: a lei temporária e a lei excepcional gozam de ultratividade, ou seja, continuam aplicáveis, mesmo depois de 
revogadas, se o fato foi praticado quando estava em vigor. O objetivo é evitar que manobras protelatórias ou a morosidade 
processual ou investigatória levem à impunidade do fato. 
Art. 3º do CP: “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias 
que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. 
 
 
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Lei penal em branco e o conflito de leis no tempo 
Questão n. : a alteração ou a revogação do complemento da lei penal em branco exclui o crime? 
Exemplos: 
a) Tráfico de drogas – o agente é preso por tráfico de maconha. Posteriormente, a maconha deixa de ser droga (é retirada da 
portaria da ANVISA). 
Nesse caso, o crime é excluído? SIM. 
b) Crime contra a economia popular – na época de alta inflação, o comerciante vendeu a mercadoria acima do preço de 
tabela. Após isso, a economia se estabiliza e a tabela de preços acaba. 
Nesse caso, o crime é excluído? NÃO. 
Como é possível perceber pelos exemplos citados, a resposta para a questão depende da situação. Deve-se analisar se aquele 
complemento foi criado em uma situação de normalidade ou de anormalidade/excepcionalidade. 
Quando o complemento for criado em uma situação de normalidade, ele não tem ultratividade. Nos casos de 
anormalidade/excepcionalidade, o complemento se revestirá de ultratividade, continuando aplicável mesmo depois de 
revogado. 
 
2. CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS 
É o instituto que se verifica quando, a um único fato praticado pelo agente, duas ou mais normas penais se revelam como 
aparentemente aplicáveis. 
 
2.2. Alocação 
Este instituto encontra-se localizado na interpretação da lei penal. Isto porque, para decidir qual das normas será aplicável ao 
fato típico praticado pelo agente, deve-se interpretar a lei penal. 
 
2.3. Requisitos. Distinção com o concurso de crimes e com o conflito de leis no tempo 
É com base nestes requisitos que se diferenciará o conflito aparente de normas do concurso de crimes e do conflito de leis no 
tempo. 
O conflito aparente de normas depende de três requisitos: 
a) Unidade de fato: o agente praticou um único crime. 
Esse requisito diferencia o conflito aparente de normas do concurso de crimes. No conflito aparente, há um único fato (um 
único crime), portanto, o agente responde por apenas um crime. No concurso de crimes, há dois ou mais (crimes) e o agente 
responde por todos os crimes que praticou. 
b) Pluralidade de normas aparentemente aplicáveis. 
c) Vigência simultânea de todas as normas. 
Esse requisito diferencia o conflito aparente de normas do conflito de leis no tempo. No conflito de leis no tempo, apenas 
uma lei se encontra em vigor. Há uma sucessão de leis no tempo, tratada pelo direito intertemporal. No conflito aparente de 
normas, todas as leis estão em vigor e o problema é de interpretação das normas em conflito. 
 
2.4. Finalidades 
Esse instituto possui duas finalidades: 
a) Evitar o bis in idem: evitar a dupla punição pelo mesmo fato. Se há um único fato praticado pelo agente, ele só poderá ser 
punido uma única vez (finalidade prática). 
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b) Manter a unidade lógica e a coerência do sistema (finalidade teórica): o conflito aparente de normas serve para superar as 
antinomias do Direito Penal. Em outras palavras, se há antinomias entre normas, o sistema jurídico deve superá-las, 
eliminando-as. 
 
Solução do conflito aparente: princípios 
a) Especialidade 
b) subsidiariedade 
c) consunção (absorção) 
d) alternatividade. 
No Brasil, os três primeiros princípios são unânimes na doutrina e na jurisprudência. Há polêmica, contudo, quanto ao 
princípio da alternatividade: boa parte da doutrina e da jurisprudência brasileiras não admite este princípio. 
 
Princípio da especialidade 
É princípio pacífico no mundo todo. O princípio parte de uma lógica inquestionável: a norma especial exclui a aplicação da 
norma geral. 
Observação n. 9 - A lei especial não revoga a lei geral: apenas afasta a sua aplicação no caso concreto. 
Questão n. 4: como diferenciar a lei especial da lei geral? 
 
Fórmula: Norma especial = norma geral + elementos especializantes. 
O princípio da especialidade é de aplicação obrigatória e se manifesta no plano abstrato: comparam-se as normas em 
conflito, pouco importando a gravidade dos fatos por elas tratados. 
A norma geral e a norma especial podem estar previstas no mesmo diploma legislativo (exemplo: homicídio e infanticídio) ou 
em diplomas legislativos diversos (exemplo: tráfico internacional de drogas – art. 33 da Lei de Drogas – e contrabando – art. 
334-A do Código Penal). 
 
Dois princípios devem ser levados em consideração: 
1° - Princípio da anterioridade (art. 5°, XXXIX, CR / art. 1°, CP) 
Será aplicado não só para “novatio legis incriminadora”, mas também para “reformatio legis in pejus”, ou seja, para a 
reforma de uma norma de Direito Penal material piorando a situação do acusado. 
 
2° - Princípio da retroatividade da lei penal benéfica “lex mitior” (art. 5°, XI, CF / art. 2°, CP) 
Se a norma penal de qualquer forma beneficia o agente ela retroage para alcançar os fatos anteriores. Seja retirando um 
crime do ordenamento, através de uma “abolitio criminis”, seja melhorando uma pena ou facilitando a extinção da 
punibilidade através da “reformatio legis in mellius”. 
Quando o assunto é extratividade da lei penal a “lex gravior” (piora a situação do réu) é estática. A partir do momento que a 
“lex gravior” por uma “lex mitior” a lei vai retroagir para alcançar as condutas anteriores, logo a “lex gravior” é estática sendo 
aplicada somente em crimes 
1° - “lex mitior” retroativa – crimes praticados antes da sua vigência 
2° - “lex mitior” ultrativa - para crimes praticados durante a sua vigência 
Obs. 1: Na retroatividade da lei penal benéfica não se respeita a coisa julgada, podendo a nova lei ser aplicada pelo juiz da 
execução (art. 2°, parágrafo único, CP c/c Súmula 611, STF). 
Obs. 2: A “abolitio criminis” não apaga os efeitos extrapenais do crime ou da sentença (art. 2°, CP c/c art. 107, III, CP). 
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Obs. 3: O CP adotou a teoria da atividade para determinar o tempo do crime, ou seja, o tempo do crime é o tempo da ação 
ou da omissão não importando o momento do resultado (art. 4°, CP). 
Para o lugar do crime adotou-se a teoria da ubiquidade. Lugar do crime é tanto o local da conduta quanto o localdo 
resultado (art. 6°, CP). (L.U.T.A) 
Obs. 4: No crime permanente e no crime continuado aplica-se sempre a ultima lei que entra em vigorar não importa se ela é 
a mais grave (Súmula 711, STF). 
Crime permanente é aquele que a consumação se prolonga no tempo e é o agente que controla a permanência, por 
exemplo, extorsão mediante sequestro. 
Crime continuado é uma regra de fixação de pena. 
Obs. 5: Considera-se Lei Penal Intermediária aquela que entra em vigor após a conduta, mas é revogada antes do término dos 
efeitos penais da sentença. 
A Lei Penal Intermediária pode ser aplicada se for benéfica ao réu. 
Obs. 6: Lei Penal Temporária e Excepcional é aquela que possui prazo determinado de vigência. 
 Lei Penal temporária tem prazo certo e a Lei Penal Excepcional não tem prazo certo e as duas são auto-revogáreis. 
A Lei Penal excepcional e a Lei Penal temporária (exemplo, Lei da COPA) possuem a característica de ultratividade (art. 3°, 
CP). Pois as duas são aplicáveis aos crimes praticados na sua vigência mesmo depois da sua auto-revogação. O fundamento é 
que a lei não teria eficácia social se não possuísse ultratividade maléfica. 
Autores como Zafarone e Guilherme de Souza Nucci defendem que a ultratividade da Lei Penal Temporária e Excepcional é 
inconstitucional, portanto o art. 3° da CP não teria sido recepcionado pela Constituição de 88. Pois o art. 5°, XL, CF diz que 
quando a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, estabeleceu um mandado de retroatividade. Assim sendo, não 
poderia o art. 3° estabelecer ultratividade em uma lei maléfica. 
Uma segunda corrente diz que quando uma norma penal temporária ou excepcional se auto-revoga nós não temos um 
conflito de leis penais no tempo, não temos uma segunda lei que revoga a primeira sendo benéfica uma com relação à outra, 
mas sim hipótese de auto-revogação, sendo assim não há que se falar na aplicação do art. 5°, XL, CF pois não há conflito de 
leis penais no tempo. 
 
Lei Penal no Espaço 
Extraterritorialidade (art. 7°, CP) 
Se o delito ocorreu no Brasil ou no exterior é chamado de delito à distância no qual ocorre no território nacional uma vez 
que para o lugar do crime basta ou a conduta ou o resultado se dê no território brasileiro para que tenhamos a 
territorialidade. 
As hipóteses de extraterritorialidade são hipóteses previstas em lei. As hipóteses do art. 7°, I são de hipóteses de 
extraterritorialidade incondicionada, significa que a lei brasileira é aplicável independentemente de qualquer condição, 
mesmo se o indivíduo seja condenado ou absolvido no exterior. 
São hipóteses de extraterritorialidade incondicionada: 
a) Crimes contra a vida; 
b) Crimes contra ao patrimônio (art. 155 a 180, CP) ou a fé pública de entidade da Administração Pública brasileira direta 
ou indireta (art. 289 a 311-A, CP); 
c) Crimes contra a Administração Pública praticados por quem está ao seu serviço (art. 312 a 326, CP); 
d) Delito de genocídio (art. 1° a 3° da Lei 2889/56). 
Os três primeiros incisos são fundamentados pelo princípio da proteção / princípio da defesa, ou seja, aplica-se a lei do 
país a que pertencer o bem jurídico violado. 
Na alinha d temos o princípio da universalidade / princípio da justiça penal universal / princípio cosmopolita esse 
princípio impõe um dever universal de solidariedade na punição de crimes que afetam os direitos humanos, ou seja, que 
desperta o interesse internacional a cerca da persecução penal. 
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No inciso II traz as hipóteses de extraterritorialidade condicionada no qual traz o princípio de Direito Penal Internacional. 
a) Crime que por tratado o Brasil se obrigou a reprimir (princípio da universalidade); 
b) Crimes praticados por brasileiros (princípio da nacionalidade ativa); 
c) Crimes praticados a bordo de embarcações ou aeronaves brasileiras privadas no estrangeiro quando não são punidas 
(princípio da bandeira / da representação). 
 
Se o indivíduo comete contra a vida do presidente da república do Brasil nos Estados Unidos a lei brasileira é aplicável 
independentemente de qualquer condição, mesmo se ele nunca mais entra no território nacional. Entretanto, se esse mesmo 
indivíduo comete um crime qualquer no estrangeiro e ele é brasileiro a lei brasileira só será aplicável se ele entra no 
território nacional e se o fato também é punível no país em que foi praticado. 
Portanto, o crime já está prescrito no estrangeiro não se aplica a lei brasileira se for hipótese de extraterritorialidade 
condicionada. 
O art. 7°, §3° é hipótese de extraterritorialidade super condicionada. Temos três requisitos que são: crime praticado por 
estrangeiro, contra brasileiro e fora do Brasil. É super condicionada porque temos dois outros requisitos que são: não foi 
pedido ou negada a extradição e ainda requisição do Ministro da Justiça. 
 
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Concurso Aparente de Normas 
Ocorre o concurso aparente de normas quando aparentemente quando duas normas incriminadoras são aplicáveis ao 
mesmo fato e simultaneamente. 
Não se trata de conflito de leis no tempo uma vez que as duas normas estão vigentes no tempo da conduta. Um 
indivíduo pratica uma conduta e supostamente viola duas ou mais normas. O princípio mais moderno adota a proibição do 
princípio “bis in idem” não se trata de princípio constitucional. 
Quando temos concurso aparente de normas temos 04 princípios, são eles: 
1° - Princípio da especialidade – norma especial afasta a aplicação de norma geral, pois considera especial a norma que 
possui um elemento especializante independentemente da gravidade em concreto do crime. 
Exemplos: 
- Infanticídios (art. 123, CP) / matar alguém (art. 121, CP). 
- Crime de tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11343/06) com a modalidade de importar e exportar / importar e exportar 
mercadoria proibida (art. 334-A, CP). 
 
2° - Princípio da subsidiariedade – a norma afasta a aplicação da norma subsidiária. 
Considera-se primária a norma que prevê violação mais ampla e grave ao bem jurídico tutelado. 
A subisidariedade pode ser: 
a) expressa, quando o próprio tipo penal se declara subsidiário, ou seja, quando o próprio tipo penal diz que ele só 
será aplicável se o outro crime mais grave não for praticado quando da realização da conduta. Exemplos, expor a perigo 
direto e iminente a vida de alguém (art. 132, CP), disparo de arma de fogo (art. 15, da Lei 10826/03) 
b) tácita – quando o tipo penal for elemento constitutivo ou qualificadora ou causa de aumento de outrem. 
Exemplos: 
- crime de dano (art. 163, CP); 
- crime d e furto através do rompimento de obstáculo (art. 155, §4°, I, CP) 
3° - Princípio da consunção / da absolvição – a conduta que serve como meio de preparação, execução ou mero 
exaurimento de outra é por esta absolvida. 
Entretanto ela é aplicada em 04 situações diferentes: 
a) Ante-fato impunível – quando uma conduta criminosa serve como meio de preparação necessária para outra sendo por 
esta absolvida. Por exemplo, viola domicílio para poder furtar / Súmula 17, STJ. 
b) Pós-fato impunível – uma conduta criminosa será a mero exaurimento de outrem. Temos a aplicação dessa hipótese 
quandoo agente condutor viola o mesmo bem jurídico para conseguir a vantagem que ele queria com o crime anterior. 
Exemplo, agente falsifica dinheiro (art. 289, CP) / colocar a moeda em circulação (art. 289, §1°, CP). 
c) Crime progressivo – um tipo penal na execução passa necessariamente por outros. 
d) Progressão criminosa – o agente na execução de um delito converge seu dolo com o objetivo de praticar um crime mais 
grave. 
4° - Princípio da alternatividade – é aplicado nos tipos mistos alternativos. Tipos mistos são aqueles que possuem vários 
verbos núcleos. 
 
Teoria Geral do Crime 
Conceito de crime 
 Formal 
É aquele que valoriza o princípio da legalidade e a previsão legal do delito. Formalmente falando crime é a conduta 
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definida como tal pela lei penal. 
 Material 
Crime é a conduta que viola bens jurídicos relevantes de maneira intolerável. Preservam- se os princípios da 
fragmentariedade, da intervenção mínima e o da insignificância. 
 
 Analítico 
É aquele que define o delito pela análise de seus substratos, nos quais são: a) o fato típico; 
b) a ilicitude; e c) a culpabilidade. 
Fato típico Ilicitude (antijuridicidade) 
(Art. 23, CP) 
Culpabilidade 
Conduta (ação/omissão– 
dolo/culpa) 
Estado de necessidade; Culpabilidade 
Resultado (material/jurídico) Legítima defesa Potencial consciência da 
ilicitude 
Nexo causal Estrito cumprimento do dever legal Exigibilidade de
 conduta 
diversa 
Tipicidade (formal/material) 
(tipicidade conglobante) 
Exercício regular de direito 
 
 Teorias da conduta e da culpabilidade 
 Causalismo naturalista / Teoria clássica 
Seus principais expoentes eram Von Liszt e Beling (final do Séc. XIX e início do séc. XX). 
 
Conceito de conduta 
Para o causalista naturalista definia a conduta como movimento humano voluntário que causa uma alteração no 
mundo exterior. 
A conduta penalmente relevante era aquela conduta de movimento muscular, movimento que causava uma 
alteração no mundo exterior. 
 
Conceito de culpabilidade 
Era meramente um vínculo psicológico entre o autor do crime e o resultado por ele criado. Nessa época a conduta 
era um mero movimento físico, muscular que causava uma alteração no mundo exterior. Ou seja, a culpabilidade era o 
próprio dolo e a própria culpa. 
 
Conceito analítico 
O fato típico era simplesmente a conduta no qual era o movimento muscular que proporcionava um resultado no 
mundo exterior. Resultado meramente natural e a tipicidade meramente legal, formal. 
Pregava-se no movimento causalista a total independência entre o fato típico e a ilicitude. 
A tipicidade causava qualquer juízo de valor na antijuridicidade. 
Não se permitia causas supralegais de exclusão de ilicitude. 
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Na culpabilidade o vínculo psicológico entre a conduta e o resultado era, portanto o próprio dolo e a própria culpa. 
 
Características 
1° - A conduta não permitia valoração pelo aplicador da norma; 
2° - O tipo penal era meramente objetivo (neutro ou acromático) – Não permitia que o legislador colocasse no seu 
bojo elementos subjetivos, elementos que traziam fim de agir no tipo penal; 
3° - Teoria psicológica da culpabilidade – é aquela que enxerga o terceiro substrato do conceito de crime como um 
mero vínculo psicológico entre o crime e o resultado. A imputabilidade não era um elemento da culpabilidade, mas sim um 
preço posto da culpabilidade. 
 
Críticas 
1ª - O sistema causal naturalista não explica os crimes omissivos; 
2ª – Dolo e culpa estão como espécies de culpabilidade. Se dolo e culpa estão na culpabilidade a conduta era cega, ou seja, a 
conduta dentro de um sistema causalista era analisada de um ponto de vista meramente objetivo, como um movimento que 
causava resultado; 
3ª – O tipo penal por acromático não analisa os elementos subjetivos especiais. 
 Causalismo neokantista 
 Conceito de conduta 
A conduta é um comportamento humano voluntário que causa modificação no mundo exterior. 
A conduta ainda é um comportamento que causa um resultado, resultado naturalístico, resultado material, 
entretanto, conduta não é mais conceituado como um simples movimento e sim um comportamento. Apesar de manter as 
bases causalistas, tenta-se possibilitar algumas análises um pouco mais valorativas. 
Tenta-se, portanto permitir a valoração do tipo penal, da conduta, tenta-se permitir a presença de elementos 
subjetivos do tipo penal sem abandonar os conceitos causalistas, sem abandonar, portanto a posição do dolo e da culpa na 
culpabilidade. 
 
Conceito de culpabilidade 
É tanto um vínculo psicológico entre conduta e resultado quanto um juízo de reprovação do injusto penal. 
A culpabilidade ganha uma dimensão normativa. 
A culpabilidade não é só um vínculo psicológico (dolo e culpa), entretanto esse terceiro substrato do conceito de 
crime é recheado de elementos normativos como a imputabilidade e a exigibilidade de conduta diversa. 
A culpabilidade passa a ser analisa como um juízo de reprovação e não só como um vínculo psicológico entre 
conduta e resultado. 
 
 Conceito analítico 
Dolo e culpa passam a ser elementos da culpabilidade e não espécies de culpabilidade. A imputabilidade e a 
exigibilidade de conduta diversa passam a ingressar esse substrato do crime. 
 
 Características 
1ª – A conduta pode ser valorada; 
2ª – O tipo penal não é meramente objetivo, permite-se a analise de elementos subjetivos especiais do tipo penal; 
3ª – Existe relação entre o fato típico a tipicidade e a ilicitude. 
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 Críticas 
1ª – Dolo e culpa ainda estão na culpabilidade; 
2ª – Se a conduta ainda é cega, se dolo e culpa ainda estão na culpabilidade a teoria é contraditória ao permitir elementos 
subjetivos do tipo penal 
O dolo da culpabilidade do período neokantista era chamado de dolo normativo, pois o dolo possuía não só 
elementos psicológicos, como a vontade e a consciência, como também possuía um elemento normativo que é a atual 
consciência da ilicitude. Erro de fato e de direito recaiam sobre o mesmo elemento que é o dolo. 
 
 Finalismo 
Conceito de conduta 
Conduta é o comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim que pode ser lícita ou ilícita e o 
comportamento será doloso ou culposo durante a análise. 
 
Conceito de culpabilidade 
Culpabilidade é juízo de reprovação que recai sobre o fato típico e ilícito, portanto a culpabilidade é desprovida dos 
seus elementos psicológicos e dolo e culpa são enviados ao fato típico. 
 
Conceito analítico 
Dolo e culpa são retirados da culpabilidade e ficam a potencial consciência da ilicitude e são enviados a conduta. 
 
Características 
1ª – Permite elementos subjetivos do tipo penal explicando satisfatoriamente; 2ª – Explica satisfatoriamente os 
comportamentos omissivos e o crime tentado; 
3ª – Costuma-se dizer que o finalismo é frigiu em crimes culposos porque não há em crimes culposos uma finalidade 
contrária ao ordenamento jurídico; 
4ª – O finalismo centraliza toda a base dogmática nos desvalor da conduta e menospreza o valor do resultado. 
 Críticas 
O sistema finalista ainda vigora a maioria das legislações do mundo e ainda

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