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O Brasil e a Convenção 87 da OIT

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O presente trabalho tem como tema a questão da liberdade 
sindical promovida pela Convenção nº 87 da Organização Internacional do Trabalho 
(OIT) e o seu conflito com o princípio da unicidade sindical que ainda impera no nosso 
ordenamento jurídico com fundamento no artigo 8º, da Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988. 
A Convenção da Organização do Trabalho nº 87 é famosa no Direito do 
Trabalho – Coletivo e dentre as instituições sindicais em geral, onde decorre 
sobre Liberdade Sindical, que já foi ratificada em mais de cem países, é promotora de 
grandes e acalorados debates. 
A liberdade sindical é de grande importância, pois somente com uma entidade 
sindical livre, sem subordinação aos empregadores ou às limitações e intervenções 
estatais, é que os trabalhadores poderão lutar pelos seus direitos. 
Por sua condição de Convênio fundamental, provoca a curiosidade sobre a 
sua não ratificação e aplicação mitigada em nosso ordenamento jurídico, dividindo, 
assim, opiniões jurídicas, políticas e sindicais quanto à possibilidade de sua total 
inserção a nível nacional. 
Resumindo, o texto da Convenção da Organização do Trabalho nº 87 reúne 
quatro garantias básicas: 
1 – o direito de fundar sindicatos, 
2 – o direito de administrar sindicatos, 
3 – o direito de atuação nos sindicatos e; 
4 – o direito de filiação ou desfiliação em um sindicato. 
Dentre estas garantias apresentadas no documento internacional, quase 
todos estão garantidos constitucionalmente, mas, a grande polêmica gira em torno da 
possibilidade de “fundar sindicatos”, tendo em vista que nossa CRFB/88 em seu 
art.8º,II adotou o regime de Unicidade Sindical, ou seja, numa mesma base territorial 
não é possível a criação de mais uma organização sindical de uma mesma categoria 
profissional ou econômica, atentando-se que esta base não poderá ser, inclusive, 
menor que o raio de um Município. Diferente quadro se molda quando nos atentamos 
ao regime de Pluralidade Sindical, que, de forma opositora ao preconizado no regime 
https://jus.com.br/tudo/liberdade-sindical
https://jus.com.br/tudo/liberdade-sindical
https://jus.com.br/tudo/liberdade-sindical
https://jus.com.br/tudo/sindicatos
único, admite a fundação/criação de entidades sindicais representantes de uma 
mesma categoria sem limitar espaço e legitimidade única. 
Ao iniciar uma análise do regime de Unicidade adotado por nossa legislação, 
cumpre ressaltar que, em tese, sua verdadeira intenção seria nos levar a maior 
unidade de grupo, o que levaria a uma maior força de negociação, sem maiores 
dificuldades técnicas de saber, de fato, de quem seria a verdadeira representação da 
categoria, ou seja, sem divisão de poderes. 
Há uma corrente que tem uma visão desfavorável que aponta, neste regime, 
a ausência de democracia, vez que não há possibilidade de escolha dos trabalhadores 
de qual instituição os representará e em reposta a este ponto, alega-se que há sim 
democracia, tendo em vista às eleições sindicais nas quais se pode eleger a diretoria. 
Somado a isto, vale refletir que a unicidade gera a exclusividade, que poderá vir a 
promover a acomodação das lideranças, vez que não há “concorrência”, configurando, 
desta feita, o monopólio de base. 
Os contrários a unicidade, ainda alegam o corporativismo sindical que obsta a 
evolução do sindicalismo nos países democráticos. 
A Organização do Trabalho sugere que “A unidade surgirá da pluralidade. O 
sindicato único deve nascer da pluralidade sindical pois a Convenção não garante a 
pluralidade mas sim a livre escolha do trabalhador” ou seja, a OIT preocupa-se coma 
qualidade de representação sindical, atenta para que ela não seja mero invólucro e 
sim que haja conteúdo e representatividade, termo este que vai muito além e é muito 
mais profundo do que apenas representação pois esta se refere à legitimidade 
puramente legal de manter ou fundar um sindicato enquanto àquela é o sentimento de 
segurança e confiabilidade que uma categoria possui em seu sindicato. 
Então chega o momento de perguntar o porquê do entrave para a ratificação 
e a resposta é uma composição de uma gama de assuntos que dependem de 
decisões e mudanças complexas como, por exemplo, a manutenção do sistema 
confederativo com os sindicatos e federações e, consequentemente, sua organização 
por categoria; A manutenção da polêmica contribuição sindical obrigatória e finalmente 
a abolição total da Unicidade Sindical, extirpando, de vez, o “monísmo” sindical. Na 
prática, as evoluções feitas sobre este tema iniciaram no encaminhamento da 
Convenção para o Congresso Nacional em 1949 e o Projeto de Decreto Legislativo 
tramita desde 1984; Tramita, também, duas propostas de Emenda Constitucional: 
29/2003 e 369/2005. Alega-se que não cabe a lei estruturar e regular as organizações 
de sindicatos e a unicidade determinada em nossa Carta Magna se opõe frontalmente 
a este princípio, em verdade, a ratificação sempre esbarra em questões que, na 
hodierna estrutura, só serão resolvidas com a efetiva implantação de uma Reforma 
Sindical. 
Diante do exposto, concluiu-se que o Brasil, desafortunadamente, em que 
pese tenha evoluído muito na garantia dos direitos sindicais com a Constituição 
Federal de 1988, esbarrou no momento em que ainda impede a plena liberdade de 
associação sindical por meio da unicidade sindical, regra derivada de um regime 
corporativista e fascista da década de 1930. A Carta Magna restringiu a liberdade 
sindical, no inciso II do seu art. 8º, em desconformidade com o que reza o seu artigo 
inaugural, ou seja, o próprio princípio democrático. 
Observando a Convenção n.º 87 da OIT, verifica-se que esse diploma não 
impõe a pluralidade de sindicatos, mas garante a livre escolha para a sua adoção ou 
pela unidade sindical, que é diferente de unicidade sindical, já que dispõe que não 
cabe à lei regular a estruturação e organização internas aos sindicatos, mas cabe a 
eles, os sindicalizados, eleger sozinhos, a melhor forma de se instituírem. 
Dessa forma, constatou-se que o princípio da unicidade limita de forma 
considerável a liberdade sindical, em confronto com a Convenção nº 87 da OIT, que, 
infelizmente, ainda não foi ratificada pelo Brasil por impeditivo constitucional.

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