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Faculdades Integradas da União Pioneira de Integração Social Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Direito
JACQUELINE DIAMANTINO DE MORAIS
SISTEMA APAC: A introdução da metodologia APAC no sistema prisional como medida ressocializadora
Brasília/DF 
2019
SISTEMA APAC: A introdução da metodologia APAC no sistema prisional como medida ressocializadora
Monografia apresentada para a obtenção de título de Bacharel em Direito pelo Programa de Graduação das Faculdades Integradas da União Pioneira de Integração Social-UPIS.
Orientador: Beatriz Emilia Bartoly
Brasília/DF 
2019
SISTEMA APAC: A introdução da metodologia APAC no sistema prisional como medida ressocializadora
Monografia apresentada para a obtenção de título de Bacharel em Direito pelo Programa de Graduação das Faculdades Integradas da União Pioneira de Integração Social-UPIS.
Orientador: Prof. Beatriz Emilia Bartoly
Brasília/DF, 11 de Agosto de 2019.
Banca Examinadora
Prof. Examinador
Prof. Examinador
Prof. Examinador
Dedico este trabalho primeiramente a Deus. Em especial, ao meu filho que tanto amo.
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus, que me deu forças e condições para concluir esse trabalho.
A minha mãe e minha irmã que me incentivaram durante todos esses anos de faculdade.
Aos meus colegas de classe, que participaram desta pesquisa.
Enfim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte dessa etapa decisiva em minha vida.
“Os verdadeiros vencedores sabem que grandes conquistas exigem grandes sacrifícios, mas mesmo assim nunca desistem de lutar.”
Autor desconhecido
RESUMO
O objetivo deste estudo foi promover uma reflexão acerca do sistema prisional brasileiro e sua função ressocializadora do método APAC. Neste estudo, a metodologia utilizada para o presente Trabalho de Conclusão de Curso foi baseada no método dedutivo de análise qualitativa. Tendo como metodologia a pesquisa bibliográfica em: livros, revistas e artigos eletrônicos que tratam do tema alimentos e a consulta à jurisprudência. Para a pesquisa, foram utilizados diversos doutrinadores, dentre eles: Loic Wacquant, Cesare Beccaria, Michael Foucault, Guilherme de Souza Nucci, Raul Cervini, Jeremy Bentham, Júlio Farinni Mirabete, entre outros. Os resultados mostraram que a APAC introduziu suas: regras, padrões e crenças em apenados. Constituindo assim, um modelo alternativo de gestão de detenção eficiente, cumprindo a Lei de Execução Penal (LEP) e não violando os direitos humanos. O estudo mostrou que a instituição oferece oportunidades de ressocialização ao preso por meio da aplicação dos elementos estruturais do método APAC.
Palavras-Chave: Sistema Prisional Brasileiro. Ressocialização. Sistema APAC.
.
ABSTRACT
The aim of this study was to promote a reflection on the Brazilian prison system and its resocializing function of the APAC method. In this study, the methodology used for the present Course Conclusion Work was based on the deductive method of qualitative analysis. Having as methodology the bibliographic research in: books, magazines and electronic articles that deal with the theme food and the consultation to the jurisprudence. For the research, several teachers were used, among them: Loic Wacquant, Cesare Beccaria, Michael Foucault, Guilherme de Souza Nucci, Raul Cervini, Jeremy Bentham, Julio Farinni Mirabete, among others. The results showed that APAC introduced its: rules, standards and beliefs in prisoners. Thus constituting an alternative model of efficient detention management, complying with the Criminal Enforcement Act (LEP) and not violating human rights. The study showed that the institution offers opportunities for resocialization to the prisoner by applying the structural elements of the APAC method.
Keywords: Brazilian Prison System. Ressocialização. APAC system.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
	APAC
CP
FBAC
LEP
ONU
PCC
STF
	Associação de Proteção e Assistência aos Presos 
Código Penal
Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados
Lei de Execução Penal
Organização das Nações Unidas
Primeiro Comando da Capital
Supremo Tribunal Federal
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
SUMÁRIO
10INTRODUÇÃO
131 REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA DO SISTEMA PENITENCIÁRIO
131.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SURGIMENTO DA PRISÃO COM PENA
171.2 SISTEMAS PENITENCIÁRIOS
181.2.1 Sistema Filadélfico ou Pensilvânico
181.2.2 Sistema Alburniano
191.2.3 Sistema Progressivo
191.2.4 Sistema Reformatório
201.3 DA TEORIA DA PENA
211.4 DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
211.4.1 Da Lei de Execução Penal
221.4.2 Reclusão/Detenção
241.4.3 Período Máximo da Pena de Prisão
252 A CRISE DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO
252.1 SISTEMA PENAL E O TRATAMENTO SELETIVO DOS DELITOS
262.2 SITUAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL
313 SISTEMA APAC E A RESSOCIALIZAÇÃO DE APENADOS NO BRASIL
343.1 PRISÃO E TRABALHO
373.2 ORIGEM DO SISTEMA APAC
393.3 O SISTEMA APAC COMO ALTERNATIVA DE RESSOCIALIZAÇÃO…………..
43CONCLUSÃO
45REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
A crise no sistema prisional brasileiro é um tema que vem sendo alvo de inúmeras discussões no âmbito do direito penal brasileiro. Diariamente, observa-se através dos meios de comunicação, constantes situações de beligerância em que se encontra o Brasil, onde a cada minuto mais um crime é cometido (ALMEIDA, 2010). Ainda assim, o sistema prisional continua a manter uma estrutura desigual e preconceituosa de longa data. Por exemplo, após a abolição da escravidão no Brasil em 1888: negros, indígenas e imigrantes ainda eram marginalizados por um Código Penal que os excluía e controlava, classificando-os como perigosos. 
A crise institucional brasileira, em seu sistema penitenciário, traz graves consequências para sociedade contemporânea. Além de violar, não apenas o papel dos direitos fundamentais e garantias consagradas na Constituição Federal de 1988. Também na normativa internacional através de disposições relativas aos direitos humanos no contexto interamericano e mundial. 
O massacre ocorrido na prisão de Manaus foi o maior do Estado do Amazonas, totalizando cinquenta e seis presos mortes, desde o massacre do Carandiru, em São Paulo, que causou cento e onze mortes em outubro de 1992. Portanto, é necessário analisar a crise instalada no sistema prisional brasileiro. Observando o massacre em Manaus, foi possível destacar as constantes violações da dignidade humana propagadas até agora, descrevendo assim, o ambiente das prisões brasileiras que não cumprem seu papel de reabilitação de prisioneiros para uma ressocialização digna na vida dos prisioneiros.
É fundamental, ressaltar que os complexos penitenciários estão fortemente lotados, especialmente em grandes cidades como: Recife, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo (LIMA; ALVARENGA FILHO, 2018; CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, 2018a, 2018b; SÃO PAULO, 2017). Onde crimes, geralmente acontecem devido: ao tráfico de drogas, roubo, agressão entre outros. Esta é uma questão urgente e há muito tempo se apresenta na lista de políticas públicas a serem abordadas pelos representantes da sociedade.
Temas proeminentes em debates na mídia e conversas cotidianas, sobre a violência e criminalidade geram: visões e divergências no contexto da sociedade brasileira. De modo geral, a defesa de medidas mais rígidas, em relação à correção de criminosos, e consequentemente, à luta contra a impunidade coexiste lado a lado com o discurso que visa confirmar a ineficiência da instituição prisional no cumprimento das metas de ressocialização de criminosos, no intuito de reduzir os níveis de criminalidade.
No entanto, a complexidade em torno do tema não envolve apenas isso: ela também se estende (ou talvez deriva) dos arranjos formais e informais que conformam o chamado sistema prisional. À medida em que a tensão e o conflito emergem das relações estabelecidas entre seus atores, influenciando, em última análise, em maior grau, o delineamento de políticas públicas para o setor. Além disso, no meio dessa teia de tensão e conflito, o espaço de discussão sobre o trabalho prisionalé construído como um dos mecanismos que parcialmente viabilizariam as condições para a ressocialização de um sujeito que cometeu um crime. 
O Estado, na tentativa de amenizar tais questões, desenvolveu projetos para a reeducação carcerária. A consequência gerada no aspecto ressocializador do apenado, em se tratando de penitenciárias está em crise e atinge vários estabelecimentos. Há muitos anos no Brasil, dificultando ainda mais as chances de os condenados serem ressocializados. Assim, as APAC (Prisões) no Brasil praticam uma metodologia alternativa de encarceramento e reabilitação, humanizando a punição e preparando os infratores para reingressar na sociedade.
 A partir destas considerações, lançou-se o seguinte problema para a pesquisa: De que forma, o indivíduo apenado pode ser estimulado no sistema penitenciário brasileiro, para que o Estado devolva à sociedade um ex-detento com a possibilidade de não cometer novas práticas criminosas?
Dessa forma, o objetivo principal será promover/propiciar uma reflexão acerca do sistema prisional brasileiro e sua função ressocializadora do método APAC.
A metodologia utilizada para o presente Trabalho de Conclusão de Curso, foi baseada no método dedutivo de análise qualitativa, tendo como metodologia: a pesquisa bibliográfica em livros, revistas e artigos eletrônicos que tratam do tema alimentos e ainda a consulta à jurisprudência. Para a pesquisa foram utilizados diversos doutrinadores, dentre eles Loic Wacquant, Cesare Beccaria, Michael Foucault, Guilherme de Souza Nucci, Raul Cervini, Jeremy Bentham, Júlio Farinni Mirabete, entre outros.
O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi composto por quatro capítulos: no primeiro capítulo, será exposto reflexões acerca da história do sistema penitenciário; no segundo capítulo; apresentou-se os tipos de sistemas penitenciários, abordando também aspectos relacionados sobre a reclusão/detenção e o período máximo da pena de prisão; o terceiro capítulo, corresponde aos aspectos relacionados ao cárcere e a ressocialização e no quarto capítulo, discorre-se sobre a método APAC, criado a fim de solucionar o problema da violência e desumanização com que são tratados os sentenciados, dentro das prisões,  visando cumprir seu objetivo final, que é a ressocialização do apenado. 
1 REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA DO SISTEMA PENITENCIÁRIO
1.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SURGIMENTO DA PRISÃO COM PENA
Atualmente, observa-se que o sistema penitenciário brasileiro está em colapso, fruto de uma sucessão de continuados erros que culminaram por retrocedê-lo à idade média. As cruéis e desumanas condições a que são submetidos os reclusos é um fato notório e que infelizmente já se acostumou a ver diariamente estampado na imprensa (MEDEIROS, 2017). 
Até o fim do século XVIII, as prisões serviram somente à contenção e guarda de réus com o objetivo de preservá-los fisicamente até o momento do julgamento. Recorria-se, durante esse longo período histórico, fundamentalmente, à pena de morte, às penas corporais (mutilações e açoites) e às infantes. Portanto, a marca do século XVIII, em matéria penal tem sido, de certa forma, a crueldade com que ainda se aplicava as penas, não havendo até então a privação de liberdade como forma de pena (BITENCOURT, 2018). 
As características da legislação, aplicadas durante o século XVIII, inspiravam-se em ideias e procedimentos de excessiva crueldade. Utilizando castigos corporais e a pena capital. O Direito a ter um instrumento gerador de privilégios, o que permitia aos juízes, dentro dos mais desmedidos arbítrios: julgar os homens de acordo com a sua condição social e as instituições respondiam à dureza de um rigoroso sistema repressivo. Em razão da extrema necessidade de reforma dessa situação, começou a haver uma mudança de concepção arbitrária: filósofos, moralistas e juristas dedicam suas obras a censurar a legislação penal vigente. Defendendo as liberdades do indivíduo e enaltecendo os princípios da dignidade do homem (BITECOURT, 2018).
Dentre os inúmeros pensadores que, impugnaram por mudanças no magistério punitivo e nas péssimas condições carcerária, ressalta-se, em particular os nomes de Cesare Beccaria, John Howard e Jeremy Bentham.
Portanto, as discussões, acerca das funções e métodos utilizados pelo direito de punir, passaram por uma revolução a partir das críticas feitas por Cesare Beccaria (1738-1794) em seu livro, “Dos Delitos e das Penas”, o autor expõe em xeque mate todo o resquício medieval do direito de sua época (PUCHEL, 2008).
Cesare Beccaria, escreveu obras inspiradas nos ideais iluministas no Século XVIII, que são o marco do Direito Penal moderno e da Criminologia. O ataque contundente de Cesare Beccaria ao direito, bem como as formas desumanas e cruéis da utilização das pessoas, fez de sua obra um marco do direito moderno (BITENCOURT, 2004).
Face às injustiças relacionadas aos processos criminais, Beccaria escreve a ilustre obra “Dos Delitos e Das Penas”, com intuito de expandir a indignação da necessária reforma, de tal modo que denunciasse o sistema penitenciário, em razão de sua precariedade do sistema, pontuando os atos cruéis, suas atrocidades, julgamentos e das torturas, operados com intuito de alcançar provas do delito. Sua obra, trata de uma teoria simples e de fácil compreensão, de maneira a expressar essência de valores, fomentando a esperança de outros grandes pensadores à época. Sua vontade era suprimida, frente às necessidades da coletividade (BITENCOURT, 2004). Nas palavras de Cesare Beccaria:
Mas, se as luzes do nosso século já produziram alguns resultados, longe estão de ter dissipado todos os preconceitos que tínhamos. Ninguém se levantou, senão frouxamente, contra a barbárie das penas em uso nos nossos tribunais. Ninguém se ocupou com reformar a irregularidade dos processos criminais, essa parte da legislação tão importante quanto descurada em toda a Europa. Raramente se procurou destruir, em seus fundamentos, as séries de erros acumulados desde vários séculos; e muito poucas pessoas tentaram reprimir, pela força das verdades imutáveis, os abusos de um poder sem limites, e fazer cessar os exemplos bem frequentes dessa fria atrocidade que os homens poderosos encaram como um dos seus direitos. Entretanto, os dolorosos gemidos do fraco, sacrificado à ignorância cruel e aos opulentos covardes; os tormentos atrozes que a barbárie inflige por crimes sem provas, ou por delitos quiméricos; o aspecto abominável dos xadrezes e das masmorras, cujo horror é ainda aumentado pelo suplício mais insuportável para os infelizes, a incerteza; tantos métodos odiosos, espalhados por toda parte, deveriam ter despertado a atenção dos filósofos, essa espécie de magistrados que dirigem as opiniões humanas. 
O imortal Montesquieu só ocasionalmente pode abordar essas importantes matérias. Se eu segui as pegadas luminosas desse grande homem, é que a verdade é uma e a mesma em toda parte. Mas, os que sabem pensar (e é somente para estes que escrevo) saberão distinguir meus passos dos seus.
Sentir-me-ei feliz se, como ele, puder ser objeto do vosso secreto reconhecimento, oh vós, discípulos obscuros e pacíficos da razão! Sentir-me-ei feliz se puder excitar alguma vez esse frêmito pelo qual as almas sensíveis respondem à voz dos defensores da humanidade (BECCARIA, 2013).
Portanto, a originalidade de Cesare Beccaria está no pioneirismo com que apresentou as ideias reformistas. O êxito de Cesare Beccaria, de acordo Birtencourt, está em “construir o primeiro delineamento consistente e lógico sobre uma bem elaborada teoria, englobando importantes aspectos penológicos” (BITENCOURT, 2004, p.38). Assim, Cesare Beccaria (2013, s/nº), “construiu um sistema criminal que substituiria: o desumano, impreciso, confuso e abusivo sistema criminal anterior. Sua obra foi à base para a reforma penitenciária ocidental”. Foi a partir dos seus pensamentos, que outros reformadores começaram a pensar em técnicas mais punitivas.
Para Beccaria a imposição de penas cruéis, não inibe a prática de delitos, mas sim a eficiência,eficácia e a certeza da punição (BECCARIA, 2013). Tem-se, então, uma nova concepção da prevenção geral, não como imposição do medo, mas como por exemplo pela punição certa dos delinquentes. 
De forma indireta Beccaria também contribuiu no tocante à melhora das condições do apenado, posto que, embora entendesse a punição como meio de dissuadir o cometimento de delitos, pregava que o ambiente de confinamento dos condenados deveria ser limpo e saudável, devendo ainda ser dispensado a alimentação e tratamento dignos, sem, contudo, perder o caráter de sanção (BECCARIA, 2013).
Na mesma época em que as palavras de Beccaria ecoavam em muitos lugares, John Howard (1726-1790) escreveu o livro “The State of the Prisons in England and Wales” que causou muito impacto na sociedade inglesa. O autor, que sofrera os dissabores do cárcere estrangeiro, após ter sido lançado nas prisões dos piratas, conseguiu, com sua investigação, popularizar de forma semelhante à que foi feita por Beccaria sobre o debate à reformulação das práticas punitivas (BITENCOURT, 2004).
Com fundamentos religiosos marcantes, John Howard era um filantropo inglês do século XVIII, fez contribuições significativas na reforma da prisão, onde dedicou de forma incondicional, seu tempo em busca de formas que possibilitassem a readaptação daquele que praticou um crime, reintegrando este ao meio social. Apesar da tragédia pessoal e de um clima social de oposição, ele se tornou um promotor precoce de tratamento humanitário para prisioneiros. Outros reformadores seguiram John Howard, fazendo valiosas contribuições. Muitos destes desafios permanecem na gestão de hospitais forenses e sistemas penitenciários. O legado de John Howard não é apenas a modernização de estruturas e programas penitenciários, mas também o trabalho de numerosas sociedades e associações mundiais que fornecem serviços para comunidades e prisioneiros (GRECO, 2011).
 As propostas, detalhadas de John Howard, para melhorias no sistema prisional foram projetadas com o objetivo de estimular a saúde física/mental dos prisioneiros, sua segurança e ordem na prisão. Suas recomendações referentes a assuntos como: localização da prisão, plano e mobília, fornecimento de água adequada e dieta para prisioneiros. Promoveram higiene e saúde física; já recomendações relativas: à qualidade do pessoal prisional, regras relacionadas à manutenção de padrões de saúde e ordem e um sistema independente de inspeção, refletem a necessidade de pessoal penitenciário dar um exemplo moral (BITENCOURT, 2011).
Cezar Roberto Bitencourt expõe que para John Howard, era necessário que se classificasse o indivíduo preso com base em três classes, conforme a seguir:
a) os processados, que deveriam ter um regime especial, já que a prisão só́ servia como meio assecuratório e não como castigo; 
b) os condenados, que seriam sancionados de acordo com a sentença condenatória imposta; e c) os devedores. Embora propusesse uma classificação elementar, não há a menor dúvida de que tem o mérito de sugerir uma ordem que, apesar de pouco elaborada, continua sendo uma necessidade iniludível em qualquer regime penitenciário contemporâneo. Insistiu na necessidade de que as mulheres ficassem separadas dos homens, e os criminosos jovens, dos delinquentes maduros (BITENCOURT, 2011, p.58).
Sua obra determina o começo do progresso penitenciarismo, bem como a batalha para que se fizesse uma justiça humanitária dentro (dos centros de detenção) das penitenciárias. Destaca-se que suas ideias constituíram um manual para reforma penitenciária moderna.
Já Jeremias Bentham (1748-1832), foi um Inglês filósofo, jurista e reformador social considerado o fundador da moderna utilitarismo. Certamente umas das figuras mais representativas que pensaram no sistema prisional. Assim como Cesare Beccaria e John Howard, voltava-se contra práticas abusivas e cruéis do sistema punitivo (BENTHAM, 2008).
Jeremias Bentham definiu como o "axioma fundamental" de sua filosofia, o princípio de que: "é a maior felicidade do maior número que é a medida do certo e do errado"(BENTHAM, 2008). 
O autor se tornou um dos principais teóricos da filosofia do direito anglo-americana e um radical político, cujas ideias influenciaram o desenvolvimento do assistencialismo. Ele defendia: as liberdades individuais e econômicas, a separação entre igreja e estado, liberdade de expressão, direitos iguais para as mulheres, o direito ao divórcio e a descriminalização dos atos homossexuais. Pedia também a abolição da escravidão, da pena de morte e de punição física, incluindo a dos filhos. Também, se tornou conhecido como um dos primeiros defensores dos direitos dos animais. Embora, fortemente a favor da extensão dos direitos individuais, se opôs à ideia de direito natural e direitos naturais (ambos são considerados "divinos" ou "dados por Deus" em origem), chamando-os de "bobagem sobre pernas de pau". Jeremias Bentham, também foi um crítico afiado de ficções legais (GRECO, 2011).
O autor ressaltava que, as penas deveriam possuir caráter de prevenção geral e especial – a finalidade de prevenir é voltada para a coletividade, ou seja, com o objetivo de intimidar, buscando atos para afastar a prática de atos criminosos. Betham pregava ainda que as penas não podiam ter outro fim que não fosse voltada para a utilidade geral. A defesa da prevenção geral como fim da pena, foi a bandeira levantada por esse filósofo, foi também defendida pelos penalistas. Ocorre que, existe um elemento que depõe contra Betham, pois para ele a prevenção geral não era só o fim da pena, como seu único fundamento justificativo. Apesar de ter essa concepção dos fins da pena e do próprio direito penal, Betham merece ser destacado como genuíno representante utilitarismo do movimento reformador penitenciário da época.
1.2 SISTEMAS PENITENCIÁRIOS
Os sistemas Penitenciários surgiram nos Estados Unidos, tiveram suas origens no século XVIII, embora não se possa afirmar, como faz Norval Morris, que “a prisão constitui um invento norte-americano” (BITENCOURT, 2004, p.124). Nesse entendimento, Cezar Roberto Bitencourt, diz que esses sistemas penitenciários tiveram: 
Além dos antecedentes inspirados em concepções mais ou menos religiosas, um antecedente importantíssimo nos estabelecimentos de Amsterdam, nos Bridwells ingleses, e em outras experiências similares realizadas na Alemanha e na Suíça. Estes estabelecimentos não são apenas um antecedente importante dos primeiros sistemas penitenciários, como também marcam o nascimento da pena privativa de liberdade, superando a utilização da prisão como simples meio de custódia (BITENCOURT, 2004, p.494).
Os primeiros sistemas penitenciários que mais se destacaram, durante sua evolução, foram: o de Filadélfia ou Pensilvânico; o de auburn ou auburniano; o progressivo, sendo este subdividido em: inglês, irlandês e montesino, onde foram considerados três estágios: inicial (estágio de isolamento), trabalho em conjunto e o livramento condicional (BRUNO 2009).
1.2.1 Sistema Filadélfico ou Pensilvânico
A primeira prisão norte-americana foi construída pelos quacres em Walnut Strret, em 1776. O Sistema da Pensilvânia, método penal baseado no princípio de que o confinamento solitário promove a penitência e estimula a reforma. A ideia foi defendida pela Sociedade de Filadélfia, para aliviar as misérias das prisões públicas, cujos membros mais ativos eram os quacres (GRECO, 2011).
O resultado do isolamento solitário, porém, foi desastroso, posto que fosse uma espécie de tortura psicológica. Acarretando graves prejuízos a alguns presos. Assim, diante da sua severidade, e ante o isolamento quase que total, a readaptação dos apenados tornava-se muito difícil, o que gerou várias críticas a esse sistema.
1.2.2 Sistema Alburniano
Uma das razões, que levaram ao surgimento do sistema auburniano, foi a necessidade e o desejo de superar as limitações e os defeitos do regime celular. Em 1796, o governador Jhon Jay, na cidade de Auburn no Estado de Nova Iorque, enviou uma comissão para estudar o sistema prisional.Com o advento da prosperidade econômica, era necessário o desenvolvimento das forças produtivas (GRECO, 2011).
Assim, Cezar Roberto Bitencourt, explica que uma ordem em 1821, os prisioneiros de Auburn foram divididos em três categorias, sendo:
Propôs a divisão dos presos em três categorias: 1- recorrentes delinquentes, 2- menos incorrigíveis e 3- passíveis de correção. O isolamento era progressivo de acordo com a categoria que o preso se enquadrava, mas era absoluto para todos durante o repouso noturno. A estes somente era imposto isolamento noturno, permitindo-lhes trabalhar juntos durante o dia, ou sendo destinados às celas individuais um dia na semana (BITECOURT, 2011, p. 87).
Um ponto negativo do sistema é que “os detentos não podiam falar entre si, somente com os guardas, com licença prévia e em voz baixa” (BITECOURT, 2011, p. 164). Os presos trabalhavam em comum, onde havia a regra de silêncio absoluto, como nos monastérios, inclusive da hora das refeições. Era um sistema, fundando sob o pilar do trabalho, que proporcionava ao preso à oportunidade de se qualificar em uma atividade, menos rigoroso que o sistema anterior.
1.2.3 Sistema Progressivo
No decorrer do século XIX, impõe-se definitivamente a pena privativa de liberdade. Que continua sendo a espinha dorsal do sistema penal atual. O predomínio da pena privativa de liberdade coincide com o progressivo abandono da pena de morte. O apogeu da pena privativa de liberdade coincide igualmente com o abandono dos regimes celular e aurburniano e a adoção do regime progressivo (GRECO, 2011). 
Destaca-se que, o regime progressivo, significou um avanço penitenciário considerável. Ao contrário dos regimes aurbuniano e filadélfico, deu importância à própria vontade do recluso. Além de diminuir significativamente o rigorismo na aplicação da pena privativa de liberdade.
O Código Penal de 1940, bem como a reforma penal de 1984, não adotou o sistema penitenciário (inglês) progressivo, mas sim um sistema progressivo, onde o artigo 33, §2 traduz que o condenado, submetido a pena privativa de liberdade, na qual deve ser executada de forma progressiva de acordo com o seu merecimento, ou seja, o preso progride de regime antes seu mérito (GRECO, 2011).
1.2.4 Sistema Reformatório
A ascensão e declínio do reformatório, Elmira em Nova York, durante a última parte do século XIX representa a tentativa mais ambiciosa na era da reconstrução com objetivo de cumprir as metas estabelecidas pelo Congresso Nacional, na Declaração de Princípios. O reformatório de Elmira (1876) serviu de modelo para inúmeros outros, a instituição Elmira foi projetada para realizar crimes pela primeira vez, entre as idades de dezesseis e trinta anos, que estavam cumprindo uma pena indeterminada de prisão, fixada pelo seu juiz de condenação. Os presos, de Elmira, tiveram que sair da instituição por meio de bom comportamento. Conforme avaliado por meio de um elaborado sistema de classificação. Os únicos limites aos termos de prisão dos reclusos eram o limiar superior estabelecido pela legislatura para a sua ofensa (GRECO, 2011).
Ainda de acordo com, Rogério Greco:
Após o condenado passar por uma classificação inicial, era submetido a um sistema de marcas ou vales, concedidas em razão da evolução no trabalho, na boa conduta, instrução moral e religiosa. O aprendizado de um ofício era obrigatório e a disciplina era do tipo militar. Quando alcançava a terceira fase, o apenado tinha direito ao livramento condicional e recebia um pecúlio, como forma de ajuda financeira para as primeiras necessidades (GRECO, 2011).
O sistema de Elmira, mesmo com suas regras próprias de admissão, também não conseguiu se livrar do problema da superlotação. Ficando impossibilitada a idealizada classificação dos prisioneiros, bem como, não conseguiu evitar a promiscuidade que reinava no reformatório.
1.3 DA TEORIA DA PENA
Várias teorias, ao longo do tempo, tentam explicar e justificar quais as finalidades da pena. As principais teorias são:
a) Teoria absoluta ou retributiva: a finalidade da pena é somente retribuir com o mal da sanção o mal causado pelo infrator. Representa uma vingança, cujo único objetivo é castigar o infrator;
b) Teoria preventiva ou relativa ou utilitarista: a pena visa evitar a ocorrência de novasa infrações. Essa teoria dividi-se em: b1) teoria da prevenção geral: a pena visa servir de exemplo à sociedade e consequentemente desestimular as pessoas de delinquir; b2) teoria da prevenção especial: a pena visa desestimular o delinquente de reincidir;
c) Teoria mista ou eclética ou unificadora: a pena tem funções de retribuir o mal causado pelo crime.
Para as teorias absolutas a função da pena é a retribuição, “a pena não é vista como um meio para a realização de fins, uma vez que encontra em si mesma a sua própria justificação”. Nesse sentido, não se pode dizer que não seja atribuída à pena uma função positiva, mas sim que está função é interna ao Direito, sendo essencialmente reparatória, de reafirmação do Direito. Na segunda teoria, Vera Regina Pereira de Andrade (1994, p.125), menciona que a pena é vista “como um meio para a realização de fins socialmente úteis” (finalidade preventiva), impedindo o aumento dos crimes. Para as teorias relativas, o fim da pena é a prevenção e ela é vista, ao revés, como um meio para a realização de fins socialmente úteis.
A prisão, então, como forma de punição, foi uma transformação da ideia de castigo do antigo processo punitivo para uma técnica penintenciário direcionada ao adestramento. Nesse sentido, a punição por meio de privação de liberdade seria indicado para fazer com que indiviíduos penalizados fossem direcionados a um comporamento padronizado, previamente instituído como ideal para o homem médio e para a sociedade.
1.4 DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
1.4.1 Da Lei de Execução Penal
Sob a Lei de Execução Penal (LEP), as instalações para prisioneiros condenados se enquadram em três categorias básicas: instalações fechadas, isto é, prisões; instalações semiabertas, que incluem colônias agrícolas e industriais; e instalações abertas (DEPEN, 2017).
A lei 7.210/1984, alterada pela Lei nº 10.792, de 1º de dezembro de 2003. Este diploma que percebemos que é amplo e bem abrangente, reconhece o preso como sujeito de direitos e traz para si os princípios e regras relacionados à execução das penas e das medidas de segurança no Brasil, conforme ilustrado já no primeiro artigo, quando afirma que seu objetivo é “efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”.
A LEP, garante aos indivíduos em custódia do Estado a garantia dos seus direitos fundamentais (BRASIL, 1984), neste sentido, a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) oferece uma gama de direitos através de ações e serviços públicos para todos os brasileiros ou estrangeiros em território brasileiro, de tal forma que eles não estão excluindo pessoas em situação de privação de liberdade. 
Assim, tendo que levar em consideração o que dispões a Carta Magna e respeitando ao princípio da dignidade humana, a Lei de Execução Penal dispõe os direitos dos presos, sejam eles provisórios ou condenados, incluindo, ainda, direitos destinados aos egressos.
De acordo com o art. 1º, da Lei nº 7.210/84, “a execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado” (BRASIL, 1984, p.1). Já o art. 10, da LEP, prevê que “a assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade” (BRASIL, 1984, p.2).
Nesse mesmo sentido, o art. 22 da referida lei dispõe que “a assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade” (BRASIL, 1984, p.4).
A LEP, em seu artigo 28, afirma que: "O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá fins educativos e produtivos"(BRASIL, 1984). Embora a LEP confira a condição de trabalho de um instrumento legal para alcançar a reintegração social, dado seu suposto "propósito educacional", não implica o cumprimento dos objetivos que a justificam, nem a ausência de numerosas críticas (ou pode-se dizer, re-considerações) sobre o trabalho prisional (BASTOS, 1997; COSTA; BRATKOWSKI, 2007; LIMA; SANTOS, 2008; RIBEIRO; CRUZ, 2002).
Assim, o trabalho prisional adquire a direção proposta no texto legal quando se torna efetivo por meio de estratégias de minimização da vulnerabilidade social dos indivíduos cumprindo penas de prisão, estratégias que se traduzem em atividades que valorizam a humanidade dos sujeitos e extrapolam o senso de apaziguamento e capitalização de disciplina (CHIES; VAREL, 2009).
1.4.2 Reclusão/Detenção
A prisão-pena significa a legítima privação do direito de liberdade do condenado. O ordenamento jurídico brasileiro prevê três espécies dessa forma de punição: reclusão, detenção e prisão simples.
O artigo 33 da Lei nº. 7.209/1984 dispõe que a pena de reclusão pode ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
§ 4 O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) (BRASIL, 1984; BRASIL, 2003).
Apesar dessas considerações de ordem prática, sob o aspecto estritamente jurídico, observa-se que o art.33 do código penal, assinala que a reclusão é a pena cujo cumprimento pode ser iniciado em qualquer um dos três regimes prisionais: fechado, semiaberto ou aberto. A pena de detenção, por sua vez, pressupõe que o início do seu cumprimento se dê no regime semiaberto ou aberto. Não há, a princípio, previsão de regime fechado para a pena de detenção. Contudo, essa distinção perde um pouco a sua força, pois o próprio art.33 do código penal prevê a possibilidade de transferência para o regime fechado, uma vez iniciado o cumprimento de pena de detenção (SILVA, 2009).
Portanto, para que seja fixada a pena se faz importante observar o art. 59 do Código Penal:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - As penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - A quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - O regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - A substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (BRASIL, 1984).
O artigo, citado acima, anuncia as circunstâncias judiciais que serão consideradas pelo juiz, como por exemplo: para escolher qual tipo de pena ele vai aplicar na sentença; o juiz pode optar pela privativa de liberdade ou multa; substituição da pena, fixar a pena base desde que fixada dentro do art. 59 do Código Penal.
Assim, deve ser observado também o art. 68 do Código Penal:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (BRASIL, 1984).
O artigo 68 do Código Penal anuncia o sistema adotado no Brasil é o sistema trifásico, ele anuncia que no cálculo da pena privativa de liberdade. O juiz deve seguir três fases: fixação da pena base, agravada ou atenuada; causas de aumento e diminuição de pena.
1.4.3 Período Máximo da Pena de Prisão
Nossa ilustre, Constituição Federal, prevê sobre o tempo de cumprimento da pena em seu artigo 5º, XLVII, alínea b, em que não permite pena de caráter perpétuo: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XLVII - não haverá penas: 
b) de caráter perpétuo (BRASIL,1988).
Em conformidade com a Constituição Federal, o Código Penal, em seu artigo 75, discorre sobre a pena privativa de liberdade onde não se pode ultrapassar 30 (trinta) anos conforme sua literalidade: 
Limite das penas
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (BRASIL, 1984).
Como se verifica, no parágrafo primeiro, cabe ao juiz em que couber a execução. Caso a soma das penas ultrapasse o limite, deve-se unificar para que seja cumprido o máximo permitido em lei. A Súmula 715, do Supremo Tribunal Federal (STF), aborda que: “pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art.75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como: o livramento condicional ou regime mais favorável de execução”. Assim, o juiz deve promover a unificação da pena.
2 A CRISE DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO
2.1 SISTEMA PENAL E O TRATAMENTO SELETIVO DOS DELITOS
O fenômeno da criminalidade vem crescendo de forma alarmante nas últimas décadas no Brasil. O problema da segurança pública é algo que assola não apenas as grandes cidades e metrópoles, mas toma proporções assustadoras, abrangendo também pequenas cidades e até o campo. Os investimentos públicos no setor da segurança são pautas sempre presentes nos planos políticos dos representantes, mas na prática mostra-se difícil a concretização das políticasplanejadas para os quais foram eleitos. Faltam recursos, falta pessoal capacitado e especializado para lidar com a criminalidade e faltam, especialmente, penitenciárias para resolver o problema da superlotação dos presídios brasileiros (BARATTA, 1997).
A população carcerária em toda a América Latina tem crescido constantemente nas últimas décadas (DANIN, 2019). Considerando a situação dos cárceres André Ricardo Dias da Silva (2011, p.79), diz que a “inserção do delinquente primário nestes gera uma escolarização do crime, uma vinculação do criminoso à prática de novos crimes, uma vinculação do criminoso à prática de novos crimes, o qual antes da entrada no sistema poderia ser reeducado”. 
Portanto, a aparente falta de interesse do Estado e mesmo da sociedade em resolver o crônico problema da pena privativa de liberdade pode ter outras explicações. Com base em dados do Censo Penitenciário Nacional elaborado pelo Ministério da Justiça, diz que: 95% dos presos são pobres; 87% não concluíram o primeiro grau; 85% não possuem condições de contratar um advogado; os delitos mais praticados pelos presos são roubo, furto, homicídio e tráfico de drogas (SILVA, 2011).
Para a criminologia crítica, a prisão e o sistema penal não buscam recuperar o delinquente, mas antes reproduzir as desigualdades existentes na sociedade, reservando o cárcere aos desafortunados. A criminologia tradicional aponta que 95% dos presos pertencem às classes sociais mais baixas, apontando a pobreza como um marco para a criminalidade (ZACKSESKI, 2000).
Assim, destaca Vera Regina Pereira de Andrade que:
No marco da Criminologia Crítica, a descrição da fenomenologia da seletividade de pela Criminologia da Reação Social receberá uma interpreta ção macrossociológica que, aprofundando a sua lógica, evidencia o seu nexo funcional com a desigualdade social estrutural das sociedades capitalistas e a dominação classista (ANDRADE, 2003, p.54).
Portanto, a criminologia destacada por Vera Regina Pereira aponta que: 
O marco teórico que orienta centralmente a análise é a Criminologia crítica e a argumentação central desenvolvida é a de que para ultrapassar o paradigma repressivo em segurança pública é necessário, em nível ideológico e simbólico, ultrapassar e redefinir os conceitos fundamentais e o senso comum que lhe dão sustentação: criminalidade (identificada com criminalidade de rua e da pobreza), violência (identificada com esta criminalidade) e segurança pública (identificada com segurança contra esta criminalidade) (ANDRADE, 2013, p.1).
Andrade (1997, p.270) menciona ainda que, “a clientela do sistema penal é constituída de pobres, não porque tenham uma maior tendência para delinquir, mais precisamente porque têm maiores chances de serem criminalizados e etiquetados como delinquentes”.
Os altos índices de reincidência criminal são um forte demonstrativo de que a prisão ao invés de reduzir a criminalidade acaba por consolidar as carreiras criminosas, ou seja, solidifica o discurso ideológico em relação a quem deve cumprir o papel de criminoso e, por via de consequência, em quem o sistema penal deve focar, preferencialmente, ou melhor, quase exclusivamente, suas ações.
2.2 SITUAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL 
Desde a transição da ditadura para a democracia em meados da década de 1980, o Brasil passou por uma transformação extraordinária, tornando-se o líder político e econômico da América Latina. Mas apesar da ascensão do Brasil como potência mundial, disposta a desafiar a hegemonia dos Estados Unidos, uma mancha escura de violações dos direitos humanos ainda pode ser encontrada no sistema prisional do país. As crescentes taxas de criminalidade e a crescente hostilidade pública em relação a qualquer suspeito de ser criminoso levaram a um aumento constante das taxas de encarceramento, que o sistema penitenciário brasileiro não tem condições de enfrentar (CODATO, 2006).
A maioria dos prisioneiros ainda não foram julgados e podem esperar por anos para uma audiência. Em alguns países, as gangues continuam a operar e recrutar novos membros de dentro das prisões, e os líderes de gangues ordenam extorsões e homicídios de trás das grades.
Esse fenômeno pode ser visto claramente no Brasil, que recentemente alcançou a infeliz distinção de ter a terceira maior taxa de encarceramento do mundo. Nos últimos quinze anos, a taxa de encarceramento do país cresceu 7% ao ano, dez vezes mais rápido que o crescimento da população. Nos últimos 25 anos, a população prisional do Brasil aumentou de 90.000 para quase 600.000. Prevê-se que suba para 1,9 milhões até 2030 se as taxas atuais persistirem (STREY; SOUZA, 2018).
Esse aumento maciço está associado a duas tendências inter-relacionadas da década passada: primeiro, o uso crescente da prisão preventiva, mais frequentemente associado à segunda tendência - prisões por porte de drogas, apesar de uma mudança de 2006 no código penal que descriminalizava a posse de drogas. pequenas quantidades de maconha para uso pessoal. Um estudo de 2014 do Centro de Estudos em Criminologia e Cidadania (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, CESeC) observa que 40% da população carcerária do Brasil está aguardando julgamento. O número apenas para o Rio de Janeiro é de 39%, ou 11.000 pessoas. Nos estados do nordeste do Piauí e Maranhão, essas taxas chegam a 60% (SANTOS; ROSA, 2016).
Consistente com as tendências das prisões nos Estados Unidos, a maioria dos indivíduos encarcerados no Brasil são jovens do sexo masculino com idade entre 18 e 29 anos. Destes, 61,6% são afrodescendentes. Do aumento da população carcerária no Brasil, o segmento que mais cresce é o das mulheres, um fenômeno consistente com tendências similares na maioria dos países latino-americanos. De 2005 a 2014, a taxa aumentou 10,7% ao ano, passando de 12.925 para 33.793 durante o período de nove anos. O tráfico de drogas foi o motivo de sentença de culpa em 64% do encarceramento de mulheres (ALCANTARA; SOUSA; SILVA, 2018).
O resultado são algumas das mais severas condições das prisões do hemisfério, descritas pela BBC em 2004 como sendo “medievais” e frequentemente condenadas por especialistas em direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) e de ONGs como a Anistia Internacional (MOTTA, 2012). Embora o governo federal tenha reconhecido a existência desse problema por mais de uma década, não conseguiu produzir nenhum remédio significativo para o sistema. A situação é, sem dúvida, complexa, lidando com a interseção de componentes judiciais, penitenciárias e de prevenção ao crime.
No entanto, o fato é que, enquanto o Brasil está fazendo manchetes internacionais por sua política externa independente e pelos impressionantes êxitos econômicos, dezenas de milhares de cidadãos brasileiros encarcerados estão sofrendo injustamente. Fora dos muros das prisões, ainda mais são vítimas do fracasso de seu governo em reformar o sistema prisional, já que condições terríveis fortalecem as gangues e criam um ciclo vicioso de violência que os brasileiros devem enfrentar diariamente. Tanto a lei internacional vinculante quanto a lei federal brasileira insistem em que a nação se mantenha em altos padrões de direitos humanos. É hora de a lei ser traduzida em realidade e o Brasil começar a dar passos significativos para melhorar suas condições de prisão (SARAIVA; VIGEVANI, 2014).
Segundo um relatório da Anistia Internacional, 25 prisioneiros foram queimados até a morte em uma prisão de Minas Gerais em agosto de 2007. O Departamento de Estado dos EUA informou que em Minas Gerais 30 internos foram mantidos em um espaço de 320 pés quadrados com ratos e sarna, privados de qualquer acesso à luz solar (LUBIANA, 2016). A tortura é frequente: a ONU relatou em 2001 e novamente em 2005 que o uso de espancamentos e tortura para intimidar prisioneiros ou extrair confissões é “aplicado de forma generalizada e sistemática” (KOUMEGAWA; COIMBRA, 2005).
Um método descrito em vários relatórios de direitos humanos é o pau de arara, ou "poleiro de papagaio", onde um prisioneiro é penduradode cabeça para baixo e depois espancado. Embora o número de mulheres no sistema de detenção no Brasil seja muito baixo, elas geralmente sofrem experiências particularmente angustiantes. Em novembro de 2007, por exemplo, uma menina de 15 anos de idade no Pará foi presa por suspeita de pequenos furtos. Por quase um mês, ela foi mantida em uma cela com pelo menos 20 homens adultos que “a tratavam como seu brinquedo, estuprando-a e torturando-a repetidamente”, segundo o jornal The New York Times (PAIVA, 2012).
Parte da razão para isso é um ciclo vicioso de altas taxas de criminalidade e terríveis condições nas prisões. Não só o aumento da atividade criminosa levou a mais encarceramentos, mas condições desumanas de células levaram a taxas de criminalidade ainda maiores, impedindo a efetiva reabilitação dos detentos. Por exemplo, a fundação da mais criminosa e notória gangue criminosa de São Paulo, Primeiro Comando da Capital (PCC), estava intimamente ligada aos fracassos do sistema penitenciário brasileiro (JOSÉ, 2010).
Em 1992, policiais e agentes penitenciários reprimiram brutalmente uma revolta de prisioneiros na Casa de Detenção do Carandiru, que protestavam contra as condições em que viviam. Cento e onze detentos foram mortos e os sobreviventes foram torturados. O PCC foi formado em resposta a essas mortes e, desde então, causou estragos tanto dentro quanto fora das prisões. As prisões brutais não conseguiram reabilitar prisioneiros ou preparar presos para serem reintegrados à sociedade. Isso geralmente leva a taxas mais altas de reincidência, à medida que os prisioneiros libertados começam a cometer crimes de escalada da violência, levando alguns a classificar as prisões (JESUS, 2010).
Nesse sentido, Antônio Garcia-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes afirmam que: 
A pena não ressocializa ou socializa, mas estigmatiza, que não limpa, mas macula como tantas vezes se tem lembrado aos expiacionistas; que é mais difícil ressocializar a uma pessoa que sofreu uma pena do que outra que não teve essa amarga experiência (MOLINA; GOMES, 2002).
A superlotação das prisões, a alimentação deficiente, o mau estado das instalações, o pessoal técnico despreparado, a falta de orçamento, todos esses fatores convertem na prisão em um castigo desumano. A maior parte das rebeliões que nelas ocorrem é causada pelas deploráveis condições materiais em que a vida carcerária se desenvolve. Essa foi a causa principal que desencadeou os motins carcerários, como por exemplo o massacre do Carandiru em 1992, em São Paulo (JESUS, 2010).
Em janeiro de 2017, na pior violência presa no Manaus, a capital do estado do Amazonas, no norte do Brasil, 56 detentos foram mortos no presídio Anísio Jobim. Após esses assassinatos, as autoridades iniciaram uma investigação que concluiu que havia várias falhas na cadeia. Eles incluíram a falta de comunicação entre as autoridades penitenciárias e a polícia, o que significava que o último não havia sido alertado quando as autoridades descobriram sobre os planos para iniciar um motim. Todos os corpos, que foram encontrados durante inspeções de rotina, mostraram sinais de asfixia (CORRÊA, 2018).
O Ministério dos Direitos Humanos (MDH) lançou em 2018, o “Relatório de Monitoramento de Recomendações sobre os Massacres Prisionais dos Estados do Amazonas, do Rio Grande do Norte e de Roraima”, depois de uma série de tumultos na qual desencadeou uma das piores crises do sistema prisional brasileiro (MDH, 2018). De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Informações Prisionais (INFOPEN, 2017), esses três estados têm taxas de ocupação que excedem em muita sua capacidade. Amazonas tem a taxa mais alta, de 484%, enquanto no Rio Grande do Norte é de 207% e em Roraima, 195%. No geral, o déficit de presídios no sistema prisional brasileiro excede 358.000 lugares, o que corresponde a quase 50% da atual população carcerária.
No ano de 2014 a 2016, o Brasil prendeu quase 100.000 pessoas. Como resultado, o país está agora em terceiro lugar entre os países do mundo com mais pessoas na prisão, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Justiça, há 726.712 presos no país, representando um aumento de 16,8% em relação ao resultado anterior (INFOPEN, 2017). De todos esses prisioneiros, 40% são detidos antes do julgamento e o tráfico de drogas é o crime responsável pela maioria dos encarceramentos: 28% dos presos, ou 203.000 pessoas, foram condenados por envolvimento no tráfico. O estado com a maior população carcerária é São Paulo, com 240.000 detidos (SÃO PAULO, 2017).
É indubitavelmente a responsabilidade do governo federal brasileiro corrigir essa situação, não importa o que as pesquisas de opinião pública digam. Isso envolverá não apenas a reforma penitenciária, mas também a reforma do judiciário lento do Brasil, que, devido à sua tendência de recorrer à prisão preventiva, é, pelo menos em parte, culpado pela superlotação das prisões. 
3 SISTEMA APAC E A RESSOCIALIZAÇÃO DE APENADOS NO BRASIL
O sistema carcerário brasileiro é um serviço público e, portanto, é de responsabilidade do Ministério da Justiça no Brasil, mas é administrado pelo Departamento Penitenciário Nacional, que é o Português do Departamento Penitenciário Nacional (CARVALHO, 2011).
A população carcerária do Brasil está distribuída entre várias categorias de instalações, incluindo penitenciárias e prisões (penitenciárias e presídios), cadeias públicas e cadeiões, casas de detenção e delegacias de polícia (distritos policiais ou delegacias) (JORGE, 2012). A lei prisional brasileira exige que várias categorias de instalações sejam identificáveis ​​por características específicas e possuam tipos específicos de prisioneiros (DEPEN, 2017). Na prática, no entanto, essas categorias são muito mais maleáveis ​​e intercambiáveis ​​do que a lei sugere.
Em teoria, a rota de um prisioneiro através do sistema penal deve seguir um curso previsível: Após a detenção, o suspeito criminal deve ser levado a uma prisão policial para registro e detenção inicial. Dentro de alguns dias, se ele não for libertado, ele deve ser transferido para uma prisão ou casa de detenção para aguardar julgamento e sentença. Se condenado, ele deve ser transferido para uma instalação específica para prisioneiros condenados. Ele pode passar suas primeiras semanas ou meses após a condenação em um centro de observação, onde um corpo de funcionários treinados estuda seu comportamento e suas atitudes entrevistando-o, dando a ele personalidade e exames "criminológicos" e obtendo uma série de informações sobre ele. para selecionar a prisão ou outra instalação penal que esteja melhor equipada para reformar suas tendências criminais (BARBOSA, 2017).
Até o final de 2013, a população carcerária brasileira era a quarta maior do mundo, com uma população de 581,00 pessoas - 557.000 em prisões e 24.000 em instalações policiais - atrás apenas da Rússia, China e Estados Unidos. A população prisional brasileira aumentou em 508% entre 1990 e 2013. Destes, 6,1% são mulheres e 0,6% são estrangeiros. Vale a pena afirmar que, do total de presos, 38,3% foram presos antes de serem devidamente julgados. O sistema prisional no Brasil é composto por 1.598 instalações, todas extremamente superlotadas. A capacidade oficial do sistema prisional é de 348.000 - 341.000 em prisões e 7.000 em instalações policiais - mas com uma população total de 581.000, o nível de ocupação é de 163% em dezembro de 2013 (ANDRADE; FERREIRA, 2016).
Temas proeminentes em debates na mídia e conversas cotidianas, violência e criminalidade geram visões divergentes no contexto da sociedade brasileira. De modo geral, a defesa de medidas mais rígidas em relação à correção de criminosos e, consequentemente, à luta contra a impunidade coexistem lado a lado com o discurso que visa confirmar a ineficiência da instituição prisional no cumprimento das metas de reabilitação de criminosos e criminosos. reduzindo os níveis de criminalidade (SANTOS; RODRIGUES, 2010).
No entanto, a complexidade em torno do temanão envolve apenas isso: ele também se estende (ou talvez deriva) dos arranjos formais e informais que conformam o chamado sistema prisional, na medida em que a tensão e o conflito emergem das relações estabelecidas entre seus atores, influenciando, em última análise, em maior grau, o delineamento de políticas públicas para o setor (CABRAL; ARAÚJO, 2010). Além disso, no meio dessa teia de tensão e conflito, o espaço de discussão sobre o trabalho prisional é construído como um dos mecanismos que parcialmente viabilizariam as condições para a ressocialização de um sujeito que cometeu um crime.
Em parte da literatura sobre o tema, juntamente com a questão da ressocialização, há uma discussão que investiga o impacto econômico e social do trabalho prisional (BROWN; 2007; FLETCHER, 2011). Entende-se que, a maioria desses trabalhos buscam problematizar a relação entre punição, ressocialização e a ideia de potencial econômico, sendo este atribuído ao uso da força de trabalho dos sujeitos que cumprem o tempo. Na esteira desses estudos, há uma preocupação em apontar aspectos das situações que envolvem a exploração do trabalho, empobrecimento das relações de trabalho (e, muitas vezes, condições) e a responsabilização dos agentes públicos e privados pela realização da ordem social. Pode-se também apontar que, as discussões que colocam o trabalho prisional como um dispositivo disciplinar que raramente engloba um caráter terapêutico e ressocializador de maneira efetiva (COSTA; BRATKOWSKI, 2007; LIMA; SANTOS, 2008), conforme proclamado na legislação referente à execução penal (BRASIL,1984).
Ao falar desses discursos, falamos do cotidiano em um centro de ressocialização e falamos, por extensão, da produção (e controle) de subjetividades, bem como, de possíveis atos de resistência no âmbito da prisão, que é uma instituição total (por assim dizer, realizar atividades laborais naquela organização carcerária). O interesse recai sobre os discursos que ainda cumprem pena e que, portanto, vivenciam a prática do chamado trabalho de ressocialização, as relações que tal prática proporciona no contexto de uma prisão, e as considerações que orientam o presente e posições futuras desses sujeitos naquele espaço social e em outros. 
Para Sérgio Salomão Shecaira:
Ressocialização possui o sentido de reeducar o condenado para que este passe a se comportar de acordo com o que a classe detentora do poder deseja, mas sim como reinserção social, isto é, torna-se também finalidade da pena a criação de mecanismos e condições ideais para que o delinquente retorne ao convívio da sociedade sem traumas ou sequelas que impeçam uma vida normal. Sem tais condições, o resultado da aplicação da pena tem sido, invariavelmente, previsível. É o retorno da criminalidade, ou segundo a técnica penal, reincidência criminal (art. 63, CP)” (SHECAIRA; JUNIOR, 2002).
Michel Foucault (2010) diz que “a recuperação do condenado como objetivo principal da pena é um princípio sagrado cuja aparição formal no campo da ciência e principalmente no da legislação é bem recente”. Ademais, muito embora seja pacífico o entendimento jurídico brasileiro segundo o qual a pena não possa ser desviada de sua finalidade ressocializadora, o que se vê é uma dificuldade muito grande em aplicá-la com eficiência, pois, na prática, ao que tudo indica, a pena não tem conseguido ressocializar o condenado.
Suzann Cordeiros (2006) em seus estudos levantou sobre as dificuldades mais comuns das políticas públicas carcerárias voltadas para o projeto ressocializador a partir de uma pesquisa prisional. Esse pesquisador defende que, nas prisões, a ressocialização encontra obstáculos. De acordo, com Daniel Chaves Brito e Wilson José Barp:
As prisões estão distantes de realizar os fins preconizados de recuperar presos, devido às contradições e às agruras do sistema social penal. Criada para respeitar as leis sociais, a prisão quando não alcança seu fim ressocializador, metaforicamente se mantém fora da lei (BARP, 2005, p.160.
A ressocialização, porém, deve ser encarada não no sentido de reeducação do condenado para que este passe a se comportar de acordo com o que a classe detentora que o poder deseja, mas sim como reinserção social, isto é, torna-se também finalidade da pena a criação de mecanismos e condições ideais para que o delinquente retorne ao convívio da sociedade.
3.1 PRISÃO E TRABALHO
A compreensão das diferentes abordagens teóricas que fundamentam o debate sobre o trabalho prisional na sociedade contemporânea nos remete ao resgate das características gerais relacionadas à evolução da instituição prisional, ou seja, ao surgimento do encarceramento como penalidade primária.
Nesse sentido, desde aqueles primeiros dias, o trabalho aparece como um dos mecanismos disciplinares, assumiram uma importância não como uma atividade estrita de produção, mas como um dos dispositivos que operam para restringir o intelecto, a vontade e vazia, uma esquema de submissão individual e de ajuste a um aparato de produção ".as provisões dos sujeitos (FOUCAULT, 2010). 
Foucault (2010) defende ainda a ideia de que o surgimento do encarceramento corresponde ao período em que os mecanismos institucionais que cederam e dirigiram uma sociedade soberana foram reajustados para fazer valer as premissas de uma sociedade disciplinar, de vigilância. Especificamente no final do século XVIII e início do século XIX, na esteira da transformação social e econômica, encontra-se a noção de um novo tipo de exercício de poder, capilar, que perpassa o corpo social, diferentemente do conceito de poder como algo centrado. e muitas vezes incorporada na figura do monarca. Por sua vez, na sociedade disciplinar e, especificamente, na organização carcerária, as forças dos corpos são canalizadas através dos dispositivos disciplinares, no intuito de que se tornem dóceis e produtivos (FOUCAULT, 2010).
A prisão é considerada o espaço onde o indivíduo que se desvia da moral, social e as regras legais de uma sociedade específica podem ser ressocializadas. Busca, através da pedagogia carcerária, a reconstituição do indivíduo e sua vontade de trabalhar. A prisão irá “[...] forçá-lo a voltar a um sistema de interesses em que o trabalho seria mais vantajoso que a preguiça, forma em torno dele uma sociedade pequena, miniatura, simplificada, coercitiva [...] “quem quer viver deve trabalho” (FOCAULT, 2010). 
Nesse sentido, políticas de ressocialização pelo trabalho são jogos complexos de inclusão e exclusão produzida nas malhas dos discursos jurídicos voltados para a produção de um determinado tipo de sujeito. Eles são públicos políticas de domesticação social do sujeito considerado anormal, considerando o anormal como falho e incorrigível sujeitar e definir e estabelecer os limites do que é ser “normal”. O grande projeto político-educacional de modernidade é precisamente a transformação dos indivíduos em sujeitos através de uma série de estratégias que visam prevenir e corrigindo assuntos incorrigíveis (LASTA; HILLESHEIM, 2010). 
No entanto, paradoxalmente, “[...] o que define o indivíduo para ser corrigido é que ele é incorrigível” (FOUCAULT, 2010, p.73). Nas prisões brasileiras, grupos criminosos assumiram o papel do Estado e, na prática, administraram instalações. Os grupos são disseminados dentro e fora do sistema prisional (FELTRAN, 2010). 
Além de produzir assuntos que cumprem as normas e regras do estado e do mundo do crime, a prisão é um lugar para construir conhecimento sobre este assunto. Para promover mudanças nos presos, é necessário conhecer o perigo que eles oferecem, classificá-los, fazer anotações, conheça-os. Existe todo um conhecimento projetado com o objetivo de gerenciar pessoas, um conhecimento individualizante que não tem o crime como objeto. 
O objeto é o comportamento cotidiano do prisioneiro, que mede o perigo que a pessoa se oferece à sociedade já que a disciplina busca prevenir a ocorrência do indesejado oferecendo algo se espera que os presos desejem: o assunto que funciona, útil e politicamente dócil.Isso significa que o assunto pode continuar ser violento, fato que justificaria ainda mais o estado agindo no seu controle. 
No contexto brasileiro, a violência se instalou no tecido social de tal maneira que afetou a vida de homens e mulheres em qualquer condição social, econômica, e condição política, e existem muitas causas dessa violência generalizada e enraizada na sociedade brasileira. Nesse sentido, as causas da violência não podem ser atribuídas apenas às condições socioeconômicas, políticas e culturais isoladas, mas deve ser entendido a partir da natureza de nossa organização social e suas configurações (PORTO, 2002). 
Neste processo disciplinar do sujeito delinquente, há a mortificação do eu. O criminoso chega na prisão com uma concepção de si mesma estabelecida em sua realidade e rotina doméstica. Eloisio Moulin de Souza, Alessandra de Sá Mello da Costa e Beatriz Correia Lopes citam que a prisão promove é a perda de tais concepções através de “[…] uma série de humilhações, degradações, humilhações e profanações de si” (SOUZA; COSTA; LOPES, 2019). Desta forma, a pessoa encarcerada é codificada como um objeto a ser incorporado na administração máquina, buscando produzir um sujeito complacente através de constantes testes de obediência em relação à nova rotina e à prisão.
Em tempos mais recentes, Ana Paula da Silva Lima e Maria de Fátima de Souza Santos (2008) procuraram demonstrar essa forte relação entre trabalho prisional e disciplina, na medida em que requer a obediência a regras que estruturam a vida do sujeito, por meio de horários, códigos de vestimenta, isto é, rotinas ou posturas específicas. No entanto, é necessário levantar uma questão que apenas no âmbito desta discussão teórica questiona a ideia de trabalho prisional como uma prática que constitui um exemplo da eficácia da estrutura do sistema prisional. 
Ao encerrar um elemento terapêutico, segundo Maruza Bastos (1997), o exercício da atividade laboral, via de regra, permite ao indivíduo esquecer suas decepções, seus problemas, seus medos e, principalmente, "preencher" o tempo. No entanto, o autor afirma que "o trabalho é como uma medicação paliativa que entorpece a dor, mas não aproxima as causas". Tal afirmação acena para o fato de que, na prisão, o trabalho às veze é considerado uma atividade que dignifica os indivíduos, imputando-lhes um senso de produtividade e utilidade; outras vezes é uma atividade que explora a condição de prisioneiro, limitando sua "liberdade" quando assim o desejar (BASTOS, 1997). 
Na maioria das vezes, as atividades laborais desempenhadas por indivíduos que cumprem penas são marcadas por fortes princípios tayloristas, na medida em que exigem baixa autonomia individual e carecem de um propósito comum. Trabalhar em uma prisão é muitas vezes percebido como um ato que traz a oportunidade de resgatar a redenção e a capacidade de se locomover dentro dos espaços da prisão (COSTA; BRATKOWSKI, 2007). Além disso, Ludmila Mendonça Lopes Ribeiro e Marcus Vinicius Gonçalves Cruz (2002, p.26) apontam para a “desconexão entre as atividades ocupacionais realizadas no contexto prisional e as potenciais preferências ocupacionais ou experiências de trabalho que talvez o sujeito possa ter tido”. Este fato acaba por acrescentar obstáculos ao desenvolvimento pessoal dos indivíduos e a sua posterior deslocalização em espaços sociais para além da prisão.
De certa forma, o trabalho prisional como um fenômeno social processado através das relações entre os condenados e a equipe coordenadora (aqui legitimada por disposições legais) também produz segregações. Existe um mundo de crime, ou seja, lá o que for que se possa chamar de moralmente repreensível, e existe um mundo de trabalho moralmente louvável e que consiste, portanto, em uma promessa ou recuperação. O trabalho prisional, nesse caso, seria um instrumento para se deslocar de um mundo para outro, contribuindo inclusive para a construção de identidades de trabalhadores e não trabalhadores nesse contexto (LIMA; SANTOS, 2008).
3.2 ORIGEM DO SISTEMA APAC
Em 1972, um grupo de 15 (quinze) pessoas preocuparam-se com os problemas das prisões na cidade de São José do Campos (SP) e passaram a pesquisar em nível nacional sobre a realidade do atual sistema penitenciário. Inúmeras entrevistas realizadas nos presídios foram realizadas, como por exemplo o caso do grupo de Humaitá, onde relataram que seria necessária uma grande mudança no sistema penitenciário (ALMEIDA et al., 2013).
No ano de 1974, o juiz Sílvio Marques Neto da vara de Execuções Criminais da Comarca, tomou a decisão ousada de transferir a gerência do presídio de Humaíta para uma equipe, na qual foi denominada de Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC), entidade jurídica, sem fins lucrativos com o objetivo de recuperar o preso através de um método de valorização humana, protegendo a sociedade e promovendo a justiça (BUTELLI, 2011).
Assim, APAC aceitou a tarefa de reformar a prisão de Humaíta e dirigi-la, com o apoio da comunidade, sem praticamente nenhum ônus para o Estado (incubindo apenas da alimentação e do pagamento da luz e da água), dispensando a figura do policial e do carcereiro (D'URSO, 2016).
As APACs (são Organizações da Sociedade Civil que geram Centros de Recolhimento sem Armas e Polícia, que têm o objetivo de promover a humanização da pena, conceder boas condições e dar dignidade para ser cumprida, abrangendo o aspecto punitivo e o aspecto de ressocialização da LEP. As APACs são organizações da sociedade civil que administram centros de encarceramento sem a presença de armas e policiais. Onde visam promover a humanização da pena, oferecendo condições favoráveis ​​e dignas para que a sentença seja cumprida, abrangendo o aspecto punitivo e o aspecto de ressocialização da LEP (JORGE, 2016).
Assim, os voluntários da APAC são responsáveis pela segurança e demais funções no presídio, no qual se orientam por uma escala de emenda dividida em em três estágios (fechado, semiaberto e aberto), oportunizando ao detento a ser chamado de recuperando. 
A cada estágio na APAC, o recuperando ganha um novo acesso ao mundo até alcançar o último, quando é permitido que o recuperando volte a residir sua casa e assumir um trabalho externo, obrigando apenas a uma apresentação diária à prisão. Tudo isso, baseado em alguns pontos básicos, como por exemplo: individualizar o tratamento tal como recomenda a lei; proporcionar assistência médica, odontológica, jurídica e educacional; utilizar a religião, com liberdade de culto, como o principal instrumento para a recuperação pretendida, visando matar o criminoso e salvar o homem; oferecendo condições para que o preso ajude o próprio preso, aplicar os regimes progressivos nas dependências da unidade o que facilitaria a permanência do condenado junto aos familiares ao longo do cumprimento de toda pena, acompanhado do voluntariado local, assim como sua reintegração na sociedade (OTTOBONI, 2006).
A Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC), destaca em seu site 12 elementos fundamentais do método APAC:
1. A participação da Comunidade
2. O recuperando ajudando o recuperando
3. O trabalho
4. Assistência Jurídica
5. Espiritualidade
6. Assistência à saúde
7. Valorização Humana
8. A família
9. O voluntário e o curso para sua formação
10. Centro de Reintegração Social - CRS
11. Mérito
12. Jornada de Libertação com Cristo (FBAC, 2019. p.1).
Portanto, a APAC, por estabelecer uma metodologia diferenciada no sistema prisional, se apresenta como uma alternativa ao sistema prisional comum, que mostra seus limites em termos ressocialização. A metodologia empregada de trabalho, a partir da experiência prática do seu principal fundador, Mário Ottoboni, foi então consolidada em 12 (doze) elementos fundamentais do método APAC, que visam garantir a uniformidade das ações em todas as APACs espalhadas pelo mundo. Essa metodologia coloca presos circulando livremente pelos espaços e até com uma vida externa ao espaço prisional, condicionada ao trabalhodocente e a circulação de pessoas de fora dos sistemas e funcionam de forma diferente das prisões e nas APAC, inclusive a forma de se dirigir à pessoa privativa de liberdade de representá-la.
Atualmente, a APAC atende cerca de 3.500 prisioneiros, cuidando dos sentenciados em três regimes prisionais. As APAC (Prisões) no Brasil praticam uma metodologia alternativa de encarceramento e reabilitação, humanizando a punição e preparam os infratores para reingressar na sociedade (OCCHETTA, 2018).
3.3 O SISTEMA APAC COMO ALTERNATIVA DE RESSOCIALIZAÇÃO 
A APACs são Organizações da Sociedade Civil no qual implantaram Centros de Recolhimento sem Armas e Polícia, com o objetivo de promover a humanização da pena, conceder boas condições e dar dignidade para ser cumprida, abrangendo o aspecto punitivo e o aspecto de ressocialização da LEP (OCCHETTA, 2018). 
Os deveres dos apenados estão previstos no artigo 39 na LEP, as seguintes garantias:
I- Comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; 
II-Obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;
III- Urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; 
IV- Conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina; 
V-Execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; 
VI-Submissão à sanção disciplinar imposta; 
VII- Indenização à vítima ou aos seus sucessores; 
VIII- Indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho; 
IX- Higiene pessoal e asseio da cela e alojamento; 
X- Conservação dos objetos de uso pessoal (BRASIL, 1984).
Já os direitos, estão previstos de acordo com as garantias previstas na LEP, em seu artigo 41:
Art. 41 - Constituem direitos do preso: 
I - Alimentação suficiente e vestuário; 
II - Atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Previdência Social; 
IV - Constituição de pecúlio; 
V - Proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; 
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; 
IX - Entrevista pessoal e reservada com o advogado; 
X - Visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; 
XI - chamamento nominal; 
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena; 
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; 
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito; XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. 
XVI - atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente (BRASIL, 1984).
A LEP tem por finalidade garantir a ressocialização por meio do cumprimento da pena. As APACs visam promover a humanização da pena, oferecendo condições favoráveis ​​e dignas para que a sentença seja cumprida, abrangendo o aspecto punitivo e o aspecto de ressocialização da LEP. Conforme estabelecido na LEP, na Lei n. 7.210 datada de 1984, em seu artigo 1, “A execução penal destina-se a dar efeito às disposições do julgamento ou decisão sobre crime e proporcionar condições para a integração social harmoniosa das pessoas condenadas e admitidas” (BRASIL, 1984), isto é, o cumprimento da sentença deve fornecer condições para o prisioneiro para integrar-se com a sociedade. 
Destaca-se que a transferência dos apenados para as APACs é regulada pela Portaria-Conjunta nº.84/2006, onde “estabelece normas para a transferência de presos em cumprimento de pena privativa de liberdade para os Centros de Reintegração Social - CRS geridos pelas Associações de Proteção e Assistência aos Condenados – APACs” (BRASIL, 2006, p1), na qual prevê que o preso condenado à pena privativa de liberdade poderá ser transferido para os Centros de Reintegração Social, por meio de ato motivado do Juiz da Execução, independentemente da duração da pena e do crime cometido. 
Assim, o propósito da privação de liberdade é a reabilitação e ressocialização do criminoso, buscando como resultado um caminho para igualar o mal que ele causou. O pedido de penalidade deve ter o efeito do medo e, especialmente, a regeneração para que o indivíduo, ao retornar à sociedade, seja útil e honesto (FIGUEIREDO NETO et al., 2009). 
Neste contexto, a qualificação profissional são elementos básicos (TAKEMIYA, 2015). Afinal, a inserção destes indivíduos no mercado de trabalho é vista como uma barreira ao comportamento ilegal, uma vez que restringe oportunidades de má conduta e oferece oportunidades econômicas e incentivos sociais para uma vida sem crimes (ROCHA et al., 2012). 
Nesse sentido, alguns autores comentam sobre importância do trabalho e qualificação profissional para a reabilitação de prisioneiros, no intuito de permitir o retorno social porque através do trabalho, os indivíduos garantem equilíbrio e melhor condicionamento psicológico, bem como melhor comprometimento. Ensinar-lhes uma habilidade é a maneira mais eficaz de ressocializar os prisioneiros (FAUSTINO; PIRES, 2012). 
Para Tayla Roberta Dolci Rossini (2015, p.1), “existem algumas alternativas para que o sistema de internação brasileiro resolva a crise que experimenta e realiza, efetivamente, a reabilitação do agressor”. Segundo a autora, eles incluem o trabalho nas prisões como medida de ressocialização, causando efeitos positivos na prisão; educação nas prisões para qualificar o indivíduo; a intervenção mínima do direito penal através da criação de novos tipos de punição e o desenvolvimento de políticas públicas para assegurar que o Estado possa realmente alcançar o objetivo da sentença envolvendo privação de liberdade. 
Fundada nos anos 70 pelo advogado e jornalista Mario Ottoboni e um grupo de participantes da Pastoral da Reconciliação de São José dos Campos (SP), o Método APAC oferece diretrizes que oferecem ao infrator possibilidade de recuperação, a fim de proteger a sociedade e promover a justiça social. A valorização da disciplina, respeito pela pessoa humana e o tratamento adequado do infrator, já previsto na LEP (BRASIL, 1984), são alguns dos fatores que permitem o sucesso deste modelo, cujo lema é “Matar o criminoso e salve o homem”. 
O autor destaca que, neste método, o valor de custo por prisioneiros corresponde a 1/3 do sistema de detenção comum. De acordo com Campos e Santos (2014, p.8), no “Brasil, existem 100 APAC cujo custo de manutenção é de 40% da detenção comum sistema”. Outro fator relevante é que 70% dos indivíduos que gastam condenação por privação de liberdade na APAC gera empregos após a condenação, indicando que este é um sucesso experiência.
Segundo Soares (2011, p.73), na APAC, “não há presença policial nem dos agentes penitenciários, os próprios presos possuem as chaves das celas e são responsáveis pela segurança do local”. Eles também não usam uniformes, mas usam roupas comuns, eles são chamados pelos seus nomes, não usam um distintivo de identificação, além de talheres durante as refeições.
Ana Paula Faria (2011) descreve algumas características desse projeto correcional, como a individualização da convicção; participação efetiva da comunidade local, por meio do voluntariado; apenas uma prisão que oferece três esquemas criminais: fechados, semiabertos e com instalações independentes e adequados às atividades realizadas em cada um deles; ausência de armas. O autor também destaca as atividades realizadas pelo ofensor de acordo com o regime de condenação ao qual o mesmo está inserido. Campos Filho (2013) classificou as propostas adotadas pelo método APAC em: (i) preparar o preso para retornar à vida social; (ii) assegurar que a sociedade viva com um indivíduo ressocializado e (iii)

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