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3 DICAS DE OURO PARA NEGOCIAR COM BANCOS Prof. Márcio Vieira Foto: Depositphotos.com Sumário Autor Apresentação Porque estou escrevendo este e-book O que você vai encontrar neste e-book Dúvidas comuns 3 dicas de ouro de como negociar com bancos Antecipe-se ao problema Sempre que possível, manter em dia as que vão vencendo Fique atento às janelas de oportunidade Conclusão 02 03 04 04 05 07 08 10 11 13 Autor // Márcio dos Santos Vieira Mestre em Direito. LLM Direito dos Negócios. Especialista em Processo Civil. Advogado com mais de 20 anos de experiência em contencioso e processos de negociação de direito bancário, sendo 05 anos como gestor de departamento jurídico de banco. Olá, seja muito bem-vindo. Quero iniciar me apresentando. A minha relação com operações bancárias se iniciou lá no ano de 1986. Foi quando eu comecei a trabalhar no Banco do Brasil. Desde aquela época, tenho contato com operações bancárias, e com a realidade de quem procura os bancos, seja para comprar bens de consumo, como automóveis, seja para �nanciar os seus negócios. Posso dizer que aprendi muito sobre a mentalidade dos bancos, sobre o que os bancos valorizam, e como funcionam. Aprendi as estratégias que são bem-sucedidas, e as que não fazem sentido algum. Em seguida, �z a faculdade de direito, e naturalmente comecei a atuar com direito bancário, mesmo antes de estar formado. Eu acompanho a evolução da legislação e da jurisprudência nesta área há pelo menos 20 anos. Eu já perdi a conta do número de clientes que atendi, que enfrentavam di�culdades com bancos. Posso dizer que já consegui ajudar muita gente a pagar um valor mais justo, a adequar a forma de pagamento a sua realidade, e também a ter devolvidos valores que os bancos cobraram ilegalmente. Durante um pouco mais de 4 anos, atuei na gestão do departamento jurídico de um banco privado, justamente na área de ações de busca e apreensão e de revisionais. Foi uma experiência muito interessante, e que me trouxe mais uma série de valiosos conhecimentos sobre como as pessoas devem negociar de maneira adequada os seus débitos bancários. Atualmente, sigo atuando com direito bancário, e advogo em casos especí�cos em que sou convidado. E tenho desenvolvido projetos educacionais para advogados que buscam quali�cação nesta área. Já são algumas centenas de alunos, com várias histórias de sucesso para contar, que me deixam muito animado a seguir nesta caminhada. Apresentação 03 Porque estou escrevendo este e-book Eu percebo que há muita informação desencontrada quando se trata de débitos bancários. De um lado, as pessoas têm dúvidas práticas, do dia-a-dia, e nem sempre encontram uma pessoa que as possa esclarecer. De outro lado, também há muitos pro�ssionais do direito que têm um conhecimento parcial de direito bancário. Muitas vezes bem intencionados, mas acabam dando uma orientação precária, e infelizmente nem sempre correta. A partir do meu blog, e de artigos que publico, as pessoas me mandam as suas dúvidas, os seus questionamentos. Na medida do possível eu respondo. Mas nem sempre é possível responder a todos. Então resolvi preparar alguns materiais informativos, com orientações práticas, que já podem ser implantadas desde logo. Isso inclusive auxilia os bancos, pois quanto mais pessoas conhecem as regras do jogo, menos tempo e energia se perde. O que você vai encontrar neste e-book Partindo desta ideia de prestar uma informação quali�cada e útil para as pessoas, neste e-book eu procurei responder algumas das dúvidas mais comuns que eu recebo no dia-a-dia. E também resolvi dar 3 dicas bem práticas que auxiliam a negociar com os bancos, tendo por base os meus anos de vivência com este assunto. São dicas que você já pode colocar em prática hoje mesmo, e que devem facilitar o seu diálogo com os bancos. Isso aumenta as suas chances de fazer uma boa negociação, tanto para você mesmo como para seu cliente. Vamos lá então? 04 05 1.Atrasei as parcelas do �nanciamento do carro e foi recomendado que depositasse o valor de uma parcela em juízo. Dessa forma nunca sofreria busca e apreensão, pois o valor estava depositado em juízo. Há alguma verdade nisso? de fato depositei e até agora não sofri a busca e apreensão. R. As coisas não funcionam exatamente assim. Se você deposita uma parcela em juízo, esta parcela, e apenas esta, pode ser considerada paga. Mas isso não evita que você �que inadimplente com as demais parcelas, e portanto o banco possa ajuizar a busca e apreensão. Alguns bancos às vezes demoram um pouco mais, mas isso não signi�ca que eles não possam entrar com a ação. Se fosse assim seria muito fácil. Ninguém mais pagaria os �nanciamentos e os bancos �cariam de mãos amarradas, o que a gente sabe que não acontece na prática. 2. Fiquei desempregado e estou com 3 parcelas do carro atrasadas. Não tenho condições de colocar todas em dia ao mesmo tempo. A dúvida é: pago as próximas parcelas que vão vencer e vou tentando negociar as atrasadas ou pago a mais atrasada primeiro? Qual a melhor forma de evitar a busca e apreensão? R. O ideal é pagar as mais antigas primeiro. Se isso não for possível, tente ao menos pagar as que vão se vencendo. Demonstre para o banco o seu esforço. Se atrasar muitas, tente reparcelar. O importante é diminuir o tamanho do problema. Mas lembre, quanto mais antigas forem as parcelas em atraso, mais aumenta o risco da busca e apreensão. 06 3. É verdade de que quando o veículo tem poucas parcelas para terminar o �nanciamento, a �nanceira não tem muito interesse em entrar com a busca e apreensão? R. É exatamente isso! Insista na negociação e pechinche um bom desconto. Nestes casos, na maioria das vezes não vale a pena para o banco apreender o carro. Eles têm várias despesas com a apreensão, e praticamente trocam dinheiro. Mas mesmo assim eles têm o direito à busca e apreensão. E em alguns casos eles nem fazem esta avaliação, simplesmente vai indo no “piloto automático” e eles encaminham para a busca e apreensão do mesmo jeito. Então é bom negociar. 4. Para que a busca e apreensão seja autorizada pelo juiz, eu tenho que ser noti�cado através de AR (aviso de recebimento)? Enquanto eu não receber - ou seja, o banco não enviar o AR - não há como o banco entrar com o pedido de busca e apreensão? R. É necessário noti�car, mas não precisa ser pessoalmente. Fique atento. A lei não exige que você assine o AR. Veja o texto da lei: “A mora decorrerá do simples vencimento do prazo para pagamento e poderá ser comprovada por carta registrada com aviso de recebimento, não se exigindo que a assinatura constante do referido aviso seja a do próprio destinatário.” Ou seja, se qualquer outra pessoa assinar o AR quando a noti�cação for enviada para o seu endereço, isso será considerado su�ciente.. 3DICASPARA NEGOCIAR COM BANCOS 1 08 A primeira dica, e por incrível que pareça, talvez a mais valiosa, é: antecipar-se ao problema. Certa vez, um cliente me procurou quando já estava devendo para 5 bancos diferentes. Em cada um dos bancos, todos os limites estavam estourados: cartão de crédito, cheque especial, crédito direto, �nanciamento do carro. Eu perguntei como ele havia chegado àquela situação. Ele me explicou que o problema havia começado 2 anos atrás. Ele só tinha o �nanciamento do carro. Como estava sem dinheiro, aceitou um cartão de crédito. Usou o dinheiro que tinha na conta corrente para pagar a prestação do carro, e pagou as outras contas com o cartão. No mês seguinte, não tinha dinheiro nem para a prestação nem para o cartão. Usou então o limite do cheque especial. E já tratou de abrir uma conta num segundo banco. No mês seguinte, adivinha o que aconteceu? Isso mesmo, você é bem inteligente! Ele usou os limites que ganhou no outro banco, para cobrir a prestação do carro, o cartão e os juros do cheque especial. Bem, no outro mês...Bom, acho que você já entendeu. Chegou uma hora que a bola de neve cresceu tanto que ele não conseguiu mais crédito e a máquina inteira travou. E tudo isso porque ele não reconheceu de imediato a sua di�culdade e não tomou as medidas adequadas. Ou seja, ele não se antecipou ao problema. Antecipar-se signi�ca que a gente começa a enfrentar desde logo um problema um pouco menor. Claro, o ideal é não ter que enfrentar nenhum problema �nanceiro. Só que na maioria das vezes a escolha que as pessoas têm é: enfrentar um problema pequeno agora, de uma vez, ou adiar e enfrentar um problemão enorme daqui a algum tempo. Antecipe-se ao problema! 09 Qual dos dois você acha que é mais fácil resolver? Precisa pensar muito? Pois é, mas nós temos um mecanismo psicológico chamado “negação”. É como se, ao não falar do problema, ele magicamente desaparecesse. Seria maravilhoso se funcionasse, mas a verdade é que o problema não some, a menos que você ganhe na mega-sena ou algo assim. Na grande maioria das vezes ele aumenta muito mesmo. Então, a primeira dica é esta: antecipar-se ao problema, enfrentá-lo antes de ele aumentar. Se você está orientando um cliente, talvez ele tenha di�culdade de perceber isso, por conta do mecanismo de negação que apontei acima. Você, como pro�ssional, deve estar atento a este mecanismo e procurar ajudá-lo a tomar a decisão de começar a enfrentar o problema o quanto antes. 2 10 Um tempo atrás, eu recebi a ligação de uma pessoa que estava com a seguinte dúvida: ela estava com duas prestações atrasadas, e o banco exigia um valor bem alto para colocá-las em dia, pois havia acréscimo de multas e outros encargos. Ela não tinha este dinheiro, mas tinha o valor correspondente à prestação que estava vencendo naquele mês. A dúvida era: ela deveria pagar esta prestação do mês, ou deveria esperar para primeiro pagar as mais antigas? Esta aliás é uma dúvida bastante comum que as pessoas têm. Claro, o ideal é que você consiga pagar as mais antigas primeiro, ou seja, que vá pagando na ordem em que elas vão vencendo. Mas muitas vezes os bancos aceitam receber as parcelas que estão vencendo neste mês, mesmo que haja outras vencidas em meses anteriores. Se este é o caso, deve-se sempre manter em dia a parcela do mês. Isso auxilia a diminuir o seu problema. A�nal, é uma parcela a menos que será paga com atraso. Lembra da história da bola de neve que eu contei antes? Pois é, se o banco aceitar receber as parcelas que estão vencendo no mês, e se a pessoa tem condições de pagar, não deve pensar duas vezes. Quanto menor o problema que tiver que enfrentar, melhor. E mesmo se o banco não quiser aceitar, ainda assim há como fazer isso, através de uma consignação em pagamento. Sempre que possível, manter em dia as que vão vencendo 3 11 Por �m, uma dica muito valiosa, e que nem todo mundo tem conhecimento. A partir de agora você passa a fazer parte do seleto grupo de pessoas que tem acesso a esta informação. E meu desejo é que você faça muito bom uso dela. Mais de uma vez eu já fui contatado por advogados mais jovens, que ainda têm pouca experiência com estes assuntos, que me contam o seguinte: Passaram meses tentando negociar com o banco, sem sucesso. A situação no processo judicial estava bem desfavorável. De repente, sem que houvesse um motivo aparente, o banco fazia uma proposta para liquidar o débito por 20% do valor devido, ou às vezes até por menos ainda! Mistério? Não exatamente. Nas relações com os bancos, tudo tem uma explicação! São as - nem tão famosas – janelas de oportunidade. As três mais importantes são as seguintes: Quando o atraso do contrato está chegando perto de 90 dias: Por questões contábeis que não cabe aqui detalhar, os bancos precisam provisionar os valores em atraso, e isto implica um custo �nanceiro para eles. Em bom português, afeta os seus lucros. Fique atento às janelas de oportunidade 12 Quando os contratos passam de 90 dias de atraso, aumenta o nível de provisionamento. Então, é negócio para o banco fazer um acordo, mesmo dando um bom desconto, antes deste prazo. Claro, isso vai muito da gestão �nanceira do banco, e da organização dos seus processos internos. Mas este é um bom momento para fazer um acordo, pois o banco evita de aumentar a provisão do seu contrato. Quando o atraso do contrato está chegando perto de 180 dias: Quando isso acontece, o banco precisa registrar o seu caso como prejuízo. Alguns bancos dão um desconto maior um pouco antes dos 180 dias, outros dão o desconto depois deste prazo, pois como o caso vai para prejuízo, ou já está em prejuízo, o que entrar é lucro. En�m, perto deste prazo há sempre uma boa oportunidade de acordo. Perto do �nal do ano: Todos os bancos trabalham com metas anuais de recuperação de créditos. E estas metas são geralmente bem ousadas e difíceis de bater. Portanto, quando chega novembro ou dezembro, começa a bater um certo desespero para bater a meta. E o que os bancos fazem? Campanhas de desconto! Portanto, geralmente esta também é uma bela época para tentar fazer um acordo vantajoso. Claro, existem ainda outras situações, mas não dá para detalhar tudo aqui, senão �caria um livro muito grande! Em outra oportunidade eu posso entrar um pouco mais nos detalhes. 13 Eu �co muito feliz de poder compartilhar com você estas dicas, e espero que a partir de agora você consiga tirar proveito destas informações e destes conhecimentos, e que obtenha condições mais vantajosas quando precisar fazer alguma negociação com um banco. Lembre, agora você faz parte do seleto grupo de pessoas que tem acesso a estas informações. Eu �co aqui torcendo por você, para que faça bom uso delas. Até a próxima! CO N CL U Sà O
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