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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS LICENCIATURA EM MÚSICA ADINA DOS SANTOS FEITOSA JÚLIA GABRIELLA DA SILVA NEVES LUIZ ANTÔNIO DE SOUZA RIBEIRO ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DE GOIÁS: ANTECEDENTES HISTÓRICOS E PRODUÇÕES ARTÍSTICAS GOIÂNIA 2019 ADINA DOS SANTOS FEITOSA JÚLIA GABRIELLA DA SILVA NEVES LUIZ ANTÔNIO DE SOUZA RIBEIRO ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DE GOIÁS: ANTECEDENTES HISTÓRICOS E PRODUÇÕES ARTÍSTICAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em Música do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus Goiânia, como requisito para a obtenção da nota final da disciplina de TCC e do título de licenciado(a)(s) em Música Orientador Prof. Dr. Marshal Gaioso Pinto GOIÂNIA 2019 Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Karol Almeida da Silva Abreu CRB1/ 2.740 Biblioteca Professor Jorge Félix de Souza, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Goiânia. F329o Feitosa, Adina dos Santos. Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás: antecedentes históricos e produções artísticas / Adina dos Santos Feitosa; Júlia Gabriella da Silva Neves; Luiz Antônio de Souza Ribeiro. – Goiânia: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Goiânia, 2019. 60 f.: il. Orientador: Prof. Dr. Marshal Gaioso Pinto. TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) – Curso de Licenciatura em Música, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Goiânia. Inclui apêndice. 1. Orquestra – Goiânia (GO). 2. Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás. 3. Músicos – Goiânia (GO). I. Neves, Júlia Gabriella da Silva. II. Ribeiro, Luiz Antônio de Souza. III. Pinto, Marshal Gaioso (orientador). IV. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Goiânia. V. Título. CDD 784.2 Scanned with CamScanner AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, ao meu professor e orientador Dr. Marshal Gaioso Pinto, gratidão eterna aos meus amigos Luiz Antônio de Souza Ribeiro e a Júlia Gabriella da Silva Neves por compor este trabalho, ao professor Juliano Lima por compor a banca e por acrescentar informações primordiais para o sucesso do nosso trabalho final. Agradeço a minha psicóloga do Instituto Dr. Irene Lacerda Lemos por me mostrar que através da perseverança tudo se vence, ao meu esposo, a minha família e amigos e a todos os professores do IFG campus Goiânia que estiveram presentes durante todo o curso. (Adina) Gostaria de agradecer a Deus por ter me dado forças para não desistir e ter chegado até aqui. Gostaria de agradecer á minha mãe e meu pai que me deram todo o apoio necessário e que foram extremamente fundamentais para a minha formação. Agradeço a minha irmã e meus avós por sempre que mesmo tendo tão pouco, sempre me deram tudo, desde suporte emocional até o suporte financeiro. Aos meus professores que tiveram muita paciência comigo, em especial ao professor Marshal, que me ajudou em todos os aspectos acadêmicos. Ao meu amigo Luiz Antônio, que me deu total suporte psicológico para aguentar toda pressão do trabalho. Quero agradecer também, ao Caio que literalmente me acompanhou desde o início do processo de pesquisa, que me deu total apoio e força para persistir. (Júlia) Primeiramente a Deus por me dar força e saúde. Ao meu orientador Marshal Gaioso, que não mediu esforços, compartilhando técnicas e conhecimentos. Ao maestro Eliseu Ferreira, por disponibilizar todo material disponível. A minha família por sempre acreditar nos meus sonhos. A tia Bethe pela força e encorajamento, por ser um exemplo de humildade, caridade e amor. Ao Jackson pelo carinho e apoio, por me ajudar a tornar esse trabalho possível. As minhas colegas Julia e Adina por dividir a responsabilidade e esforço para tornar este trabalho realidade. (Luiz) RESUMO Com base em uma pesquisa bibliográfica e arquivística, o presente trabalho tem o objetivo de investigar as características das produções artísticas apresentada pela Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás (OSJG) desde sua fundação até o ano de 2018. Considerando que há pouquíssimas informações escritas a respeito da OSJG, é relevante investigar as circunstâncias na criação da mesma. Para melhor compreensão, esta pesquisa possui abordagem qualitativa, pois, por meio de análise das fontes encontradas foi feito também um levantamento das trajetórias de outras orquestras que atuam ou atuaram na capital de Goiás. Possui também uma abordagem quantitativa, pois, através de uma extensa pesquisa arquivística, foi possível encontrar programas de concerto que foram analisados para chegar às estatísticas que serão apresentadas ao longo do trabalho. Palavras-chave: Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás. Orquestra em Goiânia. Músicos em Goiânia. ABSTRACT This current study has the objective of investigating the characteristics of the artistic productions presented by "Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás" (OSJG) from the moment it was founded, up until the year of 2018, using bibliographic research, and archival studies as a basis. Since there is very little written in regards to the OSJG, it would be relevant to investigate the circumstances surrounding it's inception. For the sake of better comprehension, this paper uses a qualitative approach, since, by means of the analysis of the compiled sources, the trajectory of other orchestras that were active in Goiás’ capital was surveyed. There was also a quantitative approach, since, it is possible to find programs for concerts that were analyzed to reach the statistics that will be presented throughout the research. Keywords: Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás. Orchestra in Goiânia. Musicians in Goiânia. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Representação gráfica do número de programas localizados da OSJG. .................. 26 Figura 2 - Representação gráfica dos cinco compositores mais executados. ........................... 29 Figura 3 - Representação gráfica da nacionalidade dos compositores. .................................... 30 Figura 4 - Concerto da OSJPLT e Orquestra Infantil Mozart em 17 dez. 2014. ...................... 34 Figura 5 - Representação gráfica da quantidade de instrumentistas que passaram pelos grupos pertencentes a OSJG. ................................................................................................................ 43 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Levantamento de atividades de 2004 a 2013 ......................................................... 27 Quadro 2 - Levantamento de compositores por período .......................................................... 31 Quadro 3 - Levantamento de regentes convidados. .................................................................. 39 Quadro 4 - Levantamento de instrumentos solistas. ................................................................. 40 Quadro 5 - Levantamento de spalle que passaram pelos grupos pertencentes à OSJG. ........... 44 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8 1 TRAJETÓRIA DAS ORQUESTRAS ACADÊMICAS, FILARMÔNICAS E SINFÔNICAS EM GOIÂNIA ............................................................................................... 10 1.1 ORQUESTRAS ACADÊMICAS ...................................................................................... 11 1.1.1 Primeira iniciativade música orquestral em Goiânia .................................................. 11 1.1.2 Instituto de Artes da Universidade Federal de Goiás ...................................................... 11 1.1.3 A Orquestra Feminina do Conservatório de Música da UFG ......................................... 12 1.1.4 Orquestra Sinfônica da UFG ........................................................................................... 14 1.1.5 Orquestra Sinfônica de Goiânia ....................................................................................... 14 1.1.6 Orquestra de Câmara do Instituto de Artes da UFG ........................................................ 15 1.2 ORQUESTRAS FILARMÔNICAS ................................................................................... 16 1.2.1 Orquestra da Pró-Arte e “Orquestra de Amadores” ........................................................ 16 1.2.2 Associação Goiana de Música ......................................................................................... 17 1.2.3 Sociedade de Concertos Sinfônicos de Goiás.................................................................. 18 1.3 ORQUESTRAS SINFÔNICAS ......................................................................................... 19 1.3.1 Orquestra Filarmônica de Goiás ...................................................................................... 20 1.3.2 Orquestra Sinfônica de Goiânia ....................................................................................... 21 2 ANÁLISE QUANTITATIVA DAS TEMPORADAS DE CONCERTO DA ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DE GOIÁS DOS ANOS DE 2004 A 2018 ...........25 2.1 COMPOSITORES E REPERTÓRIO ................................................................................. 28 2.2 REGENTES ........................................................................................................................ 31 2.2.1 Os regentes titulares: ....................................................................................................... 32 2.2.2 Os regentes assistentes e substitutos. ............................................................................... 35 2.2.3 Os Regentes Convidados. ................................................................................................ 37 2.3 SOLISTAS ......................................................................................................................... 40 2.4 INSTRUMENTISTAS ....................................................................................................... 41 CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 48 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 49 APÊNDICE A – LISTA DE INSTRUMENTISTAS QUE PASSARAM PELA ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DE GOIÁS DE 2004 A 2018 ................................. 50 8 INTRODUÇÃO Em 2001 foi criada a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás (OSJG), com a proposta de oferecer de forma sistemática o aprendizado das habilidades específicas da profissão de músico de orquestra. Esta pesquisa buscou investigar as características da produção artísticas apresentada pela OSJG desde sua fundação até o ano de 2018. Procurou-se também investigar as circunstâncias que resultaram na criação do grupo. Muitos artistas passaram pela orquestra, assim, esta pesquisa elaborou também um levantamento extensivo de todos os artistas que atuaram junto ao grupo. Para melhor compreensão, foi feito um levantamento das trajetórias de algumas orquestras que atuaram em Goiânia, desde sua fundação em 1933 até o presente ano. Nesta pesquisa buscou-se examinar as características da produção artística apresentada pela OSJG, destacando-se sua atuação no meio musical goiano em termos de repertório, espetáculos e artistas disponibilizados através das atividades da orquestra. O presente trabalho não esgota a possibilidade das fontes levantadas em subsidiar várias outras pesquisas. A Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás é um dos mais importantes organismos culturais do estado de Goiás, formando vários músicos e alcançando projeção tanto nacional como internacional, em festivais e turnês. Apesar de sua importância no meio cultural goiano, a escassez de informações a respeito da orquestra é marcante, sendo poucos os trabalhos escritos a respeito da OSJG. Este trabalho realizou uma revisão bibliográfica e uma pesquisa arquivística. Três trabalhos foram fundamentais para a pesquisa, o livro Memória Musical de Goiânia (2002), escrito pela maestro Braz W. P. de Pina Filho; o artigo do Professor Othaniel Alcântara, Imagens sobre a Orquestra Filarmônica de Goiás: Uma breve retrospectiva (2016) e a monografia de Lorena Felipe Orquestra Sinfônica Jovem da Educação do Estado de Goiás: aspectos de uma trajetória (2007). Os resultados foram tratados de forma qualitativa, pois, se fez necessário analisar as constantes mudanças que as orquestras enfrentaram até chegar aos patamares atuais. Já na pesquisa arquivística, foram organizadas as informações referentes às temporadas da OSJG, separando-as por categorias, chegando a números e estatísticas, tornando-se então uma pesquisa quantitativa e qualitativa. Este trabalho está organizado em dois capítulos e um apêndice. No capítulo 1 foi realizado um levantamento histórico a respeito das orquestras que atuam ou já atuaram em Goiânia, com o intuito de resgatar a história desses grupos, para dar um direcionamento de 9 como chegou até a criação da OSJG. Esses grupos foram classificados em três categorias distintas: (1) orquestras acadêmicas, (2) orquestras filarmônicas e (3) orquestras sinfônicas. Para o capítulo 2 foram levantados 169 programas das temporadas de 2004 a 2018. Através deste levantamento foi possível chegar a informações especificas de repertório, regentes, solistas e instrumentistas da OSJG. O levantamento feito contém informações de todos os programas de concertos encontrados, incluindo os outros grupos administrados pela direção da OSJG. O apêndice 1 apresenta a lista de todos os instrumentistas que passaram pela orquestra. Estão separados por instrumento e ordem alfabética, contendo também uma lista específica para os spalle. 10 1 TRAJETÓRIA DAS ORQUESTRAS ACADÊMICAS, FILARMÔNICAS E SINFÔNICAS EM GOIÂNIA Este capítulo tem como finalidade apresentar a trajetória das orquestras em Goiânia. São discutidos os fatos relacionados aos processos de criação de cada uma delas e identificados os nomes dos músicos que tiveram uma importante atuação para a construção do movimento sinfônico da capital de Goiás. Por fim, são apontados os nomes daqueles que ainda dão continuidade aos projetos criados. Classificamos as orquestras surgidas em Goiânia em três tipos: sinfônica, filarmônica e acadêmica. Os termos “sinfônica”, “filarmônica” e “acadêmica” serão utilizados aqui com acepções um pouco distintas do uso atual. Hoje em dia os termos “sinfônica” e “filarmônica” tendem a ser tratados como sinônimos, portanto, não há diferença essencial entre uma orquestra sinfônica e uma orquestra filarmônica. Entretanto, na definição tradicional considerava-se que orquestras sinfônicas eram mantidas pelo poder público e orquestras filarmônicas eram aquelas mantidas por inciativas privadas. As definições adotadas para esta pesquisa são mais próximas das definições originárias. Assim considera-se orquestra sinfônica, uma orquestra profissional ou semiprofissional mantida pelo poder público, seja ele estadual ou municipal. Por outro lado, orquestra filarmônica é uma orquestra mantida por iniciativa privada. Por fim, as orquestras acadêmicas são aquelas vinculadas a instituições de ensino. Definida a terminologia, em alguns casos, encontra-se uma dissonância entre osnomes e as categorias de classificação de algumas orquestras. Exemplo disso é a Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Goiás (UFG), que apesar do nome, é considerada aqui, uma orquestra acadêmica, pois, está ligada a uma instituição de ensino. Por outro lado, a Orquestra Sinfônica de Goiás, fundada em 1949, é considerada para o presente trabalho uma orquestra filarmônica, pois, foi mantida por algum tipo de inciativa privada. Por fim, a atual Orquestra Sinfônica de Goiânia, fundada pelo maestro Joaquim Jayme e hoje em dia dirigida pelo maestro Eliseu Ferreira, propriamente dita é considerada uma orquestra sinfônica, já que é mantida pelo poder público. 11 1.1 ORQUESTRAS ACADÊMICAS O termo “orquestra acadêmica” como citado acima será utilizado para designar as orquestras ligadas às instituições de ensino. Também será desenvolvida nesta pesquisa, a compreensão das mudanças que foram necessárias para a preservação de cada orquestra. 1.1.1 Primeira iniciativa de música orquestral em Goiânia Em 1937, o Lyceu de Goyaz1, criado em 1847, foi transferido para Goiânia. Em seu currículo já constava a disciplina música. Joaquim Edison de Camargo (1900-1966), proveniente da Cidade de Goiás, se mudou para Goiânia para trabalhar na instituição como professor de música, ficando à frente da orquestra e do coral. Joaquim Edison foi violinista, compositor, regente e professor. De acordo com Pina Filho (2002, p. 20), Edison desenvolveu uma intensa atividade artístico-musical, montando um conjunto instrumental chamado Orquestra Enzinho de Oliveira, tendo esse nome em homenagem a um aluno que faleceu em um trágico acidente aéreo e que era um admirador de música. Essa orquestra era composta por alunos da própria instituição e permaneceu em atividade até o ano de 1955. É possível que Joaquim Edison tenha criado outra orquestra além desta batizada com o nome de Enzinho de Oliveira, pois, quando a orquestra da Pró-Arte é criada, foram aproveitados músicos da “Grande Orquestra” (PINA FILHO, 2002, p. 24) Não fica claro se essa “Grande Orquestra” é um grupo distinto ou se é a própria Orquestra Enzinho de Oliveira. 1.1.2 Instituto de Artes da Universidade Federal de Goiás A partir de 1960, a criação da Universidade Católica de Goiás (UCG, atual PUC) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) foi possível estimular o desenvolvimento da ciência, cultura e da educação no Estado. É partindo deste contexto que nascem em as duas escolas de artes de Goiás, a Escola Goiana de Belas Artes (EGBA) e o Instituto de Belas Artes de Goiás (IBAG, atual FAV), responsável pelos primeiros cursos formais de artes no estado de Goiás. 1 Instituição fundada na antiga capital de Goiás. O Lyceu de Goyaz foi criado pela Lei n.9 de 17/06/1846 e instalado no ano seguinte. Permaneceu como a única instituição de Ensino Secundário em Goiás, até 1929. Na nova Capital, a partir de 1937, manteve-se em posição de destaque no cenário educacional goiano até meados do século XX. Braz Wilson Pompeu de Pina Filho, em “Memória Musical de Goiânia”, afirma que a transferência do Lyceu de Goyaz para Goiânia, em 1937, foi um marco importante para a implantação da música clássica na nova capital. (ALCÂNTARA JUNIOR. O Lyceu de Goiás e a música. Disponível em: <https://aredacao.com.br/colunas/71976/othaniel-alcantara/o-lyceu-de-goyaz-e-a-musica> ) 12 Em 1953, a Universidade Católica de Goiás (UCG) teve a oportunidade de abrigar a primeira escola de artes de Goiânia, a Escola Goiana de Belas Artes, entre as áreas constituidoras da EGBA estava a música. Os professores de música tinham como objetivo promover atividades didático-musicais em Goiânia e criaram o departamento de música chamado de Instituto de Música da Escola Goiana de Belas Artes. Mais tarde, descontentamentos por parte dos professores provocou no final de 1959 a cisão da EGBA. A respeito disso, Goya afirma que: “[...] a EGBA, instituição sem fins lucrativos lutava para suportar a falta de recursos e enfrentava internamente tanto problemas políticos quanto problemas ligados a concepções conservadoras que impediam o avanço da escola. Posteriormente subordinada à Universidade Católica de Goiás (UCG), passou a sofrer limitações advindas de tabus e preconceitos, obstáculos para o seu desenvolvimento.” (2010, p. 2028). Então, em consequência desta crise, dez anos após a criação da Escola Goiana de Belas Artes, os professores passaram a trabalhar para a criação do Instituto de Música da Escola Goiana de Belas Artes de Goiás. Em 1956, quando já criado o instituto, o mesmo se desmembrou da escola e tornou-se o Conservatório Goiano de Música. Lá foi criada a Orquestra de Câmara do Conservatório Goiano de Música, regida pelo maestro Jean Douliez2. Então, em 1963, o Conservatório Goiano de Música foi integrado à Universidade Federal de Goiás, como uma de suas unidades fundadoras. Após a anexação foi chamado de “Conservatório de Música da UFG” e mais tarde de “Instituto de Artes da UFG”. Foi o Instituto de Artes que originou as atuais Faculdade de Artes Visuais (FAV) e Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC). Praticamente por uma década, Goiânia contou com duas faculdades de artes plásticas, uma privada e a outra pública, até que em 1972 a EGBA foi transformada em Faculdade de Arquitetura da Universidade Católica de Goiás, encerrando assim seu curso de artes visuais em 1968. 1.1.3 A Orquestra Feminina do Conservatório de Música da UFG Durante uma reunião do Corpo Docente do Conservatório Goiano de Música, Belkiss Spencière (1928-2005), naquela época diretora da instituição, que confidenciou em seu livro Andanças no Tempo, que: “O professor Jean Douliez apresentou-se desanimado, triste, queixando-se da impossibilidade de conseguir um bom rendimento nos ensaios da Orquestra da 2 Sobre o maestro Jean-Douliez, ver seção 1.2.2. 13 Sociedade de Concertos Sinfônicos de Goiás: pela carência de músicos, sua frequência irregular e pontualidade não observada”. (MENDONÇA, 2006, p. 58). Então em 1959, Belkiss sugeriu ao maestro Douliez a criação de uma orquestra feminina formada por alunas e professoras do Conservatório Goiano de Música da UFG. Esse conjunto coexistiria com a orquestra da Sociedade de Concertos Sinfônicos de Goiás3. Quase todas as alunas eram pianistas e foram incentivadas a estudar um segundo instrumento, adquirido então pela Instituição. A Orquestra Feminina do Conservatório de Música ficou mais conhecida pelo seu caráter inovador com um conjunto instrumental composto inteiramente por mulheres. Foi a primeira orquestra feminina no Brasil, sendo notícia, inclusive em alguns países da Europa. Pina Filho afirma que: A Orquestra Sinfônica Feminina foi notícia em jornais e revista de quase todo o Brasil e também em países da Europa. Como exemplo, citam-se a revista brasileira de maior circulação na época, O Cruzeiro, em seu número de 11 de junho de 1960, e a revista Praline, de Hamburgo, Alemanha, na edição n° 7, de 28 de maio de 1961 (PINA FILHO, 2002, p. 68). O grupo tinha como objetivo, educar a mocidade musical feminina. Mas apesar de todo o sucesso gerado pela inovação de se ter uma orquestra apenas de mulheres, sua existência foi bastante efêmera. A Orquestra Feminina deixou de funcionar em 1961 para não retornar mais. Para MENDONÇA, “foi um bom sonho, enquanto durou”. A autora ainda se justifica dizendo: “os namorados e noivos de suas integrantes começaram a não ver com bons olhos aquele conjunto musical que, além de lhes roubar a atenção das eleitas em todas as noites da semana, até já os separava para as viagens”. (2006, p. 59). Outros motivos para o fim precoce da Orquestra Feminina e também da Sinfônica de Goiás, em 1961, foram relatados pelo professor Braz Wilson Pompeu de Pina Filho:O fato principal que determinou seu encerramento [da Orquestra Sinfônica de Goiás], assim como o da Orquestra Sinfônica Feminina, logo no ano de 1961 deveu- se a um concerto em que o maestro [Douliez] apresentava as suas duas orquestras, por ocasião de um seminário que reunia pessoas de várias partes do Brasil. Naquele concerto, a Orquestra Feminina, que ainda não havia conseguido um nível razoável de aptidão, e que despertava curiosidade mais pelo seu caráter inovador e plástico, a reação foi de “choque” contra os ouvidos de um público que não entendeu aquele tipo de trabalho. Assim, inúmeras frases desairosas foram rabiscadas nos guardanapos da sala de jantar, acompanhadas de muitas outras manifestações de desapreço por parte do público. Os componentes da Orquestra Sinfônica de Goiás decidiram, a partir desse incidente, não participar mais da Sociedade de Concertos Sinfônicos. (PINA FILHO, 2002, p. 71) 3 Sobre a Sociedade de Concertos Sinfônicos de Goiás, ver seção 1.2.3. 14 Ainda em Goiânia, em 1955, Jean Douliez também foi responsável pela criação do movimento “Juventude Musical Brasileira”, movimento esse que passou a funcionar a partir de 1957. Esse movimento era patrocinado pelo Ministério da Educação e Cultura. Douliez também fundou em 1957 um grupo chamado de Orquestra de Câmara Alvorada. Com todo esse alvoroço, as atividades do maestro na cidade de Goiânia foram encerradas, definitivamente, com seu retorno à Bélgica, em 1965. 1.1.4 Orquestra Sinfônica da UFG Em 1965, o professor Crundwald Costa também conhecido como Professor Costinha (1916-2002) retorna de seu repouso hospitalar à Goiânia prosseguindo seu trabalho na formação de instrumentistas de cordas e se responsabilizando novamente pela formação de uma orquestra sinfônica. Então, em 1968, inicia-se mais um movimento no sentido de continuar o trabalho com a música e no mesmo ano, a Universidade Federal conquista uma bolsa mensal para os músicos da nova Orquestra Sinfônica da UFG. Em 1968 a orquestra passou a ser regida pelo compositor Estércio Marquez Cunha (1941). Cunha é natural de Goiatuba, ex-aluno do Conservatório Goiano de Música e graduado em piano, com regência e composição. Mas, depois de grandes esforços, o desejo de formar uma orquestra sinfônica foi mais uma vez frustrado. O trabalho da Orquestra Sinfônica da UFG foi encerrado no ano de 1969. Os motivos dessa interrupção ainda são desconhecidos. 1.1.5 Orquestra Sinfônica de Goiânia Nos anos seguintes, Costinha continuou seu trabalho de ensino de instrumentos de cordas no Conservatório de Música, realizando também ensaios com a turma de cordas. Provavelmente, a partir desta turma que ele inicia em 1973 um trabalho a favor de uma orquestra sinfônica em Goiás. Após a retomada em favor da implantação de uma orquestra sinfônica em Goiás, em 1973, Braz Wilson Pompeu de Pina Filho, à convite do professor Costinha, iniciou um trabalho intenso com a turma de ensino de cordas, que acabou permitindo a continuidade na formação de uma orquestra. Braz Wilson Pompeu de Pina Filho, na época era aluno do Instituto de Artes, além de diretor e regente da Banda de Música de Goiânia. O resultado foi uma pequena orquestra, chamada de Orquestra Sinfônica de Goiânia. Mas, por não haver nível técnico e nem apoio material, o próprio maestro Braz de Pina dispensou o grupo de sopros proveniente da Banda de Música de Goiânia. A Orquestra 15 Sinfônica de Goiânia não durou muito, chegou ao fim em meados de 1974. Tornou-se impraticável uma orquestra sobreviver sem sustentação para o seu quadro pessoal ou verbas para a manutenção técnica. Mesmo com o fim da Orquestra Sinfônica de Goiânia, o naipe de cordas do Instituto de Artes continuou funcionando, dessa vez com o nome de ”Orquestra de Cordas da UFG”. Sabendo das dificuldades, Braz de Pina não desistiu de seu objetivo. Já que as sociedades particulares não tinham condições de manter um trabalho com o intuito de formar uma orquestra, Braz percebeu que a única solução era criar um vínculo entre a Universidade Federal de Goiás e o poder público, estadual ou municipal. “A proposta foi bem aceita. Entretanto, logo num primeiro momento, esbarrou-se nos entraves burocráticos. Por essa razão, a realização do sonho foi adiada para o início da década seguinte”. (ALCÂNTARA JUNIOR, 2016, p. 202). 1.1.6 Orquestra de Câmara do Instituto de Artes da UFG Segundo ALCÂNTARA JUNIOR (2016, p. 202), outros grupos foram formados nas décadas seguintes. Um deles foi reorganizado no início de 1990 pelos professores Othaniel Pereira de Alcântara Jr. e Fernanda Albernaz do Nascimento, com a regência de um aluno da Instituição, o então clarinetista Marshal Gaioso Pinto. Esse grupo foi chamado de “Orquestra de Câmara do Instituto de Artes da UFG”. Fundada na década de 1980, a Orquestra de Câmara do Instituto de Artes da UFG, era inicialmente regida pelo músico Jorge Armando, mas por causa de um problema pessoal, teve que se afastar dos trabalhos dessa orquestra. Consequência disso é a interrupção dos trabalhos da Orquestra de Câmara do Instituto de Artes da UFG. É na década de 1990 que os alunos do Instituto de Artes da UFG, Marshal Gaioso Pinto, Othaniel Pereira de Alcântara Junior e Sávio Sperandio decidem reativar a antiga Orquestra de Câmara da UFG. Marshal fica responsável pela regência do grupo, Sávio fica com o cargo de spalla. E junto com o violinista Othaniel, a pianista Fernanda Albernaz do Nascimento que também era aluna do instituto, o acompanha para coordenar a Orquestra de Câmara da UFG. A orquestra do instituto era formada quase que inteiramente por alunos do curso técnico em instrumento e por dois alunos que cursaram a Graduação em Bacharelado em Violino, Sávio Sperandio e Othaniel Alcântara que além de coordenar o grupo junto com Fernanda, também era chefe dos segundos violinos. Para completar a formação da orquestra, eram convidados músicos da antiga Orquestra Filarmônica de Goiás. 16 Othaniel que era um dos coordenadores do grupo era também professor substituto na Escola de Música e Artes Cênicas da UFG (EMAC), mas quando seu contrato acabou, ele se afastou da orquestra. Marshal ainda continuou um tempo á frente na orquestra, mas em 1994, foi contratado para ser regente assistente do maestro Emílio de César, na Orquestra Filarmônica de Goiás. Consequentemente, o grupo também chegou ao fim em 1994. 1.2 ORQUESTRAS FILARMÔNICAS Como citado na seção anterior, orquestras filarmônicas são conjuntos criados e mantidos a partir da iniciativa de grupos privados. Sabe-se que Goiânia enfrentou diversas dificuldades para a criação de uma orquestra profissional. Várias tentativas nesse sentido foram realizadas, mas as dificuldades financeiras das instituições, a falta de interesse do poder público e falta de mão de obra especializada entre outros fatores, fizeram com que esse desejo fosse adiado por quatro décadas. Nesse meio tempo, porém, várias iniciativas privadas de criação e manutenção de uma orquestra sinfônica surgiram na capital, umas com mais fôlego, outras de vida mais efêmera. 1.2.1 Orquestra da Pró-Arte e “Orquestra de Amadores” A Sociedade Pró-Arte foi fundada em 22 de outubro de 1945, criada pelo arquiteto, pintor, escultor e músico paulista José Amaral Neddermayer (1894-1951), que trabalhava nas obras de construção da nova capital. Esse foi o primeiro grande movimento artístico-cultural realizado em Goiânia. Essa sociedade, que tinha como um dos objetivos o desenvolvimento de atividades musicais, realizou diversas ações em que se articulavam os artistas das várias áreas da promissora capital goiana. O movimento uniu diversas manifestações de áreas como fotografia, dança e música. As atividades exercidas na Sociedade Pró-Arte tinham caráter didático englobavam todas as áreas artísticas,tendo a intenção de favorecê-los e uni-los, para divulgar a arte. De acordo com Pina Filho (2002, p. 37), a Pró-Arte se preocupava com a informação que chegava ao público a respeito das artes, tanto quanto a formação de novos talentos. Além disso, a parte musical se destacou com a vinda de Érico Pieper, que era maestro e pianista e que chega à Goiânia na metade da década de 1940. Ele iniciou também um movimento a favor da música de câmara e foi diretor do 17 Departamento de Música da Sociedade Pró-Arte. Então em 1945, com o início das atividades da Sociedade, Pieper apresentou ao público a recém formada Orquestra da Pró-Arte. Acompanhando Pieper, vem de São Paulo o músico Crundwald Costa, também conhecido como professor Costinha, que então é convidado a ser o spalla da Orquestra da Pró-Arte. Foi responsável pela formação de várias gerações de violinistas em Goiânia, sendo uma das mais importantes figuras no ensino de violino no estado de Goiás. Além disso, Crundwald Costa foi luthier, afinador e reparador de pianos. Alcântara Junior (2016, p. 195) diz que é importante ressaltar que o professor Costinha, além de violinista na Sociedade Pró- Arte, já havia criado em 1945, juntamente com o pianista Érico Pieper, um curso de música particular, com sede no Museu de Goiânia. Os ensaios da Orquestra da Pró-Arte eram realizados na casa do maestro Pieper. O grupo realizou vários concertos com caráter didático. Um dos objetivos desses concertos era a arrecadação de fundos para a aquisição de novos instrumentos para a criação de uma orquestra sinfônica. Na época, a ideia de manter um grupo sinfônico já vinha sendo discutida de maneira intensificada. Considerando o marco histórico-cultural da Pró-Arte para a cidade de Goiânia, sua existência no entanto foi curta, limitando-se apenas a quatro anos de vida, deixando de existir em 1948. Ainda assim os membros mais ilustres da orquestra ainda deram continuidade em seus trabalhos artísticos enriquecendo significativamente a cultura goiana. Com a criação da escola particular de música de Crundwald Costa e Érico Pieper, foram preparados alunos de piano e cordas friccionadas para formar um novo conjunto musical. Em 1949, esse conjunto dirigido pelo professor Costinha levava o nome de Orquestra Sinfônica de Goiás. Mas, apesar do nome, o grupo ainda era considerado amador, formado por jovens artistas. Além disso, o grupo era pequeno em relação à formação necessária para uma orquestra sinfônica, que geralmente gira em torno de sessenta músicos. Talvez por isso, de acordo com Alcântara Junior (2016, p. 195), o conjunto do professor Costinha adotou por volta de 1948 ou 1949 o nome “Orquestra de Amadores”. Esses jovens músicos eram advindos da antiga orquestra de Joaquim Edison de Camargo. 1.2.2 Associação Goiana de Música Com a recém-criada Orquestra Sinfônica de Goiás, formada pelos jovens músicos amadores, esse grupo foi incorporado à Associação Goiana de Música, tornando-se a Orquestra Sinfônica da AGM (Associação Goiana de Música). Criada em 1950 por um grupo 18 de amantes da música, a AGM tinha por objetivo desenvolver o bom gosto pela música através da criação de uma orquestra sinfônica. A AGM promovia concertos sinfônicos com entradas gratuitas. A decisão da incorporação da orquestra de amadores à AGM foi tomada na primeira reunião da diretoria. Nessa mesma reunião se discutiu também a renúncia de Joaquim Edison de Camargo, spalla da Orquestra Sinfônica de Goiás regida pelo professor Costinha. Assim, a Orquestra Sinfônica de Goiás, passou a ser chamada de “Orquestra Sinfônica de Goiânia” e dando continuidade ao repertório apresentado pela antiga Orquestra da Pró-Arte. Porém, com todo esse processo realizado, infelizmente mais uma notícia chegou para abalar o crescimento musical de Goiânia. Em 1952, Costinha precisou se afastar do seu trabalho com a música em razão de um aneurisma. Foi aconselhado por médicos a dar uma pausa em suas atividades. Por conta dessa doença, passou anos longe de suas antigas ocupações musicais. Pina Filho (2002, p. 50) diz que em 1953, com o afastamento de Costinha, o movimento Orquestra Sinfônica já havia terminado, mas que através da indicação de alguns músicos, o movimento foi retomado, dessa vez entregue ao recém-chegado da Bélgica, maestro Jean-François Douliez. Jean Douliez era um respeitado educador, compositor, violinista, violoncelista e maestro belga. Foi convidado em 1954 a participar da formação e fundação do Instituto de Música da Escola Goiana de Belas Artes, tornando-se seu Diretor-Fundador. Juntamente com Luiz Curado, Douliez criou o departamento de música do Instituto de Música da Escola Goiana de Belas Artes 4. Esse departamento tornou-se independente em 1956, recebendo o nome de “Instituto de Música da Escola Goiana de Belas Artes”. Tornando-se em 1960, o Conservatório de Música da UFG e posteriormente em 1971, Instituto de Artes da UFG. No mesmo ano em que o departamento de música se tornou autônomo, quando ainda levava o nome de Instituto de Música da Escola Goiana de Belas Artes, de acordo com o extrato dos estatutos publicados no Diário Oficial de 12 de fevereiro de 1956, foi criada a Sociedade de Concertos Sinfônicos de Goiás, conforme afirmação de Pina Filho (2020. p.48 apud Diário Oficial – Nº 6.459, de 23.06.1951). 1.2.3 Sociedade de Concertos Sinfônicos de Goiás Jean Douliez e Jacy Siqueira fundaram no dia 29 de setembro de 1956 a Sociedade de Concertos Sinfônicos de Goiás, dando a Goiânia novos estímulos no campo da 4 A respeito do Instituto de Música da Escola Goiana de Belas Artes, ver seção 1.1.2. 19 arte. Além de fundador, Douliez foi regente titular da Orquestra Sinfônica da Sociedade de Concertos Sinfônicos de Goiás e diretor geral da sociedade. Essa sociedade tinha caráter apolítico e constituiu-se como personalidade jurídica com tempo de duração indeterminado. “A entidade teve por objetivo desenvolver a cultura musical em todas as suas modalidades, promover concertos e festividades para seus associados e públicos em geral, contrair obrigações com os governos federais, estaduais e municipais ou outras pessoas físicas ou jurídicas.” (PINA FILHO, 2002, p. 59). De acordo com Alcântara Junior (2016, p. 197), em 1956 retorna o movimento em prol de uma orquestra sinfônica na capital, dando continuidade ao trabalho iniciado por Joaquim Edison de Camargo, Érico Pieper e Crundwald Costa em anos anteriores. Então os músicos se reuniram novamente, formando a Orquestra da Sociedade de Concertos Sinfônicos de Goiás, posteriormente renomada como Orquestra Sinfônica de Goiás. Os ensaios aconteciam na sede do Conservatório Goiano de Música 5 (CGM). Ainda no ano de 1956, a Faculdade de Filosofia de Goiás, através do Teatro Escola, abriu as portas para a primeira apresentação da Orquestra Sinfônica de Goiás. Esse concerto contou com a colaboração do coro do Conservatório Goiano de Música. Houve mais uma tentativa por parte do maestro Levino de Alcântara na esperança de reativar a Orquestra Sinfônica de Goiás depois desse incidente6. Depois do incidente e do desligamento dos músicos foi inevitável o fim da Sociedade de Concertos Sinfônicos de Goiás. Nessa época, o Conservatório Goiano de Música se anexou à Universidade Federal de Goiás, automaticamente absorvendo a Orquestra Sinfônica de Goiás, que a partir de então, se chamaria Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Goiás7. 1.3 ORQUESTRAS SINFÔNICAS Como explicado anteriormente, o termo “orquestra sinfônica” se refere a uma orquestra profissional ou semiprofissional mantidas pelo poder público. Sabe-se que por 5 Sobre o Conservatório Goiano de Música, ver seção 1.1.2. 6 “Entre 1961 e 1962 o maestro Levino Alcântara, um músico pernambucanoque trabalhava em Anápolis desde 1957, tentou reativar a extinta Sinfônica de Goiás. Entretanto, Levino de Alcântara não obteve êxito. Assim, devido à falta de recursos e diante de um quadro pouco animador para o campo artístico, resolveu transferir-se para Brasília. Lá se tornou o responsável pela criação da Escola de Música e da primeira Orquestra Sinfônica do Distrito Federal.” (ALCÂNTARA JUNIOR, 2016, p. 200). 7 Sobre a Orquestra Sinfônica da UFG, ver seção 1.1.4. 20 muitos anos Goiânia se empenhou em conseguir uma orquestra profissional, porém, sem resultados satisfatórios. 1.3.1 Orquestra Filarmônica de Goiás A orquestra mais antiga ainda em funcionamento em nosso estado é a Orquestra Filarmônica de Goiás. Fundada em 1980, ela completará em 2020 quarenta anos de atividades. Seu primeiro regente fundador foi o maestro Braz Wilson de Pina Filho, que conseguiu junto ao então governador de Goiás, Ary Valadão, e ao seu secretário de cultura, Jacy Siqueira, a compra dos instrumentos e a contratação dos músicos que integrariam a primeira orquestra sinfônica profissional de Goiás. (PINA FILHO, 2002; ALCÂNTARA JUNIOR, 2016). Antes de ser chamada oficialmente de Orquestra Filarmônica de Goiás, a orquestra passou por algumas reestruturações que contavam com a melhoria das condições de trabalho de nível técnico-artístico, de ter uma equipe voltada só para o funcionamento do grupo e nos salários dos músicos. Inicialmente a orquestra criada e regida por Braz de Pina era chamada em 1980 de Orquestra Sinfônica de Goiás, permanecendo com esse nome até 1988. Ainda no ano 1988, a orquestra passa por mais uma reestruturação, na qual foi liderada pelo maestro Joaquim Jayme. A primeira mudança era a modificação do nome, que tinha como objetivo a facilitação e a cooptação de fundos da iniciativa privada. Então no dia 25 de julho de 1988, é anunciado pelo Governador Henrique Santillo a Orquestra Filarmônica de Goiás (OFG). Porém, em 1990, foi anunciado o fim da Orquestra Filarmônica de Goiás, logo o desligamento de Joaquim Jayme da orquestra. Então, em 1992 a Orquestra Filarmônica de Goiás é reativada, dessa vez com a regência de Emílio de César e seu assistente, o maestro Marshal Gaioso Pinto. Porém, mais uma vez em 1994, não foi possível dar sequência no projeto relacionado à OFG. O projeto foi interrompido logo depois das eleições daquele ano. Devido á esta situação, Emílio e seu assistente Marshal pediram demissão, mas a pedido de Emílio, Marshal ainda ficaria á frente do grupo até a próxima contratação para os cargos de regente e auxiliar. Mesmo com as dificuldades, alguns músicos da orquestra indicam Sérgio Kuhlmann para a ocupação do cargo de maestro, tendo como assistente Eliseu Ferreira. Sérgio ficou até com a OFG até o fim de 1998. No ano seguinte, durante seu primeiro mandato, Marconi Perillo, transforma a Orquestra Filarmônica de Goiás em Orquestra de Câmara Goyazes, reduzindo também a quantidade de músicos. Estava á frente do grupo Eliseu Ferreira e Alessandro Borgomanero como Diretor Artístico, a orquestra permaneceu com esse 21 nome até 2011. É em 2012, através de um projeto elaborado pela musicista Ana Elisa dos Santos Cardoso que a orquestra volta a ter o nome de Orquestra Filarmônica de Goiás. Além do nome, esse projeto tinha como objetivos a obtenção de recursos humanos, novo plano de cargos e salários, além de uma programação completa antecipada. Na primeira temporada, a orquestra realizou cerca de vinte concertos dirigidos por Eliseu Ferreira. Então, em 2014, Eliseu convida o inglês Neil Thomson para o cargo de Regente Titular e indica também um assistente para Neil, o ex- assistente de Emílio de César, que em 1994, regeu a Orquestra Filarmônica de Goiás, Marshal Gaioso Pinto. Desde então, a OFG realiza turnês nacionais, como o Festival Campos de Jordão, recebe renomados artistas nacionais e internacionais, como o Isaac Karabtchevsky, Fábio Mechetti, Nelson Freire, Antônio Menezes, Arnaldo Cohen, Michael Collins, além do próprio maestro titular da orquestra, o maestro Neil Thomson. Realiza também estreias de peças de compositores nacionais, como os compositores Estércio Marquez Cunha, Ronaldo Miranda, Érico Pieper, entre outros. A Orquestra Filarmônica de Goiás executa também a discografia e projeto Naxos dos compositores Guerra-Peixe e Cláudio Santoro. Para finalizar, Alcântara Junior (2016, p. 190), relata que no ano de 2015 foi divulgada a relação dos melhores concertos nacionais, como uma das categorias da enquete “Melhores do Ano”, organizada pelo Jornal “Folha de São Paulo”. O resultado da votação do público e jurados especializados indicou a apresentação da Orquestra Filarmônica de Goiás (OFG). 1.3.2 Orquestra Sinfônica de Goiânia Retornando para o ano de 1993, logo após o fim da primeira reestruturação da Orquestra Filarmônica de Goiás, foi criado pelo maestro Joaquim Jayme a Fundação Orquestra Sinfônica de Goiânia, da qual ele foi regente titular e presidente desde a fundação até o final do ano de 2000, o que inclui os mandatos dos prefeitos Darci Accosi e Nion Albernaz. A Fundação Orquestra Sinfônica de Goiânia era uma das unidades da Secretaria Municipal de Cultura, abrigando uma orquestra composta por 75 músicos e um coro de 48 vozes. Tem como objetivos a divulgação e coordenação das atividades de música sinfônica, além do apoio à música de câmara e lírica a serviço do desenvolvimento cultural de Goiânia. Em 2001, durante a gestão do Prefeito Pedro Wilson, assumiu a direção da orquestra o maestro Marshal Gaioso Pinto, sendo substituído por Emílio de Cesar em agosto de 2003. Em 2005, Joaquim Jayme retomou seu trabalho à frente da Sinfônica de Goiânia, permanecendo como seu maestro titular até sua morte em 2017. Após o falecimento do 22 maestro Joaquim Jayme, Eliseu Ferreira torna-se responsável pela direção e regência da Orquestra Sinfônica de Goiânia. A Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás (OSJG) é uma das mais importantes iniciativas na área da música no estado. Sediada em Goiânia, a orquestra tem se apresentado não só em Goiás, mas também pelo Brasil e até mesmo no exterior, sendo a única orquestra goiana com atuação fora do país. Na verdade, a OSJG tem um trabalho de destaque na articulação entre desenvolvimento estético e social no país. Hoje dirigida pelo maestro Eliel Ferreira, a orquestra é composta por mais de uma centena de alunos, distribuídos em três diferentes grupos, de acordo com o desenvolvimento técnico-musical e a idade de cada indivíduo. A OSJG está sediada no Instituto Tecnológico de Goiás (ITEGO) em Artes Basileu França e é, portanto, vinculada ao Governo do Estado de Goiás. O ITEGO Basileu França é uma das maiores escolas de arte do Brasil. Sua origem está na Escolinha de Arte, fundada em 1967. Depois de mais de uma década de funcionamento, a escola passou a se chamar, em 1980, Escola de Arte Veiga Valle (FELIPE, 2007, p. 22-23), em homenagem ao grande artista plástico nascido em Meia Ponto (Pirenópolis) no início do século XIX. “Em 2002, a escola passa por uma grande transformação, se tornando um centro de educação profissional em artes e seu nome passando a homenagear o autor de Música e Maestros.” (FRANÇA, 1962). A iniciativa que resultaria na formação da OSJG se deus em 2001, quando a maestrina Volga-Lena criou a Orquestra Infantil do Veiga Valle. Por um breve espaço de tempo o grupo foi regido pelo compositor e pianista Sérgio Kuhlmann, até que em 2002 assume a direção da orquestra o maestro Eliseu Ferreira, levando a agora nomeada Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás a um novo patamar de realizações artísticas (FELIPE, 2002, p. 27). A OSJG realiza concertos não só na sua sede, o Teatro Basileu França, como também nas principais salas de concerto da capital. Além disso, o grupo se apresenta em teatros, auditórios e espaços alternativos no interiordo estado. Nos últimos anos a orquestra tem alcançado uma projeção nacional, apresentando-se em importantes eventos pelo país, como os festivais internacionais de Campos do Jordão e Trancoso. Entre as principais realizações artísticas da OSJG estão certamente as cinco turnês internacionais empreendidas na última década. A primeira delas foi em 2011, quando o grupo fez oito concertos pela Espanha. Patrocinada pela empresa ENDESA, a turnê incluiu um concerto no Palau de la Musica, na cidade de Barcelona. Em 2013 e em 2015, músicos da OSJG se uniram a instrumentistas do projeto El Sistema para uma série de concertos na Venezuela. El Sistema é considerado uma das mais interessantes iniciativas de educação 23 musical em todo o mundo. Entre as duas viagens para a Venezuela, a OSJG excursionou pela Alemanha, tocando música brasileira e alemã em várias cidades do país europeu, inclusive em Bonn, cidade natal de Ludwig van Beethoven. Finalmente, na virada de 2016 para 2017, a OSJG se tornou a primeira orquestra brasileira a realizar concertos na China. O período de intensas atividades ocorrido na segunda década do século XXI foi possibilitado por uma importante iniciativa do Governo do Estado de Goiás. Em 2005, o então governador Marconi Perillo criou o programa bolsa-orquestra, com o objetivo de dar suporte financeiro aos jovens instrumentistas para que esses pudessem permanecer na atividade. O impacto do programa foi imenso, afetando não só o engajamento dos alunos com a orquestra, mas também aumentando significativamente o interesse de novos participantes. O aumento na demanda possibilitou a criação de dois novos grupos de alunos, chamados a princípio de “Orquestra B” e “Orquestra C”, ficando o grupo principal com o nome de “Orquestra A”. Os três grupos formavam então a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás. Eventualmente, a nomenclatura dos grupos se alteraria. Por um breve tempo a orquestra se chamaria “Orquestra Sinfônica Jovem da Educação”, em referência à Secretária Estadual de Educação, e os grupos “B” e “C” seriam renomeados respectivamente “Orquestra Sinfônica Jovem Pedro Ludovico Teixeira” e “Orquestra Infantil Mozart”. O sucesso da OSJG inspirou a criação de novos projetos de educação musical com foco na prática de orquestra. A própria ENDESA, que havia patrocinado a turnê para a Espanha em 2011, financiou a criação de uma orquestra jovem na pequena cidade de Cachoeira Dourada nos moldes da OSJG e dirigida pelo próprio maestro Eliseu Ferreira. Além disso, impulsionado pela projeção alcançada pela OSJG e pelo impacto positivo na região de Cachoeira Dourada causado com a criação da orquestra, o então governador Marconi Perillo lançou o desafio de criar dez polos da Orquestra Jovem em diferentes cidades do interior do estado. Dirigida desde 2016 pelo maestro Eliel Ferreira, a OSJG enfrenta novos e velhos desafios, sendo eles o pagamento atrasado das bolsas por exemplo. Nos seus quase vinte anos de existência, a orquestra tem causado grande impacto no meio cultural goiano. Como veremos com detalhes no próximo capítulo, o ITEGO em Artes Basileu França, por meio da OSJG, tem contribuído significativamente na formação de novos profissionais para atuarem nas orquestras goianas, bem como em organismos sinfônicos de outros estados. Suas temporadas são responsáveis pela formação de um sólido público apreciador de música sinfônica em Goiás. Assim, a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás é uma das principais 24 ferramentas do Governo do Estado para o processo de democratização do acesso à cultura em Goiás. 25 2 ANÁLISE QUANTITATIVA DAS TEMPORADAS DE CONCERTO DA ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DE GOIÁS DOS ANOS DE 2004 A 2018 Neste capítulo é apresentado uma análise quantitativa elaborada através do levantamento dos programas de concerto que foram coletados durante a preparação deste trabalho. Sabe-se que a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás (OSJG) começou suas atividades no ano de 2001 e desde então vem realizando temporadas anuais de apresentações e concertos. Para este capítulo iremos apresentar dados levantados de todos os grupos instrumentais coordenados pela mesma administração da OSJG, sendo eles: Orquestra Sinfônica Jovem da Educação (OSJE); Orquestra Sinfônica Jovem da Educação B (OSJEB); Orquestra Sinfônica Jovem da Educação C (OSJEC); Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás (OSJG); Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás B (OSJGB); Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás C (OSJGC); Grupo de Sopros e Percussão (GSP); Orquestra Sinfônica Jovem Pedro Ludovico Teixeira (OSJPLT), Orquestra Infantil e Orquestra Infantil Mozart. Até o ano de 2006 a orquestra era intitulada “Orquestra Sinfônica Jovem da Educação”, e a partir de maio de 2006 passa a incluir o nome do estado, sendo renomeada como “Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás”. O mesmo ocorre para os grupos “B” e “C” que em 2014 são renomeados “Orquestra Sinfônica Jovem Pedro Ludovico Teixeira” e “Orquestra Infantil Mozart”. As orquestras em geral costumam entregar em seus concertos um impresso ou panfleto, referido como “programa de concerto” no qual encontra-se informações sobre repertório, instrumentistas, solistas e maestro. Essas informações servem para aproximar o público do repertório que será apresentado e também para deixar registrado a atividade ali ocorrida. No caso dos grupos da OSJG, temos programas datados de 2004 até 2018. Mesmo em atividade desde 2001, não foram encontrados programas anteriores a 2004. Muitos fatores podem ter ocasionado isso, incluindo técnica de arquivamento inadequado e/ou falta de pessoas destinadas a esse trabalho. Todas as informações aqui disponibilizadas são referentes a dados extraídos de 169 programas de concertos. No Instituto Tecnológico de Goiás (ITEGO) em Artes Basileu França8 foram coletados 116 programas. Esses arquivos encontravam-se acondicionados no foço do Teatro Escola Basileu França (TEBF), sobre uma mesa, sem qualquer cuidado com a preservação. Juntamente com os programas estavam também acondicionados materiais de 8 O ITEGO em Artes Basileu França deixa de ser chamado de Cetro de Educação Profissional em Artes Basileu França (CEPABF) em 2015 através da criação da Lei N° 18.931/2015, atendendo às disposições da Lei N. 11.741/2008. 26 natureza variada, incluindo documentos da antiga Filarmônica de Goiás e da Orquestra de Câmara Goyazes9. O levantamento dos programas durou seis meses, tomou-se todos os cuidados, usando luvas e mascaras, levando em consideração que o material estava cheio de poeira e mofo. Após o processo de separação, seguiu-se a catalogação. Para isso foram escaneados todos os programas e separados por data. Atualmente, esse material físico encontra-se aos cuidados do Arquivo da OSJG. Após a conclusão da separação e catalogação dos dados, o Maestro Eliseu Ferreira disponibilizou todo material que tinha em seu computador (pessoal) no período em que esteve à frente da orquestra. Com isso conseguiu-se mais 53 programas, totalizando 169 itens. No gráfico abaixo é apresentada a quantidade de programas encontrados distribuídos por ano. Nota-se uma quantidade bastante variável entre eles. É importante esclarecer que a quantidade de programas não define necessariamente a quantidade de atividades realizadas. É possível considerar que essa discrepância seja consequência da ausência de procedimento de arquivamento dos programas e também pelo fato de que em muitos concertos didáticos e eventos governamentais os programas de concerto, não são utilizados. Figura 1 - Representação gráfica do número de programas localizados da OSJG. Fonte: Programas de concerto dos anos de 2004 a 2018 Não se sabe ao certo o que causou essa discrepância entre alguns anos e outros, mas percebe-se que no período em que o maestro Eliseu permaneceu à frente da orquestracomo maestro titular ou diretor artístico, essa quantidade de programas é maior do que a partir 9 Ver 1.3.1 4 11 11 12 22 10 23 13 16 13 4 7 9 8 6 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 2 0 1 7 2 0 1 8 ANO Nº DE PROGRAMAS LEVANTADOS POR ANO 27 do ano em que ele se afasta da OSJG e assume a Direção do até então Centro de Educação Profissional em Artes Basileu França. No período em que a orquestra esteve aos cuidados do maestro Eliseu, 135 programas foram coletados (até o ano de 2013), restando 34 programas apenas entre 2014 e 2018. É uma diferença significativa, pois trata-se de 79,8 % de todos os programas coletados. Com o material disponibilizado pelo maestro Eliseu Ferreira, foram encontradas informações sobre as atividades realizadas de 2004 a 2013, esses dados indicam 318 apresentações. Tal diferença poderia afetar aos dados aqui disponibilizados caso não levássemos em conta os concertos didáticos e com caráter político. Para essas apresentações didáticas costuma-se tocar um repertório voltado a músicas populares entre as orquestras, não tendo a necessidade de um novo repertório a cada apresentação. Tais mudanças ocorrem com maior ênfase no fim de cada semestre. Sendo assim são apresentados dados e informações baseadas em estatísticas. Para melhor compreensão segue o quadro com informações a quantidades de concertos realizados pelos grupos da OSJG, destacando as cidades visitadas e uma estimativa de público atingido entre 2004 a 2013, tais informações não foram organizadas da mesma maneira nos anos seguintes. Quadro 1 - Levantamento de atividades de 2004 a 2013 Ano Concertos Realizados Cidades Visitadas Estimativa de Público Atingido 2004 10 Anápolis - GO. 15.000 2005 15 Anápolis - GO, Caldas Novas - GO, Cidade de Goiás - GO e Senador Canedo - GO. 20.000 2006 25 Aparecida de Goiânia - GO), Anápolis - GO, Brasília - DF, Caldas Novas - GO, Ceres - GO, Cidade de Goiás - GO, Goianésia - GO e Pirenópolis - GO. 25.000 2007 34 Anápolis - GO, Aparecida de Goiânia - GO, Goianésia - GO e Morrinhos - GO. 30.000 2008 34 Anápolis - GO, Piracanjuba - GO, Piranhas - GO e Santa Helena de Goiás - GO 30.000 2009 44 Anápolis – GO, Aparecida de Goiânia - GO, Aragoiânia - GO, Brasília - DF, Cachoeira Dourada - GO Cidade de Goiás - GO, Catalão - GO, Goiatuba - GO, Itumbiara - GO, Luziânia - GO, Porangatu - GO, Rio Verde - GO, Santa Helena de Goiás - GO e Santos - SP. 450.000 2010 29 Anápolis - GO, Campos do Jordão - SP, Guaratinguetá - SP, Itumbiara - GO, Inhumas - GO e Silvânia – GO. 35.000 28 2011 35 Teresópolis - RJ, Rio de Janeiro - RJ, Bela Vista - GO, Posse - GO, Lleida (Espanha), Granada (Espanha), Vila- Seca (Espanha), Barcelona (Espanha), Anápolis - GO, Catalão - GO, Mineiros – GO. 38.000 2012 44 Cachoeira Dourada - GO, Corumbaíba - GO, Jataí - GO, Anápolis - GO, Catalão - GO, Ceres - GO, 45.000 2013 48 Catalão - GO), Goianira - GO), Cachoeira Dourada - GO, Cachoeira Dourada de Minas - MG, Corumbaíba - GO, Formosa - GO, Trindade - GO e Luziânia – GO. 48.000 Fonte: Arquivo pessoal do maestro Eliseu Ferreira 2.1 COMPOSITORES E REPERTÓRIO Ao coletar os dados para este trabalho, chegamos a uma variedade de músicas e compositores. Ao total foram encontradas 560 músicas que levando em consideração a quantidade de programas, chega a uma média de três músicas por programa, no entanto algumas músicas foram executadas mais de uma vez, gerando um total de 1058 execuções, ficando então com média de seis músicas por programa. Essa quantidade de músicas também traz uma boa quantidade de compositores, 266 ao total. Esses dados nós trazem informações e características de estilo usados pelos grupos da OSJG, sendo possível identificar uma tendência por compositores, obras e períodos. Os dados apresentados referem-se a composições originais, movimentos executados separadamente do restante da obra e arranjos, os quais foram contabilizados para o compositor da obra e não para o arranjador. Dos 266 compositores podemos destacar que 106 tiveram suas obras executadas somente uma vez. Uma grande parte chegou a ter nove execuções, que foram 244 compositores. E vinte compositores se destacaram com no mínimo onze ou mais execuções. O compositor que mais se destacou em número de obras foi W. A. Mozart (1756 - 1791) que teve um total de 23 obras executadas. Algumas de suas obras foram executadas repetidas vezes, sendo a mais executada a abertura da ópera A Flauta Mágica, com onze execuções. No total, foram 41 execuções das obras de Mozart. Mesmo Mozart possuindo uma maior variedade de obras no programa, L. v. Beethoven (1770 - 1827), com apenas 16 obras, obteve um total de 61 execuções, o que o deixa no topo de compositor mais executado. No gráfico a seguir destaca-se os cincos compositores mais executados. 29 Figura 2 - Representação gráfica dos cinco compositores mais executados. Fonte: Programas de concerto dos anos de 2004 a 2018 Entre obras mais executadas, destacam-se quatro. Em primeiro lugar o 1º movimento da sinfonia nº 5, de BEETHOVEN que foi executada 18 vezes. Por ser um dos temas mais populares da música sinfônica, a preferência chega a surpreender. Vale acrescentar que a sinfonia completa foi executada apenas cinco vezes. A segunda obra mais executada pertence a F. J. Haydn (1732 - 1809), e se trata do Divertimento em Dó para Piano e Cordas, HB 14:3, sendo executada 14 vezes. Essa obra foi interpretada na maioria das vezes tendo uma criança como solista ao piano. Em seguida, vem as obras Noites Goianas de J. Santana (1882 - 1915), com um total de 13 execuções, e logo depois Finlândia, do compositor J. Sibelius (1865 - 1957), com o total de 12 execuções. Conforme a análise feita dos dados levantados, temos um total de 266 compositores de 27 nacionalidades diferentes. Não conseguimos identificar a nacionalidade de dois compositores: Paul Dunca e Donald Mairs. Sendo assim pode-se chegar as seguintes informações. Dos 266 compositores, 76 são brasileiros, ou seja, 28,57% do total de compositores. Esse número corresponde a maior parcela dentre as 27 nacionalidades diferentes encontradas. Quarenta e oito compositores são americanos, ou seja, 18,04% do total. Em terceiro estão os alemães empatados com os franceses, com 25 compositores cada um. No gráfico a seguir (Figura 3), pode-se observar por meio de porcentagem a quantidade de compositores por nacionalidades, destacando-se as sete nacionalidades mais frequentes. 61 41 28 26 23 B E E T H O V E N , LU D W I G V A N ( 1 7 7 0 - 1 8 2 7 ) M O Z A R T , W O LF G A N G A M A D E U S ( 1 7 5 6 - 1 7 9 1 ) H A Y D N , F R A N Z J O S E P H ( 1 7 3 2 - 1 8 0 9 ) V E R D I , G IU S E P P E ( 1 8 1 3 - 1 9 0 1 ) B A C H , J O H A N N S E B A S T IA N ( 1 6 8 5 - 1 7 5 0 ) CINCO COMPOSITORES MAIS EXECUTADOS 30 Figura 3 - Representação gráfica da nacionalidade dos compositores. Fonte: Programas de concerto dos anos de 2004 a 2018 Ao levantar os dados sobre os períodos estilísticos, percebe-se a tendência de obras executadas, evidenciando um período preferido pelos regentes dos grupos. Dos 266 compositores, chegamos a cinco períodos diferentes, sendo eles: Renascimento, Barroco, Classicismo, Romantismo e Séculos XX - XXI10. Não foi possível encontrar a data de nascimento de dezenove compositores. Muitos compositores viveram em períodos de transição. Sendo assim, para os dados aqui apresentados considera-se a data de nascimento como determinante do período. Sabemos que as datas apresentadas são classificações artificiais formuladas por estudiosos. Posto isso, para este levantamento definiu-se da seguinte maneira: Renascimento de 1450 a 1600, Barroco de 1600 a 1750,Classicismo de 1750 a 1810, Romantismo de 1810 a 1900 e Séculos XX e XXI de 1900 até hoje. O Período Renascentista obteve a menor quantidade de execuções, apenas três vezes, sendo duas obras do compositor P. Passereau (1509 - 1547) e uma obra de J. Cruger (1582 - 1662). Já o período contou com 33 compositores, porém o número de execuções chega a 266. Para o período clássico teve-se a execução de obras de quatorze compositores e o número de execuções foram de 165. O período Romântico é o mais executado, com o total de 397 execuções e 94 compositores. Para o período Moderno, teve-se a maior quantidade de 10 Considera-se o período moderno classificado em duas etapas, como: Moderno e Pós-moderno, tendo meados do Séculos XX como divisor. [NOME DA CATEGORIA] 28,57% [NOME DA CATEGORIA] 18,04%[NOME DA CATEGORIA] 9,39% [NOME DA CATEGORIA] 9,39% [NOME DA CATEGORIA] 8,27% [NOME DA CATEGORIA] 5,66% [NOME DA CATEGORIA] 5,26% 19 Restantes 20,67% [NOME DA CATEGORIA] [VALOR] NACIONALIDADE 31 compositores, sendo 118 compositores do modernismo, e o total de obras executadas chega a 364. Conforme mencionado acima, não foi possível identificar a data de nascimento de 19 compositores. Destes, foram executadas 28 vezes. O quadro abaixo contém as três informações, o período, quantidade de compositores, e quantidade de execuções. Quadro 2 - Levantamento de compositores por período Período Quantidade de compositores Execuções Renascimento 2 3 Barroco 33 266 Classicismo 14 165 Romantismo 94 394 Moderno (Séc. XX e XXI) 118 364 Não identificado 19 28 Fonte: Programas de concerto dos anos de 2004 a 2018 2.2 REGENTES Em 1999 a professora Sônia Maria de Araújo tomou posse como diretora da Escola de Artes Veiga Valle, dando início a novos projetos pedagógicos, desenvolvendo o Curso de Arte-Educação, Música, Artes Visuais, Teatro e Dança.11 Dentre essas mudanças em 2001 foi criada uma orquestra com os alunos da própria escola. Com o objetivo da escola em fornecer uma vivência prática, deu-se início a Orquestra Infantil do Veiga Valle, sob a direção da professora Volga-Lena a qual não permaneceu no projeto, sendo necessário suspender as atividades, interrupção que não durou muito. Em 2002 a escola torna-se o primeiro Centro Profissional em Artes do estado. Nesse momento, o maestro Eliseu Ferreira é convidado pela diretoria da escola para dar continuidade ao projeto. Sabendo que a quantidade de alunos não era suficiente para a composição de uma orquestra sinfônica, a instituição buscou parceria com outras escolas. Tal iniciativa trouxe ótimos resultados, os professores incentivaram os seus alunos a tocarem na OSJE sabendo da importância da prática orquestral. Com mais alunos, houve o crescimento na quantidade de músicos da orquestra e com a chegada de novos alunos teve-se a necessidade de expandir o grupo, dividindo-o em três níveis: A, B e C. Para ingressar em um destes grupos era necessário fazer uma audição, na qual a banca examinadora determinaria o grupo no qual o aluno ingressaria. 11 Informações retiradas do Projeto Político Pedagógico do ITEGO em Artes Basileu França. 32 Com três grupos em atividade, o maestro Eliseu Ferreira contou com a ajuda de outros profissionais, como o professor de violino Salmo Lopes, que foi o seu braço direito na viabilização do projeto, além de Andreyw Antonio Batista e Luciano Gomes. Com a expansão dos grupos, Eliseu Ferreira abriu uma turma de regência no próprio ITEGO em Artes Basileu França, tendo como ferramenta de trabalho as orquestras pertencentes à OSJG. Pode-se observar que alguns alunos da turma de regência acabaram por reger a OSJG em alguns concertos. Para melhor compreensão e divisão, iremos classificar os regentes que passaram pelos grupos da OSJG em três categorias, sendo elas: (1) regentes titulares, (2) regentes assistentes /substitutos e (3) regentes convidados. 2.2.1 Os regentes titulares: A OSJG em sua fase embrionária, no ano de 2001, quando foi criada como uma orquestra infantil teve como regentes iniciais do projeto a professora Volga-Lena e o maestro Sergio Kuhlmann. Porém no mesmo ano a orquestra foi desativada. Após a saída de Volga- Lena, a orquestra teve dois regentes titulares. Considerando que o projeto se firma somente em 2002, podemos ressaltar que o maestro Eliseu Ferreira foi o primeiro maestro titular. Eliseu à frente da OSJG do ano de 2002 a 2015. Com seu esforço, a orquestra pôde alcançar várias conquistas, como viagens, masterclass, repertório, bem como o projeto bolsa orquestra, um auxílio aos instrumentistas no valor inicial de R$ 200,00, em 2005. Este auxílio era destinado à manutenção e compra de instrumentos, alimentação, transportes, etc. Durante o período em que Ferreira esteve à frente da OSJG, deu-se um dos mais importantes feitos do grupo, a realização de cinco turnês internacionais. A princípio foi firmada parcerias com empresas, captando patrocínio com a empresa ENDESA12, que proporcionou em 2011 uma turnê de 08 concertos na Espanha, com sucesso de público e crítica, tocando em salas importantes como o Palau de la Musica (Barcelona), Auditório Josep Carreras (Vila-Seca), Auditório Enric Granados (Lleida), Auditório de Girona e Auditório do Centro Cultural Caja Granada (Granada). Com o sucesso da primeira turnê, o maestro não parou por aí e conseguiu levar a orquestra em 2013 para Venezuela, em 2014 para a Alemanha, em 2015 para a Venezuela novamente e 2016/2017 para a China. 12 Empresa Espanhola que nos anos 90 em negociação com a estatal Celg privatiza a Hidrelétrica de Cachoeira Dourada – GO até o ano de 2016. 33 No levantamento, conseguimos 108 programas em que o maestro Eliseu Ferreira esteve à frente da orquestra. É o maior número de concertos regidos pela mesma pessoa. O segundo colocado tem 31 programas registrados, ou seja, menos de um terço do primeiro. Natural de Anápolis, Eliseu Ferreira é graduado em Educação Artísticas e Clarineta pela Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás. Possui mestrado em Regência Orquestral pela mesma instituição. Estudou regência coral e orquestral com o Maestro Emílio de César por vários anos em Brasília. Participou de festivais, cursos de aperfeiçoamento e master-classes no Brasil e no exterior, tendo aulas com renomados professores, como Dante Anzolini, Roberto Duarte, Roberto Minczuk, Aylton Escobar, Kirk Trevor, Tomás Koutnik, Neil Thomson, Frank Shipway e Kurt Masur. Participou de cursos de Regência em Assunção, no Paraguai e em Zlin e Kromeriz, na República Tcheca. Desde 2006 tem frequentado os workshops de regência orquestral dos professores John Farrer e Neil Thomson em Londres, Inglaterra (Royal College of Music e Royal Academy of Music) e em Paris, França. Foi regente nos seguintes grupos: Orquestra Filarmônica de Goiás, Orquestra Jovem de Goiás, Orquestra Planalto Central, Orquestra de Câmara de Goiânia, Camerata Vocal de Goiânia, Banda Sinfônica do CEFET-GO, Orquestra Sinfônica de Goiânia, dentre outros. Atuou como professor de Prática de Orquestra, Regência Orquestral e Regência Coral em alguns festivais de música no Brasil. Atuou como regente convidado em Goiás e São Paulo. Foi também Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra de Câmara Goyazes por dois períodos: entre 1999 e 2003 e entre 2008 e 2011. Com essa orquestra realizou uma grande quantidade de concertos em Goiás, trabalhando ao lado de renomados solistas nacionais e internacionais e também expoentes da nossa música popular. Em 2010 recebeu do Governo de Goiás o Diploma de Destaque Cultural do Anop pelo trabalho realizado em prol da música clássica no estado. Atuou também como maestro titular da Orquestra Filarmônicade Goiás no ano de 2011 a 2013. Atualmente é maestro titular e diretor artístico da Orquestra Sinfônica de Goiânia.13 O maestro Eliseu Ferreira assume em 2014 a direção do ITEGO em Artes Basileu França, motivando um afastamento parcial da orquestra. Porém, ainda mantem o título de maestro titular e coordenador dos grupos sinfônicos, deixando realmente o cargo de coordenados de grupos sinfônicos em 2017, quando assume a Orquestra Sinfônica de Goiânia, após o falecimento do maestro Joaquim Jayme. 13 Informações retiradas das notas de concertos sobre o maestro. 34 O maestro Eliel Ferreira vem em 2016 como sucessor de Eliseu Ferreira. Eliel esteve presente na orquestra antes de se tornar maestro. Seu nome aparece diversas vezes como spalla e solista. Como violinista, pode-se encontrar seu nome no primeiro programa levantado. Sobrinho do maestro Eliseu Ferreira, herdou essa paixão pela regência orquestral e começou seus estudos em regência. O primeiro programa no qual Eliel Ferreira aparece como regente foi o do dia 17/12/2014, com a OSJPLT. Figura 4 - Concerto da OSJPLT e Orquestra Infantil Mozart em 17 dez. 2014. Fonte: Acervo Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás Natural de Anápolis, Eliel Ferreira iniciou seus estudos musicais aos oito anos de idade na Escola de Música de Anápolis. Em 2002 começou seus estudos em Goiânia com o professor Salmo Lopes. Em 2011 recebeu o diploma de Licenciatura em Violino pela Universidade Federal de Goiás na classe do professor Alessandro Borgomanero. Começou a se dedicar na regência no ano de 2013, com o maestro Eliseu Ferreira e no ano seguinte começa suas orientações com o maestro Neil Thomson. Buscando sempre se aperfeiçoar, 35 participou de master-classes com renomados maestros, como Claus Efland, Abel Rocha, Marin Alsop, Gottfried Engles, Claudio Cruz, Gian Luigi Zampiere e John Farrer14. Em 2015 fica à frente da Orquestra Sinfônica Jovem Pedro Ludovico Teixeira e em 2016 assume o cargo de maestro titular da OSJG regendo o concerto de abertura da temporada 2016 no dia 23 de março, estreando com a Sinfonia nº 4 de P. L. Tchaikovsky (1840-1893). Contribuiu efetivamente no preparativo da OSJG, para sua 6ª turnê internacional, que ocorreu entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017, nas províncias de Shangai na China. Nesta turnê Eliel Ferreira atua como Spalla, mas não mediu esforços durante a temporada 2016, quando o objetivo era levantar fundos para tornar possível a turnê China 2016/2017. Com o levantamento de programas, até o ano de 2018 o maestro Eliel Ferreira consta como regente em 11 concertos. Em 2017 assume também o cargo de coordenador dos grupos sinfônicos, que no ano de 2018 contava com sete grupos, sendo eles: Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás, Orquestra Sinfônica Jovem Pedro Ludovico Teixeira, Banda Sinfônica Jovem de Goiás, Coro Sinfônico Jovem de Goiás (CSJGO), Big Band Basileu França (BBBF), Orquestra Infantil Mozart A e Orquestra Infantil Mozart B. Em 2017 assume também o cargo de maestro assistente da Orquestra Sinfônica de Goiânia. 2.2.2 Os regentes assistentes e substitutos. Sabe-se que não seria possível somente com os maestros titulares atender todas as demandas de todos os grupos. Assim os maestros Eliseu Ferreira e Eliel Ferreira contaram com a ajuda de regentes assistentes e substitutos para manter todos os projetos em atividades. A função de um regente assistente ou substituto é assumir a orquestra na ausência do maestro titular, fazendo ensaios de naipe, eventos e auxiliando na escolha de repertório. Destacaremos aqui alguns regentes que contribuíram com o funcionamento da OSJG. O maestro Andreyw Antonio Batista, esteve sempre presente na orquestra, auxiliando o maestro Eliseu Ferreira. Passou por todas as fases da OSJG e atualmente está em atividade com a orquestra como Gerente de logística. Apesar de maestro, Andreyw Batista contribuiu com diversos setores da orquestra, montagem, arquivo, administração e, claro, regência. Atuou muito tempo à frente da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás Grupo B (OSJGB) e Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás Grupo C (OSJGC), dando grande contribuição para a popularização da orquestra, gerando assim, capital político necessário para 14 Informações retiradas das notas de concertos sobre o maestro. 36 consolidação de importantes conquistas para a orquestra. Até hoje é muito participativo na escolha do repertório da orquestra, notando-se pelas edições dos Pop Hits, nas quais ele é o responsável pela definição de toda programação. No levantamento, contabilizou-se 31 programas regidos por ele, sendo o nosso segundo regente mais assíduo da OSJG. Natural de Goiânia, o maestro Andreyw Batista é formado em Educação Artística pela Universidade Federal de Goiás. Estudou regência orquestral com os Maestros Emilio de César, Aylton Escobar, Dante Anzollini, Gerard Rold e Roberto Duarte. Foi diretor da Escola de Música de Anápolis. Regeu como convidado a Orquestra Filarmônica de Goiás, Orquestra de Câmara de Curitiba, Orquestra Sinfônica da Escola de Música de Brasília, Orquestra Jovem do Centro Livre de Artes, Banda Sinfônica do CEFET e Banda Sinfônica do Instituto Adventista Brasil Central. Atualmente é Regente Adjunto da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás, desenvolvendo também um trabalho como regente dos seguintes corais: Coral da Brasil Telecom, Coral Musicalis, Coral São Francisco, Coral Neo Encanto e Coral Gravia, além de estar pesquisando, catalogando e divulgando a obra do compositor Orestes Mario Farinello.15 Além de Andreyw Batista, outros maestros que atuaram como assistentes são: Jânio Matias e Katarine Araújo. Ambos ajudaram a manter os projetos e reger a subdivisão do grupo principal. O maestro Jânio Matias esteve a frente com 18 programas regidos. Ocupou o cargo de Gerente da Orquestra Filarmônica de Goiás (OFG), de 2015 a 2018. Katarine Araújo é formada em regência e esteve à frente da OSJG na temporada de 2015. Comandou também a Orquestra Infantil Mozart. De acordo com os programas levantados, foi tecladista da OSJG de 2006 a 2011. Como regente esteve à frente da orquestra em seis programas. Em 2018 assume o cargo de regente titular do Coro Sinfônico da Orquestra Sinfônica de Goiânia. Passaram também alguns regentes que tiveram uma atuação menor frente à orquestra, classificando-os assim como substitutos. Alguns chegaram a fazer somente um concerto. O regente Luís Miguel, trompista e estudante de regência, auxiliou como regente da Orquestra Sinfônica Jovem Pedro Ludovico Teixeira no ano de 2017, foi localizado apenas um programa seu como regente. Trompista da OSJG desde 2010 até o presente momento, é regente no projeto da rede de Orquestra sendo também chefe de naipe das trompas da Orquestra Sinfônica Goiânia. 15 Informações retiradas das notas de concertos sobre o maestro 37 Em 2017, Leonardo Caire assume a regência da OSJPLT16, permanecendo no cargo até o fim da temporada. Caire já havia sido regente assistente do Grupo de Metais e Percussão17 (GMP) em 2014, quando este era regido pelo trompista Filipe Rocha. Atualmente é timpanista da OFG. Passaram também pelos grupos da OSJG regentes assistentes e monitores que contribuíram significativamente como o projeto. Entre eles: Sidney Gomes, Luciano Pontes, Rodrigo Teixeira e Nathan Batista. Todos tiveram grande importância pois com a contribuição deles a orquestra pode se expandir e levar música a um público maior. 2.2.3 Os Regentes Convidados. Os regentes convidados desenvolveram uma função fundamental para a formação do instrumentista, pois, quando um regente convidado fica à frente da orquestra, novas experiências são adquiridas, trazendo diferentes perspectivas artística sobre
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