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Ética e Responsabilidade Social nas Empresas

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Pós-Graduação: Terapia Cognitivo Comportamental 
Disciplina: Ética e Responsabilidade Social e Profissional
Ética e Responsabilidade social
A ética pode ser conceituada como parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social. 
No que se refere a responsabilidade social, temos um leque bem amplo e engloba uma diversidade de ações e posturas em relação aos diversos públicos que mantém contato com a empresa ou instituição. Fazer filantropia é mais fácil do que refletir e agir com responsabilidade social pois, responsabilidade social inclui refletir sobre gestão, práticas, processos, projetos etc. Após essa reflexão é hora de implementar ações para proteger o meio ambiente, respeitar a legislação trabalhista, promover igualdade social, disseminar cultura e não apenas fazer caridade ou ser assistencialista. Ideias e projetos devem estar coerentes com a prática. Não basta incluir o assunto numa pauta de reunião ou nas páginas de um projeto, mas transformar a intenção em atitudes concretas e bem estruturadas. 
A base da responsabilidade é a atividade de negócios e a interligação da sociedade. Isso cria certas expectativas na sociedade em relação ao modo como a organização se comporta e no modo como ela gerencia seus negócios. Assim, a responsabilidade social passa a ser uma estratégia importante das empresas e dos órgãos públicos, tanto da administração direta como da indireta que buscam um retorno institucional a partir das suas práticas sociais.
Responsabilidade Social, portanto, diz respeito à maneira como as empresas realizam seus negócios e como os órgãos públicos ofertam os serviços: os critérios que utilizam para a tomada de decisões, os valores que definem suas prioridades e os relacionamentos com todos os públicos, com os quais interagem, não custa repetir o negócio baseado em princípios socialmente responsáveis não só cumpre suas obrigações legais como vai além. Tem por premissas relações éticas e transparentes, e assim, ganha condições de manter o melhor relacionamento com parceiros e fornecedores, clientes e funcionários, governo e sociedade.
A responsabilidade social é muito mais do que um conceito. É um valor pessoal e institucional que se reflete nas atitudes das empresas, dos empresários e de todos os seus funcionários para muitas empresas e órgãos públicos exercer responsabilidade social é simplesmente fazer doações e desempenhar ações de filantropia. Tais empresas apenas praticam ações de responsabilidade social e, em muitos anos, de forma esporádica e casual.
A responsabilidade social que de fato interessa é aquela que habilidosamente se articula com uma práxis transformadora plena, ou seja, que supera a prática como uma estratégia de mercado, um mero assistencialismo caracterizado pela ausência de proposta emancipatória, que, repentinamente, segue imprimindo e legitimando uma ordem social injusta e perversa em que as pessoas são “coisificadas” e as coisas são dignificadas.
Existem atualmente inúmeras certificações e premiações para corporações que se apresentam como socialmente responsáveis, a partir de diversos indicadores. Como apontamos nos parágrafos anteriores, é sempre necessário observar quais são as reais motivações na busca destes prêmios e certificações, pois eles acabam atribuindo valores para a imagem corporativa que se associa às práticas socialmente aceitas como éticas. 
As empresas são agentes sociais, pois elas criam novas formas de sociabilidade e relações sociais, “elas controla m determinados bens, estabelecem novas relações na sociedade onde estão inseridas e provocam modificações no ambiente sociocultural”.
Assim a ética, também a empresarial, será exercida a partir dos valor es partilhados e dialogados pela sociedade. E toda as vezes que as práticas s e distanciarem dos valores consagrados pelo grupo se incorrerá na ausência da ética. Um valor consagrado por nossa sociedade é a vida humana. Assim, toda prática que resulta e m ameaça à manutenção da vida é repudiada e tende a ser condenada. É, portanto, não ética. Por outro lado, ações que valorizam a vida são tomadas como práticas em consonância coma ética. Parece simples, mas, não é. Como existem outros valores presentes na sociedade, a tomada de decisões sempre será algo complexo, já que incorrerá, necessariamente, e m uma escolha baseada nesses valores. Aqui voltamos uma questão crucial de nossos estudos: os valores que fundamentam as práticas empresariais coincidem com os valores éticos? Daí decorre a necessidade de uma reflexão permanente sobre a RSE, pois as práticas responsáveis deve m garantir este encontro entre os valores da organização e a ética, mesmo sob pena de redução dos ganhos.
 
Quando adentramos a reflexão filosófica, entendemos que os valores éticos resultam dos desejos humanos. Assim, por exemplo, a justiça é um valor porque há pessoas que a desejam. Semelhantemente, a verdade passa a ser um valor porque há pessoas que desejam a verdade como fundamento das relações humanas. 
A ética aqui é entendida como “lugar habitável”, isto é, lugar de viver e conviver, espaço que possibilita a vida, o bom e o justo para o ser humano. Enquanto espaço humano, não é dado ao ser humano, mas por ele construído ou incessantemente reconstruído.
Cidadania é uma expressão que guarda uma grande complexidade. De modo geral, podemos dizer que cidadania resulta do gozo do direito. Diferente do senso comum que insiste na ideia de que cidadania é a “ relação entre direitos e deveres”, cidadania é, primeira e fundamentalmente, o exercício do direito.
Vimos que a ética é a busca da melhor forma de viver e conviver. É tornar o mundo um lugar habitável, ou seja, em que a vida seja possível e plena em sua realização e na relação com as outras pessoas.
A palavra responsabilidade tem um sentido muito interessante. Significa ‘dar uma resposta com habilidade’, ou seja, atender uma determinada situação de forma habilidosa. Neste sentido, ela se relaciona a ética, que, por sua vez, busca tornar o lugar habitável para a convivência humana. A responsabilidade profissional implica, portanto, em buscar constantemente a melhor forma de viver e trabalhar no a ambiente corporativo, em atender aos anseios da comunidade interna e externa, em conciliar os conflitos gerados pela ação social da empresa e os desejos das pessoas a ela ligada direta ou indiretamente. 
Ética e RSE são conceitos que se relaciona m dinamicamente. São campos independentes, mas, que necessariamente, precisam caminhar juntos. Os programas de RSE surgiram de modo mais intenso, nos anos 1990, no mesmo contexto do avanço das políticas neoliberaisno Brasil. Sobre estes programas pairam muitas críticas e indagações. Entre as críticas, a mais contundente é que tais iniciativas têm como objetivo projetar a imagem da organização para a sociedade, que “consome” esta imagem ao se associar a ela, comprando produtos ou utilizando seus serviços.
Por outro lado, os programas de RSE contribuem também para barrar práticas nocivas para a sociedade tais como processos industriais poluidores, ausência de segurança no trabalho, utilização de trabalho infantil, e inibir a situação de trabalho análogo à escravidão.

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