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Histologia - Órgãos associados ao trato digestivo - Leticia Agatha

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Órgãos associados ao trato digestivo 
Introdução
Os órgãos associados ao trato digestivo são as glândulas salivares, o pâncreas, o fígado e a vesícula biliar, também conhecidos como órgãos anexos. Essas estruturas auxiliam no processo digestivo através de secreções que são lançadas no tubo digestório e auxiliam o processo, ou seja, nenhum alimento é digerido dentro dessas glândulas. – Tubo digestório = boca, esôfago, estômago, intestinos e canal retal.
Figura 1: Visão anatômica do trato digestório com glândulas anexas
Fonte: https://www.auladeanatomia.com/novosite/wp-content/uploads/2015/11/sistema-digestorio-humano-orgaos-e-suas-funcoes.jpg
A saliva produzida pelas glândulas salivares umidifica e lubrifica a mucosa oral e o alimento, além de contribuir para o início da digestão de carboidratos e lipídios, por conter amilase e lipase (enzimas digestivas), e auxiliar na defesa do trato digestivo, secretando IgA, lisozima e lactoferrina, que são germicidas.
O pâncreas, por sua vez, produz enzimas que são lançadas no intestino delgado, e que participam da digestão dos alimentos absorvidos, especialmente lipídios, além de secretar alguns hormônios, como insulina e glucagon, que atuam principalmente regulando o metabolismo e os níveis glicêmicos do organismo.
Já o fígado, considerado a maior glândula do corpo humano, desempenha muitas funções, como produção da bile, importante na digestão de lipídios; metabolismo de diversas substâncias, como drogas e ferro sérico; síntese de proteínas plasmáticas e fatores pró-trombóticos (coagulação sanguínea). A vesícula biliar atua basicamente armazenando a bile em sua forma concentrada (absorve água da bile) e a lançando no tubo digestório quando necessário.
Figura 2: Glândulas salivares maiores
Fonte:https://www.msdmanuals.com//media/manual/home/images/den_salivary_glands_pt.gif?la=pt&thn=0
1. Glândulas salivares 
O corpo humano possui três pares de glândulas salivares maiores: glândulas parótidas, submandibulares e sublinguais, além de glândulas salivares menores que produzem cerca de 10% de toda a saliva, mas são responsáveis por quase 70% do muco secretado.
As glândulas salivares menores estão distribuídas em toda a mucosa oral e submucosa. Elas não são encapsuladas como as glândulas maiores (melhor descritas a diante), a saliva é produzida por pequenas células secretoras e daí conduzidas para a cavidade oral através de ductos curtos, sofrendo poucas alterações em sua composição no seu trajeto. A maioria das glândulas salivares menores produzem muco, com exceção das glândulas serosas na parte posterior da língua. Essas estruturas (glândulas salivares menores) também estão associadas a agregados de linfócitos e secreção de IgA.
As glândulas salivares maiores são revestidas por uma cápsula de tecido conjuntivo rico em fibras colágenas e seu parênquima é formado por terminações secretoras e um sistema de ductos ramificados, que se organizam em lóbulos, separados por septos de tecido conjuntivo da cápsula. Essas terminações possuem dois tipos de células secretoras: serosas e mucosas, além de células mioepiteliais, que não são secretoras. A porção secretora fica antes de um sistema de ductos, os quais modificam a saliva à medida que a conduz para a cavidade bucal. 
As células serosas costumam ter formato piramidal, com base larga e ápice com microvilos pequenos e irregulares voltados para o lúmen do ducto. Essas células apresentam características de células polarizadas secretoras de proteínas, e são unidas entre si formando um ácino, com lúmen central.
As células mucosas apresentam formato cuboide ou colunar, com núcleo oval pressionado junto à base da célula. Elas possuem características de células secretoras de muco, contendo glicoproteínas que participam da função lubrificante da saliva. A maioria dessas glicoproteínas é composta por mucinas. As células mucosas normalmente se organizam túbulos, arranjos cilíndricos de células secretoras circundando o lúmen, e no término deles existe um grupo de células serosas que constituem as semiluas serosas.
As células mioepiteliais, por sua vez, são encontradas junto à lâmina basal de terminações secretoras e ductos intercalares, que formam a porção inicial do sistema de ductos. Duas ou três células mioepiteliais envolvem a terminação secretora, e nessa porção são bem desenvolvidas e ramificadas. Já nos ductos intercalares, as glândulas mioepiteliais são mais alongadas e fusiformes, e ficam paralelas ao comprimento do ducto. Essas células têm características de células musculares, como a capacidade de contração, mas elas fazem junções entre si (desmossomos) e também com as células secretoras. A principal função das células mioepiteliais parece ser a prevenção da distensão excessiva da terminação secretora durante a secreção de saliva, por conta do aumento da pressão no lúmen do ducto, assim, a contração dessas células (mioepiteliais), localizadas nos ductos intercalares, aumenta o diâmetro luminal, ajudando a diminuir a pressão na porção secretora e também facilitando a secreção.
As terminações secretoras se continuam com os ductos intercalares, formados por células epiteliais cuboides. Muitos desses ductos se unem para formar um ducto estriado. Esses ductos são caracterizados por formar estriações radiais, que se estendem da base das células até a altura dos núcleos, e essas estriações são invaginações da membrana plasmática basal, ricas em mitocôndrias alongadas, estrutura característica de células transportadoras de íons. – ductos intercalares e estriados também são chamados de ductos intralobulares.
Figura 3: Ácinos, ductos e tipos celulares das glândulas salivares
Fonte: GARTNER, et al. Tratado de Histologia em Cores. 3ªed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2007
Os ductos estriados de cada lóbulo desembocam em ductos maiores localizados nos septos de tecido conjuntivo, que separam os lóbulos, onde se tornam ductos interlobulares ou excretores. Inicialmente, eles são formados por epitélio cuboide estratificado, e suas porções mais distais são revestidas por epitélio colunar estratificado. O ducto principal de cada glândula salivar desemboca na cavidade oral e, no final, é revestido por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado.
Os vasos e nervos penetram as glândulas salivares maiores pelo hilo e gradualmente se ramificam até os lóbulos. As partes secretoras e ductais de cada lóbulo possuem um rico plexo vascular e nervoso, o qual é muito importante para a secreção da saliva, após estímulo nervoso, realizado pelo sistema nervoso autônomo – o gosto do alimento ou seu aroma dispara um estímulo parassimpático, normalmente, o qual provoca secreção abundante de saliva aquosa, já o estímulo simpático está associado à sensação de boca seca (xerostomia), visto que a saliva produzida é viscosa e rica em material orgânico.
 
1.1. Glândula Parótida
A glândula parótida é uma glândula acinosa composta, cuja porção secretora é formada exclusivamente por células serosas, com grânulos de secreção ricos em proteínas e amilase. Com isso, essas glândulas são muito importantes na digestão (hidrólise) da maior parte dos carboidratos, que começa na boca e continua no estômago durante pouco tempo – o suco gástrico acidifica o bolo alimentar e com isso inativa a amilase.
Assim como nas outras glândulas salivares, o tecido conjuntivo das glândulas parótidas é rico em plasmócitos e linfócitos. Os plasmócitos secretam IgA, que é liberada junto com um composto, o qual é resistente à digestão enzimática e é importante na defesa do organismo contra invasores da cavidade oral.
Figura 4: Glândula parótida. As setas apontam as glândulas seroas e os círculos os ductos.
Fonte: https://histologiauff.files.wordpress.com/2016/06/parc3b3tida-1.jpg?w=900
1.2. Glândula Submandibular (submaxilar)
A glândula submandibular é uma glândula tubuloacinosa composta, cuja porção secretora é formada por células serosas e mucosas, com destaque para as células serosas, que se diferem das mucosas pelo núcleo, que é arredondado, e citoplasma basófilo(roxo – cora com hematoxilina). A maior parte das terminações secretoras dessas glândulas é formada por ácinos serosos, enquanto o restante consiste em túbulos mucosos com semiluas serosas.
As células secretoras dessas glândulas possuem extensas invaginações basais e laterais voltadas para o plexo vascular, que aumentam a superfície para transporte de íons, facilitando o transporte de água e eletrólitos. Essas invaginações tornam impossível identificar os limites entre as células. 
As células serosas produzem uma quantidade irrisória de amilase, enquanto as células das semilulas serosas secretam lisozima, importante na hidrólise da parede de bactérias que podem ser ingeridas junto com os alimentos. Além disso, algumas células acinosas e dos ductos intercalares também secretam lactoferrina, que se liga ao ferro, importante na nutrição de bactérias, ajudando na defesa contra essas microrganismos. 
Os ductos estriados são bastante visíveis nas glândulas submandibulares, enquanto os ductos intercalares são bastante curtos.
Figura 5: Glândula submandibular
Fonte:https://thumbor.kenhub.com/2fDlotzchlLOuDvDJNvy-9gvmBI=/fit-in/800x800/filters:fill(FFFFFF,true):watermark(/images/watermark_only.png,0,0,0):watermark(/images/logo_url.png,-10,-10,0):format(jpeg)/images/anatomy_term/myoepithelial-cells/QJxpuKmkVujVL3ryDlvw_Myoepithelial_cells.png
1.3. Glândula Sublingual
Assim como a glândula submandibular, a glândula sublingual é tubuloacinosa, formada por células serosas e mucosas. Porém, aqui predominam as glândulas mucosas, sendo que as células serosas são exclusivas das extremidades dos túbulos mucosos (semiluas serosas), e também secretam lisozima.
Figura 6: Glândula sublingual. As setas indicam os ductos estriados e os túbulos mucosos
Fonte: https://mol.icb.usp.br/wp-content/uploads/13-2-5a.jpg
LEMBRANDO: As células serosas se diferem das células mucosas devido ao fato de seu produto de secreção ser composto especialmente por proteínas, enquanto as glândulas mucosas produzem o muco, uma secreção de caráter mais viscoso.
2. Pâncreas
O pâncreas anatomicamente é divido em cabeça, corpo e cauda, constituindo-se uma glândula mista, ou seja, composta por uma porção exócrina e outra endócrina. A porção exócrina é responsável pela produção das enzimas digestivas, enquanto a porção endócrina produz hormônios envolvidos principalmente na regulação da glicemia, os quais são sintetizados num grupamento de células epiteliais chamados de ilhotas pancreáticas (ilhotas de Langerhans). 
O pâncreas é revestido por tecido conjuntivo, que forma septos, os quais subdividem este órgão em lóbulos.
As células da porção exócrina são arranjadas em ácinos, enquanto a porção endócrina do pâncreas é uma glândula acinosa composta, semelhante à glândula parótida em estrutura, localizada entre os ácinos exócrinos. Histologicamente, essas duas glândulas podem ser diferenciadas pela ausência de ductos estriados, no caso da glândula exócrina, e presença das ilhotas de Langerhans, nas glândulas endócrinas. Além disso, os ductos intercalares, que ficam entre os ácinos, penetram a porção inicial do lúmen dos ácinos, o que obviamente não ocorre no pâncreas endócrino.
Figura 7: Anatomia histológica do pâncreas
Fonte:https://1.bp.blogspot.com/8lUZ6fMLI64/VkIHoKYOvII/AAAAAAAAFfg/I6tH8F6HGGo/s1600/Anatomia%2Bdo%2Bp%25C3%25A2ncreas%2Bex%25C3%25B3crino%2Be%2Bend%25C3%25B3crino.png
O pâncreas exócrino produz um fluido rico em bicarbonato, contendo proenzimas digestivas. Essa glândula é formada ácinos (células acinosas), como já mencionado, cujo lúmen é composto por 3 ou 4 células centroacinosas, que representam o início do sistema de ductos do pâncreas. Essas células são exclusivas dos ácinos pancreáticos. 
As células acinosas possuem formato de pirâmide, cuja base é apoiada na lâmina basal, separando as células acinosas do tecido conjuntivo, e o núcleo (arredondado) é basal e circundado por citoplasma basófilo. O citoplasma apical, voltado para o lúmen do ácino, contém grânulos de zimogênio (grânulos de secreção), proenzima precursora do pepsinogênio (transformado em pepsina no estômago, a qual digere proteínas). O número de grânulos de secreção varia de acordo com a fase digestiva, sendo máximo durante o jejum. 
O sistema de ductos do pâncreas se inicia com os ductos intercalares, inicialmente formados pelas células centroacinosas, e esses ductos se unem entre si, formando os ductos intralobulares, que convergem e formam os ductos interlobulares. Estes ductos (interlobulares) são envolvidos por tecido conjuntivo e liberam seu conteúdo no ducto pancreático principal, que se une ao ducto biliar comum, o qual se abre no duodeno pela papila de Vater.
Figura 8: Tipos celulares dos ácinos secretores e ilhotas de Langehans.
Fonte: GARTNER, et al. Tratado de Histologia em Cores. 3ªed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2007
O pâncreas exócrino produz diversas proteínas, sendo as mais importantes a amilase e lipase, e a maioria delas é armazenada na forma inativa (pré-enzimas) dentro dos grânulos de secreção das células acinosas, sendo ativadas apenas no lúmen do intestino delgado. Isso é importante para proteger o pâncreas da ação dessas enzimas, que são podem “digerir” esse órgão se ativadas indevidamente dentre dele (pancreatite).
As células acinosas possuem receptores para colescistonina (CCK) e acetilcolina, enquanto as células centroacinosas e os ductos intercalares possuem receptores para secretina e às vezes para acetilcolina. A secretina estimula a produção da bile, enquanto a CCK promove contrações da vesícula biliar, gerando o relaxamento do esfíncter de Oddi e liberação da bile.
A secreção de secretina é estimulada pela presença de no intestino. Esse hormônio promove secreção fluida, pobre em enzimas e rica em bicarbonato, sendo assim importante na neutralização do pH do quimo (alimento que chega ao intestino delgado parcialmente digerido), possibilitando a ação das enzimas pancreáticas que requerem pH neutro.
A secreção de CCK é estimulada pela presença de ácidos graxos de cadeia longa (gordura), ácido gástrico e aminoácidos no lúmen intestinal, e promove secreção pouco abundante e rica em enzimas. Esse hormônio atua principalmente na extrusão dos grânulos de zimogênio. 
Esses hormônios (CCK e secretina), produzidos pela mucosa intestinal, controlam a secreção exócrina do pâncreas. Além disso, a secreção das enzimas pancreáticas também é regulada por estímulo parassimpático (nervo vago)
Figura 9: Ligação pancreática com o intestino
Fonte: https://www.anatomiadocorpo.com/wp-content/uploads/2016/04/Pancreas.jpg
O pâncreas endócrino, formado pelas ilhotas de Langerhas, fica disperso entre os ácinos serosos, cuja maior concentração é na cauda do pâncreas. As ilhotas de Langerhans são compostas 5 tipos celulares: células beta (β), células alfa (α), células delta (δ) (células D e D1), células PP (produtoras do polipeptídeo pancreático) e células G (produtoras de gastrina), as quais não podem ser diferenciadas pela técnica de coloração HE.
As principais células do pâncreas endócrino são as células α e células β, produtoras de glucagon e insulina respectivamente. A insulina se liga à vários tipos celulares, principalmente no tecido muscular, tecido adiposo e fígado, regulando a entrada e metabolismo da glicose. O diabetes mellitus é provocada quando as células se tornam insensíveis à insulina ou quando a produção de insulina é insuficiente. O glucagon, por sua vez, atua principalmente nos hepatócitos, levando a ativação de enzimas gliconeolíticas, que quebram o glicogênio (estoque de glicose gerado pela insulina) em glicose – glicogenólise, além de ativarem as enzimas hepáticas responsáveis pela gliconeogênese. Vale pontuar que tanto a insulina quanto o glucagon são sintetizados em ritmo basal e armazenados em grânulos intracelulares, sendo liberados em resposta aos estímulos gerados pelo aumento ou diminuição da glicemia.
Porém, além disso, o pâncreas endócrino produz outros hormônios, como a somatostatina, produzida pelas células δ (D),que regula a liberação dos hormônios produzidos pelas células α e células β (efeito parácrino) e também age sobre as células musculares lisas do trato digestivo e vesícula biliar, reduzindo a motilidade desses órgãos. As células δ (D1) também produzem o peptídeo intestinal vasoativo (VIP), o qual induz a glicogenólise e hiperglicemia, além de também participar da regulação da motilidade intestinal e do tônus muscular da parede intestinal.
As células G produzem gastrina, hormônio que estimula a liberação de HCl pela mucosa gástrica, importante para a acidez do suco gástrico, além de regular a motilidade e esvaziamento gástrico e a taxa de divisão celular das células regenerativas do estômago.
Por fim, as células PP produzem o polipeptídeo pancreático, o qual inibe as secreções exócrinas do pâncreas, estimula a liberação de enzimas pelas células principais do estômago e diminui a liberação de HCl pelas células parietais gástricas.
Figura 10: Imagem histológica do pâncreas.
Fonte:https://image.slidesharecdn.com/pncreasexocrino-150618221331-lva1-app6892/95/pncreas-exocrino-histologa-6-638.jpg?cb=1434665655
3. Fígado 
O fígado é dividido em lobos direito, esquerdo, quadrado e caudado, sendo os dois primeiros sua maior parte. Este órgão é responsável por sintetizar muitas proteínas sanguíneas, especialmente a albumina e proteínas carreadoras, bem como metabolizar os nutrientes advindos da alimentação, transformando e neutralizando-os para sua eliminação de substâncias tóxicas. Assim, similarmente ao pâncreas, o fígado é uma glândula mista, com funções endócrinas e exócrinas, a diferença é que a mesma célula que produz a bile, importante na digestão de gorduras, também gera os outros produtos endócrinos e neutraliza as substâncias tóxicas.
Todos os nutrientes absorvidos no intestino passam pelo fígado através da veia porta, a principal responsável pelo seu suprimento sanguíneo (80% de sangue pouco oxigenado), exceto lipídios complexos, que são absorvidos através da artéria hepática direita e esquerda (20% de sangue rico em oxigênio). A eliminação dos metabólitos, por sua vez, é feita pela bile, que é direcionada para a vesícula biliar através dos ductos hepáticos direito e esquerdo. Assim, o fígado possui duplo suprimento sanguíneo, e a drenagem sanguínea é feita pelas veias hepáticas.
O fígado é completamente envolvido pelo peritônio (exceto pela área nua), e revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo denso não modelado, chamada cápsula de Glisson, que torna mais espesso no hilo, através do qual a veia porta e artéria hepática penetram no fígado e por onde saem os ductos hepáticos direito e esquerdo, além dos ductos linfáticos. 
Os hepatócitos são organizados em lóbulos hepáticos (lóbulos hepáticos clássicos), que ficam em contato entre si, sem divisão aparente. Cada lóbulo hepático é composto por cordões de hepatócitos, dispostos radialmente, uma veia centrolobular, e os espaços porta. O fígado humano possui de 3 a 6 espaços porta por lóbulo, localizados em sua periferia, cada um contendo um ramo da veia porta, um ramo da artéria hepática, um ducto (parte do sistema de ductos biliares), além de vasos linfáticos – a tríade portal pode conter apenas a veia porta e o ducto biliar. 
Porém, além da divisão clássica, os hepatócitos também podem ser organizados segundo o conceito de lóbulo portal, o qual é definido como uma região triangular cujo centro é o espaço porta e a periferia é formada pelas linhas que unem as três veias centrolobulares, formando os três ápices do triângulo. E há ainda um terceiro conceito, o de ácino hepático (ácido de Rappaport), que é baseado no fluxo sanguíneo da arteríola distribuidora, ordem na qual os hepatócitos degeneram após agressões (ver mais adiante). O ácino hepático é formado por três regiões concêntricas mal definidas, circundando uma artéria distribuidora em posição centrolobular, chamadas de zonas 1, 2 e 3 (mais interna para mais externa, respectivamente). Com isso, a zona 3 é a mais pobre em oxigênio, enquanto a zona 1 é a mais rica.
Figura: Lóbulos hepáticos
Fonte: GARTNER, et al. Tratado de Histologia em Cores. 3ªed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2007
A veia porta, como já mencionado, recebe sangue do intestino, além do pâncreas e baço, do qual recebe sangue rico em ferro, graças à degradação de hemácias velhas. A artéria hepática contém sangue proveniente do tronco celíaco da aorta abdominal e por fim, o ducto biliar transporta a bile sintetizada pelos hepatócitos até o ducto hepático, sendo revestido por epitélio cúbico. 
Esses vasos são circundados por tecido conjuntivo por todo sua extensão nos espaços porta entre os lóbulos hepáticos, onde forma-se uma rede de fibras reticulares que suporta os hepatócitos, unidade funcional do fígado, e as células endoteliais dos capilares sinusoides. 
Os sinusoides hepáticos são os espaços entre os lóbulos, que contém os capilares sinusoides, caracterizados por serem irregularmente dilatadas e formados por uma camada descontínua de células endoteliais fenestradas. Essas células endoteliais são separadas dos sinusoides adjacentes por uma lâmina basal descontínua e um espaço subendotelial, chamado de espaço de Disse, o qual comporta os microvilos dos hepatócitos. Os espaços de Disse também possuem um tipo celular armazenador de lipídios, chamado de células de Ito, as quais possuem inclusões lipídicas ricas em vitamina A. Essas células capturam, armazenam e liberam retinoides; sintetizam e secretam várias proteínas da matriz extracelular e proteoglicanos, fatores de crescimento e citocinas; e regulam o diâmetro do lúmen sinusoidal estimuladas por alguns fatores, como prostaglandinas.
Figura: Lóbulos hepáticos
Fonte: JUNQUEIRA, LC, CARNEIRO, J. Histologia Básica. 12ªed. Editora Guanabara Koogan, 2013
A parede dos sinusoides, com as células endoteliais fenestradas, permite uma troca fácil de macromoléculas entre o sangue que passa pelo lúmen sinusoidal e os hepatócitos, o que é importante para liberar as proteínas (macromoléculas) sintetizadas pelo fígado, como as lipoproteínas, albumina e fibrinogênio, além de facilitar a captura de moléculas que possam estar circulando pelo sangue, visto que o fígado também é responsável pelo catabolismo de muitas moléculas grandes, especialmente as nocivas (drogas). 
Os sinusoides hepáticos também possuem as células de Kupffer, que são os macrófagos hepáticos, responsáveis por processos imunológicos, além de metabolizar as hemácias velhas, digerir hemoglobina. 
Fonte: JUNQUEIRA, LC, CARNEIRO, J. Histologia Básica. 12ªed. Editora Guanabara Koogan, 2013
O Sistema Portal
A veia porta se ramifica e origina pequenas vênulas portais, interlobulares, nos espaços porta. Essas vênulas se ramificam em vênulas distribuidoras, que seguem ao redor da periferia do lóbulo. As vênulas distribuidoras geram pequenas vênulas que desembocam nos capilares sinusoides. Esses capilares, por sua vez, seguem radialmente e formam a veia centrolobular (ou central).
A veia centrolobular tem parede formada apenas por células endoteliais sustentadas por fibras colágenas. À medida que este vaso segue ao longo do lóbulo, ele recebe mais sinusoides, aumentando de diâmetro, deixando o lóbulo em sua base ao se fundir com a veia sublobular, de diâmetro maior. As veias sublobulares, por sua vez, convergem para formar as veias hepáticas, que desembocam na veia cava inferior.
Figura: Organização dos vasos hepáticos
Fonte: JUNQUEIRA, LC, CARNEIRO, J. Histologia Básica. 12ªed. Editora Guanabara Koogan, 2013
A artéria hepática se ramifica em arteríolas interlobulares, localizadas nos espaços porta. Algumas delas irrigam este espaço e outras formam arteríolas que desembocam diretamente nos sinusoides, gerando uma mistura de sangue arterial e venoso nesses capilares, propriedade exclusiva do fígado.
A principal função das artérias hepáticas é suprir os hepatócitos com quantidade suficiente de oxigênio. O sangue no lóbulo hepático flui da periferia para o centro do lóbulo. Assim, o oxigênio, metabólitos e outras substânciasatingem primeiro as células periféricas e depois os hepatócitos centrais, isso explica, ainda que parcialmente, a diferença entre o comportamento dos hepatócitos periféricos (perilobulares) e dos hepatócitos centrais (centrolobulares), o que é muito marcante em algumas patologias, as quais costumam afetar inicialmente apenas as células perilobulares.
Fonte: JUNQUEIRA, LC, CARNEIRO, J. Histologia Básica. 12ªed. Editora Guanabara Koogan, 2013
Os hepatócitos
Os hepatócitos, unidade funcional do fígado, são células poliédricas, normalmente hexagonais, cujo citoplasma é eosinófilo principalmente por conta do grande número de mitocôndrias e retículos endoplasmáticos liso (REL) e rugoso (REG), visto sua função de sintetizar e metabolizar moléculas. Os REG dos hepatócitos formam agregados chamados de corpos basofílicos, dentro dos quais diversas proteínas são sintetizadas, sendo secretadas pelos complexos de Golgi – normalmente os hepatócitos não armazenam as proteínas, secretando-as continuamente para a circulação. Os REL, por sua vez, são responsáveis principalmente pelos processos de oxidação, metilação e conjugação que ocorrem para inativação ou detoxificação de substâncias para serem excretadas pelo organismo. Porém, como já mencionado, os hepatócitos centrolobulares são diferentes dos perilobulares, devido a características estruturais, histoquímicas e funcionais.
Uma das principais funções do REL é a conjugação da bilirrubina tóxica e hidrofóbica com o glucuronato pela enzima glucuroniltransferase, formando o glucoronato de bilirrubina, que não é tóxico e é solúvel em água, permitindo sua excreção através da bile (por isso a coloração amarelo-esverdeado da bile). A bilirrubina é proveniente da quebra de hemoglobina, sendo formada pelo sistema mononuclear fagocitários (que inclui as células de Kupffer) – disfunções nos processos de excreção da bilirrubina ou do glucoronato de bilirrubina provocam doenças caracterizadas por icterícia. A bile também é composta por colesterol, fosfolipídios e ácidos biliares, importantes na emulsificação de lipídios, facilitando a ação das lipases e consequente absorção. 
Além dos retículos endoplasmáticos, outras organelas dos hepatócitos são essenciais, como os lisossomos, que participam da degradação e renovação das organelas intracelulares, além dos peroxissomos, que possuem enzimas. Com isso, essas organelas agem na oxidação de ácidos graxos em excesso, quebra do peróxido de hidrogênio gerado nessa oxidação (atividade da catalase), quebra de purinas em excesso, formando ácido úrico e participação na síntese de colesterol, ácidos biliares e alguns lipídios formadores de mielina.
Os hepatócitos armazenam lipídios e carboidratos na glicogênio e triglicerídios, cuja quantidade varia de acordo com ritmo circadiano e com o estado nutricional do indivíduo. Esse glicogênio é quebrado pelos processos de glicogenólise quando a glicemia fica em níveis baixos. Essas células também possuem frequentemente a gotícula lipídica, cuja quantidade varia muito.
Os hepatócitos se comunicam com os sinusoides a partir dos espaços de Disse e o encontro de duas dessas células formam um canalículo biliar, os quais constituem a primeira porção do sistema de ductos biliares. As membranas celulares próximas a esses canalículos são unidas por junções de oclusão, porém as junções comunicantes são muito comuns entre os hepatócitos, permitindo maior coordenação das atividades fisiológicas dessas células (absorver substâncias e secretar outras). A parede dos hepatócitos que é voltada para o espaço de Disse possui muitos microvilos, porém há sempre um espaço entre eles e a parede do sinusoides.
Os canalículos biliares terminam no espaço porta, e com isso a bile flui no sentido oposto ao fluxo sanguíneo. Na periferia, a bile adentra os dúctulos biliares, chamados de canais de Hering, que são formados por células cuboides. Esses dúctulos terminam nos ductos biliares no espaço porta. Os ductos biliares, por sua vez, são formados por epitélio cuboide ou colunar, e possuem uma bainha de tecido conjuntivo. Esses ductos dos espaços porta gradualmente aumentam e se fundem, formando o ducto hepático, por onde o fígado lança a bile na vesícula biliar. 
Uma importante característica dos hepatócitos é sua capacidade de regeneração, a partir de sua multiplicação até que a massa perdida seja recuperada. Isso favorece os transplantes.
 
4. Trato biliar e Vesícula biliar
A bile produzida nos hepatócitos segue pelos canalículos biliares, canais de Hering e ductos biliares, respectivamente, até chegar nos ductos hepáticos direito e esquerdo, que formam o ducto hepático comum. Ao receber o ducto cístico da vesícula biliar, esse canal segue até o duodeno como ducto colédoco (ducto biliar comum).
Figura: Trato biliar
Fonte: https://static.todamateria.com.br/upload/se/cr/secrecaobiliar.jpg
Esses canais (ductos hepático, cístico e biliar) são revestidos por mucosa de epitélio colunar simples, cuja lâmina própria é cercada por músculo liso. Essa musculatura é mais espessa próximo ao duodeno, formando o esfíncter de Oddi na parte transmural, o qual regula o fluxo de bile para o intestino.
A vesícula é um órgão oco, capaz de armazenar até 50 ml de bile. Sua parede é formada por mucosa de epitélio coluna simples e lâmina própria, uma camada de músculo liso, uma camada de tecido conjuntivo perimuscular e uma membrana serosa. 
A camada mucosa da vesícula possui pregas, que são mais evidentes quando a vesícula está vazia. As células epiteliais secretam uma quantidade de muco, porém a maior parte desse muco é secretado pelas glândulas mucosas tubuloacinosas, localizadas próximo ao ducto cístico.
O armazenamento e concentração da bile, por meio da absorção de água, depende do transporte ativo de sódio no epitélio de revestimento da vesícula. A contração da musculatura é regulada pela colecistoquinina, cuja secreção é estimulada pela presença principalmente de ácidos graxos da dieta.
Figura: Vesícula biliar
Fonte: JUNQUEIRA, LC, CARNEIRO, J. Histologia Básica. 12ªed. Editora Guanabara Koogan, 2013
Referências
1. JUNQUEIRA, LC, CARNEIRO, J. Histologia Básica. 12ªed. Editora Guanabara Koogan, 2013.
2. GARTNER, et al. Tratado de Histologia em Cores. 3ªed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2007.

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