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Prof. Dr. Caio Guilherme Secco de Souza caio.souza@ifpr.edu.br Aula: MECÂNICA QUÂNTICA E O MODELO ATÔMICO ATUAL LIMITAÇÕES DO MODELO DE BOHR • Os níveis de energia de Bohr são consistentes para átomos monoeletrônicos e podem ser corrigidos para ser utilizado em átomos multieletrônicos. ➢ Entretanto, aqueles níveis de energia em si não explicam a tabela periódica. • As tentativas de corrigir o modelo de Bohr culminaram na introdução de orbitais elípticos, que melhoram a concordância das energias calculadas e as experimentais. ➢ Entretanto, mesmo o modelo com orbitais elípticos não poderiam explicar a tabela periódica. • A teoria de Bohr não era capaz de explicar os detalhes dos espectros de átomos multieletrônicos e nem uma explicação satisfatória para as ligações químicas. O desenvolvimento de uma nova teoria era inevitável, para eliminar o conflito entre modelo corpuscular e ondulatório e para explicar o conceito de quantização de energia. INTRODUÇÃO: MECÂNICA QUÂNTICA ❖ DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA DA MATÉRIA • Em 1924, Louis de Broglie rearranjou algumas das equações utilizadas anteriormente por Einsten para descrever o fóton. ➢ De Broglie propôs uma equação para calcular o comprimento de onda de partículas em movimento: ➢ Esta equação fundamenta o conceito de dualidade onda-partícula da matéria. • Conceito da dualidade onda-partícula: todas as partículas de matéria em movimento, também devem apresentar propriedades ondulatórias. ➢ Este conceito é demonstrado na equação pela relação entre o comprimento de onda da partícula (propriedade ondulatória) e a massa da partícula (propriedade de matéria). Exercício 1: Estime os seguintes comprimentos de onda: (a) um próton que se move a 1/100 da velocidade da luz; (b) Uma bola de gude de massa 5,00 g que viaja a 1,00 m.s-1. INTRODUÇÃO: MECÂNICA QUÂNTICA ❖ O PRINCÍPIO DA INCERTEZA • Os termos posição e velocidade são utilizados para descrever o comportamento de partículas macroscópicas. • Na mecânica clássica, a partícula tem uma trajetória definida. ➢ Segue um caminho em que a localização e o momento linear são especificados a cada instante. • Não é possível especificar a localização exata de uma partícula se ela se comporta como uma onda. • A dualidade onda-partícula elimina a possibilidade de descrever a localização se o momento linear é conhecido e não se pode especificar a trajetória das partículas. • O cientista Heisenberg observou que para partículas subatômicas existe um limite na precisão com que a posição e o momento da partícula podem ser determinados simultaneamente. INTRODUÇÃO: MECÂNICA QUÂNTICA Exercício 2: Estime a incerteza mínima nas seguintes situações: (a) da posição de uma bola de gude de massa 1,0 g, sabendo que sua velocidade é conhecida no intervalo ±1 mm.s-1; (b) da velocidade de um elétron confinado em um diâmetro de um átomo típico (200 pm). • A impossibilidade de conhecer a posição arbitrariamente grande se o momento linear é precisamente conhecido é um aspecto de complementaridade de posição e momento. ➢ A localização e o momento da partícula são complementares, ou seja, não podem ser conhecidos simultaneamente com precisão para ambos. • A relação quantitativa entre a precisão de cada medida é descrita pelo principio da incerteza de Heisenberg: INTRODUÇÃO: MECÂNICA QUÂNTICA ❖ A Formulação da Mecânica Quântica • Visto que as partículas exibem um comportamento ondulatório, a mecânica quântica tentou explicar este comportamento tentando associar as propriedades das partículas descritas por funções de onda. • A maior parte da mecânica quântica tem como objetivo extrair informações das partículas a partir de equações relacionadas com funções de onda. • A equação fundamental da mecânica quântica é: H → Operador Hamiltoniano E → Auto-valor de energia permitida Ψ→ Função de onda • Alguns dos problemas importantes da física podem ser resolvidos utilizando-se a solução exata da equação fundamental da mecânica quântica. • Algumas das propriedades dos átomos podem ser calculadas mais precisamente do que poderiam ser medidas experimentalmente. ❖ A equação de SchrÖdinger • Utilizando-se da equação fundamental da mecânica quântica, o cientista Erwin SchrÖdinger desenvolveu equações diferenciais que permitiam descrever a matéria levando em conta a dualidade onda-partícula. INTRODUÇÃO: MECÂNICA QUÂNTICA • Considerando uma partícula em uma única dimensão, a forma geral da equação de SchrÖdinger é: Energia Potencial Energia Total Energia Cinética • Quando estas equações são aplicadas a sistemas reais tal como o átomo de hidrogênio, elas não podem ser resolvidas a não ser para certos valores de E. • A quantização de energia e os números quânticos aparecem naturalmente da teoria de SchrÖdinger. MODELO ATÔMICOMODELO ATÔMICO PARA O HIDROGÊNIO • Foi possível obter um tratamento teórico completo do átomo de hidrogênio por meio das equações de SchrÖdinger, e os resultados são coerentes com os dados experimentais nos mínimos detalhes. • Solução da Equação de Schrödinger é uma série de funções de onda com níveis de energia associados. ➢ Estas funções de onda são os orbitais atômicos. ➢ Esses orbitais atômicos têm energia e distribuição (formato) característicos. MODELO ATÔMICO PARA O HIDROGÊNIO ❖ O número quântico principal, n • O modelo de SchrÖdinger aplicado aos átomos de hidrogênio forneceu um conjunto de 4 números quânticos que explica o comportamento dos elétron em um átomo: ➢ O número quântico principal (n); ➢ O número quântico do momento angular do orbital (l); ➢ O número quântico magnético do orbital (ml); ➢ O número quântico magnético de spin do elétron (ms). • SchrÖdinger descobriu que os níveis de energia permitidos para um elétron em um átomo de hidrogênio são: n = 1, 2, ... • Esses níveis de energia tem exatamente a forma sugerida pelos comprimentos de onda das linhas medidas espectroscopicamente. MODELO ATÔMICO PARA O HIDROGÊNIO ❖ O número quântico do momento angular do orbital, l • Pela equação dos níveis de energia pode-se observar que quanto maior for o valor de Z, mais fortemente o elétron estará ligado ao núcleo. • O número quântico principal, n, é um inteiro positivo que indica os níveis de energia. ➢ O nível mais baixo possível para o elétron em um átomo de hidrogênio corresponde a n = 1. Este nível é conhecido como estado fundamental do átomo de hidrogênio. ➢ A energia do elétron ligado aumenta no diagrama de níveis de energia quando n aumenta. • O segundo número quântico necessário para especificar um orbital é o número quântico l, que define o momento angular do elétron. ➢ O valor de n está relacionado ao tamanho do átomo. ➢ O aumento de l implica num aumento do correspondente momento angular. ➢ A quantidade da energia cinética do movimento angular é limitada pela energia total do elétron. ➢ O valor de l está relacionado a forma do átomo. MODELO ATÔMICO PARA O HIDROGÊNIO Momento angular do orbital = [l(l +1)]1/2.ħ • A equação do momento angular do orbital é dependente de l da seguinte maneira: • O número quântico l pode ter os seguintes valores , dependendo do valor de n: l = 0, 1, 2, ..., n-1 • Os orbitais de uma camada com número quântico principal n, contém n grupos de l, que são chamados de subcamadas. ➢ Um aspecto importante do átomo de hidrogênio é que todos os orbitais de uma mesma camada (valor de n) tem a mesma energia, independente do valor de l. Exemplos: n = 1 → l = 0 → apenas 1 subcamada n = 2 → l = 0 e l = 1 → 2 subcamadas n = 3 → l = 0, l = 1 e l = 2 → 3 subcamadas n = 4 → l = 0, l = 1, l = 2 e l = 3 → 4 subcamadas l = 0 → chamados de orbitais s l = 1 → chamados de orbitais p l = 2 → chamados de orbitais d l = 3 → chamados de orbitais f MODELO ATÔMICO PARA O HIDROGÊNIO ❖ O número quântico magnético do orbital, ml • O terceiro número quântico necessário para especificar um orbital é o número quântico magnético ml, que define a orientação do movimento orbital do elétron. ➢ O número quântico magnético,ml, distingue entre si os orbitais de uma subcamada. ➢ Existem 2l + 1 valores diferentes de ml para cada valor de l e, portanto, 2l +1 orbitais em uma subcamada de numero quântico l. . • Este número quântico pode assumir os seguintes valores para cada l: ml = l, l - 1, l - 2, ... , -l Exemplos: ➢ l = 0 (orbital s) →ml = 0 → 1 valor ➢ l = 1 (orbitais p) →ml = 1, ml = 0 e ml = -1 → 3 valores ➢ l = 2 (orbitais d) →ml = 2, ml = 1, ml = 0, ml = -1 e ml = -2 → 5 valores ➢ l = 3 (orbitais f) →ml = 3, ml = 2, ml = 1, ml = 0, ml = -1, ml = -2 e ml = -3 → 7 valores ➢ O valor de ml nos diz que o momento angular do orbital em torno de um eixo arbitrário é ml.ħ, enquanto o resto do movimento orbital está em torno de outros eixos. MODELO ATÔMICO PARA O HIDROGÊNIO ❖ O número quântico magnético de spin do elétron, ms • De acordo com a mecânica quântica, um elétron tem dois estados de spin, representados como α e β ou pelas setas ↑ e ↓. ➢ O elétron pode girar no sentido horário a uma determinada velocidade (o estado ↑) ou no sentido anti-horário, exatamente na mesma velocidade (o estado ↓). • Samuel Goudsmit e George Uhlenbeck sugeriram que um elétron podia se comportar, de certo modo, como uma esfera que gira, sendo esta propriedade chamada de spin. ➢ Esses dois estados de spin são distinguidos por um quarto número quântico, o numero quântico magnético de spin do elétron, ms. ➢ O ms só pode assumir dois valores: +1/2 que indica um elétron ↑ e -1/2 que indica um elétron ↓. MODELO ATÔMICO PARA O HIDROGÊNIO • Sumário do arranjo das camadas, subcamadas e orbitais em um átomo: +2 +1 +0 -1 -2 3d +1 0 -1 3p 0 3s +1 0 -1 0 2p 2s 0 1s n = 3 n = 2 n = 1 l = 1 p l = 0 s l = 2 d l = 0 s l = 1 p l = 0 s Camada Subcamada Orbital n l ml MODELO ATÔMICO PARA O HIDROGÊNIO ❖ Estrutura eletrônica do Hidrogênio ➢ O estado fundamental para o átomo de hidrogênio é o seu estado de menor energia, em que o número quântico principal n = 1. ➢ O único orbital com essa energia é o orbital 1s, logo o único elétron do hidrogênio está no orbital 1s no estado fundamental. ➢ Os quatro números quânticos que descrevem o estado fundamental para o elétron do hidrogênio são: n = 1 l = 0 ml = 0 ms = +1/2 ou -1/2 Exercícios 1 - Em um determinado estado, os três números quânticos do elétron de um átomo de hidrogênio são n = 4, l = 2 e ml = -1. Em que tipo de orbital esse elétron está localizado? 2 - Em um determinado estado, os três números quânticos do elétron de um átomo de hidrogênio são n = 3, l = 1 e ml = -1. Em que tipo de orbital esse elétron está localizado? FORMAS DOS ORBITAIS ATÔMICOS • Para interpretar a informação contida em cada orbital atômico é necessário identificar a localização de cada ponto em torno do núcleo. • Para descrever esta localização é útil escrever as funções de onda relacionada a cada orbital em termos de coordenadas polares, representada por três coordenadas: ➢ r, a distância do centro dó átomo; ➢ θ, o ângulo relativo à parte positiva do eixo z, relacionado à latitude; ➢ Φ, o ângulo relativo ao eixo z, a longitude. • É possível escrever a função de onda como o produto de duas funções, uma que depende de r e outra que depende somente dos ângulos θ e Φ. Ψ (r, θ,Φ) → função de onda do orbital R (r) → função radial Y (θ,Φ) → função angular • A função de onda para o orbital 1s do átomo de hidrogênio é: FORMAS DOS ORBITAIS ATÔMICOS FORMAS DOS ORBITAIS ATÔMICOS ➢ Orbital 1s: esfericamente simétrico: probabilidade cai drasticamente com o afastamento do núcleo. ➢ Orbital de mais baixa energia. ➢ O tamanho do orbital aumenta com n. ➢ A representação mais comum é desenhar um contorno que representa 90% da distribuição eletrônica total. No caso dos orbitais s, temos uma esfera. ❖ A representação gráfica das probabilidades de se encontrar um elétron em função da posição em um átomo é definido como um orbital. • Representação dos orbitais s (l = 0) FORMAS DOS ORBITAIS ATÔMICOS • Os orbitais possuem uma região, na qual a probabilidade do elétron ser encontrado é nula, chamada de região ou plano nodal. ➢ O núcleo do átomo está nesse plano. FORMAS DOS ORBITAIS ATÔMICOS ➢ Os orbitais p têm a forma de halteres, com um nó no núcleo. ➢ Há três orbitais p distintos, que diferem quanto à sua orientação. ➢ Não existe correlação fixa entre as três orientações e os três números quânticos magnéticos ml. • Representação dos orbitais p (l = 1) Distribuição da densidade eletrônico em um orbital 2p Representações dos três orbitais p FORMAS DOS ORBITAIS ATÔMICOS ➢ Há 5 orbitais d, com diferentes orientações espaciais. ➢ Apesar de parecer diferente, o orbital dz2 tem energia igual aos demais. • Representação dos orbitais d (l = 2) FORMAS DOS ORBITAIS ATÔMICOS • Representação dos orbitais f (l = 3) ➢ Há 7 orbitais f, que são orbitais com distribuição muito mais complexa que os outros orbitais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 2. MAHAN, B. M. Química: um curso universitário. 4. Ed. Edgard Blucher, 1995. Capítulo 04. 1. ATKINS, P. W. & JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 3. ed. Ed. Bookman, 2007. Capítulo 09. MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO ! ATÉ A PRÓXIMA AULA...
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