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Avaliação Neuropsicológica Neuropsicologia A preocupação da neuropsicologia concentra-se na compreensão da relação da complexa organização cerebral com a cognição e o comportamento, tanto em situações de doença quanto em situações de desenvolvimento normal do cérebro. Estudo do comportamento, das emoções e do pensamento e como eles de relacionam com o cérebro, particularmente com o cérebro lesado. Avaliação Neuropsicológica A ANP consiste no método de investigar as funções cognitivas e o comportamento. Trata-se da aplicação de técnicas e entrevistas, exames quantitativos e qualitativos das funções que compõem a cognição abrangendo processos de atenção, percepção, memória, linguagem e raciocínio (Mäder-Joaquim, 2010). A ANP não concentra mais seu maior interesse na localização, mas na extensão, no impacto e nas consequências cognitivas, comportamentais e de adaptação social/emocional que lesões cerebrais podem provocar (Camargo, Bolognani & Zuccolo, 2014). Não é apenas identificar as patologias, mas, ainda, o impacto dessas patologias na vida do sujeito. Avaliação Neuropsicológica Manifestações cognitivas e comportamentais de diversos quadros patológicos são heterogêneas, pois dependem de fatores individuais. Importância do diagnóstico precoce para diminuição dos impactos negativos. Importância de integrar diferentes dados, provindos de diferentes fontes. Objetivos da Avaliação Neuropsicológica Objetivos Auxílio diagnóstico Prognóstico Orientação para Tratamento Planejamento da Reabilitação Perícia Pré-cirurgia Objetivos da Avaliação Neuropsicológica Auxílio diagnóstico: delimitação do quadro. Qual é o transtorno? Como ele se apresenta? Quanto de disfunção? Necessário bom conhecimento do desenvolvimento normal. Prognóstico: provável curso da evolução do caso, considerando aspectos como idade, educação, suporte familiar, recursos financeiros, recursos sociais, etc. Identifica recursos remanescentes depois de uma lesão. Orientação para o tratamento: compreendendo-se a dinâmica de apresentação do transtorno é possível estabelecer objetivos hierárquicos. Objetivos da Avaliação Neuropsicológica Auxílio pra reabilitação: construir um mapa das funções cognitivas, sugerindo quais devem ser reforçadas ou quais devem ser (re)habilitadas. Pré-cirurgia: identificar riscos potenciais. Perícia: fornecer subsídios que auxiliem a tomada de decisão de profissionais do direito. Quadros específicos: TCE, Tumores, epilepsia, demências, TDAH, autismo, dificuldades de aprendizagem, etc. Processo de ANP Identificação da demanda Definição dos objetivos e levantamento de hipóteses Estruturação do plano de avaliação Execução do plano de avaliação Descrição do resultado do plano de avaliação Integração das informações coletadas Formulação das conclusões Devolutiva/Elaboração do laudo Sócio Econômico Biológico Ambientais Emocionais Princípios da ANP Análise quantitativa X qualitativa Quantitativa: baseada em escores, onde o comportamento é categorizado de acordo com um princípio. Satisfaz a objetividade, permite comparações e reavaliações Qualitativa: Verifica a natureza dos erros e sucessos, assim como os fatores que influenciam a testagem. Necessidade de se realizar a análise de tarefas. Princípios da ANP Estimativa do desenvolvimento pré-mórbido. Considerar questões culturais e educacionais (considerando que pessoas que têm o mesmo nível de escolaridade podem ter diferentes níveis de conhecimento formal). Adaptação dos testes para diversidades culturais. Anamnese Quanto mais detalhada for a anamnese, mais preciso e significativo será o exame posterior do paciente. Sistematizar as principais queixas e distinguir sua natureza. Caracterização do “antes e depois” do problema. As primeiras perguntas devem avaliar o estado de consciência do paciente: seu nome, orientação têmporo-espacial, dados familiares, local de residência.... 12 Anamnese Escolaridade / Qualidade do desempenho escolar Profissão / Ocupação atual e empregos anteriores Hospitalizações ou acidentes prévios Transtornos afetivos - pesquisar história familiar e antecedentes pessoais Medicação - tipo e dosagens Consumo de alcool e/ou drogas, tanto recente quanto remoto Queixas de memória, humor, comportamento, alterações do sono, alimentação, etc. 13 Montando a Bateria de ANP Investigação Neuropsicológica de Luria 1975 – Luria-Nebraska Atualmente – Muitos testes padronizados e normatizados Bateria luria Nebraska A bateria visa à avaliação de dez funções específicas: funções visuais superiores, organização acústico-motora, funções cutâneas superiores, funções cinestésicas, funções motoras, linguagem receptiva, linguagem expressiva, leitura e escrita, processos mnésicos, habilidades aritméticas processos intelectuais. De acordo com as autoras, a adaptação do instrumento tem como objetivo central preencher a lacuna de testes que auxiliem o diagnóstico na realidade brasileira O que é uma bateria de ANP? Coletânea de testes que permitem avaliar uma variedade de funções cognitivas (mais de um teste para cada função), podendo abranger outras medidas de desempenho e potencial cognitivo e acadêmico, além de avaliar aspectos emocionais. Vantagens das Baterias de Testes Normatização Inferências de desempenho em outras atividades Comparações intraindividuais Praticidade Comparação entre pacientes Vantagens das Baterias de Testes Normatização Inferências de desempenho em outras atividades Comparações intraindividuais Praticidade Comparação entre pacientes Vantagens das Baterias de Testes Normatização Inferências de desempenho em outras atividades Comparações intraindividuais Praticidade Comparação entre pacientes Vantagens das Baterias de Testes Normatização Inferências de desempenho em outras atividades Comparações intraindividuais Praticidade Comparação entre pacientes Tipos de Baterias Baterias Fixas Independente da queixa, serão utilizados mesmos testes e tarefas. Perspectiva geral das funções cognitivas. Pode servir como rastreio para avaliação mais específica. Pesquisa. Baterias Flexíveis Bateria básica complementada de acordo com a demanda. Usada em contexto clínico. Importante avaliar as diversas funções cognitivas. Cuidados com as Baterias Nem sempre diferenças nos escores significam prejuízos cognitivos. Algumas variações referem-se a diferenças individuais. Pode-se repetir o teste ou usar mais de um teste para avaliar a função. Verificar amostra normativa (estudos). Analisar performance individual. Ao escolher os testes Testes não devem ser aplicados de forma aleatória (bateria flexíveis e fixas) Efeito teto (fáceis o suficiente para mascarar déficits) e efeito chão (difíceis demais) A avaliação da cognição geral pode ser útil para ajudar na seleção de outros instrumentos. Nem sempre os testes apresentam validade ecológica satisfatória Nunca se deve fornecer diagnósticos com base em resultados isolados O que deve ser avaliado Impacto nas atividades da vida diária, ocupacional, educacional social e pessoal. Humor (através de escalas por exemplo: Beck, Ansiedade, Escala de Depressão Geriátrica) Atividades da vida diária (uso de toalete, banhar-se, vestir-se, locomover-se, alimentar-se, controle esfincteriano); uso de medicações, administração de finanças Funcionamento pré mórbido Funcionamento intelectual Memória – codificação, armazenamento, reconhecimento, evocação - (longo prazo, explícita (episódica, semântica), implícita (motoras, priming, condicionamento clássico, aprendizagem não associativa), curto prazo, trabalho. Linguagem (produção oral, escrita, compreensão, nomeação, leitura) Funções visuoperceptivas Funções visuoespaciais Funções executivas e atencionais Funções/ Testes Funções Executivas: Teste de Trilhas, Wisconsin, Cubos de Corsi, FDT, Torres, ... Outras habilidades/ funções: TDE, IHS-A, ETPC, BFP, HTP, Pirâmides,... Atenção: D2, AC, AC-15, BPA, TEACO, TEALT, TEADI... Linguagem: Boston, Teste de FluênciaVerbal, Token Test... Memória: RAVLT, Figuras Complexas de Rey, BVRT, ... Visioconstrução: Desenho do Relógio, FCR, Bender, ... Cognição Social Capacidade de se comportar de maneira adequada e adaptada ao contexto, conforme a percepção e interpretação de informações extraídas das interações. Duas dimensões básicas: cognitiva (inferências de pensamentos, intenções e crenças alheias) e afetiva (inferência de sentimentos alheios. Carência de instrumentos para avaliação. Elaboração do Laudo Neuropsicológico Laudo de ANP Objetivo: apresentar as conclusões aos solicitantes. Não há um formato de laudo neuropsicológico fixo consensual. Importante ter um planejamento da estrutura. Seguir orientações do CFP (Resolução 007/2003). Vai depender do objetivo. Como organizar as informações? Quase todos os testes avaliam mais de um domínio cognitivo. Os instrumentos operacionalizam os conceitos dos domínios cognitivos. Pode criar falas impressões sobre o que os testes estão medindo. Sugere-se agrupamentos de técnicas e por instrumento, mas com conclusões por domínio cognitivo. Proposta de Estrutura 1 – Cabeçalho: título do documento e identificação do profissional. 2 – Introdução: Motivo/objetivos da avaliação (auxiliar no diagnóstico diferencial de TDAH versus Deficiência Intelectual), solicitante, período de avaliação, número de sessões, uso de medicação. 3 – Identificação do paciente: nome, idade, DN, sexo, anos de escolaridade, lateralidade, dados do informante, ocupação. Proposta de Estrutura 4 – História pregressa e atual do paciente: história pessoal e clínica, baseia-se na anamnese, pode ficar na parte de resultados; 5 – Procedimentos e instrumentos utilizados na avaliação: entrevistas com paciente e informantes, observações durante a avaliação (higiene, aparência, pontualidade, contato, vínculo, cooperação, compreensão, atenção, momentos atípicos, etc.), lista de técnicas e testes (colocar referências). Proposta de Estrutura 6 – Resultados da avaliação: resultados quantitativos seguidos de interpretações explicativas. 7 – Síntese dos resultados, conclusões e impressões: integrar todas as informações, descrever domínios cognitivos preservados e prejudicados, considerando fatores individuais, socioculturais e clínicos, explicações quanto a provável origem cognitiva da queixa. Proposta de Estrutura 8- Sugestões de encaminhamento e intervenção: IMPORTANTE, orientações de manejo, mudanças de hábitos (maior estimulação cognitiva), encaminhamentos, intervenções e necessidade de reavaliação. 9 – Data. 10 – Assinatura. Aspectos práticos e éticos Linguagem clara e simples, adaptada ao destinatário. Pequena extensão. Explicações de termos técnicos. Evitar termos com conotação negativa, referir-se ao paciente pelo nome. Expor somente informações importantes. Cuidado com exposição de terceiros (ex.: familiares usuários de drogas). Erros Comuns Considerar apenas testes Desconsiderar fatores individuais biológicos e socioculturais. Não interpretar explicando ou ser redundante. Afirmações incoerentes (tem ou não tem problemas na memória?). Sugerir prejuízos neuroanatômicos. Não integrar resultados. Pressupor que um teste equivale somente à uma função. Erros Comuns Utilizar nomenclatura de manuais, apenas. Não colocar referências. Apresentar só análises quantitativas ou qualitativas. Afirmar que o quadro é progressivo na primeira avaliação. Esquecer de relacionar dados com queixas. Não fornecer orientações. Comunicação dos Resultados Sessão presencial para entrega do laudo escrito e explicações orais que respondam a demanda inicial. Discutir informações importantes, conclusões e as recomendações. Enfatizar pontos fortes. Objetivos: revisar e esclarecer resultados; adquirir outras informações; psicoeducar. Obrigada! ;)
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