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AFT_administracao_publica2_rafael_encinas_Aula 01

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CURSO ON-LINE - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ AFRFB E AFT 
PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS 
Aula 01 
Olá, Pessoal! 
Sejam bem-vindos ao curso de Administração Pública para AFRFB e AFT. 
Espero que nossa jornada seja proveitosa e que o curso possa ajudar vocês a 
conquistarem uma vaga de auditor da receita ou do trabalho. Administração 
Pública é uma disciplina que eu gosto bastante e sou suspeito ao comentar, 
mas espero que vocês gostem também. 
Nesta primeira aula, vamos ver um conteúdo que é continuação da aula 
demonstrativa. Vimos a evolução da administração pública pelos modelos 
patrimonialista e burocrático, agora vamos ver o modelo gerencial. 
Aula 01 - 03/08: 2. Modelos teóricos de Administração Pública: gerencial. 
5. Evolução dos modelos/paradigmas de gestão: a nova 
gestão pública. 10. Gestão Pública empreendedora. 
Eu havia colocado o item 10 na Aula 06, mas ele fica melhor nesta aula 02, 
pois está diretamente ligado à administração gerencial. 
Boa Aula! 
Sumário 
1 ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL 2 
1.1 GERENCIALISMO X NEOLIBERALISMO 3 
1.2 NOVA GESTÃO PÚBLICA 7 
1.3 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL 14 
2 GESTÃO PÚBLICA EMPREENDEDORA 22 
3 PONTOS IMPORTANTES DA AULA 30 
4 QUESTÕES 31 
4.1 LISTA DAS QUESTÕES 44 
4 .2 GABARITO 49 
5 LEITURA SUGERIDA 49 
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CURSO ON-LINE - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ AFRFB E AFT 
PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS 
1 Administração Gerencial 
Vimos no final da aula demonstrativa que a administração burocrática entra 
em crise juntamente com o Estado de Bem-Estar Social, a partir da década de 
1970, em função da crise fiscal. De um lado, os governos se viam pressionados 
pelas demandas crescentes da população por políticas públicas; de outro, não 
tinham os recursos necessários para suprir estas demandas. Para conseguir 
gerar mais serviços com menos recursos era preciso ser eficiente, e a 
burocracia estava longe disso. 
Vamos ver as críticas de alguns autores ao modelo weberiano de organização: 
• Merton (1959): deslocamento de objetivos em direção a regras, normas 
e interesses próprios; 
• Michels (1949): oligarquização segregatória do poder intraburocrático; 
• Von Mises (1944): caráter anti-inovador, reforçador do status quo; 
• Selznick (1964): influências da organização informal em torno de seus 
objetivos próprios; 
• Gouldner (1954): acomodação em torno de padrões mínimos; 
• Crozier (1979): círculo vicioso da burocracia, incapacidade estrutural em 
corrigir-se de forma sistêmica, ancorando-se em estratégias 
conservadoras e formalistas de autoproteção. 
As críticas ao modelo burocrático não se restringiam apenas ao campo da 
administração pública. Há muito tempo as teorias da administração geral já 
apontavam a necessidade de maior flexibilidade nas organizações. Tanto que, 
ao mesmo tempo em que criticavam a burocracia, as pessoas defendiam uma 
aproximação com a gestão privada, defendendo as técnicas gerenciais que já 
eram adotadas por ela. 
Por isso o uso do termo gerencialismo, que tem uma ligação estreita com a 
adoção de práticas da administração privada na gestão das organizações 
públicas. É com esse espírito que o setor público assume o discurso da 
modernização, da orientação para os clientes, da flexibilidade, da estrutura 
enxuta e desburocratizada. As modernas ferramentas de gestão, como 
qualidade total, planejamento estratégico, reengenharia downsizing, 
benchmarking e terceirização, invadem as organizações públicas e os projetos 
dos gestores públicos. 
Contudo, apesar da insatisfação com o modelo burocrático, não podemos 
entender que a administração gerencial seja um rompimento total com relação 
a ele. Segundo o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado: 
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PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS 
A administração pública gerencial constitui um avanço e até um certo ponto 
um rompimento com a administração pública burocrática. Isto não significa, 
entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a 
administração pública gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva, 
embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a 
admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema 
estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante 
de desempenho, o treinamento sistemático. A diferença fundamental está 
na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para 
concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa profissionalização da 
administração pública, que continua um princípio fundamental. 
Assim, muitos dos princípios defendidos pela administração burocrática 
permanecem na administração gerencial. Como afirma o PDRAE, a 
administração gerencial pode até ser considerada um rompimento, mas 
princípios como a impessoalidade, a divisão do trabalho, a avaliação de 
desempenho são mantidos. 
A reforma gerencial foi adotada inicialmente na década de 1980 na Grã-
Bretanha com Margareth Thatcher e nos Estados Unidos com Ronald Reagan, 
e, depois, de forma generalizada, em diversos outros países. Porém, foi na 
Grã-Bretanha que o gerencialismo foi aplicado ao serviço público logo após a 
posse do novo governo e levou a uma reforma administrativa profunda e bem-
sucedida, recebendo o nome de Managerialism. 
1.1 GERENCIALISMO X NEOLIBERALISMO 
Estudamos na aula passada que a burocracia entra em crise juntamente com o 
Estado de Bem-Estar Social. Vamos ver nesse tópico como que a 
administração gerencial se relaciona com o gerencialismo e como que ela vê o 
papel do Estado na economia. 
O chamado Welfare state tem início na década de 1940, na Inglaterra. Isso 
não significa que nunca existiram direitos sociais; estes começam a surgir 
ainda no Século XIX. O que diferencia o Estado de Bem-Estar Social é que ele 
considera as políticas sociais como um direito de todo cidadão, ao contrário do 
período anterior, em que elas eram direcionadas a grupos específicos e, em 
muitos casos, estavam dissociados da cidadania, uma vez que a pessoa perdia 
seus direitos políticos ao se tornar beneficiária de políticas assistenciais. 
O período pós-Segunda Guerra Mundial foi muito propício ao desenvolvimento 
do Estado de Bem-Estar, pois quase todos os países apresentavam elevado 
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crescimento econômico. Por conseguinte, os países conseguiam financiar suas 
políticas sociais por meio da grande disponibilidade de recursos. 
Essa conjuntura começa a mudar 
quando o EUA ampliam de forma 
significativa seu déficit público em 
função da Guerra do Vietnã e os 
países árabes na OPEP 
(Organização dos Países 
Exportadores de Petróleo) decidem 
elevar o preço do barril do petróleo 
em 1973 e em 1979. 
Essas crises fizeram com que as taxas de juros dos financiamentos externos 
subissem para a estratosfera, interrompendo o desenvolvimento econômico 
dos países, que entraram em crise fiscal. 
Assim, de um lado, assistimos a um crescimento das demandas da sociedade 
por mais políticas sociais. De outro, reduziam os recursos disponíveis para que 
tais políticas fossem implementadas. Por isso que muitos autores a crise tem 
origem numa sobrecarga de demandas, em que o sistema político não tem 
condições de suprir às exigências dos grupos sociais, resultando numa crise de 
governabilidade. 
Vamos estudar o conceito de governabilidade na Aula 06. 
Por enquanto podemos dizer que se refere à capacidade 
política de governar, está diretamente ligada ao conceito de 
legitimidade, pois se relaciona com o grau de aceitação de 
suas ordens e políticas junto à sociedade. 
As pessoas não enxergavam mais o retorno dos impostos que pagavam, porisso começaram a ocorrer as chamadas "revoltas dos contribuintes". O papel 
do Estado na economia começou a ser questionado, ganho força o movimento 
do Neoliberalismo. Este defendia a absoluta liberdade de mercado, um Estado 
Mínimo. Suas principais ideias eram: 
• Desregulamentação dos mercados de trabalho e de bens e serviços; 
• Questionamento do papel do Estado como aparato protetor das 
economias nacionais e a pressão de grupos econômicos dominantes no 
sentido de diminuir a atuação estatal; 
• Abertura econômica e financeira para o exterior; 
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• Privatização das empresas estatais; 
• Crença de que os imperativos de mercado são suficientes para 
promover o desenvolvimento econômico e social. 
O pressuposto neoliberal que permeava o programa de reformas orientadas 
para o mercado é que, uma vez alcançadas a estabilidade e a eficiência, o 
crescimento viria naturalmente. A postura neoliberal baseia-se no pressuposto 
de que uma vez desregulamentada e privatizada a economia, criando-se com 
isso condições para a competição, os mercados surgirão e seu funcionamento 
fará com que os recursos sejam realocados entre setores e atividades. 
Boia parte de seu receituário foi proposto no Consenso de Washington, que 
consistiu num conjunto de medidas formulado em novembro de 1989 por 
economistas de instituições financeiras. Tais medidas passaram a ser 
receitadas pelo FMI aos países em desenvolvimento. Eram 10 regras básicas: 
10 Regras Básicas do Consenso de Washington 
• Disciplina fiscal 
• Redução dos gastos públicos 
• Reforma tributária 
• Juros de mercado 
• Câmbio de mercado 
• Abertura comercial 
• Investimento estrangeiro direto, com eliminação de restrições 
• Privatização das estatais 
• Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas) 
• Direito à propriedade intelectual 
Na década de 1980, as primeiras reformas gerenciais eram marcadas pelo 
ideário neoliberal. A burocracia e o Estado de Bem-estar entram em crise 
juntos, e como respostas são propostos o gerencialismo e o neoliberalismo. 
Muitos autores dividem as reformas do Estado em duas gerações. Este período 
de defesa da redução das atividades estatais constituiu a primeira geração de 
reformas. Segundo Caio Marini e Humberto Falcão Martins: 
As reformas de primeira geração (anos 80 e 90) tinham uma orientação 
essencialmente econômica e fiscal. A crise do Estado era um elemento 
central das reformas de primeira geração 
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A segunda geração irá ocorrer no início do Século XXI, quando o 
desenvolvimento ganha uma atenção primordial, e o Estado passa a ser 
entendido como um elemento importante, juntamente com o mercado e o 
terceiro setor. Segundo Marini e Martins: 
A marca distinta das reformas de segunda geração no início do século XXI é 
a promoção do desenvolvimento. Acredita-se que os imensos desafios 
sociais em escala global, manifestos pela crescente desigualdade e pobreza, 
não podem ser vencidos pela simples ação dos mercados, mas por meio do 
fortalecimento de instituições tais como Estado, o mercado e o terceiro 
setor. Por um lado, a forte correlação entre instituições e desenvolvimento 
tem sido empiricamente comprovada em diversos estudos recentes, 
sugerindo que a consolidação institucional é o fator primordial de 
desenvolvimento 
a 
Podemos então concluir que, se no início o gerencialismo estava fortemente 
marcado pelo neoliberalismo, com o tempo eles irão se distanciar, as reformas 
gerenciais entenderam que o Estado Mínimo não é algo concreto a ser 
buscado. 
A administração gerencial passa a defender um Estado menor, mas que ainda 
atua, regulando a atividade econômica. Segundo esta nova mentalidade, os 
investimentos, seja em infraestrutura, seja em prestação de serviços, serão 
realizados pela iniciativa privada, cabendo ao Estado os papeis de indutor, 
articulador, catalisador, orientador e controlador dessas atividades ao lado, 
logicamente, das suas responsabilidades diretas quanto às iniciativas de 
caráter social, tais como educação, saúde pública, segurança etc. 
Princípio da Subsidiariedade 
O principio da Subsidiariedade tem suas origens mais remotas no pensamento 
aristotélico, que apresentava uma sociedade composta por diversos grupos 
com tarefas específicas, realizando suas próprias necessidades. Para 
Aristóteles, "a família empreende as atividades da vida cotidiana, a cidade 
realiza ocupações mais amplas". 
Em primeiro lugar, tem-se que a subsidiariedade aponta no sentido da 
valorização da liberdade individual, não nos moldes imperantes na época do 
Liberalismo, mas uma liberdade responsável e condicionada pelo bem comum. 
Tem-se que os indivíduos (e as sociedades menores), por sua iniciativa e 
indústria, devem buscar a realização de seus fins e do bem comum, devendo 
agir com liberdade, desde que não prejudiquem o bem geral e os demais. 
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Nesse contexto, o Estado deve respeitar os indivíduos e as sociedades 
intermediárias no exercício dos seus direitos, no cumprimento dos seus 
deveres e obrigações, sem suplantá-los ou fazer as suas vezes, a menos que 
isso se faça necessário por circunstâncias excepcionais. Visa-se com isso ao 
desenvolvimento das potencialidades e do exercício efetivo da liberdade, com a 
assunção das correspondentes responsabilidades, por parte das sociedades 
menores e dos indivíduos. Incumbe ao Estado criar condições para que o 
indivíduo, pessoalmente, alcance a realização de seus fins. 
Este princípio foi defendido nas reformas do Estado para subsidiar a defesa da 
redução das atividades do Estado, com a transferência delas para a iniciativa 
privada. Eles entendiam que cabia à sociedade buscar resolver seus 
problemas, com o Estado agindo apenas quando indispensável. 
1.2 NOVA GESTÃO PÚBLICA 
As reformas da segunda metade do Século XX que buscavam implantar a 
administração gerencial ficaram conhecidas como a Nova Gestão Pública, ou 
New Public Management (NPM). 
Segundo Humberto Falcão Martins: 
O NPM é um conjunto de argumentos e filosofias administrativas aceitas em 
determinados contextos e propostas como novo paradigma de gestão 
pública a partir da emergência dos temas crise e reforma do estado nos 
anos 80. O termo foi originalmente lançado como recurso estruturador da 
discussão acadêmica sobre as transformações transcorridas na gestão e 
organização executiva de governos a partir dos anos 80. 
Portanto, a Nova Gestão Pública em si não representa um novo paradigma, 
mas um campo de discussão profissional e de políticas públicas de abrangência 
internacional sobre assuntos que dizem respeito à gestão pública. Portanto, 
seu caráter é mais de análise do que prescritivo, ou seja, é mais de estudo do 
que aconteceu do que afirmação de como deveria ser. O autor enumera as 
características propostas pela NGP: 
Características propostas pela Nova Gestão Pública 
• Caráter estratégico ou orientado por resultado do processo decisório; 
• Descentralização; 
• Flexibilidade; 
• Desempenho crescente e pagamento por desempenho/produtividade; 
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• Competitividade interna e externa; 
• Direcionamento estratégico; 
• Transparência e cobrança de resultados (accountability); 
• Padrões diferenciados de delegação e discricionariedade decisória; 
• Separação da política de sua gestão; 
• Desenvolvimento dehabilidades gerenciais; 
• Terceirização; 
• Limitação da estabilidade de servidores e regimes temporários de emprego; 
• Estruturas diferenciadas. 
A Nova Administração Pública evoluiu por meio de três modelos: o 
gerencialismo puro, o consumerism e o public service orientation. Estes três 
modelos ocorreram em vários países, mas foram três visões da administração 
pública que se ressaltaram no modelo gerencial britânico. Abrucio elaborou o 
quadro a seguir, em ele faz uma pequena comparação quanto aos principais 
objetivos de cada visão e quanto a sua relação com a sociedade, ou melhor, 
com seu "público-alvo". 
Gerencialismo Puro Consumerism 
Public Service 
Orientation (PSO) 
Economia / eficiência -
produtividade 
Efetividade / qualidade Accountability / equidade 
Contribuintes Clientes / consumidores Cidadãos 
As teorias estão apresentadas da esquerda para a direita, em ordem 
cronológica de criação. Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que a divisão 
entre as teorias foi estabelecida apenas para facilitar a comparação entre elas. 
Na realidade, há um grau razoável de intercâmbio entre as teorias, 
principalmente no caso das duas últimas. 
Entretanto, como ponto de partida para a discussão, essa classificação 
proporciona duas importantes constatações. A primeira é que há uma mudança 
substancial ao longo do tempo, desde o managerialism até o PSO. A 
constatação mais importante, no entanto, é que, embora haja diferenças entre 
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as teorias, elas não são mutuamente excludentes. Ao contrário, percebe-se 
que pode haver uma incorporação dos aspectos positivos de cada teoria. 
Gerencialismo Puro 
O Managerialism inglês teve como primeiro momento o "gerencialismo puro". 
Como vimos acima, no início, as reformas gerenciais eram bastante próximas 
das ideias neoliberais. Esta corrente teve como principais objetivos reduzir os 
gastos públicos e aumentar sua produtividade. O fato é que, no início do NPM, 
as modificações na burocracia estavam vinculadas a um projeto de reforma do 
Estado que se caracterizava como um movimento de retração da máquina 
governamental a um número menor de atividades. A palavra de ordem da 
primeira-ministra inglesa, Margareth Thatcher, era "rolling back the state", o 
que na prática significou privatização, desregulamentação, devolução de 
atividades governamentais à iniciativa privada ou à comunidade e constantes 
tentativas de reduzir os gastos públicos. 
Foi, portanto, sob o signo da questão financeira que se implantou o modelo 
gerencial puro na Grã-Bretanha. O managerialism seria usado no setor público 
para diminuir gastos em uma era de escassez e para aumentar a eficiência 
governamental. Em suma, o gerencialismo puro tinha como eixo central o 
conceito de produtividade. Segundo Caio Marini: 
O primeiro modelo é o gerencialismo puro, que corresponde à primeira 
etapa da experiência no Reino Unido e também nos Estados Unidos, onde a 
perspectiva central é o foco na economia e na eficiência; é o "fazer mais 
com menos", o que significa olhar o cidadão como contribuinte, que não 
quer desperdício, ao contrário, quer ver o recurso arrecadado ser aplicado 
eficientemente. 
Um dos fatores que levaram à crise do Estado de Bem-Estar foi a crise de 
governabilidade, que se instaurou em virtude de o Estado não conseguir 
atender às demandas da sociedade. Prejudicando ainda mais a crise fiscal, 
ocorreram as revoltas dos taxpayers, ou contribuintes, que não enxergavam 
uma relação direta entre o acréscimo de recursos governamentais e a melhoria 
dos serviços públicos. Podemos perceber que o gerencialismo puro, como uma 
resposta a esta crise, vem defender que o Estado considere o cidadão como 
contribuinte e gaste seus recursos com eficiência, com consciência de custos. 
Segundo Ewan Ferlie (1999), a experiência britânica pós-1979 é dominada por 
uma série de iniciativas de reforma, observadas em várias unidades 
operacionais diferentes, conduzidas pelos escalões superiores e sustentada por 
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um longo período de tempo. Há várias importantes mudanças visíveis, algumas 
contraditórias, mas que incluem as seguintes e abrangentes características: 
• Privatização em larga escala na esfera econômica; 
• Utilização de padrões de gestão semelhantes aos adotados pelas 
empresas privadas; 
• Ênfase no "fazer mais com menos", na eficiência; 
• Ênfase na "administração para a mudança", buscando mudar a 
cultura do setor público 
O primeiro passo do modelo gerencial puro foi cortar custos e pessoal. Depois, 
buscou modificar as engrenagens do modelo weberiano. A burocracia 
tradicional é definida como uma organização com estrutura rígida e 
extremamente centralizada, que se preocupa demais com regulamentos e 
procedimentos, além de avaliar o desempenho apenas com base na 
observância de normas. Em oposição a essa visão de administração pública, o 
governo Thatcher propunha: 
• Clara definição das responsabilidades de cada funcionário das 
agências governamentais; 
• Clara definição dos objetivos governamentais, analisados em sua 
substância, e não como processo administrativo; 
• Maior consciência acerca do valor dos recursos públicos (Value 
Money), procurando maximizar a relação financeira entre os recursos 
iniciais e os gastos realizados, incorporando o valor da eficiência. 
Passou-se a adotar uma gestão por resultados, conferindo maior autonomia às 
agências governamentais e descentralizando a estrutura administrativa. 
O problema foi que, ao dar muita importância para a estratégia de eficiência, o 
gerencialismo puro acabou relegando a um segundo plano outros valores 
importantes na atuação da administração pública. Por exemplo, ao enfocar 
apenas a eficiência governamental, não se atribui à avaliação da efetividade 
dos serviços públicos a devida importância. 
Portanto, quando falamos que o gerencialismo puro se preocupava em demasia 
com a eficiência sem se preocupar com a efetividade, estamos nos referindo ao 
fato dele olhar apenas para a relação custo e produção, sem olhar para o real 
impacto da ação governamental na sociedade. Portanto, a efetividade não é 
um conceito econômico, mas social, de avaliação qualitativa dos serviços 
públicos. 
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Podemos reconhecer, no entanto, que o modelo gerencial puro obteve alguns 
êxitos. O principal deles está ligado à ênfase na questão financeira, que de fato 
tornou a burocracia mais consciente acerca dos custos das políticas públicas. 
A discussão em torno do modelo gerencial tornou-se mais complexa e ganhou 
novos rumos a partir da metade da década de 1980. A mais importante 
mudança foi a tentativa de se constituir de serviços públicos voltados para os 
anseios dos clientes/consumidores. 
Consumerism 
As maiores críticas ao gerencialismo puro não buscavam o retorno ao modelo 
burocrático, mas sim a incorporação de novos significados. Primeiro, 
introduzindo o conceito de qualidade no serviço público. Com o conceito de 
efetividade, recupera-se a noção de que o governo deve, acima de tudo, 
prestar bons serviços. É a ótica da qualidade que começa a ser incorporada 
pelo modelo gerencial. 
O consumerism introduziu a perspectiva da qualidade como uma estratégia 
voltada para a satisfação do consumidor, através de medidas que visavam 
tornar o poder público mais leve, ágil e competitivo: descentralização 
administrativa, criação de opções de atendimento,como incentivo à 
competição entre organizações públicas e adoção de um novo modelo 
contratual. Podemos dizer que é aqui que tem início o paradigma do cliente na 
administração pública. Segundo Caio Marini: 
O outro, nesta linha evolutiva, recebeu a denominação de consumerismo a 
partir do foco na flexibilidade de gestão, na qualidade dos serviços e na 
prioridade às demandas do consumidor: é o "fazer melhor". Note-se que, 
enquanto a primeira perspectiva quer recuperar a eficiência perdida, a 
segunda quer incrementar a qualidade dos serviços, olhando o cidadão 
como cliente. 
A estratégia voltada à satisfação dos consumidores é reforçada pelo governo 
britânico através da adoção de três medidas que fazem parte de uma 
estratégia para tornar o poder público mais leve, ágil e competitivo, 
desmontando assim o antigo modelo burocrático. A primeira dessas medidas é 
a descentralização. Ocorreu uma significativa delegação de autoridade, 
partindo do princípio de quanto mais próximo estiver o serviço público do 
consumidor, mais fiscalizado pela população ele o será. 
A descentralização, no entanto, não basta para aumentar o poder do 
consumidor. É preciso que haja opções caso determinada política pública não 
esteja funcionando a contento. Neste sentido, procura-se incrementar a 
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competição entre as organizações do setor público, a segunda medida. Quando 
não há competição entre os serviços, existe uma situação de monopólio e, 
portanto, os consumidores não têm alternativa de escolha. 
A terceira medida é a adoção de um novo modelo contratual para os serviços 
públicos. A contratualização é uma forma de gestão por resultados, em que é 
concedida maior autonomia para os administradores públicos em troca de 
responsabilização por resultados. A criação de relações contratuais origina-se 
de três pressupostos. O primeiro é de que numa situação de falta de recursos, 
como a atual, a melhor forma de aumentar a qualidade é introduzir relações 
contratuais de competição e de controle. O segundo, quase como consequência 
do primeiro, é de que a forma contratual evita a situação de monopólio. Por 
fim, o último pressuposto refere-se à maior possibilidade que os consumidores 
têm de controlar e avaliar o andamento dos serviços públicos a partir de um 
marco contratual. 
Embora tenha avançado muito com relação ao modelo gerencial puro, o 
consumerism recebeu várias críticas, particularmente no terreno em que mais 
transformou os conceitos, isto é, na relação entre o governo como prestador 
de serviços públicos e a população. 
A crítica mais geral é direcionada ao conceito de consumidor de serviços 
públicos. Em primeiro lugar, com relação à diferença que existe entre o 
consumidor de bens no mercado e o "consumidor" dos serviços públicos. É 
mais complexa a relação do prestador de serviço público com a sociedade, já 
que ela não obedece ao puro modelo de decisão de compra vigente no 
mercado. Aliás, há determinados serviços públicos cujo caráter é compulsório, 
isto é, não existe a possibilidade de escolha, como provam a utilização em 
determinados momentos dos hospitais e dos serviços policiais. 
Public Service Orientation (PSO) 
Toda a reflexão realizada pelos teóricos do PSO leva aos temas do 
republicanismo e da democracia, utilizando-se de conceitos como 
accountability, transparência, participação política, equidade e justiça, 
questões praticamente ausentes do debate sobre o modelo gerencial. 
O ponto que aqui distingue o PSO das outras correntes é o conceito de 
cidadão. Pois, enquanto o cidadão é um conceito com conotação coletiva — 
pensar na cidadania como um conjunto de cidadãos com direitos e deveres —, 
o termo consumidor (ou cliente) tem um referencial individual, vinculado à 
tradição liberal, a mesma que dá, na maioria das vezes, maior importância à 
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proteção dos direitos do indivíduo do que à participação política, ou então 
maior valor ao mercado do que à esfera pública. 
Segundo Caio Marini: 
O terceiro, o Public Service Oriented (PSO), está baseado na noção de 
equidade, de resgate do conceito de esfera pública e de ampliação do dever 
social de prestação de contas (accountability). Essa nova visão, ainda que 
não completamente delimitada do ponto de vista conceitual, introduz duas 
importantes inovações: uma no campo da descentralização, valorizando-a 
como meio de implementação de políticas públicas; outra a partir da 
mudança do conceito de cidadão, que evolui de uma referência individual de 
mero consumidor de serviços, no segundo modelo, para uma conotação 
mais coletiva, incluindo seus deveres e direitos. Desse modo, mais do que 
"fazer mais com menos" e "fazer melhor", o fundamental é "fazer o que 
deve ser feito". Isto implica um processo de concertação nacional que 
aproxima e compromete todos os segmentos (Estado, sociedade, setor 
privado, etc.) na construção do projeto nacional. 
Para vários autores, o conceito de consumidor deve ser substituído pelo de 
cidadão. Isto porque o conceito de cidadão é mais amplo do que o de cliente, 
uma vez que a cidadania implica direitos e deveres e não só liberdade de 
escolher os serviços públicos. Na verdade, a cidadania está relacionada com o 
valor de accountability, que requer uma participação ativa na escolha dos 
dirigentes, no momento da elaboração das políticas e na avaliação dos serviços 
públicos. O consumidor é, no mais das vezes, um cidadão passivo. 
O conceito de consumidor também não responde adequadamente ao problema 
da equidade, valor fundamental na administração pública. A equidade é um 
conceito que nasceu ligado à noção de "justiça". Ela difere da igualdade porque 
defende que pessoas desiguais devem ser tratadas de forma desigual, além do 
tratamento igualitário perante a lei. 
O conceito de accountability não possui tradução para o português. Alguns 
autores afirmam que isto se deve a pouca qualidade de nossa democracia em 
comparação com as anglo-saxãs. Alguns traduzem o termo como 
responsabilização, outros como responsividade, mas nenhum destes termos 
consegue abarcar todos os sentidos presentes na accountability. Podemos dizer 
que o conceito de accountability abrange pelo menos três aspectos: 
• Obrigação em prestar contas; 
• Responsabilização pelos atos e resultados; 
• Responsividade. 
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O termo accountability abrange a relação entre o administrador público, 
encarregado da gerência dos bens da coletividade, e a sociedade civil. Como 
ele administra bens pertencentes a terceiros, deve prestar contas desta 
administração. 
O segundo aspecto é a responsabilização do administrador público pelos seus 
atos e pelos resultados alcançados. A administração gerencial busca a gestão 
por resultados, ou seja, transfere o foco do controle do processo para o 
desempenho, passando de um controle a priori para um a posteriori. Portanto, 
o administrador público deve responder não só em termos de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade, mas também em termos de 
eficiência. 
A responsividade refere-se à sensibilidade dos representantes à vontade dos 
representados; ou, dito de outra forma, à disposição dos governos de 
adotarem as políticas preferidas por seus governados. Podemos dizer, então, 
que a accountability engloba a responsividade. 
1.3 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL 
Voltando agora para a administração gerencial como um todo, podemos 
observar que os princípios básicos que foram sendo adotadospor esta nova 
filosofia são: 
Princípios da Administração Gerencial 
• Descentralização administrativa, através da delegação de autoridade 
para os administradores públicos transformados em gerentes 
crescentemente autônomos; 
• Descentralização do ponto de vista político, transferindo recursos e 
atribuições para os níveis políticos regionais e locais. 
• Organizações com poucos níveis hierárquicos ao invés de piramidal, 
• Pressuposto da confiança limitada e não da desconfiança total; 
• Controle por resultados, a posteriori, ao invés do controle rígido, 
passo a passo, dos processos administrativos; 
• Administração voltada para o atendimento do cidadão, ao invés de 
auto-referida. 
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Bresser Pereira também enumera algumas características da administração 
gerencial: 
É orientada para o cidadão e para a obtenção de resultados; pressupõe que 
os políticos e os funcionários públicos são merecedores de um grau real 
ainda que limitado de confiança; como estratégia, serve-se da 
descentralização e do incentivo à criatividade e à inovação; o instrumento 
mediante o qual se faz o controle sobre os órgãos descentralizados é o 
contrato de gestão. 
Descentralização 
Nos princípios acima, temos dois tipos de descentralização: a política e a 
administrativa. Maria Sylvia Zanella di Pietro diferencia estas duas formas de 
descentralização da seguinte forma: 
• Descentralização Política: ocorre quando o ente descentralizado exerce 
atribuições próprias que não decorrem do ente central; é a situação dos 
Estados-membros da federação e, no Brasil, também dos Municípios. 
Cada um desses entes locais detém competência legislativa própria que 
não decorre da União nem a ela se subordina. 
• Descentralização Administrativa: ocorre quando as atribuições que os 
entes descentralizados exercem só têm valor jurídico que lhes empresta 
o ente central. A titularidade do serviço continua com o ente central. 
Podemos falar ainda numa terceira dimensão de descentralização - a social, 
que corresponde a maior participação da sociedade na gestão pública. Trata-se 
de transferência de parcelas de poder, competências e funções da 
administração pública para a sociedade civil. 
A descentralização é entendida como a transferência do poder decisório. Na 
política, é transferido para os entes federados, como estados e municípios; na 
administrativa, é transferido para os níveis hierárquicos inferiores; na social, é 
transferido para a população. Segundo Maria da Glória Gohn, a participação, 
pelas características e função, é sinônimo de descentralização. Esta forma de 
descentralização também estava presente nas reformas gerenciais. 
A descentralização política permite que haja uma maior descentralização 
social. É nas comunidades que as pessoas podem participar das decisões do 
Estado. As pessoas não irão se deslocar para Brasília para participar. E a 
descentralização política faz com que as decisões estejam no próprio 
município, mais próximas das pessoas, que podem controlar tais decisões de 
forma mais eficaz. Um exemplo disso é o orçamento participativo, que é uma 
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experiência bem sucedida justamente nos municípios, já que permite uma 
maior participação das pessoas. Outro exemplo são os coOnselhos gestores 
municipais, criados para permitir que as pessoas possam participar das 
decisões referentes às políticas públicas. 
No entanto, há um ponto polêmico aqui. Alguns autores consideram que a 
maior participação social seria um movimento contrário as reformas gerenciais, 
principalmente autores que associam estas reformas ao neoliberalismo. 
Segundo Ana Paula Paes de Paula, as últimas décadas foram marcadas pela 
luta dos brasileiros por processo de redemocratização do país, buscando 
reformar o Estado e construir um modelo de gestão pública capaz de torná-lo 
mais aberto às necessidades dos cidadãos brasileiros, mais voltado para o 
interesse público e mais eficiente na coordenação da economia e dos serviços 
públicos. Ao analisar esse contexto histórico, a autora identifica dois projetos 
políticos em desenvolvimento e disputa. 
Segundo a autora, a administração gerencial é participativa no nível do 
discurso, mas centralizadora no que se refere ao processo decisório, à 
organização das instituições políticas e à construção de canais de participação 
popular, enquanto a administração societal é participativa no nível das 
instituições, enfatizando a elaboração de estruturas e canais que viabilizem a 
participação popular. 
Nas questões, se falarem que a administração gerencial tem como princípio a 
participação popular, será correto. Contudo, se mencionarem a administração 
societal, significa que estão adotando uma linha mais à esquerda, que 
considera a administração gerencial fechada. E isso já foi cobrado pelo CESPE: 
1. (CESPE/MDS/2006) O modelo de administração pública 
societal incorpora aos modelos burocráticos e gerenciais 
tradicionalmente fechados práticas que ampliam a relação 
Estado-sociedade, como a instituição de conselhos gestores de 
políticas públicas e o orçamento participativo. 
A questão é CERTA, se coaduna com o pensamento de Raquel Raichelis, 
segundo a qual: 
As diferentes experiências de organização dos Conselhos atualmente em 
curso nas áreas da saúde, criança e adolescente, assistência social, cidade, 
meio ambiente, cultura e tantas outras, são expressões da busca de novos 
canais de participação da sociedade civil na coisa pública, rumo à 
constituição de esferas públicas democráticas, embora estejam na contra-
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corrente da reforma neoliberal que tende a deslocar os espaços de 
representação coletiva e de controle socializado sobre o Estado para a ação 
dos grupos de pressão e de lobbies, desqualificando e despolitizando a força 
da organização coletiva. 
Portanto, a experiência dos conselhos, não está inserida em um momento que 
garante a constituição de espaços públicos e plurais. Durante a década de 
1990, o modelo neoliberal fez com que houvesse uma forte tendência de 
concentração do poder em grupos de pressão e de lobbies, indo contra os 
movimentos de organização coletiva. 
Confiança Limitada e Controle por resultados, a posteriori 
Enquanto a administração pública burocrática se concentrava no processo 
legalmente definido, em definir procedimentos para contratação de pessoal, 
para compra de bens e serviços; a administração pública gerencial orienta-se 
para resultados. 
A burocracia concentra-se nos processos, sem considerar a alta ineficiência 
envolvida, porque acredita que este seja o modo mais seguro de evitar o 
nepotismo e a corrupção. Os controles são preventivos, vêm a priori. Entende, 
além disso, que punir os desvios é sempre difícil, se não impossível; prefere, 
pois, prevenir, estabelecendo estritos controles legais. 
A administração pública gerencial, por sua vez, assume que se deve combater 
o nepotismo e a corrupção, mas que, para isto, não são necessários 
procedimentos rígidos. Podem ter sido necessários quando dominavam os 
valores patrimonialistas; mas não o são hoje, quando já existe uma rejeição 
universal a que se confundam os patrimônios público e privado. Por outro lado, 
emergiram novas modalidades de apropriação da res publica pelo setor 
privado, que não podem ser evitadas pelo recurso aos métodos burocráticos. 
Rent-seeking é quase sempre um modo mais sutil e sofisticado de privatizar o 
Estado e exige que se usem novas contra-estratégias.Segundo Bresser Pereira: 
Para que se proceda ao controle dos resultados, descentralizadamente, em 
uma administração pública, é preciso que políticos e funcionários públicos 
mereçam pelo menos um certo grau de confiança. Confiança limitada, 
permanentemente controlada por resultados, mas ainda assim suficiente 
para permitir a delegação, para que o gestor público possa ter liberdade de 
escolher os meios mais apropriados ao cumprimento das metas acordadas, 
ao invés de fixar metas e procedimentos em lei. Na administração 
burocrática, esta confiança não existe. 
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A gestão por resultados se caracteriza pela maior autonomia do gestor público 
na escolha dos meios em troca de uma responsabilização por resultados. 
Bresser fala em "confiança limitada" porque a administração gerencial substitui 
a desconfiança total da administração burocrática. A administração confia no 
servidor, deixa escolher os meios, mas controla os resultados. Não é uma 
confiança ilimitada. 
O CESPE cobrou esta noção de "confiança limitada": 
2. (CESPE/TCU/2008) O controle dos resultados de forma 
descentralizada, na administração pública, depende de um 
grau de confiança limitado nos agentes públicos, que, mesmo 
com estrito monitoramento permanente, devem ter delegação 
de competência suficiente para escolher os meios mais 
apropriados ao cumprimento das metas prefixadas 
A questão é certa. A gestão por resultados se caracteriza pela maior autonomia 
do gestor público na escolha dos meios em troca de uma responsabilização por 
resultados. A questão fala em "confiança limitada nos agentes públicos" porque 
a administração gerencial substitui a desconfiança total da administração 
burocrática pela confiança limitada. A administração confia no servidor, deixa 
ele escolher os meios, mas controla os resultados. Fala também em "mesmo 
com estrito monitoramento permanente", mas isto não é controle somente de 
processo, significa também controle de resultados. Segundo Maria Ozanira da 
Silva: 
O monitoramento permite o acompanhamento constante, através do 
gerenciamento do cumprimento de metas e prazos, buscando o 
cumprimento do cronograma das atividades com o objetivo de garantir a 
eficiência do programa. 
Portanto, mesmo que haja um acompanhamento contínuo, ainda falamos em 
controle de resultado, e não de processos, apesar de falarmos que o controle 
de resultados é um controle "a posteriori". Podemos dizer até mesmo que na 
administração gerencial é feito um rígido controle de desempenho. Ela não 
abandona o controle, só muda o foco, deixando de se preocupar tanto com o 
controle do processo para se preocupar com o controle de resultados. 
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Administração voltada para o atendimento do cidadão 
Enquanto a administração pública burocrática é auto-referida, a administração 
pública gerencial é orientada para o cidadão. Como observa Barzelay: 
Uma agência burocrática se concentra em suas próprias necessidades e 
perspectivas; uma agência orientada para o consumidor concentra-se nas 
necessidades e perspectivas do consumidor. 
A burocracia moderna surgiu no século XIX, quando ainda era preciso afirmar o 
poder do Estado em oposição a poderes feudais ou regionais. O Estado 
Nacional nasceu na Europa, nas monarquias absolutas, nas quais a burocracia 
patrimonialista desempenhava um papel central. As burocracias capitalistas 
modernas são uma evolução da burocracia patrimonialista, que se auto-
diferenciaram ao fazerem uma distinção clara entre patrimônio público e 
patrimônio privado, mas que, ainda assim, se mantiveram próximas da matriz 
inicial em tudo quanto dissesse respeito à afirmação do poder do Estado. 
Esta é a razão pela qual as burocracias tendem a ser auto-referidas. Além de 
promover seus próprios interesses, interessam-se, primariamente, em afirmar 
o poder do Estado — o "poder extroverso" — sobre os cidadãos. Em contraste, 
a administração pública gerencial assume que este poder já não está sob 
ameaça grave nos países desenvolvidos e semidesenvolvidos. Assim, o serviço 
público já não precisa ser auto-referido, mas se orientar pela ideia de serviço-
ao-cidadão. Afinal, o serviço público deve ser público, é um serviço para todos, 
para o cidadão. 
Caio Marini também enumera alguns princípios da Nova Gestão Pública. 
Focalização da ação do Estado no cidadão: 
Significa o resgate da esfera pública como instrumento do exercício da 
cidadania. O Estado deve ser entendido como o fórum onde o cidadão exerce a 
cidadania; todo e qualquer esforço de reforma, portanto, deve ter como 
objetivos melhorar a qualidade da prestação do serviço público na perspectiva 
de quem o usa e possibilitar o aprendizado social de cidadania. A interpretação 
mais radical deste princípio fez com que as relações entre Estado e sociedade 
fossem reduzidas à relação entre fornecedor e cliente. 
Nem sempre o cidadão é cliente. Há várias relações entre Estado e cidadão. A 
exploração pelo Estado de atividades como, por exemplo, a loteria esportiva, 
pode ser caracterizada como do tipo cliente-fornecedor. Já os prisioneiros não 
podem ser tratados como clientes; nesse caso, a sociedade é o cliente. Na 
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cobrança de impostos, a relação com o cidadão não é de cliente, é de súdito, 
pois vale aí o exercício do poder extroverso, o poder de coerção que o Estado 
tem para arbitrar valores desses impostos e obrigar o cidadão a pagá-los. Pode 
até haver um bom atendimento para o contribuinte, mas a visão extremada 
nessa relação cliente/fornecedor pode desvirtuar o papel do Estado. 
Reorientação dos mecanismos de controle por resultados: 
Significa evoluir de uma lógica baseada tão somente no controle da legalidade 
e do cumprimento do rito burocrático para uma nova abordagem centrada no 
alcance de objetivos. Os mecanismos de controle, na perspectiva burocrática 
atual, representam um entrave à ação eficiente e inovadora; em vez de 
ajudar, representam um obstáculo à ação. Na medida do possível, deverá 
acontecer uma evolução natural dos controles a priori para controles a 
posteriori baseados em indicadores de resultados. 
Flexibilidade administrativa que permita a instituições e pessoas 
alcançarem seus objetivos: 
Não se trata de outorgar autonomia pela autonomia, mas, sim, a autonomia 
necessária para o alcance dos resultados. Isto exigirá a delimitação dos 
espaços de atuação da administração pública, a partir do fortalecimento dos 
papéis de formulação de políticas e regulação, gerando, como consequência, 
um tratamento sob medida da questão, já que o grau de flexibilidade depende 
da natureza da atividade a ser exercida. 
Hoje, notadamente na administração indireta, ocorre uma realidade no mínimo 
curiosa, a da autonomia invertida: as instituições são bastante autônomas para 
decidirem sobre os seus fins, mas quase nada no que diz respeito aos meios. 
Veremos na próxima aula a evolução da máquina administrativa no Brasil, e 
dentro dela o Decreto-Lei n.° 200 de 1967. Embora houvesse uma nítida e 
bem intencionada preocupação com a flexibilidade - autonomia para os órgãos 
da administração indireta -, era como se a flexibilidade fosse um fim em si 
mesmo. A premissa era: autarquias, fundações e empresas públicas gozando 
de maior autonomia seriam mais eficazes. Porém, do ponto de vista prático, 
como não houve uma preocupação com o controle dos resultados, a 
flexibilidade teve seu uso desvirtuado. 
É certo que muitas instituiçõesconseguiram melhorar seu desempenho, mas 
houve, em muitos casos, usos indevidos da flexibilidade (por exemplo: para 
contratação de pessoal e para compras de bens e serviços para órgãos da 
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administração direta). A flexibilidade não pode ser de uso extensivo e 
generalizado, deve ser "sob medida". Nem todos os órgãos necessitam da 
mesma flexibilidade, e ela tem que estar vinculada ao alcance dos resultados. 
O contrato de gestão pode ser um útil instrumento de vinculação da 
flexibilidade a resultados. A flexibilidade não deve ser colocada nos fins, 
deixando que as organizações estabeleçam seus objetivos, mas sim nos meios. 
Controle social: 
Significa desenhar mecanismos de prestação social de contas e avaliação de 
desempenho próximos da ação. Se o objetivo é o resgate da cidadania e a 
reorientação para resultados, este controle não pode se limitar apenas à 
dimensão interna, com base em quem presta o serviço. Tem que ser na 
perspectiva de quem usa ou se beneficia da prestação dos serviços públicos. O 
controle social se trata de um controle por parte da população sobre as 
decisões governamentais. Ele significa fiscalização, mas principalmente 
participação nas decisões do Estado. Este controle pode ocorrer por meio de 
instrumentos institucionalizados, como os conselhos gestores e as ações 
populares; ou não institucionalizados, como sites na internet que divulguem os 
candidatos com problemas na justiça, ONGs de defesa do consumidor, etc. 
Valorização do servidor: 
Este princípio representa, na verdade, a âncora do processo de construção 
coletiva do novo paradigma, orientado para o cidadão e realizado pelo 
conjunto dos servidores de forma participativa. Implantar uma nova gestão 
pública não significa mudar sistemas, organizações e legislação; muito mais do 
que isso, significa criar as condições objetivas de desenvolvimento das pessoas 
que conduzirão e realizarão as reformas. Nesse sentido, valorizar o servidor 
quer dizer estimular sua capacidade empreendedora, sua criatividade, 
destacando o espírito público de sua missão e o seu comportamento ético, 
visando ao resgate da auto-estima e ao estabelecimento de relações 
profissionais de trabalho. 
Vamos ver uma questão do CESPE: 
3. (CESPE/TCE-AC/2006) Na administração pública gerencial, 
a estratégia volta-se para a definição dos objetivos que o 
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administrador público deve atingir em sua unidade, para a 
garantia da autonomia na gestão de recursos humanos, 
materiais e financeiros e para o controle e a cobrança a 
posteriori de resultados. 
Esta questão foi tirada do Plano Diretor. Pessoal, é muito importante vocês 
lerem o Plano Diretor, não só porque a reforma de 1995 é cobrada, mas 
também porque ele traça um grande histórico da administração pública no 
Brasil e no mundo, e muitas questões são tiradas do seu texto. Vamos ver o 
que ele diz sobre a administração gerencial: 
Na administração pública gerencial a estratégia volta-se (1) para a definição 
precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir em sua 
unidade, (2) para a garantia de autonomia do administrador na gestão dos 
recursos humanos, materiais e financeiros que lhe forem colocados à 
disposição para que possa atingir os objetivos contratados, e (3) para o 
controle ou cobrança a posteriori dos resultados. Adicionalmente, pratica-se 
a competição administrada no interior do próprio Estado, quando há a 
possibilidade de estabelecer concorrência entre unidades internas. No plano 
da estrutura organizacional, a descentralização e a redução dos níveis 
hierárquicos tornam-se essenciais. Em suma, afirma-se que a administração 
pública deve ser permeável à maior participação dos agentes privados e/ou 
das organizações da sociedade civil e deslocar a ênfase dos procedimentos 
(meios) para os resultados (fins). 
Se a administração gerencial muda o foco do controle para o resultado, 
primeiro é preciso ter os objetivos, as metas que devem ser alcançadas. Por 
isso que deve haver uma definição clara dos objetivos. Não dá para cobrar o 
que não está definido. Além disso, para que o administrador seja cobrado, é 
preciso que ele tenha liberdade de ação, por isso é importante a autonomia na 
gestão. 
2 Gestão Pública empreendedora 
O livro "Reinventando o Governo: Como o espírito empreendedor está 
transformando o setor público", de David Osborne e Ted Gaebler, é a base dos 
estudos acerca do empreendedorismo governamental. Este deveria ser um 
livro de cabeceira de todo gestor público. Lançado no início da década de 1990, 
nele os autores analisam diversas iniciativas de administrações públicas, 
principalmente municipais, que demonstram que o Estado poderia eliminar a 
burocracia, superando a crise que se instalara em todo o mundo. 
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Segundo os autores, transformar burocracias públicas em governos 
empreendedores, produtivos e eficientes, tem uma relação estreita com um 
recente fenômeno mundial: o ceticismo do cidadão sobre a capacidade do 
Estado em administrar a sociedade e satisfazer suas crescentes e complexas 
necessidades sociais. Em todas as partes do mundo verifica-se essa crise de 
governabilidade, um contexto de deterioração e descrédito geral na 
administração pública. 
O problema foi que, ao buscar controlar ao máximo os desvios do 
patrimonialismo, a burocracia acabou criando uma série de outros problemas. 
Ao dificultar o desvio de dinheiro público, tornou virtualmente impossível 
administrá-lo bem. O governo tornou-se ineficiente, lento e impessoal, no 
sentido ruim da palavra, auto-referido. 
Uma coisa importante em relação ao conceito de governo empreendedor é não 
confundir com governo empresário. O verdadeiro significado da palavra 
empreendedor é bem mais amplo. Segundo os autores, ela foi usada 
inicialmente por volta do ano 1800, para se referir àquele que "movimenta 
recursos econômicos de um setor de menor produtividade para um outro de 
maior produtividade e melhor rendimento". Em outras palavras, o 
empreendedor emprega recursos de novas formas, para maximizar a 
produtividade e a eficiência. 
Esta definição se aplica igualmente ao setor privado, ao setor público e ao 
setor voluntário. Superintendentes e diretores escolares dinâmicos usam 
recursos de novas formas para maximizar a produtividade e a eficiência das 
escolas. Os gerentes de aeroportos inventivos fazem o mesmo. Quando 
queremos identificar instituições do setor público que sejam empreendedoras, 
olhamos para as que usam constantemente seus recursos de novos modos, 
para aumentar sua eficiência e sua efetividade. 
A partir desta noção de que empreendedor não é a mesma coisa que 
empresário, os autores defendem que não se pode "governar como quem 
administra uma empresa". Os autores afirmam que o governo é uma 
instituição fundamentalmente diferente da empresa. Os empresários são 
motivados pela busca do lucro; as autoridades governamentais se orientam 
pelo desejo de serem reeleitas. As empresas recebem dos clientes a maior 
parte dos seus recursos; os governos são custeados pelos contribuintes. As 
empresas trabalham em regime de competição; os governos usam 
habitualmente o sistema de monopólio. 
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Analisando diversas iniciativas inovadoras de administrações públicas 
americanas, os autores identificaram alguns traços comuns a todos esses 
esforços, que foram resumidos em 10 princípios do governo empreendedor:Princípios do Governo Empreendedor 
1. Preferência às alternativas de produção externa de bens e serviços: 
terceirização, parcerias governo-sociedade civil, voluntarismo etc.; 
2. Gestão participativa de programas e projetos com clientes; 
3. Estímulo à competição interna e externa; 
4. Desregulamentação interna, simplificação organizacional e 
clarificação de papeis e missões; 
• 
5. Avaliação e financiamentos baseados em resultados; 
6. Imagem do cliente como consumidor: com direito a escolhas, 
pesquisas de preferências e atitudes, treinamento de atendimento e 
formulários de sugestões; 
7. Criação de centros de resultados financeiros, promovendo ação 
pública rentável; 
8. Antevisão estratégica de serviços; 
9. Descentralização e desconcentração: controle hierárquico versus 
autoridade, desenvolvimento de equipes (team building), gestão 
participativa, cooperação trabalhadores-gerentes, círculos de 
controle de qualidade e programas de desenvolvimento gerencial; e 
10. Atingimento das finalidades governamentais através da 
reestruturação do mercado. 
I. Governo catalisador: navegando em vez de remar 
Segundo o Dicionário Houaiss, catalisar significa: 
Desencadear pela própria presença ou existência (um processo); estimular, 
incentivar; 
Diz-se de ou o que estimula ou dinamiza. 
Portanto, cabe ao governo modelar a sociedade, dar o rumo a ela, definir a 
política a ser seguida, manejar, o máximo que puder, instituições econômicas 
e sociais, enfim, regular e cumprir a função regulatória. Catalisando a 
sociedade, o governo amplia sua ação. Isso não significa que ele executa mais, 
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mas que ele consegue chegar onde ele estava ausente quando queria fazer 
tudo sozinho. 
No entanto, é importante fazer uma observação. O fato dos autores 
defenderem que o Estado não deve remar, isso não quer dizer que eles se 
enquadrem no managerialism. A discussão de Osborne e Gaebler começa 
subvertendo o ideal que impulsionou o gerencialismo na Grã-Bretanha no início 
da década. Em vez de propor o "rolling back the state" thatcheriano, os 
autores propõem uma redefinição da atividade governamental. 
Nosso problema fundamental é o fato de termos o tipo inadequado de 
governo. Não necessitamos de mais ou menos governo: precisamos de 
melhor governo. Para sermos mais precisos, precisamos de uma melhor 
atividade governamental. 
O intuito da noção de navegar ao invés de remar não é tornar o Estado 
mínimo, mas redirecionar a atividade governamental. Inclusive, os autores 
renegam o conceitual privatista, típico do neoliberalismo. "A privatização é 
uma resposta, não a resposta", afirmam Osborne e Gaebler. 
O CESPE cobrou uma questão um pouco polêmica a respeito disso: 
4. (CESPE/TRE-MA/2005) Um governo empreendedor 
caracteriza-se por ser catalisador, ou seja, um governo que se 
limita a decidir e dirigir. A execução é geralmente feita por 
outrem por meio da mobilização de iniciativas e recursos. 
A questão foi dada como certa no gabarito preliminar, mas foi anulada com a 
seguinte justificativa: 
Anulada pelo fato de a redação dada à opção C possibilitar mais de uma 
interpretação, podendo a assertiva ser considerada correta ou incorreta. 
Assim, haveria mais de uma resposta possível para a questão. 
Se pensarmos que navegar ao invés de remar se refere justamente a dirigir e 
decidir, a questão deveria ser realmente considerada correta. No entanto, 
como vimos acima, os autores não são defensores do Estado mínimo. 
Os autores identificaram alguns traços comuns a todos esses esforços. Com 
base nisso, enumeraram os dez princípios do governo empreendedor. 
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II. O governo pertence à comunidade: dando responsabilidade ao 
cidadão, em vez de servi-lo 
A reforma do sistema significa, ao mesmo tempo, a introdução de métodos 
voltados para a produção qualitativa de serviços públicos com a prioridade 
dada aos clientes e cidadãos como razões últimas do setor público, o que quer 
dizer não só que eles devem ser bem atendidos, mas que devem ser também 
chamados a participar do governo, definindo os destinos de suas comunidades. 
A maioria dos exemplos do livro de Osborne e Gaebler mostra que a melhor 
resposta para tornar melhor um serviço público é chamar a comunidade a 
participar de sua gestão, seja fiscalizando, seja trabalhando voluntariamente 
na prestação de serviços — constituindo-se numa resposta adequada tanto 
para a questão da eficiência como para o problema da transparência. Portanto, 
a modernização do setor público deve caminhar pari passu com o aumento da 
accountability. 
III. Governo Competitivo: introduzindo a competição na prestação de 
serviços 
Outro traço dos governos empreendedores é a promoção da competição. A 
competição seria uma forma de melhorar a qualidade do governo, uma vez 
que garante o controle dos serviços públicos pela população. Competição, para 
os autores, não é um conceito que só tem validade no contexto do setor 
privado. O ambiente competitivo, na verdade, serve para acabar com o 
monopólio — que tanto pode reinar no setor público como no privado — e 
encorajar a inovação organizacional. 
O princípio da competição nos serviços públicos tem como meta a competição 
não apenas entre os setores público e privado, como por exemplo entre uma 
empresa estatal e uma concessionária na área de limpeza pública, mas dentro 
de cada um desses dois setores que operam na jurisdição de um dado 
governo. A questão não é público versus privado, mas competição versus 
monopólio. Assim, podemos ter os seguintes tipos de competição: 
1. Público versus privado; 
2. Privado versus privado; 
3. Público versus público. 
IV. Governo orientado por missões: transformando órgãos 
burocratizados 
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A maioria das organizações públicas é orientada não por suas missões, mas 
por suas regras e sua previsão orçamentária. Estabelecem uma regra para 
tudo que eventualmente possa sair errado, com uma linha adicional para cada 
subcategoria de gastos em cada unidade, de cada departamento. Em outras 
palavras, é como se uma cola poderosa unisse todas as burocracias públicas. É 
como uma supercola: vem em duas bisnagas diferentes. Em uma bisnaga, as 
regras; na outra, as contas separadas. Misture tudo e o resultado será 
cimento. 
Governos de mentalidade empreendedora dispensam as duas bisnagas. 
Livram-se do velho livro de regulamentos e abandonam as contas. Definem as 
missões fundamentais e, só então, estabelecem um orçamento e um conjunto 
de critérios que deixem os funcionários à vontade para perseguir as missões 
propostas. 
V. Governo de Resultados: financiando resultados, e não recursos 
Governos tradicionalmente burocráticos concentram-se excessivamente sobre 
as entradas, os recursos, e não sobre as saídas, os resultados. Continuam 
financiando escolas com base no número de alunos matriculados; a assistência 
social em função do número de atendimentos; e os departamentos de polícia 
com base nas estimativas próprias de pessoal necessário para combater o 
crime. Presta-se muito pouca atenção aos resultados. Pouco importa como as 
crianças se saem nas escolas, ou quantas pessoas finalmente conseguem se 
empregar e deixar de receber o seguro-desemprego, ou em quanto tenham 
baixado os índices de criminalidade. Na realidade, escolas, instituições de 
assistência social e departamentos de polícia ganham mais dinheiro à medida 
que fracassam, ou seja, quando as crianças vão mal, o desemprego aumenta e 
a taxa de criminalidade sobe. 
VI. Governos e seus clientes: atendendo às necessidades do cliente e 
nãoda burocracia 
Pouca gente no governo usa o termo cliente. A maioria das organizações 
públicas nem mesmo sabe quem são seus clientes. Governos democráticos 
existem para servir aos cidadãos. As empresas existem para gerar lucro. No 
entanto, quem mais se empenha para servir ao povo, de maneira até 
obsessiva, são as empresas. A maioria dos governos é absolutamente cega aos 
clientes, ao passo que o McDonald's está totalmente voltado para eles. 
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Por que é assim? Para os autores é por que os órgãos públicos, via de regra, 
não obtêm seus recursos diretamente dos clientes; as empresas sim. Se uma 
empresa satisfaz seus clientes, as vendas aumentam. Os órgãos públicos 
recebem a maior parte dos seus recursos do Legislativo e a maioria de seus 
"clientes" é cativa e tem poucas alternativas para os serviços oferecidos por 
seus governos. Assim, os administradores públicos passam a ignorá-los. Os 
clientes-alvo, a quem o administrador público tenta satisfazer, são o 
Legislativo e o Executivo, pois são eles que fornecem os recursos. 
VII. Governo empreendedor: gerando receitas ao invés de despesas 
Nos governos burocráticos, os sistemas orçamentários levam as pessoas a 
gastar dinheiro, sem qualquer preocupação de produzi-lo. Na maioria dos 
governos, poucas pessoas fora dos departamentos financeiros sequer pensam 
sobre receitas. Ninguém se preocupa com o lucro. A palavra lucro é vista pelos 
governos tradicionais como um verdadeiro pecado. 
Os governos empreendedores, terrivelmente pressionados pela crise fiscal da 
década de 1980, concentram-se na busca de receitas não tributárias. 
Passaram a mensurar o nível de retorno de cada investimento. Não se quer 
dizer, com isso, que a maioria dos serviços públicos deva ser vendida visando 
ao lucro. Ao contrário! Mas muitos serviços beneficiam indivíduos isolados. 
Uma outra característica reconhecida nos governos empreendedores é uma 
certa perspectiva de investimento, ou seja, o hábito de mensurar os retornos 
dos gastos como se fossem investimentos. A estratégia não visa ganhar 
dinheiro, mas poupá-lo. Através da avaliação de retorno de seus 
investimentos, é possível entender quando um gasto lhes permitirá poupar 
dinheiro. 
VIII. Governo preventivo: a prevenção em lugar da cura 
Os governos burocráticos tradicionais se concentram na prestação de serviços 
destinados a enfrentar problemas. Contra a doença, custeiam serviços 
médicos; e para combater o crime, aumentam o aparato policial; para lutar 
contra os incêndios, adquirem mais carros de bombeiros. O modelo burocrático 
trouxe consigo uma preocupação com a prestação do serviço - a preocupação 
em remar. Gastam somas consideráveis tratando os sintomas, atuando apenas 
quando os problemas se transformam em crises, enquanto faltam estratégias 
para a prevenção desses problemas. A burocracia é cega no que se refere ao 
futuro. 
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Numa era em que as mudanças ocorrem com assustadora rapidez, a cegueira 
com relação ao futuro é uma falha mortal. Os governos empreendedores 
passaram a atuar de forma completamente diferente, fazendo da prevenção 
um tema central de sua administração. 
Alguns governos estão tentando não apenas prevenir problemas, como 
também tentar antecipar o futuro. Diz-se que há três tipos de pessoas: as que 
fazem as coisas acontecerem, as que observam as coisas acontecerem e as 
que não sabem o que está acontecendo. O mesmo se pode dizer dos governos; 
infelizmente a maioria está na terceira categoria. 
IX. Governo descentralizado: da hierarquia à participação e ao 
trabalho de equipe 
Há 50 anos, as organizações centralizadas eram indispensáveis. As tecnologias 
de informação eram primitivas, a comunicação entre localidades diferentes 
difícil e a mão-de-obra disponível relativamente pouco instruída. Não havia 
outra alternativa, senão a de juntar todos os profissionais em uma mesma 
organização. Havia tempo de sobra para que a informação subisse lentamente 
toda a cadeia de comando e depois descesse, pelo mesmo percurso, sob a 
forma de decisões. 
Hoje em dia, entretanto, a informação é praticamente sem limites. A 
comunicação entre as mais recônditas localidades é instantânea. Muitos 
funcionários públicos têm boa formação acadêmica, e as condições mudam à 
velocidade da luz. Não se pode desperdiçar tempo com o lento fluxo de 
informações hierarquia acima, ou de ordens hierárquicas abaixo. 
No mundo de hoje, as coisas simplesmente funcionam melhor se os 
funcionários públicos tiverem autonomia para tomar algumas decisões por 
conta própria. 
X. Governo orientado para o mercado: induzindo mudanças através do 
mercado 
Os governos não têm a capacidade de resolver todos os problemas sozinhos, 
nem mesmo uma significativa parcela deles. Por isso, devem utilizar as 
decisões dos agentes privados como uma forma de alavancagem na prestação 
de serviços, de modo a alcançar metas coletivas. Trata-se de um método 
clássico de atividade governamental empreendedora: implica um governo 
ativo, mas não burocrático. 
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Não querem dizer que os mecanismos de mercado sempre funcionem. Muitos 
bens coletivos fornecidos pelo governo - de parques à segurança pública - não 
são negociados no mercado. E há muitos mercados com falhas fundamentais. 
No entanto, os mecanismos de mercado têm muitas vantagens com relação 
aos sistemas administrativos: os mercados são descentralizados, normalmente 
competitivos, delegam a escolha aos interessados, e vinculam os recursos 
diretamente aos resultados. Os mercados também reagem com velocidade às 
mudanças rápidas e sua reestruturação permite aos governos alcançar a escala 
necessária para resolver os problemas mais sérios. 
3 Pontos Importantes da Aula 
• O Estado de Bem-Estar entrou em crise a partir da década de 1970, com as 
duas crises do petróleo. A crise fiscal pressionou os governos a buscarem 
eficiência. Contudo, a administração era burocrática, ineficiente, cara, auto-
referida. 
• A administração pública gerencial é frequentemente identificada com as 
idéias neoliberais porque as técnicas de gerenciamento são quase sempre 
introduzidas ao mesmo tempo em que se realiza um ajuste estrutural para 
combater o déficit fiscal. Contudo, a administração gerencial não é defensora 
do Estado Mínimo. Defende um Estado menor, que não executa os serviços 
públicos, mas mantém o a sua regulação e fomento. 
• O princípio da subsidiariedade defende que a responsabilidade deve ficar 
preferencialmente os entes menores. Isso significa que a sociedade é que 
deve ficar responsável pela execução dos serviços, cabendo ao Estado atuar 
quando ela não dispor de condições, num caráter subsidiário. 
• A administração gerencial representa um rompimento com a administração 
burocrática, mas não nega todos os seus princípios, mantendo a 
racionalidade, a impessoalidade, a divisão do trabalho, o sistema 
estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante 
de desempenho, o treinamento sistemático. 
• O gerencialismo puro representa o primeiro momento da Nova Gestão 
pública, caracterizado pela visão de que o Estado lida com contribuintes que 
querem ver seus recursos gastos com eficiência. Já no consumerism, o 
Estado vê as pessoas também como clientes, que querem qualidade nos 
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serviços públicos. Por fim o Public Service Orientation acrescenta a noção 
de cidadão, que exigem accountabilitye equidade. 
• Os princípios da administração gerencial são: descentralização 
administrativa, descentralização política, organizações horizontalizadas, 
pressuposto da confiança limitada, controle por resultados, a posteriori, 
administração voltada para o atendimento do cidadão, ao invés de auto-
referida. 
• Governo catalisador é aquele que navega ao invés de remar, ou seja, 
aquele que regula, que direciona o país para as diretrizes desejadas, e que 
transfere a execução para a iniciativa privada. 
4 Questões 
1. (ESAF/AFT/2010) As seguintes afirmações espelham entendimentos 
corretos sobre a Nova Gestão Pública (NGP), exceto: 
a) a NGP é um movimento cuja origem remonta às mudanças havidas nas 
administrações públicas de alguns países a partir da década de 1970, 
principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. 
b) o consumerismo consiste em uma reorientação do gerencialismo puro, 
mais voltada à racionalização e tendo como ponto central a satisfação das 
necessidades dos cidadãos, consumidores de serviços públicos. 
c) a NGP nasceu gerencialista nos anos 1980, tendo sido fortemente 
inspirada nas reformas minimalistas e na proposta de aplicação da 
tecnologia de gestão empresarial ao Estado. 
d) nos anos 1990, o Public Service Oriented resgatou os conceitos de 
transparência, dever social de prestação de contas, participação política, 
equidade e justiça, introduzindo novas ideias ao modelo gerencial puro. 
e) desde o início, a experiência brasileira em NGP aponta para uma forte 
retomada do estado do bem-estar social e do desenvolvimentismo 
burocrático, ideal reforçado pela recente crise do mercado financeiro 
internacional. 
Essa é uma das tantas questões "Ctrl+C & Ctrl+V" da ESAF. Dessa vez dos 
textos: "Desempenho Global da Fundação Oswaldo Cruz; um instrumento de 
auto-avaliação", de Gerson Rosenberg; e "Administração para o 
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desenvolvimento: a relevância em busca da disciplina", de Humberto Falcão 
Martins, disponíveis em: 
http://aplicativos.planejamento.gov.br/pq-
menu.nsf/79511ede8ce1c61783256c05006db100/6c36a6ec011e1fc183256c09 
00631e64/$FILE/capateserru.doc 
http://hfmartins.sites.uol.com.br/Publicacoes/admparaodesenvolvimento.pdf 
O consumerismo consiste em uma reorientação do gerencialismo puro, mais 
voltada à racionalização e tendo como ponto central a satisfação das 
necessidades dos cidadãos, consumidores de serviços públicos. A ênfase do 
modelo é a estratégia de qualidade, cujos resultados dependem de medidas 
tais como: a descentralização, o estímulo à competitividade, a flexibilização 
dos modelos contratuais e seu direcionamento para a qualidade. (Letra "B" 
certa). 
A NGP nasceu gerencialista nos anos 80, fortemente inspirada nas reformas 
minimalistas, e propondo a aplicação de tecnologia de gestão empresarial 
ao Estado, a partir das experiências paradigmáticas. (Letra "C" certa). 
Por último, aparece nos anos 90 o "Public Service Oriented" resgatando os 
conceitos: transparência, dever social de prestação de contas, participação 
política, equidade e justiça. Essa nova visão introduz novas ideias ao 
modelo gerencial puro, que são: valorização da descentralização como meio 
de implementação de políticas públicas; mudança do conceito de cidadão 
passando de mero consumidor para uma conotação mais coletiva de 
cidadania que inclui direitos e deveres; e competição entre agências 
públicas como princípio de cooperação para obter um melhor resultado 
global. (Letra "D" certa). 
A letra "A" é certa porque os precursores da Nova Gestão Pública foram 
realmente os EUA e a Inglaterra. A letra "E" é errada porque a NGP é contrário 
do que se afirma: ela critica o Estado de Bem-Estar e a burocracia. 
Gabarito: E. 
2. (ESAF/AFT/2010) A aplicação do empreendedorismo, no âmbito da 
Administração Pública, implica saber que: 
a) normas rígidas e exaustivas são o melhor suporte para a tomada de 
decisão em ambientes complexos sob constante mudança. 
b) não se deve estimular a competição entre entidades prestadoras de 
serviços públicos semelhantes. 
c) a administração por resultados perde espaço para a supervisão 
hierárquica e para a realização de auditorias de gestão. 
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Nota
começar daqui. revisão . preparatório
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d) quanto maior a autonomia conferida a servidores públicos, novas formas 
de controle ou responsabilização devem ser adotadas. 
e) tal como ocorre na iniciativa privada, incentivos econômicos são o 
principal fator motivacional de gerentes e chefes. 
O empreendedorismo governamental possui 10 princípios: 
I. Preferência às alternativas de produção externa de bens e serviços: 
terceirização, parcerias governo-sociedade civil, voluntarismo etc.; 
II. Gestão participativa de programas e projetos com clientes; 
III. Estímulo à competição interna e externa; (Letra "B" errada). 
IV. Desregulamentação interna, simplificação organizacional e 
clarificação de papéis e missões; (Letra "A" errada) 
V. Avaliação e financiamentos baseados em resultados; (Letra "C" 
errada). 
VI. Imagem do cliente como consumidor: com direito a escolhas, 
pesquisas de preferências e atitudes, treinamento de atendimento 
e formulários de sugestões; 
VII. Criação de centros de resultados financeiros, promovendo ação 
pública rentável; 
VIII. Antevisão estratégica de serviços; 
IX. Descentralização e desconcentração: controle hierárquico versus 
autoridade, desenvolvimento de equipes (team building), gestão 
participativa, cooperação trabalhadores-gerentes, círculos de 
controle de qualidade e programas de desenvolvimento gerencial; 
e (Letra "D" certa) 
X. Atingimento das finalidades governamentais através da 
reestruturação do mercado. 
Segundo Osborne e Gaebler, criadores do conceito, o governo é uma 
instituição fundamentalmente diferente da empresa: 
• Os empresários são motivados pela busca do lucro; as autoridades 
governamentais se orientam pelo desejo de serem reeleitas (Letra "E" 
errada). 
• As empresas recebem dos clientes a maior parte dos seus recursos; os 
governos são custeados pelos contribuintes. 
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• As empresas trabalham em regime de competição; os governos usam 
habitualmente o sistema de monopólio. 
Gabarito: D. 
3. (ESAF/AFRFB/2009) No âmbito da administração pública, o 
empreendedorismo pressupõe a incorporação dos seguintes 
comportamentos, exceto: 
a) participação dos cidadãos nos momentos de tomada de decisão. 
b) substituição do foco no controle dos inputs pelo controle dos outputs e 
seus impactos. 
c) criação de mecanismos de competição dentro das organizações públicas e 
entre organizações públicas e privadas. 
d) adoção de uma postura reativa, em detrimento da proativa, e elaboração 
de planejamento estratégico, de modo a antever problemas potenciais. 
e) aumento de ganhos por meio de aplicações financeiras e ampliação da 
prestação de serviços remunerados. 
São 10 os princípios do empreendedorismo governamental, segundo Humberto 
Falcão Martins (1996): 
I. Preferência às alternativas de produção externa de bens e serviços: 
terceirização, parcerias governo-sociedade civil, voluntarismo etc.; 
II. Gestão participativa de programas e projetos com clientes; 
III. Estímulo à competição interna e externa; 
IV. Desregulamentação interna, simplificação organizacional e 
clarificação de papéis e missões; 
V. Avaliação e financiamentos baseados em resultados; 
VI. Imagem do cliente como consumidor: com direito a escolhas, 
pesquisas

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