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Livro Eletrônico Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas Alessandro Sanchez 18343704002 - Joao Melo 1 62 SUMÁRIO Sumário ....................................................................................................................... 1 Apresentação Pessoal ................................................................................................. 4 Considerações Iniciais ................................................................................................. 5 1 – Requisitos dos Títulos de Crédito .......................................................................... 6 1.1. Conceito e Princípios Básicos ...................................................................................... 6 1.2. Classificação dos Títulos de Crédito .......................................................................... 10 1.2.1. Classificação dos títulos de crédito......................................................................................................... 10 1.2.2. Quanto à natureza .................................................................................................................................. 11 1.2.3. Quanto à vinculação à causa debendi .................................................................................................... 11 1.2.4. Quanto à circulação ................................................................................................................................ 11 1.2.5. Quanto ao conteúdo ............................................................................................................................... 12 1.3. Constituição do Crédito Cambiário ............................................................................ 12 1.3.1. Saque ...................................................................................................................................................... 12 1.3.2. Aceite ...................................................................................................................................................... 12 1.3.3. Endosso ................................................................................................................................................... 13 1.3.4. Aval ......................................................................................................................................................... 14 1.4. Exigibilidade do Crédito Cambiário ........................................................................... 15 1.4.1. Vencimento ............................................................................................................................................ 15 1.4.2. Pagamento .............................................................................................................................................. 15 1.4.3. Protesto .................................................................................................................................................. 16 1.4.4. Ação Cambial .......................................................................................................................................... 18 1.4.5. Prescrição da Ação Cambial .................................................................................................................... 19 2. Letra de Câmbio e Nota Promissória ..................................................................... 20 2. 1. Letra de Câmbio ....................................................................................................... 20 2.1.1. Saque ...................................................................................................................................................... 20 2.1.2. Aceite ...................................................................................................................................................... 22 2.1.3. Endosso ................................................................................................................................................... 23 2.1.4. Aval ......................................................................................................................................................... 26 2.1.5. Vencimento ............................................................................................................................................ 29 2.1.6. Protesto .................................................................................................................................................. 30 2.1.7. Prescrição ............................................................................................................................................... 32 2.2. Nota Promissória ...................................................................................................... 33 Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 2 62 3. Cheque .................................................................................................................. 34 3.1. Características .......................................................................................................... 34 3.2. Cheque Cruzado ........................................................................................................ 37 3.3. Cheque para ser levado em conta ............................................................................. 37 3.4. Cheque Visado .......................................................................................................... 38 3.5. Cheque Administrativo.............................................................................................. 38 3.6. Protesto e Ação Cambial ........................................................................................... 39 4. Duplicata e Títulos Impróprios .............................................................................. 41 4.1. Características .......................................................................................................... 41 5 Cédulas de Crédito ................................................................................................. 46 5.1. Conceito.................................................................................................................... 46 5.2 Classificação .............................................................................................................. 46 5.2.1. Quanto à espécie de garantia ................................................................................................................. 46 5.2.2 Quanto às áreas específicas..................................................................................................................... 47 5.2.3. Requisitos ............................................................................................................................................... 48 5.2.3.1. Denominação ....................................................................................................................................... 48 5.2.3.2. Promessa de adimplemento ................................................................................................................ 48 5.2.3.3. Forma de pagamento .......................................................................................................................... 49 5.2.3.4. Indicação do credor ............................................................................................................................. 49 5.2.3.5. Valor do crédito ................................................................................................................................... 49 5.2.3.6. Finalidade do financiamento ...............................................................................................................49 5.2.3.7. Definição da garantia real .................................................................................................................... 49 5.2.3.8. Encargos financeiros ............................................................................................................................ 49 5.2.3.9. Praça de pagamento ............................................................................................................................ 50 5.2.3.10. Data, lugar de emissão e assinatura .................................................................................................. 50 5.2.3.11. Registro .............................................................................................................................................. 50 5.2.4. Transferência .......................................................................................................................................... 51 5.2.5. Caracteríticas .......................................................................................................................................... 52 5.2.6. Conhecimento de Depósito e Warrant................................................................................................... 53 Resumo ..................................................................................................................... 56 Requisitos dos Titulos de Crédito ..................................................................................... 56 Letra de câmbio e Nota Promissora ................................................................................. 57 Cheque ............................................................................................................................ 58 Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 3 62 Duplicatas e Titulos Impróprios ....................................................................................... 59 Cédulas de Crédito ........................................................................................................... 60 Considerações Finais ................................................................................................. 62 Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 4 62 DIREITO EMPRESARIAL XXX EXAME DE ORDEM APRESENTAÇÃO PESSOAL Olá, alunos do Estratégia OAB! Sejam muito bem-vindos ao curso de Direito Empresarial focado na 1ª fase do XXX Exame de Ordem. Preparem-se para a jornada da aprovação!!!! O momento pede tranquilidade (para não atropelar o cronograma) e muita dedicação para conseguir estudar muitos assuntos em tão pouco tempo. Vou fazer uma breve apresentação. Meu nome é Alessandro Sanchez, sou professor de Direito Empresarial para 1ª e 2ª fase OAB do Estratégia Concursos. Ao longo de minha caminhada preparando alunos para a prova da OAB, pude escrever a primeira obra do país intitulada PRÁTICA JURÍDICA EMPRESARIAL e venho preparando milhares de alunos desde a primeira prova em que se ouviu falar em Direito Empresarial na segunda Fase da OAB. Agradeço muito a confiança e juntos faremos uma excelente preparação. Sei o quanto esta etapa é difícil, gera muita ansiedade, insegurança e incertezas. Mas, garanto a todos que os resultados virão e lá na frente irão agradecer pelos esforços empreendidos. Sempre vale a pena. Confie em mim! Foco total nos estudos, disciplina e venha comigo buscar essa carteirinha! Um abraço e bons estudos! Prof. Alessandro Sanchez e-mail: alessandro.sanchez@uol.com.br Instagram @Prof_SANCHEZ Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 5 62 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Nesta aula de n. 04 iniciaremos nosso estudo sobre os títulos de crédito, tema com grande incidência. No decorrer das aulas iremos verificar algumas espécies de sociedade, mostrando como cada um a delas se constitui e suas diferenças. Abordamos os seguintes pontos nesta aula: Requisitos dos Títulos de Crédito Letra de Câmbio e Nota Promissória Cheque Duplicata e Títulos Impróprios Bons estudos a todos! Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 6 62 1 – REQUISITOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 1.1. CONCEITO E PRINCÍPIOS BÁSICOS Concentraremos nossos estudos na letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicata, pois os demais derivam destes; além disso, trataremos dos institutos que os cercam, para, finalmente, trabalhar as hiplóteses das ações cambiárias. O título de crédito é um documento formal, com força executiva, representativo de dívida líquida e certa, de circulação desvinculada do negócio que o originou. O Código Civil prevê que se trata de “um documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido.” Ocorre, a doutrina é no sentido de que a palavra contido é um erro, já que os direitos emergentes no título não estão contidos na cártula, mas mencionados. Um pouco mais a frente voltaremos a esse assunto. As suas principais características são: CARTULARIDADE: o título de crédito é um documento necessário ao exercício do direito nele mencionado, logo, é preciso apresentá-lo à pessoa indicada para efetuar o pagamento. Fácil circulação: agilidade nas relações cambiais Executividade: ausência de discussão sobre existência/ exigibilidade obrigação Atributos dos Títulos de Crédito Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 7 62 Assim, o princípio da cartularidade é o que exige a exibição original do título de crédito para exercer o direito dele resultante. Na cobrança judicial, por exemplo, o original do título deve ser juntado com a petição inicial. Igualmente para fundamentar requerimento de falência com base na impontualidade. A posse do título é o pressuposto para alguém exercer o direito nele mencionado. Não basta, porém, a apresentação da fotocópia, ainda que autenticada. É preciso a exibição do título de crédito original, pois só assim se tem a garantia de que não houve sua circulação. Vale ainda ressaltar que o título de crédito é documento, isto é, um papel escrito, dotado de conteúdo e identificação do signatário com valor probatório. O escrito, para ser título de crédito, deve ser lançado em papel, não se admitindo gravações, filmagens, nem pen drive ou similar. Não existe, também, título de crédito oral. Sobre as exceções ao princípio da cartularidade, cumpre mencionar duas, a seguir: A primeira é o protesto por indicações da duplicata, já que será possível protestar o título mesmo sem tê-lo em mãos, já que o protesto se dará com a mera posse do comprovante de entrega de mercadorias, cópia do livro de duplicatas ou uma segunda via do título. A segunda é a possibilidade de se mover ação de execução com base em fotocópia, comprovando-se que o original se encontra apreendido em inquérito policial ou processo- crime, aguardando a realização da perícia. LITERALIDADE: O direito que, por meio do título de crédito, se pretende exercer deve estar literalmente nele mencionado. Aliás, qualquer relação jurídica relacionada com o título de crédito só é levada em consideração quando nele constar expressamente. O aval, por exemplo, quando lançado fora do título de crédito, ainda que por escritura pública, não tem a naturezajurídica de aval, embora possa valer como fiança. A quitação lançada em documento separado, isto é, fora do título, não produz efeitos. Igualmente, o endosso em separado não surte efeito algum. Pelo princípio da literalidade, só é levado em consideração o que está escrito no título de crédito, e, por consequência, as obrigações inseridas em separado a ele não se integram. Exceção a esse princípio verifica-se na duplicata, pois o § 1º do art. 9º da Lei 5.474/1968 admite a quitação, pelo legítimo possuidor do título, em documento separado. AUTONOMIA: Esse princípio é explicado por intermédio de sub-princípios, a seguir: A) ABSTRAÇÃO: o princípio da abstração consagra a irrelevância da causa que deu origem ao título, em relação ao terceiro de boa-fé para o qual este fora transferido. Se, por exemplo, um cheque obtido mediante extorsão é transferido pelo extorsionário a um terceiro de boa-fé, este poderá descontá-lo validamente. Outro exemplo: se o vendedor de carro roubado transfere a terceiro de boa-fé o título de crédito que recebera em pagamento, este poderá cobrar o título do comprador que desconhecia a origem criminosa do bem adquirido. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 8 62 O princípio da abstração, porém, só é aplicado em relação ao terceiro, que de boa-fé adquiriu o título de crédito de um dos contratantes. Não é aplicado entre os contratantes, pois eles se obrigam pelo contrato, e, por consequência, o vício que o contamina é uma defesa pessoal alegável para inibir o pagamento do título de crédito. Nos exemplos acima, os contratantes que fora vítima de extorsão e o que emitiu o título de crédito para comprar o carro roubado podem se recusar, perante o outro contratante, a efetuar o pagamento do título de crédito, invocando, para tanto, a nulidade da obrigação fundamental que originou a sua emissão. Força convir, portanto, que o princípio da abstração só entra em cena quando o título de crédito é posto em circulação, aplicando-se, tão somente, entre as pessoas que não contrataram entre si. B) INDEPENDÊNCIA: o princípio da autonomia consagra a independência das relações jurídicas constantes no título de crédito. Se, por exemplo, o emitente da letra de câmbio for incapaz, ainda assim o credor poderá exigir o pagamento do devedor, isto é, do aceitante, sendo que este último, em razão do princípio da autonomia, não poderá alegar a nulidade do título pelo fato de ter sido emitido por incapaz. Assim, a nulidade de uma obrigação lançada no título não contamina as outras obrigações nele mencionadas, porque elas são autônomas, propiciando-se, destarte, que o possuidor de boa-fé execute um direito próprio, assim, não pode ser restringido ou destruído em virtude das relações entre os anteriores possuidores e o devedor, pois cada obrigação que deriva do título é autônoma em relação às demais. INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES AOS TERCEIROS DE BOA-FÉ: dispõe o art. 17 da Lei Uniforme de Genebra: As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador, ao adquirir a letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor. Assim, o princípio da inoponibilidade consubstancia-se na proibição de o devedor, no plano processual, alegar, em face do portador do título de crédito, as defesas pessoais que poderia sustentar contra os coobrigados anteriores. Vê-se, assim, que o terceiro de boa-fé, quando adquire o título de crédito, o recebe purificado, não tendo, pois, que se preocupar com os fatos modificativos ou extintivos atinentes aos direitos de seus antecessores. Se, por exemplo, a relação fundamental, isto é, que originou a emissão de um título de crédito envolvendo “Marta” e “Cristiane”, diz respeito à venda de um automóvel, e este apresenta algum vício redibitório, referido fato não poderá ser alegado pelo devedor ao terceiro que, de boa-fé, houver adquirido o título. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 9 62 Em três hipóteses, no entanto, o devedor poderá alegar as exceções visando inibir o pagamento do título. A primeira refere-se às exceções comuns, que são defesas pertinentes à inexistência, invalidade ou inexigibilidade do título de crédito. Exemplos: falsificação, nulidade por falta de requisito essencial e prescrição do título. A segunda refere-se às exceções pessoais envolvendo diretamente o devedor e o portador do título. Se, por exemplo, o terceiro de boa-fé for cobrar o título do devedor, este poderá arguir a compensação da importância que este terceiro também lhe deve. A última verifica-se quando o terceiro adquire o título de crédito de má-fé, vale dizer, consciente do fato que poderia ser alegado em face do credor anterior. Não se exige, para a caracterização da má-fé, o conluio entre o terceiro adquirente e a pessoa que lhe transferiu a cártula, pois é suficiente para a torpeza a aquisição do título com conhecimento das defesas pessoais que o devedor poderia opor contra o credor anterior. Se, no exemplo citado anteriormente, o terceiro adquirisse o título de crédito ciente do vício redibitório que maculava o automóvel, ao devedor, que havia adquirido o carro com defeito, será facultado defender-se mediante arguição da ocorrência de vício redibitório, opondo-se, destarte, ao pagamento. Outro exemplo: “Marta” é o devedor de um título de crédito em face de “Cristiane”, mas, como este também é seu devedor, não pretende efetivar o pagamento direto, e sim compensar as dívidas. Diante disso, “Cristiane” resolve transferir a cártula a “Formiga”, que apresenta a “Marta” para cobrança. Títulos de Crédito - Características Cartularidade Materialização do título: modelos livres e vinculados Literalidade Direitos e obrigações devem constar expressamente do título Autonomia Abstração: causa ou origem do título é irrelevante ao terceiro de boa-fé Inoponibilidade de exceções pessoais Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 10 62 Indaga-se: “Marta” poderá se opor ao pagamento, alegando a tal compensação? Depende. Se “Cristiane” estava de boa-fé, entra em cena o princípio da inoponibilidade das exceções pessoais como fator impeditivo da dita defesa. Se, ao revés, “Formiga” procedeu de má-fé, tinha consciência da dívida que “Cristiane” tinha em relação a “Marta”, podendo, este último, arguir como defesa a compensação, esquivando-se, assim, de efetuar o pagamento direto do título. Convém, ainda, esclarecer que a má-fé, conforme se depreende da análise do art. 17, pertencente ao anexo II da Lei Uniforme, é analisada no tempo da aquisição do título pelo terceiro. Se este, após adquiri-lo de boa-fé toma conhecimento das relações pessoais arguíveis perante o seu antecessor, esse fato posterior não impede a aplicação do princípio da inoponibilidade. 1.2. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 1.2.1. Classificação dos títulos de crédito A. Quanto ao modelo MODELOS LIVRES: são aqueles que não possuem uma forma ou padrão preestabelecido pela lei, portanto, podem ser confeccionados de forma livre, utilizando-se de modelo próprio, desde que estejam presentes os requisitos legais que devem constar no conteúdo do título. Ex.: letra de câmbio e nota promissória. Exceções ao pagamento do título de crédito Comuns: inexistência, invalidade ou inexigibilidade Pessoais: envolve diretamente devedor e portador do título Terceiro adquirente de má-fé Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarialp/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 11 62 MODELOS VINCULADOS: são aqueles que possuem uma forma ou padrão predeterminado pela lei, significando que o direito definiu um padrão para o preenchimento dos requisitos específicos de cada um. Ex.: cheque e duplicata. Ninguém pode confeccionar um impresso, constando tratar-se de cheque, pois cheque somente será o título que o banco (sacado) fornece ao emitente (sacador), seguindo-se o modelo estatuído pela lei. Portanto, ainda que constem todos os requisitos do cheque num impresso de confecção própria, o sacado (banco) deverá recusar o pagamento quando de sua apresentação. 1.2.2. Quanto à natureza ORDEM DE PAGAMENTO: trata-se de título que apresenta três situações jurídicas diferentes: aquele que dá ordem (sacador ou emitente), aquele que recebe a ordem (sacado ou devedor) e aquele que é beneficiário da ordem (tomador). Ex.: letra de câmbio, cheque e duplicata mercantil. PROMESSA DE PAGAMENTO: trata-se de título que apresenta duas situações jurídicas diferentes: aquele que promete o pagamento e aquele que é beneficiário do pagamento, isto é, o beneficiário da promessa. Ex.: nota promissória. 1.2.3. Quanto à vinculação à causa debendi CAUSAIS: são aqueles que somente podem ser emitidos se ocorrer o fato que a lei elegeu como causa possível para sua emissão. Ex.: duplicata mercantil. NÃO CAUSAIS (OU ABSTRATOS): são aqueles que podem ser criados por qualquer causa, representando obrigação de qualquer natureza, já que o título, a partir do momento em que é emitido, torna-se livre da causa que lhe originou. Ex.: letra de câmbio, cheque e nota promissória. 1.2.4. Quanto à circulação AO PORTADOR: são aqueles que não identificam o credor, sendo transmissíveis por mera tradição. NOMINATIVOS: são aqueles que identificam o credor, isto é, o título é emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente, sendo que sua transmissão pressupõe, além da tradição, outro ato jurídico (endosso ou cessão de crédito). Os títulos nominativos podem ser “à ordem” ou “não à ordem”. Os títulos nominativos à ordem são aqueles que podem ser transferidos pelo beneficiário a um terceiro mediante endosso. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 12 62 1.2.5. Quanto ao conteúdo TÍTULOS DE CRÉDITO PROPRIAMENTE DITOS: são aqueles que dão direito a uma prestação de coisa fungível, isto é, coisas que podem ser substituídas por outras da mesma espécie, quantidade e qualidade. Ex.: título representativo de uma quantia em dinheiro – cheque. TÍTULOS DESTINADOS À AQUISIÇÃO DE DIREITOS REAIS SOBRE COISAS DETERMINADAS: importam na aquisição de um direito real sobre a mercadoria depositada. Ex.: conhecimento de depósito. TÍTULOS QUE ATRIBUEM A QUALIDADE DE SÓCIO: são aqueles que permitem a seu titular exercer determinadas funções ou praticar certos atos. Ex.: ações. TÍTULOS IMPROPRIAMENTE DITOS, TAMBÉM CHAMADOS “DE LEGITIMAÇÃO”: são aqueles que dão ao titular o direito de reclamar certos serviços. Ex.: bilhete de estrada de ferro. 1.3. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO CAMBIÁRIO 1.3.1. Saque Saque é o ato pelo qual se emite um título de crédito. Nos títulos de crédito representativos por uma ordem de pagamento, como a letra de câmbio, cheque e duplicata, aquele que emite o título é chamado de sacador. Aquele contra quem o título é emitido é chamado de sacado. O beneficiário do título é chamado de tomador. Na nota promissória, como há uma promessa de pagamento, o saque é feito pelo devedor que assina o título se comprometendo a pagar a quantia nele mencionada. Portanto, na nota promissória tem-se o devedor chamado de emitente e o credor chamado de beneficiário. São efeitos do saque: a) o beneficiário do título estará autorizado a procurar o sacado para, dadas certas condições, poder receber dele a quantia referida no título; b) embora o sacado seja o responsável pelo pagamento do título, o sacador, com a emissão do título, tornou-se codevedor do título, motivo pelo qual tanto o sacado quanto o sacador poderão ser chamados a pagar o débito. 1.3.2. Aceite Aceite é o ato pelo qual o sacado concorda em pagar a dívida constante do título ao portador ou àquele que estiver designado no título. O aceite somente ocorre na letra de câmbio e na duplicata, já que na nota promissória e no cheque este ato não ocorre. Aquele que aceita é chamado de aceitante. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 13 62 O aceite de uma letra de câmbio não é obrigatório, portanto, ninguém é obrigado a aceitar este título; porém, aceitando o título, tornar-se-á devedor da quantia nele mencionada. Já na duplicata, o aceite é obrigatório, sendo que o sacado somente poderá recusar o aceite se a mercadoria não foi recebida ou foi avariada, se houve vícios na qualidade ou quantidade da mercadoria ou divergências nos prazos ou preços ajustados (art. 8º da LD), ou, tratando- se de prestação de serviço, se o serviço não corresponde ao que foi efetivamente contratado, por vícios ou defeitos na qualidade do serviço prestado devidamente comprovados, ou se houver divergências nos prazos ou preços ajustados (art. 21 da LD). Nestas hipóteses acima, é lícito ao sacado recusar o aceite. O aceite resulta da simples assinatura do sacado lançada no anverso do título, podendo ser firmada no verso, desde que identificado o ato praticado pela expressão “aceito” ou outra equivalente. O aceitante torna-se o devedor principal do título, significando que o beneficiário deste, no vencimento, poderá procurá-lo, inicialmente, para cobrar o pagamento, sendo que, na recusa deste, nada impede que o beneficiário cobre dos demais coobrigados (sacador, endossatários e avalistas). Na letra de câmbio, embora seja comportamento lícito a recusa do aceite, isso importa na antecipação do vencimento da dívida, a fim de resguardar os interesses do tomador do título. É possível o aceite parcial na letra de câmbio. O aceite é parcial quando é limitativo ou modificativo. No primeiro, o aceitante concorda com parte do valor do título. No segundo, o aceitante adere ao título, porém as condições fixadas sofrem alterações. Daquela parte em que houve recusa do aceite, considera-se antecipado o vencimento da dívida. 1.3.3. Endosso Endosso é o ato pelo qual o beneficiário de um título opera sua transferência a outrem. Evidente que a transferência do título a terceiro se efetiva mediante a tradição, já que é necessária a apresentação do título para sua cobrança. (“cartularidade”). Aquele que transfere o título é chamado de endossante (ou endossador). O adquirente do título é chamado de endossatário. Não há limites para o número de endossos, podendo ser endossado diversas vezes ou nunca ser endossado. O endosso pode ser “em branco”, quando não identificado o endossatário, tornando-se título ao portador, ou “em preto”, quando o endossatário é identificado, tornando-se título nominativo. O endosso resulta da simples assinatura do credor do título lançado no seu verso, podendo ser feita sob a expressão “pague-se a ...” (endosso em preto) ou simplesmente “pague-se” (endosso em branco), ou sob outra expressão equivalente, não podendo o endossador limitar-se a assinar o título. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 14 62 No endosso em branco, a transferência do título pode ser feita mediante mera tradição, hipótese em que o credor do título que o transfere não ficará coobrigado. É nulo o endosso parcial. O endossocondicional, em que a transferência do crédito fica subordinada a alguma condição, resolutiva ou suspensiva, não é nulo, mas referida condição será ineficaz, porque a lei a considera não escrita. Existem inúmeras espécies de endosso, como endosso-caução, endosso sem garantia, endosso mandato, endosso póstumo e outros. São efeitos do endosso: a) o endossante transfere a titularidade do crédito representado pelo título; b) o endossante continua codevedor do título, sendo que, na hipótese de inadimplemento do sacado, o endossante pode ser chamado pelo beneficiário a fim de adimplir o débito. Conforme já mencionado, a transferência de titularidade de crédito que não é representado por título de crédito é chamada de cessão civil de crédito, que apresenta outros efeitos que não o do endosso. Dentre as diferenças, destacamos: a) o endossatário poderá executar o crédito contra o endossante caso o devedor não pague a dívida; já o cedente responde, em regra, apenas pela existência do crédito pelo tempo que o cedeu (art. 295 do CC), e não pela solvência do devedor (art. 296 do CC); b) o devedor poderá defender-se, quando executado pelo cessionário, arguindo matérias atinentes à sua relação com o cedente (art. 294 do CC), mas não poderá defender-se, quando executado pelo endossatário, arguindo matérias atinentes à sua relação jurídica com o endossante (princípio da autonomia das obrigações cambiais – inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé). Por fim, há endossos que produzem efeitos de cessão civil de crédito, isto é, endosso em que o endossante não responde, em regra, pela solvência do devedor e em que o endossatário não adquire obrigação autônoma. São duas hipóteses, a saber: a) endosso praticado após o protesto por falta de pagamento ou do transcurso do prazo legal para a extração desse protesto (endosso póstumo); e b) endosso de título com a cláusula “não à ordem”. 1.3.4. Aval Aval é o ato em que uma pessoa garante o pagamento do título em favor do devedor principal ou de um coobrigado. Quem dá garantia de pagamento é chamado de avalista. A quem é dada a garantia é chamado de avalizado. O aval pode ser total ou parcial, e o avalista é responsável da mesma forma que o seu avalizado, sendo sua obrigação autônoma em relação ao avalizado. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 15 62 Portanto, eventual nulidade da obrigação do avalizado não compromete a do avalista. Em face dessa autonomia, o avalista antecipado (aquele dado antes do aceite) responde pela dívida ainda que não tenha ocorrido o aceite pelo avalizado. O aval resulta da simples assinatura do avalista no anverso do título, sob alguma expressão indicativa do ato praticado como “por aval” ou equivalente. Se o avalista quiser firmar no verso do título, somente poderá fazê-lo identificando o ato praticado. O aval pode ser “em branco”, quando não é identificado o avalizado, e “em preto”, quando é identificado. A garantia de um crédito dado sem efeitos cambiários é a fiança. Distingue-se a fiança do aval no seguinte: a obrigação do fiador é acessória em relação ao afiançado (arts. 824 e 837 do CC); a obrigação do avalista é autônoma, independente da do avalizado. Em decorrência dessa distinção, a lei concede ao fiador o benefício da ordem (art. 827 do CC), o que não ocorre com o avalista, que pode ser executado independentemente de eventual cobrança em face do avalizado. Inovação trazida pelo Código Civil de 2002, no sentido protetivo da família, tem-se que tanto a fiança quanto o aval devem ser dados mediante outorga uxória, exceto no regime de separação absoluta de bens (art. 1.647, III, do CC), o que não ocorria no direito anterior, em que somente a fiança exigia outorga uxória, qualquer que fosse o regime (art. 235, III, do CC/1916). 1.4. EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO CAMBIÁRIO 1.4.1. Vencimento O beneficiário de um título de crédito poderá, no vencimento, cobrar o valor da dívida tanto do devedor principal, como do sacador, dos endossantes e dos avalistas (avalistas do devedor principal, do sacador e dos endossantes). Com relação ao devedor principal, basta a apresentação do título no vencimento. Já com relação aos coobrigados e avalistas, há necessidade de que, além da apresentação do título no vencimento, demonstre-se que houve a tentativa de cobrança do título em face do devedor principal. Tal demonstração é feita mediante o protesto do título. Significa que, com relação a um coobrigado, o crédito constante do título somente será exigível se este foi protestado. Pagando o coobrigado o título, este tem o direito de regresso em face dos demais coobrigados (sacador e endossantes). 1.4.2. Pagamento O pagamento é a forma corrente de extinguir alguma ou todas as obrigações constantes no título de crédito. Se o pagamento é feito por um coobrigado, extingue-se a obrigação para Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 16 62 os coobrigados posteriores. Se o pagamento é feito pelo devedor, extinguem-se todas as obrigações. O pagamento deve ser feito no vencimento. Caindo o vencimento no final de semana ou feriado, o pagamento deverá ser feito no primeiro dia útil seguinte ao do vencimento, sendo que, para fins cambiais, considera-se útil o dia em que há expediente bancário, independentemente de ser ou não feriado local ou nacional. O local do pagamento é aquele constante do título. A prova do pagamento do título é feita mediante a quitação dada pelo credor ao devedor. Assim, pago o título, este deverá ser entregue ao devedor, até porque, se tal título vier a ser endossado a um terceiro de boa-fé, este poderá cobrar novamente o título e o devedor acabará sendo compelido a proceder a um segundo pagamento. 1.4.3. Protesto a) Conceito O protesto é o ato formal de responsabilidade do portador do título caracterizado por ser um ato público, solene, levado a efeito extrajudicialmente, pelo qual o devedor toma conhecimento de que o portador do título de crédito líquido e certo exige seu aceite ou pagamento e manifesta sua vontade de ressalvar seu direito regressivo contra os coobrigados. O protesto também é levado a efeito para as hipóteses de falta de aceite, por falta de data do aceite. O protesto faz prova da mora do devedor, demonstrando que não houve cumprimento da obrigação constante do título. b) O protesto cria direitos ou é mero meio de prova? O protesto extrajudicial não cria direitos, somente faz prova da mora do devedor e resguarda o direito de cobrança em face dos coobrigados. c) Qualidade de protestante e protestado No protesto por falta de pagamento, o protestado é o sacado; no protesto por falta de aceite, o protestado é o sacador, já que o sacado, por não haver aceitado o título, está livre da obrigação constante deste. d) Prazo para o protesto A lei estabelece os prazos para apresentação do título para protesto. Descumprindo tal prazo, o portador do título perderá o direito de crédito contra os coobrigados do título – sacador, endossantes e avalistas. e) Protesto facultativo e obrigatório O protesto facultativo é aquele utilizado somente para caracterizar a impontualidade do devedor, constituindo prova da existência de mora, portanto, não sendo imprescindível para viabilizar o ajuizamento da ação executiva em face do devedor principal ou de seu avalista. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 17 62 O protesto obrigatório é aquele utilizado para caracterizar a impontualidade do devedor, sendo necessário para viabilizar o ajuizamento de açãoexecutiva em face do sacador, dos endossantes e seus respectivos avalistas, isto é, indispensável para o exercício da ação de regresso. f) Protesto especial É o protesto necessário para se requerer a falência de um empresário por atos de impontualidade, inclusive de títulos que normalmente não estão sujeitos ao protesto comum, como a sentença judicial (art. 10 da Lei de Recuperação de Empresas e Falências). Nos cartórios há um livro especial para o seu registro e segundo a Súmula 361, STJ, deve indicar o nome de quem recebe a notificação sobre a hipótese de protesto. g) Protesto judicial e extrajudicial O protesto judicial é procedimento judicial disciplinado a prevenir eventuais responsabilidades de terceiros, alertando-os a fazerem alguma coisa de determinada forma ou a não fazerem, sob pena de responderem por perdas e danos. Ex.: protesto por alienação de bens. O protesto extrajudicial é aquele levado a efeito perante o Oficial de Registro de Protesto, com a finalidade principal de provar a falta de aceite ou de pagamento do devedor, ressalvando-se direitos em relação aos coobrigados. h) Tipos de protesto (1) Por falta de pagamento; (2) Por falta de aceite; (3) Por falta de devolução; (4) Para determinar o vencimento extraordinário (antecipado) na ocorrência de falência do aceitante; (5) protesto especial (art. 10 da LF). i) Local do protesto Em regra, o local do protesto é aquele onde deve ser exigida a obrigação. As partes podem eleger outro local, de comum acordo. j) Intimação Constitui-se num dos requisitos fundamentais, sendo que, se o devedor não for encontrado, far-se-á pela imprensa. A Lei 9.492/1997 regulamenta o protesto de títulos de créditos e outros documentos, estabelecendo em seu art. 14 que o tabelião procederá da seguinte forma: intimação pessoal, que será feita por portador do próprio tabelião (oficial do cartório); intimação por outros meios (avisos, cartas, notificações), desde que comprovado seu recebimento mediante protocolo, aviso de recebimento ou outro meio equivalente; intimação por edital Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 18 62 (será feita quando a pessoa indicada para aceitar ou pagar for desconhecida, de localização incerta ou ignorada, quando o devedor for residente fora da competência territorial do tabelionato ou quando ninguém se dispuser a receber a intimação no endereço fornecido pelo apresentador do título). k) Protesto por indicação Ocorre na hipótese em que o título entregue ao devedor para dar seu aceite não foi devolvido sem motivo justificado, sendo que o portador terá de tirar o protesto mediante simples indicação feita ao Oficial de Protesto, uma vez que não dispõe do título para apresentá-lo ao serventuário. 1.4.4. Ação Cambial Conforme já mencionamos, todo crédito representado por um título de crédito, formalmente descrito na lei, submete-se ao regime cambiário. Tendo em vista tal condição, o direito se consubstancia no título e enseja, para sua cobrança, a mera apresentação do título. Isso porque não há necessidade de discutir-se a causa debendi em face da aplicação do princípio da autonomia, isto é, a obrigação constante do título desvincula-se da causa que lhe deu origem. A ação cambial caracteriza-se como aquela em que, para a cobrança do título de crédito, em face de sua autonomia, não há necessidade de discutir a causa debendi, já que a obrigação constante do título é autônoma. A ação cambial pode se desenvolver mediante ação de execução ou ação de conhecimento. Como execução, a ação cambial se desenvolve aproveitando-se da qualidade do título como executivo extrajudicial (art. 784, I, do CPC), ou seja, enquanto não estiver prescrita a sua cobrança via execução. Ex.: o cheque pode ser executado em até seis meses, contados da data-limite para apresentação do título ao sacado, que pode ser de 30 dias, na mesma praça, ou de 60 dias, em praças diferentes. Como conhecimento, a ação cambial se desenvolve por meio de uma das formas procedimentais, de acordo com o rito estabelecido na lei, que pode ser por procedimento comum ou até pelo procedimento monitório (já que o título representa confissão de dívida). Ex.: o cheque prescrito (aquele não cobrado no prazo de seis meses contados a partir do término da data-limite para apresentação) poderá ser cobrado mediante ação de monitória, num prazo de cinco anos da data de sua emissão, quando, então, a ação poderá ter por base somente o título, sem indagações da causa debendi, tudo conforme a súmula 503, STJ. Portanto, a ação cambial é aquela em que enseja a cobrança do título, seja por via executiva diretamente, seja por prévia ação de conhecimento e posterior execução, mas que, pelo fato de o título se submeter ao regime cambiário, não é necessário perquirir sobre a causa debendi que deu origem ao título. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 19 62 Contudo, nas duas hipóteses, é desnecessária a indicação da causa debendi como fundamento fático para a cobrança do débito. 1.4.5. Prescrição da Ação Cambial A Lei Uniforme (art. 70) fixou o prazo prescricional para a ação cambial. Assim, temos: • Prescrevem em três anos a contar do seu vencimento Todas as ações contra ao aceitante • Prescrevem em um ano, a contar da data do protesto feito em tempo útil ou da data do vencimento Ações ao portador contra os endossantes e contra o sacador •Seis meses a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado Ações do endossantes uns contra os outros e contra o sacador Classificação dos Títulos de Crédito – Livre: não tem padrão definido – Vinculado: padrão específico – Promessa: emitente/sacador e beneficiário/tomador – Ordem de pagamento: parte que dá ordem, parte que deve cumprir a ordem e parte beneficiária da ordem – Nominativo: emitido em nome de pessoa natural ou jurídica – À ordem: emitido em benefício da pessoa indicada ou a indicar – Mistos: nominativos/ao portador Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 20 62 2. LETRA DE CÂMBIO E NOTA PROMISSÓRIA 2. 1. LETRA DE CÂMBIO A letra de câmbio é um título de crédito abstrato, que corresponde a um documento formal, decorrente da relação de crédito entre duas ou mais pessoas. Por essa relação de crédito o sacador dá ordem de pagamento pura e simples, à vista ou a prazo, ao sacado, a seu favor ou de terceira pessoa (tomador ou beneficiário), no valor e nas condições nela constantes. 2.1.1. Saque A letra de câmbio é uma ordem de pagamento. Portanto, seu saque ou emissão geram três relações jurídicas. O sacador emite a ordem para que o sacado pague e o tomador se beneficie. O saque autoriza o tomador a procurar o sacado para, ocorridas determinadas condições, receber a quantia referida no título, e vincula o sacador ao pagamento da letra de câmbio. Caso o sacado não pague ao tomador o valor mencionado na letra de câmbio, poderá este cobrar o valor do sacador, na medida em que o sacador, ao praticar o saque, tornou-se codevedor do título. São requisitos da letra de câmbio: a) a expressão letra de câmbio; b) a ordem de pagar a quantia; c) o nome do sacado; d) o lugar do pagamento; e) o nome do tomador; f) o local e data do saque; g) a assinatura do sacador. Sacador Sacado Tomador/Beneficiário Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 21 62 Os requisitosda letra de câmbio e dos demais títulos de crédito podem ser preenchidos até o momento em que a cártula é apresentada para cobrança ou protesto, viabilizando-se, destarte, a sua circulação em branco ou incompleta, estando, pois, o portador de boa-fé legitimado a preenchê-la, ostentando a condição de mandatário tácito do sacador. Sobre o assunto, dispõe a Súmula 387 do STF: A cambial emitida ou aceita com omissão ou em branco pode ser completada pelo credor de boa-fé, antes da cobrança ou do protesto. Vê-se, assim, que é inadmissível a cobrança, a execução ou o protesto de título de crédito que não esteja devidamente preenchido. Cumpre ainda esclarecer que até mesmo o saque da letra de câmbio, e não apenas os demais atos cambiários, pode ser realizado por procurador com poderes especiais. Todavia, em conformidade com o art. 8º da Lei Uniforme, todo aquele que opuser a sua assinatura numa letra, como representante de uma pessoa, sem que tenha poderes para tanto ou então extrapolando os seus poderes, fica obrigado pela aludida letra, mas, em contrapartida, se “A” pagar, passa a ter os mesmos direitos que o pretendido representado teria. A mesma regra se aplica ao representante que tenha excedido os seus poderes. Requisitos da Letra de Câmbio Expressão “letra de câmbio” Mandato puro e simples para pagar quantia Nome do sacado Época do pagamento Lugar do pagamento Nome do beneficiário Lugar da emissão Assinatura do sacador Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 22 62 2.1.2. Aceite O aceite é o ato cambial pelo qual o sacado de uma ordem de pagamento a prazo concorda em se obrigar a efetuar o pagamento no vencimento do título que lhe é apresentado. O sacado, antes do aceite, não é ainda devedor da letra. Aliás, na letra de câmbio, o aceite é facultativo. Contudo, ao aceitá-la, o sacado passa a se chamar aceitante, tornando-se o devedor principal do título. Assim, a letra de câmbio a prazo é apresentada ao sacado duas vezes. A primeira é para o aceite, a segunda, para o pagamento. É denominado “vista” ou “vista para aceite” o ato pelo qual o portador da letra a apresenta ao sacado para que este dê sua anuência ao pagamento. O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra “aceite” ou qualquer outra palavra equivalente, como, por exemplo, a expressão “de acordo”. Vale, também, como aceite, a simples assinatura do sacado aposta no anverso da letra. Em resumo, o aceite, no anverso, pode se expressar com a mera assinatura do sacado, mas, no verso, além dessa assinatura, é necessária a inserção escrita da palavra “aceite” ou outra equivalente. Aceite limitativo: é aquele em que o sacado aceita pagar apenas uma parte do valor do título. Cláusula não aceitável: é a que traz a proibição do aceite antes da data de seu vencimento. Efeitos do aceite Torna o sacado devedor principal, fazendo o sacador solidariamente responsável pela obrigação O sacado passa a ser tratado como aceitante É facultativo, portanto, o beneficiário deve procurar o sacado para expressar o aceite ou não e, se positivo, retornar para receber o valor representado na cártula Aceite Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 23 62 2.1.3. Endosso No que se refere ao ato jurídico que opera a transferência da titularidade, os títulos de crédito são obrigatoriamente nominativos, e poderão ser “à ordem” ou “não à ordem”. Os títulos “à ordem” são aqueles cuja circulação ocorre mediante endosso; a cláusula “não à ordem” inviabiliza o endosso, devendo a transferência da titularidade da letra de câmbio operar-se pela via da cessão civil de crédito, conforme preceitua a segunda parte do art. 11 da Lei Uniforme. Endosso é o ato cambiário que opera a transferência do crédito, representado por um título “à ordem”. A cláusula “à ordem” é tácita. Dessa forma, para que um título de crédito seja considerado “à ordem” e, portanto, transferível por endosso, basta que não contenha uma cláusula “não à ordem”. O endossante e o endossatário são as partes envolvidas no endosso. O primeiro é o proprietário do título de crédito, ostentando, em razão disso, a qualidade de credor da cártula. O segundo é a pessoa para a qual o título foi transferido, sendo, pois, o seu novo proprietário, assumindo também a posição de credor. É claro que apenas o proprietário do título de crédito desfruta de legitimidade para endossá-lo, porquanto ninguém pode transferir direitos que não possui, distinguindo-se, assim, do aval, que é uma garantia dada por terceiro estranho ao título. Não há limite ao número de endosso. Este pode ser feito em favor de qualquer pessoa, inclusive do próprio sacado, aceitando ou não, do sacador, ou de qualquer outro coobrigado, sendo que estas pessoas poderão endossar novamente a letra. O primeiro endosso deverá ser efetuado pelo tomador, que é o primeiro credor do título. O segundo endossador ou endossante é o endossatário do tomador, e assim sucessivamente. Cada endossante, ao endossar o título de crédito a um endossatário, deixa de ser credor do valor nele mencionado, passando a figurar como codevedor juntamente com os demais endossadores e o sacado. Endosso em preto é o que identifica o nome do endossatário, revelando-se pela expressão “pague-se a Fausto Silva”. •Sacado se desobriga •A obrigação vence antecipadamente contra o sacador Recusa do aceite •Sacado aceita pagar apenas uma parte do valor do título •Pode, ainda, alterar prazo ou lugar do pagamento Aceite limitativo •Proibição do aceite •Título é apresentado ao sacado apenas na oportunidade para pagamento Cláusula não aceitável Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 24 62 Endosso em branco é o que não identifica o endossatário, revelando-se por simples assinatura do endossante no verso do título ou no anverso pela expressão “pague-se” ou outra equivalente. Com o endosso em branco, transforma-se o título em “ao portador”, podendo, desde então, ser transferido com a mera tradição, prescindindo-se de um novo endosso. No endosso em branco, porém, continua existindo a figura do endossatário, considerando-se como tal o portador do título. Não obstante, o endosso em branco autoriza a transferência do título pela simples tradição, transformando-o em “ao portador”, sendo certo que, por força do art. 1º da Lei 8.021/1990, no momento do pagamento, é obrigatória a identificação do beneficiado, inserindo-se o seu nome no espaço em branco em que se lançou o endosso. Essa prática já era possível, nos termos do art. 14 da Lei Uniforme, mas tornou-se obrigatória com a Lei 8.021/1990, funcionando como um mecanismo de controle fiscal. Outra modalidade de endosso é o chamado endosso mandato, o que institui o portador da cártula como o mandatário do proprietário do título de crédito, autorizando-o a efetuar a cobrança em nome deste. Referido endosso, que nada mais é do que um simples mandato, e, por isso, não se reveste de efeito translativo da propriedade do título, revela-se por mandato, isto é, na qualidade de procurador, o que equivale a um substabelecimento. •Identifica o endossatário •"Pague-se a ..." Endosso em preto •Não identifica o endossatário •Torna o título em “ao portador” •Transferência por simples tradição: transmitente não se vincula ao pagamento •Transferência por endosso: transmitente se torna devedor solidário Endosso em branco • Trata-se de simples mandato • Há transmissão dos direitos de cobrança e emergentes do título de crédito • Não há transmissãodo crédito Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 25 62 De fato, o endossatário-mandatário não é o credor do título, mas mero representante do credor, e, sendo assim, o devedor não pode se opor ao pagamento com as defesas que teria perante esse endossatário. O mandatário tem legitimidade para protestar o título e executá-lo judicialmente por meio das expressões “por procuração” ou “pague-se por procuração”, “valor a cobrar”, “para cobrança”, ou qualquer outra que implique em simples mandato. De acordo com o art. 18 da Lei Uniforme, o mandato que resulta de um endosso por procuração não se extingue por morte ou sobrevinda incapacidade legal do mandante, excepcionando-se, destarte, a norma contrária prevista no Código Civil. Convém, ainda, acrescentar que, no endosso-mandato, os poderes do mandatário circunscrevem-se à cobrança da cártula e demais direitos emergentes do título de crédito, podendo, inclusive, endossá-lo, como salientado anteriormente, e desfrutar de todos os direitos emergentes da letra. Súmula 476 do STJ: O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário. Outra modalidade importante de endosso é o endosso-caução, que propicia a posse do título, como penhor, em favor do credor do endossante. Tome-se como exemplo dinheiro emprestado de um amigo, descontando-lhe, como caução, uma letra de câmbio, que será devolvida quando o pagamento do débito for efetivado. Aludido endosso é exteriorizado quando existe no título menção a expressões como “pague- se por caução”, “valor em garantia”, “valor em penhor”, ou qualquer outra que implique uma caução. O portador pode exercer todos os direitos emergentes do título, inclusive protestá-lo e executá-lo judicialmente, caso haja inadimplemento, facultando-se-lhe, ainda, a prática do endosso por procuração. E, finalmente, temos o endosso tardio, ou póstumo, ou impróprio, que é feito após o título já ter sido protestado por falta de pagamento, ou depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto. Endosso Mandato Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 26 62 Neste endosso, o endossante não é devedor solidário, respondendo, tão somente, pela existência do título de crédito e, ainda assim, apenas perante o endossatário. Produz, como se vê, os efeitos de uma cessão civil de crédito. Súmula 475 do STJ: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido, o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. 2.1.4. Aval Aval é o ato cambiário pelo qual uma pessoa garante o pagamento do título de crédito em favor de outro coobrigado. Essa garantia é dada por um terceiro ou mesmo por signatário da letra de câmbio (art. 3º da Lei Uniforme). Vê-se, assim, que pessoas já coobrigadas, como o sacador, aceitante e endossantes, podem avalizar o título, mas, em regra, não se visualiza utilidade prática em semelhantes avais, porquanto elas já são, por força de lei, devedoras solidárias da cártula; referidos avais só não serão inócuos quando forem em benefício de um coobrigado mais próximo, porque daí o avalista poderá ser cobrado com antecedência. Isso ocorre, por exemplo, quando o sacador ou endossante concede aval em favor do aceitante. O avalista ou dador de aval é a pessoa que se responsabiliza pelo pagamento, tornando-se, pois, coobrigado, da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada. • Após o título ser protestado por falta de pagamento • Após o prazo de protesto • Tem efeitos equivalentes aos da cessão de crédito Endosso Tardio Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 27 62 O avalizado, por sua vez, é a pessoa em favor de quem foi dado o aval. A propósito, o aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de indicação, entender-se-á pelo sacador (art. 31 da Lei Uniforme). O avalista deve ser capaz, mas sua incapacidade limita-se a anular o aval, mantendo-se a validade do título de crédito, por força do princípio da autonomia das obrigações cambiais (art. 7º da Lei Uniforme). De fato, a obrigação do avalista é autônoma e independente das obrigações assumidas pelos demais signatários do título, circunstância que levou Rubens Requião a afirmar que o aval dado a uma assinatura falsa, ou a obrigação assumida por um menor incapaz, não é atingido pela nulidade decorrente da falsificação ou da incapacidade do menor. Responsabilidade Solidária Sobre o assunto, também dispõe o art. 32 da Lei Uniforme que a obrigação do avalista se mantém, mesmo no caso de obrigação que ele garantia ser nula por qualquer razão que não seja um vício de forma. Assim, somente o vício de forma, como, por exemplo, o aval dado em documento separado, é capaz de excluir a obrigação do avalista. Aval Avalizado: pessoa em favor de quem foi dado o aval, na falta de indicação, será o sacador Avalista: pessoa que se responsabiliza pelo pagamento Deve ser capaz, porém sua incapacidade limita-se à anulação do aval, mantendo-se válido o título » princípio da autonomia das relações cambiárias Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 28 62 Aval em branco é o que não identifica o avalizado, reputando-se como tal o sacador (art. 31 da Lei Uniforme). Aval em preto, ao revés, é o que identifica expressamente o avalizado. Nesse caso, o beneficiado pode ser qualquer coobrigado do título (aceitante, sacador, endossantes e avalistas). Avais simultâneos são os lançados por dois ou mais avalistas em favor do mesmo avalizado. É quando o devedor tem mais de um avalista. Avais sucessivos ocorrem quando um avalista garante o outro avalista. É quando um avalista também tem avalista. De acordo com a jurisprudência, não se presume, dependendo, pois, de cláusula expressa de sucessividade. Os avais em branco, quando superpostos em linhas, isto é, com uma assinatura acima da outra, são considerados simultâneos, em benefício do sacador, ainda que figurem em série, com número de ordem (primeiro avalista, segundo avalista etc.), consoante dispõe a Súmula 189 do STF, cujo teor é o seguinte: Súmula 189 do STF: Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos. Súmula 26 do STJ: O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário. Aval Em branco: é aquele que não identifica o avalizado, portanto reputa-se o sacador Em preto: identifica expressamente o avalizado (aceitante, sacador, endossantes e avalistas) Simultâneos: são os lançados por dois ou mais avalistas em favor do mesmo avalizado Sucessivos: são lançados por dois avalistas, um avalista garante outro avalista Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 29 62 2.1.5. Vencimento Vencimento é o fato jurídico a partir do qual a obrigação se torna exigível. De acordo com o art. 2º da Lei Uniforme, a letra de câmbio em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista. Forçoso convir, portanto, que a época do pagamento é um requisito facultativo, isto é, a sua ausêncianão desqualifica o título como letra de câmbio. No dia do vencimento do título, este já se revela exigível, podendo ser cobrado do aceitante e seu respectivo avalista, independentemente do protesto; todavia, para cobrança dos demais coobrigados, o protesto se faz necessário. O vencimento duplo gera a nulidade da letra de câmbio. Com efeito, dispõe o art. 33 da Lei Uniforme que as letras, quer com vencimentos diferentes, quer com vencimentos sucessivos, são nulas. O vencimento poderá ser à vista, a certo termo da data, a certo termo da vista ou a dia certo. A certo termo da vista: é aquela em que o vencimento se opera num determinado período, cujo termo inicial é a data do aceite ou a data do protesto por falta de aceite. As letras a certo termo de vista devem ser apresentadas ao aceite dentro do prazo de um ano, a contar da data do saque, mas o sacador pode reduzir esse prazo ou estipular um prazo maior, sendo que esses prazos também podem ser reduzidos pelos endossantes (art. 23 da Lei Uniforme). Se não for apresentado dentro desses prazos, o portador não poderá exercer o direito de regresso contra os coobrigados anteriores. Na falta de data do aceite, por dolo ou negligência do aceitante, o portador da letra de câmbio possui três opções: a primeira é inserir no título a data do aceite, procedendo-se com boa-fé (Súmula 387 do STF). A segunda é providenciar o protesto por falta de data do aceite, para que o aceitante seja intimado a datá-lo, sob pena de ser considerada a data do protesto como sendo o dia do aceite. A terceira é considerar a data do último dia do prazo para a apresentação ao aceite (art. 35 da Lei Uniforme). A certo termo da data: tem-se o vencimento após o transcurso de um lapso temporal iniciado na data do saque. A data certa: tem-se por vencido o título em dia predeterminado pelas partes. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 30 62 As regras de contagem do prazo de vencimento no direito cambiário estão dispostas no art. 36 da Lei Uniforme. Ressalte-se que, para efeito de contagem de prazo, dia útil é aquele em que há expediente bancário. As obrigações de pagar, em geral, poderão ser quesíveis (quérable) ou portáveis (portable). São quesíveis quando cabe ao credor a iniciativa de procurar o devedor para a satisfação de seu crédito. São portáveis quando cabe ao devedor a iniciativa de procurar o credor para o pagamento de seu débito. 2.1.6. Protesto O protesto é um ato notarial que visa documentar, no próprio título, a ocorrência de um fato que tem relevância para as relações cambiais. A letra de câmbio comporta três tipos de protesto: por falta de aceite; por falta de data de aceite; e por falta de pagamento. O protesto por falta de aceite é cabível quando o sacado, antes do vencimento da letra de câmbio, se recusa a emitir o aceite ou não é encontrado para aceitá-la. De fato, quando se trata de uma letra de câmbio à vista, não há que se falar em protesto por falta de aceite. Referido título é apresentado ao sacado, no dia do vencimento, apenas para Vencimento A certo termo da vista – termo inicial: Data do aceite Data do protesto por falta de aceite A certo termo da data: termo inicial do prazo é a data do saque A data certa: dia predeterminado pelas partes Falta de data do aceite – o portador do título tem três opções: Inserir no título a data do aceite Providenciar o protesto por falta de data do aceite, para que o aceitante seja intimado a datá-lo Considerar a data do último dia do prazo para a apresentação ao aceite Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 31 62 pagamento, e não para aceite, sendo que a sua recusa enseja o protesto por falta de pagamento contra o sacador e outros coobrigados. Fran Martins ainda admite o protesto por falta de aceite quando o sacado se recusa a devolver a letra de câmbio, em 24 horas, viabilizando-se o protesto mediante as indicações da letra de câmbio ao oficial de protesto, descrevendo seus requisitos. O protesto por falta de aceite é extraído contra o sacador, mas o cartório intimará o sacado a manifestar se irá ou não aceitar a letra de câmbio. Aceitando-a, o protesto não se realiza. Recusando-se o aceite, o protesto se concretiza na pessoa do sacador, tendo em vista que o sacado não é obrigado a aceitar a letra de câmbio. O protesto por falta de aceite deve ser feito nos prazos fixados para a apresentação do aceite (art. 44 da LU), que, grosso modo, é de um ano a contar do saque, salvo se o sacador reduziu esse prazo, ou estipulou outro maior, ou se esses prazos foram reduzidos pelos endossantes. Se a letra de câmbio for apresentada para aceite no último dia do prazo fixado e o sacado houver pedido o prazo de respiro, para que a letra lhe seja apresentada uma segunda vez no dia seguinte, o protesto ainda poderá se realizar no dia seguinte ao último dia do prazo. Convém, ainda, esclarecer que o protesto por falta de aceite dispensa o protesto por falta de pagamento em relação ao sacador, viabilizando-se, desde logo, contra ele, a cobrança judicial (art. 44 da LU). Protesto Por falta de aceite • Antes do vencimento da letra de câmbio • Sacado se recusa a emitir o aceite ou não é encontrado para aceitá-lo Por falta de data de aceite • Letra de câmbio a certo termo de vista • Pode ser extraído até o término do prazo para apresentação ao aceite Por falta de pagamento • Facultativo em relação ao aceitante e respectivo avalista • Necessário para a cobrança judicial em relação aos demais coobrigados A certo termo da data ou de vista e dia fixo: o protesto deve ser feito num dos dois dias úteis seguintes àquele em que a letra de câmbio é pagável. À vista: o protesto deve ser feito dentro do prazo de um ano, a contar da data do saque, salvo se fixado outro prazo. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 32 62 2.1.7. Prescrição O prazo prescricional está fixado no art. 70 da LU: Três anos: a contar da data do vencimento do título – para o exercício do direito de crédito contra o devedor principal e seu avalista. Um ano: a contar da data do protesto do título – para o exercício do direito de crédito contra os coobrigados (sacador, endossantes e respectivos avalistas). Seis meses: a contar do pagamento – para o exercício do direito de regresso por qualquer um dos coobrigados. De acordo com o art. 71 da Lei Uniforme, a interrupção da prescrição só produz efeitos em relação à pessoa para quem a interrupção foi feita, fluindo normalmente para os demais, diferentemente do estatuído pelo §1º do art. 204 do Código Civil, segundo o qual, a interrupção efetuada contra devedor solidário envolve os demais devedores. Prevalece, no entanto, para o direito cambiário, o art. 71 da Lei Uniforme, conforme já salientado anteriormente. O art. 48 do Decreto 2.044/1908 admite, após a prescrição, ação baseada na proibição do enriquecimento sem causa, dispondo o seguinte: Sem embargo da desoneração da responsabilidade cambial, o sacador ou aceitante fica obrigado a restituir ao portador com os juros legais, a soma com a qual se locupletou à custa deste. A ação do portador, para esse fim, é a ordinária. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 33 62 2.2. NOTA PROMISSÓRIA É a promessa de pagamento que uma pessoa faz a outra. Vimos que, quando do saque das letras de câmbio, surgem trêssituações jurídicas distintas: sacador, sacado e tomador. Tratando-se de notas promissórias, surgem duas situações jurídicas distintas: aquele que promete pagar determinada quantia e o beneficiário dessa promessa. A pessoa que promete pagar denomina-se sacador, promitente ou emitente. A pessoa em favor de quem é feita a promessa denomina-se sacado ou beneficiário. Os requisitos essenciais das notas promissórias são: a) denominação “nota promissória” expressa no idioma empregado no título; b) promessa pura e simples de pagar quantia determinada; c) pessoa a quem deve ser paga; d) data de emissão; e) assinatura do emitente. P re sc ri çã o 3 anos, a contar da data do vencimento do título: contra devedor principal e seu avalista 1 ano, a contar da data do protesto do título: contra coobrigados 6 meses, a contar do pagamento: regresso por qualquer um dos coobrigados A interrupção da prescrição só produz efeitos em relação à pessoa para quem a interrupção foi feita. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 34 62 Súmula 258 do STJ: A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. 3. CHEQUE 3.1. CARACTERÍSTICAS Cheque é o título de crédito emitido contra banco, ou instituição financeira que lhe seja equiparada, contendo uma ordem de pagamento à vista. Nota Promissória Requisitos: • Expressão “nota promissória” no título • Promessa pura e simples de pagar quantia determinada • Pessoa a quem deve ser paga • Data de emissão • Assinatura do emitente A prescrição trienal da pretensão à execução de nota promissória à vista conta- se a partir do término do prazo legal para apresentação a pagamento ou do prazo fixado no título Sacador/Promitente/Emitente: Pessoa que promete pagar Sacado/Beneficiário: Pessoa em favor de quem foi feita a promessa Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 35 62 O cheque é disciplinado pela Lei 7.357/1985, cujo art. 32 dispõe que ele é pagável à vista, considerando-se não escrita qualquer menção em contrário. Não se admite, como se vê, a cláusula de pagamento a prazo, mas a sua inserção não anula o cheque, sendo, pois, reputada não escrita, isto é, inexistente. A propósito, o parágrafo único do citado art. 32 preceitua que o cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação. Convém ainda frisar que o cheque é emitido contra banco, ou instituição financeira que lhe seja equiparada, sob pena de não valer como cheque (art. 3º). O sacador é o emitente do cheque e o sacado é o banco, sendo o beneficiário aquele em favor do qual determinada quantia é paga. A falta de fundos disponíveis não prejudica a validade do título como cheque (art. 4º). É da competência do Conselho Monetário Nacional expedir normas relativas à matéria bancária relacionada com o cheque (art. 69 da Lei 7.357/1985). Dentre essas normas, merece destaque a que transforma o cheque em título de modelo vinculado, cujo papel fornecido pelo banco, em talão ou avulso, deve observar formato normativo. É elemento essencial do cheque ser um título à vista.1 No Brasil, o cheque é necessariamente nominativo. Observe-se, entretanto, que o Plano Collor (Lei 8.021/1990) estabeleceu que o cheque poderá ser ao portador até determinada quantia e a Súmula 370 do STJ o reconhece 1.Contrato Sacado (Banco) Beneficiário (lojista) Sacador (correntista) 3. Apresentação do título ao Banco para pagamento 2. Emissão Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 36 62 na forma pré-datada ao se posicionar pela caracterização do dano moral por sua apresentação antecipada. O prazo de apresentação do cheque será de: a) 30 dias, tratando-se de cheque da mesma praça; b) 60 dias, tratando-se de cheques de praças diferentes. O termo inicial para a contagem do prazo de prescrição do cheque é a expiração do prazo de apresentação citado anteriormente, que será de seis meses. A prescrição da pretensão executória não atinge o próprio direito material ou crédito, que podem ser exercidos ou cobrados por outra via processual, admitida pelo ordenamento jurídico. Após o transcurso do prazo prescricional, o cheque não será mais considerado título executivo; porém, como título monitório, poderá consubstanciar prova escrita para o ajuizamento da ação monitória. Apresentação para pagamento Praças distintas 60 dias + 6 meses 30 dias Mesma praça Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 37 62 Nesse sentido, as Súmulas 503, 504 e 505 do STJ também seguiram a orientação jurisprudencial anterior e a seguir citada, principalmente para definir o prazo quinquenal e o termo inicial da contagem prescricional, seja o dia seguinte ao vencimento do título: Súmula 247 do STJ: O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado de demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento de ação monitória. 3.2. CHEQUE CRUZADO O cheque cruzado, por sua vez, é o que contém, no anverso, dois traços paralelos, inseridos pelo emitente ou por qualquer portador. A finalidade do cruzamento, que é evitar que o cheque seja pago diretamente no caixa da agência bancária sem que se identifique o beneficiado, na verdade, é atingida por qualquer cheque de valor superior a cem reais, independentemente de cruzamento, pois, a partir desse valor, o cheque tem que ser nominativo. Força, portanto, convir que a utilidade prática do cruzamento cinge-se aos cheques ao portador, que, no Brasil, não pode ter valor superior a cem reais. Uma vez cruzado, veda-se o saque direto no caixa, exigindo-se, pois, o depósito do cheque, realizando-se, destarte, a identificação do beneficiado. O cruzamento é em branco se entre os dois traços não houver nenhuma indicação do nome do banco ou, então, existir apenas a indicação “banco”, ou outra equivalente. O cheque com cruzamento geral pode ser pago pelo banco sacado a outro banco, ou a cliente do sacado, mediante crédito em conta. O cruzamento é especial ou em preto se entre os dois traços existir a indicação do nome do banco. O cheque com cruzamento especial só pode ser pago pelo sacado ao banco indicado ou, se este for o sacado, a cliente seu, mediante crédito em conta. Se o credor não tiver conta no banco indicado, ficará impedido de depositar o cheque, restando-lhe, no entanto, a opção de endossar o cheque. O cruzamento é irretratável. A propósito, dispõe o § 3º do art. 44 da Lei 7.357/1985 que a inutilização do cruzamento ou do nome do banco é reputada como não existente. O cruzamento geral pode ser convertido em especial, mas este não pode converter-se naquele. 3.3. CHEQUE PARA SER LEVADO EM CONTA A Lei 7.357/1985, em seu art. 46, define cheque para ser levado em conta como aquele que possui cláusula proibindo o seu pagamento em dinheiro. Alessandro Sanchez Aula 04 Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXX Exame - Com Videoaulas www.estrategiaconcursos.com.br 1313729 18343704002 - Joao Melo 38 62 Essa cláusula, que pode ser inserida pelo emitente ou por qualquer portador, é revelada pela expressão “para ser creditado em conta”, ou outra equivalente, escrita de forma transversal no anverso do título. Nesse caso, o pagamento pelo sacado é feito por lançamento contábil, após o depósito do cheque, consistente
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