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SILVA ET AL 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DÉBORA YASMIN CAVALCANTE DA SILVA 
SAMARA THAÍS LIMA RAMOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA JARDIM FILTRANTE: 
alternativa para o tratamento do efluente cinza na zona urbana 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACEIÓ-AL 
2018/1 
 
 
 
DÉBORA YASMIN CAVALCANTE DA SILVA 
SAMARA THAÍS LIMA RAMOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA JARDIM FILTRANTE: 
alternativa para o tratamento do efluente cinza na zona urbana 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como 
requisito final para conclusão do curso de Engenharia 
Civil do CESMAC, sob a orientação da professora 
Me. Marianny Monteiro Pereira de Lira e coorientação 
da professora Daysy Lira Oliveira Cavalcanti. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACEIÓ/-AL 
2018/1 
 
 
 
 
S586i Silva, Débora Yasmin Cavalcante da 
Implantação do sistema jardim filtrante: alternativa para o 
tratamento do efluente cinza na zona urbana / Débora Yasmin 
Cavalcante da Silva, Samara Thaís Lima Ramos. -- Maceió: 2018 
73 f.: il. 
 
 
TCC (Graduação em Engenharia civil) - Centro Universitário 
CESMAC, Maceió - AL, 2018. 
Orientador: Marianny Monteiro Pereira de Lira 
Coorientadora: Daysy Lira Oliveira Cavalcanti 
 
1. Jardim filtrante. 2. Tratamento de águas cinzas. 
3. Reutilização de esgoto doméstico. 4. Tratamento natural de 
esgoto. 
 
I. Lira, Marianny Monteiro Pereira de. II. Cavalcanti, Daysy Lira 
Oliveira. III.Título. 
 
CDU: 628.3.033 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REDE DE BIBLIOTECAS 
CESMAC 
 
 
Evandro Santos Cavalcante 
Bibliotecário CRB-4/1700 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradecemos primeiramente a Deus pelo dom da vida, por toda força, saúde 
e coragem que nos foi dada para conseguirmos chegar ao fim de nossa graduação 
em Engenharia Civil, e que apesar dos desafios encontrados ao longo do caminho 
nos manteve firmes e fortes em busca do nosso sonho. 
 Um muito obrigada as nossas famílias pelo suporte e dedicação durante 
todos os anos de graduação, graças ao apoio de vocês conseguimos chegar até 
aqui e alcançar esse sonho e aos amigos por toda colaboração na construção desse 
trabalho, a participação de vocês foi fundamentação na concretização deste projeto. 
Gratidão também a Universidade que nos recebeu de braços abertos, que nos 
deu suporte e condições de aprendizagem, principalmente com o nosso Trabalho de 
Conclusão de Curso, agradecemos ao apoio dado pela nossa coordenadora 
Rosineide e ao pessoal do laboratório de Construção civil na elaboração deste 
projeto. 
Aos professores que sem dúvida alguma foram essenciais nesse processo de 
aprendizagem, em sua maioria com muita paciência e sabedoria para lidar com as 
nossas dúvidas e as perturbações diárias. 
Muito Obrigada a Professora Marianny Monteiro por orientar nosso trabalho 
de conclusão de curso da melhor forma possível, sempre nos dando ideias, 
apoiando e principalmente nas horas mais difíceis acreditando que tudo daria certo, 
não poderíamos ter melhor orientadora e a Professora Daysy Cavalcante por nós 
auxiliar na conclusão do nosso trabalho. 
E por fim, a todos que de alguma forma nos ajudaram a chegar ao fim destes 
cinco anos de luta, lagrimas e alegrias, somos gratas a cada um de vocês. 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA JARDIM FILTRANTE: alternativa para o tratamento 
do efluente cinza na zona urbana 
IMPLEMENTATION OF THE GARDEN FILTER SYSTEM: alternative for the 
treatment of gray effluent in urban areas 
 
Débora Yasmin Cavalcante da Silva 
Graduanda em engenharia civil 
Deborayasmin2010@hotmail.com 
Samara Thaís Lima Ramos 
Graduanda em engenharia civil 
Samarathais_15@hotmail.com 
Marianny Monteiro Pereira de Lira 
Mestra em Engenharia Civil 
Marianny.monteiro@gmail.com 
Daysy Lira Oliveira Cavalcanti 
daysyy_lira@hotmail.com 
Mestra em Engenharia Civil 
 
RESUMO 
 
O descarte inadequado do esgoto doméstico sem o devido tratamento gera sérios problemas que 
afetam a qualidade das águas, além de desequilibrar o ecossistema aquático e proporcionar 
malefícios a saúde pública. Em busca de uma alternativa natural e econômica para minimizar esses 
problemas foi desenvolvido o presente trabalho apresentando uma alternativa para o 
reaproveitamento do efluente gerado pelo esgoto doméstico. Nesse sistema as águas cinza são 
tratadas por meio de um sistema de tratamento natural e simples denominado Jardim Filtrante. 
Através de estudos sobre implantação e dimensionamento foi possível sua construção e instalação, 
que não só proporcionou um adequado tratamento eficiente e econômico para o efluente gerado 
como também uma valorização paisagística do espaço onde foi implantado proporcionando uma 
maior qualidade de vida aos usuários. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Jardim Filtrante. Tratamento de águas cinzas. Reutilização de 
esgoto doméstico. Tratamento natural de esgoto. 
 
ABSTRACT 
 
The inadequate disposal of domestic wastewater without proper treatment creates serious problems 
that affect water quality, as well as unbalance the aquatic ecosystem and harm public health. In 
search of a natural and economical alternative to minimize these problems, the present work 
presented an alternative for the reuse of the effluent generated by domestic sewage, called gray water 
by means of a simple and natural treatment system called Garden Water Filter. Through studies it was 
possible to build and install it, which not only provided an adequate and efficient treatment for the 
generated effluent, but also a landscape appreciation of the space where it was installed, providing a 
higher quality of life for users. 
 
KEYWORDS: Garden Water Filter System. Grey water treatment. Wastewater reuse. 
Natural treatment of wastewater. 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1- Composição do Jardim Filtrante ................................................................ 22 
Figura 2- Ilustração das plantas macrófitas .............................................................. 23 
Figura 3 - Fluxograma das etapas construtivas do Jardim ....................................... 34 
Figura 4 - Área de estudo para implantação do Jardim Filtrante .............................. 35 
Figura 5 - Planta Baixa do Jardim Filtrante ............................................................... 35 
Figura 6 - Locação do terreno .................................................................................. 36 
Figura 7 - Levantamento da Alvenaria ...................................................................... 36 
Figura 8 - Aplicação do reboco ................................................................................. 37 
Figura 9 - Instalação das tubulações ........................................................................ 37 
Figura 10 - Dreno confeccionado com tubo de PVC................................................. 37 
Figura 11 - Dreno Horizontal Profundo de PVC ........................................................ 38 
Figura 12 - Instalação do Dreno Horizontal Profundo ............................................... 38 
Figura 13 - Caixas de gordura e retenção de sólidos ............................................... 39 
Figura 14 - Camada de Brita adicionada ao jardim juntamente com a tela para 
separação das camadas de materiais ....................................................................... 40 
Figura 15 - Camada de areia grossa ........................................................................ 40 
Figura 16 - Camada de terra vegetal ........................................................................ 41 
Figura 17 - Plantas macrófitas e ornamentais nativas da região .............................. 42 
Figura 18 - Armações das Tampas com CA-50 de 5,0 mm ...................................... 43 
Figura 19 - Lançamento e Adensamento do Concreto na forma da Tampa ............. 43 
Figura 20 – Tampasdo reservatório e caixa de gordura. ......................................... 44 
Figura 21 – Plantas inseridas no jardim filtrante ....................................................... 44 
Figura 22 - Estrutura do Jardim filtrante ................................................................... 45 
Figura 23 - Coleta de Efluente para realização de análises de parâmetros ............. 49 
Figura 24 - Efluente Coletado na Entrada do Jardim Filtrante .................................. 49 
Figura 25 - Planta Baixa - Jardim Filtrante .............................................................. 52 
Figura 26 - Planta Baixa do Jardim Filtrante ............................................................. 56 
Figura 27 - Planta de Corte - Jardim Filtrante ........................................................... 56 
Figura 28 - Espaço antes da implantação do Jardim Filtrante .................................. 60 
Figura 29 - Espaço depois da implantação do Jardim Filtrante ................................ 60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
Quadro 1 - Classificação das macrófitas aquáticas .................................................. 24 
Quadro 2 - Grau de Tratamento para Usos Múltiplos de Esgoto .............................. 28 
Quadro 3 - Espécies inseridas no Jardim Filtrante ................................................... 41 
Quadro 4 – Parâmetros analisados .......................................................................... 46 
Quadro 5 - Parâmetros analisados na entrada do efluente ...................................... 48 
Quadro 6 - Composição de Custos de Alvenaria ...................................................... 53 
Quadro 7 - Composição de Custos do Reboco ........................................................ 54 
Quadro 8 - Composição de Custos da Tubulação .................................................... 55 
Quadro 9 - Composição Interna de Custos do Jardim Filtrante ................................ 57 
Quadro 10 - Composição de Custo dos Materiais: Insumos..................................... 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8 
1.1 Considerações Iniciais ....................................................................................... 8 
1.2 Objetivos ............................................................................................................ 10 
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 10 
1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 10 
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 11 
2.1 Sistema de Esgotamento Sanitário Doméstico .............................................. 11 
2.1.1 Princípios do Tratamento de Esgoto ................................................................. 12 
2.1.2 Impactos da Disposição Inadequada de Esgoto Doméstico ............................. 14 
2.2 Alternativas Para o Tratamento de Esgoto ..................................................... 16 
2.2.1 Sistema Natural de Tratamento de Esgoto ....................................................... 17 
2.2.2 Jardim Filtrante ................................................................................................. 19 
2.2.2.1 Estrutura e composição dos Jardins Filtrantes ............................................. 22 
2.2.2.2 Dimensionamento ......................................................................................... 24 
2.3 Reuso doméstico para fins não potáveis ....................................................... 25 
2.3.1 Reuso de Águas Cinza ..................................................................................... 26 
2.3.2 Aspectos qualitativos das Águas Cinza ............................................................ 27 
2.3.2.1 Características físicas ................................................................................... 28 
2.3.2.2 Características Químicas .............................................................................. 29 
2.3.2.3 Características Microbiológicas .................................................................... 30 
2.3.3 Viabilidade Técnica ........................................................................................... 31 
3 METODOLOGIA ................................................................................................... 33 
3.1 Dimensionamento e implantação do Jardim filtrante. ................................... 33 
3.2 Análise de Parâmetros Físico-Químicos do Efluente .................................... 45 
3.3 Verificação do custo benefício da implantação do sistema .......................... 46 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 48 
4.1 Qualidade da água proveniente da entrada e saída do Jardim Filtrante ...... 48 
4.2 Alternativas de reúso após a análise do efluente .......................................... 50 
4.3 Custo para implantação do Jardim Filtrante .................................................. 50 
4.3.1 Quantificação de Materiais para composição de custos ................................... 50 
4.3.2 Área de Alvenaria ............................................................................................. 51 
4.3.3 Composição do Custo através do Orçamento de Obras de Sergipe – ORSE e 
Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil SINAPI ..... 52 
4.3.4 Considerações sobre o custo de implantação do Jardim Filtrante .................... 57 
4.4 Benefício da implantação do jardim filtrante .................................................. 59 
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 61 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63 
ANEXOS ................................................................................................................... 70 
ANEXO A - Orçamento dos parâmetros fisico-quimicos e biológico realizado pelo 
Institituto do Meio Ambiente. ..................................................................................... 71 
ANEXO B – Resultado de Ensaios Analíticos (Físicos, Químicos e Biológicos) ....... 72 
8 
 
1 INTRODUÇÃO 
1.1 Considerações Iniciais 
O descarte inadequado do esgoto doméstico gera sérios problemas 
ambientais, sociais, saúde pública. O despejo do esgoto sem o devido tratamento 
afeta a qualidade das águas, além de desequilibrar o ecossistema aquático e trazer 
malefícios a saúde pública. 
Dados do Instituto Trata Brasil (2015), apontam que de todo o esgoto 
produzido no país, apenas 38% passa por algum tipo de tratamento. Isso significa 
que mais de 100 milhões de brasileiros, mais da metade da população do país, não 
possui acesso aos serviços de saneamento básico e todo esgoto produzido por essa 
população é despejado in natura em nossos mananciais. O levantamento, intitulado 
Ranking do Saneamento mostra que a coleta de esgotos chegou a 61,40% da 
população nas 100 maiores cidades do Brasil e a somente 48,1% no restante do 
país, no ano de 2011 (STRACI, 2017). 
Conforme Édison Carlos (2017), presidente do Instituto Trata Brasil: 
“Desde os anos de 1970, a prioridade dos governos foi levar água de 
qualidade para as pessoas, mas houve um descaso generalizado com o 
esgoto. Algumas regiões, como o Sudeste se desenvolveram mais 
rapidamente e estão mais avançadas, mas regiões como o Norte e 
Nordeste são as que mais sofrem com este descaso histórico”. 
 
Segundo Costa (2017), presidente da Companhia de Saneamento de Alagoas 
(CASAL) e vice-presidente da Associação Brasileira deEngenharia Sanitária e 
Ambiental (ABES), comenta que as água superficiais estão sendo agredidas de 
forma muito acentuada e que ao longo de muitos anos as cidades vêm crescendo 
sem planejamento e sem controle, levando a uma expansão habitacional muito 
superior ao crescimento de sistemas de coleta/tratamento de esgotos e drenagem 
urbana. Assim, rios, lagoas e mares sofrem com o lançamento de esgotos in natura 
e de águas servidas que não são coletadas por sistemas públicos de esgotamento 
sanitário ou, muitas vezes, são lançadas em redes de drenagem de forma 
clandestina ou até intencional. 
Atualmente os problemas relacionados ao meio ambiente tem se tornado 
muito evidentes, a maioria advém das ações antrópicas, problemas de poluição do 
9 
 
ar, escassez de água, degradação das florestas, uso desenfreado dos recursos 
naturais e despejo inadequado do esgoto são alguns exemplos desses problemas. 
Diante do exposto, são feitos estudos para usar técnicas capazes de minimizar os 
impactos negativos das ações humanas. 
A água é um recurso natural essencial para manutenção da vida, acreditava-
se ser uma um recurso natural inesgotável, entretanto não é, pois não se trata de um 
recurso renovável e devido ao seu consumo demasiado de forma irracional e 
irresponsável vêm gerando sérios danos. Como por exemplo: a crise hídrica que 
vem se instalando e o consumo desenfreado que contribuem para o agravamento 
desse problema. 
Outro problema a ser minimizado é o descarte inadequado do esgoto 
doméstico, mais precisamente, das chamadas águas cinza, que são as águas 
provenientes de pias, chuveiros, tanques entre outros dispositivos que utilizam água 
potável. 
O jardim filtrante é um sistema alternativo para o tratamento de efluentes, cujo 
objetivo é dar um destino adequado às águas cinza provenientes de pias, tanques, 
chuveiros entre outros aparelhos. Essas águas são conduzidas para um pequeno 
reservatório impermeabilizado com uma camada de brita e outra de areia, onde 
acima estão localizadas as plantas que por sua vez agem como absorventes dos 
nutrientes e contaminantes. 
Os jardins filtrantes são de grande utilidade, não se resumindo apenas ao 
tratamento das águas podendo ser utilizado também para fins decorativos. Consiste 
na filtragem da água por meio das raízes das plantas macrófitas. Essa água filtrada 
pode ser reutilizada para fins não potáveis ou simplesmente retornar ao meio 
ambiente de forma correta. 
Basicamente dois problemas são sanados com a implantação dos jardins 
filtrantes: primeiramente existem lugares que não possuem coleta de esgoto e o 
mesmo é despejado a céu aberto, nesses lugares esse problema seriam 
amenizados, pois através do jardim esse esgoto teria um destino mais adequado. E 
posteriormente tería-se a reutilização da água para fins não potáveis uma vez que 
enfrentamos problemas como o agravamento da escassez de água. 
10 
 
1.2 Objetivos 
1.2.1 Objetivo Geral 
Estudar a viabilidade técnica e econômica de um sistema de tratamento 
alternativo de esgoto denominado Jardim Filtrante e analisar alternativas para 
reaproveitamento das águas cinza. 
1.2.2 Objetivos Específicos 
 Dimensionar o Jardim filtrante para a sua implantação; 
 Analisar os parâmetros físico-químicos e biológicos da amostra da água 
proveniente da saída do jardim filtrante; 
 Estudar alternativas para o reúso do efluente a partir da sua qualidade final; 
 Verificar o custo benefício da implantação do sistema de reúso do efluente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
Neste capítulo será abordado todo o referencial teórico que foi utilizado para 
subsidiar a presente pesquisa, desde a definição do sistema de um esgotamento 
sanitário, com a explicação dos princípios de tratamento e os impactos causados 
pela disposição inadequada do efluente gerado. Também são abordadas formas de 
tratamento e reutilização do efluente gerado para outras atividades de forma não 
potável através de um dispositivo natural conhecido como jardim filtrante que é de 
fácil manutenção. 
2.1 Sistema de Esgotamento Sanitário Doméstico 
Segundo definição da norma brasileira NBR 9648 (ABNT, 1986), o esgoto 
sanitário doméstico é o “despejo líquido resultante do uso da água para higiene e 
necessidades fisiológicas humanas”. O esgoto doméstico é originado a partir da 
água advinda do abastecimento e, portanto, sua medida resulta da quantidade de 
água consumida, onde 99,9% deste esgoto doméstico é composto por água e os 
outros 0,1% de sólidos. 
Para Costa e Nuvolari (2010), o município ideal deve ter um sistema de 
esgotamento sanitário que atenda 100% das residências, do comércio e do 
complexo industrial, através de redes coletoras, interceptores e emissários 
devidamente executados e tratamento competente da água residuária. Seu 
planejamento e sua construção devem ser inteligentes e personalizados para cada 
cidade, seja ela de pequena, média ou grande porte. Essa é uma necessidade 
básica e urgente para a formação, ou transformação, de uma sociedade saudável, 
promissora e com qualidade de vida. 
Os esgotos domésticos têm temperatura ligeiramente superior à da água de 
abastecimento, por conta de alguns fatores como a atividade microbiana e 
velocidade das reações químicas; possui coloração variando do cinza claro ao cinza 
escuro (VON SPERLING, 2005). O odor é geralmente marcante e fétido, devido ao 
gás sulfídrico e a outros dejetos em decomposição. A turbidez é causada pela alta 
concentração de sólidos em suspensão (VON SPERLING, 2005). 
De acordo com Costa e Nuvolari (2010), genericamente, estão presentes no 
esgoto doméstico os elementos: Carbono (C), Hidrogênio (H), Oxigênio (O), 
12 
 
Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Enxofre (S), além de outros microelementos, sendo os 
sólidos totais; a matéria orgânica; o nitrogênio total; o fósforo, o pH; a alcalinidade; 
os cloretos; e os óleos e graxas os principais parâmetros a serem considerados. 
Quando o imóvel não possui rede coletora de esgoto é comum à população 
utilizar fossa séptica ou ligar direto na rede pluvial (que deveria coletar apenas água 
de chuvas) ou descartar o esgoto diretamente em valões, córregos, rios e praias, 
porém esta ação contribui para agravamento e contaminação do meio ambiente e da 
saúde. As fossas sépticas são unidades de tratamento primário de esgoto doméstico 
nas quais são feitas a separação e a transformação físico-química da matéria sólida 
contida no esgoto (CESAN, 2013). É uma maneira simples e barata de disposição 
dos esgotos indicada, sobretudo, para a zona rural ou residências isoladas. Todavia, 
o tratamento não é completo como numa estação de tratamento de esgotos 
(CESAN, 2013). 
A destinação adequada dos esgotos se inicia dentro de nossa casa, quando 
esta é construída com as instalações hidrossanitárias, que compreende a rede de 
tubulação interna da casa e as peças sanitárias (bacia, chuveiros e pias) que 
recebem as águas servidas e as levam até a tubulação de saída do ramal predial 
(CESAN, 2013). 
Comumente o destino final do esgoto sanitário é conduzido a um corpo de 
água, muitas vezes em sua forma bruta. E têm-se como consequência do 
lançamento desse efluente, alguns inconvenientes, como o desprendimento de 
maus odores, a presença de sabor na água potável, a mortalidade de peixes e a 
ameaça à saúde pública. Os impactos são evitados ou minimizados quando existe 
um tratamento prévio adequado para o esgoto. 
As pesquisas em buscas de novas alternativas de tratamento de efluentes 
vêm crescendo continuamente, pois há uma grande quantidade de matéria orgânica 
sendo lançado nos cursos de água, então se percebe a necessidade de minimizar 
esse problema. 
2.1.1 Princípios do Tratamento de Esgoto 
O tratamento do esgoto está diretamente ligado à saúde pública, se o esgoto 
não for devidamente tratado trará inúmeros problemas de cunho ambiental,com a 
13 
 
degradação do ecossistema natural, onde o esgoto é lançado, ou social, gerando 
problemas de saúde a população. 
A Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) destaca que, a cada R$ 1,00 
investido no setor de saneamento, cerca de R$ 4,00 é economizado com a saúde 
(FUNASA, 2010). Água encanada e tratada é considerada um grande benefício para 
as comunidades, mas se esse serviço não vier acompanhado de um sistema de 
tratamento de esgoto adequado poderá, em certos casos, não acabar com os 
problemas de saúde relacionados à veiculação hídrica, tal como verminoses, 
hepatite e diarreia (FUNASA, 2010). 
Segundo o Programa de Pesquisas em Saneamento Básico (PROSAB, 
2005), no Brasil, a coleta de esgoto sanitário atende a apenas cerca de 40% da 
população urbana. Do volume coletado, atualmente, apenas cerca de 40% recebe 
tratamento adequado, gerando perspectivas significativas de crescimento e de 
geração de lodo. A maior parte deste resíduo, até recentemente, era lançada 
indiscriminadamente em rios. No entanto, com a evolução da legislação ambiental, 
as operadoras vêm sendo obrigadas a destinar adequadamente estes resíduos. 
O LE (Lodo do Esgoto) pode ser definido como os sólidos removidos do 
esgoto sanitário durante o processo de tratamento, resultante da sedimentação de 
sólidos em suspensão do esgoto, areia e microrganismos. É constituído pela fração 
sólida de contaminantes concentrados removidos do esgoto, composta por uma 
mistura de matéria orgânica e inorgânica, que durante o processo de tratamento do 
esgoto permanece acumulada no sistema, estes sólidos, precisam ser removidos 
periodicamente ou continuamente de acordo com o tipo de tratamento adotado. Se 
estes sólidos receberem tratamento, passam a serem denominados de biossólidos, 
por sua vez, os biossólidos são resultantes da degradação biológica ou química da 
matéria orgânica (METCALF; EDDY, 2003). 
Baseado em Costa e Nuvolari (2010), o tratamento do esgoto se resume na 
busca eficiente da remoção dos poluentes neles contidos. Baseia-se em parâmetros 
normatizados que variam de acordo com o volume a ser tratado, finalidade, nível de 
processamento, qualidades originais e pretendidas, local de lançamento ou 
reaproveitamento. Sabe-se que o esgoto é composto de uma elevada parcela de 
14 
 
água (99,9%) e uma parcela mínima de impureza (0,1%), quando se faz o 
tratamento de esgoto, procura-se retirar esse percentual de tais impurezas. 
Um processo de tratamento de esgoto convencional possui duas fases: a 
chamada fase líquida, correspondente ao fluxo principal do líquido na estação de 
tratamento de esgoto, e a fase sólida, do lodo retirado. Para cada uma delas existe 
uma forma de processamento e acondicionamento (COSTA; NUVOLARI, 2010) 
Banderali (2014) defende que o tratamento do esgoto deve ser realizado para 
garantir a saúde da população e o acesso à água de qualidade. “Mesmo que a água 
seja utilizada para fins não potáveis, deve-se atingir um padrão mínimo de qualidade 
e monitorar a quantidade de compostos químicos que estão presentes na água. 
Iniciativas para recuperar a qualidade das águas dos rios, mares e lagos são 
essenciais para a saúde das próximas gerações”. 
2.1.2 Impactos da Disposição Inadequada de Esgoto Doméstico 
Como visto no presente trabalho, muito se fala sobre o descarte inadequado 
do esgoto sanitário e são notórios os impactos causados, sejam eles impactos 
ambientais, sociais e econômicos. 
Segundo Instituto Trata Brasil (2009), no ano de 2004, doenças relacionadas 
a sistemas precários de água e esgoto e a deficiências de higiene causaram a morte 
de mais de 1,6 milhões de pessoas em países pobres, de acordo com a 
Organização Mundial da Saúde (OMS). A perpetuação de sistemas inadequados de 
esgotamento sanitário também é causadora de 88% dos óbitos por diarreias 
registradas no mundo – quase a totalidade deles ocorre em nações em 
desenvolvimento. 
Um dos problemas enfrentados pelo lançamento de efluentes não tratados é o 
desequilíbrio no ecossistema aquático. O esgoto doméstico, por exemplo, consome 
oxigênio em seu processo de decomposição, causando mortalidade aos peixes. Os 
nutrientes (fósforo e nitrogênio) presentes nesses despejos, quando em altas 
concentrações, ainda causam a proliferação excessiva de algas, o que também 
desequilibra o ecossistema local (esse processo é chamado de eutrofização) 
(GONÇALVES, 2015). 
15 
 
Citado por Fernandes (1997), esse consumo de oxigênio mencionado 
anteriormente, diz respeito às bactérias aeróbias que são aquelas que consomem 
em sua atividade vital o oxigênio livre presente no interior da massa líquida, 
originando o processo de decomposição aeróbia do esgoto também chamado de 
oxidação. 
Os poluentes químicos presentes em agrotóxicos e metais também provocam 
um efeito tóxico em animais e plantas aquáticas, podendo se acumular em seus 
organismos (GONÇALVES, 2015). 
Segundo Rodrigues (2005), citado por Bassetti e Sabei (2013), outra 
importante razão para tratar os esgotos diz respeito à preservação ambiental. As 
substâncias presentes nesses dejetos exercem ações deletérias nos corpos d’água: 
a matéria orgânica pode ocasionar a exaustão do oxigênio dissolvido, resultando na 
morte de peixes e outros organismos aquáticos, bem como no escurecimento da 
água e aparecimento de maus odores. Isso porque, os nutrientes acarretam uma 
forte “adubação” da água, provocando o crescimento acelerado de vegetais 
microscópios responsáveis pelo sério desequilíbrio ecológico, além do odor e gosto 
desagradáveis. 
Para Gonçalves (2015), os efluentes líquidos não tratados, quando lançados 
no ambiente, podem comprometer gravemente a saúde pública. A água poluída 
provoca doenças como cólera, disenteria, meningite, amebíase e hepatites A e B. Já 
os efluentes industriais que poluem os rios podem causar contaminação por metais 
pesados, provocando tumores hepáticos e de tireoide, rinites alérgicas, dermatoses 
e alterações neurológicas. 
A falta de sistemas de esgotos nas cidades é sem dúvidas um problema de 
saúde pública, pois pode provocar doenças que são transmitidas por meio hídrico ou 
pelo contato direto com o esgoto. 
O estudo “Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da 
População”, realizado pelo Trata Brasil, mostrou que em 2011, quase 400 mil 
pessoas foram internadas por diarreia no Brasil. São números expressivos que 
representam uma grande parcela de um montante gasto em saúde pública no país. 
“O estudo mostrou também que cidades que investiram em saneamento básico ao 
16 
 
longo dos anos hoje chegam a gastar 40 vezes menos em saúde do que as cidades 
que nada investiram e convivem com as doenças da água poluída”, confirma Carlos 
(2017), do Trata Brasil. 
2.2 Alternativas Para o Tratamento de Esgoto 
Existem várias alternativas para o esgoto ser tratado de forma adequada, 
entre elas são expostas os sistemas de lagoas de estabilização, filtros biológicos, 
lodos ativados fossas sépticas biodigestoras, banheiros secos, wetlands (jardins 
filtrantes), escoamento superficial no solo, produção de biogás, entre outros. 
A função das ETE’s (Estações de Tratamento de Esgoto) consiste em 
reproduzir, através de processos físicos, químicos e/ou biológicos, em curto período 
de tempo, condições necessárias e suficientes, normalmente encontradas na 
natureza (em corpos hídricos receptores tais como rios, lagos e banhados), para 
promover a decomposição da matéria orgânica presente nos esgotos. Por exemplo, 
em ETE’s que utilizam a tecnologia denominada lodos ativados, a decomposição 
acelerada da matéria orgânica presente no esgoto é realizada por um conjunto de 
bactérias aeróbias. A adequada operação da ETE consiste em promover e 
assegurar as condições propícias para a existência dessas bactérias (COMUSA, 
2017). 
O sistema de tratamento denominado lodos ativados é um sistema de 
tratamento de efluentes líquidosque apresenta elevada eficiência de remoção de 
matéria orgânica presente em efluentes sanitários e industriais. O processo de 
tratamento é exclusivamente de natureza biológica, onde a matéria orgânica é 
depurada, por meio de colônias de microrganismos heterogêneos específicos, na 
presença de oxigênio (processo exclusivamente aeróbio). Essas colônias de 
microrganismos formam uma massa denominada de lodo (lodo ativo, ativado ou 
biológico) (COMUSA, 2017). 
Também pode ser citado o banheiro seco, que para Alves (2009), que é um 
tipo de tratamento realizado no próprio local da disposição e o princípio destes 
banheiros é a não utilização de um recurso finito, a água, para o transporte dos 
resíduos, e sim o tratamento e o aproveitamento local destes através do processo de 
compostagem, onde os resíduos, ao invés de serem despejados nos solos, nos rios 
17 
 
ou no mar, são armazenados em coletores, nos quais serão compostados a partir do 
aquecimento gerado por algum tipo de energia que pode ser solar, elétrica, térmica 
ou qualquer outra que seja acessível, disponível e capaz de gerar um aquecimento 
colaborando para as bactérias e fungos termófilos que, além de serem responsáveis 
pela decomposição, são também responsáveis por ajudar a manter a temperatura 
alta, necessária para a eficiência da compostagem. 
Bassetti e Sabei (2013) citam também o sistema de fossa biodigestora que 
contribui para a viabilização do tratamento de esgoto doméstico e consequente 
produção de efluentes desinfetados. Consiste em um tratamento biológico do esgoto 
por ação de digestão fermentativa. 
Segundo Chernicharo (1997), esse método tem baixa eficiência na remoção 
de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DQO), nutrientes e patógenos, mas segundo 
a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (BRASIL, 2001) a fossa séptica 
biodigestora é capaz de produzir adubo orgânico totalmente isento de 
microrganismos patogênicos para o homem como bactérias, vírus e ovos de vermes, 
onde mostram estudos fitos com o uso desse adubo em graviola e gerou ótimos 
resultados. 
Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (RAFA) ou Reator UASB é um reator 
fechado onde o tratamento biológico ocorre por processo anaeróbio, isto é, sem 
oxigênio. O esgoto entra pela base do reator, passa por uma manta de micro-
organismos anaeróbicos onde ocorre a decomposição da matéria orgânica. O 
esgoto tratado e coletado pelas calhas na parte superior. Trata-se de uma tecnologia 
que ocupa pouco espaço, sendo indicada para centros urbanos, bairros, vilas etc. 
Por se tratar de um sistema fechado, há liberação de gás que é coletado e queimado 
(CESAN, 2013). 
2.2.1 Sistema Natural de Tratamento de Esgoto 
No sistema natural de tratamento de esgoto são utilizadas plantas específicas 
que tem a função de poder realizar o tratamento do solo e também de executar a 
limpeza de esgotos. As plantas servem como recurso natural para a formação deste 
sistema, que tem por objetivo limpar os resíduos indesejáveis. 
18 
 
Os sistemas de tratamento de esgotos são ditos naturais quando se baseiam 
na capacidade de ciclagem dos elementos contidos nos esgotos em ecossistemas 
naturais, sem o fornecimento de quaisquer fontes de energia induzida para acelerar 
os processos bioquímicos, os quais ocorrem de forma espontânea. Dentro desta 
concepção, enquadram-se as lagoas de estabilização e os wetlands. O princípio do 
tratamento nesses sistemas baseia-se na capacidade de depuração dos poluentes 
orgânicos em um corpo d’água lêntico natural e em banhados, respectivamente 
(BENTO et al, 2004). 
Os sistemas naturais de tratamento são habitados por uma ampla diversidade 
de seres vivos de vários níveis da cadeia alimentar, desde bactérias até pequenos 
animais aquáticos, e no caso das lagoas, também os peixes. Esses organismos 
interagem entre si e com o meio tornando o processo mais complexo dentro da 
perspectiva ecológica, do fluxo energético. A cada passagem de energia por um 
nível trófico, uma quantidade menor de energia atinge o nível superior subsequente, 
devido ao trabalho executado e a ineficiência das transformações de energias 
biológicas no nível trófico anterior (RICKLEFS, 1996). 
Esses tipos de sistemas naturais são bastante eficientes e possuem um custo 
acessível, onde as raízes tratam e purificam os esgotos, de uma forma que ele pode 
ser lançado sem grandes danos ao meio ambiente, obedecendo aos regimentos 
exigidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), ou também podem 
ser reutilizadas em descargas sanitárias ou na agricultura, também podendo ter 
outras aplicabilidades (MORAIS et. al., 2015). 
Os projetos relacionados aos sistemas naturais de tratamento de efluentes 
estão baseados normalmente em 5 princípios que são: Tratamento, Paisagístico, 
Biodiversidade, Econômico e Gestão. São economicamente viáveis, pois não 
necessitam de grandes manutenções, além de serem ecológicos e tanto 
preservarem quanto recuperarem rios. 
Uma das desvantagens encontradas para implantar certos sistemas é a 
demanda de espaço, pois no caso dos jardins filtrantes há de se considerar o 
mínimo de 1 m² (metro quadrado) por pessoa. 
 
19 
 
2.2.2 Jardim Filtrante 
É um tipo de tratamento natural, o jardim trata-se de uma tecnologia, também 
conhecida por zona de raízes ou fitorestauração, que consiste no uso de plantas 
para tratar esgotos domésticos e efluentes industriais (CUNHA, 2011). 
De acordo com Dornellas (2008), o jardim filtrante tem como principal objetivo 
a melhoria da qualidade da água. Quando aplicados no tratamento de efluentes, a 
técnica pode ser utilizada como uma alternativa secundária ou terciária, realizando a 
remoção de nutrientes e reduzindo taxas de DQO e DBO do efluente. A estação de 
tratamento é projetada sob critérios de engenharia e as técnicas de construção 
variam de acordo com a característica do efluente a ser tratado, da eficiência final 
desejada na remoção de poluentes, da área disponível e do interesse paisagístico. 
A empresa Phytorestore, fundada pelo engenheiro francês Thyerry Jacquet, 
que é o grande desenvolvedor da técnica de tratamento de esgoto por jardins 
filtrantes, possui várias provas pelo mundo que esse tipo de processo é eficaz e 
confiável, uma possível aplicação desse método no esgoto doméstico faria com que 
o efluente que não possui nenhum tipo de tratamento ou cuidado, fosse tratado e 
descartado da maneira correta e, assim a natureza não sofreria os impactos 
ambientais que são sofridos hoje (ASPÁSIA, 2013). 
Esse tratamento natural, já é bem conhecido no mundo inteiro e traz vários re-
sultados positivos, um dos maiores tratamentos realizado por esse tipo de técnica, 
foi o tratamento de despoluição das águas do Rio Sena na França, já foram 
aplicadas em vários locais da China, como no bairro de Wuhan e em mais três rios, 
o Brasil não fica de fora, essa técnica inovadora foi realizada em Campinas e 
Curitiba (MORAIS et al, 2015). 
A utilização de espécies vegetais no tratamento de esgoto representa uma 
tecnologia emergente que está se revelando como uma alternativa, eficiente e de 
baixo custo, aos sistemas convencionais (PARKINSON; SIQUEIRA; CAMPOS, 
2004). 
Para a construção do jardim filtrante, segundo Silva (2013), deve-se 
inicialmente fazer uma caixa no solo com aproximadamente 1 m² de área superficial 
20 
 
por habitante. Essa caixa deve possuir o fundo impermeabilizado com uma 
geomembrana que consiste em uma manta de liga plástica, elástica e flexível como 
o PVC (policloreto de vinil), EPDM (Borracha de Etileno Propileno Terpolímero) ou 
equivalente. Preferencialmente protegida por manta de bidim que é uma manta 
geotêxtil de drenagem utilizada na construção civil. Antes da entrada do Jardim 
Filtrante, deve ser instalada uma pequena caixa de decantação (50 a 100 litros) que 
serve para retenção de sólidos e uma caixa de gordura. Após percorrer essas caixas 
o liquidopassará por uma tubulação em forma de cachimbo conhecida 
popularmente como monge que também regula o nível da água no jardim. As 
tubulações de entrada e saída serão em pontos opostos da caixa. 
A caixa deve então ser preenchida com brita e areia grossa que agem como 
filtros físicos para o material particulado, sustentação para as plantas e na formação 
do biofilme que é um conjunto de bactérias que crescem e formam uma espécie de 
capsula de proteção, que favorece relações simbióticas e permite a sobrevivência 
em ambientes hostis, o biofilme é aderido ao meio suporte e as raízes das plantas 
(PHILIPPI et al, 2007; SILVA, 2013). 
Para evitar que o escoamento superficial turbulento da chuva, conhecido 
popularmente como enxurrada entre no sistema deve-se fazer uma pequena curva 
de nível em torno do jardim sobre a geomembrana e o bidim. O jardim filtrante deve 
então ser saturado com água, mas deve se evitar a formação de lamina d’ água para 
não permitir a procriação de mosquitos (SILVA, 2013). 
Em seguida, inserem-se plantas macrófitas aquáticas que agem como 
absorvente de nutrientes e contaminantes durante o seu crescimento fazendo assim 
a depuração da água. As plantas escolhidas devem ser preferencialmente nativas da 
região onde o sistema está instalado. O mecanismo de filtração consiste na 
alimentação e percolação contínua do esgoto através do meio suporte. Durante a 
percolação, o esgoto entra em contato com regiões aeróbias e anaeróbias onde as 
comunidades de microrganismos irão degradar a matéria orgânica e o nitrogênio. O 
oxigênio solicitado é suprido pelas macrófitas e pela convecção e difusão 
atmosférica. A camada aeróbia é mais evidente ao redor das raízes das macrófitas, 
pois tendem a transportar oxigênio da parte aérea para as raízes. A contínua 
passagem dos esgotos nos interstícios promove o crescimento e aderência da 
21 
 
massa biológica na superfície do meio suporte. A massa biológica agregada ao 
meio suporte retém a matéria orgânica contida no esgoto, por meio da adsorção, 
que é a adesão de moléculas de um fluído a uma superfície sólida. A produção de 
novas células promove o aumento da biomassa, prejudicando a passagem de 
oxigênio até as camadas internas, então ocorrerá o tratamento dos contaminantes 
que só pode ser realizado em meio atóxico. O sistema pronto é então ligado à 
tubulação da casa recebendo a água cinza. A água que sai do sistema pode ser 
descartada ou reutilizada na limpeza. Este modelo de jardim filtrante é para o 
saneamento básico rural, onde apenas a água cinza é tratada (NIRENBERG; REIS, 
2010; PHILIPPI et al, 2007). 
Segundo Mazzonetto (2011), são inúmeras as vantagens da implantação do 
jardim filtrante. A primeira é a versatilidade, pois ele não serve apenas para o 
tratamento de efluentes, como também para o tratamento de água para consumo, é 
um sistema modulado que pode atender desde uma família até um milhão de 
pessoas, serve para esgoto urbano, doméstico ou industrial, desde que seja 
devidamente projetado, no tratamento de grandes volumes de água de rios e na 
recuperação de áreas alagadas. 
Segundo os levantamentos bibliográficos, os jardins filtrantes trazem 
excelentes contribuições para a sociedade e para a localidade. Os benefícios vão 
desde a melhoria de condições de reciclagem da água a fatores psicológicos que 
interferem a qualidade de vida e o bem-estar da sociedade, já que além de realizar o 
tratamento do esgoto, ele embeleza o local, podendo ser utilizado como praça para 
pontos de encontros entre amigos, já que algumas plantas utilizadas nesse sistema 
possui o poder de anular o mau cheiro do esgoto. 
Para uma estação de tratamento de água ou esgoto desse tipo funcionar não 
é preciso equipamentos, motor ou gerador: tudo ocorre por gravidade, sem 
bombeamento, injeção de ar ou adição de químicos. "Se aperfeiçoar o tratamento 
biológico da água, fica muito mais fácil e mais barato", concorda José Alberto Ferro, 
gerente de recursos hídricos metropolitanos da Sabesp. Porém, há uma limitação: 
como precisa de uma área considerável para serem instalados, o jardim não pode 
ser aplicado em regiões excessivamente urbanizadas, como São Paulo (ARLEI, 
2012). 
22 
 
2.2.2.1 Estrutura e composição dos Jardins Filtrantes 
Para a produção dos jardins filtrantes são usados materiais porosos, como 
por exemplo, a brita e o carvão, em que os seus poros conseguem absorver 
inúmeras partículas, tornando o recurso mais eficiente, e plantas aquáticas, que 
contribui para a filtração de águas em torno de 80% de eficiência. Estas plantas 
possuem crescimento e reprodução de forma rápida, nisso, ocorre à necessidade de 
manutenção para retirar o excesso (MORAIS et al, 2015). 
 
Figura 1- Composição do Jardim Filtrante 
Fonte: Embrapa, 2014. 
Na Figura 1, está representada a estrutura do jardim filtrante disponibilizada 
pela Embrapa com todas as suas camadas e disposição dos materiais, onde 
observa-se a entrada do efluente que passa pela caixa de retenção de sólidos, caixa 
de gordura e tem sua entrada no jardim para o processo de filtragem e sua saída 
para um reservatório apropriado ou para outros destinos. 
A escolha das plantas dos jardins é baseada em sua capacidade de 
“fitoextração” dos micropoluentes e nutrientes presentes na água, com a capacidade 
de autodepuração do meio úmido plantado (CARVALHO; ROCHA; SANTOS, 2016). 
Ou seja, as plantas escolhidas para o jardim devem ter a capacidade de extrair os 
micropoluentes e nutrientes necessários para elas e para a melhoria daquele 
efluente, tendo ainda em vista que as plantas necessitam do poder de 
autodepuração naquele meio. 
23 
 
Segundo pesquisas desenvolvidas pela Embrapa (2014), as macrófitas 
aquáticas são plantas aquáticas que vivem em brejos até ambientes 
verdadeiramente aquáticos (incluindo os corpos de água doce, salobra e salgada) e 
são utilizadas no sistema de tratamento natural do jardim filtrante. Incluem vegetais 
desde microalgas até angiospermas. São caracterizados como vegetais que durante 
sua evolução retornaram do ambiente terrestre para o aquático, apresentando várias 
características de vegetais terrestres. 
 
Figura 2- Ilustração das plantas macrófitas 
Fonte: Embrapa, 2013. 
 
Na Figura 2 são vistos alguns tipos de macrófitas aquáticas e sua estrutura 
perante seu habitat, nota-se que existem vários tipo que estão expostos no quadro 
1. 
Segundo Irgang et al. (1984), Esteves (1998) e Thomaz; Esteves (2001), as 
macrófitas aquáticas se classificam segundo o Quadro 1. 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
Quadro 1 - Classificação das macrófitas aquáticas 
Tipos Biológicos Definição Exemplos 
Emersas 
Plantas enraizadas no sedimento apresentando as 
folhas acima da lâmina de água. 
Echinochloa, Typha 
Submersa Fixa 
Enraizada no fundo, com caule e folhas submersos, 
geralmente saindo somente à flor para fora da água. 
Vallisneria, Nitella 
Submersa Livre 
Plantas que apresentam raízes pouco desenvolvidas, 
flutuando submersas em águas tranquilas, presas as 
estruturas de outras plantas aquáticas. 
Utricularia 
Flutuante Fixa 
Enraizada no fundo, com caule e/ou ramos e/ou 
folhas flutuantes. 
Enydra anagallis 
Gardner 
Flutuante Livre 
Plantas que se desenvolvem flutuando livremente no 
espelho de água. 
Eichhornia, 
Limnobium, Lemna 
Semiaquáticas ou 
Anfíbias 
Capaz de viver bem tanto em área alagada como fora 
da água, geralmente modificando a morfologia da 
fase aquática para a terrestre quando baixam as 
águas. 
Ludwigia multinervia 
(Hook. & Arn.) 
Ramamoorthy 
Fonte: Pompêo, 2017. 
2.2.2.2 Dimensionamento 
Segundo Begosso (2009), a tecnologia de tratamento por áreas alagadas não 
está contemplada em normas técnicas brasileiras, o que dificulta a uniformização 
dos parâmetros e critérios para o seu dimensionamento. 
Para o dimensionamento da área requerida para a construção do sistema 
utiliza-se a Equação (1) (BEGOSSO, 2009):𝐴 =
𝑄 (ln 𝐶𝑜 − ln 𝐶𝑒)
𝐾𝑡 𝑥 𝑝 𝑥 𝑛
 (1) 
Onde: 
A: área superficial requerida (m2); 
Q: vazão afluente (m3/d); 
Co: concentração afluente em termos de DBO5,20 (mg/L); 
Ce: concentração efluente em termos de DBO5,20 (mg/L); 
Kt: constante de reação da cinética de primeira ordem (dependente da temperatura); 
n: porosidade do substrato (m3 vazios por m3 material); 
p: profundidade do maciço filtrante. 
25 
 
Segundo Begosso (2009), o volume total do tanque de área alagada pode ser 
calculado pela Equação (2): 
𝑉 = 𝐴 𝑥 𝑝 (2) 
V: volume (m3); 
A: área superficial requerida (m2); 
p: profundidade (m) 
Por se tratar de um processo de tratamento baseado na interação material 
filtrante – macrófitas, deve-se conhecer as propriedades físicas (granulometria, 
diâmetro efetivo, coeficiente de uniformidade, condutividade hidráulica, etc.) e 
químicas (teores de Fe, Ca, Mg, capacidade de troca catiônica – CTC) deste 
material de recheio, a fim de se conhecer a dinâmica da colmatação e a vida útil do 
sistema, bem como utilizar macrófitas adaptadas ao clima da região (SEZERINO; 
PHILIPPI, 2003). 
2.3 Reuso doméstico para fins não potáveis 
O reuso ou reutilização de água mostra-se como um instrumento adicional 
para a administração dos recursos hídricos, aspirando à diminuição da pressão 
sobre os mananciais de abastecimento, dispensando as águas de qualidade 
superior para fins mais nobres, remetendo a uma série de benefícios específicos aos 
usuários, tais como o aumento da produtividade agrícola, redução de custos na 
compra de água e a preservação de aquíferos subterrâneos (RODRIGUES, 2005). 
O uso para fins domésticos de água pode se definir como aquela utilizada 
para realização de atividades corriqueiras, como por exemplo: lavagens de roupas e 
utensílios domésticos, criação de animais, higiene pessoal, manutenções prediais 
entre outras atividades que não necessitam diretamente de água potável para sua 
realização. 
De acordo com Lavrador Filho (1987), reuso de água é o aproveitamento de 
águas anteriormente utilizadas, uma ou mais vezes, oriunda de alguma atividade 
humana, afim de suprir as demandas de outros usos benéficos, inclusive o original. 
26 
 
E ele pode ser de dois tipos direto ou indireto, bem como fruto de ações planejadas 
ou não planejadas. 
Segundo o autor supracitado, o termo reciclagem é definido como reuso interno 
de água para utilização original, antes de algum descarte em um sistema de 
tratamento ou algum ponto de descarga. No entanto o termo reuso é utilizado para 
indicar descargas de efluentes que são subsequentemente utilizados por outros 
usuários, diferente do original. 
Nesta forma de reuso estão inclusos utilização para descargas sanitárias, 
irrigação de jardins entre outras. Também há outros usos equivalentes para esse 
tipo de água, como na lavagem de ruas, uso em grandes edifícios destinada a 
reserva contra incêndio e resfriamento de equipamentos de ar condicionado 
(MANCUSO; SANTOS, 2003) 
2.3.1 Reuso de Águas Cinza 
Águas residuais e não industriais advindas de processos domésticos são 
chamadas de águas cinza. Distinguem-se das águas negras sanitárias, mais 
poluídas, pela quantidade e composição de produtos químicos e contaminantes 
biológicos. Em edificação de qualquer tipo - residência, comércio, indústria -, as 
origens típicas de águas cinza são aquelas que provenientes do uso de chuveiro, 
pia, tanque e máquina de lavar roupas (CORSINI, 2012). 
De acordo com Hespanhol (2006), águas cinza podem ser classificadas em: 
água cinza escura e água cinza clara. Para água cinza clara, além da separação do 
efluente do vaso sanitário, ela também não possui água advinda da pia da cozinha, 
para qual essa separação é relativa a grande quantidade de carga orgânica presente 
nesse efluente. Para agua cinza escura só há separação do efluente do vaso 
sanitário, coletando também a água advinda da pia. 
O reaproveitamento de águas cinza tratadas contribui para a redução do 
consumo de água potável, diminuindo também o volume de contaminantes 
destinados ao solo e cursos de água. Para alguns casos, mais consideravelmente 
em edificações de maior tamanho, a realização do reaproveitamento mostrasse 
como uma alternativa mais vantajosa, em termos econômicos, do que o uso de 
águas pluviais (ALVES et al, 2009). 
27 
 
2.3.2 Aspectos qualitativos das Águas Cinza 
Uma característica importante para que um sistema de reutilização tenha 
sucesso é a avaliação da qualidade das aguas cinzas. 
De acordo com o Portal Tratamento de Água (BRASIL, 2009), A água contém 
diversos componentes, os quais provêm do próprio ambiente natural ou foram 
introduzidos a partir de atividades humanas. Para caracterizar uma água, são 
determinados diversos parâmetros, os quais representam as suas características 
físicas, químicas e biológicas. Esses parâmetros são indicadores da qualidade da 
água e constituem impurezas quando alcançam valores superiores aos 
estabelecidos para determinado uso. 
O tratamento do esgoto doméstico tem por finalidade principal: retirar o 
material sólido; diminuir a DBO e as substâncias químicas indesejáveis e eliminar 
microrganismos patogênicos (MOTA, 1995). 
O Índice de Qualidade das Águas (IQA) é constituído por nove parâmetros: 
oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), coliformes fecais, 
temperatura da água, nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais, pH e turbidez. 
Sabe-se que a água tem capacidade de autodepuração, ou seja, de se autopurificar 
naturalmente (ZINATO; OLIVEIRA, 2008). 
De acordo com NBR 13969 (1997), O grau de tratamento para uso múltiplo de 
esgoto tratado é definido, como regra geral, pelo uso mais restringente quanto à 
qualidade de esgoto tratado. No entanto, conforme o volume estimado para cada um 
dos usos pode-se prever graus progressivos de tratamento (por exemplo, se o 
volume destinado para uso com menor exigência for expressivo, não haveria 
necessidade de se submeter todo o volume de esgoto a ser reutilizado ao máximo 
grau de tratamento, mas apenas uma parte, reduzindo-se o custo de implantação e 
operação), desde que houvesse sistemas distintos de reservação e de distribuição. 
Nos casos simples de reuso menos exigente (por exemplo, descarga dos vasos 
sanitários) pode-se prever o uso da água de enxágue das máquinas de lavar, 
apenas desinfetando, reservando aquelas águas e direcionando ao vaso, em vez de 
enviá-las para o sistema de esgoto para posterior tratamento. Em termos gerais, 
28 
 
podem ser definidas as seguintes classificações e respectivos valores de parâmetros 
para esgotos, conforme o reúso de acordo com a Quadro 2. 
Quadro 2 - Grau de Tratamento para Usos Múltiplos de Esgoto 
Classe Turbidez 
Coliformes 
Fecais 
Sólidos 
Dissolvidos 
Totais 
pH 
Cloro 
Residual 
Oxigênio 
Dissolvido 
Classe 
1 
< 5 
< 200 
NMP/100 ml 
< 200mg/L 
6 ≤ pH ≤ 
8 
0,5 ≤ CR ≤ 
1,5 mg/l 
- 
Classe 
2 
< 5 
< 500 
NMP/100 ml 
- - > 5 mg/l - 
Classe 
3 
< 10 
< 500 
NMP/100 ml 
- - - - 
Classe 
4 
- 
< 500 
NMP/100 ml 
- - - > 2 mg/l 
Fonte: NBR 13969, 1997. 
 A baixo está relacionado a classificação versus a utilização do efluente de 
acordo com a NBR 13969, 1997. 
Classe 1: Lavagem de carros e outros usos que requerem o contato direto do 
usuário com a água, com possível aspiração de aerossóis pelo operador, incluindo 
chafarizes. 
Classe 2: Lavagem de pisos, calçadas e irrigação dos jardins, manutenção dos lagos 
e canais para fins paisagísticos, exceto chafarizes. 
Classe 3: Reuso das descargas dos vasos sanitários. 
Classe 4: Reuso nos pomares, cereais, forragens, pastagens para gados e outros 
cultivos através de escoamento superficial ou por sistema de irrigação pontual. 
2.3.2.1 Características físicas 
Os itens com maior importância são: turbidez, cor, temperatura e a 
concentraçãode sólidos dissolvidos. A temperatura pode ajudar no desenvolvimento 
de microrganismos, turbidez e a concentração de sólidos podem contribuir com 
informações importantes quanto a possíveis entupimentos nas tubulações que 
transportam os efluentes, tenso visto que as partículas sólidas e coloides presentes 
poderiam gerar este problema no sistema (BAZZARRELLA, 2005). 
29 
 
Segundo Richter e Azevedo Neto (2003): 
 A Turbidez: é uma característica da água devido a presença de partículas 
suspensas na água com tamanho variando desde suspensões grosseiras aos 
coloides, dependendo do grau de turbulência. A presença destas partículas 
provocando a dispersão e a absorção da luz, dando à água uma aparência 
nebulosa, esteticamente indesejável e potencialmente perigosa. 
 A Cor: a água pura é virtualmente ausente de cor. A presença de substâncias 
dissolvidas ou em suspenção altera a cor da água, dependendo da qualidade 
e da natureza do material presente. Normalmente a cor da água é devido a 
ácidos húmicos e tanino, originados da decomposição de vegetais e, assim, 
não representa risco algum para a saúde. 
 A Temperatura: tem importância por sua influência sobre outras propriedades: 
acelera reações químicas, reduz a solubilidade dos gases, acentua a 
sensação de sabor, odor entre outros. 
 O pH: o termo é usado universalmente para expressar a intensidade de uma 
condição acida ou alcalina de uma solução. Mede a concentração de íon 
hidrogênio ou sua atividade, importante em cada fase do tratamento, sendo 
referida frequentemente na coagulação, floculação, desinfecção e no controle 
de corrosão. O valor do pH varia de 0 a 14. Abaixo de 7 a água é considerada 
ácida e acima de 7, alcalina. Água com pH 7 é neutra. A Portaria nº 518/2004 
do Ministério da Saúde recomenda que o pH da água seja mantido na faixa 
de 6,0 a 9,5 no sistema de distribuição (BRASIL, 2004). 
De acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA), sólidos dissolvidos são 
materiais que passam através do filtro. Representam a matéria em solução ou em 
estado coloidal presente na amostra de efluente (BRASIL, 2009). 
2.3.2.2 Características Químicas 
Segundo Richter e Azevedo Neto (2003), as análises químicas de água 
determinam de modo mais correto as características da água, são de grande 
importância, tanto do ponto de vista sanitário quanto econômico. 
30 
 
Dentre as principais características químicas pode-se citar a determinação do 
teor de oxigênio dissolvido (OD) como sendo um dos ensaios mais importantes no 
controle de qualidade da água. As águas superficiais, relativamente límpidas, 
apresentam-se saturadas de oxigênio dissolvido, porem este pode ser rapidamente 
consumido pela demanda de oxigênio de esgoto doméstico. 
Outra característica química é a medida de qualidade de oxigênio necessária 
ao metabolismo das bactérias aeróbias que destroem a matéria orgânica, chamada 
de Demanda bioquímica de oxigênio (DBO). 
A eutrofização é o crescimento excessivo do das plantas aquáticas, tanto 
planctônicas quanto aderidas, a níveis tais que sejam considerados como 
causadores de interferências com os usos desejáveis dos corpos d’água 
(THOMANN; MUELLER, 1987). 
Segundo Von Sperling (2005), o principal fator de estímulo é um nível 
excessivo de nutrientes no corpo d’água, principalmente nitrogênio e fósforo. 
O processo de eutrofização pode ocorrer também em rios, embora seja 
menos frequente, devido às condições ambientais serem mais desfavoráveis para o 
crescimento de algas e outras plantas, como turbidez e velocidades elevadas (VON 
SPERLING, 2005). 
2.3.2.3 Características Microbiológicas 
Segundo Richter e Azevedo Neto (2003), entre as impurezas nas águas incluem-
se os organismos presentes que, conforme sua natureza, têm grande significado 
para os sistemas de abastecimento de água. Alguns desses organismos, como 
certas bactérias, vírus e protozoários, são patogênicos, podendo provocar doenças e 
ser a causa de epidemias. 
Ainda segundo Richter e Azevedo Neto (2003), os coliformes são bactérias 
que normalmente habitam os intestinos dos animais superiores. A sua presença 
indica a possibilidade de contaminação da água por esgotos domésticos, entretanto, 
nem toda água que contenha coliformes é contaminada e, como tal, podem veicular 
doenças de transmissão hídrica. 
 
31 
 
2.3.3 Viabilidade Técnica 
A necessidade de demanda pelo uso da água aumenta gradativamente a cada 
ano, principalmente pelo crescente avanço comercial acompanhado dos vários 
processos produtivos que utilizam muita água e do próprio abastecimento para 
consumo (BEVILACQUA, 2009). 
Dada a importância de se tratar a água residual, seja de origem doméstica ou 
industrial, há algum tempo se busca a melhor opção para este tratamento. No Brasil, 
predominantemente, utilizamos as denominadas Estações de Tratamento de 
Efluentes (ETE), entretanto, essas ETEs têm um alto custo de implantação e 
manutenção. Como alternativa a estas tradicionais ETEs, existem, há mais de uma 
década, empresas dedicadas ao desenvolvimento de jardins filtrantes. A ideia destes 
jardins é que, por meio da própria natureza, seja possível purificar a água e manter 
nessa região de tratamento uma área verde, como um parque, por exemplo 
(ALBIZZATI; MEIRELLES; TELES, 2012). 
Uma das formas de tratamento de esgoto é a utilização de filtros biológicos, 
com brejos construídos, ou de lagoas com plantas aquáticas. Tanques com plantas 
aquáticas assim como brejos agem com filtros de poluentes, ajudando a devolver a 
água limpa aos mananciais. Algumas plantas despoluidoras são sugeridas pela sua 
capacidade de retirar da água nutrientes e substâncias tóxicas, dando condições 
favoráveis para a base alimentar nos ecossistemas aquáticos (POTT; POTT, 2002). 
A utilização das plantas como depuradoras de água em jardins filtrantes 
apresenta as vantagens de baixo custo de implantação e operação e simplicidade 
operacional. Esses sistemas são chamados de naturais, pois se baseiam na 
capacidade de ciclagem dos elementos contidos nos esgotos sem o fornecimento de 
qualquer fonte de energia induzida para acelerar os processos bioquímicos, os quais 
ocorrem de forma espontânea (PHILIPPI et al, 2007). 
Segundo o gerente geral da Phytorestore, empresa francesa que trabalha 
com jardins filtrantes, no Brasil, Arnaud Fraissignes, uma das facilidades desse 
sistema é a sua simplicidade operacional e de manutenção, permitindo redução de 
até 30% dos custos quando comparados aos de um sistema convencional de 
tratamento de água e efluentes. “Trata-se de um espaço que necessita de cuidado 
https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/list/autoria/citacao/pott-v-j?p_auth=m9RNn9AH
32 
 
similar ao de uma área verde”, afirma. Apenas no final de um período de 10 anos é 
preciso retirar o acúmulo de sedimento, que pode ser usado como adubo. Quando o 
efluente contém metais pesados, como o chumbo, por exemplo, um jardim 
específico e complementar é capaz de “segurar” esses elementos no solo. Neste 
último caso, logo que estiver saturado – após cinco anos aproximadamente, o 
substrato precisa ser substituído (HYDRO, 2010). 
 
33 
 
3 METODOLOGIA 
Neste capítulo será abordada toda a metodologia que foi utilizada para 
realizar a presente pesquisa, desde a escolha e dimensionamento do local de 
implantação do Jardim Filtrante, passo a passo de sua construção, análise de 
parâmetros físico-químicos do efluente gerado após a passagem pelo sistema de 
tratamento e por fim verificação do custo benefício da implantação do sistema de 
tratamento denominado Jardim Filtrante. 
3.1 Dimensionamento e implantação do Jardim filtrante. 
O local de escolha para a construção do Jardim Filtrante analisado no 
presente estudo foi uma residência unifamiliar localizada na zona urbana do 
município de Maceió, Alagoas, mais especificamente no bairro do Farol. Na 
residência habitam 2 (dois) adultos.A importância da escolha da área se deu pelo 
fato de estar localizada próximo ao Centro Universitário Cesmac, facilitando a 
construção e coleta do efluente para análise e por possuir o sistema de 
esgotamento separado entre as águas cinza e águas negras, estas por sua vez 
são direcionadas à uma fossa séptica. A residência possui sistema de 
abastecimento de água encanado operado pela Companhia de Abastecimento do 
estado de Alagoas (CASAL). 
Segundo dados da EMBRAPA (2013) o dimensionamento ideal é de 
1m2/habitante, logo à área mínima do jardim é de 2 m2, no caso de dois habitantes. 
Segundo informações da moradora, a água cinza é proveniente da pia da cozinha, 
lavatório do banheiro, chuveiros e tanques, conectadas à uma única tubulação de 
descarte do efluente da residência. A rotina dos moradores é pouco conhecida e não 
houve parâmetros de regularidade e dosagem na utilização de produtos de limpeza 
e fornecimento de maiores informações sobre as características dos produtos de 
limpeza utilizados. 
O fluxograma (ver Figura 3) expõe o resumo das etapas que constituíram 
desde a escolha da área para implantação até a sua construção. 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 - Fluxograma das etapas construtivas do Jardim 
Fonte: Autores, 2018. 
O Jardim é constituído por uma caixa construída de alvenaria no solo com 
60cm de altura e área superficial de 3,38 m². A base do solo é de concreto não 
sendo necessária a impermeabilização com uma geomembrana por não está 
instalado em solo nu e as tubulações de entrada e saída são ligadas em pontos 
opostos da caixa. O efluente, antes de chegar ao Jardim, passa por uma caixa de 
retenção de sólidos e na sequência, por uma caixa de gordura, para evitar uma 
maior contaminação das camadas constituintes do jardim. 
As tubulações de esgotamento da residência são de material cerâmico, sendo 
necessário o corte dos tubos que coletam águas cinza para desviar estas águas ao 
jardim filtrante. Abaixo são mostradas as imagens das tubulações do esgotamento 
das águas cinza (contorno vermelho) e águas negras (contorno amarelo) separadas 
e o local escolhido para a construção do jardim filtrante indicado na Figura 4 abaixo. 
 
 
Escolha da área 
para implantação 
Coleta de dados Dimensionamento e 
desenho do projeto inicial 
do Jardim 
Orçamento e 
compra de materiais 
Construção do 
Jardim filtrante 
35 
 
 
Figura 4 - Área de estudo para implantação do Jardim Filtrante 
Fonte: Autores, 2018. 
A Figura 5 apresenta a planta baixa do projeto inicial para a construção do 
jardim filtrante com todas as suas dimensões e localização de cada área constituinte 
do sistema. 
Figura 5 - Planta Baixa do Jardim Filtrante 
Fonte: Autores, 2018. 
As etapas de construção do Jardim filtrante consistiram basicamente no que é 
mostrado nas Figuras 5 a 21 em sequência. 
Local para construção 
do jardim filtrante 
36 
 
Primeiramente foi feita a locação do terreno para construção do jardim de 
acordo com o projeto (Figura 5) como mostra a Figura 6, seguido pelas etapas de 
levantamento da alvenaria (Figura 7), aplicação do reboco (Figura 8) e instalação 
das tubulações de entrada e saía de efluente (Figura 9). Foi confeccionado um 
dreno (Figura 10) de acordo com modelo da Figura 11 para drenos horizontais 
profundos - DHP, a fim de se drenar a água do jardim e transferir ao reservatório e 
posteriormente coletá-la. 
 
Figura 6 - Locação do terreno 
Fonte: Autores, 2018. 
 
Figura 7 - Levantamento da Alvenaria 
Fonte: Autores, 2018. 
37 
 
 
Figura 8 - Aplicação do reboco 
Fonte: Autores, 2018. 
 
Figura 9 - Instalação das tubulações 
Fonte: Autores, 2018. 
 
Figura 10 - Dreno confeccionado com tubo de PVC 
Fonte: Autores, 2018. 
 
 
38 
 
 
Figura 11 - Dreno Horizontal Profundo de PVC 
Fonte: Alonso, 1999. 
 
Os diâmetros dos drenos variam de 1” a 2”, o que limita a quantidade de água 
a ser extraída por unidade implantada. Seu comprimento pode atingir centenas de 
metros, mas geralmente aplica-se de 10 a 20 m. A região corrugada dos tubos 
possui furos de 5 a 10 mm, devendo evitar mais de dois furos por seção o que 
refletiria na redução da resistência do mesmo. A Figura 12 mostra o dreno 
devidamente instalado e revestido com a tela de nylon para evitar que partículas 
pequenas de materiais se depositem nos furos do dreno afetando sua eficiência. 
 
Figura 12 - Instalação do Dreno Horizontal Profundo 
Fonte: Autores, 2018. 
As águas cinza, por conterem gorduras, devem passar por um dispositivo 
denominado caixa de gordura, onde ocorrerá a separação deste material, pois o 
sistema não é capaz de digerir este tipo de matéria orgânica. Esta caixa de gordura 
citada anteriormente foi dimensionada segundo as definições da norma brasileira 
NBR 8160 (ABNT, 1999): Sistemas Prediais de Esgoto Sanitário. Por se trata de 
39 
 
apenas uma cozinha, a caixa de gordura será do tipo simples, retendo até 31 l do 
efluente. A caixa de retenção de sólidos é denominada caixa de decantação pelo 
EMBRAPA (2013) caixa com uma capacidade de 50 a 100 l. A Figura 13 mostra 
esses dispositivos. 
 
Figura 13 - Caixas de gordura e retenção de sólidos 
Fonte: Autores, 2018. 
 
Depois da separação dos sólidos lipossolúveis (são solúveis em gordura) o 
efluente segue para a porção do jardim filtrante denominada filtro biológico, onde 
ocorrerá o processo de depuração biológica do efluente. 
Após a construção, a caixa é preenchida com uma camada de brita n°1 e uma 
camada de areia grossa e terra vegetal, sendo, em seguida, saturadas com água. As 
funções que atribuímos às camadas de areia e brita são: 
 Atuam diretamente como suporte físico para as plantas que serão inseridas 
posteriormente; 
 Proporciona maior área superficial reativa; 
 Serve como meio de aderência para a população microbiana; 
 Por fim, são responsáveis pela remoção de compostos orgânicos e 
inorgânicos por processos físicos e químicos. 
40 
 
É colocada entre as camadas do jardim uma tela de nylon para a separação 
dos materiais ali presentes. As Figuras 14 a 16 mostram as camadas desses 
materiais sendo inseridas. 
 
Figura 14 - Camada de Brita adicionada ao jardim juntamente com a tela para 
separação das camadas de materiais 
Fonte: Autores, 2018. 
 
Figura 15 - Camada de areia grossa 
Fonte: Autores, 2018. 
 
 
41 
 
 
Figura 16 - Camada de terra vegetal 
Fonte: Autores, 2018. 
Depois de colocado o meio suporte, são plantadas as espécies desejadas 
(plantas macrófitas ou ornamentais compatíveis com o meio), visando produzir um 
ambiente visualmente agradável. As espécies inseridas no jardim foram as descritas 
no Quadro 3. 
Quadro 3 - Espécies inseridas no Jardim Filtrante 
Espécie Nome Popular Função 
Zingiberaceae Alpínia, Gengibre-vermelho 
Degradação de matéria 
orgânica 
Cyperaceae Papiro Anão 
Degradação de matéria 
orgânica e Paisagística 
Araceae Copo de Leite 
Degradação de matéria 
orgânica e Paisagística 
Portulacaceae Onze horas Ornamental 
Poaceae Citronela Repelir insetos, aromática 
Grama Esmeralda Grama Esmeralda 
Ornamental 
 
Fonte: Autores, 2018. 
A escolha das plantas do jardim foi baseada em sua capacidade de 
“fitoextração” dos micropoluentes e nutrientes presentes na água, com a capacidade 
de autodepuração do meio úmido plantado. Com isso, as plantas são escolhidas de 
acordo com o seu potencial de tolerância, devendo seguir os seguintes fatores: 
rusticidade: capacidade de resistir às diversas variações do meio (secas, 
inundações, acidez etc.); consumo de oxigênio; tolerância a diversos tipos de 
http://www.centraldagrama.com/grama-esmeralda
http://www.centraldagrama.com/grama-esmeralda
42 
 
poluentes; grandes sistemas de raiz, rastejando e ramificada (volume da rizosfera e 
produtividade biológica); adaptações às condições de inundação local e de seca. As 
Figuras 17 e 21 mostram as plantas que foram escolhidas para compor o sistemade 
tratamento. 
 
Figura 17 - Plantas macrófitas e ornamentais nativas da região 
Fonte: Autores, 2018. 
Logo após esse processo de plantação das espécies, foi necessário 
confeccionar as tampas da caixa de gordura, caixa de retenção de sólidos e do 
reservatório ao qual essa água será armazenada para evitar que insetos se 
proliferem no sistema e evitar possíveis odores como mostram as Figuras 18 a 21 
abaixo. 
As tampas foram devidamente, armadas com Aço CA – 60 com bitola de 5,0 
mm e formas de madeirite compensado de 14 mm e em sequência foi lançado e 
adensado o concreto dessa tampa como mostra a Figura 19. 
43 
 
 
Figura 18 - Armações das Tampas com CA-50 de 5,0 mm 
Fonte: Autores, 2018. 
 
Figura 19 - Lançamento e Adensamento do Concreto na forma da Tampa 
Fonte: Autores, 2018. 
 
44 
 
 
Figura 20 – Tampas do reservatório e caixa de gordura. 
Fonte: Autores, 2018. 
 
Figura 21 – Plantas inseridas no jardim filtrante 
Fonte: Autores, 2018. 
Após todas essas etapas para construção do jardim ele se encontra em 
perfeitas condições para iniciar o processo de tratamento das águas cinza. 
Depois de todo o processo de montagem do Jardim filtrante, representado 
pela Figura 22, onde se encontra a entrada do efluente pela tubulação de entrada 
que coleta as águas das pias e chuveiro que segue para caixa de retenção de 
resíduos sólidos, em seguida para a caixa de gordura e posteriormente para o 
sistema de filtro biológico composto pelas plantas e as camadas de terra, areia e 
45 
 
brita e no final do processo o efluente gerado após percolar pelo sistema segue para 
o reservatório para uso ou descarte de acordo com a sua classificação após análise. 
 
Figura 22 - Estrutura do Jardim Filtrante 
Fonte: Autores, 2018. 
Na figura 22, é possível observar que houve infiltração dentro do sistema, isto 
aconteceu devido a não impermeabilização da área reservada para o Jardim, pois foi 
analisada a área e chegado à conclusão que apenas a argamassa seria suficiente 
para garantir a estanqueidade do sistema. Porém, na prática isto não ocorreu 
acarretando na infiltração, essa infiltração pode ser resolvida com a retirada do 
material e aplicação do produto impermeabilizante, e posteriormente a recolocação 
do material. 
3.2 Análise de Parâmetros Físico-Químicos do Efluente 
Os parâmetros utilizados para a análise do Jardim Filtrante foram 
selecionados com base na NBR 13969/1997. As amostras foram coletadas no dia 08 
de maio na entrada do efluente no sistema, caixa de gordura e retenção de resíduos 
sólidos. A coleta e análise foi realizada pelo técnico do Instituto do Meio Ambiente 
(IMA). Após a coleta as amostras foram transportadas até o Laboratório do IMA para 
serem analisadas. 
Para a caracterização e escolha dos locais que receberão o reuso do efluente 
do jardim filtrante serão levados em consideração padrões de qualidade para reuso, 
que variam de acordo com o fim desejado. Para isto foi consultado a NBR 13.969 do 
ano de 1997. 
46 
 
De acordo com o NBR 13969/1997, a escolha das fontes alternativas de 
reuso de água deve levar em consideração o resultado dos parâmetros do efluente 
após análise e feita sua classificação de acordo os valores e classe relacionados no 
Quadro 2 acima. 
Os métodos e procedimentos aplicados para as análises foram realizados 
baseados nos métodos utilizados pelo IMA que constam no Standard Methods for 
the Examination of Water and Wastewater (APHA, 1998). Os parâmetros de 
determinação selecionados para a análise das amostras do sistema de Jardim 
Filtrante estão relacionados no Quadro 4. 
Quadro 4 – Parâmetros analisados 
Parâmetros Métodos 
pH Tritation Method 
Turbidez (NTU) Nephelometric Method 
OD (mg/L) Eletrometric Method 
Cloro Residual (mg/L) 
Method 
colorimetric with DPD 
Coliformes fecais (NMP/100mL) Method incubation 
SDT (mg/L) Total Solids Dried at 103–105°C 
Fonte: Autores, 2018. 
3.3 Verificação do custo benefício da implantação do sistema 
A avaliação dos custos é de grande importância dentro dos objetivos deste 
trabalho. Para que a determinação do período de retorno para o capital investido no 
sistema de reuso de águas cinza possa ser determinado, é preciso relacionar os 
custos de implantação, valorização do espaço e também de manutenção. 
Os custos de implantação envolvem as tubulações de esgoto, o material para 
construção do jardim filtrante e a mão-de-obra envolvida. São considerados também 
os acessórios necessários para as instalações. 
O período de retorno para o investimento inicial necessário à separação das 
águas cinza foi determinado admitindo-se a utilização do efluente para usos simples 
como lavagem de piso e irrigação do próprio sistema do jardim que proporcionou 
uma valorização do espaço onde foi implantado e o não descarte do efluente no 
meio ambiente. 
47 
 
Para a elaboração do consumo de água de reuso foram relacionadas as 
demandas de água dos pontos que podem ser abastecidos com água de menor 
exigência de qualidade, ou seja, foram relacionados os vasos sanitários e as áreas 
externas à residência, jardins e calçadas. 
Foram utilizados os custos de composições do Sistema Nacional de Pesquisa 
de Custos e Índices da Construção Civil - SINAPI e pelo Orçamento de Obras de 
Sergipe - ORSE para a maior parte dos itens analisados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
Neste capítulo está representado e discutido os resultados obtidos através 
das análises para a avaliação de alternativa de reúso para o efluente de saída desse 
sistema e a composição de custos necessária para aquisição de um jardim filtrante 
como sistema de reaproveitamento de águas cinza advindas do esgoto doméstico. 
4.1 Qualidade da água proveniente da entrada e saída do Jardim Filtrante 
As análises foram realizadas pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) para 
quantificação dos parâmetros físico-químicos necessários para a classificação do 
efluente gerado na entrada do tratamento por meio do filtro biológico do jardim 
filtrante, os resultados obtidos encontram-se no Quadro 5. 
Quadro 5 - Parâmetros analisados na entrada do efluente 
Parâmetros Resultados dos Ensaios 
pH 6,06 
Turbidez (NTU) 1702,7 
OD (mg/L) 483,3 
Cloro Residual (mg/L) < 0,1 
Coliformes fecais (NMP/100mL) > 80000 
SDT (mg/L) 229 
Fonte: Autores, 2018. 
Ao observamos o Quadro 5 e compararmos com o Quadro 2, nota-se que não 
podemos classificar esse efluente de entrada em nenhuma classe para 
determinação de alternativas de reúso sem um tratamento adequado. Ou seja, esse 
efluente é ideal para passar por tratamento e ser feito um estudo comparativo da 
entrada e saída. 
As análises do efluente de gerado na saída do jardim filtrante não foram 
possíveis de serem feitas, pois a quantidade disponível na saída não era suficiente 
pra ser coletada e analisada. 
A hipótese mais provável desse acontecimento é que o jardim foi feito com 
uma margem de segurança de 69%, pois a área por habitante é de 1 m² e como na 
residência moravam duas pessoas ele deveria ter sido construído com 2 m², mas 
para melhor aproveitamento do espaço ele foi construído com área total de 3,38 m². 
49 
 
Isso fez com que o sistema consumisse todo o efluente e deixasse passar uma 
quantidade menor para o reservatório. 
 
Figura 23 - Coleta de Efluente para realização de análises de parâmetros 
Fonte: Autores, 2018. 
 
Figura 24 - Efluente Coletado na Entrada do Jardim Filtrante 
Fonte: Autores, 2018. 
50 
 
A Figura 23 retrata a coleta realizada na entrada do jardim filtrante pelo 
técnico do IMA e a Figura 24 retrata os frascos utilizados para as análises, o frasco 
maior de 5 Litros foi para a utilização nas análises de parâmetros do pH, Turbidez, 
Cloro Residual, DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), OD (Oxigênio Dissolvido) 
e Sólidos Totais Dissolvidos. Os fracos menores foram utilizados para as análises

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