Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Autos: ... Requerente: ... Requerido: ... MM. Juíza, No tocante às medidas protetivas da Lei Maria da Penha, em regra pleiteadas e concedidas em fase de inquérito, por excepcional capacidade postulatória conferida à própria ofendida, o Ministério Público se filia ao entendimento do TJMS e do TJDFT no sentido de que não há que se falar em citação. EMENTA – APELAÇÃO CRIMINAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – RECURSO DA DEFESA – MEDIDA CAUTELAR DE NÃO-APROXIMAÇÃO – PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA – INOCORRÊNCIA – RÉU QUE FOI INTIMADO DA DECISÃO – DESNECESSIDADE DE CITAÇÃO DA MEDIDA DE URGÊNCIA – MAGISTRADO QUE PODE, INCLUSIVE, CONCEDER TAIS MEDIDAS DE OFÍCIO – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO – INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS – RECURSO IMPROVIDO. I – O § 1º do art. 19 da Lei n. 11.340/2006 prevê a possibilidade de o juiz deferir a medida protetiva, de imediato, sem audiência das partes e de prévia oitiva do Ministério Público, devendo este ser comunicado depois. O fato da comunicação ao réu ter sido feita através de intimação e não de citação não tem o condão de gerar a nulidade da decisão, pois, pela aplicação da instrumentalidade das formas, se o ato processual cumpriu sua finalidade deve se considerado válido, motivo pelo qual não há qualquer nulidade. (...)” (TJMS – Primeira Turma Criminal – Rel. Juiz Francisco Gerardo de Sousa - Apelação Criminal n. 2010.018946-2 – Campo Grande – j. em 29.11.2010). TJDFT – PRIMEIRA TURMA CRIMINAL Habeas Corpus 2007. 00.0008248-0 HABEAS CORPUS. LEI MARIA DA PENHA. MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE CITAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO DO ATO PROCESSUAL. 1. Comparece inviável o pedido para citação do agressor, no rito da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), porquanto o chamamento ao processo para a apresentação de defesa constitui um ato processual e, no caso dos autos, somente seria legítimo após o oferecimento e recebimento da denúncia do Ministério Público, não tendo, portanto, cabimento no curso das investigações policiais, quando sequer o autor da ação penal tem elementos para aferir a real necessidade de instauração da lide. 2. Conforme bem salientado pelo Ilustre Magistrado a quo, ante a regular intimação das medidas protetivas impostas ao paciente, o mesmo não se encontra impedido de manifestar sua irresignação, basta apresentar suas razões pela via judicial adequada. 3. Ordem denegada. Interessa mencionar o debate havido entre os desembargadores do TJDFT que, no mérito de Habeas Corpus que justamente pretendia a citação, entenderam que não se poderia determinar tal ato porque seria a criação de etapa processual inexistente, sem previsão na Lei Maria da Penha. Afirma o Desembargador João Egmond: “denego a ordem porque o réu tem conhecimento. Também não posso inventar um ato processual que não sei se existe neste procedimento, porque, me parece, salvo melhor juízo, que não existe ato processual da citação. Não posso criar no procedimento um ato processual inexistente, sob pena de se subverter a ordem do procedimento, Agora, nada obsta que, ele se ele quiser, compareça espontaneamente e formule sua defesa” (grifos nossos) Acompanham os desembargadores Edson Alfredo Smaniotto e Mário Machado: “Na denegação, acompanho o eminente Relator na medida em que a lei não determina a citação, o juiz cumpre o seu mister liminarmente, inaudita altera pars e determina a intimação subseqüente. Não há que se falar em coação ilegal em face da não ocorrência da citação, por sinal não exigida em lei”. (grifos nossos) “A Lei 11.340/06 não prevê a citação do requerido na medida protetiva e sim a sua intimação. No caso, o paciente já tem conhecimento da medida, tanto que veio com a presente impetração; portanto, basta que, ciente do processado, dirija-se ao Juizado de Violência Doméstica e Familiar e faça a sua defesa, que deverá ser resolvida incidentemente, de forma sumária, pelo referido juízo”. (grifos nossos) Verifica-se que o ato processual atingiu sua finalidade, qual seja, dar conhecimento ao agressor acerca das medidas protetivas, sendo desnecessária a citação. Frente ao exposto, considerando que não houve qualquer pleito nos autos e que fatos novos não surgiram que justificassem a revogação das medidas protetivas, requer o Ministério Público a confirmação da decisão liminar. Campo Grande, .. de ... de 2011. ANA LARA CAMARGO DE CASTRO PROMOTORA DE JUSTIÇA
Compartilhar