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TCC - EDUCAÇÃO INCLUSIVA - AVANÇOS E DESAFIOS NO PROCESSO DE INCLUSÃO / NOTA 100

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CENTRO UNIVERSITARIO INTERNACIONAL - UNINTER 
SEGUNDA LICENCIATURA NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM 
LETRAS 
LUCAS MOREIRA DOS SANTOS 
RU: 3065638 
 
 
 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA - AVANÇOS E DESAFIOS NO PROCESSO DE 
INCLUSÃO 
 
 
 
 
 
CRATEÚS-CE 
2020 
 
 
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LUCAS MOREIRA DOS SANTOS - RU: 3065638 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA - AVANÇOS E DESAFIOS NO PROCESSO DE 
INCLUSÃO 
 
 
Monografia apresentada na segunda 
licenciatura no curso de graduação em 
Letras do Centro Universitário 
Internacional – UNINTER. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRATEUS-CE 
 2020 
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RESUMO 
A presente monografia tem como objetivo relatar os avanços e desafios no processo de 
inclusão. Buscando analisar o contexto histórico da educação inclusiva no Brasil e no 
mundo, os avanços e as melhorias das políticas públicas, as conquistas alcançadas ao 
longo de todo o processo e os desafios existentes dentro do processo de inclusão. Para a 
construção dessa pesquisa foi realizado uma revisão bibliográfica onde foram utilizados 
autores reconhecidos da área educacional e documentos relevantes que forneceram 
informações necessárias para a conclusão desse trabalho. Para os instrumentos da coleta 
de dados foi feito um levantamento bibliográfico onde foi utilizado livros, artigos e sites 
fazendo comparações, com diferentes teóricos. Com base no estudo e nas questões 
levantadas foi compreendido que a inclusão de alunos com deficiência no ensino regular 
é na realidade um dos maiores desafios no campo educacional. 
Palavra chave: Inclusão. Políticas Públicas. Desafios 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
O presente trabalho de pesquisa intitulado “Os avanços e os desafios da 
educação inclusiva”, tem como objetivo geral, averiguar através de uma pesquisa 
bibliográfica, os avanços que ocorreram no decorrer de todo o processo da Educação 
Especial, desde os atendimentos segregativos até ao AEE (Atendimento Educacional 
Especializado). Os objetivos específicos são: desenvolver um breve relato do Contexto 
histórico no mundo e no Brasil da educação especial, analisar a criação e o progresso da 
Legislação, em benefício das pessoas com NEE (Necessidades Educacionais Especiais), 
relatar os avanços e as conquistas alcançadas ao longo da trajetória, e por fim abordar os 
desafios ainda existentes dentro do processo de inclusão. 
A problematização se deu a partir de aportes teóricos de que a inclusão de 
alunos com deficiência no ensino regular é na realidade um dos maiores desafios no 
campo educacional, uma vez que o processo de inclusão não é simplesmente inserir o 
aluno no ambiente escolar, pois se faz necessário que a escola se preocupe 
 
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principalmente com a aprendizagem de cada aluno, de forma que ele seja um integrante 
ativo e participativo das ações desenvolvidas dentro da sala de aula. 
Sendo assim, para análise das questões que abordam essa temática, a 
pergunta norteadora é: Será que as escolas da rede pública de ensino estão aptas para 
atender e oferecer condições necessárias aos alunos com NEEs? Essa pergunta será 
respondida no decorrer dessa pesquisa, através das teorias abordadas e por meio da 
pesquisa. 
A importância de abordar esse tema leva-se em consideração a grande 
relevância no campo da Pedagogia, pois nos possibilitará a obter conhecimento mais 
amplo sobre a educação inclusiva, proporcionando assim, a compreensão educativo-
pedagógica para abordar a inclusão dentro da sala de aula, o que facilitará na elaboração 
de atividades pedagógicas que venham ao encontro das necessidades e particularidades 
de cada aluno presente que tem direito ao processo de inclusão. 
Este trabalho foi estruturado da seguinte maneira: No capítulo 1 o 
Referencial teórico que está dividido em 4 subtópicos que relatam Contextos históricos 
da Educação Especial no Brasil e no mundo, como também as Leis sobre o tema em 
questão. No capítulo 2 serão abordados os avanços e os desafios da inclusão escolar de 
pessoas com NEE que está dividido em 3 subtópicos, o processo de reestruturação e/ou 
readaptação das escolas para que estas se tornem mais acessíveis, a formação de 
professores e os demais profissionais de apoio que fazem o atendimento e a importância 
da participação da família no processo de formação da pessoa com algum tipo de NEE. 
1.1 Procedimentos metodológicos 
O referido trabalho possui como objetivo geral averiguar e compreender por 
meio de uma pesquisa bibliográfica os avanços e os desafios no processo de inclusão de 
alunos com NEE, uma vez que a inclusão desses educandos no ensino regular, ainda é 
um processo cheio de desafios e dificuldades. 
A natureza da pesquisa se caracteriza como uma pesquisa qualitativa que 
segundo Minayo (2001), a pesquisa qualitativa se preocupa em responder a questões 
mais profundas, sem a intenção de quantificar a realidade presenciada, ela trabalha com 
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, todos esses atributos são 
essenciais para que esse método de pesquisa se torne eficaz. 
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Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizados autores reconhecidos 
da área educacional, tal como MANTOAN (2003) (2006), MIRANDA (2003), entre 
outros. Esses diferentes autores com os quais trabalhamos buscaram aproximar suas 
opiniões sobre o referido tema, comparando seus estudos a propósito da inclusão das 
crianças com NEEs no ensino regular. Utilizamos também documentos oficiais de 
Legislação, Decretos, Portarias como a Política Nacional de Educação Especial na 
Perspectiva da Educação Inclusiva e o Plano Nacional de Educação. 
A análise desenvolvida a partir de um estudo teórico foi de grande 
relevância para a elaboração dessa pesquisa, pois os dados adquiridos possibilitaram 
uma maior compreensão sobre a atual importância da educação inclusiva, assim como 
do papel da escola, da família, da sociedade e do professor. 
2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA – Contextualização histórica 
Segundo Gonçalves (2005) nos diversos períodos da história da 
humanidade, a deficiência era vista de diferentes maneiras. De acordo com o autor, as 
pessoas que tinham algum tipo de deficiência eram consideradas pessoas anormais ou 
incapazes, as mesmas sofriam diferentes tipos de humilhação, eram abandonadas ou 
exterminadas, jogadas de penhascos por não serem capazes de conviver em sociedade, 
de trabalharem e de se sustentarem. 
Miranda (2003) também afirma que durante a maior parte da história da 
humanidade o deficiente foi vítima de segregação, pois a ênfase era na sua 
incapacidade, na anormalidade. Segundo a autora essas pessoas ficavam recolhidas nas 
instituições, segregadas da sociedade e das escolas, impedidas de convívio social, sem a 
chance de se desenvolverem intelectualmente. 
Ainda de acordo com Amaral (2005) na Antiguidade Clássica, a segregação 
e o abandono das pessoas com deficiência eram institucionalizados. Na Grécia, as 
pessoas com deficiência eram abandonadas à sua sorte e expostas publicamente. Em 
Roma, havia uma lei que dava o direito ao pai de suprimir criança logo após o parto. 
Dutra (2007) também destaca que a trajetória da Educação Especial, é 
marcada por atitudes sociais de exclusão educacional de pessoas com deficiência, 
porque elas eram consideradas indignas ou incapazes de receber uma educação escolar. 
A autora ainda ressalta que apesar dos estudos científicos da época tentarem demonstrar 
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as possibilidades de tratamento da deficiência, predominavam as concepções filosóficas 
de marginalização e segregação dessas pessoas. 
Conforme o entendimento dos diferentes autores citados a história da 
Educação Especial foi marcada pela total exclusão. As pessoas que possuíam algum tipo 
de deficiência não recebiam nenhum tipo atendimento, sendo abandonadas e excluídas 
do meio da sociedade devido às suas condições, pois para a sociedade os deficientes 
eram considerados “anormais” e não podia conviver socialmente. 
Já na Idade
Média as pessoas com deficiência começavam a ser 
consideradas como cristãos que possuíam alma, sendo assim dignas de tratamentos 
especiais. Como destaca Magalhães (2003, p. 30), “o dilema caridade-caridade é 
estabelecido, as crianças com deficiência, como cristãos, possuem alma, portanto, não 
podem ser sumariamente sacrificadas”. Através da igreja católica os deficientes 
começavam a serem considerados seres humanos. 
Durante o século XIX, através de técnicas desenvolvidas por esses três 
estudiosos, o medico Jean Marc Itard (1774-1838), o também médico Edward Seguin 
(1812-1880) e Maria Montessori (1870-1956), a Educação Inclusiva foi ganhando um 
olhar diferenciado no que tange a questão sobre a deficiência. 
Miranda (2003) afirma que a contribuição com métodos educacionais do 
medico Jean Marc Itard (1774-1838) no século XIX desenvolveu as primeiras tentativas 
de educar uma criança de doze anos de idade chamado Vitor, mais conhecido como o 
“Selvagem de Aveyron”. Reconhecido como o primeiro estudioso a usar métodos 
sistematizados para o ensino de deficientes, ele estava certo de que a inteligência de seu 
aluno era educável, a partir de um diagnóstico de idiotia que havia recebido. (Miranda, 
2003). 
Edward Seguin (1812-1880), que, influenciado por Itard, criou o método 
fisiológico de treinamento, que consistia em estimular o cérebro por meio de atividades 
físicas e sensoriais. Maria Montessori (1870-1956) também influenciada por Itard, 
desenvolveu um programa de treinamento para crianças deficientes mentais, baseado no 
uso sistemático e manipulação de objetos concretos. Suas técnicas para o ensino de 
deficientes mentais foram experimentadas em vários países da Europa e da Ásia. 
(Miranda, 2003). 
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Na década de 50 começaram a surgir às primeiras escolas especializadas e 
as classes especiais. A Educação Especial se consolidava como um subsistema da 
Educação Comum. Foi um período no qual predominou a concepção científica da 
deficiência, acompanhada pela atitude social do assistencialismo presente na Idade 
Média e reproduzida pelas instituições filantrópicas de atendimento aos alunos com 
deficiência. (Dutra, 2007). 
2.1.2. No Brasil 
De acordo com Mantoan (2011) o desenvolvimento histórico da educação 
especial no Brasil inicia-se no Século XIX, quando os serviços dedicados a esse 
segmento de nossa população, inspirados por experiências norte-americanas e 
europeias, foram trazidos por alguns brasileiros que se dispunham a organizar e a 
implementar ações isoladas e particulares para atender a pessoas com deficiências 
físicas, mentais e sensoriais. 
O atendimento às pessoas com deficiência no Brasil teve início na época do 
Império, com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 
1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 
1857, hoje denominado Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no 
Rio de Janeiro. No início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi (1926), 
instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; em 1954, é 
fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE; e, em 
1945, é criado o primeiro Atendimento Educacional Especializado às pessoas com 
superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff. (BRASIL, 2008). 
Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa a ser 
fundamentado pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 
LDBEN, Lei nº 4.024/61, passou a fundamentar o atendimento das pessoas com 
deficiência apontando o direito à educação, preferencialmente dentro do sistema geral 
de ensino. 
Entretanto, segundo (Brasil 2008) a Lei nº. 5.692/71, que altera a LDBEN 
de 1961, não promove a organização de um sistema de ensino capaz de atender as 
especificidades destes alunos e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para as 
classes e escolas especiais. 
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Na década de 70, a Educação Especial Pública passou por um processo de 
reestruturação, nesse período o MEC cria o Centro Nacional de Educação Especial – 
CENESP, responsável pela gerência da educação especial no Brasil, que, sob a égide 
integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e 
às pessoas com superdotação, mas ainda configuradas por campanhas assistenciais e 
iniciativas isoladas do Estado. Porem, apesar do acesso ao ensino regular, no que se 
refere aos estudantes com superdotação, não é organizado um atendimento 
especializado que considere as suas singularidades de aprendizagem. (BRASIL, 2008). 
Já na década de 80, o Brasil passou por mais um período de reconstrução, 
nessa ocasião surgiu a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA). Também, nessa mesma década outros documentos importantes 
passam influenciar a formulação das políticas públicas da Educação Inclusiva no Brasil, 
como a Declaração Mundial de Educação para (1990) e a Declaração de Salamanca 
(1994). Criado na cidade de Salamanca na Espanha. 
A Declaração de Salamanca mudou completamente o cenário da educação 
mundial. Este documento foi criado para apontar aos países a necessidade de políticas 
públicas e educacionais que venham a atender a todas as pessoas de modo igualitário, 
independente das suas condições pessoais, sociais, econômicas e socioculturais. 
(BRASIL, 2008). 
Segundo Brasil (2008) esta declaração aponta que a escola inclusiva é 
preferencialmente o lugar onde todas as crianças devem aprender juntas, sempre que 
possível independente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas que elas possam 
ter, conhecendo e respondendo às diversas necessidades de seus alunos, acomodando 
ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a 
todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de 
ensino, uso de recursos e parcerias com as comunidades. 
2.1.3. Educação Inclusiva – Aspectos Legais 
A Constituição Brasileira de 1988 contribuiu significativamente para o 
reconhecimento do direito a proteção das pessoas com Necessidades Educacionais 
Especiais (NEE), pois ela prioriza o Atendimento Educacional Especializado (AEE). 
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Nesse documento oficial, vários artigos foram destinados aos direitos da criança com 
deficiência. Vale ressaltar os seguintes artigos: 
● Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao 
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
● Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – 
igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
● Art. 208. O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a 
garantia de: III - atendimento educacional especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - 
atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade. 
De acordo com a Constituição os artigos citados acima têm como objetivo 
de incluir esses alunos através da escola e assegurar o direito à educação, como também 
de garantir que cada criança com deficiência tenha o cuidado com sua saúde garantido, 
assim como sua proteção, habilitação e reabilitação. 
Em 24 de outubro de 1989, Lei de n.º 7.853 que dispõe sobre o apoio às 
pessoas com deficiência e sua inclusão social. Segundo a referida Lei é considerado 
crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante por 
causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele público ou 
privado, e que a pena para o infrator pode variar de um a quatro anos de prisão, mais 
multa. 
De acordo com a Lei de nº. 8.069/90do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente um
atendimento 
educacional especializado as pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular 
de ensino. 
Ainda no Art. 53, determina que “os pais ou responsáveis têm a obrigação 
de matricular seus filhos na rede regular de ensino”. 
 A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o pleno 
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e 
qualificação para o trabalho assegurando-lhes: igualdade de condições para o 
acesso e permanência na escola; (Art.53, I). Atendimento Educacional 
Especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede 
regular de ensino. (Art. 53, II). 
Esta Lei é de grande relevância, pois além de assegurar no Art. 53, II os 
mesmos direitos garantidos na Constituição que é o Atendimento Educacional 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm
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Especializado (AEE) para as pessoas com deficiência, também estabelece que é dever 
dos pais ou responsáveis a obrigatoriedade de matricular seus filhos no ensino regular. 
A Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) foi aprovada em 
Jomtien, Tailândia, em 1990, e tem como objetivo garantir o atendimento às 
necessidades básicas da aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos. Em seu 
Artigo 3º a Declaração trata da universalização do acesso à educação e do princípio de 
equidade. Especificamente em relação à educação dos alunos com deficiência, o 
documento diz: 
As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de 
deficiência requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que 
garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer 
tipo de deficiência, como parte do sistema educativo (p. 4). 
O documento afirma que todas as pessoas com (NEE) requerem atenção 
especial, assegurando a igualdade de acesso à educação para todas as pessoas com 
deficiência. 
A Declaração de Salamanca (julho de 1994) é um documento que proclama 
as escolas regulares com orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de 
combater atitudes discriminatórias e que alunos com deficiência devem ter acesso à 
escola regular, tendo como princípio orientador que “as escolas deveriam acomodar 
todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, 
emocionais, linguísticas ou outras” (BRASIL, 2008). 
Em 20/12/96 surge a Lei nº 9394 (LDB – Lei de Bases da Educação 
Nacional). Essa Lei dedica o Capítulo V inteiramente à educação especial, definindo-a 
no Artg. 58º como “uma modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente 
na rede regular de ensino, para educandos que apresentam necessidades especiais". 
§1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola 
regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial. 
 
§2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços 
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, 
não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular. 
§3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado, tem início 
na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. (Art.58, 
Cap.V) 
 
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De acordo com o referido Artigo, os sistemas de ensino devem garantir 
condições específicas para atender as necessidades básicas de cada aluno incluso, e 
assegura que a oferta da educação especial, dever constitucional do Estado. 
O Decreto nº 3.298 (20 de dezembro de 1999) dispõe sobre a Política 
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, e ainda define a 
educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de 
ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular. 
A Lei de nº 10.172/2001 (O Plano Nacional de Educação PNE) destaca que 
o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma 
escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana. 
A Convenção da Guatemala foi promulgada no Brasil pelo Decreto nº 
3.956, de 08 de outubro de 2001. Este Decreto afirma que as pessoas com deficiência 
têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, 
definindo como discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou exclusão 
que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades 
fundamentais. De acordo com o Art. 2º, o referido documento tem como objetivo 
prevenir e eliminar todas as formas de discriminação contra as pessoas com 
necessidades especiais propiciar a sua plena integração à sociedade. 
A criação da Lei nº 10.436/02reconhece a Língua Brasileira de Sinais 
(Libras) como meio legal de comunicação e expressão, determinando que sejam 
garantidas formas institucionalizadas de apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão 
da disciplina de Libras como parte integrante do currículo nos cursos de formação de 
professores e de fonoaudiologia. Em seu artigo 3º no Inciso 1º e 2º afirma que. 
§ 1º Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o 
curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia 
e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de 
professores e profissionais da educação para o exercício do magistério. 
 § 2º A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos cursos de 
educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da 
publicação deste Decreto. 
Esse Decreto é de fundamental importância, pois determina a inclusão de 
Libras como disciplina curricular nos cursos de formação de professor para o exercício 
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do magistério, para que os futuros profissionais da educação sejam contemplados com 
uma formação adequada à situação vivenciada nas escolas. 
A Portaria de nº 2.678/02 do MEC aprova diretrizes e normas para o uso, o 
ensino, a produção e a difusão do sistema Braille em todas as modalidades de ensino, 
compreendendo o projeto da Grafia Braille para a Língua Portuguesa e a recomendação 
para o seu uso em todo o território nacional. 
Já o Decreto sobre nº 6.571, tem como finalidade ampliar a oferta do 
Atendimento Educacional Especializado (AEE) aos alunos com deficiência, transtornos 
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede 
pública de ensino regular. Também dispõe-se a tratar de alguns aspectos do atendimento 
do aluno com surdez nos incisos nº 1 e 2 do Artigo nº 3. 
§ 1º As salas de recursos multifuncionais são ambientes dotados de 
equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta 
do atendimento educacional especializado. 
§ 2º A produção e distribuição de recursos educacionais para acessibilidade 
incluem livros didáticos e paradidáticos em braile, áudio e Língua Brasileira 
de Sinais (LIBRAS), laptos com sintetizador de voz, softwares para 
comunicação alternativa e outras ajudas técnicas que possibilitam o acesso ao 
currículo. 
 
Este Decreto é considerado um dos maiores avanços no processo inclusivo, 
pois além de se preocupar em dar um atendimento especializado aos alunos deficientes, 
também ressalta a importância destes serem induzidos a aprender Língua de Sinais, 
também com os recursos técnicos, didáticos e pedagógicos para que estes sejam 
atendidos de forma humanitária e responsável. 
2.2 Avanços e desafios da Inclusão Escolar de Pessoas com Necessidades 
Educacionais Especiais (NEE) 
Ao longo da história, a Educação Especial foi marcada inicialmente pela 
segregação e exclusão social. Como já foram mencionadas nos tópicos anteriores as 
pessoas que possuíam algum tipo de deficiência na antiguidade eram totalmente 
excluídas do meio da sociedade, porém, com o passar dos anos, a partir de mudanças 
significativas que ocorreram no decorrer desse processo, trouxeram um novo olhar para 
a educação especial. 
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Os movimentos e principais acontecimentos
em prol da educação especial 
garantiram às pessoas com deficiência o direito e o acesso ao Atendimento Educacional 
Especializado. Como afirmam Glat e Fernandes (2005) o ensino para alunos com 
NEE’s, era pautado em um modelo de atendimento segregado, que com uma ampla 
discussão foi visto uma nova temática educacional. As autoras ainda ressaltam que 
através da Declaração de Salamanca de 1994, os alunos com deficiência passaram a ser 
assegurados com um atendimento no ensino regular de forma diferenciada. 
Como podemos observar, ao longo da história, muitas conquistas foram 
alcançadas, através de lutas e de Leis elaboradas em benefício às pessoas com NEE’s, e 
com isso a educação especial começa a ganhar realmente importantes avanços. Para 
Miranda (2003) a luta pela inclusão social de pessoas deficientes foi realmente um 
avanço social muito importante, pois teve o mérito de inserir esse indivíduo na 
sociedade de forma sistemática, se comparado aos tempos de segregação. 
Como podemos perceber, de fato, tivemos muitas conquistas, através da 
Constituição Brasileira de 1988, a Declaração de Salamanca entre outros documentos 
que garantem o acesso e a permanência do aluno com NEE no ensino regular, 
contribuíram significativamente para o reconhecimento do direito a proteção das 
pessoas com deficiência. 
Entretanto, apesar dos avanços, o processo de inclusão no Brasil ainda é um 
grande desafio. As Leis por si só não é garantia para que se efetive o processo de 
inclusão de fato, é necessário principalmente que se cumpra o que está na legislação. 
Como afirma Miranda (2003), é preciso garantir que essas conquistas, expressas nas 
leis, realmente possam ser efetivadas na prática do cotidiano escolar. 
No caminho dessa abordagem, Oliveira (2004) também afirma que a 
legislação por si só, não operará tal mudança, é necessário a criação de serviços de 
apoio especializado nas escolas regulares, de modo em que a instituição tenha condição 
tanto física quanto profissional, para atender de forma igualitária as peculiaridades de 
cada criança com deficiência. 
É perceptível que os avanços ocorridos ao longo do tempo no Atendimento 
Educacional Especializado (AEE), a implantação de Salas de Recursos Multifuncionais 
(SRM), os professores intérpretes de Libras e ledores de braile, entre outros serviços de 
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acesso nas escolas da rede pública é sem dúvida um grande avanço no processo 
educacional. 
No entanto, segundo Brasil (2008) mesmo com uma perspectiva conceitual 
que aponte para a organização de sistemas educacionais inclusivos, que garanta o acesso 
de todos os estudantes e os apoios necessários para sua participação e aprendizagem, as 
políticas implementadas pelos sistemas de ensino não alcançaram de fato esse objetivo. 
Dentre desse contexto, vale ressaltar que para alcançarmos tais objetivos, é 
importante que o poder público invista cada vez mais no sistema educacional inclusivo, 
isso inclui a formação continuada dos professores que atuam no processo de inclusão, 
pois é de fundamental importância que o docente esteja preparado para lidar com as 
deficiências do aluno em sala de aula. Como afirma Almeida (2007, p. 336), que 
“formar o professor é muito mais que informar e repassar conceitos; é prepará-lo para 
um outro modo de educar, que altere sua relação com os conteúdos disciplinares e com 
o educando”. 
Nessa mesma visão Brasil (2008) também destaca que: 
Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua 
formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da 
docência e conhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a 
sua atuação no atendimento educacional especializado, aprofunda o caráter 
interativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, 
nas salas de recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, 
nos núcleos de acessibilidade das instituições de educação superior, nas 
classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e 
recursos de educação especial. (Brasil, 2008) 
Diante da relevância do papel do professor na educação inclusiva, é 
essencial valorizar o trabalho docente, já que a função do mesmo é conduzir e ao 
mesmo tempo orientar as atividades do aluno durante o processo de aprendizagem. 
Desse modo, se faz necessário que tenhamos profissionais capacitados para exercer tal 
função, para que o mesmo consiga atender de forma adequada as necessidades e 
individualidades de cada criança inserida. 
Ainda para Martins seus colaboradores (2012) 
(...) a formação permanente pois,é um dos fatores imprescindíveis para que 
os profissionais de educação possam atuar, efetivamente, frente aos alunos 
sob sua responsabilidade em classe e no ambiente escolar, de maneira mais 
ampla, por mais diversificado que esse grupo se apresente, oferecendo-lhes 
condições de atendimento educacional que sejam adequadas às suas 
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condições e necessidades e, não apenas, realizando a mera inserção física 
desses educandos no ambiente escolar. (Martins 2012, p,33). 
Diante das afirmações, fica evidente a importância do trabalho do professor 
no processo educacional. Os autores também destacam que além disso, para garantir a 
efetiva participação e aprendizagem dos alunos se faz necessário que a escola passe por 
uma reestruturação, implicando na busca pela remoção de barreiras visíveis (de 
acessibilidade física, pedagógicas) e invisíveis, que são as mais sérias de serem 
removidas, pois envolvem atitudes, preconceitos, estigmas e mecanismos de defesa 
ainda existente frente ao aluno tido como, “diferente”. (Martins 2012, p,33). 
Para Fonseca (2005) o maior desafio para uma educação inclusiva são as 
barreiras encontradas ao longo de todo o processo educacional, destacando entre elas a 
falta de adaptação das escolas regulares e de professores que não estão preparados para 
receber adequadamente alunos com deficiência em sala de aula, além da discriminação 
e do preconceito encontrado na sociedade e, muitas vezes, surgindo no seio da própria 
família. 
Complementando essa discussão, Carvalho (2007) também afirma que 
devemos remover os obstáculos existentes no ambiente escolar, mas, para isso 
primeiramente devemos buscar conhecer as dificuldades de todos os alunos como: a 
aprendizagem; acessibilidade; as diferenças para que não haja preconceito; os materiais 
didáticos; o envolvimento familiar; a proposta do projeto político pedagógico, se esse 
está adequado para todos os alunos, dentre outros fatores. 
Diante dos argumentos dos autores, é cabível salientar que apesar dos 
avanços nos últimos anos, a educação inclusiva tem provocado diversas discussões 
sobre seu modo de atuar dentro das escolas da rede pública, isso por que até o presente 
momento o preconceito e a discriminação são algumas das barreiras que ainda não 
foram rompidas. Como destaca Fonseca (2005) tais práticas ainda são encontradas na 
sociedade, na família e até na própria escola. 
Nesse caso é importante que as escolas se reorganizem e procurem adotar 
medidas de conscientização que rompam com as barreiras que impedem o acesso e a 
permanência dos alunos no ensino regular. Além disso, para o melhor atendimento dos 
seus educandos, se faz necessário que as escolas desenvolvam estratégias para 
16 
 
incentivar à família (pais e responsáveis) a participar da vida escolar do aluno, pois é de 
suma importância que a família participe do processo de inclusão. 
Portanto, para que os alunos sejam realmente escolarizados de forma 
adequada, além da adequação da estrutura física, que garantam a eliminem das barreiras 
arquitetônicas, a escola deve elaborar metodologias diferenciadas para estimular o 
desenvolvimento motor e cognitivo de cada criança. Deve-se adaptar o currículo escolar 
de acordo com as potencialidades, limitações e particularidades de cada criança, isso 
porque não basta
só inserir o aluno dentro da escola, é necessário garantir, sobretudo a 
participação e desenvolvimento da aprendizagem deste, respeitando sempre a sua 
individualidade e sua particularidade. 
Mediante o exposto, reconhecemos que a inclusão não se efetivou ainda da 
forma esperada, até por que o processo de inclusão não se configura em apenas garantir 
o acesso e a matricula do aluno com NEE, embora isso seja um grande avanço, 
infelizmente nem todos são contemplados com a educação inclusiva de qualidade. 
O processo inclusivo tem se tornado um grande desafio, principalmente para 
os que atuam diretamente no processo de inclusão. Dessa maneira, a alternativa mais 
eficaz para que essa situação se efetive, seria a reformulação do sistema educacional. E 
mais, é de fundamental importância que a escola, os professores, pais e/ou responsáveis 
e a comunidade em geral procure buscar novas alternativas de mudanças, e que o Poder 
Público invista mais nas escolas e nos profissionais que recebem alunos com NEEs, 
pois só assim teremos de fato uma educação inclusiva de qualidade. 
2.2.1 Reestruturação da Escola e de Equipamentos 
 
Mesmo com os avanços em prol da educação inclusiva, a dificuldade de 
acesso e a permanência de alunos com deficiência nas escolas da rede pública de ensino 
ainda é um grande desafio. O que observamos ainda na atualidade, são escolas com 
condições impróprias de acessibilidade, impossibilitando assim, o acesso de todos que 
tem ensino público como garantia regidos pela Constituição Federal. 
Assim, Nogueira (2015) e seus colaboradores, afirmam que pela falta de 
acessibilidade, muitas pessoas com deficiência deixam de ter acesso à educação, mesmo 
tendo o interesse de adquirir conhecimentos. Ainda, de acordo com os respectivos 
17 
 
autores, algumas instituições de ensino não se encontram em condições favoráveis para 
receber as pessoas com mobilidade reduzida, por não possuir profissionais capacitados 
ou uma estrutura adequada para proporcionar aos seus educandos um acesso e ensino de 
qualidade, causando assim uma interferência negativa no processo de aprendizagem 
dessas pessoas. 
Os autores citados acima concluem ressaltando que a escola é um 
importante espaço capaz de proporcionar conhecimento e auxiliar na formação cidadã 
dos alunos. Sendo assim este ambiente deve estar preparado para convivência com a 
diversidade, sempre buscando atender as necessidades de todos, inclusive das pessoas 
com deficiência. 
Dessa forma, para tornar a escola mais acessível a todas as pessoas com 
deficiência, e assim promover a inclusão educacional, é necessário que haja mais 
investimento em recursos educacionais para Atendimentos Educacionais 
Especializados, de maneira que as escolas sejam adaptadas de acordo com as 
necessidades e as especificidades de cada pessoa. 
Assim, é importante que as instituições de ensino tenham uma infra-
estrutura adequada que garanta o conforto e a segurança de todos os alunos, isto inclui 
salas de recursos multifuncionais, construção de rampas, banheiros com adaptações, 
sinalizações sonoras e sensitivas para deficientes visuais etc. 
Vale ressaltar que além de infraestrutura adequada, outras medidas devem 
ser tomadas com intuito de promover a inclusão. Para Melo e Martins (2007) é 
fundamental que a comunidade escolar, diante da inclusão do aluno com deficiência, 
tenha um espaço para discutir sobre a deficiência, procurando tirar dúvidas e 
questionamentos de todos os seus membros, objetivando assim contribuir para 
desmistificar ideias errôneas e preconceituosas a respeito da pessoa que a apresenta. 
As autoras também destacam que: 
Uma das maneiras para favorecer isto, é prever estratégias em seu 
planejamento pedagógico que possam ser utilizadas com os diferentes 
segmentos da comunidade escolar, tais como debates, seminários, peças de 
teatro, uso de fantoches, história infantis, entre outras, adequando o conteúdo 
a ser trabalhado sobre a deficiência às diferentes necessidades e faixas 
etárias. Tudo deve ser planejado e executado de modo que favoreça a 
construção de valores e, em particular, o respeito ao outro. (2007, p 07) 
18 
 
 
Assim, para promover a inclusão, é de fundamental importância 
conscientizar a comunidade escolar acerca da deficiência, para que todos estejam 
preparados para entender e trabalhar com a diversidade, como também buscar novas 
alternativas para combater o preconceito com relação às pessoas com NEEs. 
2.2.2 A Formação de Professores e Profissionais de Apoio 
 
Segundo Alves (2009) para que a educação inclusiva se torne mais efetiva, é 
importante não só capacitar o professor, mas também toda a equipe de funcionários da 
escola, já que o sujeito não estará apenas dentro da sala de aula. A autora também 
ressalta que esta preparação, com todos os profissionais é indispensável, pois serve para 
promover o progresso no sentido do estabelecimento de escolas inclusivas. 
Assim, é importante que tanto o professor, quanto os demais profissionais e 
os profissionais de apoio estejam preparados e capacitados para desenvolver um 
trabalho voltado ao aprendizado de todos os alunos, de modo que, as práticas 
pedagógicas sejam planejadas de acordo com as necessidades e as peculiaridades dos 
educandos. 
Além disso, é relevante investir na formação de todos que estão envolvidos 
no processo de inclusão, uma vez que o profissional não estando preparado para 
trabalhar com alunos deficientes dificulta ainda mais a relação do educador com o 
educando. 
Nesse sentido, Lima (2002) afirma que: 
A formação de professores é um aspecto que merece ênfase quando se aborda 
a inclusão. Muitos dos futuros professores sentem-se inseguros e ansiosos 
diante da possibilidade de receber uma criança com necessidades especiais na 
sala de aula. Há uma queixa geral de estudantes de pedagogia, de licenciatura 
e dos professores com o discurso de que não fui preparado para lidar com 
crianças com deficiência. (p.40) 
 
Conforme a citação acima, a formação de professores é um aspecto que 
merece destaque quando se aborda a inclusão, pois além de aperfeiçoar, o professor 
também adquiri mais competência para entender as necessidades educacionais 
19 
 
específicas de cada criança, haja vista que, nem todos os docentes estão preparados para 
lidar com alunos com deficiência em suas salas de aula. 
Contudo, vale lembrar que, por conta da precariedade da educação 
brasileira, nem todas as escolas tem condições de oferecer cursos de capacitação para 
qualificar esses profissionais, o que torna um desafio ainda maior para a comunidade 
escolar, já que estes desempenham um papel de muita relevância no processo de ensino- 
aprendizagem do aluno com NEE. 
Dentro desse contexto, Bueno (1999) afirma que para incluir crianças com 
Necessidades Educacionais Especiais no ensino regular, é necessário um apoio 
especializado, assim é importante que ofereça aos professores dessas classes, orientação 
e assistência. Conforme o referido autor a educação inclusiva é aquela que oferece um 
ensino adequado às diferenças e às necessidades de cada aluno e não deve ser vista 
lateralmente ou isolada, mas, como parte do sistema regular. 
Portanto, a formação adequada e contínua do professor e dos demais 
profissionais que estão à frente nesse processo, é sem dúvida um dos elementos 
importantes para a efetivação da escola inclusiva, isso porque, a formação capacita 
docente para que o mesmo sinta-se mais preparado para lidar com os inúmeros desafios 
da educação inclusiva, uma vez que nem sempre o profissional conhece a realidade, as 
particularidades e as necessidades do educando com deficiência. 
 
2.2.3 A Participação da família no processo de formação da pessoa com deficiência 
 
A família possui um papel de suma importância no processo de formação da 
criança com deficiência. Conforme Lopes (2000) a família é a principal responsável 
pelas ações do
filho com necessidades especiais, pois é ela que lhe oferece a primeira 
formação. Segundo o autor é no meio familiar que os primeiros passos para a 
construção da autonomia e da independência se iniciam. 
Dessen e Polonia (2007) afirmam que a família é a primeira instituição de 
socialização do sujeito. Ela é considerada a primeira instituição social, que busca 
assegurar o bem estar de seus membros, incluindo a proteção da criança. É a família que 
vai transmitir valores, ideias, crenças e significados presentes na sociedade. 
20 
 
Correia (2008) complementa afirmando que a família constitui o alicerce da 
sociedade. Para o autor ela é um dos principais agentes no desenvolvimento da criança 
com deficiência. Dessa forma é possível perceber que o papel da família é fundamental 
em todo o processo do desenvolvimento da criança, pois é através do apoio familiar que 
ela adquire valores, crenças e atitudes que contribuirá para a construção da sua própria 
personalidade. 
A participação da família é fundamental em todos os aspectos do 
desenvolvimento da criança com NEEs, principalmente no processo ensino-
aprendizagem. Sendo que a família que participa ativamente na vida escolar do filho 
facilita ainda mais no processo de inclusão, dessa forma, o aluno sente-se incluído tanto 
no ambiente familiar quanto no ambiente escolar. 
Segundo Lopes (2002) a participação da família é de grande importância no 
movimento da inclusão, seja de forma individualizada ou por meio de organizações, é 
fundamental a sua participação, para que seja garantida a continuidade histórica da luta 
por sociedades mais justas para seus filhos. 
Ainda com relação à inclusão, Marques (2001) citado por Matsumoto 
(2015) afirma que para que a efetiva socialização da criança com deficiência ocorra é 
necessária a interação entre família e escola, na medida em que os dois influenciam 
diretamente na educação do indivíduo. 
Dessa forma, a presença dos pais na escola é importante, no que se refere ao 
relacionamento entre pais e professores, porque muitas vezes, os pais não sabem o que 
fazer diante de situações que aparecem na escola. Existem dúvidas e falta de 
esclarecimentos e informações que cabem à escola, que deve ter uma equipe com 
condições de promover debates e orientar a família sobre os mais diversos assuntos 
referentes às condições do aluno com deficiência. (Marques, 2001) 
Portanto, é de suma importância papel da família no desenvolvimento e na 
aprendizagem da criança com NEE. A participação familiar do educando com 
necessidades especiais dentro do ambiente escolar deve ser ativa e constante. É 
necessário que a família e a escola estejam engajadas juntas nessa luta com o objetivo 
de efetivar a inclusão. 
 
21 
 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O presente estudo pretende analisar os avanços e os desafios no processo de 
inclusão. Durante o trabalho, foram analisados alguns conceitos sobre o percurso da 
educação inclusiva mundial e brasileiro, e a conquista da legislação que garante uma 
educação para todos. Diante da analise aqui apresentada, percebe-se que a oferta do 
Atendimento Educacional Especializado, é um fato marcante e inovador na história da 
educação especial no Brasil, as conquistas alcançadas ao longo da trajetória da educação 
inclusiva foram significativas para as pessoas com NEEs, uma vez que esses indivíduos 
eram considerados anormais ou incapazes de conviver no meio da sociedade. 
A Constituição Brasileira de 1988 e a Declaração de Salamanca foram de 
grande relevância para o reconhecimento do direito a proteção das pessoas com 
deficiência. Assim como também a Lei de Diretrizes e Bases que contribuiu 
significativa, pois ofereceu condições necessárias para que aos alunos com NEEs 
tivessem realmente acesso à educação com qualidade, dignidade e respeito, tudo isso 
levando em conta as peculiaridades individuais. 
Dessa forma, com base nos argumentos aqui apresentados, é possível 
identificar que através de elaboração de novas leis, aos poucos estas pessoas começam a 
conquistar o seu espaço e os seus direitos. É cabível salientar que os avanços e as 
conquistas no campo das políticas públicas proporcionaram aos deficientes o direito ao 
acesso e a permanecia no ensino regular. 
Entretanto, a partir das análises teóricas, verificamos que os objetivos da 
educação inclusiva não foram alcançados de forma desejada, o acesso e a permanência 
dos alunos com NEEs no ensino regular, na perspectiva da inclusão tem sido o desafio 
para a educação brasileira, isso porque a educação atual ainda não oferece condições 
satisfatórias para oferecer uma educação de qualidade para todos. Além disso, há muitas 
barreiras e preconceitos que dificultam o processo de inclusão. 
O trabalho aqui apresentando, pretende mostrar que o programa de inclusão 
apresenta excelentes propostas para as pessoas com NEEs, todavia muito ainda precisa 
ser feito para que possamos obter uma educação verdadeiramente inclusiva, na 
perspectiva de que todos estejam incluídos de forma adequada, e não apenas inseridos 
como observamos atualmente nas escolas regulares. Pois, não basta só incluir o aluno 
22 
 
deficiente dentro da sala de aula, é necessário que as escolas desenvolvam estratégias de 
forma criativa e diferenciada, que possibilitem ao educando construir conhecimentos 
necessários para a sua formação. 
Portanto, a presente pesquisa procura analisar e entender que o processo de 
inclusão não é uma tarefa fácil, ainda é preciso percorrer um grande caminho para a 
concretização da inclusão. É imprescindível que a escola se estabeleça uma parceria 
com a família. E que o poder público invista mais na educação inclusiva, investindo na 
formação de professores e nas estruturas físicas das nossas escolas públicas. 
 
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