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07_Direito_Processual_Penal

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. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PC-RS 
Escrivão de Polícia e Inspetor de Polícia 
 
 
Princípios gerais do Direito. Princípios processuais penais. Direitos e garantias processuais penais 
presentes na Constituição Federal, em normas infraconstitucionais e em tratados e convenções 
internacionais ratificados pelo Brasil.. ...................................................................................................... 1 
 
Sistemas processuais penais. ............................................................................................................ 10 
 
Lei de Introdução ao Código de Processo Penal.Lei processual no tempo. Lei processual no espaço. 
Lei processual em relação às pessoas.Lei processual e sua interpretação. ........................................... 12 
 
Fontes do direito processual penal. ................................................................................................... 26 
 
Acesso à justiça penal. ...................................................................................................................... 27 
 
Investigação criminal policial (inquérito policial e verificação preliminar de informação). ................... 28 
 
Identificação criminal. ........................................................................................................................ 41 
 
Sujeitos da persecução penal. ........................................................................................................... 45 
 
Teoria geral do processo penal. Ação penal. ..................................................................................... 55 
 
Ação civil ex delicto. Ação de execução ex delicto. ............................................................................ 66 
 
Jurisdição. Competência. ................................................................................................................... 70 
 
Questões e processos incidentes. Medidas cautelares patrimoniais. ................................................. 79 
 
Comunicação dos atos processuais. .................................................................................................. 97 
 
Prisão cautelar (prisão em flagrante, prisão preventiva e prisão temporária), medidas cautelares 
diversas da prisão e liberdade provisória. ............................................................................................. 105 
 
1417892 E-book gerado especialmente para JESSICA CARVALHO BRITO
 
. 2 
Teoria geral da prova penal. Prova penal típica e atípica. ................................................................ 131 
 
Processo penal. Teoria geral dos procedimentos. Procedimentos em espécie. ............................... 161 
 
Sentença penal e demais atos judiciais. Coisa julgada .................................................................... 200 
 
Teoria geral das nulidades. Nulidades em espécie. ......................................................................... 205 
 
Teoria geral dos recursos. Recursos em espécie. Correição parcial. ............................................... 218 
 
Reclamação. .................................................................................................................................... 238 
 
Ações de impugnação (mandado de segurança, habeas corpus e revisão criminal). ....................... 240 
 
Relações internacionais com autoridade estrangeira. ...................................................................... 250 
 
Lei de Execuções Penais (Lei nº 7.210/1984.) ................................................................................. 252 
 
Da graça, do indulto e da anistia ...................................................................................................... 296 
 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
1417892 E-book gerado especialmente para JESSICA CARVALHO BRITO
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br 
 
O direito processual penal elenca condutas e procedimentos para a correta e justa aplicação da lei 
penal, para a regulamentação dos “itinerários” que compõem o desenrolar cronológico de um litígio, e 
pela harmonia dentro da relação jurídica processual entre partes, autoridades e demais colaboradores e 
auxiliares da justiça. O Estado, ao vedar - como majoritária regra - a chamada “vingança privada” ou 
“justiça de mãos próprias” - como sempre se pôde observar na tradição histórica -, chama para si o poder-
dever de exercer jurisdição, prevenir o delito, elucidá-lo caso materializado, propiciar paridade de armas 
aos órgãos de acusação e defesa, assegurar uma conduta proba da autoridade julgadora, e, em última 
fase, zelar pela correta execução da pena. O processo penal atual, pois, nada mais é que uma 
manifestação de acesso à justiça, sobretudo em considerando as reformas processuais penais que vêm 
tornando tal atividade procedimental o mais dignitária possível às partes envolvidas na conduta 
penalmente reprovada. 
 
Princípios gerais, conceito, finalidade, características. 
 
Os princípios jurídicos orientam a interpretação e a aplicação de outras normas. São verdadeiras 
diretrizes do ordenamento jurídico, guias de interpretação, às quais a administração pública fica 
subordinada. Possuem um alto grau de generalidade e abstração, bem como um profundo conteúdo 
axiológico e valorativo. 
O direito processual penal também não foge a essa regra geral. Por se tratar de uma ciência, têm 
princípios que lhe dão suporte, sejam de ordem constitucional ou infraconstitucional, que informam todos 
os ramos do processo, ou seja, específicos do direito processual penal. Alguns estão expressos na Lei 
Fundamental, como o contraditório e a ampla defesa; outros estão implícitos, como a ideia de que 
ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo ou mesmo o duplo grau de jurisdição. 
 
Princípios Constitucionais 
 
A doutrina tem procurado distinguir certos princípios característicos do processo penal moderno. A 
seguir, vamos estudar alguns destes princípios: 
A) Princípio da dignidade da pessoa humana: Previsto no artigo 1º, III, da Constituição Federal, 
este princípio abrange uma diversidade de valores existentes na sociedade. É um dos fundamentos da 
República Federativa do Brasil. Trata-se de um conceito adequável a realidade e a modernização da 
sociedade, devendo estar em conluio com a evolução e as tendências modernas das necessidades do 
ser humano. Desta forma, preceitua Ingo Wolfgang Sarlet ao conceituar a dignidade da pessoa humana: 
[...] temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano 
que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, 
implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram a pessoa 
tanto contra todo e qualquer ato decunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as 
condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação 
ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres 
humanos. 
Deste modo, quando lidamos com o processo penal temos que ter em vista que o réu é uma pessoa 
que merece respeito, que deve ter sua dignidade preservada, então ele não pode, por exemplo, ser 
submetido a tortura, não pode ser forçado a produzir provas contra si, não pode ser algemado 
desnecessariamente, pois tudo isso está ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana. 
B) Princípio do Juiz Natural: Previsto no artigo 5.º, inciso LIII, da Constituição Federal, que dispõe 
que “ninguém será sentenciado senão pelo juiz competente”. 
Princípios gerais do Direito. Princípios processuais penais. Direitos e garantias 
processuais penais presentes na Constituição Federal, em normas 
infraconstitucionais e em tratados e convenções internacionais ratificados pelo 
Brasil. 
 
1417892 E-book gerado especialmente para JESSICA CARVALHO BRITO
 
. 2 
Juiz natural é, portanto, aquele previamente conhecido, segundo regras objetivas de competência 
estabelecidas anteriormente à infração penal, investido de garantias que lhe assegurem absoluta 
independência e imparcialidade. 
Do princípio, decorre também a proibição de criação de tribunais de exceção. (artigo 5.º, inciso XXXVII, 
da Constituição Federal). 
C) Princípio do devido processo legal. Previsto no art. 5º, LIV, da Constituição Federal, é um 
conjunto de direitos e garantias constitucionais aplicáveis ao processo. Alguns estão expressos na Lei 
Fundamental, como o contraditório e a ampla defesa; outros estão implícitos, como a ideia de que 
ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo ou mesmo o duplo grau de jurisdição; 
D) Princípio do contraditório e da ampla defesa. “Contraditório” e “ampla defesa” não são a mesma 
coisa, vale frisar preliminarmente, apesar de previstos conjuntamente no art. 5º, LV, da Constituição 
Federal. 
Por “contraditório” há se entender as informações necessárias às partes de tudo o que acontece no 
curso do processo, mais a possibilidade de reagir ou não em relação ao que acontece no processo. 
Já a “ampla defesa” engloba tanto a defesa técnica por defensor indispensável, bem como a 
autodefesa, exercida pelo próprio réu; 
E) Princípio da Vedação de provas ilícitas. Ao considerar inadmissíveis todas as “provas obtidas por 
meios ilícitos”, a Constituição Federal proíbe tanto a prova ilícita quanto a prova ilegítima: 
1. Provas ilícitas: aquelas produzidas com violação a regras de direito material (exemplo: confissão 
obtida mediante tortura); 
2. Provas ilegítimas: aquelas produzidas com violação a regras de natureza meramente processual 
(exemplo: documento exibido em plenário do júri, sem obediência ao disposto no artigo 475 do Código 
de Processo Penal). 
A doutrina e a jurisprudência tendem também a repelir as chamadas provas ilícitas por derivação, ou 
seja, as provas lícitas produzidas a partir de outra ilegalmente obtida (exemplo: confissão extorquida 
mediante tortura, que venha a fornecer informações corretas a respeito do lugar onde se encontra o 
produto do crime, propiciando sua regular apreensão). As provas ilícitas por derivação foram 
reconhecidas pela Suprema Corte Norte-Americana, com base na teoria dos “frutos da árvore 
envenenada” – fruits of the poisonous tree -, segundo a qual o vício da planta se transmite a todos os 
seus frutos. 
O Supremo Tribunal Federal, atualmente, não admite as provas ilícitas por derivação. 
Entendemos que não é razoável sempre desprezar toda e qualquer prova ilícita, devendo o juiz admiti-
las para evitar uma condenação injusta ou a impunidade de perigosos marginais. O direito à liberdade e 
à vida, por exemplo, não podem sofrer restrição pela prevalência do direito à intimidade. Entra aqui o 
princípio da proporcionalidade, segundo o qual não há propriamente um conflito entre as garantias 
fundamentais, devendo o princípio de menor relevância se submeter ao princípio de maior relevância. Por 
exemplo: uma pessoa acusada injustamente, que tenha na interceptação telefônica ilegal o único meio 
de demonstrar a sua inocência. A tendência da doutrina é a de acolher essa teoria, para favorecer o 
acusado (prova ilícita pro reo). 
F) Princípio da presunção de inocência (ou da não culpabilidade) até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória Previsto no art. 5º, LVII, da CF, por tal ninguém será considerado culpado 
até sentença condenatória transitada em julgado. Assim, enquanto for possível algum recurso, a 
presunção do acusado é de inocência. 
Disso decorrem duas consequências primordiais, a saber, a de que a prisão processual é excepcional, 
e a de que o uso de algemas é excepcional; 
G) Princípio da publicidade. Todos os atos processuais devem ser públicos. Eis o teor do previsto 
no art. 792, CPP, que traz tal regra. Excepcionalmente, contudo, de acordo com o primeiro parágrafo do 
dispositivo procedimental em evidência, se da publicidade da audiência, da sessão, ou do ato processual, 
puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, a autoridade judicial 
poderá, de ofício ou a requerimento das partes, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, 
limitando o número de pessoas que possam estar presentes; 
H) Princípio da economia e da celeridade processual. Deve-se buscar a celeridade com a menor 
quantidade de atos possíveis, e no menor tempo possível. Neste sentido, a Constituição Federal recebeu 
em seu art. 5º, graças à Emenda nº 45/2004, um inciso LXXVIII, segundo o qual a todos, no âmbito judicial 
ou administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a 
celeridade de sua tramitação. 
Para se aferir essa “duração razoável”, deve-se analisar a complexidade da causa, o número de 
agentes envolvidos, e a conduta das partes envolvidas; 
I) Princípio da motivação das decisões. Consagrado no art. 93, IX, da Lei Constituição Federal, tal 
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princípio prevê que o juiz é livre para decidir da maneira que melhor lhe convir, desde que o faça 
fundamentadamente, isto é, embasado em argumentos sólidos e comprovados da melhor maneira 
possível no processo; 
J) Princípio do duplo grau de jurisdição. Trata-se do direito ao recurso, o direito a uma segunda 
análise do caso. Tal postulado não se encontra explicitamente consagrado em qualquer dispositivo 
originário do direito interno. Há quem retire sua validade do simples direito de recorrer, ou, então, da 
própria estrutura do Poder Judiciário estabelecida nos arts. 92 e seguintes da Constituição, que prevê 
uma hierarquia entre juízes e tribunais. 
O Pacto de San José da Costa Rica, contudo, internalizado pelo Decreto nº 678/92, em seu art. 8º, n. 
2, “h”, dispõe que, dentre as garantias mínimas que devem ser oportunizadas ao acusado, está a de que 
todos devem ter o direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior; 
 
Princípios Gerais. Vejamos: 
A) Princípio da iniciativa das partes (ou princípio da ação). Este princípio é também conhecido 
como “ne procedat judex ex officio” e, por tal, a jurisdição deve ser inerte, cabendo às partes o exercício 
do direito de ação em busca de um provimento jurisdicional; 
B) Princípio do impulso oficial. Se o início do processo compete às partes, a maneira como ele se 
desenvolverá o capitaneamento dos atos procedimentais serão determinados pela autoridade judicial; 
C) Princípio da Oficialidade. A função penal é eminentemente pública, logo, a pretensão punitiva do 
Estado deve ser deduzida por agentes públicos. Admite-se, como exceção, a ação penal privada, a ação 
penal privada subsidiária da pública – quando da inércia do órgão do Ministério Público – e a ação penal 
popular – na hipótese de crime de responsabilidadepraticado pelo Procurador-Geral da República e por 
Ministros do Supremo Tribunal Federal (artigos 41, 58, 65 e 66 da Lei n. 1.079/50). 
D) Princípio da imparcialidade. Todos os fatos devem ser apreciados por uma autoridade judicial 
que, com eles ou com os agentes que os praticaram, não tenha prévio envolvimento. Segundo tal axioma, 
o magistrado deve se abster de juízos pré-condenatórios ou pré-absolutórios, guardando-os para quando 
estiver próximo de sua convicção. 
A imparcialidade não pode ser tratada como sinônimo de inércia absoluta, contudo. Se o juiz 
determinar a produção de alguma prova, ou tomar alguma medida procedimental necessária que se 
revista em prejuízo para acusação ou defesa, isso não deve ser entendido como ofensa à imparcialidade; 
E) Princípio da verdade real. À verdade real se contrapõe a verdade formal. Enquanto na verdade 
formal a autoridade judicial se limita ao que está nos autos (isto é, a verdade é o que ficou estabelecido 
no processo, independentemente de fatores externos demonstrarem o contrário), na verdade real o juiz 
deve investigar os fatos como realmente ocorreram, ainda que isso não esteja previamente disposto nos 
autos. 
Com o perdão da redundância, pode-se dizer que a verdade real é a chamada “verdade verdadeira”, 
porque concentra esforços em efetivamente desvendar o que aconteceu e, com isso, adotar a medida 
processual que se julgar mais adequada. 
Enquanto no processo civil a verdade formal ainda é a tônica marcante, no processo penal a verdade 
real é aquela que deve ser cobiçada; 
F) Princípio do Promotor Natural. Ninguém será processado senão pelo órgão do Ministério Público 
com atribuições previamente fixadas e conhecidas (artigo 5.º, inciso LIII, da Constituição Federal). 
G) Princípio da Correlação (“Ne eat judex ultra petita partium”). A sentença final tem que refletir 
aquilo que foi pedido no começo. Indica que o juiz deve ater-se ao pedido feito na peça inaugural, não 
podendo pronunciar-se sobre o que não foi requerido. 
O que vincula o juiz criminal são os fatos submetidos à sua apreciação. Exemplo: se na denúncia o 
promotor descreve um crime de estupro, mas ao classificá-lo, o faz como sendo de sedução, pode o juiz 
condenar por estupro, pois o réu se defende dos fatos a ele imputados. Nesse caso o juiz não julgou além 
do que foi pedido, apenas deu aos fatos classificação diversa (artigo 383 do Código de Processo Penal). 
O artigo 384 do Código de Processo Penal trata da mudança na acusação, sempre que os fatos 
narrados na denúncia ou queixa tiverem de ser modificados em razão de prova nova surgida no curso da 
instrução criminal. 
H) Princípio do “favor réu” (ou princípio do “favor rei”). A dúvida sempre deve beneficiar o 
acusado, em regra. É por isso que a revisão criminal e os embargos infringentes, por exemplo, só existem 
para a defesa; 
I) Princípio da inexigibilidade de autoincriminação. Também conhecido por “nemo tenetur se 
detegere”, tal axioma assegura que ninguém pode ser compelido a produzir provas contra si mesmo. É 
este princípio que fundamenta, por exemplo, o direito ao silêncio, ou mesmo o direito de mentir em juízo 
em benefício próprio. 
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. 4 
As expressões como “não se auto-incriminar”, “não se confessar culpado”, “direito de permanecer 
calado” estão abrangidas pela noção do princípio nemo tenetur se detegere. Alguns doutrinadores 
defendem que o direito de não produzir prova contra si mesmo também abrange o âmbito não processual, 
ou seja, ele pode ser exercido no decorrer de uma investigação criminal ou em qualquer outra esfera não 
penal. O que se quer é que este direito não fique restrito ao processo penal já iniciado, mas sim a todas 
as situações que possam desenvolver uma acusação sobre o indivíduo, com objetivo de evitar processo 
futuro. 
J) Princípio da identidade física do juiz. Trata-se de inovação trazida ao Código de Processo Penal 
pela Lei nº 11.719/08, que estabeleceu no segundo parágrafo, do art. 399, CPP, que o juiz que presidiu 
a instrução deverá proferir sentença. Até 2008, este princípio não era vigente para o CPP, apesar de 
válido há tempos no Código de Processo Civil; 
K) Princípio da proporcionalidade. Usado no mesmo sentido da razoabilidade (em regra), o 
postulado da proporcionalidade não está expresso no texto constitucional, sendo sua consagração 
implícita, portanto. 
Com efeito, três são os subpostulados que concretizam o princípio da proporcionalidade, a saber, o 
subpostulado da adequação (a medida adotada tem de ser apta a atingir o fim almejado), o subspostulado 
da exigibilidade (ou necessidade, ou menor ingerência possível) (o meio deve ser o menos oneroso 
possível), e o subpostulado da proporcionalidade em sentido estrito (é a relação entre o custo e o 
benefício da medida); 
L) Princípio da autoritariedade. Os órgãos investigadores, processadores, e julgadores devem ser 
autoridades públicas. 
 
Direitos constitucionais-penais. Vejamos: 
 
A) Princípio da legalidade. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal (art. 5º, XXXIX, CF). Ademais, a lei penal somente retroagirá se para beneficiar o 
acusado (art. 5º, XL, CF); 
B) Princípio da pessoalidade das penas. Nenhuma pena passará da pessoa do condenado (apenas 
a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens podem passar da pessoa do 
condenado, se estendendo aos seus sucessores até o limite do patrimônio transferido). Eis o teor inciso 
XLV, do art. 5º, da Lei Fundamental pátria; 
C) Crimes previstos na Constituição. A prática do racismo constitui crime inafiançável e 
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei (art. 5º, XLVV). 
A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem (art. 5º, XLIII, CF). 
Por fim, constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra 
a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV, CF); 
D) Direitos relacionados a prisões. Em regra, toda prisão deve ser determinada pela autoridade 
judicial, mediante ordem escrita e fundamentada, salvo se em caso de flagrante delito (art. 5º, LXI, CF). 
Ato contínuo, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada (art. 5º, LXII, CF). 
Nada obstante, o preso será informado de seus direitos, dentre os quais o de permanecer calado 
(direito a não autoincriminação), sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado (art. 5º, 
LXIII, CF). 
O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial 
(art. 5º, LXIV, CF), valendo lembrar que toda prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade 
judicial (art. 5º, LXV, CF). 
Ademais, ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória 
com ou sem fiança (art. 5, LXVI, CF). 
Por fim, às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos 
durante o período de amamentação (art. 5º, L, CF); 
E) Penas admitidas e vedadas pelo ordenamento pátrio. São admitidas as penas de privação ou 
restrição de liberdade, perda de bens, multa, prestação social alternativa, bem como suspensão ou 
interdição de direitos. 
Por outro lado, não haverá penas de morte (salvo em caso de guerra declarada pelo Presidente da 
República contra nação estrangeira), de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis. 
Eis o teor do inciso XLVI, do art. 5º, da Magna Carta pátria; 
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. 5 
F) Uso de algemas. Consoante a Súmula Vinculante nº 11, só é lícito ouso de algemas em casos de 
resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do 
preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, 
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, 
sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado; 
G) Sigilosidade do inquérito policial para o defensor do acusado. De acordo com o art. 20, do 
Código de Processo Penal, a autoridade policial assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação 
do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Mas, esse sigilo não é absoluto, pois, em verdade, tem 
acesso aos autos do inquérito o juiz, o promotor de justiça, e a autoridade policial, e, ainda, de acordo 
com o art. 5º, LXIII, CF, com o art. 7º, XIV, da Lei nº 8.906/94 (“Estatuto da Ordem dos Advogados do 
Brasil”), e com a Súmula Vinculante nº 14, o advogado tem acesso aos atos já documentados nos autos, 
independentemente de procuração, para assegurar direito de assistência do preso e investigado. 
Desta forma, veja-se, o acesso do advogado não é amplo e irrestrito. Seu acesso é apenas às 
informações já introduzidas nos autos, mas não em relação às diligências em andamento. 
Caso o delegado não permita o acesso do advogado aos atos já documentados, é cabível reclamação 
ao STF para ter acesso às informações (por desrespeito a teor de Súmula Vinculante), habeas corpus 
em nome de seu cliente, ou o meio mais rápido que é o mandado de segurança em nome do próprio 
advogado, já que a prerrogativa violada de ter acesso aos autos é dele. 
 
Normas infraconstitucionais e em tratados e convenções internacionais ratificados pelo 
Brasil. 
 
Os tratados internacionais de direitos humanos têm como fonte o Direito Internacional dos Direitos 
Humanos, surgido do pós guerra da Segunda Guerra Mundial, tendo seu desenvolvimento pode ser 
atribuído a uma resposta às monstruosas violações de direitos humanos da era Hitler e à crença de que 
parte destas violações poderia ser prevenida se um efetivo sistema de proteção internacional de direitos 
humanos existisse. 
Neste cenário fortalece-se a ideia de que a proteção dos direitos humanos não deve se reduzir ao 
domínio reservado do Estado, em âmbito exclusivo à jurisdição doméstica, dado seu relevante interesse 
internacional. 
Com o surgimento da Organização das Nações Unidas em 1948, é aprovada a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, como um código de princípios e valores universais a serem respeitados pelos 
Estados, considerado como marco do desenvolvimento do Direito Internacional dos Direitos Humanos, a 
partir do qual são adotados inúmeros tratados internacionais voltados à proteção de direitos 
fundamentais. 
Forma-se o sistema normativo global de proteção dos direitos humanos, no âmbito das Nações Unidas. 
Este sistema normativo, por sua vez, é integrado por instrumentos de alcance geral (como os Pactos 
Internacionais de Direitos Civis e Políticos e de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966) e por 
instrumentos de alcance específico, como as Convenções internacionais que buscam responder a 
determinadas violações de direitos humanos. 
Ao lado do sistema normativo global, surge o sistema normativo regional de proteção, que busca 
internacionalizar os direitos humanos no plano regional, particularmente na Europa, América e África. 
Os sistemas global e regional não são dicotômicos, mas complementares. Inspirados pelos valores e 
princípios da Declaração Universal, compõem o universo instrumental de proteção dos direitos humanos, 
no plano internacional. 
A crescente participação brasileira frente ao sistema internacional de proteção dos direitos humanos 
tem como marco o processo de democratização do país, deflagrado em 1985, a partir do qual o Estado 
Brasileiro passou a ratificar relevantes tratados internacionais de direitos humanos. 
Tido como marco inicial do processo de incorporação de tratados internacionais de direitos humanos 
pelo Direito Brasileiro, a ratificação, em 1989, da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos 
Cruéis, Desumanos ou Degradantes possibilitou que inúmeros outros importantes instrumentos 
internacionais de proteção dos direitos humanos foram também incorporados pelo Direito Brasileiro, sob 
a égide da Constituição Federal de 1988, tais como: a) a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir 
a Tortura, em 20 de julho de 1989; b) a Convenção sobre os Direitos da Criança, em 24 de setembro de 
1990; c) o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, em 24 de janeiro de 1992; d) o Pacto 
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em 24 de janeiro de 1992; e) a Convenção 
Americana de Direitos Humanos, em 25 de setembro de 1992; f) a Convenção Interamericana para 
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, em 27 de novembro de 1995. 
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. 6 
As inovações introduzidas pela Carta de 1988 — especialmente no que tange ao primado da 
prevalência dos direitos humanos, como princípio orientador das relações internacionais — foram 
fundamentais para a ratificação destes importantes instrumentos de proteção dos direitos humanos. 
Segundo o Art. 5º, § 2º da CF, os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros 
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte. 
Com efeito, quando um tratado internacional ingressa no ordenamento jurídico acrescenta outros 
direitos e deveres para os cidadãos. 
Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurídico brasileiro deve ser observado um 
procedimento complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bilateral ou multilateral, 
com posterior assinatura do Presidente da República), submissão do tratado assinado ao Congresso 
Nacional (que dará referendo por meio do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação da 
obrigação perante a comunidade internacional) e a promulgação e publicação do tratado pelo Poder 
Executivo1. 
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária na Constituição Federal, conferindo o caráter 
de primazia dos direitos humanos, desde logo consagrando o princípio da primazia dos direitos humanos, 
como reconhecido pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. "O princípio da primazia dos 
direitos humanos nas relações internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os tratados 
quanto ao tema ao ordenamento interno brasileiro e respeitá-los. Implica, também em que as normas 
voltadas à proteção da dignidade em caráter universal devem ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário 
em relação a outras normas"2. 
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com força de lei ordinária no ordenamento 
jurídico brasileiro porque somente existe previsão constitucional quanto à possibilidade da equiparação 
às emendas constitucionais se o tratado abranger matéria de direitos humanos. 
Antes da Emenda Constitucional nº 45/04 que alterou o quadro quanto aos tratados de direitos 
humanos, era o que acontecia, ou seja, tratados de direitos humanos possuem caráter de lei ordinária, 
mas isso não significa que tais direitos eram menos importantes. Na verdade, após a Constituição de 
1988 passou-se a afirmar que os tratados de direitos humanos são mais do que leis ordinárias, mas fontes 
de direitos implícitos, o que mostra a primazia dos direitos humanos. 
O precedente histórico da declaração dos tratados internacionais como fonte de direito implícitos foi o 
questionamento pelo Partido MDB com relação à LC nº 5. Tal partido político brasileiro que abrigou os 
opositores do Regime Militar de 1964 ante o poderio governista da Aliança Renovadora Nacional 
(ARENA). Organizado em fins de 1965 e fundado no ano seguinte, o partido se caracterizou por sua 
multiplicidadeideológica graças sobretudo aos embates entre os "autênticos" e "moderados" quanto aos 
rumos a seguir no enfrentamento ao poder militar. Inicialmente raquítico em seu desempenho eleitoral, 
experimentou grande crescimento no governo de Ernesto Geisel obrigando os militares a extinguirem o 
bipartidarismo e assim surgiu o Partido do Movimento Democrático Brasileiro em 1980. A LC nº 5 previa 
que eram inelegíveis não só os condenados por certos crimes, mas também quem estivesse sendo 
processado por estes. Foi efetuada a arguição incidental de inconstitucionalidade, identificando no padrão 
de confronto o princípio do estado de inocência, que na época era implícito (uma vez que previsto na 
Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948). O TRE não acolheu a tese, mas o TSE sim (4x3). 
Contudo, o STF caçou a decisão (7x4). Ficou impedida, assim, a candidatura do MDB. 
Logo, todos os tratados que ingressaram no ordenamento jurídico após a Constituição Federal de 1988 
são mais que leis ordinárias, mas efetivas fontes de direitos implícitos. A exemplo, pode-se mencionar os 
pactos internacionais dos direitos civis e políticos e dos direitos econômicos, sociais e culturais, ambos 
de 1966, e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969, que entraram em vigor no 
ordenamento em 1992; e a Convenção sobre a tortura de 1984, que entrou em vigor no Brasil em 1991. 
A questão é que tais tratados não passaram pelo procedimento similar ao da Emenda Constitucional para 
aprovação, uma vez que a alteração constitucional que passou a assim estabelecer data de 2004: 
Ainda, segundo o Art. 5º, § 3º, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos 
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos 
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/04, que introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição 
Federal, os tratados internacionais de direitos humanos foram equiparados às emendas 
constitucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em cada Casa do Congresso Nacional e 
obtivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos votos dos respectivos membros. 
 
1 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008. 
2 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009. 
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. 7 
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de direitos humanos que ingressarem no 
ordenamento jurídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos humanos, irão passar por um 
processo de aprovação semelhante ao da emenda constitucional. Não há dúvidas de que os tratados 
internacionais posteriores à emenda, aprovados pelo quórum de 3/5, em dois turnos, têm status de norma 
constitucional. Atualmente, está nesta condição a Convenção Internacional de Direitos da Pessoa 
Portadora de Deficiência (Decreto nº 6949/09). 
Mas e quanto aos demais tratados? 
Há posicionamentos conflituosos quanto à possibilidade de considerar como hierarquicamente 
constitucional os tratados internacionais de direitos humanos que ingressaram no ordenamento jurídico 
brasileiro anteriormente ao advento da referida emenda. A posição predominante foi estabelecida pelo 
Supremo Tribunal Federal na discussão que se deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista 
como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos 
aprovado antes da EC nº 45/04 e depois da CF/88). O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento 
pela supra legalidade do tratado de direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição que 
paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não revogaria a Constituição no ponto controverso). 
Logo, o tratado de direitos humanos anterior à Emenda Constitucional nº 45/04 é mais do que lei ordinária, 
e por isso paralisa a lei ordinária que o contrarie, porém menos que o texto constitucional. Criou-se, então, 
uma necessidade de dupla compatibilidade das leis ordinárias. 
É possível que um tratado de direitos humanos anterior à Emenda Constitucional nº 45/04 adquira 
caráter constitucional? Sim, basta que este tratado seja submetido a uma nova votação no Congresso 
Nacional, desta vez nos moldes da Emenda (2 turnos, quórum de 3/5). Feito isto, se encerraria qualquer 
controvérsia e o caráter do tratado passaria a ser de norma constitucional. 
 
Questões 
 
01. (PC/AC - Agente de Polícia Civil - IBADE/2017) São inadmissíveis, por serem ilícitas, as provas 
que: 
(A) violam normas constitucionais, não recebendo o mesmo tratamento as que violam normas 
infraconstitucionais. 
(B) embora colhidas licitamente derivam das ilícitas. 
(C) violam normas infraconstitucionais, não recebendo o mesmo tratamento as que violam normas 
constitucionais por serem estas programáticas. 
(D) violam a moral e os bons costumes. 
(E) violam as normas constitucionais e legais, salvo se obtidas de boa-fé pelo agente policial e forem 
imprescindíveis ao esclarecimento da autoria. 
 
02. (PM/GO - Soldado da Polícia Militar - FUNCAB) São princípios que regem o processo penal 
brasileiro, EXCETO: 
(A) Ampla defesa. 
(B) Duração razoável do processo 
(C) Juiz natural. 
(D) Oralidade. 
(E) Sigilo 
 
03. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE) Acerca dos princípios gerais do processo penal, julgue 
o item a seguir: 
 
O processo penal brasileiro não adota o princípio da identidade física do juiz em face da complexidade 
dos atos processuais e da longa duração dos procedimentos, o que inviabiliza a vinculação do juiz que 
presidiu a instrução à prolação da sentença. 
 
(A) CERTO 
(B) ERRADO 
 
04. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE) Acerca dos princípios gerais do processo penal, julgue 
o item a seguir: 
 
A adoção do princípio da inércia no processo penal brasileiro não permite que o juiz determine, de 
ofício, diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante dos autos. 
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. 8 
(A) CERTO 
(B) ERRADO 
 
05. (TJ/AC - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CESPE) Acerca dos princípios aplicáveis ao direito 
processual penal e da aplicação da lei processual no tempo e no espaço, julgue os itens seguintes. 
 
O princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade subsiste durante todo o processo e tem 
o objetivo de garantir o ônus da prova à acusação até declaração final de responsabilidade por sentença 
penal condenatória transitada em julgado. 
 
(A) CERTO 
(B) ERRADO 
 
06. (TJ/AC - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CESPE) Acerca dos princípios aplicáveis ao direito 
processual penal e da aplicação da lei processual no tempo e no espaço, julgue o item seguinte. 
 
É assegurado, de forma expressa, na norma fundamental, o direito de qualquer acusado à plenitude 
de defesa em toda e qualquer espécie de procedimento criminal. 
 
(A) CERTO 
(B) ERRADO 
 
07. (DPE/MS - Defensor Público - VUNESP) No que se refere aos princípios constitucionais e 
infraconstitucionais aplicáveis ao processo penal, é correto afirmar que: 
(A) no processo penal que visa apurar crimes societários, a inexistência de descrição, na denúncia, do 
vínculo entre o denunciado e a empreitada criminosa a ele imputada, caracteriza-se, conforme causa de 
decretação de nulidade do processo já reconhecida pelo STJ, como violação ao princípio constitucional 
da ampla defesa. 
(B) o princípio da economia processual e do tempus regit actum afasta eventual alegação de nulidade 
decorrente da não observância, na audiência de inquirição de testemunhas realizada no ano de 2009, do 
sistema adversarial anglo-americano, consistente primeiramente no direct examination – por parte de 
quem arrolou – e posteriormente no cross-examination – pela parte contrária – cabendoao magistrado 
apenas a complementação da inquirição sobre os pontos não esclarecidos, ao final, caso entenda 
necessário. 
(C) o reconhecimento por uma instância superior da mera deficiência de defesa técnica processual em 
favor de um condenado pela prática do crime de falsidade ideológica em primeira instância acarreta, 
segundo entendimento sumulado pelo STF, a imediata declaração de nulidade da condenação. 
(D) uma pessoa condenada no ano de 2010 a 23 anos de reclusão pelo crime de homicídio tem direito 
à interposição do recurso denominado “protesto por novo júri” em virtude do crime a ela imputado ter sido 
praticado em 2006. 
 
08. (TJ/RO - Analista Judiciário - Analista Processual - CESPE) A respeito dos princípios gerais e 
informadores do processo penal, assinale a opção correta. 
(A) Não há previsão legal do contraditório na fase de investigação e a sua inexistência não configura 
violação à Constituição Federal (CF). 
(B) Em determinados crimes é permitido ao juiz a iniciativa da ação penal condenatória, como no caso 
de procedimentos especiais, a exemplo do processo e julgamento dos crimes de falência. 
(C) A exigência de sigilo das investigações prevista no Código de Processo Penal (CPP) impede, de 
forma absoluta, o acesso aos autos a quem quer que seja, sempre que houver risco ao bom andamento 
das investigações. 
(D) O princípio da obrigatoriedade nas ações penais públicas se estende ao procedimento relativo aos 
juizados especiais criminais, porquanto, desde que convencido da existência do crime, deve o MP, 
obrigatoriamente, submeter a questão penal ao exame do Poder Judiciário. 
(E) No conflito entre o jus puniendi do Estado, de um lado, e o jus libertatis do acusado, a balança deve 
se inclinar a favor do primeiro, porquanto prevalece, em casos tais, o interesse público. 
 
09. (Polícia Militar/GO - Soldado - UEG É princípio fundamental do processo penal: 
(A) princípio da verdade formal. 
(B) princípio da defesa limitada. 
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(C) princípio da sigilosidade processual. 
(D) princípio da presunção da não culpabilidade. 
 
10. (TJ/RJ - Juiz - VUNESP/2013) A doutrina é unânime ao apontar que os princípios constitucionais, 
em especial os relacionados ao processo penal, além de revelar o modelo de Estado escolhido pelos 
cidadãos, servem como meios de proteção da dignidade humana. Referidos princípios podem se 
apresentar de forma explícita ou implícita, sem diferença quanto ao grau de importância. São princípios 
constitucionais explícitos: 
(A) juiz natural, vedação das provas ilícitas e promotor natural. 
(B) devido processo legal, contraditório e duplo grau de jurisdição. 
(C) ampla defesa, estado de inocência e verdade real. 
(D) contraditório, juiz natural e soberania dos veredictos do Júri. 
 
11. (TJ/AM – Analista Judiciário II – Oficial de Justiça Avaliador – FGV) O princípio da 
imparcialidade impõe sobre o Estado-juiz a exigência de uma prestação jurisdicional imparcial, podendo 
ser considerado um dos pilares do sistema acusatório. Para garantir o respeito ao princípio, o Código de 
Processo Penal prevê as situações de suspeição do juiz, relacionadas a seguir, à exceção de uma. 
Assinale-a. 
(A) Se tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando‐se, de fato ou de direito, sobre a 
questão. 
(B) Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes. 
(C) Se tiver aconselhado qualquer das partes. 
(D) Se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. 
(E) Se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato 
análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia. 
 
Respostas 
 
01. Resposta: B 
A Constituição assim como a doutrina e a jurisprudência tendem a repelir as chamadas provas ilícitas 
por derivação, ou seja, as provas lícitas produzidas a partir de outra ilegalmente obtida (exemplo: 
confissão extorquida mediante tortura, que venha a fornecer informações corretas a respeito do lugar 
onde se encontra o produto do crime, propiciando sua regular apreensão). As provas ilícitas por derivação 
foram reconhecidas pela Suprema Corte Norte-Americana, com base na teoria dos “frutos da árvore 
envenenada” – fruits of the poisonous tree -, segundo a qual o vício da planta se transmite a todos os 
seus frutos. O Supremo Tribunal Federal, atualmente, não admite as provas ilícitas por derivação. 
 
02. Resposta: E 
A publicidade é uma garantia para o indivíduo e para a sociedade decorrente do próprio princípio 
democrático. O princípio da publicidade dos atos processuais, profundamente ligado à humanização do 
processo penal, contrapõe-se ao procedimento secreto, característica do sistema inquisitório. É ele regra 
em nosso direito e foi elevado a categoria constitucional pelo artigo 5º, LX, da Constituição Federal: “A lei 
só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse 
social o exigirem”. Desta forma, o sigilo não está dentre os princípios que regem o processo penal 
brasileiro, sendo que neste impera a publicidade. 
 
03. Resposta: B 
O processo penal brasileiro adota desde a vigência da Lei nº 11.719/2008, que deu nova redação ao 
artigo 399, §2º, do Código de Processo Penal, o princípio da identidade física do juiz. Tal princípio 
determina que o juiz de direito que presidir e concluir a audiência de instrução e julgamento deverá ser o 
mesmo que irá julgar a causa. 
 
04. Resposta: B 
O princípio da inércia é um preceito próprio do processo civil e vai totalmente contra a sistemática do 
processo penal, tendo em vista que um dos princípios primordiais procedimento é o da verdade real, no 
qual o juiz tem o dever de investigar como os fatos se passaram na realidade, não se conformando com 
a verdade formal constante dos autos. 
05. Resposta: A 
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. 10 
O princípio da presunção de inocência é uma garantia processual atribuída ao acusado pela prática 
de uma infração penal, oferecendo-lhe a prerrogativa de não ser considerado culpado por um ato delituoso 
até que a sentença penal condenatória transite em julgado, cabendo a acusação provar o contrário. Está 
previsto na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 5º, LVII, nestes termos: “Ninguém será 
considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”. 
 
06. Resposta: B 
O princípio da plenitude de defesa é assegurado ao acusado, de forma expressa, na Constituição 
Federal de 1988, apenas para o procedimento do Júri, em seu artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea “a”, não 
sendo cabível em outros procedimentos criminais. 
 
07. Resposta: A 
Nos chamados crimes societários, não se admite a “denúncia fictícia”, sem apoio na prova e sem a 
demonstração da participação do denunciado na prática tida por criminosa. Assim, a inexistência de 
descrição, na denúncia, do vínculo entre o denunciado e a empreitada criminosa a ele imputada, 
caracteriza-se, como causa de decretação de nulidade do processo, pois fere o princípio da ampla defesa 
que prevê que para seu exercício é necessário o réu ter ciência daquilo que está sendo acusado para 
poder se defender. 
 
08. Resposta: A 
O princípio do contraditório não se aplica no inquérito policial (fase de investigação) que não é, em 
sentido estrito, “instrução”, mas colheita de elementos que possibilitem a instauração do processo. A 
Constituição Federal apenas assegura o contraditório na “instrução criminal” e o vigente Código de 
Processo Penal distingue perfeitamente esta do inquérito policial. 
 
09. Resposta: D 
A alternativa “A”, “B” e “C” estão erradas, pois os princípios mencionados são justamente o oposto dos 
princípios fundamentais do processo penal. Assim, onde menciona o princípio da “verdade formal”, seria 
o da “verdade real”; onde menciona o princípio da “defesa limitada”, seria o da “ampla defesa”; onde 
menciona o princípioda “sigilosidade processual”, seria o da “publicidade”. Desta forma, resta apenas 
como correta a alternativa “D”. 
 
10. Resposta: D 
Estão previstos na Constituição Federal de 1988, dentre outros, os princípios do contraditório (artigo 
5º, LV); do juiz natural (artigo 5º, XXXVII) e soberania dos veredictos do Júri (artigo 5º, XXXVIII, “c”). 
 
11. Resposta: A 
Dentre as causas de suspeição prevista no artigo 254 do CPP, O juiz não se dará por suspeito, se tiver 
funcionado como juiz de outra instância, pronunciando‐se, de fato ou de direito, sobre a questão. Tal 
hipótese é de impedimento e o juiz não poderá exercer a jurisdição neste processo. 
 
 
 
Para entender os sistemas processuais penais é necessário, antes de qualquer coisa, compreender o 
significado da palavra “sistema”. Etimologicamente, sistema – no viés jurídico – é o conjunto de normas, 
coordenadas entre si, intimamente correlacionadas, que funcionam como uma estrutura organizada 
dentro do ordenamento jurídico. Na visão de Paulo Rangel, é o conjunto de princípios e regras 
constitucionais, de acordo com o momento político de cada Estado, que estabelecem as diretrizes a serem 
seguidas para a aplicação do direito no caso concreto. 
Assim, para que haja um sistema, é imperiosa a existência de uma ideia fundante e de um conjunto 
de normas que decorre dessa premissa. Basta, portanto, identificar o princípio unificador de cada sistema 
processual penal para saber de qual sistema estar-se-á tratando. Todo sistema é, portanto, regido por 
um único princípio unificador (ideia fundante) e, daí decorre as demais normas que devem ser 
interpretadas sob essa ótica. 
Assim, os sistemas processuais são os diferentes conjuntos de normas adotados por cada 
ordenamento para disciplinar o transcorrer de sua marcha procedimental. 
Sistemas processuais penais. 
 
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. 11 
São três os sistemas processuais penais existentes no ordenamento jurídico: a) sistema inquisitório ou 
inquisidor; b) sistema acusatório; c) sistema misto, reformado, napoleônico ou acusatório formal. 
Vejamos: 
1 Sistema inquisitório. Trata-se de sistema antigo, adotado na Inquisição (daí seu nome). Neste 
sistema, o processo era sigiloso, com “cartas marcadas”; nele não há contraditório nem ampla defesa; a 
confissão era “rainha das provas”; quem acusa e quem julga são as mesmas pessoas. 
2 Sistema acusatório. Trata-se de sistema adotado no Brasil, bem como nos países em que há uma 
democracia plena. Neste sistema, o processo é público, como meio de impedir que abusos sejam 
praticados; são assegurados os princípios vistos no item anterior; adota-se o sistema da livre apreciação 
da prova (ou seja, a confissão deixa de ser “a rainha das provas”); acusador e julgador são duas pessoas 
diferentes. 
3 Sistema misto. O sistema processual misto contém as características de ambos os sistemas 
supracitados. Possui duas fases: a primeira, inquisitória e a segunda, acusatória. Tendo a Revolução 
Francesa como pedra fundamental, neste sistema há uma fase de investigação preliminar (conduzida 
pela polícia judiciária); uma fase de instrução preparatória (patrocinada pelo juiz instrutor); uma fase de 
julgamento (somente aqui incidiriam o contraditório e a ampla defesa); e uma fase de recurso (em que se 
pode utilizar o “recurso de cassação”, para impugnar apenas questões de direito, como o “recurso de 
apelação”, para impugnar questões de fato e de direito). 
 
QUESTÕES 
 
01. (PM/GO - Soldado da Polícia Militar - FUNCAB) A respeito dos sistemas processuais existentes 
no Processo Penal, pode-se afirmar que: 
(A) o sistema inquisitivo rege o processo penal brasileiro, com a concentração das funções acusatória, 
de defesa e julgadora na mesma pessoa, o Juiz acusador. 
(B) o sistema acusatório caracteriza-se pela divisão das funções acusatória, de defesa e julgadora em 
diferentes personagens, sendo o Juiz imparcial. 
(C) o inquérito policial, apesar de não ser um processo, obedece às regras e aos princípios do sistema 
acusatório, com a garantia da ampla defesa e do contraditório. 
(D) o sistema processual inquisitivo tem como característica marcante a oralidade e a publicidade. 
(E) o sistema acusatório caracteriza-se por ser eminentemente escrito e secreto. 
 
02. (MPE/AC - Analista Processual - Direito - FMPRS) Assinale a alternativa correta. 
(A) A legislação brasileira adota expressamente o sistema acusatório, em razão de não prever a 
investigação criminal realizada por magistrados. 
(B) A legislação brasileira adota expressamente o sistema acusatório, em razão de prever a 
possibilidade tribunais populares exercerem a jurisdição criminal nos crimes contra a vida. 
(C) A legislação brasileira adota expressamente o sistema inquisitivo, em razão de prever a 
investigação criminal realizada por magistrados. 
(D) A legislação brasileira adota expressamente o sistema misto, em razão de a investigação criminal 
estar confiada à polícia judiciária. 
(E) A legislação brasileira não adota expressamente qualquer sistema processual penal. 
 
03. (Polícia Militar/GO - Soldado - UEG) No sistema acusatório, 
(A) um único órgão de jurisdição preside a fase de investigação, acusação e julgamento do processo. 
(B) o acusado é mero objeto do processo, não lhe sendo garantidos direitos. 
(C) as partes se encontram em igualdade de posições e, a ambas, um juiz imparcial e equidistante se 
sobrepõe. 
(D) não há contraditório. 
 
04. (MPE/MA - Promotor Substituto - MPE/MA É consentâneo com o sistema inquisitorial de 
processo penal, exceto: 
(A) Sigilo dos atos processuais; 
(B) Suscetibilidade de início do processo por meio de denúncia anônima; 
(C) Incumbência de formular a acusação não individualizada; 
(D) Arguição de suspeição do juiz; 
(E) Defesa técnica decorativa. 
RESPOSTAS 
 
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. 12 
01. Resposta: B 
O sistema inquisitivo é caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que exerce, 
também, a função de acusador; a confissão do réu é considerada a rainha das provas; não há debates 
orais, predominando procedimentos exclusivamente escritos, o procedimento é sigiloso; há ausência do 
contraditório e a defesa é meramente decorativa. Por outro lado, o sistema acusatório possui nítida 
separação entre o órgão acusador e o julgador; há liberdade de acusação, reconhecido o direito de defesa 
e a isonomia entre as partes no processo; vigora a publicidade do procedimento; o contraditório está 
presente; existe a possibilidade de recusa do julgador; há livre sistema de produção de provas. Desta 
forma, ressaltadas as principais características destes sistemas a resposta que esta de acordo com o 
exposto é a alternativa “B”. 
 
02. Resposta: E 
Os sistemas processuais são os diferentes conjuntos de normas adotados por cada ordenamento para 
disciplinar o transcorrer de sua marcha procedimental. Basicamente existem três sistemas processuais, 
o Sistema inquisitivo: nele não há contraditório nem ampla defesa; quem acusa e quem julga são as 
mesmas pessoas; o Sistema acusatório: onde o processo é público, como meio de impedir que abusos 
sejam praticados; são assegurados os princípios do contraditório e ampla defesa; adota-se o sistema da 
livre apreciação da prova e o Sistema misto: neste sistema há uma fase de investigação preliminar 
(conduzida pela polícia judiciária); uma fase de instrução preparatória (patrocinada pelo juiz instrutor); 
uma fase de julgamento (somente aqui incidiriam o contraditório e a ampla defesa); e uma fase de recurso 
(em que se pode utilizar o “recurso de cassação”, para impugnar apenas questões de direito, como o 
“recurso de apelação”, para impugnar questões de fato e de direito). Embora seja o sistema adotado no 
Brasil o Sistema acusatório, não existe na legislação brasileira de forma expressa qualquer previsão neste 
sentido, razão pela qual a alternativa correta é a letra “E”.03. Resposta: C 
No sistema acusatório há distribuição das funções de acusar, defender e julgar a órgãos distintos, onde 
se pressupõe as seguintes garantias constitucionais: da tutela jurisdicional, do devido processo legal, da 
garantia de acesso à justiça, da garantia do juiz natural, do tratamento paritário das partes, do 
contraditório, da ampla defesa, da publicidade dos atos processuais e motivação dos atos decisórios, bem 
como da presunção de inocência e da garantia da dignidade da pessoa humana. 
 
04. Resposta: D 
Geralmente nas questões de concurso relacionadas à área do Direito, as Bancas examinadoras se 
utilizam de uma linguagem mais formal, onde na maioria das vezes algo que é simples acaba se tornando 
complexo. Exemplo claro é o exercício acima, “consentâneo”, neste contexto nada mais é do que 
“condizente”, “próprio” do sistema inquisitorial. Desta forma, cabe ao candidato considerar quais das 
alternativas não se enquadram com as particularidades do mencionado sistema processual penal. O 
sistema inquisitorial é sigiloso, sempre escrito, não existe o contraditório e reúne na mesma pessoa às 
funções de acusar, defender e julgar. O réu é visto nesse sistema como mero objeto da persecução, com 
isso garantias que visam resguardar os direitos do acusado, como a “arguição de suspeição do juiz”, não 
são próprias deste sistema. 
 
 
 
 
Lei de Introdução ao Código de Processo Penal. 
 
A Lei de Introdução do Código de Processo Penal é compreendida pelo Decreto-lei nº.3.931 de 11 de 
dezembro de 1941 e trata-se de uma norma jurídica que regulamenta as disposições do Código de 
Processo Penal. 
 
Qual a finalidade do Direito Processual Penal? Podemos dizer que existe uma finalidade mediata, que 
se confunde com a própria finalidade do Direito Penal – paz social – e uma finalidade imediata e que outra 
Lei de Introdução ao Código de Processo Penal. 
Lei processual no tempo. Lei processual no espaço. 
Lei processual em relação às pessoas. 
Lei processual e sua interpretação. 
 
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não é senão a de conseguir a “realizabilidade da pretensão punitiva derivada de um delito, através da 
utilização da garantia jurisdicional”. Sua finalidade, em suma, é a de tornar realidade o Direito Penal. 
Enquanto este estabelece sanções aos possíveis transgressores de suas normas, é pelo Processo 
Penal que se aplica a sanctio juris (sanção do direito), porquanto toda pena é imposta “processualmente”. 
Daí dizer Manzini que ele consiste em obter, mediante a intervenção do Juiz, a declaração de certeza, 
positiva ou negativa, do fundamento da pretensão punitiva derivada de um delito. 
Assim, não constitui o Processo Penal nem uma discussão acadêmica para resolver, em abstrato, um 
ponto controvertido de Direito, nem um estudo ético tendente à reprovação da conduta moral de um 
indivíduo. Seu objetivo é eminentemente prático, atual e jurídico e se limita à declaração de certeza da 
verdade, em relação ao fato concreto e à aplicação de suas consequências jurídicas. 
É princípio geral do direito que as normas jurídicas limitam-se no tempo e no espaço, isto é, aplicam-
se em um determinado território e em um determinado lapso de tempo. 
 
Por conseguinte, em seguida vamos estudar mais detalhadamente estes institutos. 
 
Lei Processual Penal do Espaço 
 
Enquanto à lei penal aplica-se o princípio da territorialidade (art. 5º do Código Penal) e da 
extraterritorialidade incondicionada e condicionada (art. 7º do Código Penal), o Código de Processo Penal 
adota o princípio da territorialidade ou do lugar (lex fori). E isso por um motivo óbvio: a atividade 
jurisdicional é um dos aspectos da soberania nacional, logo, não pode ser exercida além das fronteiras 
do respectivo Estado. 
A lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais cometidas em território brasileiro, sem 
prejuízo de convenções, tratados e regras de Direito Internacional. Em suma, no processo penal vigora o 
princípio da absoluta territorialidade (artigo 1.º do Código de Processo Penal). 
Para melhor compreensão do assunto importante fazermos uma análise minuciosa sobre a aplicação 
do Código Penal, “em todo território brasileiro” com objetivo de conceituar território, distinguindo o território 
em sentido estrito e território por extensão. No primeiro caso, evidencia-se pelo solo, subsolo, águas 
interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo acima de seu condado. Por outro 
lado, no segundo caso, incluem-se embarcações e as aeronaves brasileiras, não importando sua 
natureza, e estando situados em qualquer lugar que tiverem, conforme disposto no artigo 5º do Código 
Penal. Neste contexto, o autor Júlio Mirabete, completa: 
 
Território em sentido estrito abrange o solo (e subsolo), sem solução de continuidade e com limites 
reconhecidos, as águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo. Já por 
extensão se configura em abranger as embarcações e aeronaves brasileira, de natureza pública, ou a 
serviço de governo, onde quer que se encontrem, bem como as mercantes ou de propriedade privada, 
que se achem em alto-mar. 
 
Interpreta-se que, o espaço territorial é a porção de terra abarcada nos limites de suas fronteiras, os 
quais são estabelecidos por pactos, tratados ou obras humanas, tais como muralha, etc. Contudo, ainda 
na seara processual, as embaixadas são sopesadas como território alienígena onde se acham situadas, 
tanto pelos crimes perpetrados por pessoas alheias as imunidades sujeitam-se a jurisdição do estado 
onde se depara a embaixada, considerando assim inviolável as sedes das embaixadas. Adverte ainda 
que, as aeronaves de guerra ou a serviço de governo estrangeiro, enquanto este durar – são 
contempladas conforme espaço territorial do país a que pertence. 
Corroborando para tal juízo, tem-se entendido que o espaço marítimo está envolvido em 12 milhas 
marítimas de largura, a partir da linha debaixo-mar do litoral continental e insular brasileiro, análogo as 
grandes cartas náuticas. Em contrapartida, navio de guerra e navio a serviço do governo estrangeiro 
embora encontrem-se no espaço marítimo nacional, quer em missão diplomática ou de representação, é 
visto como exceção à regra concernente ao espaço marítimo, estando tudo em conformidade com a 
legislação – art. 1º da lei nº 8.617 de 4.01.1993 e convenção internacional sobre o direito do mar. 
Sendo assim, navio de guerra e navio a serviço do governo estrangeiro são trazidos como exceção da 
incidência da lei brasileira. Ou seja, são territórios do Estado de sua bandeira, em alto mar. 
Assinala-se, aliás, que o espaço aéreo comporta todo espaço localizado no território nacional, além 
das águas territoriais independentemente da altura que as aeronaves estiverem. Mirabete, ressalta: “a 
teoria da coluna atmosférica, delimitada por linhas imaginárias que se situam perpendicularmente aos 
limites do território físico, incluindo o mar territorial (ad infinitum), prosseguindo conservada no Código 
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Brasileiro de Aeronáutica”. 
Portanto, como se percebe, a regra é que todo e qualquer processo penal que surgir no território 
nacional deva ser solucionado consoante as regras do Código de Processo Penal (locus regit actum). Há, 
todavia, exceções. 
 
Hipóteses de Não Aplicação do Código de Processo Penal 
 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
Para iniciarmos essa discussão acerca da não aplicação do Código de Processo Penal, imperioso 
mencionar que, os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves públicas estrangeiras, em águas 
territoriais e espaço aéreo brasileiro, não se aplica a lei penal, tampouco a lei processual penal. 
Inaplicável também aos agentes diplomáticos que gozam de imunidade, por serem representantes do 
Governo em conferências, congressos ou organismos internacionais, sendo aindapor este motivo esses 
privilégios irrenunciáveis. Importante ressaltar que tal prerrogativa consiste em responder no seu país de 
origem pelo delito praticado no Brasil (Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo 
Decreto Legislativo nº 103/64, e promulgada pelo Decreto nº 56.435, de 08/06/65). Para o doutrinador 
Mossin entende-se com tais prerrogativas também, os cidadãos que vivam sob mesmo teto do diplomata, 
no caso, os pais, a mulher, filhos etc. Se por acaso o funcionário vir a falecer continuará gozando dos 
mesmos privilégios até que o tempo juridicamente relevante se extinga. 
Como se percebe, por conta de tratados ou convenções que o Brasil haja firmado, ou mesmo em 
virtude de regras de Direito Internacional, a lei processual penal deixa de ser aplicada aos crimes 
praticados por tais agentes no território nacional, criando-se, assim, verdadeiro obstáculo processual à 
aplicação da lei processual penal brasileira. 
Para facilitar a compreensão do assunto importante conceituar o que é tratado, convenção e regras de 
direito internacional. 
Pode-se proclamar pelo texto que tratado é acordo firmado entre duas ou mais países, quando se 
vinculam a competir e venerar as cláusulas e condições da declaração como se fossem preceitos de 
direito positivo, com conteúdo político. Não obstante, convenção é o ajuste sobre assuntos de veemência 
entre nações de caráter não político, e sim civil. Vale ressaltar por Tourinho Filho a distinção entre tratado 
e convenção. A primeira é um pacto internacional concluído em Estados de forma escrita e regulado pelo 
Direito Internacional, constituindo em um único instrumento, ou dois ou mais instrumentos 
consubstanciados. Por outro lado, convenção seria tratado que designa norma gerais. Consta exceção à 
regra de territorialidade prevista na Constituição Federal e por tratados e convenções internacionais, 
perpetra com que o conflito ocorrido fora do território nacional possa contar com a aplicação da lei 
brasileira, como exemplo as cartas rogatórias. 
Por sua vez, as regras de direito internacional, são princípios fundamentais de direito, retirados, 
principalmente da lei, estando todos os países coibidos a cumprir, como por exemplo: as imunidades 
diplomáticas o que ocasiona a exclusão da jurisdição (Convenção de Viena- art. 1º, I e art. 5º do CPP), 
composto de embaixadores, secretários de embaixada, pessoal técnico administrativo, bem como seus 
familiares. O STF entende que o cônsul não goza de ampla imunidade, somente em casos de atos 
conseguidos no emprego das funções consulares (agentes administrativos). 
 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos 
crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, 
nos crimes de responsabilidade; 
As prerrogativas para os crimes de responsabilidade do Presidente da República, dos ministros de 
estado, nos crimes conexos, previsto na legislação – art. 1º, II do CPP e art. 5º até 12 da Lei nº 1.079/50 
- respectivos atos que atentarem contra a constituição possuindo como alguns requisitos a existência da 
união; livre exercício dos poderes constituídos; exercício dos direitos políticos e sociais; segurança interna 
do país etc. 
Fundamentalmente, o elenco de agentes que possui a prerrogativa de função, nos crimes de 
responsabilidade corresponde ao Presidente da República, aos Ministros de Estado, aos Ministros do 
Supremo Tribunal Federal; Governadores e Secretários de Estado; Governador do Distrito Federal e seus 
Secretários; Procurador Geral da República e Advogado Geral da União, presente na Lei nº 1079, de 
10.04.1950, Lei nº 7.106/1983 e art. 52 da Constituição Federal. 
 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
O que se alude ao processo de competência da Justiça Militar Federal e Estadual, não se aplica ao 
Código de Processo Penal, pois as mesmas têm suas legislações especiais. Conforme mostra Mussin, o 
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Código Penal Militar (CPM) formado pelo Decreto-lei n. 1.001, de 21 de outubro de 1969, e o Código de 
Processo Penal Militar (CPPM) formado pelo Decreto-lei n. 1.002, de 21 de outubro de 1969, situando as 
normas processuais para o exame dos crimes militares. Junto com os dois Decretos, existe a Lei de 
Organização Judiciária Militar (LOJM), formado pelo Decreto-lei n. 1.003, de 21 de outubro de 1969. 
Foram formadas várias Súmulas pelo Supremo Tribunal de Justiça, entre as quais discorre que, 
compete à Justiça comum Estadual julgar acusado civil por cometer crime contra instituições militares 
estaduais. Outra é a Súmula 75 que fala: “Compete à Justiça Estadual processar e julgar o policial militar 
por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal”. Se o profissional militar 
praticar delito de mesma natureza, em outra unidade da federação, seu julgamento deve ser prolatado 
pela Justiça Militar do Estado onde exercita sua atividade, pois a Justiça do local onde ocorreu o delito 
não pode lhe julgar disciplinarmente, garantindo o princípio da autonomia dos Estados Federados. A 
Súmula 90 do Tribunal Superior discorre sobre “a competência da Justiça Estadual Militar processar e 
julgar o policial militar pela prática do crime militar, e a comum pela prática do crime comum simultâneo 
àquele”, pois cada justiça julga o crime consoante sua competência. 
 
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); 
Os artigos citados referem-se à Constituição de 1937, sendo que esse tribunal especial a que faz 
menção o inciso IV é o antigo Tribunal de Segurança Nacional, que já não existe mais, visto que foi extinto 
pela Constituição de 1946. O art. 122, n2 17 da Carta de 1937 previa que “os crimes que atentarem contra 
a existência, a segurança e a integridade do Estado, a guarda e o emprego da economia popular serão 
submetidos a processo e julgamento perante tribunal especial, na forma que a lei instituir”. 
 
V - os processos por crimes de imprensa. 
Outra ressalva constante do art. 1º do CPP diz respeito aos processos penais por crimes de imprensa. 
Referidos delitos estavam previstos na Lei nº 5.250/67. Dizemos que estavam previstos na Lei nº 5.250/67 
porque, no julgamento da arguição de descumprimento de preceito fundamental nº 130, o Supremo 
Tribunal Federal julgou procedente o pedido ali formulado para o efeito de declarar como não 
recepcionado pela Constituição Federal todo o conjunto de dispositivos da Lei nº 5.250/67. 
Como decidiu a própria Suprema Corte, a não recepção da Lei de Imprensa não impede o curso regular 
dos processos fundamentados nos dispositivos legais da referida lei, nem tampouco a instauração de 
novos processos, aplicando-se lhes, contudo, as normas da legislação comum, notadamente, o Código 
Civil, o Código Penal, o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal. 
 
Lei Processual no Tempo 
 
Justapõe a lei processual quando a mesma entra em vigor, de acordo com o artigo 2° do CPP que 
dispõe, “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob 
a vigência da lei anterior”, e não quando ocorre o período para a ciência do teor da norma pela sociedade 
em geral. Antes de entrar em vigor, o prazo que medeia a publicação da lei e a entrada em vigor como 
apronta o artigo 1° da LICC, “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta 
e cinco dias depois de oficialmente publicada”, o vacatio legis, refere-se a norma que não alude a 
criminalização de conduta, e três meses para seu emprego nos Estados Estrangeiros, quando a esta é 
admitida. Passando a valer imediatamente, apreciando processos em pleno desenvolvimento, porém não 
compromete os atos alcançados na vigência da lei anterior. Com isso, a lei processual penal não tem 
efeito retroativo, pois se fosse, o legislador teria invalidado as ações processuais exercidosaté a data da 
vigência da lei nova, uma vez que o princípio é tempus regit actum (o tempo rege o ato), conforme ratifica 
TOURINHO. 
Elucida-se nos casos em que uma lei nova estabelece outras regras para a citação do réu e para a 
intimação do defensor, tornando-se valido o chamamento já realizado sob a vigência da norma anterior. 
As intimações posteriores serão regidas pela nova lei. A exceção ocorre quanto ao transcurso de prazo 
já principiado, que em regar, ocorre pela lei anterior. Por ações já exercitadas, necessita-se entender 
também, os respectivos efeitos e/ou consequências jurídicas. Como no exemplo citado por Pacelli: 
“Sentenciado o processo e em curso o prazo recursal, a nova lei processual que altera o aludido prazo 
não será aplicada, respeitando-se os efeitos preclusivos da sentença tal como previstos na época de sua 
prolação.” 
O doutrinador Aury Lopes distingue leis penais puras, leis processuais penais puras e as leis mistas. 
A primeira é aquela que disciplina o poder punitivo estatal, é o conteúdo material do processo, cabendo 
para o Direito Penal (tipificação de crimes, pena máxima e mínima, regime de cumprimento) a 
retroatividade da lei penal mais branda e irretroatividade da lei mais maléfica. A segunda regula o início, 
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desenvolvimento ou fim de um processo, e seus institutos processuais (perícia, rol de testemunhas, forma 
de realizar atos processuais, ritos), ademais, aplicando-se o princípio da imediatidade, não ocorre o efeito 
retroativo. Por fim, a última possui peculiares características penais e processuais, aplicando-se para tais 
casos as regras do Direito Penal, no caso a lei mais branda retroage e a mais gravosa não. 
Existem as normas processuais penais materiais, que são normalmente institutos mistos/híbridos, 
estudados tanto no Direito Penal, como no Processo Penal, nesses casos aceita-se sua retroatividade, 
em razão de sua dupla natureza. Como outros exemplos, temos perempção, o perdão, a renúncia, a 
decadência, e outros. Quando alguma regra é alterada acontecerá, por vezes, reflexos incontestáveis no 
Direito Penal. Por exemplo: nos casos em que a norma inclua outra forma de perempção, mesmo se 
referindo a circunstâncias futuras, podem ocorrer, em casos concretos, que o processado seja favorecido 
com a norma recém-criada. Ela é retroativa para o fato de extinguir a punibilidade do réu, pois tem efeito 
no direito material (art. 107, IV, CP). 
Ocorrem também os institutos conectados à prisão do querelado, que são consideradas normas 
processuais penais materiais, pois condiz com a liberdade do indivíduo. A finalidade do processo penal é 
resguardar a eficiente aplicação da lei penal, beneficiando o acusado. De tal forma, não tem aceitação a 
prisão cautelar inteiramente dissociada do conjunto de direito material. A própria tem razão de existir, a 
respeito do princípio da presunção de inocência, pois há acusados de cometer um crime, que a sua 
liberdade pode colocar em risco a sociedade. Isso pode ser confirmado nos casos em que o sistema 
autoriza a decretação de prisões cautelares, cuja hipótese que prevalece é a de aplicação de penas 
privativas de liberdade e em regime fechado. 
É notório ratificar que não teria sentido estabelecer a prisão preventiva do réu por contravenção penal 
ou por delito, em que a pena cominada é de multa. Considerando tais normas processuais de conteúdo 
material, retroagindo para envolver situações ocorridas antes da sua existência, com isso colaborando 
para garantir a liberdade do réu. No artigo 2° da Lei de Introdução ao Código de Processo Penal define 
que “à prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que forem mais favoráveis” ao réu, 
quando houver a vigência de lei nova que obtenha situação processual em desenvolvimento. 
Quanto ao que se refere o artigo 3° do CPP, “A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e 
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito”. Essas modalidades de 
hermenêutica, coloca-se no processo de auto-integração das leis e do Direito, perante a necessidade de 
resolução dos casos concretos contidos à jurisdição, como em casos de normas incriminadoras, as que 
definem o tipo penal, suas qualificadoras ou causas de aumento da pena, ou que agravem a situação do 
réu. 
Não se pode falar em aplicação da analogia ou interpretação extensiva, exceto quando a lei 
expressamente permitir, em razão da esfinge de se prever uma significado casuístico definitivo, quão 
ocorre com expressões do tipo: outro meio qualquer, de qualquer maneira, etc. Porém, em se tratando de 
normas de conteúdo não incriminador, pode-se aplicar a analogia e a interpretação extensiva. No que 
versa sobre às normas de competência, é necessário modificação da competência por lei processual 
nova, fazendo com que o novo órgão competente julgue aqueles feitos anteriores, como aclara Carlos 
Maximiliano: 
a) em sendo abolida uma autoridade, o processo corre perante a que a substitui; 
b) mudada a hierarquia dos juízes pelos quais transitará sucessivamente determinada causa, a 
alteração aplicar-se-á tanto aos efeitos iniciados, como aos futuros: por exemplo, suprimida a instancia 
superior, para ali não se vai nos casos em curso; 
c) variando o número ou a qualidade dos magistrados componentes de tribunal, câmara ou turma, 
julga-se pelo novo modo a causa pendente: por exemplo, em vez de juiz único, um colégio e vice-versa. 
 
De acordo com o artigo 2° do LICC, que elucida, “não se destinando à vigência temporária, a lei terá 
vigor até que outra a modifique ou revogue.” Finaliza-se vigência da lei com a sua revogação, que pode 
ser expressa, revogam-se as disposições em contrário, ou tácita, incompatibilidade da novatio legis com 
a lei velha ou lei nova regular inteiramente matéria que tratava a anterior. A revogação pode ser parcial, 
quando designa-se derrogação; ou total, denomina-se de ab-rogação. Há também a autorrevogação 
(exceção), que vigora por período determinado, acontece quando susta a ocorrência de emergência ou 
anormalidade na lei excepcional ou acabar com o prazo da lei temporária. 
 
Em resumo, são particularidades vigentes para a lei processual no tempo: 
A) Princípio do efeito imediato. No direito penal, a lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu. 
Já no processo penal, a lei processual rege-se pelo “Princípio do Efeito Imediato” (“tempus regit 
actum”), segundo o qual a nova lei processual será aplicada em todos os processos em curso, não 
importando se beneficia ou não o réu. Quanto aos atos processuais já realizados, estes permanecerão 
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válidos. 
E se a lei tiver natureza híbrida, isto é, aspectos tanto de direito material como de direito processual? 
Neste caso, apesar de alguma celeuma doutrinária, prevalece o entendimento de que o aspecto penal da 
norma deve preponderar, não se aplicando de imediato o dispositivo se menos benéfico ao acusado. 
Agora, se mais benéfico ao acusado, há uma retroatividade parcial apenas da parte penal, enquanto a 
parte processual penal vige do instante presente para frente; 
 
B) Contagem de prazo. Há se distinguir o “prazo penal”, do “prazo processual”. 
No “prazo penal”, conta-se o dia do começo. Assim, ainda que o ato tenha sido praticado às 22h30min 
do dia cinco, p. ex., tal dia já conta como sendo o primeiro da contagem do prazo. Ademais, o prazo penal 
é improrrogável, ou seja, caso termine em sábado, domingo, ou feriado, não se o prorroga até o próximo 
dia útil subsequente. 
Já no “prazo processual”, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento. Desta maneira, 
se o ato foi praticado no dia cinco, p. ex., o prazo começa a contar do dia seis. Ademais, o prazo 
processual é prorrogável para o primeiro dia útil subsequente caso termine em sábado, domingo, feriado 
ou recesso judiciário. 
Ainda, acerca do prazo

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