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Direito das Obrigações - Maurício Requião

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DIREITO DAS OBRGAÇÕES
Aluna: Maria Carolina Ribeiro
Professor: Maurício Requião
Aulas 2015.2
1. NOÇÕES GERAIS: A obrigação é voltada para o pagamento, e normalmente o pagamento gera a extinção da obrigação. Existem uma série de obrigações que não são tuteladas pelo direito. No Direito das Obrigações trabalha-se com a ideia de prestação, ou seja, para a obrigação se realizar é necessário que haja uma conduta de uma outra pessoa. Nos direitos potestativos também existem obrigações (o sujeito passivo está obrigado a se submeter ao direito do outro). Existem algumas situações em que o ônus é considerado uma obrigação.
· Definição clássica de obrigação (visão estática): A obrigação é uma relação jurídica entre pelo menos dois sujeitos, onde um é o credor (sujeito ativo) e o outro é o devedor (sujeito passivo) – ou seja, a relação jurídica é o efeito (plano da eficácia) de um fato jurídico latu sensu que já ocorreu; o efeito do fato jurídico se estende para os dois polos da relação. O sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo uma prestação. Geralmente os sujeitos da relação já estão determinados, mas nada impede que se crie uma obrigação com um sujeito determinável (deve ser possível determinar os sujeitos). Na relação obrigacional entre credor e devedor não é necessário que os sujeitos sejam capazes (o fato que deu origem a uma obrigação pode ter como requisito de validade a capacidade, mas a obrigação em si não precisa – exemplo: criança de cinco anos é atropelada e passa a ser credora de uma obrigação). O objeto de uma relação obrigacional é uma prestação. Essa prestação sempre será uma conduta (ação ou inação). O objeto da alienação deve ser possível, lícito, determinado ou determinável, e, alguns autores defendem que o objeto deve ter valor econômico (pois sempre haverá alguma forma de extrair algum valor econômico disto, nem que seja em decorrência do inadimplemento). Em caso de inadimplemento o devedor poderá ser responsabilizado. O vínculo jurídico é o elemento imaterial da relação obrigacional. É o que une o credor e devedor em torno desta prestação jurídica. O vínculo traz a ideia de dever e de responsabilidade. O dever é o normal, e, espera-se que não se alcance o estágio da responsabilidade. Se houvesse o dever sem a responsabilidade, o índice de cumprimento das obrigações seria muito pequeno (SCHULD = dever; HAFTUNG = responsabilidade). Na relação obrigacional portanto, os elementos cerne são: os sujeitos, o objeto, o vínculo jurídico e, segundo alguns autores, a causa. A causa seria a justificativa da existência da relação.
· Definição complexa ou dinâmica de obrigação (obrigação como processo): Mesmo antes de surgir a obrigação e até depois dela ser extinta, há toda uma série de atos encadeados que possuem uma finalidade. A obrigação não envolve somente a prestação principal ou primária, porém, dentro desta obrigação, existem vários deveres secundários que precisam ser cumpridos para que a obrigação alcance seu resultado. Os deveres secundários não compõem o núcleo da relação obrigacional (exemplo: compra e venda de imóvel – a obrigação principal é a entrega do imóvel, mas é necessário que ocorra a transferência do imóvel para o nome do novo dono por exemplo). Além da obrigação principal e dos deveres secundários, existem os deveres anexos (de conduta). A existência dos deveres anexos está relacionada com a ideia de boa-fé objetiva (necessidade de observância de um padrão ideal de conduta). Os deveres anexos estão presentes desde antes a obrigação se formar. Neste caso de deveres anexos as posições de credor e devedor não são tão fixas, pois ambos devem agir dentro de um padrão ideal para com o outro. O mero cumprimento da prestação principal não é garantia de adimplemento, pois todas as obrigações devem ser cumpridas.
2. DEVERES ANEXOS, DE CONDUTA OU FIDUCIÁRIOS: Além da obrigação principal, outros deveres de impõem na relação obrigacional, completamente desvinculados da vontade de seus participantes. Os deveres anexos são conduzidos pela boa-fé do negócio jurídico, destinando-se a resguardar o fiel processamento da relação obrigacional em que a prestação se integra. Esses deveres incidem tanto nos credores quanto nos devedores. Os deveres anexos devem ser cumpridos independentemente de qualquer acordo que tenha sido feito pelas partes.
2.1. Funções dos deveres de conduta: o conteúdo exato do dever de agir conforme a boa-fé terá de ser determinada em face das várias situações concretas que a vida impõe. Cada uma das partes deverá possuir conduta honesta e conscienciosa, afim de que não sejam afetados o legítimo interesse da outra. Os deveres de conduta podem ser negativos ou positivos: os positivos objetivam coadjuvar as partes para que se alcance o interesse do credor. Os negativos buscam defender as partes de intromissões danosas durante a relação obrigacional; funciona como uma blindagem. A função negativa é meio para que seja atingida a função positiva.
Os deveres anexos são:
a) Dever de informação: Cada um dos envolvidos na obrigação deve fornecer informações necessárias para o bom desenvolvimento daquela relação obrigacional. Envolve também o dever de esclarecimento que “é correlato à relação obrigacional desde sua origem até o seu ocaso, envolvendo as conversações preliminares e a fase pós contratual.” Para além do dever jurídico de esclarecer, há o ônus de informar-se, por isso os fatos notórios se excluem do dever de esclarecer. Se houver quebra do dever de informação, cabe como sanção a invalidação do contrato ou a indenização por perdas e danos.
b) Dever de cuidado: Dever que cada uma das partes tem de não causar danos à contraparte. “Proteger a contraparte de perdas e danos à sua pessoa e ao seu patrimônio na constância da relação. Mandamento de consideração com o outro”. É aquele dever relacionado à proteção e a segurança da outra parte e da sociedade como um todo. Esses deveres existem independentemente de estarem na lei e nos contratos, pois decorrem da boa-fé e da confiança.
c) Dever de assistência: Cada um dos sujeitos deve manter condutas que contribua para o determinado cumprimento da obrigação (sentido positivo – agir). O dever de assistência envolve a ideia de colaboração e cooperação, isso quer dizer que um mesmo credor de uma relação obrigacional tem deveres fiduciários. O dever de assistência exige que o credor promova condições adequadas para que o devedor cumpra suas prestações.
d) Dever de lealdade: Funciona de um modo similar ao dever de assistência, porem numa acepção negativa (não agir). Não deve existir uma conduta que prejudique o cumprimento da obrigação principal. “É um mandamento de cooperação recíproca, impondo às partes a abstenção sobre qualquer conduta capaz de falsear o objetivo no negócio jurídico ou desequilibrar o jogo das prestações por ela consignados”. O dever de lealdade também está relacionado com o dever de sigilo, mesmo após o cumprimento da relação obrigacional. Além disso, relaciona-se com a ideia de proibição geral do contratante de adotar uma postura que impeça a outra parte de obter as vantagens decorrentes daquele contrato. A sanção neste caso seria a indenização por perdas e danos.
3. NORMAS DE TEXTURA ABERTA E OBRIGAÇÕES: (Relação com a ideia de operabilidade). O uso de normas de textura aberta facilita a longevidade do Código Civil. O suporte fático hipotético consegue abranger mais situações fáticas a partir do uso de normas de textura aberta. As normas de textura aberta são adaptáveis a um maior número de situações, porém alguns defendem que estas normas deixam uma margem de insegurança muito grande.
- Aplicação: O juiz deverá verificar que realmente ocorreu algo englobado dentro de uma norma de textura aberta, e com base nesses parâmetro decidir. Nos casos de conceitos indeterminados, o magistrado deve observar o limite do conceito indeterminado e se basear nesses limites para tomar sua decisão. Nos casos de cláusulas gerais, o aplicador deverá observar as próprias cláusulas gerais, e nos casos que envolvem princípios,deve-se contrapor e analisar os próprios princípios.
3.1. Conceitos indeterminados: Plano da linguagem ou semântica. Analisa-se o grau de vagueza da palavra ou expressão (diferente de ambiguidade). Os conceitos indeterminados são aqueles que possuem uma semântica aberta, que comportam a inserção de vários elementos que por vezes estão fora do direito, mas que são necessários para resolução de um problema jurídico.
3.2. Cláusulas gerais: Plano da técnica legislativa. O legislador pode trabalhar tanto com a técnica de casuística quanto com a ideia de cláusula geral. Na casuística já encontra-se prevista a definição e a consequência. Nas cláusulas gerais encontram-se indefinidos tanto a definição quanto a consequência. O comum é que se usem conceitos indeterminados para criar uma cláusula geral.
3.3. Princípios: Plano do tipo normativo. O princípio é uma norma que traz consigo um valor que se formou a partir de comportamentos e decisões reiteradas. Os princípios abarcam um número de situações jurídicas muito maior do que as regras. O conflito entre regras se dá no plano da validade, onde uma regra exclui a outra geralmente. No caso da colisão entre princípios, analisa-se casuisticamente, dentro da situação fática, os valores envolvidos, por isso, resolvem-se no plano da eficácia.
· Autonomia privada: A autonomia precisa dialogar com os outros princípios, e tem importância sobretudo nas obrigações negociais. Será a base do surgimento de muitas obrigações (exemplo: todo contrato está relacionado à autonomia). Existe a liberdade de criar a obrigação, mas após a criação a liberdade acaba sendo limitada.
· Boa-fé objetiva: É o proceder esperado na relação. É um padrão ideal de conduta. A obrigação deve estar de acordo com a boa-fé objetiva, pois a autonomia privada não é completamente ilimitada, logo, mesmo havendo a autonomia privada, existe a necessidade de delimitar padrões de comportamento que devem ser observados na relação obrigacional. Segundo Judith Martins Costa, a boa-fé objetiva possui três funções:
a) Função de criação de deveres jurídicos, ou supletiva – a boa-fé insere algumas cláusulas na relação obrigacional (deveres anexos).
b) Função corretiva ou coibição do abuso de direito.
c) Função interpretativa, ou cânone hermenêutico-integrativo.
· Função social: A autonomia privada e a boa-fé objetiva dialogam com a função social. A função social na obrigação leva em conta que a obrigação em si tem um objetivo a atender (além do adimplemento), bem como o fato de que a obrigação não pode ser nociva à sociedade. 
4. FONTES DAS OBRIGAÇÕES:
4.1. Direito Romano: No primeiro momento havia uma bipartição das fontes: contractos e delictos, ou seja, atos de paz e atos de guerra acerca dos contratos. Após de um tempo percebe-se que nessa classificação, não é possível encaixar todas as categorias de obrigações. Surge uma terceira categoria na classificação, chamada “variae causarum figurae”, onde as obrigações que não eram contractos ou delictos, eram colocadas. A conformação final de categorias de fontes se dividia em quatro: contratos, quase contratos, delito e quase delito. A distinção entre delito e quase delito é como se fosse o crime doloso e o crime culposo atualmente (em ambos os casos o dever de indenizar surge).
4.2. Código Civil Francês: Observou-se que ainda existiam obrigações que não se encaixavam em nenhuma das quatro categorias existentes. No Código Civil Napoleônico, acrescenta-se uma nova categoria como fonte de obrigações: a lei.
4.3. Direito Civil Brasileiro: Fonte de obrigação, para Fernando de Noronha é fato jurídico, lei seria somente o suporte fático.
· Obrigações negociais – surgidas de contratos e de alguns atos unilaterais (gestão de negócios e promessa de recompensa).
· Obrigações de responsabilidade civil.
· Obrigações vinculadas ao enriquecimento sem causa (ato unilateral).
5. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES X DIREITO DAS COISAS: Cada um trata do patrimônio de uma forma diferente. No direito das obrigações o patrimônio se encontra em uma situação dinâmica. No direito das coisas, a regulamentação do patrimônio é mais estática. Muitas vezes a alternância entre as relações de direitos obrigacionais (obrigações de dar) e de direitos das coisas se sucedem muito rapidamente.
5.1. Pontos de distinção: 
· Quanto ao objeto: No direito das coisas a quantidade de classificações de efeitos é muito diferente das vistas nos direitos da obrigação. Na obrigação sempre existirá uma relação jurídica entre dois sujeitos. Nos direitos reais existem relações jurídicas, mas não somente, pois existem também situações jurídicas, ou seja, não há a necessidade de outro sujeito. No direito obrigacional o objeto é a relação obrigacional que se forma, no direito das coisas o objeto envolve o domínio sobre algo. Esse domínio nem sempre se dá de modo relacional.
· Quanto aos sujeitos: No direito das obrigações sempre existem dois sujeitos no mínimo, sendo que os sujeitos ou já são determinados ou podem ser apontados. No direito das coisas os sujeitos passivos seriam todos que possuem o dever de se abster (oponível erga omnes, universal, indeterminado). Numa situação jurídica não é necessário haver um sujeito passivo.
· Quanto ao exercício: Para o exercício de um direito obrigacional é necessário que haja um outro sujeito. O exercício do direito só se dá se o outro sujeito cumpre a prestação. No caso do direito das coisas, não é necessária uma conduta específica para que o direito seja efetivado. Via de regra no direito das obrigações o exercício do direito gera a extinção do direito. O direito das coisas, via de regra, não se exaure com o exercício do direito. 
· Quanto à duração: A relação obrigacional tende a ter uma duração limitada no tempo. As situações jurídicas reais tendem a ter uma duração ilimitada, a situação jurídica existirá até o momento em que o proprietário defina.
5.2. Pontos de contato – formas híbridas:
· Obrigações “propter rem”: Obrigação em razão da coisa, por conta da coisa, ou seja, é uma relação obrigacional que surge em decorrência de uma relação ou situação regulamentada pelo direito das coisas (exemplo: taxa de condomínio). Se diferencia dos ônus reais. A obrigação acompanha a coisa.
· Direitos reais de garantia: Envolvem uma relação entre direito das obrigações e diretos reais. São direitos reais que surgem dentro de uma relação obrigacional. É algo que funciona como garantia do cumprimento de uma relação obrigacional: penhor, hipoteca, anticrese. O bem que sofreu penhor foi empenhado (bem móvel entregue como garantia). A hipoteca segue a mesma lógica do penhor (não há a entrega, mas sim o registro de que o imóvel está hipotecado). Anticrese é a garantia menos utilizada pois dá mais trabalho ao credor. Pega-se um bem imóvel e coloca-se como garantia. Se a obrigação não for cumprida, o credor pode explorar o imóvel para obter o que lhe é devido.
· Obrigações com eficácia real: Em virtude de uma relação obrigacional surge um efeito que é regulamentado pelos direitos reais (exemplo: direito de preferência). 
6. CLASSIFICAÇÕES DAS OBRIGAÇÕES:
6.1. Quanto ao objeto: 
6.1.1. Obrigações de dar, fazer e não fazer: Leva em conta a natureza da prestação.
· Obrigação de dar: O cumprimento da obrigação envolve a entrega de uma coisa.
· Obrigação de fazer: Assim como a obrigação de dar, envolve uma ação positiva.
· Obrigação de não fazer: A conduta tem um conteúdo negativo: obriga-se a não realizar determinada conduta.
6.1.2. Obrigações simples, cumulativas, alternativas, facultativa: Quanto a quantidade de prestação.
· Obrigação simples: É formada por apenas uma prestação.
· Obrigação cumulativa: É formada por várias prestações, e para que a obrigação seja cumprida, todas as prestações devem ser cumpridas.
· Obrigação alternativa: Existem várias prestações, mas as prestações ocorrem como possibilidade de adimplemento (exemplo: entregar o código civil ou dar uma aula – qualquer um dos atos cumpre a obrigação).
· Obrigação facultativa.
6.1.3. Obrigações divisíveis e indivisíveis: Divisibilidade daprestação.
· Obrigações divisíveis: A prestação pode ser fracionada.
· Obrigações indivisíveis: A prestação não pode ser fracionada.
6.2. Quanto aos sujeitos:
6.2.1. Obrigações únicas e múltiplas:
· Obrigação única: É a obrigação que possui somente dois sujeitos, um em cada polo.
· Obrigação múltipla: Quando há mais de um credor ou mais de um devedor
6.2.2. Obrigações solidárias: Para uma obrigação ser solidária ela deve ser múltipla. A obrigação solidária passiva é entre os devedores, e a obrigação solidária ativa é entre os credores.
6.3. Quanto à liquidez:
· Obrigações líquidas: Obrigação cujo conteúdo já está determinado, já se sabe o conteúdo da prestação.
· Obrigações ilíquidas: O conteúdo da prestação depende de algo posterior que não é conhecido (exemplo: alguém atropela uma pessoa – o atropelado entra com uma ação judicial e perde valores para vários gastos, remédios, fisioterapia, e cirurgia, porém, ainda encontra-se em tratamento, logo, podem surgir outros gastos ou não – a prestação é pagar as despesas, mas as despesas são incertas).
6.4. Quanto ao conteúdo do adimplemento:
· Obrigação de meio: O devedor não sabe o que irá acontecer exatamente, não possui o controle sobre todos os fatos. O devedor tem que empregar os meios necessários para que a obrigação se cumpra. Ao fazer o que é devido, o sujeito ficará adimplente.
· Obrigação de resultado: A finalidade da obrigação deve ser alcançada para que o devedor se torne adimplente. Se o resultado não for alcançado, o devedor continua inadimplente.
6.5. Quanto à eficácia: A partir de quando a obrigação produz efeito.
· Obrigação simples: Produz efeito no momento em que foi criada, caso não haja nenhum fator eficacial. Possui exigibilidade imediata.
· Obrigação condicional (condição): É quando há uma condição estabelecida.
· Obrigação modal (encargo): Se houver um encargo, a obrigação será modal.
· Obrigação a termo (termo): É quando possui um termo estabelecido.
6.6. Reciprocamente consideradas:
· Obrigações principais: são aquelas que existem por si só, ou seja, não dependem de nenhuma obrigação para ter sua real eficácia.
· Obrigações acessórias: subordinam a sua existência a outra relação jurídica, sendo assim, dependem da obrigação principal. 
6.7. Quanto à exigibilidade:
· Obrigações civis: é a que permite que seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor, mediante ação judicial. 
· Obrigações naturais: o ordenamento reconhece o dever, mas não confere a responsabilização, ou seja, caso a obrigação não seja cumprida e ocorra o inadimplemento, não há a exigibilidade da prestação.
7. OBRIGAÇÃO DE DAR:
7.1. Obrigação de dar coisa certa:
7.1.1. Noções gerais: A coisa já se encontra determinada, distinguidas das coisas da mesma espécie. Somente a coisa estabelecida é utilizada para adimplir. “A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso” (art. 233).
7.1.2. Espécies: 
· Obrigação de dar coisa certa propriamente dita: o dono da coisa, no momento em que se cria a obrigação, é o devedor. 
· Obrigação de restituir: o dono da coisa no momento em que se cria a obrigação, é o credor.
7.1.3. Perda e deterioração: “a coisa perece para o dono – res peret domino”. Quando não há culpa, o prejuízo é do dono.
7.1.3.1. Perda: 
· Perda nas obrigações propriamente ditas sem culpa: “Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos” (art.234). Neste caso ocorre a extinção da obrigação.
· Perda nas obrigações propriamente ditas com culpa do devedor: “Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos” (art.239).
· Perdas nas obrigações de restituir sem culpa: “Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda” (art.238). Exemplo: loca-se um carro por 5 dias, e no último dia o carro é roubado. Os valores da locação deverão ser pagos.
· Perdas nas obrigações de restituir com culpa: “Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos” (art.239).
7.1.3.2. Deterioração: 
· Deterioração nas obrigações propriamente ditas sem culpa: “Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu” (art. 235).
· Deterioração nas obrigações propriamente ditas com culpa: “Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos” (art.236).
· Deterioração nas obrigações de restituir: “Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239”. Art.239 – “(...) responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos”.
7.1.4. Melhoramentos, acrescidos e frutos: A vantagem será do dono.
· Obrigações propriamente ditas: Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
OBS: Obrigação pecuniária: é aquela onde deve se dar dinheiro.
· Obrigações de restituir: “Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização” (art.241); “Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé” (art.242).
- O possuidor de boa-fé tem direito à indenização em todas as benfeitorias. Nas benfeitorias úteis e necessárias surge o direito de retenção, nas voluptuárias, o dono pode não querer a benfeitoria e neste caso, não há o direito à indenização. O possuidor de má fé só será indenizado pelas benfeitorias necessárias, mas não há o direito de retenção. O possuidor de má fé deverá indenizar o sujeito de direito por todos os frutos que ocorrerem durante a sua posse de má fé.
7.2. Obrigação de dar coisa incerta:
7.2.1. Noções gerais: A coisa encontra-se determinada ao menos pelo gênero e quantidade. Não é uma determinação da coisa em concreto, mas sim em abstrato. Enquanto for coisa incerta, em regra, não há como falar-se em perda e deterioração porque o gênero não perece, de forma que há a possibilidade de substituição da coisa.
7.2.2. Escolha: Ato jurídico stricto sensu. É o ato de individualizar a coisa incerta. Em regra a escolha cabe ao devedor. Esta escolha não é completamente desvinculada. O devedor não poderá entregar a pior das coisas nem é obrigado a entregar a melhor (princípio do meio termo). A obrigação é firmada com base em uma representação mental feita pelos sujeitos. Nessa representação mental tem-se uma ideia do padrão da coisa. Deve-se observar a questão do meio termo num universo geral e em um universo específico. A obrigação deve ser cumprida no universo em que foi criada, logo, os padrões mínimo e máximo podem ser diferentes do universo geral (deve-se observar o dever de informação nos casos do universo geral – o credor deve possuir conhecimento). As partes podem convencionar um padrão mínimo na obrigação. A intencionalidade é irrelevante, o que se observa é se a coisa cumpre ou não a obrigação.
· Em alguns contratos, pode haver uma cláusula onde a escolha cabe ao credor,não ao devedor. Espera-se em geral que o credor escolha o melhor produto (exemplo: comprar batatas). A partir de quando o credor já tem a ciência de qual o objeto escolhido, a obrigação passa a se guiar pela obrigação de dar coisa certa (o interesse de deixar de ser coisa incerta para coisa certa é do devedor, pois há a proteção quanto a perda e a deterioração).
7.2.3. Gênero limitado: casos em que o próprio gênero perece (exemplo: um colecionador tem as cinco ultimas garrafas de um determinado vinho, mas, ocorre uma chuva e as destrói. Neste caso, o devedor não tem mais como cumprir a obrigação pois não existe mais o gênero). Nessas situações em que o gênero é limitado e este perece, tenta-se fazer com que ocorra a perda e deterioração por caso fortuito ou força maior. A priori, o gênero nem precisaria perecer totalmente para que houvesse a possibilidade de alegar-se caso fortuito ou força maior.
7.3. Obrigação pecuniária: A obrigação é firmada de modo nominal, é mero suporte de um valor.
8. OBRIGAÇÃO DE FAZER: a prestação envolve uma ação do devedor (prestação positiva). Esta conduta não envolve a entrega de uma coisa. Geralmente quando há a entrega da coisa, está será um mero acessório da obrigação de fazer. Geralmente, ocorre discussão se há descumprimento do serviço (obrigação de fazer) ou se não ocorre a entrega (obrigação de dar).
· Contrato preliminar: a obrigação é de cumprir o contrato definitivo.
8.1. Espécies:
8.1.1. Obrigação de fazer fungível: O que importa é que a conduta seja realizada e somente isso.
8.1.2. Obrigação de fazer infungível, intuito persona, personalíssima: Além da conduta ser realizada, para que haja adimplemento a conduta tem que ser realizada por uma pessoa específica. Muitas vezes o contrato é realizado com uma obrigação infungível porque é algo que importa para o sujeito, havendo inclusive diferenças de preço. Não importa somente a ação, mas sim quem desempenhou.
· Art. 247: “Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.”
· Art. 248: “Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.”
· Art. 249: “Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.” Geralmente ocorre nas obrigações fungíveis e através dos meios judiciais. Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. – Possibilidade de autotutela em casos de urgência.
· Possibilidade de astreinte: multa diária pela recusa do cumprimento da obrigação.
9. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER: (Arts. 250 e 251) Os artigos só tratam do inadimplemento das situações. O sujeito se obriga a não realizar determinada conduta (obrigação negativa). A obrigação de não fazer é constituída dentro de uma circunstância na qual o sujeito regularmente poderia efetuar determinada conduta, porém se obriga a não fazer. Geralmente essas obrigações tendem a ser duradouras (exemplo: todo contrato de exclusividade possui uma opção de não fazer; cláusula de raio).
· Sem culpa: resolve-se a obrigação (o ônus da prova é de quem alega).
· Com culpa: praticado pelo devedor o ato que ele não deveria fazer, o credor poderá desfazer ou mandar desfazer, através das vias judiciais sem prejuízo da indenização de perdas e danos. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar terceiro desfazer, sem a necessidade de entrar com uma ação antes (depois é necessário). 
10. OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA: Arts. 252 a 256.
10.1. Noções gerais: Ocorrem duas prestações possíveis e uma destas duas prestações deve ser cumprida para ocorrer o adimplemento. As prestações são opções.
10.2. Escolha ou concentração: Na obrigação de dar coisa incerta escolhe-se a coisa que será utilizada para o adimplemento. Na obrigação alternativa escolhe-se a prestação. É possível que ocorra uma obrigação de dar coisa incerta alternativa, onde haverá duas escolhas. O sujeito escolherá dentre as prestações possíveis. As prestações têm o mesmo valor, ou seja, qualquer delas cumprirá a obrigação da mesma maneira, qualquer uma delas irá adimplir a obrigação. Em regra a escolha cabe ao devedor. Não aplica-se aqui o princípio do meio termo, já que as prestações possuem o mesmo valor. O devedor não pode criar uma nova prestação a partir das possíveis. Se houver uma obrigação alternativa de cumprimento periódico a escolha que o sujeito faz não vincula as escolhas posteriores, ou seja, o sujeito poderá escolher novamente. Se for uma obrigação alternativa divisível, fracionada, ela terá apenas um momento de escolha. A escolha não caberá ao devedor quando há uma pluralidade de optantes (os optantes – credores - devem entrar em um acordo unânime) ou quando há o direito de escolha para terceiro (exemplo – dois sujeitos firmam uma obrigação e conferem a escolha para um terceiro neutro, se o terceiro se recusar ou estiver impossibilitado de fazer a escolha, devolve-se a escolha para os sujeitos que são partes da relação obrigacional). Em ambos os casos a escolha pelo juiz é a última opção.
· Existem situações em que a obrigação pode ser alternativa e cumulativa – exemplo: o sujeito deve cumprir duas de três prestações; podendo escolher quais as duas que serão cumpridas.
10.3. Impossibilidade da prestação: Neste caso existem duas prestações, e este fator é levado em conta.
· Se ocorre impossibilidade de todas as obrigações sem culpa, ocorre a resolução.
· Se ocorre impossibilidade de uma obrigação sem culpa, será cumprida a obrigação que restou.
· Se ocorre impossibilidade de uma obrigação com culpa e a escolha foi do devedor, cumpre-se a prestação restante.
· Se ocorre impossibilidade de uma obrigação e depois de outra, com culpa do devedor e escolha do mesmo, o devedor terá que indenizar a que por último se impossibilitou.
· Se ocorre impossibilidade de uma das prestações com culpa e a escolha é do credor, ou o credor aceita a obrigação restante (sem pagamento de perdas e danos) ou ele escolhe a que se impossibilitou e recebe perdas e danos.
· Se ocorre impossibilidade de ambas as prestações com culpa, e a escolha é do credor, ele deverá escolher qual das duas valerá para fins da indenização.
· Se ocorre impossibilidade da primeira prestação com culpa e depois ocorre impossibilidade de cumprir a segunda obrigação sem culpa, é necessário que se despreze em qual momento houve a culpa para fins de perdas e danos (a culpa contaminaria a obrigação), neste caso, ocorreria a indenização, por analogia, da prestação que por último de impossibilitou.
11. OBRIGAÇÃO FACULTATIVA: Na formação da obrigação só existe uma prestação, mas no momento do adimplemento, abre-se para o devedor a possibilidade de ao invés de cumprir o que ele deve, cumprir uma outra prestação que o tornará adimplente (exemplo: art. 1234 – descoberta; a pessoa que achou a coisa e devolveu teria direito à uma recompensa e indenização sobre as despesas acerca da conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la. Ou seja, o abandono da coisa não é a prestação devida, mas sim uma prestação que surge quando o devedor não quer pagar a recompensa e as despesas). Geralmente é prevista legalmente. Se houver impossibilidade sem culpa, extingue-se a obrigação e com culpa, ocorre indenização acerca da obrigação prevista.
12. OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS: leva em conda a divisibilidade da prestação (art.258).
12.1. Noções gerais: A divisibilidade da prestação levará em conta se a coisa é divisível ou não em sua natureza. A indivisibilidade nem sempre decorre da coisa ou fato, pois pode ser que a coisa ou fato seja em sua natureza divisível, mas por outras circuntancias, aquela prestação ainda seja considerada indivisível (exemplo: pelos motivos do negócio jurídico, determinação legal). Não se deve confundir o ato de pagar (obrigação)e a prestação (ato presente na obrigação). O pagamento em regra é indivisível, a prestação não (art. 314). Se a prestação for divisível, o ato de pagar poderá ser divisível, mas, se a prestação for indivisível, o pagamento não se divide.
- Exemplo: obrigação de entregar um diamante – mesmo que o diamante seja fracionável, trata-se como algo indivisível, pois há diminuição do valor econômico da coisa. Quando há somente um credor e um devedor, não há tanta importância se a obrigação é divisível ou indivisível, pois nesse tipo de obrigação, seja divisível ou indivisível, a regra é que o devedor pagará tudo de uma vez só. Esta questão ganha mais relevância quando há uma pluralidade de sujeitos.
· Na obrigação divisível, se alguém deve para mais de um credor, é como se houvesse a divisão da obrigação dividida em obrigações individuais. O inadimplemento de um não afeta o inadimplemento de outro. Cada devedor é responsável pela sua parte e cada credor pode cobrar a sua parte.
· Na obrigação indivisível paga-se o todo, pois não há outra possibilidade, logo, o credor pode ir a qualquer um dos devedores e cobrar a prestação. O devedor que pagar a obrigação, passa a ocupar o espaço que antes era do credor na obrigação, já que ele se sub-roga (o pagamento com sub-rogação tem o sentido se substituição – o pagamento não extingue a obrigação); o antigo credor sai da relação obrigacional. Neste caso a obrigação se torna divisível perante aos agentes restantes após o credor original ser satisfeito.
· Na obrigação indivisível, quando houverem vários credores, o credor pode cobrar tudo, mas intrinsicamente ele não possui todo o crédito; neste caso, o devedor não pode realizar o pagamento em qualquer circunstância. Para se proteger, ou o devedor reúne todos os credores e realiza o pagamento, ou ele paga a um credor desde que ele tenha um documento chamado calção de ratificação. 
12.2. Extinção: Se um dos credores na obrigação indivisível resolve perdoar a dívida, ele só pode perdoar a parte dele. Os outros credores continuam podendo exigir a prestação. Em qualquer situação em que existam vários credores e haja a extinção parcial da obrigação, o credor ou os credores ainda terão direito a cobrar a obrigação, mas nasce a obrigação de pagar ao devedor o valor correspondente à parcela extinta (art. 262).
12.3. Inadimplemento: A obrigação é divisível ou indivisível por conta da prestação. Uma obrigação indivisível em que ocorre o inadimplemento, e ela se resolve por perdas e danos, ela passa a ser uma obrigação divisível (art. 263). A culpa do inadimplemento, pode ser de todos os devedores ou de apenas um. Se a culpa for de todos, todos respondem solidariamente, se a culpa for somente de um, o mesmo deverá responder por perdas e danos, mas a responsabilidade pelo objeto continua sendo de todos os devedores. Os outros devedores que não possuíram culpa depois podem entrar com uma ação para reaver o que já havia sido pago.
13. SOLIDARIEDADE ATIVA: Art. 264. Modifica-se o como de como se dá a relação entre os sujeitos. Via de regra, cada credor só tem direito a sua parcela de crédito. Na obrigação solidária, há um montante integral, e perante o devedor ou credor, cada credor ou devedor atua como se fosse dono do todo. A solidariedade não pode ser presumida, decorrendo sempre da lei ou de convenção das partes. A regulamentação da obrigação solidária pode ocorrer de modo diferente para cada um dos sujeitos. 
13.1. Adimplemento: Na solidariedade ativa, tem-se necessariamente uma pluralidade de credores. Cada credor pode exigir o pagamento da prestação por inteiro. Em regra, o devedor pode e deve pagar a prestação integralmente a qualquer dos credores. A exceção é que se um dos credores entrar com a ação judicial, o devedor terá que pagar somente a ele. Os outros credores não recebem diretamente do devedor, mas sim do credor que já recebeu a prestação (exemplo: conta conjunta, o fiador formalmente não se encontra regulado nas obrigações solidárias, mas, na prática, ocorre isto). Ocorre o adimplemento quando paga-se a qualquer um dos credores da obrigação.
13.2. Falecimento do credor: Se um credor solidário falece, deixando herdeiros, estes serão credores, mas não serão credores solidários (cada um só irá receber a parte que lhe é cabível). Se a obrigação foi indivisível, os herdeiros só poderão cobrar o todo pelo fato da indivisibilidade.
	DEVEDOR
Deve: 3000
	CREDOR A (1000)
Faleceu
	HERDEIRO F (500)
	
	
	HERDEIRO G (500)
	
	CREDOR B (1000)
	
	CREDOR C (1000)
13.3. Inadimplemento: Se a obrigação é inadimplida, torna-se impossível, ou converte-se em perdas e danos a obrigação continua a ser solidária, pois a não ocorrência da prestação não impede a relação entre os sujeitos. Se o prejuízo abarcou a todos, qualquer um pode cobrar perdas e danos, mas quando somente um credor é afetado, questiona-se se os outros possuem legitimidade para a cobrança.
13.4. Remissão: Na obrigação indivisível o credor poderia remitir somente a parte dele. Na obrigação solidária, o credor pode remitir o todo, já que perante o devedor, cada credor é credor do todo, e por tanto pode-se perdoar integralmente a dividida. Os outros credores deverão receber a parte cabível.
13.5. Exceções pessoais: Exceção é algo que atua como um meio de defesa, não negando o direito alheio, mas colocando um outro direito como óbice do exercício daquele primeiro. Alega-se um direito que impede o direito do outro, apesar do direito ser reconhecido. A exceção pode ser geral (ex. prescrição) ou pessoal.
· Se o devedor tem uma exceção pessoal a um dos credores solidários ele não pode opor a exceção aos demais credores solidários.
13.6. Coisa julgada: O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, ou seja, a coisa julgada, não irá produzir efeito para os outros credores. O julgamento favorável aproveita a todos os credores. Atualmente, pode-se alegar a exceção pessoal sem que haja prejuízo dos outros credores.
14. SOLIDARIEDADE PASSIVA: Existem vários devedores, e perante o credor, cada devedor é colocado como dono de toda a prestação.
14.1. Adimplemento: Se um devedor pagar o todo, ele se sub-roga do direito do credor e pode cobrar a parcela cabível aos outros devedores. O credor pode cobrar de quem ele quiser.
14.2. Falecimento do devedor: Cada devedor é obrigado a pagar somente a sua parte. Os devedores solidários se quiserem, podem reunir os herdeiros do falecido e cobrar dos mesmos como se fossem o devedor original. O credor não pode cobrar dos herdeiros.
14.3. Inadimplemento: Art. 279 e 280. Se houve inadimplemento por culpa de um, a solidariedade se mantém de modo que o equivalente continua sendo exigível de qualquer um, as perdas e danos só são exigíveis do devedor culpado. Nos juros de mora, pode-se exigir de qualquer um, só que, se quem paga não for culpado, ele poderá exigir posteriormente de quem teve a culpa. 
14.4. Agravamento da obrigação: Os vínculos entre os sujeitos são independentes, de modo que, mesmo após a obrigação ter sido criada, se mantem a possibilidade que a obrigação seja modificada entre o credor e um dos devedores, sem a participação dos outros devedores solidários. Se acontece uma modificação da obrigação, ela não poderá agravar a posição dos outros nesta obrigação.
14.5. Exceções pessoais: Art. 281. O devedor pode opor o credor as exceções pessoais, exceções estas que não podem ser opostas pelos outros codevedores (a não ser que seja geral).
14.6. Renuncia à solidariedade: O credor pode renunciar a solidariedade em relação a um, a alguns ou a todos os sujeitos da relação. Renunciar a solidariedade é diferente de perdoar a dívida. Quando ocorre a renúncia, a dívida continua.
14.7. Rateio da parcela do insolvente: Se houver um devedor insolvente, a dívida dele será rateada entre todos os devedores, até mesmo aqueles excluídos da solidariedade.
14.8. Divida de interesse exclusivo de um dos devedores: (ex: fiador). O sujeito que pagou poderá cobrar do devedor a prestação por inteiro.
15. TRANSMISSÃO: Aqui não há extinçãode obrigação, mas sim a mudança de um dos sujeitos. Situação que há uma transmissão de uma posição ocupada pelo sujeito na relação obrigacional. A transmissão se dá antes da prestação. “Toda forma de transmissão de obrigação se caracteriza pela conservação do negócio jurídico, que não sofre modificação em seu objeto por mais que ocorra sucessiva substituição de seus atores”, ou seja, há a permanência da obrigação, os sujeitos é que se modificam. O crédito se encontra inserido no patrimônio do credor, e por isso está sujeito à transmissão, assim como qualquer outro bem jurídico. Desde a constituição válida do negócio jurídico, o crédito já se encontra no patrimônio do credor. O direito de crédito é renunciável, onerável, transmissível por hereditariedade e alienável (gratuita ou onerosamente). Em geral, todos os créditos são transmissíveis inter vivos ou causa mortis. 
15.1. Cessão de crédito: A cessão de crédito, ocorre no polo ativo da relação obrigacional. Na obrigação inicialmente formulada entre os sujeitos, um terceiro passa a ocupar a posição que antes era do primeiro credor.
· Noções gerais: nessas situações o devedor chama-se de cedido; o primeiro credor é o cedente e o sujeito que assume o crédito é o cessionário. Em regra, qualquer crédito pode ser cedido. A cessão de crédito é um negócio que se realiza entre o cedente e o cessionário, portanto, para que ela seja válida e produza efeitos, o devedor sequer precisa ser informado. O débito do devedor permanece exatamente o mesmo, por isso não há interferência quando há cessão. A cessão pode não ser permitida porque a lei expressamente proíbe, porque a natureza da obrigação não permite, e por vontade das partes (credor e devedor podem acordar que um crédito que normalmente poderia ser cedido, passe a não ser – nesse caso, o terceiro tem mais dificuldades em saber que não há cessão). Quando o cessionário está de boa fé e a cláusula que retira a possibilidade de cessão se encontra em outro documento, a cessão será válida e eficaz.
Artigo 298 – exceção legal. Quando ocorre o ato da penhora, não se pode mais ceder o crédito.
Na cessão de crédito os acessórios da obrigação continuam seguindo o principal (objeto continua empenhado, fiador e hipoteca continuam, etc.).
· Eficácia em relação a terceiros: Para que haja produção de efeitos em relação a terceiro, algumas ações devem ser realizadas. Deve-se realizar mediante instrumento público ou instrumento particular revestido na forma do contrato de mandato e o registro da cessão (critica-se isto, pois, utilizar a forma do contrato de mandado não faz com que todos saibam que houve a cessão). Tudo isso ocorre pelo interesse do cessionário, pois ele é quem tem o crédito (ex: averbação na hipoteca). 
· Eficácia em relação ao devedor: Se o devedor paga ao cedente, sem saber que ocorreu uma cessão, ele torna-se adimplente, mesmo que não tenha ocorrido o pagamento ao cessionário. O ordenamento, na redação dos artigos 291 e 292, busca evitar as situações de má-fé, pois, algumas pessoas se utilizam da cessação de crédito para multiplicar o dinheiro, já que a cessão pode ser a título oneroso (e o pagamento é geralmente menor que o crédito). Devem existir medidas protetivas do crédito por parte dos envolvidos.
· Exceções: Quando da notificação, o devedor pode opor ao cessionário as exceções que há contra e ele e também contra o cedente. Aqui pode-se opor uma exceção pessoal a outro sujeito, reforçando que a notificação é benéfica ao cessionário.
· Responsabilidade do cedente: A cessão pode ser feita por liberalidade ou a título oneroso. As vantagens para o cedente são a possibilidade de receber um valor antes, e se liberar de um possível inadimplemento. Para o cessionário a vantagem é o lucro. Regulamenta-se a responsabilidade do cedente perante o cessionário e pode dizer respeito à responsabilidade pela existência do credito e pela solvência do devedor.
Existência do crédito: terá diferença se for a título gratuito ou oneroso. Quando é por título oneroso (culposamente ou não) a determinação é que o cedente responda pela existência. Quando é por título gratuito, o cedente responde se estava de má-fé. Em regra o cedente não se responsabiliza pela solvência do devedor, logo o risco fica com o cessionário, mas isto pode ser determinado pelas partes (o cedente se responsabiliza de forma limitada pela solvência do credor – art.297).
15.2. Assunção de dívidas:
· Noções gerais: Enquanto na cessão de crédito o que ocorre é uma transmissão no polo ativo, na assunção de dívidas o que ocorre é uma transmissão no polo passivo da obrigação. Para o credor, faz muita diferença saber que está devendo a ele; muitas vezes o sujeito só aceitou alguém como devedor por conta de circunstâncias específicas do mesmo. Para que haja assunção de dívida é necessário o consentimento expresso do credor, pode-se até estabelecer um prazo para que o credor se manifeste; a única exceção em que o silêncio implica aceitação se dá no art. 303, pois, mais importe que os sujeitos é o imóvel hipotecado. 
· Espécies: A assunção de dívida pode ocorrer de duas maneiras: 
Assunção de dívida por expromissão: O sujeito que quer ser o novo devedor procura diretamente o credor para assumir nova dívida.
Assunção de dívida por delegação: Negociação feita entre o terceiro e o devedor, e depois eles procuram o credor para que ele autorize o negócio.
OBS: Promessa de liberação do devedor: Ocorre aqui a criação de uma obrigação entre o terceiro e o devedor primário, cujo o conteúdo é pagar a dívida do devedor primário ao credor. Os sujeitos da obrigação continuam o mesmo, não há alteração no polo passivo, por isso não é uma assunção de dívida.
· Garantias: Na cessão de crédito a regra é pela manutenção das garantias. Na assunção de dívida a lógica é diferente. Nas obrigações, pode-se falar em garantia geral (patrimônio do devedor) e garantia especial (aquela que foi criada para aquela obrigação – hipoteca, fiador). Em regra, as garantias originariamente dadas na obrigação se extinguem no momento em que o terceiro assume a dívida. Aqui fala-se de garantias, não de outras coisas como multa, juros, etc.
As garantias podem ser mantidas (art. 301). Deve-se perceber se a garantia é prestada pelo próprio devedor ou por terceiro (assuntor). Se a garantia for prestada por terceiro, para que ela se mantenha, o terceiro deve concordar com isto.
- Anulação: Existem situações em que ocorre a assunção de dívida e depois ela é anulada. Diante da anulação da assunção de dívida, as garantias (prestadas pelo devedor) retornam, as garantias prestadas por terceiro não retornam (se o terceiro tinha conhecimento do vício, ele ainda deve prestar a garantia).
· Exceções pessoais: O terceiro que assume a dívida não pode opor ao credor as exceções pessoais do devedor primitivo.
15.3. Cessão de posição contratual ou cessão de contrato: Em regra o sujeito assume tanto um polo ativo quanto um polo passivo. Um novo sujeito ingressa no contrato. Existem aqui elementos da cessão de crédito e da assunção de dívida. O contrato é mantido. Para ocorrer a concessão contratual é necessário que ocorra a autorização do vendedor. Quando há troca do comprador, o fiador não se mantém, o fiador do vendedor é mantido.
16. ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO:
16.1. Noção gerais: A obrigação é criada para ser adimplida, e os acontecimentos que se dão na obrigação são direcionados ao seu cumprimento. Normalmente, quando há o adimplemento, a obrigação é extinta. Adimplemento e extinção não estão necessariamente relacionados.
16.2. Tríplice aspecto do pagamento: O pagamento não é necessariamente pecuniário; aqui, refere-se a pagamento como o cumprimento da obrigação. O primeiro aspecto é o dever-prestar: para que se fale em pagamento, deve haver uma dívida, pode até ser que um terceiro pague, mas é necessário a existência do débito. Quando se fala que houve o pagamento, houve também a satisfação objetiva do credor (segundo aspecto). A liberação do devedor seria um terceiro aspecto, que pode ou não ocorrer pois pode haverpagamento por parte de terceiro, e o devedor ainda terá que pagar a este, não estando assim liberado completamente. Se quem pagou foi o próprio devedor, a liberação ocorre no momento em que ocorre o pagamento.
16.3. Natureza jurídica do pagamento: O pagamento é um fato jurídico em sentido amplo, mas, discute-se em qual categoria ele se encaixa. As duas maiores corrente consideram o pagamento ou ato-fato ou ato jurídico stricto sensu (exemplo: alguém deve cem reais a Júlia e cem reais a Letícia, mas só pode pagar a uma dos duas. O devedor escolhe pagar para Letícia, porém deposita na conta de Júlia por conta de um erro no momento de anotar as contas bancárias – neste caso, o pagamento feito para Júlia será válido, e portanto, a incidência da vontade não importa aqui, logo, tem-se aqui um ato-fato jurídico).
16.4. Pontualidade (princípio da pontualidade): Quando se fala que o pagamento deve ser pontual, a ideia é de que todos os pontos presentes na obrigação devem ser cumpridos, pois adimplir não é simplesmente entregar o que se deve, tem-se de observar outras coisas. O inadimplemento pode ser surgir por diversos motivos, como o pagamento fora do local ou da data, a inobservância dos deveres anexos e secundários.
· Teoria do Adimplemento Substancial.
16.5. Pagamento: direito ou surgimento do dever? O pagamento é um direito do credor, e um dever do devedor. O questionamento se refere a saber se o devedor, além do dever de pagar, teria o direito de pagar. A ideia maior é que o devedor tem o direito de se liberar da dívida, o devedor não pode ser refém do credor até que ele queira exercer o seu direito. Diante da recusa do credor receber o pagamento, o credor pode realizar o pagamento em consignação, por exemplo. O devedor não pode ficar ‘eternamente’ vinculado ao credor.
17. ELEMENTOS DO PAGAMENTO:
17.1. Sujeitos:
17.1.1. De quem deve pagar:
· Devedor: Dos sujeitos que podem eventualmente pagar, o único que é parte é o devedor, o restante é terceiro.
· Terceiro interessado: A noção de interesse aqui é interesse jurídico. O terceiro interessado é aquele em que uma determinada obrigação pode atingir a sua esfera jurídica (exemplo: fiador, garantidores em geral, etc.). O que importa é que a obrigação seja apta a causar consequências jurídicas na esfera do terceiro. Devedor e terceiro interessado possuem os mesmos mecanismos para que se pague a dívida. O terceiro interessado ao pagar a dívida, se sub-roga no direito do devedor.
· Terceiro não interessado: Não há nenhum efeito jurídico possível causado por uma determinada obrigação, que irá influenciar na esfera jurídica do terceiro. O interesse geralmente não é jurídico, mas ocorre em outra esfera.
· Qualquer interessado na extinção da dívida pode quitá-la. O terceiro não interessado só pode ter assegurado os mecanismos de pagamento se paga em nome e a conta do devedor (é como se fosse o próprio devedor quem estivesse pagando). Para a doutrina quando o terceiro interessado paga em nome e a conta do devedor, ele está realizando uma liberalidade e por isso, não tem direito a nada. Quando o terceiro não interessado paga em nome próprio ele tem direito a reembolso, não ocorre aqui a sub-rogação: extingue-se a obrigação, e nasce uma nova obrigação em que o devedor inicial deve pagar ao terceiro não interessado aquilo que foi pago ao credor – a única coisa que se mantém da obrigação anterior é o prazo (o direito ao reembolso só pode ser exercitado após a data de vencimento da obrigação antiga).
· Proteção ao devedor: o pagamento feito por terceiro não interessado com desconhecimento ou oposição do devedor, onde o devedor possui alguma exceção contra o credor, não gera o direito de reembolso para o terceiro.
· Pagamento envolvendo transmissão de propriedade: o art.307 se relaciona mais com direito das coisas. O problema aqui não é o ato de pagar, mas o poder do sujeito de alienar a coisa.
Art. 307: Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.
17.1.2. Daqueles a quem se deve pagar: 
· Credor: O pagamento pode ocorrer a outro sujeito eventualmente. O normal é que se pague ao credor ou a um representante do credor desde que este tenha poder para receber ou dar quitação. Quando se tem um credor incapaz de quitar, ele não terá como liberar o devedor, e por isso, o pagamento não é dado ao credor, mas sim ao representante. Aqui, para o pagamento ser perfeito, o que importa é o efeito, e por isso, se o devedor paga ao credor incapaz de quitar, ele deve provar que o pagamento foi revertido em favor ao credor (exemplo: pai que entrega o valor da pensão ao filho absolutamente incapaz).
· Credor putativo: Fundamenta-se a partir da boa-fé de quem paga, e na aparência que sustenta essa boa-fé (teoria da aparência). Há aqui a aparência de que um sujeito era o credor, mas ele não era. O credor real poderá ingressar posteriormente, com uma ação contra o credor putativo. Segundo o art. 309 “o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor”. Aqui é irrelevante a boa-fé ou má-fé do credor putativo.
· Portador da quitação: Fundamenta-se a partir da boa-fé de quem paga, e na aparência que sustenta essa boa-fé. A quitação é o documento que melhor serve para o devedor provar que ele pagou. A quitação tem o poder liberatório do devedor. Se o sujeito está com a posse do documento da quitação, ele está autorizado a receber o pagamento. Segundo o art. 311 “considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.”
· Sobre a penhora: Art. 312: Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. – Um sujeito deve ao outro, mas o crédito que se tem é penhorado. Quando o devedor sabe da existência da penhora, ele não deve mais pagar ao credor, mas se ele pagar ao credor ainda assim, ele poderá ser constrangido a pagar a quem o credor deve, podendo posteriormente entrar com uma ação de regresso contra o primeiro credor.
17.2. Objeto do pagamento:
· Identidade: Art.313 – O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. A prestação que pode ser utilizada para adimplir guarda necessariamente identidade com a prestação que é devida. A prestação que está apta a liberar o devedor é aquela que anteriormente foi pactuada. O devedor não pode ser obrigado a pagar com prestação diversa a qual ele deve, ainda que menos valiosa. A pessoa não será obrigada a mudar a prestação, mas, através de um acordo ela pode ser mudada.
· Indivisibilidade: A regra é que o pagamento será feito em um único ato, por força da indivisibilidade do pagamento e não da prestação. Isto pode ser mudado pelas partes através de acordo.
· Nominalismo: Se refere ao pagamento da obrigação pecuniária. É a ideia de que nas obrigações o sujeito sempre paga o valor nominal, não o valor real (ou seja, não há a avaliação de poder aquisitivo ou de quanto a moeda está valendo). Paga-se aqui o valor acordado, sem correção no momento do pagamento (forma de proteger o devedor).
· Cláusula de escala móvel: Quando existem obrigações de cumprimento sucessivo ao longo do tempo, é possível que os sujeitos fixem uma cláusula que serve para que ao longo do tempo ocorra reajuste do valor (exemplo: aluguel). 
· Curso forçado da moeda: Art.315 e 318, CC. Quando se fala de curso forçado da moeda, significa que no nosso ordenamento, a única moeda apta para pagamento das obrigações é a adotada pelo país, no caso do Brasil, o real. Para alguns autores o código só proíbe a convenção do pagamento, masnão proíbe que o contrato envolva moeda estrangeira desde que convertendo em moeda nacional, a outra corrente faz uma interpretação mais aberta. Existem algumas exceções como o contrato de câmbio e os contratos de importação e exportação.
- As normas que cuidam do pagamento da obrigação pecuniária, além de cuidar do adimplemento, são normas que acabam regulando o mercado e a economia (interferem na política econômica). Serve para diminuir a especulação.
· Onerosidade excessiva: Art.317, CC. A obrigação foi criada em um momento com a prestação sendo X. Entre o momento do cumprimento e o momento da criação, há algum evento fazendo que que haja uma alteração desconexa da prestação. O juiz pode tentar equilibrar o valor da prestação. Na lesão, a desproporção é na formação da obrigação. O art.317 não foi pensado para regular a onerosidade excessiva, mas sim a correção monetária. A Teoria aplicada no Brasil é uma junção entre a teoria da onerosidade excessiva e a teoria da imprevisão. A da onerosidade tem como elemento central o valor desproporcional e a da imprevisão tem como ponto central o surgimento de um acontecimento imprevisível de onde surge a desproporção. Há um evento imprevisível que faz com que as coisas no momento do adimplemento estão muito diferentes do que o que foi imaginado. Comprovar a parte da onerosidade é fácil, porém conseguir utilizar um evento que possa justificar o pedido de revisão é mais difícil.
· Despesas: Está expressamente claro que as partes podem determinar como bem entenderem o regulamento das despesas, mas em regra, as despesas com o pagamento e com a quitação se dá por conta do devedor. Se ocorrer aumento de despesas por parte do credor, ele deverá pagar este aumento.
· Pesos e medidas: Art. 326, CC. A unidade de peso e medida utilizada em regra, se nada for dito em contrário, será aquela utilizada pelo locar da obrigação.
17.3. Prova do pagamento: 
· Quitação: Ato jurídico stricto sensu. O caminho mais fácil para realizar a prova do pagamento é apresentar o documento de quitação. A quitação não é o único meio de provar o pagamento, pois, o sujeito pode recorrer a outros mecanismos para tentar provar que ocorreu o pagamento (ex: testemunhas). A quitação é um direito do devedor, inclusive, ele tem a possibilidade de enquanto não lhe for dada a quitação, não realizar o pagamento sem se tornar inadimplente (retenção do pagamento). O devedor pode se recusar a fazer o pagamento, mas é ideal que ele não fique inerte, inclusive para ter alguma prova de que ele queria realizar o pagamento (ex: pagamento em consignação). Sendo ato jurídico stricto sensu, não havendo inobservância da forma (art.320), o ato deveria ser nulo em tese, mas, o legislador estabeleceu que mesmo sem os requisitos do art.320, a quitação será válida e produzirá efeitos se de seus termos e circunstâncias resulta o pagamento da dívida. Quando for uma obrigação que envolva um título, e o credor houver perdido este documento, o devedor no momento do pagamento poderá exigir a quitação e também que o credor emita uma declaração inutilizando o título perdido.
· Presunções de pagamento: Não há a comprovação do pagamento de determinada parcela.
a) Quotas periódicas (art.322): Quando o pagamento for de quotas periódicas, o pagamento da última, faz presumir que estão também quitadas as prestações anteriores, até que se prove o contrário. Via de regra os sujeitos já procuram desconstituir essa presunção (que é relativa).
b) Relação entre capital e juros (art.323): Presunção relativa. O sujeito deve o principal e os juros, e vai realizar o pagamento. Se no ato do pagamento não houver nenhuma ressalva sobre o pagamento dos juros, presume-se que estes estão pagos (a dívida gerada por juros só irá gerar novos juros após um ano).
c) Entrega do título (art.324): Se há a entrega do título ao devedor, presume-se que este já pagou a dívida. A presunção aqui, inicialmente é relativa, mas, se em 60 dias o credor não provar que não houve o pagamento, a presunção passa a ser absoluta.
17.4. Lugar do pagamento: 
· Noções gerais: Via de regra, ao se falar em local do pagamento, trabalha-se com o que é colocado pelo Código como norma geral. Se nada foi dito pelas partes, pelos costumes, etc. entende-se que o local do pagamento será o domicílio do devedor. Nestes casos, fala-se que há uma obrigação quesível. Quando o pagamento se dá no domicilio do credor, chama-se a obrigação de portável. Certos efeitos da obrigação tornam o sujeito adimplente ou não a depender do local da obrigação – se a obrigação era quesível e o credor não vai ao devedor, ele é quem estará inadimplente. Se caso contrário, a obrigação fosse portável e o devedor não vai ao credor, é o devedor quem está inadimplente. Existem obrigações que não são nem quesíveis nem portáveis, pois pode-se convencionar um local onde tanto credor quanto devedor devem comparecer (se um não aparece, o que não apareceu está inadimplente; se os dois não aparecem pode-se alegar que os dois estão inadimplentes ou que os dois estão adimplentes). Deve-se perceber as consequências da mora do devedor ou do credor. Em regra a obrigação é quesível, mas quando existem vários locais como possibilidade de pagamento, o direito de escolha é do credor. Qualquer pagamento relativo a imóvel deve ocorrer no local do próprio bem.
· Motivo grave: Art.329. No momento em que criou-se uma obrigação, determinou-se o local de pagamento. Posteriormente, ocorre algum evento (não imputável ao devedor) que impede que o devedor pague no local indicado. Por se tratar de conceito indeterminado, não se pode enumerar as situações que caberiam dentro do motivo grave. Havendo motivo grave, o devedor pode pagar em local diverso. Há aqui a proteção ao credor também, pois a vantagem criada ao devedor devido ao motivo grave, não pode ser algo que vá prejudicar o credor.
· Pagamento reiterado em local diverso: Art.330. O pagamento reiteradamente em local diverso do determinado faz com que exista a presunção de que o credor renuncia o local do pagamento. Embora o contrato determine um local, a prática indica outro. A doutrina entende que a locução ‘renúncia’ está colocada erroneamente no art.330, pois não seria uma renúncia que ocorreria, mas sim uma situação de supressio e surrectio, pois ao se falar em supressio e surrectio, afasta-se a relevância da vontade do credor. Para que isto ocorra o credor não deve ter feito ressalva, pois deste modo, não há presunção por parte do devedor, de que o pagamento não é mais no local colocado no contrato. A doutrina vem utilizando dois critérios para estabelecer a reiteração: o primeiro diz respeito à quantidade das prestações (especialmente ao comparar com o total – quando há). O segundo diz respeito à interrupção (não há continuidade – exemplo: entre os pagamentos que ocorreram fora do local, existem pagamentos efetuados no local predeterminado).
17.5. Tempo do pagamento: Em regra, não havendo nenhum fator eficacial, no momento em que se cria a obrigação, já deve haver o seu cumprimento. A regra geral é a exigibilidade imediata da obrigação. Quando se tem essa exigibilidade imediata, o vencimento da obrigação se dá no momento da formação dela.
· Vencimento: Momento a partir do qual a obrigação é exigível. Em algumas situações, o vencimento é colocado para um momento posterior ao pagamento da obrigação. Essa modificação pode ser dar tanto por força de uma condição como por força de um termo.
a) Obrigação condicional: Ao se falar de obrigação condicional, fala-se de uma obrigação onde não há a certeza do cumprimento, já que a condição é um evento futuro e incerto. Para que a obrigação seja exigível, há a necessidade de que ocorra a condição. Por força da incerteza desta obrigação, não basta o implemento da condição, é necessário que o devedor tenha conhecimento de que a condição se realizou.
b) Obrigação a termo: Sendo o termo um evento futuro e certo, sabe-se que a obrigação irá se realizar e por isso, deve ser cumprida. Ao se realizar o termo, o devedor tem que pagar, pois já tem ciênciada existência do termo. O termo via de regra, é fixado no modo chamado termo a favor do devedor – funciona como um limite para até quando o pagamento pode acontecer, mas o devedor pode pagar antes. Há também o termo neutro – é um termo que não é o limite, mas sim o momento preciso do pagamento. Quanto o termo é em favor do devedor, no dia limite, o credor já pode cobrar, mas o devedor ainda não está inadimplente, pois o pagamento pode ser efetuado até o fim do horário comercial.
· Cobrança antecipada: A cobrança antecipada está descrita no art.333. Discute-se se este artigo trata de uma cobrança antecipada ou de um vencimento antecipado. Ao dizer que se trata de um vencimento antecipado, quer dizer que não havendo o cumprimento, o devedor está sujeito ao inadimplemento e seus efeitos. Ao falar que a cobrança é antecipada, quer dizer que o credor pode cobrar o devido, o principal, não os efeitos do inadimplemento. Nos casos onde há obrigação solidária, o artigo dá a entender que o que ocorre de modo antecipado é o vencimento. As situações que autorizam a cobrança antecipada são sempre casos onde houve alguma modificação das circunstâncias envolvendo o devedor ou garantias que ele prestou no momento da criação da obrigação:
a) Falência do devedor ou de concurso de devedores – tenta-se fazer com que o credor receba o que lhe é devido por conta da mudança da circunstancia de solvibilidade do devedor.
b) Perda da garantia (penhor, hipoteca) – relaciona-se com o inadimplemento do devedor em outra situação, fazendo com que este perca a garantia.
c) Cessada ou insuficiente a garantia dada pelo devedor: se a garantia deixar de existir, intima-se o devedor para que ele reforce a garantia. Havendo a negação deste reforço é que passa a existir o direito de cobrança antecipada por parte do credor. Se o devedor supre a garantia, a cobrança antecipada não está autorizada.
18. PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO: Existem situações em que o devedor não irá conseguir realizar o pagamento por alguma razão. Para que não se constitua inadimplemento contra o devedor, ele realiza o depósito da coisa (judicialmente ou extrajudicialmente). Esse depósito, desde que justificado, terá a mesma força e efeito de um pagamento regular.
18.1. Noções gerais: O pagamento em consignação se relaciona a uma obrigação de dar. Este pagamento deve atender aos mesmos requisitos do pagamento normal. O pagamento em consignação pode envolver tanto o depósito bancário quanto o judicial. Não será qualquer dívida que pode ser feita pela via bancária. Uma parte da doutrina crê que o depósito bancário deve se dar apenas em obrigação pecuniária, outra parte entende que pode ser utilizada a via bancária para qualquer situação em que seja possível efetuar o depósito bancário.
18.2. Causas: Artigo 335, e artigo 345 (legitimação do devedor para requerer o pagamento em consignação).
· Quando há recusa ou impedimento do credor, de receber o que lhe é devido ou de dar a quitação devida.
· Nas obrigações quesíveis, se o credor não for receber o que lhe é devido no local, tempo e condições – neste caso, quem está inadimplente é o credor, mas o devedor é autorizado a realizar o pagamento em consignação para evitar conflitos.
· Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente (se o curador nomeado não for capaz de receber e dar quitação) ou residir em local incerto ou de acesso perigoso ou difícil (nas obrigações portáveis – se o devedor já conhecia o local antes, e aceita realizar o pagamento lá, ele não poderia alegar isto, não haja causa superveniente).
· Se houver dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento – muitas pessoas se colocam como credor.
· Se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
· Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação – o pretenso credor pode requerer o pagamento em consignação. O credor deve entrar nas vias judiciais e o devedor será citado. Após realizar o pagamento, o devedor fica liberado da dívida.
18.3. Procedimento: O sujeito entra com a ação para realizar o pagamento. O depósito da coisa que não depende em nada do credor pode ocorrer normalmente: somente se deposita a coisa. Se for um ato em que é necessário a escolha do credor, deve-se conferir um prazo ao credor para que ele realize a escolha, e, se ela não for feita, ele perde este direito e o devedor realiza a escolha e deposita. O depósito de dinheiro ocorre com a abertura de uma conta e aquele dinheiro fica à disposição do credor. A entrega de uma coisa material envolve a necessidade de colocá-las em algum lugar: a coisa pode continuar com o devedor, que passa a ser depositário, ou em um depósito judicial. O credor poderá se manifestar, ou aceitando o depósito, e neste caso a ação é julgada procedente, ou contestando o depósito, e o juiz analisa o mérito. As despesas do depósito ficarão por conta de quem estava errado. 
18.4. Levantamento do depósito: É permitido que o devedor mude de ideia e queira reaver aquilo que foi depositado. Geralmente quando o devedor quer levantar aquilo que foi depositado, é porque a situação deve ter sido resolvida. Quando mais pra frente o processo se encontra, mais difícil realizar o levantamento. Enquanto o credor não se manifesta o devedor é livre para realizar o levantamento (deve haver uma ação, mas de cunho meramente administrativo). Se o credor aceitar ou contestar, mas a sentença ainda não se deu, é necessária a autorização do credor para que se levante o pagamento, os co-devedores e fiadores não precisam ser consultados, mas não havendo a consulta ou havendo a negativa, o credor somente poderá cobrar do devedor que levantou o pagamento. Depois que a ação for julgada procedente o levantamento só pode ocorrer com autorização do credor e anuência dos co-devedores e fiadores.
19. IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO: Por vezes, entre um mesmo credor e devedor, existe mais de uma obrigação constituída. Nas situações em que o devedor deve ao credor único duas ou mais obrigações líquidas, vencidas e da mesma natureza, o sujeito ao pagar deve indicar o que se está pagando. A indicação do pagamento é a imputação. Pode ser que o devedor pague e não faça a indicação especificando o pagamento – quando o devedor é omisso, o credor poderá realizar a imputação na quitação, mas o devedor não é obrigado a aceitar, mas, caso aceite, será válida a imputação do credor. Se o credor também é omisso, a imputação se realiza na dívida que ficou líquida e vencida primeiro. Se as dividas forem todas líquidas e vencidas no mesmo tempo, a imputação será realizada sobre a mais onerosa (não necessariamente a dívida de maior valor, mas a que traz mais ônus ao devedor). Havendo capital e juros, primeiro paga-se os juros vencidos e depois o capital, caso não haja disposição em contrário ou se o credor entregar a quitação sobre o capital (presume-se o pagamento dos juros).
20. PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO:
20.1. Noções gerais: O sujeito que paga se sub-roga aos direitos do credor. É uma situação atípica em que se paga, mas não ocorre o adimplemento. O sujeito que paga passa a possuir a posição de credor naquela mesma obrigação que já existia. O que havia de garantia, privilégios, etc. continua existindo. Eventualmente pode haver um pagamento com sub-rogação parcial – pode acontecer que o sujeito pague, se sub-rogue, mas não tenha realizado o pagamento total, deste modo, existirão dois credores, o originário e o que se sub-rogou. Se no patrimônio do devedor não houver ativo para pagar a dívida integralmente, o credor originário tem preferência em relação ao sub-rogado.
20.2. Espécies: 
a) Sub-rogação legal: As hipóteses estão previstas no art.346 - independe que qualquer acordo entre os sujeitos. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
· Do credor que paga a dívida do devedor comum – aqui, o credor quer ter o domínio da situação.
· Do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamentopara não ser privado de direito sobre imóvel; - No primeiro caso, se o devedor não pagar, quem perde é o dono e por isso realiza o pagamento para que não perca o imóvel hipotecado. Se o locatário não paga ao locador, e o locatário é despejado, os sublocatários também serão, então eles pagam para não perder o direito sobre o imóvel.
· Do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte – casos que envolvem fiador.
b) Sub-rogação convencional: As hipóteses estão previstas no art.347. Além do pagamento em uma das hipóteses previstas, é necessário que exista um acordo entre os sujeitos. A sub-rogação é convencional:
· Quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos – Alguém paga ao credor um valor e em troca o credor transfere ao terceiro os seus direitos (possui o mesmo efeito da cessão de crédito). No pagamento com sub-rogação legal, o que o sujeito recebe o que ele pagou, a pessoa se sub-roga naquilo que pagou. Na cessão de crédito, o cessionário paga menos em um momento para receber mais depois. O pagamento com sub-rogação convencional previsto aqui, é como a cessão de crédito, e, segue as regras deste – paga-se, e há a transferência do crédito.
· Quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito - Exemplo: Lana deve 100 reais para Júlia. Um sujeito empresta ao Lana exatamente 100 reais, com a condição de que ele se sub-rogue no direito do credor original (Júlia). 
21. DAÇÃO EM PAGAMENTO:
21.1. Noções gerais: É possível que, em havendo acordo entre credor e devedor, se substitua a prestação devida por uma outra prestação. Quando há essa modificação da prestação por conta de um acordo feito entre credor e devedor, e a prestação será diferente da prestação incialmente devida, tem-se a dação em pagamento. A dação é justamente o pagamento com prestação diferente da inicialmente devida. Qualquer substituição que ocorra se enquadra na dação (exemplo: substituir uma obrigação pecuniária por uma obrigação de fazer). A nova prestação é a que passa a ter o poder liberatório. A questão do valor das prestações é irrelevante, pouco importa se a nova prestação vale mais ou menos que a prestação original, havendo o pagamento da prestação nova acordada, há o adimplemento do devedor. Uma grande discrepância de valor terá importância quando estão envolvidos direitos de terceiros (às vezes ocorre uma remissão travestida de dação em pagamento). Nas obrigações alternativas, quando ocorre a escolha, ocorre a concentração, e, havendo esta concentração, e posteriormente ocorre a troca da prestação, também se tem a dação em pagamento. A dação em pagamento pode ser parcial.
21.2. Preço determinado: Quando se dá uma coisa em pagamento, e o preço desta coisa for determinado, a dação em pagamento será guiada pelas normas que regem os contratos de compra e venda.
21.3. Título de crédito: Quando o que se entrega em pagamento um título de crédito, a dação em pagamento será guiada pelas regras da cessão de crédito. 
21.4. Evicção: Na evicção tem-se algo que é alienado a título oneroso. Depois, descobre-se que quem vendeu não é o dono do imóvel. A pessoa que comprou perde o imóvel para o dono original – esta perda é a evicção. Se alguém dá algo em pagamento e a pessoa perdeu o que foi dado em pagamento por conta da evicção, a obrigação primitiva é reestabelecida nos termos anteriores, fazendo com que quem recebeu o que foi dado em pagamento volte a ser credor.
22. EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: São casos em que não ocorrem o pagamento. Via de regra há um artigo específico para solidariedade nos casos de extinção, justamente para esclarecer o que é extinto e o que não é extinto.
22.1. Confusão: A partir do art.381. O sujeito passa a ser credor e devedor dele mesmo (exemplo: um é herdeiro do outro e um deles falece – quem herda vira credor e devedor dele mesmo). É possível que haja confusão parcial (exemplo: herança quando há mais de um herdeiro).
· Confusão e solidariedade: Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade. A é filho de D e D falece. D é devedor solidário de 300 reais com mais duas pessoas. A é o único herdeiro do crédito. Somente ocorre a extinção da parte que era de D, logo, A ainda é devedor solidário de 200 reais.
· Fim da confusão: Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior. Exemplo: Um sujeito é credor do próprio pai e morre. Até onde se sabe o único herdeiro é o pai, mas depois, se descobre que, o sujeito que faleceu possui um filho. Neste caso, o herdeiro passa a ser o filho e portanto, a confusão patrimonial é desfeita.
22.2. Remissão: A remissão é o perdão da dívida. Para acontecer a remissão é necessário que o credor queira perdoar. Além do credor ter o interesse de perdoar a dívida, é necessário que o devedor aceite a remissão. Também é necessário que a remissão não traga prejuízo para terceiros. Exemplo: eu sou credor de uma pessoa e devedor e outra. Exemplo: Ana é credora de uma dívida de Júlia, e deve a Letícia. Não é possível que Ana perdoe a dívida de Júlia caso ela não tenha como pagar a sua dívida à Letícia. Se o credor devolve um título ao devedor (o credor deve ter a capacidade de alienar e o devedor de adquirir) entende-se que houve uma remissão. Quando ocorre a devolução do objeto empenhado, não há remissão – o fato de devolver o objeto empenhado, significa que a pessoa abriu mão da garantia, mas não há o perdão da obrigação.
· Remissão e solidariedade: Art.388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida – Existem vários devedores solidário e perdoa-se a dívida de um deles. Na hora de cobrar aos outros devedores, o credor deve descontar a parte remitida.
22.3. Novação:
· Noções gerais: Cria-se uma nova obrigação com o intuito de ela tenha como efeito a extinção da obrigação anterior. A nova obrigação deve ser criada com a intencionalidade de extinguir a obrigação anterior (animus navandi). Em regra, qualquer obrigação pode ser alvo de novação. As restrições são para as obrigações já extintas, ou as com causa nula (anulável pode). Deve-se atentar que, os efeitos da novação podem ser parecidos com os efeitos da cessão de crédito, assunção de dívida e dação, porém, aqui ocorre a criação de uma nova obrigação, e nas outras formas de 
· Espécies:
a) Novação objetiva: a prestação será diferente.
b) Novação subjetiva: altera-se o sujeito – pode ser ativa (muda-se o credor) ou passiva (muda-se o devedor). Na novação subjetiva passiva, pode ser que se realize um negócio entre um terceiro e o credor sem a participação do devedor primitivo. Acontecendo a novação subjetiva passiva, o devedor primitivo é liberado e a dívida é exigível ao novo devedor – a única exceção é se o devedor for insolvente e a novação ocorrer mediante fraude.
c) Novação mista: substitui-se o sujeito e a prestação.
O normal é que as garantias não se mantenham, mas podem se manter, desde que haja acordo prévio (se for prestada por terceiro, o terceiro deve aceitar manter a garantia).
· Novação e solidariedade: Havendo uma obrigação solidária e um dos devedores sozinho faz uma novação com o credor, a novação extingue a obrigação solidária. O credor só pode exigir do devedor que realizou a novação, nada mais pode ser exigido perante os outros devedores, que estão liberados da obrigação.
22.4. Compensação:
· Noções gerais: Dois sujeitos são reciprocamente credores e devedores de dívidas líquidas, vencidas e da mesma natureza (fungíveis entre si), e geralmente ocorrem em obrigações pecuniárias. Geralmente ocorre extinção total de uma

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