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TCC Pronto Responsabilidade Civil

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ 
BRUNA CAROLINA BOTTAMEDI RACHADEL 
A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FORNECEDORES EM FACE D O 
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
Tijucas 
2009
BRUNA CAROLINA BOTTAMEDI RACHADEL 
A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FORNECEDORES EM FACE D O 
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
Monografia apresentada como requisito parcial para a 
obtenção do título de Bacharel em Direito, pela 
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências 
Sociais e Jurídicas, campus Tijucas. 
 
Orientador: Prof. Espc. Everaldo Medeiros Dias 
Tijucas 
2009
BRUNA CAROLINA BOTTAMEDI RACHADEL 
A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FORNECEDORES EM FACE D O 
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
Esta Monografia foi julgada adequada para obtenção do título de Bacharel em Direito e 
aprovada pelo Curso de Direito do Centro de Ciências Sociais e Jurídicas, campus Tijucas. 
Direito Civil/ Direito do Consumidor 
Tijucas, 10 de julho de 2009. 
Prof. Espc. Everaldo Medeiros Dias 
Orientador 
Prof. MSc. Marcos Alberto Carvalho de Freitas 
Responsável pelo Núcleo de Prática Jurídica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais, Paulo Cesar e Jani, pelo incentivo, 
cooperação e apoio, pois compartilharam comigo os momentos de 
tristeza e também os de alegrias, nesta etapa, em que, com a graça de 
Deus, está sendo vencida... 
 
Muitos foram aqueles que contribuíram para a realização deste trabalho e para os quais deixo 
o meu agradecimento. 
Agradeço primeiramente a Deus por me presentear com uma família maravilhosa e grandes 
amigos, e pelas Suas demonstrações de amor a cada instante. 
Ao meu querido pai e à minha querida mãe, pelo incentivo, pelos exemplos, pelos 
ensinamentos, pelo carinho e paciência e acima de tudo pelo amor dedicado à minha pessoa. 
Aos meus irmãos, pelo carinho e compreensão. 
Ao meu querido noivo Rafael, que inúmeras vezes me apoiou, escutou o que eu tinha para 
dizer e desabafar, me incentivou e continua me incentivando cada vez mais a seguir em 
frente; agradeço seu amor e companheirismo. 
 Aqueles amigos incondicionais: Greici, Marcos, Maraiza e Giovani que conseguiram 
entender minha ausência e me apoiaram na luta por mais esse sonho. Obrigada por estarem 
sempre presentes. 
Agradeço também aos amigos de faculdade por tornarem os dias mais prazerosos e as aulas 
mais divertidas, em especial, às grandes amigas Bianca, Adriana, Juliana, Cassiane e Joice 
pelo apoio de todas as horas e pela amizade de sempre. 
Ao Prof. Everaldo Medeiros Dias, meu orientador, pela dedicação, orientação e paciência 
dispensadas à minha pessoa. 
Aos professores desta instituição e profissionais que contribuíram, sempre com muito carinho, 
para minha formação acadêmica, ao longo desses anos. 
Enfim, a todos, que de alguma forma passaram pela minha vida e influenciaram positivamente 
nessa conquista. O sucesso também é de vocês! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles 
que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam 
o mal acontecer”. 
Albert Einstein 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte 
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí – 
UNIVALI, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca 
do mesmo. 
Tijucas, 10 de julho de 2009. 
Bruna Carolina Bottamedi Rachadel 
Graduanda 
RESUMO 
A presente monografia trata da Responsabilidade Civil dos Fornecedores, voltando-se para a 
análise da Responsabilidade Civil em face do Código de Defesa do Consumidor, como meio 
de garantir a reparação do prejuízo causado à parte. Inicialmente, toma-se como base o estudo 
da Responsabilidade Civil em geral, analisando desde sua evolução histórica, conceituação, 
Responsabilidade Civil subjetiva e objetiva, contratual e extracontratual, e bem como 
desenvolvendo uma análise atenta a função da Responsabilidade Civil na vida cotidiana. Após 
o estudo da Responsabilidade Civil no primeiro momento, passa-se ao estudo do Código de 
Defesa o Consumidor analisando o que vem a ser a Relação de Consumo existente entre as 
partes conceituado os seus principais pressupostos: fornecedor, consumidor, produto e 
serviço. Por fim, o terceiro e último capítulo trata da Responsabilidade Civil dos Fornecedores 
em face do Código de Defesa do Consumidor, analisando a Responsabilidade trazida pelo 
Código como regra geral de acordo com cada caso exposto pela legislação e a exceção a essa 
Responsabilidade de acordo com o artigo 14, parágrafo 4º, do Código em questão. No 
entanto, sempre que a aplicação da Responsabilidade Civil do Fornecedor seja motivo de 
dúvidas, esta se caracteriza pela conduta do fornecedor, que sendo responsável, deverá agir 
em concordância com as normas estabelecidas pelo Código, sendo que se o fornecedor atuar 
em desacordo com as tais regras, pode sem dúvida, ser responsabilizado pelas conseqüências 
morais e patrimoniais causadas ao consumidor. 
 
Palavras-chave: Responsabilidade Civil. Fornecedor. Consumidor. 
RIASSUNTO 
Questa Monografia sviluppa l’argomento della Resposabilità Civile dei Fornitore, 
rivolgendosi all’analisi della Responsabilità Civile nei confronti del Codice di Difesa dei 
Consumatore, con lo scopo di garantire il risarcimento dei pregiudizi imputati a un cittadino. 
Innanzittutto si prende come fundamento lo studio della Responsabilità Civile in generale, 
facendo un’analisi della sua evoluzione storica, concettuale, oggettiva e soggetiva, 
contrattuale ed extracontrattuale, come pure svolgendo un’attenta analisi del ruolo della 
Responsabilità Civile nella vita quotidiana dei cittadini. Dopo lo studio della Responsabilità 
Civile, in un primo momento, si passa allo studio del Codice de Difesa dei Consumatore, 
facendo un’analisi di quello che possiamo definire come Rapporto di Consumo stabilitosi tra 
le parti prendendo in cosiderazione i seguenti pressupposti: fornitore, consumatore, prodotti e 
servizi. Come terzo e ultimo capitol svolgiamo il tema della Responsabilità Civile dei 
Fornitore nei confronti del Codice de Difesa dei Consumatore, soffermandoci sull’iter 
Responsabilità trattato dal Codice come regola generale, d’accordo con ogni caso previsto 
dalla legge e l’eccezione nei confronti di questa Responsabilità secondo l’articolo 14, 
paragrafo 4º del Codice in questione. Tuttavia, sempre che l’applicazione della Responsabilità 
Civile del Fornitore sarà motivo di dubbio, questa si caratterizza dalla condotta del Fornitore, 
il quale, come responsabile, dovrà agire in conformità con le norme stabilite dal Codice. Nel 
caso del fornitore presentare una condotta contraria alle regole espresse nel Codice 
suaccennato, potrà essere responsabilizzato per le conseguenze morali e patrimoniali imputate 
al Consumatore. 
 
Parole chiavi: Responsabilità Civile. Fornitore. Consumatore. 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
a.C. 
Apud 
Art. 
Caput 
CC 
CDC 
Antes de Cristo 
Citado por 
Artigo 
Cabeça 
Código Civil 
Código de Defesa do Consumidor 
Ed. Edição 
Nº Número 
P. Página 
Prof. Professor 
§ Parágrafo 
TJSC Tribunal de Justiça de Santa Catarina 
UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí 
Vol. Volume 
 
 
 
 
LISTA DE CATEGORIAS E SEUS CONCEITOS OPERACIONAIS 
Lista de categorias1 que a Autora considera estratégicas à compreensão do seu 
trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais2. 
Consumidor 
“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final” 3. 
Dano 
“Conceitua-se, então, o dano como sendo a subtração ou diminuição de um bem jurídico, 
qualquer que seja a sua natureza, quer se trate de um bem patrimonial, quer se trate de um 
bem integrante da própria personalidade da vitima, como a sua honra, a imagem, a liberdade 
etc. Em suma, dano é lesão de um bem jurídico,tanto patrimonial como moral, vindo daí a 
conhecida divisão do dano patrimonial e moral” 4. 
Defeito 
“São as imperfeições de natureza grave, capazes de causar dano à saúde ou à segurança do 
consumidor” 5. 
Fornecedor 
“Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem 
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, 
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização 
de produtos ou prestação de serviços” 6. 
 
 
1 Denomina-se “categoria” a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou expressão de uma idéia. Cf. 
PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito. 8. ed. 
Florianópolis: OAB Editora, 2003, p. 31. 
2 Denomina-se “Conceito Operacional” a definição ou sentindo estabelecido para uma palavra ou expressão, com 
o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias expostas ao longo do trabalho. Cf. PASOLD, 
Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito, p. 43. 
3 BRASIL. Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990: Código de defesa do consumidor. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm>. Acesso em: 25 de maio de 2009. 
4 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil/ Sérgio Cavalieri Filho. – 7. ed. – 3. 
reimpr. – São Paulo: Atlas, 2007, p. 71. 
5 LEITE, Roberto Basilone. Introdução ao direito do consumidor: os direitos do consumidor e a aplicação do 
código de defesa do consumidor/ Roberto Basilone Leite – São Paulo: LTr, 2002, p. 139. 
6 BRASIL. Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990: Código de defesa do consumidor. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm>. Acesso em: 25 de maio de 2009. 
Produto 
“Qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial” 7. 
Relação de Causalidade 
“É a ligação ou a dependência do agente à causa, mostrando, assim, que foi ele quem a 
produziu” 8. 
Relação de Consumo 
“É uma relação de cooperação, pois um cidadão entra com o bem ou serviço e o outro oferece 
em troca o pagamento do preço; ambos colaboram assim para o sucesso do objetivo comum, 
que é a transferência do domínio do bem ou a execução dos serviços” 9. 
Responsabilidade Civil 
“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano 
moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão do ato por ela mesma praticado, por 
pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição 
legal” 10. 
Serviço 
“Qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneração, inclusive as 
de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de 
caráter trabalhista” 11. 
Vício 
“São as imperfeições que tornam o produto (art.18) ou serviços (art.20) impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam [...]” 12. 
 
7 BRASIL. Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990: Código de defesa do consumidor. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm>. Acesso em: 25 de maio de 2009. 
8 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. – Rio de Janeiro, 2007, p. 1192. 
9 LEITE, Roberto Basilone. Introdução ao direito do consumidor: os direitos do consumidor e a aplicação do 
código de defesa do consumidor, p. 54. 
10 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil/ Maria Helena Diniz. – 
18. ed. rev., aum. e atual. de acordo com o novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002) e o Projeto de Lei n. 
6.960/2002. – São Paulo: Saraiva, 2004, p. 40. 
11 BRASIL. Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990: Código de defesa do consumidor. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm>. Acesso em: 25 de maio de 2009. 
12 LEITE, Roberto Basilone. Introdução ao direito do consumidor: os direitos do consumidor e a aplicação do 
código de defesa do consumidor, p. 139. 
SUMÁRIO 
RESUMO ................................................................................................................................... 5 
RIASSUNTO ............................................................................................................................. 6 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................. 7 
LISTA DE CATEGORIAS E SEUS CONCEITOS OPERACIONAIS . ............................. 8 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 
2 DA RESPONSABILIDADE CIVIL ................................................................................... 16 
2.1 NOÇÕES GERAIS ............................................................................................................. 16 
2.2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL ................................. 17 
2.3 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE ......................................................................... 20 
2.4 CONCEITO DE OBRIGAÇÃO ......................................................................................... 21 
2.5 DIFERENÇA DA RESPONSABILIDADE PENAL E RESPONSABILIDADE CIVIL . 22 
2.6 DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA ............................................................ 25 
2.6.1 Pressupostos da Responsabilidade Civil Subjetiva ......................................................... 27 
2.6.1.1 Ação ou Omissão .......................................................................................................... 27 
2.6.1.2 Culpa ou Dolo do Agente ............................................................................................. 28 
2.7 DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA .............................................................. 29 
2.7.1 Pressupostos da Responsabilidade Civil Objetiva ........................................................... 30 
2.7.1.1 Relação de Causalidade ................................................................................................ 30 
2.7.1.2 Dano ............................................................................................................................. 31 
2.8 DA RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL ......... 31 
2.9 A FUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL ............................................................. 33 
3 O DIREITO DO CONSUMIDOR ..................................................................................... 35 
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA – DO LIBERALISMO CONTRATUAL AO 
INTERVENCIONALISMO REPRESENTADO PELO DIREITO DO CONSUMIDOR ...... 35 
3.1.1 Consumo .......................................................................................................................... 37 
3.1.2 Relação ............................................................................................................................ 38 
3.1.3 Relação de Consumo ....................................................................................................... 38 
3.2 ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO .............................................................. 39 
3.2.1 Definição de Consumidor ................................................................................................ 39 
3.2.1.1 Consumidor Pessoa Jurídica ......................................................................................... 41 
3.2.1.2 Pessoa que Ganha o Produto ou Serviço ...................................................................... 41 
3.2.1.3 Consumidor – Coletividade .......................................................................................... 42 
3.2.1.4 Direitos do Consumidor ............................................................................................... 42 
3.2.2 Definição de Fornecedor .................................................................................................44 
3.2.2.1Pessoa Física ou Jurídica ............................................................................................... 46 
3.2.2.2 Entidades Sem Personalidade Jurídica ......................................................................... 47 
3.2.2.3 Fornecedor Profissional Autônomo .............................................................................. 48 
3.2.3 Definição de Produto e Serviço ....................................................................................... 49 
3.2.3.1 Produtos Comprados no Exterior ................................................................................. 51 
3.2.3.2 Produtos e Serviços Destinados ao Insumo .................................................................. 51 
3.3 DIREFENÇA ENTRE VÍCIO E DEFEITO ....................................................................... 52 
3.3.1 Vício do Produto e do Serviço ......................................................................................... 52 
3.3.2 Defeito do Produto e do Serviço ..................................................................................... 53 
4 A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FORNECEDORES EM FACE DO CÓDIGO 
DE DEFESA DO CONSUMIDOR ........................................................................................ 56 
4.1 DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO .. 56 
4.1.1 Da Responsabilidade Civil Objetiva subsidiária do Comerciante pelo defeito do produto 
na Relação de Consumo ........................................................................................................... 58 
4.1.2 Da Responsabilidade Civil Objetiva do Fornecedor de Serviços pelo Fato do Serviço na 
Relação de Consumo ................................................................................................................ 61 
4.2 DA RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO ............. 66 
4.2.1 Da Responsabilidade Civil Objetiva do Fornecedor de Serviço pelo Vício do Serviço na 
Relação de Consumo ................................................................................................................ 69 
4.3 DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS PÚBLICOS
 .................................................................................................................................................. 70 
4.4 DA RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS ........................ 71 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 75 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 78 
ANEXOS ................................................................................................................................. 81 
 
 
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objeto13 o estudo da Responsabilidade Civil dos 
Fornecedores, mais especificadamente no que diz respeito a Responsabilidade Civil em face 
do Código de Defesa do Consumidor. 
A importância deste tema reside nas dificuldades encontradas pelo Consumidor, para a 
reparação dos danos causados pelos Fornecedores, pelos vícios existentes nos produtos ou 
serviços ou até mesmo nos defeitos dos mesmos que acabam resultando em graves acidentes 
de consumo. 
Ressalte-se que, além de ser requisito imprescindível à conclusão do curso de Direito 
na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, o presente relatório monográfico também vem 
colaborar para o conhecimento de um tema que, apesar de não poder ser tratado como 
novidade no campo jurídico, na dimensão social-prática ainda pode ser tratado como elemento 
repleto de nuances a serem destacadas pelos intérpretes jurídicos. 
O presente tema, Responsabilidade Civil dos Fornecedores em face do Código de 
Defesa do Consumidor, na atualidade, traz em seu bojo, a preocupação que a sociedade tem 
em relação aos prejuízos psíquico-físico causados pelos produtos e serviços fornecidos ao 
consumidor, em punir os maus profissionais que atuam na área da comercialização. 
A Responsabilidade Civil destes fornecedores está cada vez mais presente nos órgãos 
do Poder Judiciário, pois o procedimento tomado por esses tais profissionais reflete ainda 
mais na sociedade e na conduta humana que cada vez, necessita mais dos produtos e serviços 
fornecidos e prestados por eles. 
Sendo assim, de grande importância para a sociedade, é que despertou interesse em 
elaborar esta pesquisa sobre o presente tema. 
Em vista do parâmetro delineado, constitui-se como objetivo geral deste trabalho a 
defesa do Consumidor diante das condutas adotadas pelos Fornecedores, que eventualmente 
 
13 Nesta Introdução cumpre-se o previsto em PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e 
ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, p. 170-181. 
13 
venham a se ocultar na hora de indenizar seu Consumidor pelos produtos e serviços 
fornecidos e prestados contendo determinados vícios, que muitas vezes passam a serem 
defeitos, causando, assim, o acidente de consumo e gerando uma Responsabilidade Civil. 
O objetivo institucional da presente Monografia é a obtenção do Título de Bacharel 
em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas, 
campus de Tijucas. 
Como objetivo específico, pretende-se verificar de que modo devem ser 
responsabilizados os Fornecedores pelos vícios e defeitos existentes nos produtos e serviços, e 
analisar a melhor forma de sanar o dano causado ao Consumidor de acordo com o Código de 
Defesa do Consumidor. 
Sendo assim, deve-se analisar em quais casos o Fornecedor responde objetivamente ou 
subjetivamente em relação ao Consumidor. 
Para o desenvolvimento da presente pesquisa foram formulados os seguintes 
questionamentos: 
a) Existe previsão, junto ao CDC, de Responsabilidade Civil dos Fornecedores de 
Produtos ou Serviços por eles prestados? 
b) A Responsabilidade Civil dos Fornecedores é objetiva ou subjetiva de acordo com 
os artigos existentes no Código de Defesa do Consumidor? 
c) Quando é que a Responsabilidade Civil do Comerciante, de reparar o dano causado 
pelo produto, deixa de ser solidária para ser subsidiária? 
Já as hipóteses consideradas foram as seguintes: 
a) O CDC prevê a Responsabilidade Civil dos Fornecedores de Produtos ou Serviços; 
b) A Responsabilidade Civil regida pelo Código de Defesa do Consumidor é a 
objetiva, ou seja, aquele que o Fornecedor tem o dever de repara o dano, independentemente 
da existência de culpa; a Responsabilidade Civil também adotada pelo Código de Defesa do 
Consumidor é a subjetiva, ou seja, aquela que o Fornecedor tem o dever de reparar o dano, 
somente se for comprovada a culpa ou o dolo do agente causador do dano. 
c) A Responsabilidade Civil do Comerciante deixa de ser solidária e passa a ser 
subsidiária quando é constatado que o produto ou serviço não contém somente vícios e sim 
14 
defeitos, causando o acidente de consumo. Essa Responsabilidade é regida nas condições do 
artigo 13, inciso I, II e III, do Código de Defesa do Consumidor. 
O relatório final da pesquisa foi estruturado em três capítulos, podendo-se, inclusive, 
delineá-los como três molduras distintas, mas conexas: A Responsabilidade Civil, O Direito 
do Consumidor e a Responsabilidade Civil dos Fornecedores em face do Código de Defesa do 
Consumidor. 
No primeiro capítulo do presente trabalho, faz-se a análise de uma forma geral da 
Responsabilidade Civil, buscando um breve comentário a sua evolução histórica, 
conceituações, Responsabilidade Civil objetiva e subjetiva, Responsabilidade contratual e 
extracontratual e por fim sua função. 
No segundo capítulo, elenca o Direito do Consumidor, onde se relata um breve 
comentário sobre sua evolução histórica, a Relação de Consumo existente entre as partes, 
podendo assim conceituar os seus principais pressupostos:Fornecedor, Consumidor, produto 
e serviço. Não podendo deixar de lado a diferenciação existente entre vício e defeito, onde 
levará a esclarecer as resposta aos questionamentos da presente monografia. 
No terceiro e último capítulo desta monografia, analisar-se-á propriamente a 
Responsabilidade Civil dos Fornecedores em face do Código de Defesa do Consumidor, na 
qual se destacam os seguintes aspectos: A Responsabilidade Civil pelo Fato do Produto ou do 
Serviço, A Responsabilidade Civil Subsidiária do Comerciante pelo Defeito do Produto ou do 
Serviço na Relação de Consumo, A Responsabilidade Civil pelo Vício do Produto ou do 
Serviço, A Responsabilidade Civil dos Prestadores de Serviço Público e A Responsabilidade 
Civil dos Profissionais Liberais. 
Quanto à metodologia empregada, registra-se que, na fase de investigação foi utilizado 
o método dedutivo, e, o relatório dos resultados expresso na presente monografia é composto 
na base lógica dedutiva14, já que se parte de uma formulação geral do problema, buscando-se 
posições científicas que os sustentem ou neguem, para que, ao final, seja apontada a 
prevalência, ou não, das hipóteses elencadas. 
 
14 Sobre os “Métodos” e “Técnicas” nas diversas fases da pesquisa científica, vide PASOLD, Cesar Luiz. 
Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, p. 99-125. 
15 
Nas diversas fases da pesquisa, foram acionadas as técnicas do referente, da categoria, 
do conceito operacional e da pesquisa bibliográfica15. 
Os acordos semânticos que procuram resguardar a linha lógica do relatório da pesquisa 
e respectivas categorias, por opção metodológica, estão apresentados na Lista de Categorias e 
seus Conceitos Operacionais, muito embora algumas delas tenham seus conceitos mais 
aprofundados no corpo da pesquisa. 
A estrutura metodológica e as técnicas aplicadas nesta monografia estão em 
conformidade com o padrão normativo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 
e com as regras apresentadas no Caderno de Ensino: formação continuada, Ano 2, número 4; 
assim como nas obras de Cezar Luiz Pasold, Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas 
úteis ao pesquisador do Direito e Valdir Francisco Colzani, Guia para redação do trabalho 
científico. 
A presente monografia se encerra com as Considerações Finais, nas quais são 
apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos 
estudos e das reflexões sobre a Responsabilidade Civil do Fornecedor em face do Código de 
Defesa do consumidor. 
Com este itinerário, espera-se alcançar o intuito que ensejou a preferência por este 
estudo: Buscar o Direito de Defesa ao Consumidor diante das condutas adotadas pelos 
Fornecedores, que eventualmente venham a se ocultar na hora de indenizar-lo pelos produtos 
e serviços fornecidos e prestados contendo determinados vícios, que muitas vezes passam a 
serem defeitos causando, assim, o acidente de consumo, gerando uma Responsabilidade Civil. 
 
15 Quanto às “Técnicas” mencionadas, vide PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e 
ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, p. 61-71, 31- 41, 45- 58, e 99-125, nesta ordem. 
 
2 DA RESPONSABILIDADE CIVIL
2.1 NOÇÕES GERAIS 
Preliminarmente, para melhor discorrer sobre o tema proposto, é necessário apresentar 
algumas noções gerais a cerca da Responsabilidade Civil. Assim, amparando-se nas lições de 
Fábio Ulhoa Coelho, pode-se dizer que em sociedade, estamos todos interagindo, fazendo 
com que a omissão e a ação das pessoas causem algum prejuízo ou uma melhoria, interferindo 
na situação, nos interesses e nos bens de outras. Para o autor, essas interferências são 
colocadas como externalidades, onde uma pessoa tem sua situação danificada por uma ação 
alheia e não é compensada por isso 16. 
No entanto, conforme lecionam Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho 
“toda a atuação do homem invade ou, ao menos tangencia, o campo da responsabilidade” 17. É 
neste sentido que os autores anteriormente citados, na seqüência da lição transcrita a cima, 
dispõem que “[...] a noção jurídica de responsabilidade pressupõe a atividade danosa de 
alguém que, atuando a priori ilicitamente, viola uma norma jurídica preexistente (legal ou 
contratual), subordinando-se, desta forma, às conseqüências do seu ato (obrigação de 
reparar)” 18. 
Quanto a esta questão, Fábio Ulhoa Coelho discorre que: 
O que caracteriza a interação como externalidade é a inexistência de 
compensação entre as pessoas envolvidas. Se quem tem a situação piorada 
pela ação alheia não é compensado por isso, ou se aquele que ganhou não 
compensa ninguém pela melhora que experimentou, a interferência é uma 
externalidade. Caso contrário, isto é, na hipótese de compensação dos 
prejuízos ou ganhos, dá-se a internalização da externalidade. A 
 
16 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2/ Fábio Ulhoa Coelho. – 2 ed. rev. – São Paulo: 
Saraiva, 2005, p. 249. 
17 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito covil. Volume III: 
responsabilidade civil/ Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho. – 5. Ed. Ver. e atul. – São Paulo: 
Saraiva, 2002, p. 9. 
18 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito covil. Volume III: 
responsabilidade civil, p. 9. 
17 
externalidade é negativa se a ação de uma pessoa prejudica outra; e positiva, 
se beneficia 19. 
Sendo assim, entendesse que a Responsabilidade Civil tem a função de reparar o dano 
causado por alguém que traz algum prejuízo para outrem. 
Passasse, nesse momento, a um breve relato sobre a evolução histórica da 
Responsabilidade Civil, para melhor entendermos quando surgiu e de que forma ela foi e é 
aplicada nos tempos atuais. 
2.2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
Segundo Roberto Senise Lisboa, “desde os tempos remotos preponderou a idéia de 
delito, como sendo origem da Responsabilidade, ou seja, o dever jurídico de reparação do 
dano” 20. 
Naquela época, prevalecia a lei do mais forte. De acordo com Carlos Roberto 
Gonçalves, destacava-se a vingança privada, como sendo uma solução comum para os 
conflitos e para a reparação do dano causado entre si: 
Não imperava, ainda, o direito. Dominava, então, a vingança privada, forma 
primitiva, selvagem talvez, mas humana, da reação espontânea e natural 
contra o mal sofrido; solução comum a todos os povos nas suas origens, para 
a reparação do mal pelo mal 21. 
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho também relatam que predominava 
na organização das sociedades pré-romanas a concepção de vingança: 
De fato, nas primeiras formas organizadas de sociedade, bem como nas 
civilizações pré-romanas, a origem do instituto está calcada na concepção de 
vingança privada, forma por certo rudimentar, mas compreensível do ponto 
de vista humano como lídima reação pessoal contra o mal sofrido 22. 
 
19 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2, p. 249. 
20 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. Volume 2: obrigações e responsabilidade civil/ Roberto 
Senise Lisboa. – 3. ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 418. 
21 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume IV: responsabilidade civil/ Carlos Roberto 
Gonçalves. – 2. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2007, p. 6. 
22 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 10. 
18 
No entanto, Roberto Senise Lisboa destaca o entendimento de Rodolph Doreste 
dizendo que “todos os povos da antiguidade passaram por esse modelo de direito e de justiça, 
a partir da retribuição privada contra o autor do prejuízo” 23. 
Sendo assim, aResponsabilidade teve origem quando os povos da antiguidade 
começaram a sentir necessidade de reparação dos danos causados por outrem, sendo que suas 
formas de fazer justiça eram através de força humana. 
Todavia, Maria Helena Diniz entende que nos tempos remotos “a responsabilidade era 
objetiva, não dependia da culpa, apresentando-se apenas como uma reação do lesado contra a 
causa aparente do dano” 24. 
Posteriormente, com o surgimento da Lei das XII Tábuas, por volta do ano 450 a. C., 
houve uma superação do período marcado pela vingança, onde Alvino Lima, lembrado e 
citado por Carlos Roberto Gonçalves menciona que: 
Este período sucede o da composição tarifada, imposto pela Lei das XII 
Tábuas, que fixava, em casos concretos, o valor da pena a ser paga pelo 
ofensor. É a reação contra a vingança privada, que é assim abolida e 
substituída pela composição obrigatória. Embora subsista o sistema do delito 
privado, nota-se, entretanto, a influência da inteligência social, 
compreendendo-se que a regulamentação dos conflitos não é somente uma 
questão entre particulares 25. 
Na fase inicial do século III a. C., consagrou-se a pena de Talião, onde Carlos Roberto 
Gonçalves discorre que “se a reação não pudesse acontecer desde logo, sobrevinha a vindicta 
imediata, posteriormente regulamentada, e que resultou na pena de talião, do ‘olho por olho, 
dente por dente’” 26, sendo que, essas idéias de vingança foram desenvolvidas pelo Código de 
Hamurabi, no ano de 1750 a. C.. 
 
23 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. Volume 2: obrigações e responsabilidade civil, p. 422. 
24 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil/ Maria Helena Diniz. – 
18. ed. rev., aum. e atual. de acordo com o novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002) e o Projeto de Lei n. 
6.960/2002. – São Paulo: Saraiva, 2004, p. 11. 
25 1999 apud GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume 
III: responsabilidade civil, p. 10. 
26 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume IV: responsabilidade civil, p. 6. 
19 
Para Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, houve uma evolução do 
instituto, ainda na lei do Talião, onde concebiam a possibilidade de composição entre a vítima 
e o ofensor, evitando-se a aplicação da pena dessa Lei 27. 
Nos primeiros tempos do direito romano, ainda no século III a. C., as primeiras idéias 
de se construir uma estrutura jurídica para a Responsabilidade extracontratual veio com a 
introdução da Lex Aquilia de Damno. No entanto Sílvio de Salvo Venosa entende que: 
O sistema romano de responsabilidade extrai da interpretação da Lex Aquilia 
o princípio pelo qual se pune a culpa por danos injustamente provocados, 
independentemente de relação obrigacional preexistente. Funda-se aí a 
origem da responsabilidade extracontratual. Por essa razão, denomina-se 
também responsabilidade aquiliana essa modalidade 28. 
Maria Helena Diniz entende que a introdução da Lex Aquilia de Dammo veio como 
sendo o grande marco na história da Responsabilidade Civil: 
A Lex Aquilia de damno veio a cristalizar a idéia de reparação pecuniária do 
dano, impondo que o patrimônio do lesante suportasse os ônus da reparação, 
em razão do valor da res, esboçando-se a noção de culpa como fundamento 
da responsabilidade, de tal sorte que o agente se isentaria de qualquer 
responsabilidade se tivesse procedido sem culpa. Passou-se a atribuir o dano 
à conduta culposa do agente. A Lex Aquilia de damno estabeleceu as bases 
da responsabilidade extracontratual, criando uma forma pecuniária de 
indenização do prejuízo, com base no estabelecimento de seu valor 29. 
Contudo, Maria Helena Diniz relata que, foi ainda no período romano que o Estado 
passou a intervir nas relações entre a vítima e o ofensor: 
O Estado passou, então, a intervir nos conflitos privados, fixando o valor dos 
prejuízos, obrigando a vítima a aceitar a composição, renunciando à 
vingança. Essa composição permaneceu no direito romano com o caráter de 
pena privada e como reparação, visto que não havia nítida distinção entre 
responsabilidade civil e a penal 30. 
 
27 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p.10. 
28 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil/ Sílvio de Salvo Venosa. – 7. ed. – São Paulo: 
Atlas, 2007. – (Coleção direito civil; v. 4), p. 16. 
29 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil, p. 11. 
30 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil, p. 11. 
20 
Posteriormente, foi que começou a se delinear, nas palavras de Carlos Roberto 
Gonçalves “a diferenciação entre ‘pena’ e a ‘reparação’, [...] com a distinção entre os delitos 
públicos (ofensas mais graves, de caráter perturbador da ordem) e os delitos privados” 31. 
Já com a criação do Estado Moderno, próximo à Revolução Francesa (1789), 
Fernando Noronha, entende que a Responsabilidade Civil, que se confundia com a 
Responsabilidade Penal, onde estavam unidas para sancionar os infratores, se separaram de 
vez 32. 
Hoje, o Código Civil, traz no artigo 927 os novos meios de Responsabilidade: 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, 
fica obrigado a repará-lo. Parágrafo Único. Haverá obrigação de reparar o 
dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, 
por sua natureza, risco para os direitos de outrem 33. 
Após um breve relato de como se desdobrou a Responsabilidade Civil desde os 
tempos remotos até os atuais, passa-se, a conceituação de Responsabilidade e Obrigação, para 
que a elaboração do trabalho seja ampla e completa. 
2.3 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE 
Após esta abordagem histórica sobre a evolução da Responsabilidade Civil, é 
indispensável buscar em doutrinas alguns conceitos da palavra Responsabilidade. Assim 
verifica-se o conceito apresentado por Francisco Fernandes, Celso Pedro Luft e F. Marques 
Guimarães, no Dicionário brasileiro, onde a Responsabilidade no sentido mais genérico 
significa “qualidade do que é responsável; obrigação de responder por certos atos, próprios ou 
de outrem” 34. 
 
31 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume IV: responsabilidade civil, p. 7. 
32 NORONHA, Fernando. Direito das obrigações. Fundamento do Direito das obrigações, Introdução à 
Responsabilidade Civil. V.1. São Paulo, 2003, p. 530. 
33 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002: Código Civil. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em 25 de maio de 2009. 
34 FERNANDES, Francisco; LUFT, Celso Pedro; GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário brasileiro Globo/ 
Francisco Fernandes, Celso Pedro Luft, F. Marques Guimarães. – 12. ed. – São Paulo: Globo, 1989. 
21 
Já, para Roberto Senise Lisboa o conceito de Responsabilidade no sentido jurídico “é 
o dever jurídico de recomposição do dano sofrido, imposto ao seu causador direto ou 
indireto”35. 
Nos dizeres de Sílvio de Salvo Venosa, “o termo responsabilidade é utilizado em 
qualquer situação na qual alguma pessoa, natural ou jurídica, deva arcar coma as 
conseqüências de um ato, fato ou negócio danoso” 36. 
Sobre o surgimento da Responsabilidade, Fábio Ulhoa Coelho leciona que é no 
momento em que “alguém intencionalmente causa dano ao patrimônio de outrem, a 
convivência em sociedade pressupõe a obrigação de aquele repor a este os prejuízos 
causados” 37. 
Sendo assim, o autor supracitado conclui que a Responsabilidade Civil é uma forma de 
justiça, e é caracterizada como sendo “[...] a obrigação em que o sujeito ativo pode exigir o 
pagamento de indenizaçãodo passivo por ter sofrido prejuízo imputado a este último” 38. 
No entanto, a Responsabilidade Civil é parte integrante do direito das obrigações, pois, 
segundo Roberto Senise Lisboa a “responsabilidade constitui uma relação obrigacional cujo 
objeto é o ressarcimento” 39. Portanto, responsabilidade e obrigação não possuem o mesmo 
significado. Trata-se a Responsabilidade Civil como uma espécie de obrigação. 
2.4 CONCEITO DE OBRIGAÇÃO 
Roberto Senise Lisboa, ao seu entendimento conceitua a palavra obrigação da seguinte 
forma: 
[...]é um vínculo de direito de natureza transitória que necessariamente 
compele alguém a solver aquilo a que se comprometeu, garantindo o 
devedor que pagará a prestação economicamente apreciável, seja por meio 
do seu próprio patrimônio ou de outrem 40. 
 
35 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. Volume 2: obrigações e responsabilidade, p. 427. 
36 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil, p. 1. 
37 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2, p. 249. 
38 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2, p. 252. 
39 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. Volume 2: obrigações e responsabilidade civil, p. 427. 
40 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. Volume 2: obrigações e responsabilidade civil, p. 61. 
22 
Ainda, o autor supracitado, completa que “o juramento de honra relaciona-se com o 
conceito de obrigação, como um reforço da responsabilidade pessoal. É, portanto, mais que o 
simples desenvolver de uma atividade em prol do outro pela existência de um débito” 41. 
No mesmo sentido, Marcelo Kokke Gomes, lembrado por Carlos Roberto Gonçalves 
conceitua obrigação como sendo “[...] o vínculo jurídico que confere ao credor o direito de 
exigir do devedor o cumprimento de determinada prestação” 42. 
Vendo uma breve definição de obrigações, é de suma importância relembrar o 
conceito de Responsabilidade, que para os autores Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona 
Filho, vem a ser: 
Responsabilidade, para o Direito, nada mais é, portanto, que uma obrigação 
derivada – um dever jurídico sucessivo – de assumir as conseqüências 
jurídicas de um fato, conseqüências essas que podem variar (reparação dos 
danos e/ou punição pessoal do agente lesionante) de acordo com os 
interesses lesados 43. 
Sendo assim, a Responsabilidade Civil é sempre uma obrigação de reparar os danos, 
sejam eles “[...] causados à pessoa ou patrimônio de outrem, ou danos causados a interesses 
coletivos, ou transindividuais, sejam estes difusos, sejam coletivos stricto sensu” 44. 
Após explanar alguns conceitos básicos de obrigação, passasse adiante com 
diferenciação de alguns tipos de Responsabilidade no ramo do direito. 
2.5 DIFERENÇA DA RESPONSABILIDADE PENAL E RESPONSABILIDADE CIVIL 
Dando continuidade ao presente trabalho, para o autor Carlos Roberto Gonçalves a 
“palavra ‘responsabilidade’ origina-se do latim respondere, que encerra a idéia de segurança 
ou garantia da restituição ou compensação do bem sacrificado. Teria, assim, o significado de 
recomposição, de obrigação de restituir ou ressarcir” 45. 
 
41 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. Volume 2: obrigações e responsabilidade civil, p. 427. 
42 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume IV: responsabilidade civil/ Carlos Roberto 
Gonçalves, p. 7. 
43 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil/ Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho, p. 5. 
44 NORONHA, Fernando. Direito das obrigações. Fundamento do Direito das obrigações, Introdução à 
Responsabilidade Civil, p. 429. 
45 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume IV: responsabilidade civil/ Carlos Roberto 
Gonçalves, p. 23. 
23 
Portanto, o conceito de Responsabilidade para Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo 
Pamplona Filho, no campo jurídico, justamente pela sua generalidade, não se restringe ao 
Direito Civil [...], aplicando-se e respeitando-se as devidas peculiaridades, a todos os outros 
campos do Direito, como nas esferas penal, administrativa e tributária 46. 
No entanto, os autores supracitados, começam a distinguir a diferença entre 
Responsabilidade Civil da Responsabilidade Penal, onde a primeira tem a obrigação de 
reparar dano patrimonial ou moral, buscando primeiramente o estado inicial da coisa e se não 
for mais possível reparando com indenização pecuniária e a segunda aplica ao infrator uma 
cominação legal: 
Na responsabilidade civil, o agente que cometeu o ilícito tem a obrigação de 
reparar o dano patrimonial ou moral causado, buscando restaurar o status 
quo ante, obrigação esta que, se não for mais possível, é convertida no 
pagamento de uma indenização (na possibilidade de avaliação pecuniária do 
dano) ou de uma compensação (na hipótese de não se poder estimar 
patrimonialmente este dano), enquanto, pela responsabilidade penal ou 
criminal, deve o agente sofrer a aplicação de uma cominação legal, que pode 
ser privativa de liberdade (ex.: prisão), restritiva de direitos (ex.: perda da 
carta de habilitação de motorista) ou mesmo pecuniária (ex.: multa) 47. 
Após traçar a diferença básica existente entre Responsabilidade Civil e a 
Responsabilidade Penal, passa-se agora a definição de Responsabilidade Penal, onde Maria 
Helena Diniz a conceitua como sendo: 
[...]uma turbação social, ou seja, uma lesão aos deveres de cidadão para com 
a ordem da sociedade, acarretando um dano social determinando pela 
violação da norma penal, exigindo para restabelecer o equilíbrio social 
investigação da culpabilidade do agente ou o estabelecimento da anti-
sociabilidade do seu procedimento, acarretando a submissão pessoal do 
agente à pena que lhe for imposta pelo órgão judicante, tendendo, portanto, à 
punição, isto é ao cumprimento da pena estabelecida na lei penal 48. 
Carlos Alberto Bittar lembrado pelos autores Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo 
Pamplona Filho, assegura que a Responsabilidade Penal, por sua vez, no que diz respeito a 
 
46 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 4. 
47 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 4. 
48 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil, p. 22. 
24 
pena, “ corresponde à submissão pessoal e física do agente, para restauração da normalidade 
social violada com o delito” 49. 
Pablo Stolze Gagliano e Pamplona Filho deixam claro que a Responsabilidade Civil e 
Penal decorrem a priori, que: “a noção jurídica de responsabilidade pressupõe a atividade 
danosa de alguém que, atuando a priori ilicitamente, viola uma norma jurídica preexistente 
(legal ou contratual), subordinando-se, dessa forma, às conseqüências do seu ato (obrigação 
de reparar)” 50. 
Já na conceituação de Responsabilidade Civil, Maria Helena Diniz traz como sendo: 
A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa 
a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão do ato por 
ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a 
ela pertencente ou de simples imposição legal 51. 
Sendo assim, a autora acima citada, ressalta que a Responsabilidade Civil sempre 
requer prejuízo a terceiro: 
A responsabilidade civil, por ser repercussão do dano privado, tem por causa 
geradora o interesse em restabelecer o equilíbrio jurídico alterado ou desfeito 
pela lesão, de modo que a vítima poderá pedir reparação do prejuízo 
causado, traduzida na recomposição do statu quo ante ou numa importância 
em dinheiro 52. 
Para Carlos Alberto Bittar novamente lembrado por Pablo Stolzer Gagliano e 
Pamplona Filho a Responsabilidade Civil é tomadapela reparação do dano que “representa 
meio indireto de devolver-se o equilíbrio às relações privadas, obrigando-se o responsável a 
agir, ou a dispor de seu patrimônio para a satisfação dos direitos do prejudicado” 53. 
Já para não mais haver entrelace entre esses dois tipos de Responsabilidade, Maria 
Helena Diniz esclarece que: 
 
49 1990 apud GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume 
III: responsabilidade civil, p. 5. 
50 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 9. 
51 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil, p. 40. 
52 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil, p. 22. 
53 1990 apud GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume 
III: responsabilidade civil, p. 5. 
25 
É preciso ainda não olvidar o disposto no artigo 935 do Código Civil, que 
estabelece o princípio da independência da responsabilidade civil 
relativamente à criminal, porém não se poderá questionar mais sobre a 
existência do fato (isto é, do crime e suas conseqüências) ou quem seja o seu 
autor, quando estas questões se encontrarem decididas no crime. Logo, 
enquanto o juízo criminal não tiver formado convicção sobre tais questões, 
os processos correrão independentemente, e as duas responsabilidades (civil 
e penal) poderão ser de fato, independentemente investigadas 54. 
Ou seja, a Responsabilidade Civil é independente da Criminal, podendo ou não, se 
discutir sobre o autor e os fatos ilícitos que causaram alguma lesão a outrem. 
2.6 DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA 
Para Cáio Mário da Silva Pereira a idéia fundamental na Responsabilidade Civil 
Subjetiva é a da culpa, podendo ela não se observada em alguns casos que a lei autorizara: 
[...] a regra geral, que deve presidir à responsabilidade civil, é a sua 
fundamentação na idéia de culpa; mas sendo insuficiente esta para atender às 
imposições do progresso, cumpre ao legislador fixar especialmente daquele 
os casos em que deverá ocorrer a obrigação de reparar, independentemente 
daquela noção. Não será sempre que a reparação do dano se abstrairá do 
conceito de culpa, porém quando o autorizar a ordem jurídica positiva 55. 
Conceituando Responsabilidade Civil Subjetiva, Washington de Barros Monteiro 
discorre que: 
[...] pressupõe sempre a existência de culpa (latu sensu), abrangendo o dolo 
(pleno conhecimento do mal e direta intenção de o praticar) e a culpa (stricto 
sensu), violação de um dever que o agente podia conhecer e acatar, mas que 
descumpre por negligência, imprudência ou imperícia 56. 
Todavia, Gagliano e Pamplona Filho também entendem que essa culpa se caracteriza 
pela negligência ou imprudência do autor do dano culposo. No entanto “a responsabilidade 
civil subjetiva é a decorrente de dano causado em função de ato doloso ou culposo” 57. 
 
54 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil, p. 24. 
55 PEREIRA, Cáio Mário da Silva. Instituições de direito civil. V. III. Contratos: declaração unilateral de 
vontades; Responsabilidade civil. Rio de Janeiro, forense, 2004, p. 562. 
56 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. direito das obrigações. V. 5º. 34º ed. São Paulo: 
Saraiva, 2003, p. 449. 
57 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 13. 
26 
O Código Civil estabelece no artigo 186 que “Aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito” 58. 
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho trazem ainda em seu contexto, a 
culpa como sendo a noção básica da Responsabilidade Civil, no qual cada um responde pela 
própria culpa – unuscuique sua culpa nocet 59. 
Os autores supracitados entendem também que “há situações em que o ordenamento 
jurídico atribui a Responsabilidade Civil a alguém por dano que não foi causado diretamente 
por ele, mas sim por um terceiro com quem mantém algum tipo de relação jurídica” 60. 
No entanto, Carlos Roberto Gonçalves citando Miguel Reale, discorre que deve ser 
reconhecida “a responsabilidade subjetiva como norma, pois o indivíduo deve ser 
responsabilizado, em princípio, por sua ação ou omissão, culposa ou dolosa. [...]” 61. 
Seguindo o mesmo entendimento de Gonçalves, Maria Helena Diniz ressalta que: 
No nosso ordenamento jurídico vigora a regra geral de que o dever 
ressarcitório pela prática de atos ilícitos decorre da culpa, ou seja, da 
reprovabilidade ou censurabilidade da conduta do agente. O comportamento 
do agente será reprovado ou censurado quando, ante circunstâncias concretas 
do caso, se entende que ele poderia ou deveria ter agido de modo diferente 62. 
Pode-se concluir pelo entendimento de Roberto Senise Lisboa que a “responsabilidade 
subjetiva é aquela que é apurada mediante a demonstração da culpa do agente causador do 
dano” 63. 
Sendo assim, a obrigação de indenizar, somente surge, se o dano houver sido causado 
de forma culposa. 
Por fim, para que a Responsabilidade seja subjetiva, existem alguns pressupostos a 
serem examinados, sendo que os principais são: ação, omissão, culpa ou dolo do agente. 
 
58 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002: Código Civil. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em 25 de maio de 2009. 
59 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 14. 
60 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 14. 
61 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume IV: responsabilidade civil, p. 33. 
62 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil, p. 44. 
63 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. Volume 2: obrigações e responsabilidade civil, p. 460. 
27 
2.6.1 Pressupostos da Responsabilidade Civil Subjetiva 
2.6.1.1 Ação ou Omissão 
Sobre esses elementos ‘ação’ e ‘omissão’, Rogério Marrone Sampaio afirma que: 
Percebe-se, portanto, que a obrigação de reparar o dano vincula-se 
etimologicamente a um comportamento humano, positivo (ação), ou 
negativo (omissão). Daí a idéia de que o ato ilícito insere-se entre as espécies 
do gênero ato jurídico. Em suma, deve-se reparar o dano aquele que, por 
meio de um comportamento humano, violou dever contratual 
(descumprimento de obrigação contratualmente prevista), legal (hipótese em 
que, segundo, comportamento, sem infringir a lei, foge à finalidade social a 
que se destina, como acontece com os atos praticados com abuso de 
direito)64. 
Segundo Sérgio Cavalieri Filho a ação “consiste [...] em um movimento corpóreo 
comissivo, um comportamento positivo, como a destruição de uma coisa alheia, a morte ou 
lesão corporal causada em alguém” 65. 
Fábio Ulhoa Coelho entende que essas ações podem ser “conscientes ou inconscientes, 
segundo a área do cérebro responsável pelo comando” 66. 
Já na caracterização da omissão, Rogério Marrone Sampaio ensina que: “[...] o 
comportamento omissivo constitui apenas um dos elementos essenciais à Responsabilidade 
Civil, devendo, portanto, coexistir como os demais para que surja a obrigação de indenizar a 
vítima” 67. 
O ato omissivo para Fábio Ulhoa Coelho, “só gera responsabilidade civil subjetiva se 
presentes dois requisitos: a) o sujeito a quem se imputa a responsabilidade tinha o dever de 
praticar o ato omitido; e b) havia razoável expectativa (certeza ou grande probabilidade) de 
que a prática do ato impediria o dano” 68. 
Sendo assim, a ação é um ato positivoenquanto a omissão gera resultado negativo ao 
patrimônio de outrem. 
 
64 SAMPAIO, Rogério Marrone de castro. Direito Civil, Responsabilidade Civil, p. 30. 
65 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil/ Sergio Cavalieri Filho. – 7. ed. – 3. 
reimpr. – São Paulo: Atlas, 2007, p. 24. 
66 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2, p. 304. 
67 SAMPAIO, Rogério Marrone de castro. Direito Civil, Responsabilidade Civil, p. 32. 
68 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2, p. 306. 
28 
2.6.1.2 Culpa ou Dolo do Agente 
Culpa para Sílvio de Salvo Venosa, em sentido amplo, “é a inobservância de um dever 
que o agente devia conhecer e observar” 69. 
Sérgio Cavalieri Filho entende que a culpa somente obtêm relevância jurídica quando 
nela é integrada a conduta humana, sendo assim, quando alguém causa dano a outrem tendo o 
dever de repará-lo 70. 
Fábio Ulhoa Coelho ainda afirma que é possível “a identificação da culpa como 
pressuposto da responsabilidade civil” 71 e “culposo é o ato negligente, imprudente, imperito 
ou intencional destinados a prejudicar alguém” 72. 
No mesmo sentido, para Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho a culpa 
também pode ser vista através desses atos culposos, os conceituado da seguinte forma: 
Negligência – é a falta de observância do dever de cuidado, por omissão; 
Imprudência – esta se caracteriza quando o agente culpado resolve 
enfrentar desnecessariamente o perigo. O sujeito, pois, atua contra as regras 
básicas de cautela; Imperícia – esta forma de exteriorização da culpa 
decorre da falta de aptidão ou habilidade para a realização de uma atividade 
técnica ou cientifica 73. 
Sendo assim, para Sérgio Cavalieri Filho, esses três elementos, estão claramente 
identificados no artigo 186 do Código Civil podendo ser expostos mediante análise de seu 
contexto 74. 
Já, o dolo, para Fábio Ulhoa Coelho, é a culpa de forma intencional, entendendo que: 
Age dolosamente quem provoca prejuízo a outrem, ao praticar atos com o 
objetivo ou o risco de causá-los. Esta modalidade de culpa compreende tanto 
o dolo direto, em que o prejuízo é a finalidade perseguida pelo agente, como 
o indireto, em que o dano ocasionado não era propriamente o objetivo, mas o 
agente assumiu de forma consciente o risco de provocá-lo 75. 
 
69 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil, p. 22. 
70 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil, p. 23. 
71 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2, p. 308. 
72 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2, p. 308. 
73 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 128. 
74 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil, p. 17. 
75 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2, p. 308. 
29 
No entanto para melhor compreensão do dolo, destaca-se o entendimento de Rogério 
Marrone Sampaio, que ensina ser “[...] a manifestação de vontade consciente dirigida a 
determinado fim. Diz-se, portanto, que, no dolo, a conduta (comportamento humano) nasce 
ilícita, já que o autor a pratica querendo atingir o resultado antijurídico” 76. 
Após uma breve distinção sobre culpa e dolo, continua-se o presente trabalho com a 
exposição da Responsabilidade Civil Objetiva. 
2.7 DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA 
Roberto Senise Lisboa conceitua a Responsabilidade Civil Objetiva como sendo 
“aquela que é apurada independentemente de culpa do agente causador do dano, pela 
atividade perigosa por ele desempenhada” 77. 
Nesse tipo de Responsabilidade Civil, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona 
Filho relatam que “[..] o dolo ou culpa na conduta do agente causador do dano é irrelevante 
juridicamente, haja vista que somente será necessária a existência do elo de causalidade entre 
o dano e a conduta do agente responsável para que surja o dever de indenizar” 78. 
Contudo, Maria Helena Diniz ressalta que “essa Responsabilidade tem como 
fundamento a atividade exercida pelo agente, pelo perigo que pode causar dano à vida, à 
saúde ou a outros bens, criando risco de dano para terceiros” 79. 
Na concepção de Carlos Roberto Gonçalves a teoria do risco, é uma das teorias que 
procuram justificar a Responsabilidade Civil Objetiva, sendo que toda pessoa que exercer 
alguma atividade criando um risco a terceiros tem o dever de repará-lo, ainda que não 
comprove a culpa do lesante 80. 
O Artigo 927 do CC, em seu parágrafo único estabelece a obrigação de reparar o dano, 
independe da culpa, tendo apenas que ser apresentando o risco 81. 
 
76 SAMPAIO, Rogério Marrone de castro. Direito Civil, Responsabilidade Civil, p. 77. 
77 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. Volume 2: obrigações e responsabilidade civil, p. 461. 
78 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 14. 
79 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil, p. 55. 
80 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume IV: responsabilidade civil, p. 31. 
81 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002: Código Civil. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em 25 de maio de 2009. 
30 
Maria Helena Diniz, quanto ao dever ressarcitório, entende que: 
O dever ressarcitório, estabelecido por lei, ocorre sempre que se positivar a 
autoria de um fato lesivo, sem necessidade de se indagar se contrariou ou 
não norma predeterminada, ou melhor, se houve ou não um erro de conduta. 
Com a apuração do dano, o ofensor ou seu proponente deverá indenizá-lo. 
Mas, como não há que se falar em imputabilidade da conduta, tal 
responsabilidade só terá cabimento nos casos expressamente previstos em 
lei82. 
No entanto, Carlos Roberto Gonçalves ainda ressalta que não se exige qualquer prova 
de culpa do agente causador do fato ilícito para que seja obrigado a reparar o dano 83. 
Determina ainda, que seja indispensável “a relação de causalidade, uma vez que, 
mesmo no caso de Responsabilidade objetiva, não se pode acusar quem não tenha dado causa 
ao evento” 84. 
Já, para Maria Helena Diniz, no que diz respeito ao nexo causal, ele é pressuposto 
indispensável para a Responsabilidade Civil Objetiva, sendo que: 
[...] todo aquele que desenvolve atividade lícita que possa gerar perigo para 
outrem deverá responder pelo risco, exonerando-se o lesado da prova da 
culpa do lesante. A vítima deverá apenas provar o nexo causal, não se 
admitindo qualquer escusa subjetiva do imputado 85. 
Após estabelecer a conceituação de Responsabilidade Civil Objetiva, é de suma 
importância atribuir ao presente trabalho uma breve explicação dos seus principais 
pressupostos: relação de causalidade e dano. 
2.7.1 Pressupostos da Responsabilidade Civil Objetiva 
2.7.1.1 Relação de Causalidade 
O nexo causal é um dos elementos da Responsabilidade Civil a ser examinado, e 
segundo Sérgio Cavalieri Filho “é necessário que o ato ilícito seja a causa do dano, que o 
 
82 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil, p. 55. 
83 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume IV: responsabilidade civil, p. 30. 
84 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume IV: responsabilidade civil, p. 31 
85 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil, p. 56. 
31 
prejuízo sofrido pela vítima seja resultado desse ato, sem que a responsabilidade não correrá a 
cargo do autor material do fato” 86. 
No mesmo sentindo Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho entendem que 
“somente se poderá responsabilizar alguém cujo comportamento houvesse dado causa aoprejuízo” 87. 
Sendo assim, só haverá Responsabilidade Civil Objetiva, se houver uma relação de 
causalidade e o dano propriamente dito. 
2.7.1.2 Dano 
No entendimento de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, o dano é 
“requisito indispensável para a configuração de qualquer espécie de Responsabilidade 
(contratual ou extracontratual, objetiva ou subjetiva)” 88. 
Para Cavalieri Filho a conceituação de dano é a seguinte: 
Conceitua-se, então, o dano como sendo a subtração ou diminuição de um 
bem jurídico, qualquer que seja a sua natureza, quer se trate de um bem 
patrimonial, quer se trate de um bem integrante da própria personalidade da 
vítima, como a sua honra, a imagem, a liberdade etc. Em suma, dano é lesão 
de um bem jurídico, tanto patrimonial como moral, vindo daí a conhecida 
divisão do dano em patrimonial e moral 89. 
Sendo assim, dano não passa de um prejuízo causado pelo agente. Passa-se agora, a 
expor a definição da Responsabilidade Civil Contratual e da Responsabilidade Civil 
Extracontratual. 
2.8 DA RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL 
É de caráter fundamental diferenciar a Responsabilidade Civil Contratual da 
Extracontratual, sendo que na primeira, Rogério Marrone Sampaio destaca que “[...] o dever 
 
86 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil, p. 46. 
87 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 86. 
88 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 35. 
89 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de responsabilidade civil, p. 71. 
32 
de indenizar os prejuízos decore do descumprimento de uma obrigação contratualmente 
prevista” 90. 
Na Extracontratual, Fernando Noronha entende que é de suma importância ressaltar 
que essa Responsabilidade “[...] não é simplesmente aquela que fica para além dos contratos, 
ela é bem mais importante, é o regime-regra da responsabilidade civil” 91. 
Sílvio de Salvo Venosa observa que “[...] nem sempre resta muito clara a existência de 
um contrato ou de um negócio, porque tanto a responsabilidade contratual como a 
extracontratual com freqüência se interpenetram e ontologicamente não são distintas” 92. 
Maria Helena Diniz entende que a Responsabilidade Contratual: 
[...] se atribui descumprimento ou má prestação de uma atividade à qual 
alguém estava obrigado em virtude de liame contratual e esse 
inadimplemento visava, diretamente, a satisfazer um interesse 
extracontratual do credor, o dano será também diretamente não-econômico 
93. 
Já, Rogério Marrone Sampaio, no que diz respeito a Responsabilidade Extracontratual, 
ensina que: 
No tocante à responsabilidade extracontratual ou aquiliana, o dever de 
indenizar os danos causados decorre da prática de um ato ilícito 
propriamente dito (ilícito extracontratual), que se substancia em uma 
conduta humana positiva ou negativa violadora de um dever cuidado 94. 
Sendo assim, na Responsabilidade Extracontratual o dever de indenizar decorre de um 
ato cometido de maneira ilícita pelo agente, podendo ser uma conduta humana positiva ou 
negativa. 
 
90 SAMPAIO, Rogério Marrone de Castro. Direito Civil, Responsabilidade Civil, p. 24. 
91 NORONHA, Fernando. Direito das obrigações. Fundamento do Direito das obrigações, Introdução à 
Responsabilidade Civil, p. 433. 
92 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil, p. 19. 
93 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil/, p. 135. 
94 SAMPAIO, Rogério Marrone de castro. Direito Civil, Responsabilidade Civil, p. 24. 
33 
2.9 A FUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
No entendimento de Maria Helena Diniz, a função da Responsabilidade Civil está 
como sendo uma forma de diminuir o sofrimento causado pelo devedor a vítima, sendo uma 
forma de indenizar quem está na situação de perda. É neste sentido que expõe: 
A obrigação de indenizar, fundada sobre a responsabilidade civil, visa suprir 
a diferença entre a situação do credor, tal como esta se apresenta em 
conseqüência do prejuízo, e a que existiria sem este último fato. A 
indenização é estabelecida em atenção ao dano e à situação do lesado, que 
deverá ser restituído à situação em que estaria se não tivesse ocorrido a ação 
do lesante. De forma que tal indenização será fixada em função da diferença 
entre a situação hipotética entre a situação real do lesado, ou melhor, o dano 
mede-se pela diferença entre a situação existente à data da sentença e a 
situação que, na mesma data, se registraria, se não fora a lesão 95. 
Segundo Roberto Senise Lisboa, “na sociedade pós-moderna, o instituto da 
Responsabilidade Civil possui papel fundamental para a resolução dos conflitos 
intersubjetivos e transindividuais, [...]” 96. 
Ainda, o autor citado acima, continua o seu entendimento, expondo que além desse 
papel fundamental a Responsabilidade Civil possui duas funções: 
Garantir o direito do lesado, prevenindo-se a coletividade de novas 
violações que poderiam eventualmente ser realizadas pelo agente em 
desfavor de terceiros determinados ou não (titulares, portanto, dos interesses 
difusos e coletivos); e servir como sanção civil 97. 
Já, para Rodolfo Pamplona Filho e Pablo Stolze Gagliano, em seus entendimentos a 
Responsabilidade Civil possui três funções que facilmente são visualizadas na reparação civil, 
são elas: a reparação compensatória do dano à vítima, a punitiva do ofensor e a desmotivação 
social da conduta lesiva 98. 
Na reparação compensatória, os autores supracitados ainda colocam que: 
Retornar as coisas ao status quo ante. Repõe-se o bem perdido diretamente 
ou, quando não é mais possível tal circunstância, impõe-se o pagamento de 
 
95 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil, p. 6. 
96 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. Volume 2: obrigações e responsabilidade civil, p. 428. 
97 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. Volume 2: obrigações e responsabilidade civil, p. 428. 
98 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 21. 
34 
um quantum indenizatório, em importância equivalente ao valor do bem 
material ou compensatório do direito não redutível pecuniariamente 99. 
No entanto, a função punitiva, para os autores acima citados, consiste na “[...] 
reposição das cosias ao estado em que se encontravam, mas igualmente relevante esta é a 
idéia de punição do ofensor” 100, já para a função da desmotivação, eles ainda entendem como 
sendo: 
[...] de cunho sócio educativo, que é a de tornar público que condutas 
semelhantes não serão toleradas. Assim, alcança-se, por via indireta, a 
própria sociedade, restabelecendo-se o equilíbrio e a segurança desejada pelo 
direito 101. 
Concluindo a explanação da função da Responsabilidade Civil, Maria Helena Diniz 
trata-a como sendo consubstancial, entendendo ser uma função primordial da 
responsabilidade Civil, uma vez que se faz necessário a indenização, ao prejudicado, do dano 
sofrido 102. 
Após os relatos sobre a Responsabilidade Civil, passa-se ao estudo minucioso do 
Direito do Consumidor para que se possa concluir o presente trabalho respondendo assim ao 
questionamento inicial e verificar quais das hipóteses são cabíveis. 
 
99 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 21. 
100 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 21. 
101 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO. Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume III: 
responsabilidade civil, p. 21. 
102 DINIZ, MariaHelena. Curso de direito civil brasileiro, v. 7: responsabilidade civil. 
 
3 O DIREITO DO CONSUMIDOR
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA – DO LIBERALISMO CONTRATUAL AO 
INTERVENCIONALISMO REPRESENTADO PELO DIREITO DO CONSUMIDOR 
Segundo José Fernando Simão na época da promulgação do Código Francês, no 
século XVIII, significou uma verdadeira revolução, “pois sistematizou de maneira eficaz e 
ampla toda a matéria civil, o que não ocorria desde a Codificação de Justiniano, no século VI, 
em que pese à existência de várias compilações medievais entre as quais se destaca a Lex 
Romana Visigotorum” 103. 
Para Roberto Basilone Leite, naquela época, “as relações de consumo eram singelas e 
modestas: o consumidor final, por via de regra, adquiria as mercadorias diretamente do 
produtor”104 porquanto a margem de vícios e defeitos encontrados nos produtos eram 
mínimas, pois os bens eram manufaturados de forma quase individualizada para cada 
consumidor105. 
No entanto, José Fernando Simão, discorre que: “o liberalismo tornou o contrato o 
mais importante negócio jurídico, conferindo ao princípio do pacta sunt servanda importância 
máxima, desconsiderando as diferenças sociais e econômicas dos contratantes”106. 
Contudo, o autor supracitado ainda esclarece que, a respeito dos contratos 
estabelecidos entre as partes, os contratantes estavam sempre em posição de igualdade, onde 
se respeitava a vontade e à livre discussão de cláusulas do instrumento, pois a relação e os 
contratos eram bem mais simples do que nos dias de hoje 107. 
 
103 SIMÃO, José Fernando. Vícios do produto no novo código civil e no código de defesa do consumidor/ 
José Fernando Simão. – São Paulo: Atlas, 2003, p. 25. 
104 LEITE, Roberto Basilone. Introdução ao direito do consumidor: os direitos do consumidor e a aplicação do 
código de defesa do consumidor. – São Paulo: LTr, 2002, p.25. 
105 LEITE, Roberto Basilone. Introdução ao direito do consumidor: os direitos do consumidor e a aplicação do 
código de defesa do consumidor, p. 25. 
106 SIMÃO, José Fernando. Vícios do produto no novo código civil e no código de defesa do consumidor, 
p. 25. 
107 SIMÃO, José Fernando. Vícios do produto no novo código civil e no código de defesa do consumidor, 
p. 26. 
36 
Porém, em meados do século XIX, com o começo da Revolução Industrial, José 
Fernando Simão, relata em seu contexto que a tão apreciada liberdade de contratar, não 
passava de mera filosofia. Vejamos de que maneira entende o autor do relato acima 
mencionado: 
Na prática, a parte mais forte exercia sua vontade sobre a mais fraca, que era 
simplesmente obrigada a contratar sob pena de ficar sem o bem da vida 
almejado. A liberdade que funcionou satisfatoriamente entre os pares 
burgueses passou a significar forma de opressão quando a relação jurídica 
ocorria entre partes economicamente desiguais 108. 
Sendo assim, o autor acima citado, entende que para disciplinar as relações jurídicas 
“foi necessária a intervenção estatal no direito privado, criando-se, em certos aspectos, 
verdadeiro dirigismo, o que afetou profundamente a noção privatista de contrato” 109. 
José Fernando Simão, ainda discorre que, após um breve relato da evolução histórica 
da relação entre as partes contratante, pode constatar-se que o contrato mudou, pois o mundo 
também mudou, e com isso abandona definitivamente o conceito individual estabelecido no 
século XIX passando a ser elementos nas regras de relações de maneira mais justa, 
principalmente nas relações jurídicas onde existia hipossificiencia de uma das partes 110. 
No entanto, o autor acima citado, conclui e põe fim ao estudo da evolução histórica 
mencionando que nos dias de hoje “a rapidez dos negócios exigiu a transformação das 
relações pessoais e jurídicas e, por isso, o contrato hoje mudou de estilo. Mudou para atender 
às necessidades. É o direito que acompanha a realidade” 111. Assim o Estado Liberal 
transformado em Estado Social passa a intervir nas relações jurídicas em flagrante 
desequilíbrio, como no caso das Relações de Consumo. 
Por fim, após o esclarecimento relatado de como se desdobrou a Relação de Consumo 
entre as partes, passamos estudar o significado da mesma. 
 
108 SIMÃO, José Fernando. Vícios do produto no novo código civil e no código de defesa do consumidor, 
p. 26. 
109 SIMÃO, José Fernando. Vícios do produto no novo código civil e no código de defesa do consumidor, 
p. 26. 
110 SIMÃO, José Fernando. Vícios do produto no novo código civil e no código de defesa do consumidor, 
p. 27. 
111 SIMÃO, José Fernando. Vícios do produto no novo código civil e no código de defesa do consumidor, 
p. 27. 
37 
3.1.1 Consumo 
Francisco Fernandes discorre no Dicionário brasileiro que ‘consumo’ é o “ato de 
consumir; gasto; venda; extração; procura” 112, para complementar esse conceito não se poder 
deixar de mencionar o significado de consumir que o autor também traz como sendo “gastar; 
destruir; corroer; apagar; obliterar; comer; beber [...]” 113. 
Ainda conceituando a palavra consumo, Roberto Basilone Leite relata que essa palavra 
provém do verbo latino consumere, ‘comer, consumir, gastar’, o qual, por sua vez, deriva do 
latim sumere, ‘tomar’, documentada no início do século XVI, de onde resultou o verbo 
português ‘sumir’ 114. No entanto utiliza-se esse modelo para a adaptação para o verbo 
consumir. 
Já, no seu sentido genérico, o autor acima citado, ainda conceitua consumo como 
sendo “todo ato ou processo humano de utilização de bens e serviços econômicos destinados à 
satisfação direta de necessidade ou desejo” 115. 
Após a conceituação de consumo, é de suma importância conceituar mercado, pois é 
através dele que se tem uma Relação de Consumo entre o Fornecedor e o Consumidor e é por 
isso que Roberto Basilone Leite nas palavras de Alvin Toffler define mercado da seguinte 
forma: “mercado é o espaço estratégico que “se situa precisamente na fenda entre o produtor e 
o consumidor”” 116. 
Contudo, ainda, Roberto Basilone Leite segue com seu entendimento lembrando que 
“quando as pessoas consumiam o que produziam, o consumidor confundia-se com o produtor 
e, por isso, não havia mercado. O mercado surge quando a tarefa do consumo se separa da 
produção” 117. 
Por fim, após esclarecer a relação existente entre consumo e mercado passa-se a 
conceituação de relação pra poder entender o significado da expressão Relação de Consumo. 
 
112 FERNANDES, Francisco. LUFT, Celso Pedro; GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário brasileiro Globo. 
113 FERNANDES, Francisco. LUFT, Celso Pedro; GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário brasileiro Globo. 
114 LEITE, Roberto Basilone. Introdução ao direito do consumidor: os direitos do consumidor e a aplicação do 
código de defesa do consumidor, p. 53. 
115 LEITE, Roberto Basilone. Introdução ao direito do consumidor: os direitos do consumidor e a aplicação do 
código de defesa do consumidor, p. 53. 
116 1997 apud LEITE, Roberto Basilone. Introdução ao direito do consumidor: os direitos do consumidor e a 
aplicação do código de defesa do consumidor, p. 53. 
117 LEITE, Roberto Basilone. Introdução ao direito do consumidor: os direitos do consumidor e a aplicação do 
código de defesa do consumidor, p. 53. 
38 
3.1.2 Relação 
O conceito de relação pra Roberto Basilone Leite também vem “do século XVI, 
provém do latim relation, onis, ‘ação de dar em retorno, ato de pagar um favor com outro 
favor’, o qual deriva do verbo latino referre, ‘restituir, repor, trazer de novo, reproduzir, 
repetir’” 118. 
Ainda, sobre relação, o autor acima citado, entende que ela pode ser entre os homens, 
através de sua convivência social, podendo ser chamada de relações sociais. Contudo 
menciona o entendimento do jurista San Tiago Dantas, que explica que as relações podem ser

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