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Orientação Profissional, Mercado de Trabalho e Ética Treinamento, desenvolvimento e educação Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Marcelo Marcondes de Mello Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos 5 A unidade está organizada de forma a evidenciar e discutir sobre que há de mais atual nas atividades que envolvem o relacionamento do profissional de mercado com as atividades de treinamento e desenvolvimento e os devidos impactos disso sobre o sistema corporativo. Há algum tempo, a preocupação com treinamento e desenvolvimento de recursos humanos era restrita às grandes empresas que já tinham a visão de que se tratava de assunto corporativo muito importante já que sempre soubemos que empresas são essencialmente pessoas e não é possível fugir desta realidade por mais que alguns segmentos acreditem que a tecnologia, seu progresso e expansão tenham diminuído substancialmente a preocupação com treinamentos, capacitações e os respectivos impactos que isso provoca nas empresas. Como não considerar importantes os assuntos que abordam os Recursos Humanos e sua capacitação? E os impactos que provocam podem ser mensurados? Trazem vantagens competitivas para as empresas? Assim, mãos à obra para estudar e entender os novos tempos quando se trata de treinamento e capacitação de nossos recursos humanos. Este é o centro de nossa atenção nesta unidade. Estamos organizados neste material para, em princípio, debater as questões de treinamento profissional, colocando os assuntos em voga para entendimento de quanto isso deve ser considerado por gestores modernos como você, que, se ainda não o é, certamente será. Nesta unidade o principal objetivo é identificar os seguintes temas: » Impactos do treinamento » Modelos integrados e tradicionais de avaliação dos treinamentos » Teorias motivacionais e valor instrumental dos treinamentos Treinamento, desenvolvimento e educação · Programa de treinamento · Determinação das necessidades · Estabelecimento de objetivos · Determinação do conteúdo temático · Determinação da agenda ideal · Avaliação do programa · Impactos · Avaliação em Treinamento - Os quatro níveis de avaliação – visão geral 6 Unidade: Treinamento, desenvolvimento e educação Contextualização A avaliação que fazemos atualmente das nossas oportunidades que podem ocorrer nas empresas onde trabalhamos são quase sempre muito aquém daquelas que sonhamos para nossa carreira. Uma situação que sempre nos ocorre é nunca pensar que precisamos de mais capacitações e treinamentos. Provavelmente isso acontece porque não nos vemos como profissionais ainda incompletos e consequentemente carentes de maiores conhecimentos. Acreditamos que todos precisam de mais treinamentos, mas quase nunca olhamos para nós mesmos. Uma reflexão interessante a fazer: » Seria razoável ter um inventário de dificuldades que poderia balizar os gestores de Recursos Humanos no que se refere ao planejamento de treinamentos e capacitações? » Que impactos a programação e o planejamento poderiam causar nas empresas diante de um quadro de intensa competitividade? Vamos refletir sobre isso? 7 Programa de treinamento O planejamento de um programa de treinamento é uma atividade administrativa como outras da rotina corporativa. Assim como toda atividade administrativa, deve estar baseado no conhecido processo, cujas etapas envolvem: • Planejamento • Organização • Direção • Controle Ao considerar a criação de um programa de treinamento, o gestor deve ter uma preocupação e alguns cuidados com todas as fases que, obrigatoriamente, deve executar. O material desta unidade está baseado no livro de Kirkpatrick (2010), o qual apresenta princípios e premissas básicas para a elaboração de treinamentos, enfatizando a avaliação dos programas de maneira a orientar sua criação, a execução e os respectivos monitoramentos e acompanhamentos que são absolutamente necessários, considerando aquela regra básica de iniciar planejando e terminar controlando. Um programa de treinamento pode ser planejado em dez etapas que garantirão a eficiência da sua implantação, além da eficácia, alcançando os resultados que se esperam, quando se identifica sua necessidade para a empresa. Etapas para a elaboração do programa de treinamento Determinação das necessidades Estabelecimento de objetivos Determinação do conteúdo temático Seleção dos participantes Determinação da agenda ideal Seleção de local apropriado Seleção de instrutores adequados Seleção e preparação de recursos audiovisuais Coordenação do programa Avaliação do programa Fonte: Kirkpatrick (2010). 8 Unidade: Treinamento, desenvolvimento e educação Cada uma das fases da criação do programa de treinamento deve cumprir uma parte relacionada com as funções do processo administrativo. No final, temos a fase de Avaliação do Programa, com sua importância em destaque. Quando se desenvolve o projeto, a primeira coisa que se deve entender claramente são os resultados a serem empregados, produtos e serviços, e o que e como serão avaliados, ou seja, o que realmente importa, viabiliza ou inviabiliza, permite a aceitação ou a rejeição do resultado entregue. O programa de treinamento não é diferente dos outros projetos. Ao final do programa, existem resultados a ser alcançados que são imediatamente identificados e medidos, e outros que deverão ser avaliados à medida que se consolidam no decorrer do desempenho das atividades pelos participantes do treinamento. Ao elaborar um programa de treinamento, o gestor deve ter os cuidados necessários em cada uma das fases para garantir sua eficácia. Determinação das necessidades A identificação das necessidades de treinamento é o primeiro movimento e passo para a criação de um programa de treinamento que alcance os objetivos da organização, de suas áreas funcionais específicas, ou mesmo de grupos e pessoas. Essas necessidades podem ser identificadas: – por meio das não conformidades nos processos; – pelo baixo desempenho dos recursos humanos; – por dificuldades para cumprimento de metas ou objetivos pelos gerentes; – por apontamentos dos próprios clientes, internos e também os externos. Algumas formas são conhecidas e bastante utilizadas, tais como: • perguntar aos participantes; • perguntar aos superiores hierárquicos dos participantes; • perguntar a outras pessoas que conheçam bem o trabalho e saibam como ele está sendo executado, inclusive subordinados, colegas e clientes; • testar os participantes; • analisar formulários de avaliação de desempenho preenchidos. Os instrumentos a utilizar neste levantamento de dados vão desde entrevistas pessoais até pesquisas com a utilização de questionários, formulários, entre outras ferramentas aplicadas na coleta de informações. Para dar subsídios na identificação de necessidades de treinamento, podem-se utilizar entrevistas para um levantamento detalhado e que envolva poucas fontes pessoais, pois as entrevistas disponibilizam informações mais detalhadas; porém, terminam exigindo mais tempo; • na maioria das vezes, um questionário, ou um formulário, a ser preenchido pelo público- alvo, pode atender à necessidade de um volume maior de informações e fontes consultadas com muito mais eficiência. 9 Através desta avaliação de desempenho, consegue-se verificar quais os graus de alcance das metas e a avaliação do desempenho gerencial, podendo constar em “comentários” ou “observações” os motivos reais de um desempenho desfavorável. Essas são as oportunidades de melhoramentos que só podem ser percebidas por meio das avaliações de desempenho. A decisão de necessidades sobre o que se deve priorizar no programa de treinamento não pode ser tomada de forma individual, mas sim em grupo. O ideal é criar e organizar um comitê consultivo de gerentes que representem diversos departamentos e níveis da organização. Esse grupo tem a figura do facilitador, que é o profissional de treinamento,que demonstra os resultados da pesquisa. O especialista em treinamento ou profissional de treinamento assimila as observações, impressões e opiniões dos participantes, entendendo-as como recomendações e sugestões, cabendo a ele a decisão final. Segundo Kirkpatrick (2010), este é o compartilhamento de propósitos na busca de assertividade na decisão e aplicação dos recursos necessários. Entre eles, citam-se: • ajudar na determinação do conteúdo temático dos programas de treinamento; • informação aos membros do comitê sobre as iniciativas do departamento de treinamento para proporcionar apoio prático; • criação de empatia pelas necessidades, segundo a percepção dos subordinados; • estímulo de apoio aos programas, envolvendo os integrantes do comitê no planejamento. Para a verificação das necessidades de treinamento, indica-se utilizar testes e levantamentos. O melhor formato é a partir de critérios técnicos, ou seja, identificar os conhecimentos, habilidades e atitudes que um ocupante do cargo deveria desenvolver e, como consequência, ocorrer a decisão do conteúdo temático de acordo com isso. Estabelecimento de objetivos Diz um conhecido ditado que “Para quem não tem porto de destino, qualquer vento serve”. A definição dos objetivos é passo importante para a eficácia do programa de treinamento. O objetivo é: 1. o alvo que se quer atingir; 2. a posição estratégica a ser obtida; 3. o propósito a ser satisfeito por uma operação, ou seja, o alvo compartilhado pelos membros de uma empresa/ organização ou equipe de trabalho. A partir da definição das necessidades que se pretende atender pelo Programa de Treinamento, basta definir os objetivos, decisão não tão fácil de tomar. Para o estabelecimento dos objetivos, é preciso obter respostas para os seguintes macros questionamentos: 10 Unidade: Treinamento, desenvolvimento e educação • Quais os resultados que esperamos obter com o Programa de Treinamento? • Isso é mensurável? Poderemos medi-los em termos de produção, qualidade, giro de mercadoria, assiduidade, vendas, lucros e retorno sobre o investimento? • De quais comportamentos necessitamos para atingir os resultados desejados? • Quem deve desenvolver quais comportamentos? • Quais são os conhecimentos, habilidades e atitudes que são essenciais para obter os comportamentos desejados? Com base na identificação de para quem e quais os conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias, o profissional de treinamento passa a ter uma referência para o desenho do conteúdo programático. Em alguns programas, a ampliação dos conhecimentos será suficiente. Em outros, será muito importante o desenvolvimento de novas habilidades, ou o aperfeiçoamento daquelas que já existem. Em alguns, é preciso uma mudança de atitudes. Determinação do conteúdo temático Os objetivos para o programa de treinamento são os que vão orientar a definição dos capítulos, tópicos e subtópicos do conteúdo programático. É absolutamente necessário ter bem definidos os objetivos gerais do programa, que correspondem aos grandes alvos que se pretende alcançar ou aquilo que se pretende entregar para os participantes. Esses objetivos gerais precisam ser desdobrados em objetivos específicos, que viabilizarão a sua consecução durante o programa. Os objetivos específicos correspondem a como realizar os objetivos gerais. Com alguns ajustes, serão transformados nos tópicos e subtópicos do programa de treinamento. Os organizadores, monitores e instrutores devem responder à seguinte indagação: • Que temas deveriam ser apresentados para atender às necessidades e cumprir os objetivos? Seleção dos participantes A seleção daqueles que participarão dos treinamentos deve considerar: a) os objetivos do programa; b) o conteúdo temático; c) o espaço disponível e o tempo, ou os tempos do curso. 11 Os recursos disponíveis podem ser restrições importantes a resolver para a viabilização dos cursos, com os ajustes nas acomodações e distribuição de instrutores disponíveis. Ao selecionar os participantes para um programa de treinamento, deve-se atentar a cada um dos seguintes questionamentos: • A quem o treinamento pode beneficiar? Neste ponto, fazer um levantamento sobre as funções e os cargos que podem ser beneficiados pelo treinamento, quando o treinamento não foi concebido para sanar deficiências identificadas pelas pesquisas de desempenho efetuadas. Mesmo partindo de pesquisas, é possível estender para outros profissionais, um treinamento elaborado para um grupo específico, ou para um departamento em especial. O histórico da formação e as experiências profissionais podem ser úteis na seleção dos participantes, para que se obtenha o máximo de aproveitamento possível. • Que programas são exigidos por lei ou outros regulamentos? Exigências legais não podem ser são questionadas nem consideradas opcionais. Todos envolvidos em áreas que carreguem exigências legais para atuação ou condução dos trabalhos não podem ser negligenciados. Existem exigências sanitárias, relacionadas à segurança, ao meio ambiente, a habilitações profissionais (operação de equipamentos, condução de veículos, resíduos infectocontagiosos, materiais perigosos, substâncias inflamáveis ou tóxicas, entre outros). • O treinamento deve ser voluntário ou compulsório? Há treinamentos que são obrigatórios por capacitar o profissional para atuar no posto de trabalho, além do cumprimento de exigências legais, como explicado anteriormente. Os treinamentos opcionais são os que a empresa oferece para atualização profissional ou tecnológica, ou mesmo para ampliar os horizontes das pessoas aumentando suas oportunidades de promoção ou transferência para outras áreas da empresa. A dificuldade dos cursos não obrigatórios é a insegurança na participação de colaboradores que realmente necessitam fazer o treinamento na opinião da empresa, que nem sempre coincide com a percepção do empregado. Há situações nas quais quem necessita deles não se inscreve, enquanto, por outro lado, pode haver diversos colaboradores que não têm uma necessidade referente ao curso. Uma vez identificadas tais condições, a empresa que investiu e contratou o treinamento para atender a necessidades de profissionais em determinada situação deve tornar a presença obrigatória, pois necessidades coletivas da organização são prioridades. A dificuldade do curso obrigatório é a falta de motivação do colaborador, o que prejudica o aproveitamento e os benefícios funcionais para ele e para a organização. 12 Unidade: Treinamento, desenvolvimento e educação • Os participantes devem ser separados por nível hierárquico ou devemos reunir dois ou mais níveis na mesma equipe? Pode acontecer um constrangimento de ambos os lados. Será que as condições no ambiente do curso serão de liberdade de participação? O subordinado expressará suas opiniões e críticas sabendo que seu chefe está atento, ouvindo o que ele fala? O inverso também é verdadeiro, no que diz respeito às participações do superior hierárquico em relação a seus subordinados. Em muitas situações, o ideal é fazer antes, ou em paralelo, uma versão “gerencial” do treinamento para os superiores hierárquicos, separada da versão destinada aos supervisores ou aos colaboradores da base. Determinação da agenda ideal Para a definição da agenda do programa de treinamento, o profissional de treinamento não pode se basear nas suas necessidades e preferências. Não se pode permitir que os melhores horários para os instrutores ou organizadores do treinamento sejam adotados, restando aos demais envolvidos reprogramarem seus compromissos. A programação deve considerar a necessidade dos stakeholders do treinamento. São as partes interessadas que devem ter as suas necessidades atendidas, inclusive as de datas, carga horária (diária, semanal ou quinzenal) e de horários. A depender do tipo de treinamento e das condições que se apresentam, podem ser identificados pesos diferentes para as necessidadesde cada parte envolvida na decisão. • Seleção de local apropriado A escolha e determinação do local de treinamento são estratégicas e circunstanciais, podendo facilitar a vida dos treinandos e contribuir para a criação de clima motivador e estimulante. Por outro lado, pode ser um fator negativo, criando dificuldades, desconfortos e influenciando decisivamente no insucesso do programa. Fatores Negativos na escolha da localização Espaços pequenos e restritos Instalações desconfortáveis: poltronas, cadeiras, sanitários etc. Salas sem proteção contra ruídos, luz natural e outras fontes de distração Convívio com transtornos ambientais diversos Longas distâncias entre o local de trabalho e o local de treinamento Temperatura ambiente não adequada. Ambientes não climatizados Atendimento e serviços disponíveis ao treinando: Coffe break, almoço, estacionamento, esclarecimento de dúvidas etc. Fonte: Kirkpatrick (2010). 13 Avaliação do programa Aquilo que foi planejado exige controle antes, durante e depois. O controle é o processo que assegura a realização dos objetivos e a necessidade de modificá-los. Ele mantém as atividades dentro do curso normal, previamente estabelecido. Necessita da definição de padrões, do acompanhamento dos resultados, da comparação destes com os padrões estabelecidos e das ações de correção ou de reforço do que deu certo. A avaliação do treinamento é o instrumento que vai conferir se tudo que foi realizado no planejamento, na organização, na direção e na execução do programa de treinamento funcionou, ou até mesmo o quanto funcionou e atendeu às necessidades detectadas, que foi o princípio de tudo. Motivos para a avaliação Não esqueçamos que as áreas da empresa recebem investimentos e dotação de recursos, decididos pela direção. A destinação desses recursos depende de estudos detalhados, que inclui análises de oportunidades e ameaças, pontos a fortalecer, impactos sociais, funcionais e econômicos financeiros; para estes últimos, faz-se um estudo de viabilidade econômica. Algumas áreas da empresa são consideradas centros de custos, e a de Recursos Humanos está entre elas. Os profissionais de treinamento preocupam-se com a sua credibilidade diante da empresa e, principalmente, com os dirigentes que alocam recursos para essa área, contando com resultados. Embora não seja fácil medir resultados na área de treinamento, é necessário identificar novos e utilizar bem os existentes, para transformá-los em métricas confiáveis, para apresentar à direção. Motivos para avaliar treinamentos Justificativa para a existência e a verba do departamento de treinamento Demonstração das contribuições para as metas e os objetivos da empresa Decisões firmes sobre a continuidade ou não de programas de treinamento Obtenção de informações consistente sobre como melhorar programas de treinamento futuros Aprovações e realocações de verbas para o setor Manutençãodo emprego e cargos no setor de treinamentos Aumento das possibilidades de melhorias no plano de carreira e de promoções Melhoria nas remunerações da divisão Melhorias na qualidade do seu trabalho e da infraestrutura oferecida Aumento da confiabilidade da diretoria e acatamento de suas recomendações Fonte: Kirkpatrick (2010). 14 Unidade: Treinamento, desenvolvimento e educação Impactos Vale aqui destacar os motivos mais impactantes para a área de treinamento. Como sabemos, os recursos disponíveis são sempre escassos e devem ser bem administrados. Administrar recursos significa cortar em uma área para poder reposicionar em outra com mais prioridade no momento. Quando se cortam gastos, a área de Recursos Humanos sempre suporta uma boa parte das reduções, por ser considerada de custo fixo indireto, ou seja, seus resultados são diluídos e não são diretamente relacionados com produção vendas da empresa. As funções de Recursos Humanos: recrutamento, seleção, administração de pessoal, benefícios e treinamento, na visão de muitas empresas são áreas úteis e obrigatórias, exceto treinamento, que é considerada opcional e com impressão de ser um luxo além de supérfluas. Mantida essa área, é o momento de mostrar seu valor, surgindo o segundo grande motivo para avaliar os treinamentos. O programa de treinamento é um investimento da empresa para desenvolver e aperfeiçoar a formação dos colaboradores. Assim sendo, exige controles muito próximos. A forma de controlá-lo é avaliando seu andamento e conferindo seus resultados. O conteúdo do treinamento pode ficar desatualizado, os mais sujeitos a isso são aqueles envolvidos com a tecnologia e novas tendências técnico-operacionais. Todos os programas devem ser avaliados para se decidir se continuarão a ser aplicados ou reciclados, ou abandonados. Vale dizer que, se o custo for maior que os benefícios, o programa deverá ser suspenso ou modificado. Há oito fatores que confirmam as necessidades de aprimoramento: • atendimento das necessidades da empresa e dos participantes, por meio do conteúdo programático; • qualificação do instrutor/facilitador para ministrar o curso; • métodos atualizados e eficazes, capazes de manter o interesse e transmitir os conhecimentos, as habilidades e as atitudes; • instalações suficientes e adequadas; • agenda, datas e horário de acordo com as necessidades dos treinando e instrutores; • recursos de apoio eficazes e direcionados para a melhor comunicação e interesse do público; • planejamento, organização, direção e coordenação do programa; • sistema de melhoria contínua. Avaliação em Treinamento - Os quatro níveis de avaliação – visão geral Existem, segundo Kirkpatrick (2010), níveis de avaliação progressivos para acompanhar processos de avaliação de programas de treinamento e estão na ordem conforme o processo de treinamento e suas etapas. A avaliação deve ser sequencial e sem interrupções sem desconsiderar nenhuma etapa. 15 Niveis de avaliação Níveis Nome do nível 1 Reação 2 Aprendizagem 3 Comportamento 4 Resultados Reação A reação é a avaliação da satisfação das expectativas dos principais clientes/ usuários do treinamento. Ao serem inscritos em um treinamento, interno ou externo, os usuários estão repletos de expectativas em relação ao atendimento, infraestrutura, qualidade dos instrutores, conteúdo programático e instrutor. Nesse nível, o que se pretende compreender é a essência da reação do usuário em relação ao curso. É uma avaliação da satisfação do cliente com o que foi oferecido no programa de treinamento. Quando o treinamento é público e externo, da mesma forma que a modalidade in company, (customizado), ou seja, na personalização de um curso público aberto, em uma versão especial e exclusiva para os funcionários de uma empresa-cliente, o prestador de serviços especializa- se em fornecer excelência nos detalhes e requerimentos que fazem diferença para os usuários. Dessa forma, ao final do curso, todos devem estar plenamente satisfeitos. Essa premissa é levada muito à sério pelos prestadores de serviços na área da Educação Corporativa. Eles sabem que a satisfação dos clientes é uma importante condição a ser considerada pela empresa-cliente para as futuras contratações. Da mesma forma, em um programa de treinamento interno, deverão ser avaliadas e terão um peso importante na avaliação do programa e na determinação de seu sucesso. Isso resulta na continuidade de sua realização, ou do seu insucesso, resultando no fim do programa. É interessante analisar o exemplo de questionário a seguir apresentado: Fonte: Kirkpatrick (2010, p. 58). Avaliação de Programa de Treinamento – Desenvolvimento de Habilidades em Supervisão 1. Descreva a sua Organização A. Tamanho ( ) Menos de 100 funcionários ( ) 100-500 funcionários ( ) 500-1000 funcionários ( ) Mais de 1000 funcionários B. Produtos Fonte: Dos Santos, Livaldo, 2013 (pag.158). 16 Unidade: Treinamento, desenvolvimento e educação ( ) De consumo ( ) Indústrias ( ) Ambos ( ) Outros 2. Descreva a si mesmoA. Cargo ( ) Líder ou Supervisor ( ) Mestre ou Superintendente B. Quantas pessoas você supervisiona? ( ) 0-5 ( ) 06-10 ( ) 11-15 ( ) 16-20 ( ) Mais de 20 C. Quem você supervisiona? ( ) Só Homens ( ) Principalmente homens ( ) Principalmente mulheres ( ) Só mulheres D. Que tipo de funcionário você supervisiona? ( ) Produção sem qualificação ( ) Produção semiqualificados ( ) Produção qualificados ( ) Manutenção ( ) Administrativo E. O quanto o informaram sobre o programa antes de iniciá-lo? ( ) Informações completas ( ) Bastante ( ) Um pouco ( ) Quase nada F. Até que ponto você acha que será capaz de melhorar seu desempenho como supervisor por participar deste programa? ( ) Bastante ( ) Um pouco Fonte: Kirkpatrick (2010, p. 58). 17 Aprendizagem Um resultado palpável do treinamento é o aumento dos conhecimentos e o desenvolvimento de novas habilidades pelos participantes, como resultado dos benefícios adquiridos durante o curso. Conferir se houve aprendizagem como consequência do treinamento e se este produziu mudança na atitude e no comportamento dos treinandos é importante. Há três tipos de quesitos a serem considerados na avaliação: a) Atitude; b) Conhecimento; c) Habilidades. Eficácia de aprendizagem Tipo de mudança Tipo de curso Atitude Programas temáticos sobre diversidade na força de trabalho, cultura, consciência pessoal e social Comportamento Temas sobre liderança, motivação e comunicação Habilidades Os programas técnicos Resultados Devem ser avaliados os resultados dos treinamentos da forma mais eficiente possível. A intenção principal é a prestação de contas para os stakeholders do programa de treinamento. Entre eles, estão os executivos que destinam os recursos para os programas de treinamento e querem ter medidos os resultados quantitativos e financeiros. Essa fase da avaliação é a que alimenta as maiores expectativas em poder transformar em valores monetários os resultados comportamentais, de atitudes e habilidades. Os resultados finais não são totalmente satisfatórios; mas, segundo Kirkpatrick (2010), podem representar aumento da produção, melhora da qualidade, redução de custos, menor frequência e/ou gravidade de acidentes, maiores patamares de vendas, menor rotatividade e por consequência lucros maiores. Os objetivos de um programa de treinamento, sempre que possível, devem ser estabelecidos em termos desses resultados. Apesar da dificuldade, espera-se sempre o ideal: que os resultados tangíveis sejam obtidos e passíveis de demonstração. Avaliação da reação Avaliar a reação é o mesmo que medir a satisfação do cliente. Para que o treinamento seja eficaz, é importante que os treinandos reajam favoravelmente a ele. Se assim não for, não ficarão motivados a aprender. As informações sobre a reação dos usuários devem ser colhidas por meio de processos confiáveis. Essas avaliações contêm as esperanças dos instrutores em obter resultados muito positivo dos clientes em ter seus cursos de treinamento bem avaliados e repetidos (igual ou atualizado) em futuros programas da empresa. Fonte: Kirkpatrick (2010). 18 Unidade: Treinamento, desenvolvimento e educação Diretrizes de avaliação da reação Defina o que você quer saber Crie um formulário que quantifique as reações Incentive comentários e sugestões por escrito Obtenha 100% de reações imediatamente Obtenha respostas sinceras Desenvolva padrões aceitáveis Contraste as reações com os padrões e tome as providências adequadas Comunique as reações, conforme seja apropriado Fonte: Dos Santos, Livaldo, 2013 (pag.164). Avaliação da aprendizagem Essa fase da avaliação tem a intenção de descobrir: • Que conhecimentos foram adquiridos? • Que habilidades foram desenvolvidas ou aprimoradas? • Que atitudes foram modificadas? O principal em identificar a eficácia do aprendizado do programa de treinamento é verificar se serão produzidas mudanças de comportamento entre os participantes. Diretrizes para avaliação da aprendizagem Utilização de um grupo Avaliação de conhecimentos, habilidades e/ou atitudes tanto antes como depois do programa Aplicação de um teste por escrito para medir conhecimento e mudança nas atitudes Aplicação de um teste de desenpenho para medir habilidades Obtenção de 100% de respostas Utilização dos resultados da avaliação para tomar providências adequadas Utilização de um grupo de controle O grupo de observação é formado por aquelas pessoas que, unidas, receberão o treinamento e serão avaliadas em seu desempenho ao final do curso. Para tornar válida essa avaliação de desempenho, uma vez que há outros fatores que podem interferir no desempenho dos colaboradores, elege-se um grupo de pessoas que não participou do treinamento, o qual será avaliado antes e depois do período de treinamento dos outros colaboradores, treinados nos mesmos períodos e sob as mesmas condições que os demais. A comparação dos resultados de desempenho dos dois grupos deve eliminar os efeitos de outros fatores positivos e negativos. Fonte: Dos Santos, Livaldo, 2013 (pag.170). 19 Avaliação de conhecimentos, habilidades e/ou atitudes A segunda premissa é medir os conhecimentos, as habilidades e/ou as atitudes, antes e depois do programa. A diferença indicará qual aprendizado ocorreu. Avaliação do aumento de conhecimento e de mudanças A avaliação do treinamento é importante por duas razões. Primeiro, mensura eficácia do instrutor em aumentar os conhecimentos e/ou mudar as atitudes, além de mostrar o quanto ele é eficaz. Se o que se constata é pouco ou nenhum aprendizado, haverá pouca ou quase nenhuma mudança de comportamento. Avaliação do aumento das habilidades Se o objetivo de um programa for aperfeiçoar as habilidades dos participantes, necessita-se de um teste de desempenho antes e depois do treinamento, para permitir as comparações e análises. Os mesmos princípios e as mesmas técnicas aplicam-se quando se ensinam habilidades técnicas, como, por exemplo, usar um computador, criar formulários ou vender. Obviamente, aplicar testes, antes e depois do treinamento, é desnecessário quando o treinando não tem ou não apresenta qualquer habilidade prévia. Avaliação do comportamento Um dos importantes objetivos de um programa de aprendizado é a mudança e/ou adequação do comportamento dos colaboradores, segundo se espera e se deseja. O principal motivo para a decisão de investimento no programa é conseguir, ao final, uma adequação de comportamentos. Como o tema foi devidamente debatido no decorrer deste material, vamos à parte mais prática. Diretrizes para avaliação do comportamento Se possível, use um grupo de controle Dê tempo para que a mudança de comportamento ocorra Avalie antes e depois do treinamento, se for viável Pesquise e/ou entreviste um ou mais entre os seguintes: treinandos, seu superior imediato, seus subordinados e outros que observem seu comportamento com frequência Obtenha 100% de respostas ou use uma amostragem Repita a avaliação em intervalos apropriados Avalie a relação custo/benefício Tempo para as mudanças ocorrerem Os participantes de um treinamento precisam de um determinado hiato de tempo para: Fonte: Dos Santos, Livaldo, 2013 (pag.170). 20 Unidade: Treinamento, desenvolvimento e educação a) assimilar os novos conhecimentos; b) desenvolver as novas habilidades; c) assumir as novas atitudes propostas. Uma avaliação justa deve acontecer em um tempo razoável (que varia conforme a situação), após a realização do treinamento, ou, ainda melhor, aplicada de maneira periódica para mensurar e acompanhar a evolução do desempenho, em todos os itens que foram pedidos do treinamento. Segundo Kirkpatrick (2010), mesmo que um participante tenha a oportunidade de aplicar em seu dia a dia aquilo que aprendeu, ainda será necessário dar algum tempo a ele para que essa transferência aconteça. Para alguns programas, dois ou três meses após o treinamento é uma sugestão razoável. Avaliação antes e depois do treinamento A segundapremissa é mensurar os conhecimentos, as habilidades e/ou as atitudes, antes e depois do programa de treinamento. A diferença nas avaliações mostrará quanto aprendizado foi possível ministrar. Essa maneira é mais viável em treinamentos internos, em que o planejamento e o controle da execução do treinamento são passíveis de aplicação. Para que esse procedimento produza efeitos é preciso uma clara definição de quais comportamentos pretende-se conseguir após a realização do curso: a) eficácia; b) eficiência; c) comunicação efetiva. Somente é possível avaliar o comportamento após o programa, levando-se em consideração a limitação de tempo, custos e disponibilidades. Depois do treinamento, pode-se fazer uma entrevista ou pesquisa, em que se solicita aos participantes que identifiquem quaisquer mudanças de comportamento que podem ter ocorrido em função do treinamento. 21 Material Complementar EBOLI, Marisa (Org.). Educação corporativa: muitos olhares. São Paulo: Atlas, 2014. · Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522489862. Acesso em: 3 dez 2014. Treinamento e desenvolvimento: reflexões sobre seus métodos. · http://www.rausp.usp.br/busca/artigo.asp?num_artigo=238 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522489862 http://www.rausp.usp.br/busca/artigo.asp?num_artigo=238 22 Unidade: Treinamento, desenvolvimento e educação Referências SANTOS, L. dos.Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo: Sol, 2013. CHIAVENATO, I. Recursos humanos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1995. _______________Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. _______________Recursos humanos: o capital humano das organizações. São Paulo: Atlas, 2006. DUTRA, J. S. Administração de carreiras: uma proposta para repensar a gestão de pessoas. São Paulo: Atlas, 1996. KIRKPATRICK, D. L. Como avaliar programas de treinamento de equipes: os quatro níveis. Rio de Janeiro: Senac, 2010. Quatro níveis de avaliação de treinamento. Disponível em: <http://www.pro-fit-rh.com. br/artigos/artigo_kirkp.html>. Acesso em: 25 Out. 2014. 23 Anotações
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