Buscar

RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Prévia do material em texto

RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL (2º BIMESTRE) 
 - PROFESSOR DALTON BORBA
-NORMA CONSTITUCIONAL-
· É uma norma diferente, suprema, de natureza política e com linguagem principiológica (densidade axiológica interpretativa).
· O legislador cria a lei de acordo com a necessidade da sociedade, de acordo com a demanda.
O autor pós-positivista Ronald Dworkin cria o modelo de regras fundante, onde a norma constitucional deve ser baseada em princípios.
- Quanto ao conteúdo da norma
Na Constituição brasileira, coexistem regras e princípios, sendo estes, grupos de normas constitucionais. 
· REGRA: Descreve fato ou conduta; despida de valor (seniano) e não possui capacidade de permitir ou proibir algo, apenas estabelece conduta.
· PRINCÍPIO: Valoração de conduta; é uma exigência de justiça ou equidade ou alguma outra dimensão de moralidade; Ordem normativa aberta e axiológica; Pode possuir limite ou não (É o que Dworkin conceitualiza por Hard cases).
Os princípios abrem espaço para divergências e conflitos, justamente por possuírem um caráter moral e aberto. As regras não abrem espaço para divergências, pois possuem um conteúdo mais delimitado, claro e preciso. 
O positivismo adota um mecanismo para dar sentido à interpretação extraída da norma, que é o sentido adequado. Nem sempre o sentido da norma vai estar expresso claramente. 
O legislador observa a sociedade e os fatos sociais, e, a partir disso, estabelece um padrão de conduta que resultará num tipo normativo, e assim, se criam as leis. Esse padrão de normalidade gerado pelo fato social, cria o que no Direito se tem por Hipótese de Incidência. 
- Hipótese de Incidência: Há um padrão de normalidade onde existem regras para os casos do fato social que foram padronizados, entretanto, existem casos que não possuem leis para soluciona-los, e, portanto, não são aplicados à hipótese. 
Desta forma, o mecanismo de Subsunção visa resolver os casos concretos que não fazem parte do padrão, de modo a investigar cada caso concreto do tipo normativo e criar a formação de um juízo. 
Quanto à eficácia-
A lei precisa ser expressamente clara e aplicável.
-Compõe a relação jurídica, será aplicada para resolver o conflito de interesses.
TEORIA TRIPARTIDA
(Normas autoaplicáveis e normas Não autoaplicáveis)
1) Autoaplicáveis: não dependem de legislação infraconstitucional anterior para lograrem aplicabilidade (eficácia).
- Preceptivas: normas que exigem uma conduta positiva (permissiva ou obrigatória) 
- proibitivas: normas que exigem uma conduta negativa (proíbem)
2) Não autoaplicáveis: dependem de legislação infraconstitucional para lograrem eficácia. 
- Interpretativas: normas que indicam o sentido, conteúdo de outras.
- Declarativas/ Explicativas: definem o conceito da norma.
- Facultativas/ Permissivas: não impõem conduta comissiva ou omissiva, apenas atribuem uma permissão. 
Eficácia:
-Plena
-Contida
-Limitada
Normas de eficácia plena: são normas autoaplicáveis e irrestringíveis (não se pode restringir o direito).
Normas de eficácia contida: são normas autoaplicáveis, entretanto, podem ser restringidas por lei; A lei regula o exercício do direito; não dependem da regulamentação, apenas podem ser regulamentadas.
Normas de eficácia limitada: são normas que fazem a previsão do direito, mas não logram eficácia, não produzem resultado nenhum salvo se for contemplado por uma lei infraconstitucional que regulamente. Antes que a lei crie o direito, o artigo é tido como mero informativo. 
*QUANDO HÁ CONFLITO ENTRE REGRAS, VALE A VIGÊNCIA (aplica-se a lei que estiver em vigor por cronologia, especialidade ou peso N.S/N.I) 
*QUANDO HÁ CONFLITOS ENTRE PRINCÍPIOS, VALE O VALOR (depende do caso para aplicar o princípio à circunstância necessária).
	REGRA: subsunção
	
Sentido da: 
	PRINCÍPIO: valoração 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS QUE ESTRUTURAM E FUNDAM O ESTADO
Democrático: Princípio segundo o qual a titularidade do poder que se concentra nas mãos do seu povo e é delegado por meio do mandado de representação política às mãos do nosso eleito, cujo poder deve ser exercido em nome do povo e para o povo.
Republicano: Princípio segundo o qual o Estado deve propiciar a alternância do poder de modo a reafirmar a liberdade e a igualdade na gestão pública. Permitir e garantir a alternância do poder por meio do mecanismo das eleições.
Federativo: princípio segundo o qual a constituição deve garantir a harmonia e a efetividade do chamado pacto federativo, impõe mecanismos que asseguram isso, tais como a distribuição harmônica de competências. 
 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS GERAIS
- legalidade;
- igualdade
- devido processo legal 
- inafastabilidade da tutela jurisdicional do Estado 
- princípio da legalidade: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude da lei válida e eficaz”. Se a lei viola a constituição, não sou obrigada a cumprir. (Art. 5º inciso 2º)
- princípio da inafastabilidade: O sistema brasileiro não permite a autotutela, portanto, o Estado não pode se escusar da tutela, deve analisar todas as demandas para a defesa da sociedade. Vedada a autotutela, a única exclusão para a autotutela é a legitima defesa. Portanto, o Estado não pode se negar a julgar casos.
Princípio da Bagatela (insignificância): quando o Estado não pode prestar a tutela, não atende à demanda o suficiente, o juiz pode extinguir a pena.
- princípio da igualdade/isonomia: É um instrumento no qual o direito se vale para conseguir imprimir efetividade na teoria da justiça. Dar tratamento desiguais na medida de suas desigualdades, e tratamentos iguais na medida de suas igualdades. (Art. 5º -caput- todos são iguais perante a lei). 
Formal: igualdade na lei / 	Material: igualdade perante a lei.
-princípio do Devido Processo Legal: ninguém será privado de sua liberdade e de seus bens sem o devido processo legal. Não se pode julgar sem elementos suficientes que apontem a verdade. 
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO 
-princípio da supremacia da CF: A constituição é a norma suprema, ou seja, todo o ordenamento jurídico deve possuir um texto normativo baseado na constituição.
-presunção de constitucionalidade de normas e atos: Se há duplo sentido, mantém-se aquele que está na esteira da constituição. Deve-se partir do pressuposto da constitucionalidade das normas infraconstitucionais, visto que passam por dois controles, sendo estes, a Comissão de Constituição e Justiça e pelo Presidente da República. 
- princípio da interpretação conforme: Quando a lei comportar um sentido dúbio ou duplo, há que se afastar o sentido que macula a norma do vício de inconstitucionalidade, mantendo e afirmando o sentido compatível com a constituição. 
-princípio da unidade da constituição: a Constituição deve primar pela unificação da harmonia da sociedade, deve conformar os valores para evitar conflitos, antagonismos ou antinomias entre suas normas.
-princípio da razoabilidade: Se impõe quando há 2 bens jurídicos protegidos pelo direito e analisa qual princípio é mais adequado para a situação; Se estrutura por três elementos: necessidade, adequação e proporcionalidade.
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL – MÉTODOS
- Métodos que possam coibir a decisão subjetiva do juiz. 
Métodos clássicos: positivistas
- interpretação gramatical, literal, sistemática
- interpretação lógica ou racional
- interpretação teleológica e histórica
- gramatical ou literal: Extração literal do sentido da norma.
- histórica: De acordo com o passar do tempo e a alteração da sociedade, a lei muda e se adequa ao contexto presente.
- lógica ou racional: Leva em conta a compatibilidade ou concordância entre normas constitucionais por meio de raciocínios lógicos. 
- teleológica: Anda no princípio da esteira da razoabilidade, verificando se existe uma proporção entre a finalidade pretendida e os meios empregados visa à finalidade da norma. Aplica-se ou deixa de aplicar conforme o sentido pretendido, porém o meio empregado deve ser legítimo. É um princípio de interpretação e não um fim em si mesmo. 
-sistemática: Nunca analisauma norma de forma isolada, mas sempre no contexto, ou seja, no sistema em que a norma se insere. Faz-nos interpretar a norma dentro da sistemática da lei. 
MÉTODOS AVANÇADOS (indutivo)
- Quando há falta de clareza, cria-se parâmetros para interpretações, que seria a Teoria dos Precedentes. O caso concreto não possui lei, portanto, dá-se sentido ao caso conforme a intepretação e assim, cria-se um padrão de entendimento gerando ciência e segurança jurídica. 
-método tópico problemático (Theodor Viehweg): parte dos casos particulares para a formulação de um conceito geral. Só se pode criar o conceito da norma diante da problemática levantada aplicada ao caso concreto, por meio de uma discussão que se franqueia aos operadores do direito, pensando na justa medida da compreensão daquele dispositivo legal. Interpretação mais conveniente ao problema, ou seja, adequação da norma ao caso concreto. 
método hermenêutico-concretizador (Konrad Hesse): O sentido da norma é extraído circunstancialmente e cria-se assim, elementos de pré-compreensão sobre o caso concreto. 
MÉTODOS DEDUTIVOS
-método científico-espiritual: A solução do caso concreto deve ser feita pela mens legis, ou seja, pelo exercício racional a priori para suprir a demanda.
-método normativo-estruturante: Juízo a priori de investigação. O enunciado da lei não é suficiente para a interpretação adequada e necessária, o bloco de normatividade não é visível (considera-se os elementos de pré-compreensão).
TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Direito fundamental é diferente de Direitos Humanos.
-São essenciais à vida e a dignidade da pessoa humana.
- Direitos fundamentais são positivados em casa Estado, ou seja, são incorporados pelo Estado, são prerrogativas do cidadão.
 Única forma de flexibilização: conflitos entre direitos fundamentais de magnitude igual, relativização. 
Irrenunciável em abstrato: não se pode abrir mão dos direitos fundamentais, em casos específicos pode (quando há conflito entre os direitos). 
Pode-se renunciar de direitos inconcretos (renúncia à questão específica, e não ao direito). 
Os direitos fundamentais surgem como consequência do movimento iluminista, e são uma resposta da sociedade para combater às agressões do Estado.
1ª Dimensão de D.F.: São os chamados direitos da personalidade, ou seja, direito à vida, a dignidade, igualdade, integridade física, propriedade. 
2ª Dimensão de D.F: É o Estado Social incorporado. Buscam proteger os interesses em comum do grupo, ou seja, almeja-se do Estado que se produza bens comuns à sociedade, como saúde, educação, segurança, emprego e etc.
3ª Dimensão de D.F.: São os direitos metaindividuais, que dizem respeito ao bem comum e ao bem individual dos membros da sociedade.
4ª Dimensão de D.F: São os direitos referentes ao direito de informação, de comunicação, da participação ativa do indivíduo ao espaço político e social (plebiscito e referendo). São o direito à democracia, a informação decorrentes da globalização.
5ª Dimensão de D.F: Diz respeito ao direito à paz.
- CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
ABSOLUTOS, IRRENUNCIÁVEIS, INALIENÁVEIS, IMPRESCRITÍVEIS, INTRANSFERÍVEIS.
GARANTIAS FUNDAMENTAIS
- Instrumentos processuais que dão efetividade aos D.F que servem para nos proteger da violação desses direitos.
HABEAS CORPUS: Garante o direito de liberdade (tanto na esfera civil quando na esfera penal). “ Conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. 
Ilegalidade do ato praticado ao contrário do que a lei prescreve; se o ato praticado na esteira da lei, viola o texto constitucional.
Ilegalidade é diferente de abuso do poder
ABUSO DO PODER: é agir por discricionariedade, além do que se pode agir por dentro dos limites do poder.
A polícia, o juiz e o desembargador decidem o Habeas Corpus
MANDADO DE SEGURANÇA
-inciso LXIX
-Violação ou ameaça por ato coator que atinge direito líquido e certo (inquestionável, não contempla prova em sentido contrário) por autoridade pública ou alguém que age na qualidade de uma autorização pública.
- Se couber Habeas Corpus ou Habeas Data, não cabe Mandado de segurança
“Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”. 
 MANDADO DE INJUNÇÃO
“Conceder-se-á mandando de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”; O direito é garantido pela Constituição, mas não está explicado como faz, nessa situação cabe o mandado. 
HABEAS DATA
Ação constitucional; informação aberta; 
Se tiver informação pessoal ou de familiar ascendente falecido arquivada em banco de dados e o acesso for negado, cabe o Habeas Data. 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
Função do Ministério Público para proteger o patrimônio público e social do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. 
Ação Popular: “Qualquer cidadão é parte legitima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.

Continue navegando