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Modelo - Ação com a obrigação de fazer com pedido de antecipação dos efeitos de tutela cc indenização por danos morais

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[Modelo] Ação de Obrigação de Fazer com Pedido de Antecipação dos efeitos da tutela C/C Indenização por Danos Morais
Ação a ser movida contra operadora de saúde, para liberação de internação domiciliar (Home Care).
 [Modelo] Ação de Obrigação de Fazer com Pedido de Antecipação dos efeitos da tutela C/C Indenização por Danos Morais.docx
FAZER DOWNLOAD
FULANA DE TAL, brasileira, casada, aposentada, inscrita no CPF/MF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, portadora da Carteira de Identidade RG nº XXXXXXXXXX, filha de Fulano de tal e de Cicrano, endereço eletrônico XXX, residente e domiciliada na XXXXXX, Salvador-Bahia, CEP: xxxxxxxx, vem, mui respeitosamente perante V. Exa, por meio de seu (s) advogado (s) regularmente constituído (s) através do instrumento de mandato em anexo, propor a presente
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER Com pedido de antecipação dos efeitos da tutela c/c INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
em face de XXXXXXXXXXX., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº XXXXXXXX, podendo ser citada/intimada na filial situada na Av. XXXXXXX, Salvador,BA, CEP: XXXXXX.
( A ) BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
(NCPC, art. 98, caput)
A parte autora não tem condições de arcar com as despesas do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as despesas processuais.
Destarte, a Demandante ora formula pleito de gratuidade da justiça, o que faz por declaração de seu patrono, sob a égide do NCPC, artS. 98, 99, § 4º c/c NCPC, art. 105, in fine, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório acostado.
I. DOS FATOS
A autora é segurada da empresa ora ré há vários anos, desde 27/05/2013, (na realidade foi obrigada a fazer a portabilidade, em função da extinção da antiga XXXXXXX que pediu falência). Impendi ressaltar que sempre arcou pontualmente com suas obrigações, como comprova as últimas faturas em anexo. (Doc. anexo).
Não obstante a conformidade das partes estarem juridicamente vinculadas contratualmente (tudo como mostra a documentação anexa), a XXXXXX recusa-se a fornecer o tratamento domiciliar. O tratamento domiciliar foi solicitado no dia 19 de fevereiro de 2016, mas a XXXXXXXX por meio de atendimento telefônico, onde foram gerados os seguintes números de protocolos (XXXX) e (XXXXXX) recusa-se em ofertar o tratamento domiciliar.
Ressalte-se que a Autora é deficiente auditiva, tem problemas de locomoção, portadora de Artrite Reumatóide em grau avançado, bem como, Vasculite, uma condição rara e grave. Portanto, já sofre bastante com essas doenças e ainda desenvolveu um quadro de Osteomielite. (Resultado por meio da Tomografia Computadorizada em anexo - Doc.anexo).
Outrossim, no dia 1º de outubro de 2015 submeteu-se a uma cirurgia ortopédica para correção de deformidades ósseas. Contudo, a cirurgia não ocorreu conforme o esperado e a autora acabou desenvolvendo abscesso na região dorsal do pé.
Por conta dos problemas gerados na primeira cirurgia, foi obrigada a se submeter a mais duas cirurgias, para retirada de celulite e fístula. Foi feito a retirada do abscesso no dia 24 de dezembro de 2015 no Hospital XXXXXXX. Nesse mesmo hospital foi diagnosticada pela enfermidade conhecida como OSTEOMIELITE, aonde foi tratada sistematicamente, com doses terapêuticas de CLINDAMICINA.
Posteriormente, voltou a sofrer com a infecção que a acomete. Foi aí que no dia 15 de fevereiro de 2016, a Autora fora internada em caráter de urgência no Hospital XXXXXX, com grave quadro de fístula onde também foi feito a retirada de material de síntese, e atualmente encontra-se com quadro de saúde estabilizado e apta para obter alta hospitalar.
Para que a OSTEOMIELITE [1], seja combatida a Autora necessita da liberação do tratamento por meio do Home Care. Atualmente a mesma encontra-se com quadro de saúde estabilizado e apta para obter alta hospitalar, mas não pode obter alta hospitalar enquanto não for autorizada o Home Care em âmbito domiciliar.
Enfim, a Autora necessita com Urgência terminar o tratamento em casa, pois possui a saúde debilitada devido às diversas doenças que a acometem. Necessita fazer uso até o dia 14 de março de 2016 de Levofloxacina (750mg) ao dia, bem como realizar curativos, fazer fisioterapia motora e respiratória e fazer uso de Clexane 40mg ao dia, tudo por meio do sistema Home Care.
Frise-se que a Parte Autora, ganha um salário mínimo de aposentadoria e não poderá ficar sem o tratamento médico necessário, vez que continua em processo de recuperação médica. Portanto, a Parte Autora não tem condições financeiras de arcar com as despesas prescritas. Não resta dúvida, portanto, que tais gastos deveriam ter sido assumidos pelo réu, muito embora o mesmo se omita quanto à solicitação e, portanto, se nega tacitamente a cobrir tais custos.
Assim, a Autora necessita da guarida do Poder Judiciário para que possa ver o seu direito garantido, uma vez que sempre fez o pagamento do plano de saúde e quando necessitou dos seus serviços, não teve a devida cobertura.
II - DO DIREITO
Não resta dúvida de que a saúde é um bem inestimável, devendo, portanto, ser preservada, mormente em face da necessidade do tratamento domiciliar para a preservação da saúde da Autora, conforme recomendação médica e relatórios clínicos acostados aos autos.
O serviço de home-care decorre do caráter emergencial e imprescindível do procedimento para uma melhor qualidade de vida da beneficiária. Além disso, tal serviço se presta para uma maior eficácia do tratamento das doenças que lhe acometem, já que a requerente encontra-se debilitada, motivo que reclama a urgência.
Com efeito, não se pode olvidar que o princípio da dignidade da pessoa humana pode, e deve, diante do caso concreto, se sobrepor a qualquer norma jurídica, seja de natureza legal, seja de natureza contratual, quando restarem ameaçados direitos fundamentais, principalmente aqueles inerentes à saúde e, consequentemente, à vida, essenciais ao exercício dos demais direitos e garantias, assegurados no ordenamento jurídico pátrio.
Não se pode entender a recomendação médica de internação em domicílio (home care) como ato de capricho ou de mera comodidade em favor da paciente e familiares, especialmente quando o grau de comprometimento de sua saúde, por força de doenças crônicas e sequelas terríveis, gerou a necessidade de cuidados diuturnos, necessários e essenciais para assegurar até mesmo a própria sobrevivência da enferma.
A jurisprudência pátria é uníssona em afirmar que:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PLANO DE SAÚDE. INTERNAÇÃO DOMICILIAR. URGÊNCIA NO TRATAMENTO. PACIENTE PORTADOR DE "MAL DE ALZHEIMER". Manutenção da Internação.1.O julgador de primeiro grau decidiu acertadamente, ao reconhecer a urgência da continuidade do serviço de internação domiciliar, determinando à Agravante que prestasse os serviços médico-hospitalares na modalidade "Home Care" 2. A suspensão do tratamento dispensado ao ora Agravado certamente comprometerá ainda mais seu atual quadro clínico, considerando suas precárias condições de saúde, o que configura a premência do serviço de internação domiciliar. 3. Na hipótese de a sentença de mérito não ser favorável ao Agravado, a Agravante poderá cobrar por meio de ação própria os valores despendidos. 4.Recurso conhecido e não provido. (TJDF, 20070020016665agi, Relator Nídia Corrêa Lima, 3ª Turma Cível, julgado em 23/05/2007, DJ 26/06/2007, p. 107).
CONSIDERAÇÕES SOBRE A NEGATIVA DE HOME CARE
A negativa, mesmo respaldada em cláusula contratual, é considerada abusiva, afinal, causa prejuízo excessivo ao consumidor e impede que o contrato atinja sua finalidade, que é proteger a vida do beneficiário. Além disso, é importante ressaltar que o Código de Defesa do Consumidor determina que as regras impostas em contratos de adesão devem ser interpretadas sempre em favor do consumidor.
Se há recomendação médica de tratamento em domicílio para a tentativa de preservação da vida e saúde do paciente, não podem as operadoras e seguradoras de saúde questionar a conduta médica. A decisão acerca do tratamento a ser fornecido cabe apenasao médico e não ao plano de saúde.
Assim, há de se pleitear juridicamente a implantação de tal tratamento, que é medida necessária para a manutenção DIGNA da vida da autora.
DO ATO ILÍCITO PERPRETADO PELA EMPRESA RÉ
Os serviços médicos essenciais à vida não podem ser interrompidos, suspensos ou negados, daí devem ser prestados no domicílio como solicitado, mesmo que não coberto este procedimento em cláusula contratual. Uma vez que a negativa da assistência médica domiciliar constitui nítido abandono à manutenção da vida da Autora.
Na realidade, a atitude do Réu está em total descompasso com o direito e com o entendimento da jurisprudência pátria, vez que está negando garantia e cobertura contratada, e ainda pondo em risco a vida do paciente. Senão, vejamos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PLANO DE SAÚDE. ATENDIMENTO DOMICILIAR. HOME CARE. COBERTURA. Todo e qualquer plano ou seguro de saúde estão submetidos às disposições do código de defesa do consumidor, enquanto relação de consumo através da prestação de serviços médicos. Laudo médico (fl. 30) discorrendo sobre a necessidade de tratamento domiciliar, mormente se considerada a imprevisão quanto ao prazo de duração do tratamento e a probabilidade de infecção nos casos de longa internação hospitalar. Ademais, salienta-se que a internação domiciliar é, também, uma forma de diminuir os custos que a operadora teria em caso de internação hospitalar, sendo, portanto, um tratamento mais vantajoso, tanto é verdade que a própria requerida, em diversas outras demandas, acaba autorizando a internação domiciliar mesmo sem expressa previsão de cobertura no contrato. AGRAVO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70058337064, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luís Augusto Coelho Braga, Julgado em 05/03/2014)
(TJ-RS - AI: 70058337064 RS, Relator: Luís Augusto Coelho Braga, Data de Julgamento: 05/03/2014, Sexta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 17/03/2014) (Grifos nossos).
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. PLANO DE SAÚDE. APLICAÇÃO DO CDC. INTERNAÇÃO DOMICILIAR (HOME CARE). CLÁUSULA QUE NÃO AUTORIZA ATENDIMENTO DOMICILIAR. ABUSIVIDADE. NULIDADE. COBERTURA DEVIDA. 1. A relação jurídica decorrente de contrato de seguro-saúde submete-se às normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor � Súmula 469 do STJ. 2. É nula a cláusula do contrato de seguro-saúde que exclui o tratamento home care, nos termos do inc. IVdo art. 51 do CDC. 3. É vedado ao plano de saúde escolher o procedimento necessário à cura do paciente, mostrando-se injustificada a recusa da operadora, em autorizar o atendimento domiciliar home care, se este é indicado como útil e necessário pelo médico que assiste o beneficiário. 4. Recurso conhecido e desprovido.
(TJ-DF - APC: 20140112012005, Relator: SILVA LEMOS, Data de Julgamento: 09/12/2015, 5ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 29/01/2016 . Pág.: 270). (Grifos nossos)
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO COMINATÓRIA. PLANO DE SAÚDE. RELAÇÃO DE CONSUMO. HOME CARE. CLÁUSULA QUE NÃO AUTORIZA ATENDIMENTO DOMICILIAR. ABUSIVIDADE. NULIDADE. COBERTURA DEVIDA. 1. A exclusão da cobertura de serviços médicos em domicílio (home care) mostra-se abusiva, pois restringe direito fundamental inerente à natureza do contrato (art. 51, § 1º, inc. II, do CDC), a ponto de tornar impraticável a realização de seu objeto, além de colocar em risco a saúde do autor que teve prescrito o atendimento domiciliar como a melhor opção para sua enfermidade. 2. As cláusulas restritivas, que impeçam o restabelecimento da saúde em virtude de doença sofrida, atentam contra a expectativa legítima do consumidor quanto ao plano de saúde contratado. 3. Sobretudo quando estejam em voga direitos fundamentais, cumpre ao Judiciário mitigar a eficácia do princípio da vinculatividade dos contratos (pacta sunt servanda). 4. Apelação não provida.
(TJ-DF - APC: 20140910190389, Relator: CRUZ MACEDO, Data de Julgamento: 30/09/2015, 4ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 23/10/2015 . Pág.: 279) (Grifos Nossos).
Infelizmente, muito embora haja vasta jurisprudência favorável, ainda existe muita resistência dos Planos de Saúde em concederem imediatamente o Home Care logo que prescrito pelo médico, assim, o tempo gasto no processo judicial acaba consumindo aquele tempo que deveria estar sendo aplicado no atendimento domiciliar, e com isso os Convênios Médicos saem na vantagem, pois gastam recursos financeiros com o seu corpo jurídico em suas defesas judiciais e economizam na aplicação do serviço, pois a doença muitas vezes, evolui mais rápido do que as decisões judiciais.
A situação acima transcrita tem fundamentos jurídicos em vários diplomas legais. O direito à saúde, flagrantemente violado pela Ré, resta configurado pela negativa em autorizar o acompanhamento do paciente, conforme prescrito pela médica responsável. Neste sentido, a Constituição Federal de 1988, no caput do seu artigo 6º, assegura o direito a saúde, vejamos:
Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social,a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (grifo nosso).
Sobre o princípio do mínimo existencial nos ensina o doutrinador Ricardo Lobo Torres:
(...) considera como tal não só o reconhecimento de direito subjetivo a determinadas prestações positivas quando haja ameaça à vida, mas também quando as condições de dignidade da pessoa sejam substancialmente afetadas. (TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de Direito Constitucional, Financeiro e Tributário, Rio de Janeiro: Renovar, v. III, p. 141 e 144 apud Silva, Alexandre Vitorino, op. Cit. P. 151).(...).
Ainda, quando se parte para relação de consumo, o Código de Defesa do Consumidor, cujo objetivo é proteger a parte hipossuficiente das relações, bem como a Lei 9.656/98, são os diplomas jurídicos aplicados em relação aos planos de saúde e suas operações.
Deste modo, o Código de Defesa ao Consumidor em seu artigo 51, dispõe:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
Ademais, não há que se falar que o contrato em questão, por ter sido firmado antes da Lei 9.656/98 não se submete aos ditames da referida lei, por se estar diante de relação de consumo de trato sucessivo, prevista no artigo 3º, § 2º, da Lei nº 8.078/90, que impede a incidência de qualquer obrigação considerada abusiva e que coloque o consumidor em desvantagem exagerada, ou seja, incompatível com a boa-fé e a equidade, consoante o artigo 51, IV, sendo nula de pleno direito a cláusula que restringe o direito do consumidor quanto ao tratamento de que necessita.
DO DANO MORAL          
Inicialmente, há de ser ressaltado o que está prescrito na Constituição Federalde 1988:
Art. 5º (...)X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; (...).
Com o advento da Carta Magna de 1988, que inseriu em seu texto a admissibilidade da reparação do dano moral, inúmeras legislações vêm sendo editadas no país, ampliando o leque de opções para a propositura de ações nessa área.
O Código Civil agasalha, da mesma forma, a reparabilidade dos danos morais. O art. 186 trata da reparação do dano causado por ação ou omissão do agente:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito".
Dessa forma, o art. 186 do novo Código define o que é ato ilícito, entretanto, observa-se que não disciplina o dever de indenizar, ou seja, a responsabilidade civil, matéria tratada no art. 927 do mesmo Código. Sendo assim, é previsto como ato ilícito aquele que cause dano exclusivamentemoral. Faça-se constar preluzivo art. 927, caput:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repara-lo.
Ressalte-se que a personalidade do ser humano é formada por um conjunto de valores que compõem o seu patrimônio, podendo ser objeto de lesões, em decorrência de atos ilícitos. A constatação da existência de um patrimônio moral e a necessidade de sua reparação, na hipótese de dano, constituem marco importante no processo evolutivo das civilizações.
Existem circunstâncias em que o ato lesivo afeta a personalidade do indivíduo, sua honra, sua integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas virtudes, enfim, causando-lhe mal-estar ou uma indisposição de natureza espiritual. Sendo assim, a reparação, em tais casos, reside no pagamento de uma soma pecuniária, arbitrada pelo consenso do juiz, que possibilite ao lesado uma satisfação compensatória da sua dor íntima, compensa os dissabores sofridos pela vítima, em virtude da ação ilícita do lesionador.
A personalidade do indivíduo é o repositório de bens ideais que impulsionam o homem ao trabalho e à criatividade. As ofensas a esses bens imateriais redundam em dano extrapatrimonial, suscetível de reparação. Observa-se que as ofensas a esses bens causam sempre no seu titular, aflições, desgostos e mágoas que interferem grandemente no comportamento do indivíduo. E, em decorrência dessas ofensas, o indivíduo, em razão das angústias sofridas, reduz a sua capacidade criativa e produtiva. Nesse caso, além do dano eminentemente moral, ocorre ainda o reflexo no seu patrimônio material.
Assim, todo mal infligido ao estado ideal das pessoas, resultando mal-estar, desgostos, aflições, interrompendo-lhes o equilíbrio psíquico, constitui causa suficiente para a obrigação de reparar o dano moral.
O dinheiro proporciona à vítima uma alegria que pode ser de ordem moral, para que possa, de certa maneira, não apagar a dor, mas mitigá-la, ainda com a consideração de que o ofensor cumpriu pena pela ofensa, sofreu pelo sofrimento que infligiu.
Os artigos 944 e seguintes, especialmente os artigos 949, 950 e 951, estabelecem os parâmetros ou preceituam o modus operandi para se estabelecer o quantum indenizatório, como facilmente se pode inferir:
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.(...).
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
Dessa forma, a indenização pecuniária em razão de dano moral é como um lenitivo que atenua, em parte, as conseqüências do prejuízo sofrido, superando o déficit acarretado pelo dano.
Portanto, não resta dúvida de estar caracterizado o DANO MORAL, eis que a negativa afigura-se ilícita, consoante entendimento reiterado da jurisprudência do Superior Tribunal, que a seguir se transcreve:
“A interpretação da Corte Nacional é no sentido de que a recusa ilegal de cobertura de seguro saúde “agrava a situação de aflição psicológica e de angústia no espírito do segurado, uma vez que ao pedir a autorização da seguradora, já se encontra em condição de dor, de abalo psicológico e com a saúde debilitada” (Resp.986.947 RN, 3ª Turma do STJ, Dje 26.03.2008).
“AGRAVO REGIMENTAL. PLANO DE SAÚDE. CIRURGIA CARDÍACA. IMPLANTE DE MARCAPASSO. RECUSA INDEVIDA DA COBERTURA. DANO MORAL CONFIGURADO.” Em consonância com a jurisprudência pacificada deste Tribunal, a recusa indevida à cobertura médica enseja reparação a título de dano moral, uma vez que agrava a situação de aflição psicológica e de angústia no espírito do segurado, já combalido pela própria doença. Precedentes. Agravo improvido. (AgRg no Resp 978721 / RN, AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2007/0189938-0 Ministro SIDNEI BENETI (1137) – Data do Julgamento: 21/10/2008, DJe 05/11/2008).”
III. DOS PRESSUPOSTOS DA TUTELA ANTECIPADA
Estão presentes no caso desta Ação de Obrigação de Fazer, sem qualquer sombra de dúvida, os pressupostos que autorizam o deferimento da Tutela Antecipada, quais sejam o fumus boni iuris e o periculum in mora.
O fumus boni iuris caracteriza-se no direito de a segurada ter acesso à prestação de serviço por ela contratado, ainda mais estando em dias (ADIMPLENTE) com suas obrigações pecuniárias com a ré.
Já o periculum in mora, está na iminência do direito se perder, no caso a saúde da autora, pois trata-se de pessoa já bastante debilitada, por conta da vasculite e da artrite reumatóide. Este direito está assegurado na Lei Magna em seu art. 6º, e também, os possíveis danos que podem ocorrer com a demora da solução do aludido problema, pois, a doença se não for tratada pode difundir-se pela corrente sanguínea. Por outro lado, o tratamento tem que ser realizado em casa, pois, o tratamento no hospital também transmite riscos para a Autora.
Verifique-se o precedente abaixo elencado, em caso análogo:
AGRAVO INTERNO. PLANO DE SAÚDE. PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE SERVIÇOS HOME CARE. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. DEFERIMENTO. PRESENÇA DA VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES E NECESSIDADE DE URGÊNCIA NA CONCESSÃO DO PROVIMENTO. ART. 273 DO CPC. 1. Os planos ou seguros de saúde estão submetidos às disposições do Código de Defesa do Consumidor, enquanto relação de consumo atinente ao mercado de prestação de serviços médicos. Isto é o que se extrai da interpretação literal do art. 35 da Lei 9.656/98. 2. O objeto do litígio é o reconhecimento da cobertura pretendida, a fim de que seja restabelecido o serviço diário Home Care para o procedimento de higiene e de medicação de membro amputado nos moldes anteriormente prestados pela agravante. 3. No caso em exame, estão presentes os requisitos autorizadores da tutela antecipada concedida, consubstanciado no risco de lesão grave e verossimilhança do direito alegado, não se podendo afastar o direito da parte agravada de discutir acerca da abrangência do seguro contratado, o que atenta ao princípio da função social do contrato. 4. Tutela que visa à proteção da vida, bem jurídico maior a ser garantido, atendimento ao princípio da dignidade humana. 5. Os argumentos trazidos neste recurso não se mostram razoáveis para o fim de reformar a decisão monocrática. Negado provimento ao agravo interno. (Agravo Nº 70027862168, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luiz Lopes do Canto, Julgado em 21/01/2009).
Assim, com fundamento no art. 300 do NCPC, requer a V. Exª seja deferida a antecipação da tutela jurisdicional postulada, initio litis et inaudita altera pars, para determinar a ré autorizar o internamento domiciliar, tudo conforme a solicitação da Infectologista Drª XXXXXX (CRM XXXXX), sendo cominada pena pecuniária em valor não inferior a R$ 2.000,00 (dois mil reais), por dia, em caso de descumprimento.
IV. DOS PEDIDOS
Por toda argumentação e considerando a prova documental que acompanha a presente inicial, que seja a presente ação julgada procedente em sua totalidade, requerendo, assim:
a) Liminarmente, sejam antecipados os efeitos da tutela, inaudita altera pars, para o fim de determinar que o réu proceda de imediato ao atendimento de home care, até o dia 14/03/2016 para que seja aplicado a Levofloxacina 750 mg, com atendimento de fisioterapeuta, e enfermagem diuturna para fazer curativos e aplicação de Clexane 40 mg ao dia. Tudo isso para a recuperação da beneficiária, sob pena de multa diária no valor de R$ 2.000,00(dois mil reais) por dia de atraso no cumprimento da medida;
b) Sejam deferidos os benefícios da Gratuidade da Justiça, vez que, consoante todo o exposto, a Parte Autora arca com diversos gastos substanciais em razão da doença que a acomete e não pode arcar com as despesas processuais sem comprometer ainda mais o seu sustento e de seus familiares;
c) Seja citado o réu para oferecer contestação no prazo de lei;
d) Sejam julgados procedentes todos os pedidos da presente ação para o fim de:
i. confirmar, por sentença, a liminar nos exatos termos em que requerida e deferida por este d. Juízo, fornecendo o tratamento domiciliar (home care) da Autora até o dia 14/03/2016, conforme relatório apresentado pela Drª XXXXXX, médica que acompanha o seu quadro clínico;
ii. ser o réu condenado a indenizar a Autora pelos danos morais sofridos, no valor de 40 (quarenta salários mínimos) tendo em vista a situação periclitante pela qual passa a Autora por culpa única e exclusiva do réu em razão dos gastos não arcados pelo mesmo, com a negativa do atendimento domiciliar;
iii. seja o réu condenado a arcar com todos os valores porventura pagos e comprovados, se a liminar não for deferida de forma imediata;
iv. a atualização dos valores desde o desembolso pela Autora até o seu efetivo pagamento;
v. seja o réu condenado a arcar com as custas processuais e honorários advocatícios em montante nunca inferior a 20% (vinte por cento) sobre o valor total da condenação.
Protesta provar o alegado através de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a ouvida de testemunhas, depoimento pessoal das partes, através de seu representante legal, juntada de novos documentos em prova e contra-prova e tudo o mais que se fizer necessário.
Atribui-se à causa para fins meramente fiscais e processuais o valor de R$ XXXXX (XXXXXX).
À douta e culta apreciação de V. Exª.
Salvador/BA, XX de XX de XXXX.
ADVOGADO (A)
OAB/BA

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