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AO JUIZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINAS – SÃO PAULO Processo nº MARCELO, nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF, endereço domiciliar – Campinas – São Paulo e eletrônico, vem por seu advogado in fine assinado, com endereço profissional e eletrônico, vem propor a presente AÇÃO DE COBRANÇA C/C Ação Indenizatória por Danos Morais em face de, Seguradora Forget Ltda, CNPJ, endereço da sede, pelos motivos de fato e de direito que ora passam a expor: DA GRATUIDADE Inicialmente, requer ao culto julgador a concessão do benefício da gratuidade de justiça, considerando que a situação econômica do demandante, ser hoje precária, não tendo condições para arcar com as custas do feito, sem prejuízo de seu sustento e de sua família, produzindo as respectivas declarações de necessidade e juntando declaração de renda. Destarte, amparado pela Lei 1.060 de 05 de fevereiro de 1950 e os artigos 98 e seguintes do CPC 2015, requer lhe sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita. DO PROCEDIMENTO COMUM: O autor está requerendo uma ação de cobrança das verbas desembolsadas no importe de R$ 45.000,00 que não foram ressarcidas pela parte ré. Ação essa de procedimento comum, rito ordinário e foi solicitado o pedido cumulado de indenização por dano moral. Uma vez que, o desgaste psicológico do autor na fase de convalescença da cirurgia causou-lhe sofrimento, medo e angústia, sentimentos que justificam a reparação moral. ‘’Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015, Código de Processo Civil. Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei. Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução.’’ DA COMPETÊNCIA: CDC - Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990: ‘’Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas: I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor’’ ‘’Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015, Código de Processo Civil: Art. 53. É competente o foro: III - do lugar’’ DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (artigo 319 § 1o DO NCPC/2015) Em atenção ao disposto no artigo 319 VII do CPC, o Autor informa NÃO TER INTERESSE NA REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO / MEDIAÇÃO. DOS FATOS O autor celebrou contrato com a Seguradora Forget Ltda., um contrato padrão denominado ‘’Seguro Saúde’, como mostra em anexo. No ato da celebração, foi informado que teria o DIREITO à COBERTURA médico – hospitalar COMPLETA em caso de cirurgias de qualquer espécie. Dois anos após celebração do contrato, Sr. Marcelo foi diagnosticado com uma GRAVE enfermidade renal, sendo o transplante de rim a ÚNICA solução para sua sobrevivência. Tão logo surgiu um órgão compatível com o Sr. Marcelo, então ele viajou até Jundiaí – São Paulo, uma vez que a Segurada tem sua filiar nesta cidade. Assim que deu entrada no hospital, foi internado imediatamente e submetido ao transplante renal, cujo resultado foi de êxito. Após sua internação, Sr. Marcelo ficou sabendo que suas despesas com a cirurgia, incluindo os gastos hospitalares e os honorários médicos ficaram ao todo no importe de R$ 45.000,00. Surpreso com o valor, o autor entrou em contato com a empresa Ré para solicitar o reembolso no importe de R$ 45.000,00, visto que no momento da assinatura do contrato foi informado seu direito a cobertura médico-hospitalar em caso de cirurgias de qualquer espécie. Esperançoso com o reembolso do valor, Sr. Marcelo foi surpreendido com a NEGATIVA do reembolso das despesas médicas- hospitalares, sustentando que a doença de Marcelo era preexistente à assinatura do contrato e que fora por ele omitida quando da contratação. DO ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR É notório que há uma relação de consumo entre o autor e réu. Pode- se observar na Lei n° 8.078/90 do CDC, A norma que rege a proteção dos direitos do consumidor, define, de forma cristalina, que o consumidor de produtos e serviços deve ser abrigado das condutas abusivas de todo e qualquer fornecedor, nos termos do artigo 3° do referido Código. No presente caso, tem-se de forma nítida a relação consumerista caracterizada, conforme redação do Código de defesa do Consumidor: Lei. 8.078/90 - Art. 2°. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final; Art. 3°. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA O Autor faz jus à inversão do ônus da prova, pois atende aos requisitos do artigo 6°, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, vejamos: Os fatos apresentados pelo demandante estão amparados por documentos comprobatórios anexos à presente peça, portanto transmitem a veracidade do alegado. Com isso, são verossímeis as alegações do Autor, requisito que por si só já autoriza a inversão do ônus da prova, uma vez que o demandante não tinha consciência de sua doença dois anos APÓS a contratação do Seguro de Adesão e ao menos a Seguradora realizou um exame geral clínico no autor na época da contratação do seguro., na forma do inciso VIII, do artigo 6°, do CDC: ‘’VIII – A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.” O Autor figura na parte mais fraca da relação, tanto econômica quanto tecnicamente, ressaltando-se que a Ré é uma empresa de Seguradora de Planos de Saúde, empresa que supostamente tem um poder econômico e experiência em contratos, que vem sonegando ao Autor o direito ao reembolso médico-hospitalar para suprir sua dívida com o hospital. Portanto, é visível o desequilíbrio contratual. Retifico que, o prazo de dois anos, decorrido entre a contratação e o aparecimento da enfermidade, IMPEDE a exclusão da cobertura a doenças preexistentes, conforme o art. 11 da Lei nº 9656/98: ‘’É vedado a exclusão de cobertura ás lesões e doenças preexistentes a data da contratação dos planos ou seguros de que trata esta lei, após VINTE e QUATRO MESES de vigência do aludido instrumento contratual, cabendo à operadora o ônus da prova e a demonstração do conhecimento prévio do consumidor. ‘’ DOS DANOS MORAIS Milita em favor do Autor o disposto nos Arts. 5º, Inciso X e 5º, § 2º, da Constituição da República, a seguir transcritos in verbis: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”; “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios pôr ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Nesse Passo, andou bem o legislador com o advento do Código do Consumidor, instituído pela Lei nº 8.078/90, ao favorecer o consumidor com a inversão do ônus da prova, agasalhando o instituto da responsabilidade objetiva, sabido que na relação de consumo aquele é sempre penalizado com a inserção de cláusulas abusivas nos contratos de adesão celebrados, dentre outros artifícios sorrateiros, fato incontroverso. Nesse diapasão, não há dúvidas de que a conduta adotada pela Ré trouxe não somente preocupações ou meros aborrecimentos, mas efetivo dano moral, eis que atingirama dignidade do Autor, causando-lhe, sem dúvida, toda sorte de vexame e constrangimento, pois, além, da dívida com o hospital, a Empresa ré continua negando o direito do reembolso presente em seu contrato. Angústia e desespero pela incerteza na obtenção do reembolso no importe de R$ 45.000,00, diante da recusa do ressarcimento pela ré, correspondem a uma das mais cruéis das sentenças para ao Autor, condenando-o a mais torturante e degradante ansiedade, e toda sorte de humilhações, presenciadas todos os dias, pouco a pouco, por toda sua família, no seu desejo de ter uma vida normal e saudável, sem preocupações futuras no que diz respeito ao não pagamento das despesas médicas, podendo o hospital negativar seu nome! Deve, portanto, o valor indenizatório ser consentâneo com os fatos e arbitrado com base nos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, sendo certo que a reparação possui caráter punitivo pedagógico. Neste trilhar, entende o Autor que o quantum a ser arbitrado por esse MM. Juízo no montante de R$ 8.500,00 (oito mil e quinhentos reais) de dano moral, mostra-se justo para compor o gravame à honra subjetiva do Autor e sua dignidade, eis que atende aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e mostra-se adequado ao caso concreto. JURISPRUDENCIA 010901-46.2006.8.19.0023 - APELAÇÃO - 1ª Ementa Des(a). CINTIA SANTAREM CARDINALI - Julgamento: 25/07/2018 - VIGÉSIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E MORAL. PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA DE COBERTURA DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO (CARDÍACO) EM CARÁTER DE URGÊNCIA, SOB ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE PERÍODO DE CARÊNCIA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL, CONDENANDO O REEMBOLSO DA QUANTIA PAGA PELO AUTOR E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS NO VALOR DE R$8.000,00 (OITO MIL REAIS). RECURSO DA PARTE RÉ PRETENDENDO A IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS E, SUBSIDIARIAMENTE, A REDUÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO. RECURSO QUE NÃO MERECE PROSPERAR. CARÁTER EMERGENCIAL DO PROCEDIMENTO QUE AFASTA A NECESSIDADE DO CUMPRIMENTO DA CARÊNCIA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 12 DA LEI Nº 9.656/98. CLÁUSULAS LIMITATIVAS OU OBSTATIVAS DAS OBRIGAÇÕES ASSUMIDAS PELAS SEGURADORAS DE SAÚDE QUE DEVEM SER INTERPRETADAS À LUZ DA BOA-FÉ OBJETIVA E DA MANEIRA MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR (ART. 47 DO CDC). RISCO REAL DE AGRAVAMENTO PARA INSUFICIÊNCIA AÓRTICA E MORTE, JUSTIFICANDO A REALIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO CIRÚRGICA, CONFORME CORROBORADO PELA PROVA PERICIAL REALIZADA NO FEITO, CUJA CONCLUSÃO MOSTRA-SE FAVORÁVEL AO AUTOR. NECESSIDADE DO PROCEDIMENTO EVIDENCIADA NOS AUTOS. DANO MORAL CONFIGURADO. VIOLAÇÃO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. PRECEDENTES DESTE E. TRIBUNAL. VERBA COMPENSATÓRIA QUE DEVE SER MANTIDA, POIS BEM DOSADA, ANTE AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO, SENDO OBSERVADOS OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE E OS DEMAIS CRITÉRIOS APONTADOS PELA DOUTRINA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 343 DO TJRJ. PRECEDENTES DESTE EG. TRIBUNAL. DESPROVIMENTO DO RECURSO. Íntegra do Acórdão - Data de Julgamento: 25/07/2018 DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer-se: 1 – Seja deferido o pedido de gratuidade de justiça; 2 – Seja a Ré citada para, querendo, oferecer contestação, no prazo legal, sob pena de confissão e revelia, devendo a diligência ser cumprida em caráter de URGÊNCIA pelo Sr. Oficial de Justiça de plantão, forma do art. 172, § 2º e 173, II do CPC; 3– Seja deferida inversão do ônus da prova, com fulcro no art. 6º, inciso VIII, da Lei 8.078/90, pois ficou clara a verossimilhança da alegação e a impossibilidade do autor em fazer prova negativa de suas alegações; 4- Seja julgada PROCEDENTE em sua totalidade a presente demanda para condenar a ré a: a- Fornecer o ao Autor o reembolso TOTAL devidamente atualizada, acrescida de juros e atualização monetária até a data do efetivo pagamento; Pagamento de indenização a título de danos morais, no valor de R$ 8.500,00 (oito mil e quinhentos reais), diante todo o sofrimento e aflição a que vem sendo submetida o Autor, pela atitude incompreensível da Ré em não ressarcir o valor das despesas médicas; b- Condenar a Ré em custas em honorários sucumbenciais em percentual a ser fixado pelo juízo. 5- A produção de todos os meios de prova em direito admitidas, inclusive as de cunho documental, documental superveniente, pericial, testemunhal e depoimento pessoal do representante a ré. Da o valor da causa em R$ 53.500,00 Nestes termos, peço deferimento. Campinas, data. Advogado OAB
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