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1 2 INTRODUÇÃO Os carboidratos são um grupo diverso de substâncias com propriedades fisiológicas, físicas e químicas características. Como são primordialmente substratos para o metabolismo energético, podem afetar a saciedade, a glicemia, a insulinemia e o metabolismo lipídico. Por meio da fermentação, exercem influência sobre o funcionamento intestinal (frequência e trânsito), o balanço da microbiota residente e o crescimento celular dos colonócitos. Podem, também, ter ação imunorregulatória e influenciar a absorção de cálcio no intestino. Essas propriedades têm implicações sobre a saúde em geral e contribuem particularmente para o controle do peso corporal, do envelhecimento, do diabetes, das doenças cardiovasculares, da densidade mineral óssea, do câncer intestinal, da constipação e da resistência a infecções intestinais. DEFINIÇÃO Carboidratos ou carbonos hidratados são substâncias cuja fórmula empírica é (CH20)n (razão molar de 1:2:1 entre C, H e O); alguns podem conter nitrogênio, fósforo ou enxofre. Quimicamente, os carboidratos são poli-hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas, ou substâncias cuja hidrólise origine tais compostos. CLASSIFICAÇÃO E FUNÇÕES A terminologia e a classificação dos carboidratos têm alguns aspectos complexos, pois a classificação química, mais habitual, fornece uma base prática para determinações de conteúdo e rotulagem, mas não permite uma conversão simples em efeitos nutricionais, já que as classes químicas apresentam uma sobreposição em termos de propriedades fisiológicas e efeitos para a saúde. CLASSIFICAÇÃO DOS CARBOIDRATOS SEGUNDO O GRAU DE POLIMERIZAÇÃO A classificação química dos carboidratos pode ser determinada pelo tamanho da molécula, que é determinado pelo grau de polimerização (GP), pelo tipo de ligação (alfa e não alfa) e pelas características dos monômeros individuais. O enfoque químico é necessário para dar coerência e precisão para as determinações de teores e para a rotulagem, e para formar a base para o entendimento dos efeitos fisiológicos desse macro nutriente. Há três grandes classes de carboidratos: açúcares, oligossacarídeos e polissacarídeos. A palavra sacarídeo é derivada do grego sakcharon, que significa açúcar. Utiliza-se a palavra açúcares para identificar os carboidratos mais simples -mono e dissacarídeos- também denominados de açúcares solúveis. Essa classificação, bem como seus principais componentes, pode ser verificados no Quadro 2.1. 3 Monossacarídeos Os monossacarídeos são os carboidratos mais simples: aldeídos ou cetonas com dois ou mais grupos hidroxila. São estruturas que podem ter de três a sete carbonos. Os monossacarídeos de quatro ou mais carbonos tendem a apresentar estruturas cíclicas. A glicose, o monossacarídeo mais abundante na natureza, tem seis carbonos e cinco grupos hidroxila. Na Figura 2.1, podem-se verificar as estruturas lineares e cíclicas de alguns dos principais monossacarídeos: três carbonos = gliceraldeído; quatro carbonos = eritrose; cinco carbonos = ribose; seis carbonos = glicose, galactose e frutose. Os monossacarídeos são sólidos cristalinos, incolores, solúveis em água, mas insolúveis em solventes não polares. A maioria tem sabor doce. A estrutura dos monossacarídeos é uma 4 cadeia linear de carbonos, unidos por ligações simples entre si, e ligados a hidrogênios e grupos hidroxila (OH). Um dos carbonos forma um grupo carbonila, ou seja, um carbono ligado por dupla ligação a uma molécula de oxigênio; se essa ligação está localizada na ponta da cadeia e o grupo carbonila também está ligado a uma molécula de hidrogênio, tem-se uma aldose; se a carbonila está em outra posição da cadeia, então tem-se uma cetose, como pode ser verificado na Figura 2.2; esse é o carbono anomérico. O arranjo estereoquírnico das estruturas moleculares em três dimensões demonstra que moléculas com as mesmas ligações químicas podem ter diferentes configurações espaciais, os estereoisômeros. As interações e as reações entre biomoléculas são invariavelmente estereoespecíficas, requerendo configurações específicas. Os monossacarídeos têm carbonos assimétricos. Um átomo de carbono que tem quatro moléculas diferentes ligadas a si é chamado de assimétrico, ou também de carbono quiral, ou ainda, de centro quiral (do grego chiros, que significa mão), o que faz com que haja estereoisômeros. Quando uma molécula é imagem do espelho de outra, é chamada de enantiômero e, quando não o é, é chamada de diastereoisômero. Por convenção, um enantiômero é chamado de isômero D e um diastereoisômero, de isômero L, como pode ser verificado na Figura 2.2. Os enantiômeros têm propriedades químicas praticamente idênticas, mas diferem em uma propriedade física característica: sua interação com a luz polarizada. Em soluções separadas, cada enantiômero reflete a luz polarizada em uma direção diferente e em solução equimolar de dois enantiômeros, também conhecida como mistura racêmica, não há rotação óptica. Compostos que não possuem centros quirais também não rodam o plano da luz polarizada. Os monossacarídeos que são biologicamente importantes apresentam sempre a configuração D, ou seja, tem a hidroxila do carbono assimétrico mais distante do carbono 1 à direita, no plano, em posição idêntica à do D-gliceraldeído, que é a triase mais simples. Para simplificar as estruturas dos monossacarídeos (aldoses e cetoses), elas são demonstradas como estruturas lineares. Entretanto, todos os monossacarídeos com cinco ou mais carbonos formam estruturas cíclicas (anéis) em solução aquosa. O grupo carbonila forma uma ligação covalente com o oxigênio de um grupo hidroxila ao longo da cadeia. Na Figura 2.3, 5 pode-se observar a formação da estrutura cíclica da glicose, em que o grupo hidroxila do C5 (carbono na posição cinco) reage com o Cl (carbono da posição um), sendo que o C6 fica de fora do anel, formando um carbono assimétrico e gerando dois estereoisômeros, alfa e beta. A designação alfa indica que o grupo hidroxila do carbono anomérico, em uma projeção, está do mesmo lado que a hidroxila ligada ao centro quiral mais distante, e a configuração beta indica que esses grupos hidroxila estão em lados opostos. Esses compostos em anéis de seis componentes são chamados de piranoses, e os nomes sistemáticos para os dois anéis formados a partir de D-glicose são alfa-D-glicopiranose e beta-D-glicopiranose. Dissacarídeos Os dissacarídeos possuem duas unidades de monossacarídeos. Na Figura 2.4 estão demonstradas as estruturas dos principais dissacarídeos: sacarose, formada a partir de glicose e frutose; lactose, formada a partir de galactose e glicose; e maltose, formada a partir de duas unidades de glicose. Os dois monossacarídeos que compõem um dissacarídeo estão unidos covalentemente por uma ligação glicosídica, que é formada quando o grupo hidroxila de um monossacarídeo reage com a hidroxila de outro monossacarídeo, pela exclusão de uma molécula de água. Oligossacarídeos Os oligossacarídeos consistem em cadeias curtas de unidades de monossacarídeos ou resíduos unidos por ligações glicosídicas. Nas células, a maioria dos oligossacarídeos formados por três ou mais unidades não ocorre de maneira livre, mas ligada a lipídios ou proteínas. Os oligossacarídeos podem ser divididos em malto-oligossacarídeos (alfa glucanos), produzidos principalmente por hidrólise parcial do amido, e oligossacarídeos não alfaglucanos, tais como rafinose e estaquiose (alfagalactosídeos); fruto-oligossacarídeos (GP menor que dez, formados por unidades monoméricas de frutose), também conhecidos como fruto-oligossacarídeos (FOS) e galacto-oligossacarídeos. Polissacarídeos 6 Os polissacarídeos são polímeros que contém maisde 20 unidades, podendo variar de centenas ou até milhares de unidades. Os polissacarídeos, também chamados de glucanos, diferem um do outro em relação à identidade das unidades de monossacarídeo que os formam, ao comprimento da cadeia, aos tipos de ligação entre as unidades e ao grau de ramificação das cadeias. O tipo de ligação glicosídica é definido pelos carbonos envolvidos (indicados por numeração sequencial) e pelas configurações de suas hidroxilas, podendo ser do tipo alfa ou beta. As enzimas digestivas humanas são capazes de hidrolisar somente as ligações do tipo alfa. Existem dois tipos de polissacarídeos: • Homopolissacarídeos: Uma molécula composta por monômeros da mesma espécie. Exemplo: celulose, composta por unidades de glicose. • Heteropolissacarídeos: Uma molécula de carboidrato composta por diferentes tipos de monossacarídeos. Exemplo: peptidoglicano. Homopolissacarídeos Os homopolissacarídeos contêm apenas um tipo de monossacarídeo. Alguns servem como forma de estocagem dos monossacarídeos, que são utilizados como fonte de energia. O amido é o homopolissacarídeo mais importante para a estocagem de energia nas células de plantas, e o glicogênio, nas células de animais. Outros homopolissacarídeos, como a celulose e a quitina, têm função estrutural e de sustentação nas paredes das células e nos exoesqueletos de animais. O amido é composto por dois homopolímeros de glicose: amilose e amilopectina. A amilose é composta por moléculas de alfa-D-glicose ligadas linearmente (ligações alfa-1,4) e a https://www.infoescola.com/compostos-quimicos/celulose/ https://www.infoescola.com/bioquimica/glicose/ 7 amilopectina, por ligações lineares (alfa-1,4) e ramificadas (alfa-1,6). As plantas apresentam ambos os tipos de amido na forma de grânulos insolúveis e semicristalinos, além de proporções de amilopectina e amilose características, conforme a origem botânica (Quadro 2.2). O amido é insolúvel em água fria, mas pode sofrer mudanças significativas e irreversíveis sob aquecimento, em um processo conhecido por gelatinização. A celulose também é um polímero de glicose de origem vegetal, em que as moléculas de glicose estão unidas em ligações glicosídicas entre o carbono 1 (na configuração beta) e 4, ligações do tipo beta-1,4, sem ramificações, como pode ser visto na Figura 2.5. Em contraste, na amilose, as moléculas de glicose estão ligadas em alfa-1,4. As ligações beta-1,4 não são hidrolisadas pelas alfa-amilases existentes no trato gastrintestinal humano, mas, sim, pela celulase, que pode ser secretada por bactérias, fungos e outros protistas, alguns dos quais agem simbioticamente no estômago de ruminantes. A celulose, composto insolúvel em água, é encontrada nas paredes celulares de plantas. 8 Nos seres humanos e nos animais, a glicose é armazenada no fígado e nos músculos sob a forma de glicogênio. Este é um polímero de glicose com ligações lineares (alfa-1,4) e ramificadas (alfa-1,6), sendo mais ramificado que a amilopectina. A quitina é um homopolissacarídeo composto por moléculas de n-acetilglicosamina em ligações do tipo beta- 1,4. A única diferença química da quitina com a celulose é a substituição da hidroxila do C2 por um grupo aminoacetilado, como pode ser visto na Figura 2.5. A quitina é o principal componente do exoesqueleto dos artrópodes (insetos, caranguejos, lagostas, camarões, por exemplo) e, tal qual a celulose, não pode ser digerida por vertebrados. Os principais componentes da fibra alimentar estão apresentados no Quadro 2.3. Heteropolissacarídeos Os heteropolissacarídeos contêm dois ou mais tipos de monossacarídeos. O suporte extracelular de organismos de todos os reinos é dado por esses heteropolissacarídeos, como os peptideoglicanos que compõem a camada rígida da parede celular bacteriana. O componente rígido da parede celular de bactérias é constituído por peptideoglicanos, que são heteropolímeros formados pela ligação beta 1,4 entre n-acetilglicosaminas e ácido n- acetilmurâmico. Esses polímeros se alinham lado a lado na parede celular, intercalados por pequenos peptídeos, sendo que a estrutura final é característica de cada espécie de bactéria e confere proteção à célula, prevenindo a entrada osmótica de água. A enzima lisozima, presente na gema de ovos e nas lágrimas, tem capacidade de quebrar essas ligações beta-1,4, o que a caracteriza como um agente antibacteriano natural. 9 Em algumas espécies de algas marinhas vermelhas, as paredes celulares contêm ágar, que é uma mistura de heteropolissacarídeos compostos por D-galactose e derivados de L- galactose ligados entre as posições C3 e C6. O ágar é uma mistura complexa de polissacarídeos, todos com o mesmo esqueleto estrutural, mas substituído em vários locais por moléculas de sulfato e piruvato. FONTES DE CARBOIDRATOS O principal tipo de carboidrato encontrado nos alimentos é o amido (aproximadamente 60% dos carboidratos totais), seguido por dissacarídeos, sacarose (30%) e lactose (10%). Os principais alimentos fontes de amido são arroz, inhame, mandioca, milho, trigo, batata e feijão. A cana-de-açúcar, a beterraba e o abacaxi são fontes de sacarose, e o leite é a principal fonte de lactose. A maltose, o dissacarídeo menos abundante, derivada do amido, é encontrada em trigo e cevada germinados. A trealose é encontrada em leveduras, fungos (cogumelos) e em pequenas quantidades no pão e no mel. A glicose e a frutose livres são encontradas no mel e em frutas. Os polióis, tais como o sorbitol, são alcoóis de glicose e outros açúcares. São encontrados de modo natural em algumas frutas e produzidos comercialmente com a utilização da enzima aldose redutase para converter o grupo aldeído da molécula de glicose em álcool. O sorbitol é utilizado como um substituto de sacarose na alimentação de indivíduos diabéticos. Os componentes da FA e suas principais fontes estão apresentadas no Quadro 2.1 . DIGESTÃO, ABSORÇÃO, TRANSPORTE E METABOLISMO O entendimento sobre o local, a velocidade e a extensão da digestão e a absorção dos carboidratos no intestino é importante para compreender a participação desse grupo de substâncias quimicamente similares e seus metabólitos no organismo. Digestão Ao se abordar o processo digestivo dos carboidratos, costuma-se enfatizar a hidrólise do amido, uma vez que é o tipo de carboidrato mais abundante nos alimentos. A digestão enzimática do amido começa na boca. Durante a refeição, o contato entre o alimento e a mucosa que reveste a cavidade oral estimula a secreção de alfa-amilase salivar. Em razão da permanência reduzida do alimento na boca, essa fase da digestão tem pouca importância, sendo que o mais importante é a quebra mecânica do alimento e a hidratação com saliva, mas a alfa- amilase salivar é normalmente inativada pelo pH estomacal ácido. Entretanto, ao chegarem ao estômago, o amido e as proteínas da refeição podem tamponar a acidez gástrica (pH maior que 4,0), permitindo a continuação da ação da amilase salivar. Quando o amido atinge o duodeno (pH aproximadamente 7 ,O), por causa da ação de neutralização do bicarbonato, entra em contato com a amilase, liberada pelo pâncreas. A alfa-amilase pancreática tem pH ótimo de atuação em 7,0, hidrolisa as ligações glicosídicas alfa-1,4 do amido e não é capaz de atacar ligações do tipo alfa-1,6, além de ter baixa afinidade por ligações alfa-1,4 adjacentes às ramificações. O produto da digestão é a dextrina limite (em média, com oito unidades 10 monoméricas de glicose, com uma ou mais ligações alfa -1, 6) . As dextrinas limites sofrem clivagem pela ação enzimática da glicoamilase (dextrinase alfa-limite) que, sequencialmente, remove uma única unidade de glicose da extremidade não redutora de um oligossacarídeo alfa- 1,4. A maltose e a maltotriose são degradadas em glicose livre por dissacaridases, secretadase presentes na borda em escova; em seguida, essa glicose é transportada para os enterócitos e através deles pelos transportadores especializados. Os dissacarídeos são digeridos em suas unidades de monossacarídeos, ao alcançarem a parede do intestino delgado, pelas enzimas especializadas da borda em escova (microvilosidades) dos enterócitos: a maltase age sobre a maltose, produzindo duas moléculas de glicose; a sacarase age sobre a sacarose para produzir glicose e frutose; a lactase age sobre a lactose para produzir glicose e galactose (Quadro 2.5). Os componentes da FA são alguns carboidratos que escapam da digestão e não são absorvidos (descritos no Quadro 2.1). Fermentação Os componentes da alimentação que não são digeridos por enzimas gastrintestinais e nem absorvidos no intestino delgado chegam intactos ao intestino grosso, onde podem ser degradados pela microbiota ali presente. Esse processo é denominado fermentação colônica, e consiste na degradação anaeróbia dos substratos, principalmente carboidratos. Os principais substratos de fermentação para a microbiota colônica são alguns componentes da FA, como os frutanos, a pectina, o amido resistente e outros compostos associados, tais como os polifenóis, que podem ser identificados como carboidratos não disponíveis. A fermentabilidade reflete a extensão da degradação do substrato pela microbiota colônica, e a alta fermentabilidade do substrato, em geral, significa uma alta produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). A fermentação colônica pode ser proteolítica ou sacarolítica. A fermentação proteolítica produz os ácidos graxos de cadeia ramificada, em especial o isobutírico, o 2-metil-butírico e o isovalérico. Os principais produtos finais da fermentação sacarolítica são os AGCC, principalmente o acetato, o propionato e o butirato. Esses AGCC contribuem para as necessidades energéticas diárias do hospedeiro e estimulam o fluxo sanguíneo do cólon, bem como a utilização de fluidos e eletrólitos. A microbiota colônica pode variar conforme diversas condições do hospedeiro, desde o nascimento. No adulto, a microbiota é influenciada por fatores como alimentação, código genético, meio em que o indivíduo vive, uso de antibióticos, estresse, infecções, idade, clima, trânsito intestinal e doenças em outros órgãos, como o fígado ou os rins. O microssistema da microbiota intestinal é composto de microrganismos benéficos, patogênicos e neutros, sendo que 90% são microrganismos anaeróbicos, bacteroides e bifidobactérias. As bifidobactérias produzem vitaminas B 1 , B 2 , B 6 , B 12 , ácido nicotínico, ácido fólico e biotina. Além disso, têm efeito protetor sobre o fígado ao evitar o predomínio de 11 organismos patogênicos, produtores de substâncias tóxicas. Dessa forma, há menor demanda do fígado para purificar as substâncias absorvidas pelo intestino delgado. No intestino grosso, as bifidobactérias fermentam os carboidratos que não foram digeridos no intestino delgado, formando gases (hidrogênio, dióxido de carbono, oxigênio, amônia, metano) e produzindo ácido lático e AGCC. Os AGCC também são conhecidos como ácidos graxos voláteis, e os principais são acetato (ácido carboxi1ico de dois carbonos), propionato (de três carbonos) e butirato (de quatro carbonos), que são absorvidos pelas células epiteliais do intestino grosso (colonócitos). Os AGCC são essenciais para o bom funcionamento do intestino grosso; o butirato é utilizado como fonte de energia pelos colonócitos e apenas pequena parte vai para a corrente sanguínea; o propionato entra pela veia porta e é quase inteiramente absorvido pelo fígado para reações de oxidação; o acetato entra na corrente sanguínea e pode ser convertido em acetil-CoA no fígado e em outros tecidos, também servindo de precursor para a lipogênese ou como um substrato para oxidação. O pH normal do cólon humano varia de 5,5 a 7,5 e 50% dos AGCC se encontram na forma dissociada. Alguns efeitos dos AGCC talvez sejam decorrentes mais da diminuição do pH na região do cólon e do reto do que de alguma ação de um AGCC específico. Em pH 6,0, os ácidos biliares encontram-se protonados e insolúveis, não sendo, assim, absorvidos pelos colonócitos; em pH ainda menor, ocorre a inibição da conversão de ácidos biliares primários a secundários por bactérias, diminuindo, dessa maneira, seu potencial carcinogênico. A redução do pH resultante da fermentação pode ser o fator responsável pela redução do risco de colonização por bactérias patogênicas sensíveis a ácidos. Um meio mais ácido também pode limitar a absorção de compostos tóxicos, como as aminas mutagênicas, pelo aumento de sua ionização. O aumento da massa bacteriana e dos AGCC traz benefícios para o organismo e se relaciona com a etiologia e o menor risco de diferentes doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares e câncer de cólon. Absorção Há duas famílias de transportadores de monossacarídeos do lúmen intestinal até a circulação. Uma das famílias é a dos transportadores ativos de glicose (cotransporte de sódio e glicose), ou seja, que movem a glicose contra um gradiente de concentração, e a outra é a dos transportadores passivos de glicose (transportadores de glicose - GLUT). A expressão desses transportadores é específica de cada tecido, e suas propriedades fazem parte da regulação do metabolismo da glicose naquele determinado tecido, a saber: • Cotransporte de sódio e glicose (sodium glucose transporters 1 and 2 - SGLTl e 2): transportadores expressos nas células epiteliais da membrana apical. Os rins e o intestino são os dois principais órgãos com função específica de transporte de monossacarídeos de suas células para a corrente sanguínea, utilizando o SGLTl e o SGLT2 (específico dos rins). Nos rins, as células do túbulo proximal captam a glicose do filtrado glomerular, levando-a de volta para o sangue, e no intestino captam monossacarídeos provenientes da digestão. O SGLTl transporta glicose e galactose em quantidades equimolares de sódio, contra gradiente de concentração da glicose, e com gasto de energia (transporte ativo). Depois desse processo, a glicose passa a ser transportada pela membrana basolateral por difusão facilitada, utilizando os GLUT. • Difusão facilitada: realizada com aUXI1io de uma família de transportadores conhecidos como GLUT. Os GLUT são proteínas de membrana encontradas em todas as células, capazes de transportar a glicose a favor de seu gradiente de concentração. A energia para a 12 transferência é obtida por meio da dissipação da diferença de concentração da glicose. Em humanos, já foram identificadas 12 diferentes GLUT, sendo que há cinco principais (GLUT 1 a GLUT 5), que foram numerados conforme a ordem de descoberta. O GLUT 1 (carreador eritroide-cerebral) foi o primeiro transportador de glicose a ser clonado, sendo que sua distribuição é ampla, incluindo coração, rins, células adiposas, fibroblastos, placenta, retina e cérebro; há também uma pequena quantidade expressa no fígado. Há uma expressão elevada desse transportador nas células endoteliais dos microvasos cerebrais, em que constitui parte importante da barreira hematoencefálica. Esse transportador apresenta alta eficiência de transporte quando a glicose extracelular se encontra baixa e a demanda intracelular é alta. O GLUT 2 (transportador hepático de glicose) é preferencialmente expresso no fígado (membranas sinusoidais), nos rins (células tubulares), no intestino delgado (enterócitos) e nas células beta-pancreáticas secretoras de insulina. Nos hepatócitos, o GLUT 2 tem baixa afinidade pela glicose extracelular e velocidade de transporte simétrica entre o meio interior e exterior, o que o torna muito eficiente para o transporte da glicose proveniente da gliconeogênese para a circulação sanguínea. O GLUT 2 também é capaz de transportar galactose, manose e frutose.A expressão mais acentuada do GLUT 3 (transportador cerebral de glicose) ocorre no cérebro, nos rins e na placenta, sendo que no cérebro é expresso principalmente nos neurônios. Também é encontrado nos espermatozoides, que captam a glicose a partir do líquido epididimário para utilização na glicólise. A afinidade do GLUT 3 pela glicose é relativamente baixa, mas bem mais alta que a do GLUT 1. O GLUT 4 (transportador de glicose sensível à insulina) é o principal transportador de glicose dos tecidos sensíveis à insulina (da gordura marrom e branca, da musculatura esquelética e cardíaca), cujas características específicas são importantes para a regulação do metabolismo. Dentro da célula, há grandes estoques de GLUT 4, armazenados em vesículas, e, quando a insulina se liga a seu receptor, há liberação dos GLUT 4 das vesículas para a membrana celular (translocação), assim estarão disponíveis para realizar o transporte de glicose para dentro da célula, como pode ser verificado na Figura 2.6. Quando a insulina cessa sua ação, os transportadores são reciclados para dentro das vesículas intracelulares. Em virtude desse mecanismo, a regulação e o funcionamento do GLUT 4 são componentes importantes na homeostasia da glicose, e seu envolvimento no desenvolvimento do diabetes é muito estudado. 13 O GLUT 5 (transportador de frutose) é expresso principalmente no jejuno, tanto na borda em escova quanto na membrana basolateral. Esse transportador tem baixa afinidade pela glicose e alta afinidade pela frutose, e é encontrado em concentrações elevadas nos espermatozoides (que utilizam como fonte de energia a frutose produzida pelas vesículas seminais). Foi verificado, também, que há baixa expressão de GLUT 5 nas células betapancreáticas, portanto a frutose tem pouco ou nenhum efeito sobre a estimulação da secreção de insulina. Um resumo das principais características dos GLUT pode ser verificado no Quadro 2.6. Ao longo das duas últimas décadas, novos transportadores de glicose vêm sendo identificados e clonados, do GLUT 6 ao GLUT 12, nem todos com seu funcionamento completamente esclarecido. Os últimos a serem identificados foram os GLUT 13 e GLUT 14. A variedade de propriedades e locais de expressão desses transportadores revela uma complexidade muito maior envolvida no armazenamento, no transporte e no metabolismo dos carboidratos em relação ao que se imaginava quando os primeiros transportadores foram caracterizados. Fosforilação da glicose A glicose, logo após sua entrada na célula, se liga a um radical fosfato sob a ação da enzima glicoquinase, no fígado, ou hexoquinase, em outros órgãos e tecidos, conforme a reação: glicoquinase ou hexoquinase + ATP Glicose Glicose 6-fosfato Essa reação de fosforilação ocorre com o objetivo de manter a molécula de glicose dentro da célula, impedindo sua difusão para o meio extracelular, e é praticamente irreversível. No entanto, as células hepáticas, as células do epitélio tubular renal e do epitélio intestinal têm expressão da glicose fosfatase, uma enzima capaz de reverter a reação. Absorção e transporte de galactose 14 A galactose é um monossacarídeo proveniente da hidrólise do dissacarídeo lactose presente no leite. A galactose compartilha os mesmos mecanismos de transporte da glicose nos enterócitos, ou seja, os cotransportadores apicais SGLT e o GLUT 2 basolateral. Absorção e transporte de frutose A frutose é um monossacarídeo proveniente da hidrólise do dissacarídeo sacarose presente nas frutas. Há fortes evidências que os transportadores ativos SGLTl não são utilizados para frutose. O principal transportador de frutose é o GLUT 5, com participação também do GLUT 2.49 METABOLISMO Como explicado anteriormente, os produtos finais da digestão de carboidratos são quase inteiramente glicose, frutose e galactose, com a primeira representando, em média, 80%. Após a absorção, grande parte da frutose e quase toda a galactose são convertidas em glicose, de modo rápido, no fígado. Nas células hepáticas, há enzimas disponíveis para promover a interconversão entre os monossacarídeos (glicose, frutose e galactose), como pode ser visto na Figura 2. 7. A dinâmica das reações, em virtude da grande disponibilidade da enzima glicose fosfatase nas células hepáticas, favorece a formação de glicose, a qual representa mais de 95% dos monossacarídeos circulantes no sangue. Armazenamento e utilização de glicose Depois de sua captação para o interior da célula, a glicose pode ser utilizada imediatamente para liberar energia ou pode ser armazenada sob a forma de glicogênio. Essa conversão permite o armazenamento de grandes quantidades de carboidratos sem alterar significativamente a pressão osmótica do meio intracelular, pois concentrações elevadas de monossacarídeos solúveis de baixo peso molecular alterariam as relações osmóticas entre os líquidos intra e extracelulares. Todas as células do organismo podem armazenar glicogênio, mas o fígado e os músculos têm maior capacidade. O glicogênio muscular é utilizado principalmente pelos próprios músculos, entretanto, o glicogênio hepático é direcionado para a manutenção da glicemia, nos processos de armazenamento, hidrólise e exportação na forma de glicose. O fígado 15 tem capacidade para manter as reservas de glicogênio por 12 a 18 horas de jejum, depois se inicia a depleção desse polissacarídeo. Formação e degradação de glicogênio As enzimas responsáveis pelo controle do metabolismo do glicogênio são reguladas por uma sequência complexa de fosforilações e desfosforilações, bem como por mecanismos alostéricos sob influência hormonal (insulina e glucagon). A glicogênese, formação de glicogênio a partir de moléculas de glicose, é catalisada pela enzima glicogênio sintetase, que forma a parte linear da cadeia, e pela amilo-1,4-1,6- transglicosidase, responsável pela formação das ramificações. O hormônio insulina estimula esse processo. A glicogenólise, degradação do glicogênio, é catalisada por três enzimas: a fosforilase nas ligações 1,4; a 1,4-1,4-glucano transferase, que transfere uma unidade de trissacarídeo de um ramo para outro, expondo os pontos de ramificação 1,6; e a enzima de desramificação, a amilo-1,6-glicosidase, que atua promovendo a clivagem da ligação 1,6. Os hormônios epinefrina e glucagon estimulam a glicogenólise. Glicólise A glicólise é a via mais importante de início da liberação de energia a partir da molécula de glicose. No final desse processo, que ocorre em duas fases constituídas de dez reações químicas sucessivas, ocorre a formação de duas moléculas de ácido pirúvico, as quais serão oxidadas para fornecer energia. Na primeira fase da glicólise, chamada de preparatória, é utilizada adenosina trifosfato (ATP) para converter glicose em frutose 1,6-bifosfato; a ligação entre o C3 e o C4 da glicose é quebrada, gerando duas moléculas de fosfato triose. Na segunda fase, de rendimento, cada uma das moléculas de gliceraldeído 3-fosfato derivada da glicose é oxidada, e a energia dessa reação de oxidação é conservada na forma de nicotinamida adenina dinucleotídeo (NADH) e duas moléculas de ATP. Uma representação básica dessas reações pode ser vista na Figura 2.8. A equação geral do processo é: 16 A frutose, a galactose e a manose também podem ser utilizadas na via glicolítica, ao serem fosforiladas e convertidas em glicose-6-fosfato, frutose-6-fosfato ou frutose-fosfato. A glicólise é estreitamente regulada pelos hormônios glucagon, epinefrina e insulina, para que, em coordenação com outras vias de suprimento de energia, haja um pronto suprimento de ATP. A etapa seguinte da degradação da glicose é a conversão de ácido pirúvico em acetil CoA; posteriormente, a acetil CoA é convertidano ciclo do ácido cítrico, ou também conhecido como ciclo de Krebs. Glicólise anaeróbia Quando o oxigênio se torna insuficiente ou indisponível, de modo que a fosforilação oxidativa não pode acontecer, ocorre a glicólise anaeróbia. O NADH formado na glicólise deve ser reciclado para regenerar NAD+, a qual é utilizada como um receptor de elétron na primeira etapa da fase 2 da via glicolítica (fase de rendimento). Sob condições aeróbias, os elétrons passam da NADH para o oxigênio na respiração mitocondrial. Na glicólise anaeróbia, o piruvato é convertido em ácido lático, por ação da lactato desidrogenase, regenerando NAD+ a partir da NADH: glicoquinase ou hexoquinase + ATP Piruvato + NADH+H+ Lactato + NAD+ O lactato formado nos músculos esqueléticos em atividade (exercício físico, por exemplo) ou nos eritrócitos (que não têm mitocôndrias e, portanto, não podem oxidar piruvato a C0 2 ) pode ser reciclado, sendo transportado pelo sangue até o fígado, no qual é convertido em glicose. Gliconeogênese A gliconeogênese é a formação de glicose a partir do lactato, dos aminoácidos glicogênicos (os não glicogênicos, ou estritamente cetogênicos, são a leucina e a lisina) e do glicerol resultante da degradação de triacilgliceróis, quando as reservas de carboidratos do organismo diminuem, sendo que há uma regulação recíproca entre glicólise e gliconeogênese para evitar desperdício de energia. Nos mamíferos, a gliconeogênese no fígado, nos rins e no intestino delgado fornece glicose para uso pelo cérebro, pelos músculos e pelos eritrócitos. A visão simplificada do metabolismo de glicose pode ser verificada na Figura 2.9. Metabolismo da galactose Nas células hepáticas, a galactose é convertida em galactose - 1 - fosfato pela enzima galactoquinase, e depois em glicose -1 - fosfato em mais uma transformação enzimática de duas 17 fases, e é, então, armazenada sob a forma de glicogênio. Muitos elementos estruturais das células e dos tecidos (glicoproteínas e mucopolissacarídeos) contêm galactose. A glicose pode ser convertida em galactose, suprindo as necessidades celulares, em caso de ausência de galactose na alimentação. Metabolismo da frutose Após a absorção, a frutose, ao passar pelo fígado, é quase completamente removida. Uma parte pode ser metabolizada em lactato por meio da glicólise e depois liberada, e a outra pode ser utilizada como metabólito intermediário, tanto da via glicolítica como da gliconeogênese. A ingestão oral de frutose livre provoca elevação de frutose na corrente sanguínea, mas diminuição lenta ao longo dos 90 minutos seguintes, por conta de sua metabolização, descrita acima. Já o consumo elevado e rápido de bebidas adoçadas com sacarose (50% de frutose) provoca uma elevação nas concentrações circulantes de triacilgliceróis. Esse fato pode ser explicado pela saturação da via glicolítica, formando intermediários que são utilizados na produção de glicerol para síntese de triacilgliceróis, e pela metabolização preferencial da frutose para essa mesma via. Homeostase da glicose A glicose é um dos substratos circulantes mais altamente regulados. Uma das principais razões para essa regulação estrita da glicemia está no fato de que o cérebro depende de um suprimento contínuo de glicose, embora possa se adaptar e utilizar corpos cetônicos a partir da degradação de lipídios. Sob circunstâncias normais, a glicemia de jejum varia entre 70 e 109 mg/dL. Se as concentrações de glicose caem para valores abaixo de 70 mg/ dL, tem-se a hipoglicemia, e o indivíduo sente-se nervoso, irritado, com fome e com dor de cabeça, podendo evoluir para coma e morte. Se as concentrações de glicose sobem para mais de 150 mg/dL, tem- se a hiperglicemia, o que promove fome e sede e, eventualmente, perda de peso; quando as concentrações ultrapassam 170 mg/ dL, a glicose começa a ser eliminada na urina. O fígado é o principal órgão regulador da glicemia, pois é o primeiro a receber a glicose, absorvida da 18 alimentação, proveniente do intestino delgado. A homeostase da glicose é alcançada por meio da delicada interação entre os hormônios pancreáticos e viscerais (Quadro 2.7). A insulina, produzida e liberada pelas células betapancreáticas, é o principal hormônio responsável pelo controle da glicemia. Em resposta à liberação de insulina, os nutrientes são captados e armazenados nas células e nos tecidos. A insulina estimula a síntese de glicogênio, as glicólises aeróbia e anaeróbia, a síntese de ácidos graxos e de proteínas no fígado, e inibe os processos glicogenolítico, proteolítico e lipolítico, além da gliconeogênese. A insulina é liberada para a circulação, em resposta ao aumento de glicose sanguínea, e estimula a captação da glicose pelas células dos músculos e do fígado para que possa ser utilizada como energia ou ser estocada, além de inibir as vias metabólicas hepáticas que sintetizam glicose a partir de aminoácidos, ácido láctico ou glicerol. Assim, em virtude das ações da insulina, as concentrações de glicose caem e, consequentemente, a liberação de insulina também diminui, evitando a captação de glicose pelo fígado, pelos músculos e pelo tecido adiposo, deixando glicose disponível para uso pelo cérebro. Quando não há ingestão de carboidratos durante algumas horas, a concentração de glicose necessária para o cérebro é mantida pelo hormônio glucagon, o qual também é liberado pelo pâncreas. Esse hormônio estimula a quebra de glicogênio no fígado, resultando na liberação de glicose para a corrente sanguínea. O glucagon também aumenta a gliconeogênese, auxiliando a manutenção das concentrações sanguíneas de glicose. Os hormônios epinefrina (adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina), conhecidos como os hormônios responsáveis pela reação de "lutar ou fugir", são liberados em grande quantidade na corrente sanguínea em situações de estresse ou susto. Como suas principais ações são a estimulação da quebra do glicogênio no fígado e nos músculos, o resultado é uma rápida liberação de glicose na circulação sanguínea, que promove reações físicas e mentais imediatas. A falta de insulina ou sua ação inadequada promove quadros de hiperglicemia que caracterizam o diabete melito. O diabetes pode resultar de uma série de condições genéticas, metabólicas e adquiridas que promovem distúrbios no metabolismo de glicose e profundas anormalidades no 19 metabolismo de lipídios, proteínas e outras substâncias. A classificação tradicional propõe os seguintes tipos de diabetes: • Tipo 1: representa cerca de 5% dos casos. • Tipo 2: representa cerca de 90% dos casos. • Diabetes gestacional e outros tipos: representam os 5% restantes. O consumo elevado de alimentos fontes de carboidratos disponíveis (açúcares solúveis e amido disponível) mantém a glicemia elevada, o que requer maior concentração de insulina circulante; se isso ocorre de forma sistemática, pode provocar falência das células beta do pâncreas, o que promoveria a intolerância à glicose ou a resistência insulínica. A resistência insulínica é a resposta inadequada dos tecidos-alvos (músculo esquelético, fígado e tecido adiposo) aos efeitos fisiológicos da insulina circulante; pode ser de origem genética, mas é principalmente decorrente da obesidade, do sedentarismo e do envelhecimento, interligados ou não. A musculatura esquelética é responsável pela captação de 70 a 90% da glicose circulante estimulada pela insulina em função da elevação da glicemia. Dessa forma, essa musculatura precisa se manter saudável, com atividade física regular, a fim de conservar a receptividade e a sensibilidade à insulina. A contração muscular estimula a translocação do GLUT 4 do meio celular para a membrana plasmática, tanto na ausência deinsulina quanto como efeito adicional a ela, podendo ativar os transportadores por diferentes mecanismos. OBS: Essa apostila é referente ao segundo capítulo do livro - Bases bioquímicas e fisiológicas da nutrição: nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença I Sílvia Maria Franciscato Cozzolino, Cristiane Cominetti. -Barueri, SP: Manole, 2013.
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