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MEDIDA PROVISÓRIA 927

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Medida Provisória nº 927/2020 – Alternativas e 
outras alterações trabalhistas 
Comentários acerca das alternativas e outras alterações trabalhistas realizadas pela 
medida provisória que devem impactar os trabalhadores celetistas, para 
enfrentamento do estado de calamidade pública decorrente do conoravírus (covid-
19) 
 
Seguindo a tomada de atos para prevenção e diminuição do impacto do 
contágio do coronavírus (Covid-19), o Presidente da República e sua equipe 
econômica editaram neste domingo, 22/03/2020, a Medida Provisória nº 927, 
dispondo sobre medidas trabalhistas, a serem aplicadas durante o estado de 
calamidade pública, decretado pelo Ministro de Estado da Saúde, em 3 de fevereiro 
de 2020, perdurando, inicialmente, até o dia 31/12/2020. 
Tal medida provisória entrou em vigor no dia 23/03/2020, data de 
publicação, exercendo seus efeitos com força de lei durante 120 (cento e vinte) dias, 
período o qual deverá ser aprovada pelas casas do Congresso Nacional, sendo ao 
final convolada em Lei, cessando seus efeitos caso não ocorra prorrogação do prazo 
ou aprovação. 
Já no art. 2º temos uma modificação importante em relação à legislação 
trabalhista então vigente, prevendo que “empregador e empregados poderão celebrar acordo 
individual escrito, a fim de garantir a permanência do vínculo empregatício, que terá preponderância 
sobre os demais instrumentos normativos, legais e negociais, respeitados os limites estabelecidos na 
Constituição”. 
A CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) previa em seu art. 444 que as 
relações contatuais de trabalho poderiam ser objeto de livre estipulação das partes 
em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho e aos 
contratos coletivos que lhe sejam aplicáveis, porém, com a redação da medida 
provisória, os acordos individuais passam a prevalecer frente à acordos coletivos ou 
convenções coletivas, normas e leis, inclusive, previstas pela CLT, respeitados os 
limites estabelecidos na Constituição. 
As alternativas trabalhistas para enfrentamento estão previstas no art. 3º: 
 
“Art. 3º Para enfrentamento dos efeitos econômicos decorrentes do estado 
de calamidade pública e para preservação do emprego e da renda, poderão 
ser adotadas pelos empregadores, dentre outras, as seguintes medidas: 
I - o teletrabalho; 
II - a antecipação de férias individuais; 
III - a concessão de férias coletivas; 
IV - o aproveitamento e a antecipação de feriados; 
V - o banco de horas; 
VI - a suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde no 
trabalho; 
VII - o direcionamento do trabalhador para qualificação; e 
VIII - o diferimento do recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de 
Serviço - FGTS.” 
 
TELETRABALHO 
A respeito do Teletrabalho, tratado nos arts. 4º e 5º da MP, já discutimos 
um pouco sobre seu funcionamento em um artigo anteriori. As principais mudanças 
estão relacionadas ao prazo de transição mínimo, a desnecessidade de previsão 
expressa no contrato individual ou coletivo de trabalho, bem como a dispensa do 
registro prévio da alteração contratual. 
Com o novo texto, o empregador deverá notificar (dar ciência) o 
emprego com antecedência de, no mínimo, 48 (quarent a e oito) horas, por 
escrito ou por meio eletrônico (art. 4º, §2º) sem que haja dúvida quanto ao seu 
recebimento. Antes o prazo era de 15 (quinze) dias, de acordo com o art. 75-C da 
CLT. 
Quanto a desnecessidade de previsão contratual, a CLT previa sua 
necessidade, assim como a alteração ser registrada no contrato, o qual seria possível 
através de um aditivo (art. 75-C, caput e §1º, CLT). 
 
Art. 4º Durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º, o 
empregador poderá, a seu critério, alterar o regime de trabalho presencial 
para o teletrabalho, o trabalho remoto ou outro tipo de trabalho a distância e 
determinar o retorno ao regime de trabalho presencial, independentemente 
da existência de acordos individuais ou coletivos, dispensado o registro prévio 
da alteração no contrato individual de trabalho. 
§ 1º Para fins do disposto nesta Medida Provisória, considera-se 
teletrabalho, trabalho remoto ou trabalho a distância a prestação de serviços 
preponderante ou totalmente fora das dependências do empregador, com a 
utilização de tecnologias da informação e comunicação que, por sua 
natureza, não configurem trabalho externo, aplicável o disposto no inciso III 
do caput do art. 62 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo 
Decreto-Lei nº 5.452, de 1943. 
 
A respeito dos equipamentos necessários a realização do trabalho, os §§3º 
e 4º do art. 4º complementam o previsto no art. 75-D da CLT, trazendo a 
responsabilidade ao empregador pela disponibilização, caso não os possua o 
empregado, mediante regime de comodato (um empréstimo ou concessão gratuita de 
qualquer coisa móvel ou imóvel, por um certo período de tempo, com a condição de 
devolver ao indivíduo nas mesmas condições ao fim do prazo), assim como as 
despesas arcadas pelo empregado, sendo previstas em contrato escrito, firmado 
previamente ou no prazo de 30 (trinta) dias, contados da alteração do regime de 
trabalho. 
Há ainda a inclusão nesta modalidade de prestação de serviços dos 
estagiários e aprendizes, art. 5º da MP. 
 
DA ANTECIPAÇÃO DAS FÉRIAS INDIVIDUAIS 
Seguindo com as alternativas previstas na MP, há a possibilidade de o 
empregador antecipar as férias dos empregados, ainda que não tenha transcorrido o 
período aquisitivo para concessão, ou seja, não tenha o empregado completado 12 
(doze) meses de vigência do seu contato de trabalho ou do presente período. 
Caberá ao empregador informar ao empregado sobre a antecipação de 
suas férias, com a indicação do período a ser gozado pelo empregado, o qual não 
poderá ser inferior a 5 (cinco) dias corridos . 
A CLT previa no art. 135 o prazo de, no mínimo, 30 (trinta) dias para 
comunicação ao empregado, porém a Medida Provisória no art. 6º vem trazendo que 
a comunicação será de, no mínimo, 48 (quarenta e oito ) horas, por escrito ou 
por meio eletrônico . 
Poderá, inclusive, mediante acordo individual escrito, a antecipação d e 
períodos futuros de férias , por exemplo, um empregado que foi contratado em 
Janeiro de 2019, a critério do empregador, deverá gozar do período de férias a partir 
do dia 1º de abril de 2020, durante 30 dias, e, adicionalmente, mediante acordo entre 
empregado e empregador, gozar, em Maio de 2020, das férias referentes ao período 
aquisitivo de janeiro a dezembro de 2020, do qual só teria direito a partir de janeiro de 
2021, assim como dos anos posteriores (art. 6º, §2º, MP 927/20). 
Há de se destacar o §3º do art. 6º, prevendo a prioridade ao gozo de 
férias daqueles empregados que pertençam ao grupo d e risco do conoravírus 
(covid-19) . 
A escolha desta alternativa para os empregadores pode se dar quanto ao 
pagamento das férias, uma vez que o empregado faz jus ao recebimento do terço 
constitucional, valor equivalente a 1/3 da remuneração mensal, o que poderia 
prejudicar, nesse momento, a viabilidade econômica do empreendimento. Pensando 
em uma solução, a medida provisória prevê que o pagamento do adicional poderá 
ser adiado até o dia 20 de dezembro de 2020 (art. 8º), assim como o pagamento 
da remuneração das férias poderá ser realizado até o 5º (quinto) dia útil do mês 
subsequente ao início do gozo das férias (art. 9º), não sendo aplicável o prazo 
previsto anteriormente no art. 145 da CLT, que previa o pagamento até 2 (dois) dias 
antes da concessão das férias. 
Nesse momento, optou o Planalto, ainda, por restringir o direito do 
empregado a conversão de até 1/3 (um terço) do período de férias em abono 
pecuniário (valor em moeda) (art. 10), o qual estará sujeito a concordância do 
empregador. Caso concorde com a conversão, o pagamento poderá ser realizado até 
o dia 20 de dezembro de 2020, o que demonstra, nesse momento, não ser uma boa 
escolha para o empregado, vistoque a finalidade da concessão das férias é manter o 
empregado em sua casa, longe de aglomerações que possam agravar a pandemia 
que passamos. 
 
Art. 6º Durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º, o 
empregador informará ao empregado sobre a antecipação de suas férias com 
antecedência de, no mínimo, quarenta e oito horas, por escrito ou por meio 
eletrônico, com a indicação do período a ser gozado pelo empregado. 
§ 1º As férias: 
I - não poderão ser gozadas em períodos inferiores a cinco dias corridos; e 
II - poderão ser concedidas por ato do empregador, ainda que o período 
aquisitivo a elas relativo não tenha transcorrido. 
§ 2º Adicionalmente, empregado e empregador poderão negociar a 
antecipação de períodos futuros de férias, mediante acordo individual escrito. 
§ 3º Os trabalhadores que pertençam ao grupo de risco do coronavírus 
(covid-19 ) serão priorizados para o gozo de férias, individuais ou coletivas, 
nos termos do disposto neste Capítulo e no Capítulo IV. 
Art. 7º Durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º, o 
empregador poderá suspender as férias ou licenças não remuneradas dos 
profissionais da área de saúde ou daqueles que desempenhem funções 
essenciais, mediante comunicação formal da decisão ao trabalhador, por 
escrito ou por meio eletrônico, preferencialmente com antecedência de 
quarenta e oito horas. 
Art. 8º Para as férias concedidas durante o estado de calamidade pública a 
que se refere o art. 1º, o empregador poderá optar por efetuar o pagamento 
do adicional de um terço de férias após sua concessão, até a data em que é 
devida a gratificação natalina prevista no art. 1º da Lei nº 4.749, de 12 de 
agosto de 1965. 
Parágrafo único. O eventual requerimento por parte do empregado de 
conversão de um terço de férias em abono pecuniário estará sujeito à 
concordância do empregador, aplicável o prazo a que se refere o caput . 
Art. 9º O pagamento da remuneração das férias concedidas em razão do 
estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º poderá ser efetuado 
até o quinto dia útil do mês subsequente ao início do gozo das férias, não 
aplicável o disposto no art. 145 da Consolidação das Leis do Trabalho, 
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943. 
Art. 10. Na hipótese de dispensa do empregado, o empregador pagará, 
juntamente com o pagamento dos haveres rescisórios, os valores ainda não 
adimplidos relativos às férias. 
 
DA CONCESSÃO DE FÉRIAS COLETIVAS 
A Medida Provisória traz a possibilidade de o empregador conceder férias 
não apenas a alguns empregados, mas de um conjunto ou a totalidade desses. Para 
tanto, a seu critério, deverá notificar os empregados com antecedência mínima de 48 
(quarenta e oito) horas. 
Nessa hipótese, a CLT, no art. 139, §§2º e 3º, exigia a comunicação ao 
órgão local da Secretária do Trabalho, pertencente ao Ministério da Economia, e ao 
Sindicato representante da categoria profissional dos empregados afetados, com 
antecedência mínimo de 15 (quinze) dias. Aconselha-se, no presente momento, a 
realizar a comunicação ao referidos institutos, mas no prazo previsto na MP, de 48 
(quarenta e oito) horas. 
A concessão não estará sujeita ao limite de 2 (duas) por ano, nem ao 
mínimo de 10 (dez) dias corridos, previstas no art. 139 da CLT. 
 
Art. 11. Durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º, o 
empregador poderá, a seu critério, conceder férias coletivas e deverá notificar 
o conjunto de empregados afetados com antecedência de, no mínimo, 
quarenta e oito horas, não aplicáveis o limite máximo de períodos anuais e o 
limite mínimo de dias corridos previstos na Consolidação das Leis do 
Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943. 
Art. 12. Ficam dispensadas a comunicação prévia ao órgão local do 
Ministério da Economia e a comunicação aos sindicatos representativos da 
categoria profissional, de que trata o art. 139 da Consolidação das Leis do 
Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943. 
 
DO APROVEITAMENTO E DA ANTECIPAÇÃO DE FERIADOS 
Dentre as alternativas, o empregador poderá optar em antecipar o gozo 
dos feriados não religiosos , devendo notificar, por escrito ou por meio 
eletrônico , os empregados beneficiados com antecedência mínima de 48 (quarenta 
e oito) horas (art. 13, MP). O §2º do referido art. prevê que o aproveitamento dos 
feriados religiosos dependerá de acordo individual escrito entre empregador e 
empregado . Outro ponto previsto no §1º, os feriados não-religiosos poderão ser 
utilizados para compensação do saldo em bancos de horas, significando desconto em 
eventual saldo de horas do empregado. 
 
FERIADOS NÃO RELIGIOSOS: 
� 1º de janeiro, Confraternização Universal (feriado nacional); 
� 21 de abril, Tiradentes (feriado nacional); 
� 1º de maio, Dia Mundial do Trabalho (feriado nacional); 
� 7 de setembro, Independência do Brasil (feriado nacional); 
� 15 de novembro, Proclamação da República (feriado nacional); 
 
FERIADOS RELIGIOSOS / PONTO FACULTATIVO 
� 10 de abril, Paixão de Cristo (feriado nacional); 
� 11 de junho, Corpus Christi (ponto facultativo); 
� 12 de outubro, Nossa Senhora Aparecida (feriado nacional); 
� 28 de outubro, Dia do Servidor Público - art. 236 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 
1990 (ponto facultativo); 
� 2 de novembro, Finados (feriado nacional); 
� 24 de dezembro, véspera de natal (ponto facultativo após às 14 horas); 
� 25 de dezembro, Natal (feriado nacional); e 
� 31 de dezembro, véspera de ano novo (ponto facultativo após às 14 horas). 
 
Art. 13. Durante o estado de calamidade pública, os empregadores poderão 
antecipar o gozo de feriados não religiosos federais, estaduais, distritais e 
municipais e deverão notificar, por escrito ou por meio eletrônico, o conjunto 
de empregados beneficiados com antecedência de, no mínimo, quarenta e 
oito horas, mediante indicação expressa dos feriados aproveitados. 
§ 1º Os feriados a que se refere o caput poderão ser utilizados para 
compensação do saldo em banco de horas. 
§ 2º O aproveitamento de feriados religiosos dependerá de concordância do 
empregado, mediante manifestação em acordo individual escrito. 
 
DO BANCO DE HORAS 
Autorizada, ainda, a interrupção das atividades com implementação do 
banco de horas, em favor do empregador ou do empregado, mediante acordo coletivo 
individual formal, para compensação no prazo de 18 meses, contado do encerramento 
do estado de calamidade, previsto inicialmente para o dia 31 de dezembro de 2020. 
Nesse momento, a compensação poderia ser realizada até junho de 2021. 
O empregado deverá prestar serviços por até 2 (duas) horas além da 
jornada de trabalho, desde que não atinja 10 (dez) horas diárias de serviço, sem que 
haja contraprestação extraordinária. 
 
Art. 14. Durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º, 
ficam autorizadas a interrupção das atividades pelo empregador e a 
constituição de regime especial de compensação de jornada, por meio de 
banco de horas, em favor do empregador ou do empregado, estabelecido por 
meio de acordo coletivo ou individual formal, para a compensação no prazo 
de até dezoito meses, contado da data de encerramento do estado de 
calamidade pública. 
§ 1º A compensação de tempo para recuperação do período interrompido 
poderá ser feita mediante prorrogação de jornada em até duas horas, que 
não poderá exceder dez horas diárias. 
§ 2º A compensação do saldo de horas poderá ser determinada pelo 
empregador independentemente de convenção coletiva ou acordo individual 
ou coletivo. 
 
DA SUSPENSÃO DE EXIGÊNCIAS ADMINISTRATIVAS EM SEGUR ANÇA E 
SAÚDE NO TRABALHO 
O ponto importante na presente alternativa é a suspensão da 
obrigatoriedade de realização de treinamentos periódicos e eventuais dos atuais 
empregados, assim como suspensa a obrigatoriedade de realização dos exames 
médicos ocupacionais, clínicos e complementares, os quais podem ser realizados até 
60 (sessenta) dias após oencerramento do estado de calamidade pública, exceto dos 
exames demissionais, que somente será dispensado caso o exame médico 
ocupacional tenha sido realizado há menos de 180 (cento e oitenta) dias. 
 
DO DIRECIONAMENTO DO TRABALHADOR PARA QUALIFICAÇÃO 
(REVOGADA) 
Dentre todas as alternativas previstas pela Medida Provisória, sem dúvidas, 
a questão mais controversa, digna de manifestação e repúdio por parte da sociedade. 
Em um momento delicado, onde todos devem ter por premissa a dignidade da vida 
humana, com a mínima garantia de que todos possuirão condições de subsistência, 
uma medida que possibilitava o empregador suspender o contrato sem qualquer 
contraprestação salarial (inerente ao instituto da suspensão), ainda que mantido os 
benefícios que não integram a remuneração do empregado, tais como vale-refeição, 
auxílio-transporte, plano de saúde e afins. 
Há na CLT, no art. 476-A, a hipótese de suspensão do contrato de trabalho 
mediante direcionamento do trabalhador para qualificação, justamente para utilização 
em períodos de crise, porém, enquanto o trabalhador está realizando o curso 
fornecido, o mesmo recebe uma bolsa-qualificação, correspondente à média salarial 
dos últimos 3 (três) meses, com um teto pré-estabelecido, financiados pelo FAT 
(Fundo de Amparo ao Trabalhador), o mesmo fundo responsável pelo pagamento do 
seguro-desemprego. Ocorre que o art. 18, §5º, da Medida Provisória 927 é expresso 
em determinar que não haverá a concessão da referida bolsa-qualificação, ponto 
crucial para transformar a presente alternativa em uma péssima decisão. 
Não fosse essa exclusão do bolsa-qualificação, os empregados poderiam 
iniciar o procedimento, na mesma forma que é realizado o pedido de seguro-
desemprego, em um dos locais de atendimentos do SINE, obviamente com mudanças 
oportunas evitando aglomerações, garantindo assim condições do empreendimento 
não falir, bem como amparando aqueles que possuem as maiores carências e 
vulnerabilidade nesse cenário. 
Após uma manhã de protestos nas redes sociais, o Presidente da 
República informou que solicitou a revogação do referido artigo, razão pela qual não 
iremos aprofundar nas mudanças ocorridas. 
 
Art. 18. Durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º, 
o contrato de trabalho poderá ser suspenso, pelo prazo de até quatro meses, 
para participação do empregado em curso ou programa de qualificação 
profissional não presencial oferecido pelo empregador, diretamente ou por 
meio de entidades responsáveis pela qualificação, com duração equivalente 
à suspensão contratual. 
§ 1º A suspensão de que trata o caput : 
I - não dependerá de acordo ou convenção coletiva; 
II - poderá ser acordada individualmente com o empregado ou o grupo de 
empregados; e 
III - será registrada em carteira de trabalho física ou eletrônica. 
§ 2º O empregador poderá conceder ao empregado ajuda compensatória 
mensal, sem natureza salarial, durante o período de suspensão contratual 
nos termos do disposto no caput , com valor definido livremente entre 
empregado e empregador, via negociação individual. 
§ 3º Durante o período de suspensão contratual para participação em curso 
ou programa de qualificação profissional, o empregado fará jus aos benefícios 
voluntariamente concedidos pelo empregador, que não integrarão o contrato 
de trabalho. 
§ 4º Nas hipóteses de, durante a suspensão do contrato, o curso ou programa 
de qualificação profissional não ser ministrado ou o empregado permanecer 
trabalhando para o empregador, a suspensão ficará descaracterizada e 
sujeitará o empregador: 
I - ao pagamento imediato dos salários e dos encargos sociais referentes ao 
período; 
II - às penalidades cabíveis previstas na legislação em vigor; e 
III - às sanções previstas em acordo ou convenção coletiva. 
§ 5º Não haverá concessão de bolsa-qualificação no âmbito da suspensão 
de contrato de trabalho para qualificação do trabalhador de que trata este 
artigo e o art. 476-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo 
Decreto-Lei nº 5.452, de 1943. 
 
DO DIFERIMENTO DO RECOLHIMENTO DO FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO 
DE SERVIÇO 
Como última das alternativas, foi suspensa a exigibilidade do recolhimento 
do FGTS pelos empregadores, independentemente no número de empregados, 
natureza jurídica, ramo de atividade, regime de tributação e adesão prévia, dos meses 
de março, abril e maio de 2020 . 
Desta forma, os empregadores que optarem por esta suspensão, deverão 
informar até o dia 20 de junho de 2020 à Secretaria da Receita Federal do Brasil e 
ao Conselho Curador do FGTS, à saber que as informações prestadas constituirão 
declaração e reconhecimento dos créditos delas decorrentes, caracterizarão 
confissão de débito e constituirão instrumento hábil e suficiente para a cobrança do 
crédito de FGTS, ensejando multa na inobservância dos vencimentos. 
O pagamento do valor correspondente não incidirá juros e encargos, 
podendo ser parcelado em até 6 (seis) vezes, a partir de julho de 2020, com 
vencimento no 7º (sétimo) dia de cada mês. 
Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho antes do término das parcelas, 
haverá a antecipação do vencimento das faltantes (vincendas), uma vez que há a 
necessidade de pagamento das verbas rescisórias no prazo de 10 (dez) dias a contar 
do encerramento do contrato de trabalho, caso faça jus o empregado. 
 
Art. 19. Fica suspensa a exigibilidade do recolhimento do FGTS pelos 
empregadores, referente às competências de março, abril e maio de 2020, 
com vencimento em abril, maio e junho de 2020, respectivamente. 
Parágrafo único. Os empregadores poderão fazer uso da prerrogativa 
prevista no caput independentemente: 
I - do número de empregados; 
II - do regime de tributação; 
III - da natureza jurídica; 
IV - do ramo de atividade econômica; e 
V - da adesão prévia. 
Art. 20. O recolhimento das competências de março, abril e maio de 2020 
poderá ser realizado de forma parcelada, sem a incidência da atualização, da 
multa e dos encargos previstos no art. 22 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 
1990. 
§ 1º O pagamento das obrigações referentes às competências mencionadas 
no caput será quitado em até seis parcelas mensais, com vencimento no 
sétimo dia de cada mês, a partir de julho de 2020, observado o disposto 
no caput do art. 15 da Lei nº 8.036, de 1990. 
§ 2º Para usufruir da prerrogativa prevista no caput , o empregador fica 
obrigado a declarar as informações, até 20 de junho de 2020, nos termos do 
disposto no inciso IV do caput do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 
1991, e no Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, observado que: 
I - as informações prestadas constituirão declaração e reconhecimento dos 
créditos delas decorrentes, caracterizarão confissão de débito e constituirão 
instrumento hábil e suficiente para a cobrança do crédito de FGTS; e 
II - os valores não declarados, nos termos do disposto neste parágrafo, serão 
considerados em atraso, e obrigarão o pagamento integral da multa e dos 
encargos devidos nos termos do disposto no art. 22 da Lei nº 8.036, de 1990. 
Art. 21. Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho, a suspensão 
prevista no art. 19 ficará resolvida e o empregador ficará obrigado: 
I - ao recolhimento dos valores correspondentes, sem incidência da multa e 
dos encargos devidos nos termos do disposto no art. 22 da Lei nº 8.036, de 
1990, caso seja efetuado dentro do prazo legal estabelecido para sua 
realização; e 
II - ao depósito dos valores previstos no art. 18 da Lei nº 8.036, de 1990. 
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput , as eventuais parcelas 
vincendas terão sua data de vencimento antecipada para o prazo aplicável 
ao recolhimento previsto no art. 18 da Lei nº 8.036, de 1990. 
Art. 22. As parcelas de que trata o art. 20, caso inadimplidas, estarão sujeitas 
à multa e aos encargos devidos nos termos do disposto no art. 22 da Lei nº 
8.036, de 1990. 
Art. 23. Fica suspensa a contagem do prazo prescricionaldos débitos 
relativos a contribuições do FGTS pelo prazo de cento e vinte dias, contado 
da data de entrada em vigor desta Medida Provisória. 
Art. 24. O inadimplemento das parcelas previstas no § 1º do art. 20 ensejará 
o bloqueio do certificado de regularidade do FGTS. 
Art. 25. Os prazos dos certificados de regularidade emitidos anteriormente à 
data de entrada em vigor desta Medida Provisória serão prorrogados por 
noventa dias. 
Parágrafo único. Os parcelamentos de débito do FGTS em curso que tenham 
parcelas a vencer nos meses de março, abril e maio não impedirão a emissão 
de certificado de regularidade. 
 
OUTRAS DISPOSIÇÕES EM MATÉRIA TRABALHISTA 
• Contaminação pelo coronavírus (covid-19) 
O art. 29 da Medida Provisória editou que os casos de contaminação não 
serão considerados ocupacionais, exceto se comprovado o nexo causal, ou seja, 
somente será considerado uma doença ocupacional, caso comprovada que a 
contaminação ocorreu em função da prestação de serviço, no ambiente de trabalho 
ou em sua razão. 
 
Art. 29. Os casos de contaminação pelo coronavírus (covid-19 ) não serão 
considerados ocupacionais, exceto mediante comprovação do nexo causal. 
 
• Acordos e Convenções Coletivas vencidas ou vincenda s 
Segundo o art. 30 da MP, os acordos e convenções coletivas, que 
venceram ou vencem no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar do dia 23 de 
março de 2020, poderão ser prorrogados pelo prazo de 90 (noventa) dias, a critério 
do empregador, visando não serem realizadas aglomerações indevidas. 
 
Art. 30. Os acordos e as convenções coletivos vencidos ou vincendos, no 
prazo de cento e oitenta dias, contado da data de entrada em vigor desta 
Medida Provisória, poderão ser prorrogados, a critério do empregador, pelo 
prazo de noventa dias, após o termo final deste prazo. 
 
• Da antecipação do pagamento do 13º em 2020 
O pagamento do abono anual de 2020, famoso 13º, será antecipado, sendo 
a primeira parcela, correspondente ao valor de 50% (cinquenta por cento) do benefício 
incluída no pagamento de abril de 2020, e com a segunda parcela, correspondente à 
diferença entre o valor total do abono e o pago na primeira parcela, inclusa no mês de 
maio. 
Caso haja previsão de cessação do benefício antes de 31 de dezembro de 
2020, o valor do benefício será proporcional, por exemplo, se há previsão de cessação 
do benefício em junho de 2020, a primeira parcela corresponderá ao valor 
proporcional de 3 meses de benefício, sendo a segunda parcela o restante, 
equivalente, nesse caso, há 3 meses. 
 
Art. 34. No ano de 2020, o pagamento do abono anual de que trata o art. 40 
da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, ao beneficiário da previdência social 
que, durante este ano, tenha recebido auxílio-doença, auxílio-acidente ou 
aposentadoria, pensão por morte ou auxílio-reclusão será efetuado em duas 
parcelas, excepcionalmente, da seguinte forma: 
I - a primeira parcela corresponderá a cinquenta por cento do valor do 
benefício devido no mês de abril e será paga juntamente com os benefícios 
dessa competência; e 
II - a segunda parcela corresponderá à diferença entre o valor total do abono 
anual e o valor da parcela antecipada e será paga juntamente com os 
benefício da competência maio. 
Art. 35. Na hipótese de cessação programada do benefício prevista antes de 
31 de dezembro de 2020, será pago o valor proporcional do abono anual ao 
beneficiário. 
Parágrafo único. Sempre que ocorrer a cessação do benefício antes da data 
programada, para os benefícios temporários, ou antes de 31 de dezembro de 
2020, para os benefícios permanentes, deverá ser providenciado o encontro 
de contas entre o valor pago ao beneficiário e o efetivamente devido. 
 
• Convalidação das medidas trabalhistas adotadas pelos empregadores nos 
últimos 30 dias à entrada em vigor da MP 927 
Previsto no art. 36, as medidas que foram adotadas pelos empregadores 
nos últimos 30 (trinta) dias, se não contrariarem o que prevê a Medida Provisória, 
estarão convalidadas. O presente artigo traz um caso de retroatividade da lei 
trabalhista, abrangendo àqueles empregadores que, tomados pela urgência da 
Pandemia, realizaram, por exemplo, a alteração de regime de trabalho presencial para 
teletrabalho, sem observar os procedimentos legais necessários. 
Embora o exemplo citado seja de uma situação aceitável, os professores 
Aryanna Linhares e Rafael Tonassi orientam que os empregadores não se utilizem do 
presente artigo, visto que pode vir a ser um artigo discutido quanto à sua 
constitucionalidade, ou seja, quanto a sua afronta aos princípios da Constituição 
Federal. 
 
Art. 36. Consideram-se convalidadas as medidas trabalhistas adotadas por 
empregadores que não contrariem o disposto nesta Medida Provisória, 
tomadas no período dos trinta dias anteriores à data de entrada em vigor 
desta Medida Provisória. 
 
REFERÊNCIAS 
 
CLT: Consolidação das Leis Trabalhistas / organização Renato Saraiva, Aryanna Linhares, Rafael 
Tonassi. – 23 ed. ver. e atual. – Salvador: Juspodivm, 2019. 1.360 p. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Mpv/mpv927.htm 
 
http://portalfat.mte.gov.br/programas-e-acoes-2/seguro-desemprego-2/modalidades/bolsa-
qualificacao/ 
 
http://portalfat.mte.gov.br/codefat/resolucoes-2/resolucoes-por-assunto/geracao-de-emprego-e-
renda/linhas-de-creditos-especiais/fat-giro-cooperativo-agropecuario/sobre-o-fat/ 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8212cons.htm#art32iv 
i https://welytomangeli.jusbrasil.com.br/artigos/821585495/impactos-do-coronavirus-covid-19-no-
contrato-de-trabalho

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