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Paradigmas da educação financeira no Brasil

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RAP Rio de Janeiro 41(6):1121-41, Nov./Dez. 2007
Paradigmas da educação financeira no Brasil*
José Roberto Ferreira Savoia**
André Taue Saito***
Flávia de Angelis Santana****
SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Literatura internacional; 3. Experiência inter-
nacional; 4. Educação financeira no Brasil; 5. Considerações finais.
SUMMARY: 1. Introduction; 2. International literature; 3. International
experience; 4. Financial education in Brazil; 5. Final remarks.
PALAVRAS-CHAVE: educação financeira; paradigmas; experiência internaci-
onal; política de educação.
KEY WORDS: financial education; paradigms; international experience;
educational policy.
Este artigo propõe cinco ações que auxiliam no engajamento dos agentes
públicos e privados no programa de educação financeira. Para alcançar tal
finalidade, foi realizado um levantamento bibliográfico e documental, de
modo a oferecer respaldo teórico qualitativo à descrição apresentada. O
artigo inicia com a contextualização e a relevância do assunto. Aborda vi-
sões de autores internacionais sobre o tema, aprecia o estágio atual nos
Estados Unidos, nos países do Reino Unido, em outros países da OCDE e no
Brasil. Constata que, no país, ainda há um tratamento incipiente dessa
questão, determinado pelo limitado conhecimento e reduzida experiência
.......................................................................................................................................................
* Artigo recebido em abr. e aceito em out. 2007.
** Administrador, mestre e doutor em administração pela FEA/USP; pós-doutorado pela
Columbia University. Professor doutor na FEA/USP e adjunct professor na Columbia University.
Endereço: Av. Prof. Luciano Gualberto, 908, sala G-116 — CEP 055508-010, São Paulo, SP,
Brasil. E-mail: jrsavoia@usp.br.
*** Administrador de empresas pela FEA/USP, MBA em gestão financeira e risco pela Fipecafi,
mestrando em administração de empresas (finanças) na FEA/USP. Endereço: Av. Prof. Luciano
Gualberto, 908, sala G-116 — CEP 055508-010, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: saito@usp.br.
**** Jornalista pela Unesp e mestranda em história social pela USP. Endereço: Av. Prof. Luciano
Gualberto, 908, sala G-120 — CEP 055508-010, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: katiafas@hotm
ail.com.
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dos agentes envolvidos no processo de capacitação financeira. Desse modo,
é necessário o fomento de ações por parte do governo, da iniciativa priva-
da e do terceiro setor. Ressalta, ainda, que o papel das instituições de ensi-
no é imprescindível na formação de uma cultura de poupança e na
conscientização dos indivíduos para lidar com os instrumentos oferecidos
pelo sistema financeiro e atender as suas demandas pessoais.
Paradigms of financial education in Brazil
This article deals with financial education in Brazil, given its relevance for
the society’s daily life, and considers five actions to further the involvement
of public and private agents in financial education programs. In Brazil, this
issue hasn’t yet received proper attention, mainly due to the limited
knowledge and experience of the players involved in financial education.
Thus, it is necessary and urgent that the government, the private sector
and the third sector promote activities in this area. The article emphasizes
the role of basic, secondary and higher education institutions in developing
a savings culture and preparing individuals to deal with the instruments
offered by the financial system and to answer their own personal demands.
1. Introdução
Educação financeira sempre foi importante aos consumidores, para auxiliá-
los a orçar e gerir a sua renda, a poupar e investir, e a evitar que se tornem
vítimas de fraudes. No entanto, sua crescente relevância nos últimos anos
vem ocorrendo em decorrência do desenvolvimento dos mercados financeiros,
e das mudanças demográficas, econômicas e políticas.
(OCDE, 2004:223)
Na sociedade contemporânea, os indivíduos precisam dominar um con-
junto amplo de propriedades formais que proporcione uma compreensão lógi-
ca e sem falhas das forças que influenciam o ambiente e as suas relações com
os demais. O domínio de parte dessas propriedades é adquirido por meio da
educação financeira, entendida como um processo de transmissão de conheci-
mento que permite o desenvolvimento de habilidades nos indivíduos, para que
eles possam tomar decisões fundamentadas e seguras, melhorando o gerencia-
mento de suas finanças pessoais. Quando aprimoram tais capacidades, os indi-
víduos tornam-se mais integrados à sociedade e mais atuantes no âmbito
financeiro, ampliando o seu bem-estar.
Mudanças tecnológicas, regulatórias e econômicas elevaram a comple-
xidade dos serviços financeiros. Mas a insuficiência de conhecimento sobre o
assunto, por parte da população, compromete as decisões financeiras cotidia-
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nas dos indivíduos e das famílias, produzindo resultados inferiores ao deseja-
do. Na visão de Braunstein e Welch (2002:1):
Participantes informados ajudam a criar um mercado mais competitivo e
eficiente. Consumidores conscientes demandam por produtos condizentes
com suas necessidades financeiras de curto e longo prazo, exigindo que os
provedores financeiros criem produtos com características que melhor
correspondam a essas demandas.
A educação financeira tornou-se uma preocupação crescente em diver-
sos países, gerando um aprofundamento nos estudos sobre o tema. Embora
haja críticas quanto à abrangência dos programas e seus resultados, principal-
mente entre a população adulta, é inegável a importância do desenvolvimento
de ações planejadas de habilitação da população.
Nas últimas duas décadas, três forças produziram mudanças fundamen-
tais nas relações econômicas e sociopolíticas mundiais: a globalização, o de-
senvolvimento tecnológico e alterações regulatórias e institucionais de caráter
neoliberal. Isso levou os países desenvolvidos a reduzirem o escopo e o dispên-
dio de seus programas de seguridade social, ou seja, houve o rompimento do
paradigma paternalista do Estado.
As forças propulsoras
 
Fim do
paternalismo
do Estado
Estabilização
da moeda
Políticas
neoliberais
Postura
mais ativa
na gestão
das
finanças
pessoais
Necessidade
de maior
capacitação
financeira
Forças
Estado e
sociedade Indivíduo
Globalização
Tecnologia
Instituição
A partir da década de 1990, o Estado brasileiro se transforma e efetua
um conjunto de reformas de caráter neoliberal. Sob influência da globalização,
ocorreram alterações nas bases tecnológica, produtiva, financeira e educacio-
nal, promovendo a reorientação do papel do governo no provimento de servi-
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ços, bens e na proteção aos indivíduos, aí incluídos os seus aspectos sociais e
regulatórios.
Outra força propulsora desse novo cenário foi a estabilização da moeda,
acarretando a redução da inflação. Em um processo inflacionário, o curto-
prazismo é a característica dominante nas decisões financeiras, levando os
indivíduos a buscarem mecanismos de defesa do seu poder aquisitivo e do seu
patrimônio. A escolha de ativos reais e a procura por liquidez tendem a tornar
essas decisões imediatistas ea encurtar o horizonte de planejamento. Desse
modo, passa-se a priorizar o consumo, deixando de se criar uma cultura de
poupança de longo prazo.
Com a estabilidade, invertem-se as premissas e os prazos são ampliados
progressivamente. Os ativos financeiros são valorizados em relação a imóveis,
terras e outros bens reais. A transição para esse novo universo não acontece
naturalmente, ou seja, é um longo aprendizado, por parte dos indivíduos e das
famílias, sobre a nova ótica da gestão financeira de seu patrimônio pessoal.
Paralelamente, começa um processo de crescente transferência de res-
ponsabilidades aos indivíduos, até então sob a égide do Estado. A principal
delas é a formação da poupança previdenciária, conforme disposto na Emenda
Constitucional no 5, de 1998, que estimula os planos de previdência comple-
mentar. Da mesma forma, decisões sobre o financiamento da casa própria, o
consumo e o endividamento das famílias são alteradas em função desse cená-
rio, com informações limitadas sobre os instrumentos financeiros à população.
Logo, a principal dificuldade do indivíduo é planejar adequadamente
suas ações de longo prazo; é preciso poupar por conta própria para a aposen-
tadoria, não mais provida integralmente pelo Estado. Também é necessário
reavaliar as decisões sobre a compra de sua casa própria, e dos bens duráveis,
bem como entender as novas modalidades de crédito e dominar a tecnologia
disponível para a realização das transações financeiras básicas.
O governo, incapaz de poupar e realizar os investimentos propulsores
do crescimento, procurou, nos últimos anos, ampliar a oferta de crédito, para
incentivar o consumo de bens e serviços e, assim, aumentar a produção. No
entanto, o consumo das famílias não consegue, sozinho, estimular os investi-
mentos, que geram empregos e elevação da renda. Para agravar esse quadro, a
população, despreparada para dimensionar o volume de comprometimento do
seu orçamento, avança com ímpeto ao crédito fácil e, endividada, busca cami-
nhos para restaurar o seu equilíbrio. O crescimento desorientado do crédito
produz a inadimplência. A partir daí, os empréstimos são interrompidos e a
economia reduz a sua atividade. Como conseqüência dessas ações, surge um
círculo vicioso de expansão e retração do crescimento.
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É evidente que, no Brasil, as autoridades não exercem a função de capa-
citar a população adequadamente para a tomada de decisões no âmbito finan-
ceiro. Organizações privadas, como a Bovespa, e algumas empresas e bancos
desenvolvem práticas para minorar essa lacuna e orientar os clientes e usuári-
os dos seus produtos. No entanto, tais ações meritórias são insuficientes para
alterar a situação vigente da população, com os produtos destinados às pesso-
as físicas em franca expansão, conforme a tabela.
Evolução de produtos de pessoa física — em R$ mil
Discriminação 2002 2003 2004 2005 2006
Crédito* 277.063.975 319.026.745 372.114.269 450.836.096 498.887.834
PGBL 2.969.513 4.106.593 4.221.206 4.116.935 4.140.096
VGBL 11.701.843 15.333.905
Seguro** 8.244.380 13.191.102 17.670.273 19.978.985 24.716.859
Previdência aberta 2.969.513 4.106.593 4.221.206 15.818.778 19.474.000
Fonte: Banco Central e Susep.
* Volume de concessão com recurso livre.
** Prêmio total (grupo pessoas).
Além disso, ressalta-se que a participação de investidores que utilizam a
internet para realizar negócios na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa)
vem crescendo nos últimos anos e, em fevereiro de 2007, o volume de transa-
ções por meio do homebroker atingiu novos recordes, alcançando, na média
diária, R$ 508,9 milhões, que correspondem a um número 11,5% maior do
que o registrado em janeiro deste ano.
Por fim, não há como negar que a educação financeira é fundamental na
sociedade brasileira contemporânea, visto que influencia diretamente as deci-
sões econômicas dos indivíduos e das famílias. Desse modo, torna-se extrema-
mente necessário ampliar a visão sobre o assunto e discutir os paradigmas que
surgem da inserção da educação financeira no contexto político.
2. Literatura internacional
A literatura internacional aponta importantes aspectos sobre a evolução, os
objetivos, as abordagens, os riscos e os resultados dos programas de educação
financeira. A seguir são descritas essas considerações.
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Evolução
Dolvin e Templeton (2006) apontam a disseminação de programas de educa-
ção financeira, na última década, direcionados às comunidades e aos funcio-
nários de empresas.
Bernheim e Garrett (2003) apresentam evidências de que a inclusão de
programas de educação financeira nas empresas norte-americanas, a partir da
década de 1980, vem estimulando o aumento da adesão aos planos previden-
ciários, como os 401 (k)s. Além de expandir esses programas em outras orga-
nizações, esse resultado contribui para campanhas em defesa da formação de
poupança previdenciária, com base no conhecimento financeiro.
Objetivo
Manson e Wilson (2000), citados por Dolvin e Templeton (2006), defendem
que os programas de educação financeira estimulam o desenvolvimento de
conhecimento, aptidão e habilidades, formando indivíduos críticos, informa-
dos sobre os serviços financeiros disponíveis e preparados para administrar as
suas finanças de maneira eficaz. Como recomendações para futuros desenvol-
vimentos, o estudo realizado por Volpe, Chen e Liu (2006) demonstra que os
programas educacionais deverão focar as principais áreas de finanças pesso-
ais, em que os indivíduos têm conhecimento inadequado, incluindo planos de
aposentadoria e conceitos básicos de investimentos.
Abordagens
Serão apresentadas duas abordagens para classificação dos programas de edu-
cação financeira. Na primeira delas, os programas são organizados de acordo
com o interesse pessoal versus profissional. Na segunda, são divididos segundo
o critério de finalidade.
Worthington (2006) afirma que o conhecimento financeiro pode ser
enquadrado em duas vertentes: pessoal e profissional. Do ponto de vista pes-
soal, é atrelado à compreensão da economia e de como as decisões das famíli-
as são afetadas pelas circunstâncias econômicas. Inclui ainda tópicos da gestão
de recursos, tais como: orçamento, poupança, investimento e seguro. No âm-
bito profissional, o conhecimento financeiro é vinculado à compreensão de
relatórios financeiros, fluxos de caixa e mecanismos de governança corporativa
das empresas.
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Todd (2002), Braunstein e Welch (2002) dividem os programas de edu-
cação financeira em três grupos: aquele focado nas finanças pessoais, em as-
suntos como orçamento, poupança e crédito; outro que oferece treinamento
específico para poupança previdenciária e é promovido por empresas; e, final-
mente, o relacionado à compra de imóveis.
Riscos
Fox, Bartholomae e Lee (2005) ressaltam que a ignorância financeira cria vie-
ses potenciais de comportamento, exibidos pelos investidores incultos. Bernheim
(1998) conclui que a maior parte dos norte-americanos apresenta lacunas de
formação para o gerenciamento de suas finanças pessoais, e suas escolhas em
termos de aposentadoria são reflexos dessa deficiência.
Clark e colaboradores (2006) reforçam talargumento, lembrando que
os indivíduos serão cada vez mais responsáveis pela sua renda na aposentado-
ria e, para que isso ocorra adequadamente, é necessário um certo nível de
conhecimento financeiro, de forma a dimensionar os impactos das decisões
tomadas.
Ainda segundo Clark e colaboradores (2006), a falta de conhecimento
financeiro pode provocar: o adiamento da formação da poupança previdenciá-
ria; a incapacidade de tomar decisões corretas de investimento, consumo e
poupança; e o aumento da insegurança em relação ao risco e ao retorno dos
produtos de investimento.
Resultados
Mandell (2005) destaca que a inserção dos programas de educação financeira
no sistema de ensino ocasionou a ampliação da propensão de poupar nos estu-
dantes norte-americanos. Já Braunstein e Welch (2002), embora questionem a
qualidade e a eficácia desses programas, não descartam a sua relevância para
o bem-estar financeiro dos indivíduos.
3. Experiência internacional
As pesquisas sobre educação financeira estão concentradas, majoritariamente,
nos Estados Unidos e Reino Unido, sendo focalizadas nos ensinos médio e
universitário. A despeito do envelhecimento da população adulta, pouca aten-
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ção vem sendo dada para a capacitação desse grupo. Além disso, grande parte
da literatura é voltada para as descrições estatísticas que relacionam dados
demográficos, socioeconômicos e financeiros com as iniciativas de educação
financeira (Worthington, 2006).
Segundo Holzmann e Miralles (2005), o processo de educação financei-
ra, aparentemente, está mais desenvolvido nos Estados Unidos, Reino Unido,
Canadá, Austrália e Nova Zelândia, bem como em alguns países da América
Latina e da Europa Central e Oriental, que reformularam o seu sistema
previdenciário.
Esses países perceberam a importância do tema e, por conta disso, vêm
desenvolvendo uma grande variedade de programas. Para tal, utilizam ferra-
mentas de treinamento — como sites, panfletos e brochuras —, além de se
valerem de campanhas na mídia, para esclarecer os indivíduos de assuntos
como crédito, seguro, investimento e poupança previdenciária.
No entanto, Lusardi e Mitchell (2007) constataram que, nesses mesmos
países, os indivíduos apresentam dificuldades para a elaboração de seu plane-
jamento financeiro, o que implica dificuldades para a fase da aposentadoria e
no processo de acumulação de riqueza. Assim, há uma demanda pela educa-
ção financeira suprida por iniciativas da esfera privada e de organismos não-
governamentais, segundo esses mesmos autores.
Assim, reconhecendo a necessidade de se desenvolver a poupança previ-
denciária e melhorar o entendimento dos indivíduos sobre os produtos finan-
ceiros, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
criou o Financial Education Project para estudar a educação financeira e pro-
por programas aos seus países-membros (OCDE, 2004).
O programa foi estabelecido em 2003, com a finalidade de analisar a
efetividade das iniciativas existentes nos países, desenvolver técnicas que per-
mitam a comparação dos programas, de modo a prover um conjunto de reco-
mendações de melhores práticas para a sua implantação (Smith, 2005). De
acordo com a OCDE, foi publicado um relatório em novembro de 2005 —
Improving financial literacy: analysis of issues and policies —, apresentando os
resultados obtidos. Observou-se que os países pesquisados estão adotando
políticas para instruir a população quanto aos conceitos de crédito, de investi-
mentos e de instrumentos de seguro e demonstram preocupação com a popu-
lação jovem. Entretanto, ainda há obstáculos para o êxito desses programas,
em geral, por conta do orçamento necessário para a sua implantação, e da
reduzida compreensão da população sobre os benefícios oriundos da educa-
ção financeira.
Pesquisas realizadas pela OCDE, nos seus não-membros, originaram re-
comendações e princípios, enumerados no quadro.
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Princípios e recomendações de educação financeira
1. A educação financeira deve ser promovida de uma forma justa e sem vieses, ou seja, o desenvolvimento das
competências financeiras dos indivíduos precisa ser embasado em informações e instruções apropriadas, livres
de interesses particulares.
2. Os programas de educação financeira devem focar as prioridades de cada país, isto é, se adequarem à
realidade nacional, podendo incluir, em seu conteúdo, aspectos básicos de um planejamento financeiro, como
as decisões de poupança, de endividamento, de contratação de seguros, bem como conceitos elementares de
matemática e economia. Os indivíduos que estão para se aposentar devem estar cientes da necessidade de
avaliar a situação de seus planos de pensão, necessitando agir apropriadamente para defender seus interesses.
3. O processo de educação financeira deve ser considerado, pelos órgãos administrativos e legais de um país,
como um instrumento para o crescimento e a estabilidade econômica, sendo necessário que se busque
complementar o papel exercido pela regulamentação do sistema financeiro e pelas leis de proteção ao consumidor.
4. O envolvimento das instituições financeiras no processo de educação financeira deve ser estimulado, de tal
forma que a adotem como parte integrante de suas práticas de relacionamento com seus clientes, provendo
informações financeiras que estimulem a compreensão de suas decisões, principalmente nos negócios de
longo prazo e naqueles que comprometam expressivamente a renda atual e futura de seus consumidores.
5. A educação financeira deve ser um processo contínuo, acompanhando a evolução dos mercados e a crescente
complexidade das informações que os caracterizam.
6. Por meio da mídia, devem ser veiculadas campanhas nacionais de estímulo à compreensão dos indivíduos
quanto à necessidade de buscarem a capacitação financeira, bem como o conhecimento dos riscos envolvidos
nas suas decisões. Além disso, precisam ser criados sites específicos, oferecendo informações gratuitas e de
utilidade pública.
7. A educação financeira deve começar na escola. É recomendável que as pessoas se insiram no processo
precocemente.
8. As instituições financeiras devem ser incentivadas a certificar que os clientes leiam e compreendam todas as
informações disponibilizadas, especificamente, quando forem relacionadas aos negócios de longo prazo, ou
aos serviços financeiros, com conseqüências relevantes.
9. Os programas de educação financeira devem focar, particularmente, aspectos importantes do planejamento
financeiro pessoal, como a poupança e a aposentadoria, o endividamento e a contratação de seguros.
10. Os programas devem ser orientados para a construção da competência financeira, adequando-se a grupos
específicos, e elaborados da forma mais personalizada possível.
Fonte: OCDE, 2005.
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Estados Unidos
Nos Estados Unidos, percebemos uma grande quantidade de sites e institui-
ções envolvidos no processo de educação financeira e, segundo Bernheim,
Garrett e Maki (1997), no país, 29 estados — do total de 50 estados e um
distrito — entre 1957 e 1985, tornaram a educação financeira obrigatória nas
escolas secundárias, com oobjetivo de preparar os jovens para a vida adulta.
Percebe-se, portanto, a inclusão da educação financeira no sistema de ensino
nos Estados Unidos e, também, o envolvimento das instituições governamen-
tais, financeiras e de organizações do terceiro setor.
Instituições governamentais
O Federal Reserve (Fed) é o Banco Central norte-americano — composto por sete
membros do Board of Governors e 12 do Reserve Banks, das principais cidades
— criado em dezembro de 1913. De acordo com Fox, Hoffmann e Welch (2004),
o Fed vem atuando, de forma ativa, no levantamento de dados sobre a
efetividade dos programas de educação financeira, que englobam atividades
direcionadas aos trabalhadores, aos estudantes e à população como um todo.
Conforme Worthington (2006), o Fed criou o Jump Coalition for Personal
Financial Literacy que, a cada dois anos, avalia o nível de conhecimento finan-
ceiro dos estudantes do ensino médio, colaborando na proliferação de leis
estaduais que instituem a inserção da educação financeira nas grades
curriculares.
O site do Board of Governors contém conceitos referentes à economia e
aos serviços bancários, bem como links de outras entidades relacionadas à
educação financeira (Federal Reserve Education, 2006). Por meio dos seus
programas, o Board of Governors promove eventos, organiza publicações aca-
dêmicas e orienta os indivíduos quanto aos seus direitos (Fox, Hoffmann e
Welch, 2004).
O Federal Reserve Bank of Chicago oferece recursos online para pesqui-
sadores, educadores e elaboradores de programas de educação financeira. Já
o Federal Reserve Bank of San Francisco possui o Guide to financial literacy
resources, que apresenta conceitos básicos de educação financeira e dados úteis
para os consumidores. Entre seus projetos, vale destacar os workshops que
realiza e a assistência disponibilizada aos pequenos negócios (Fox, Hoffmann
e Welch, 2004). O Federal Reserve Bank of Philadelphia disponibiliza um con-
junto de informações sobre os materiais disponíveis e instituições que atuam
no processo de educação financeira.
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1131Paradigmas da Educação Finance ira no Bras i l
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Ainda na esfera governamental, o senado norte-americano vem reali-
zando audiências sobre o assunto, e o Tesouro Nacional fundou o Office of
Financial Education, que foca o desenvolvimento da competência financeira
(Worthington, 2006).
Instituições financeiras
Em instituições financeiras como Bank of America, Citibank e Chase, o interes-
se pelo assunto vem crescendo. Em 2003, por exemplo, cerca de 98% dos
bancos norte-americanos financiaram projetos de educação financeira e 72%
desenvolveram os seus próprios programas, com o intuito de capacitar os jo-
vens, evitando que eles tenham problemas de ordem financeira (Worthington,
2006).
Organizações do terceiro setor
A National Endowment for Financial Education (Nefe) é um exemplo de enti-
dade sem fins lucrativos cuja finalidade é auxiliar a população na aquisição de
informações e no desenvolvimento de competências para a gestão das suas
finanças pessoais.
Reino Unido
No Reino Unido, as principais instituições envolvidas no processo de capacita-
ção financeira são o UK government education departments, o Financial Services
Authority (FSA), o Basic Skills Agency (BSA), o Department for Work and
Pensions (DWP), o Tesouro Nacional, as instituições financeiras, os grupos
comunitários e as escolas (England e Chatterjee, 2005).
UK government education departments
Nos países que formam o Reino Unido — Inglaterra, País de Gales, Escócia e
Irlanda do Norte — a educação financeira é facultativa no currículo escolar
desde 2001 e, portanto, não há nenhuma exigência legal para lecioná-la nas
escolas. Na Inglaterra, por exemplo, a educação financeira não possui status
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de disciplina regular, sendo os seus conceitos transmitidos em cursos de mate-
mática, educação moral e cívica, entre outros (England e Chatterjee, 2005).
Financial Services Authority
A Financial Services Authority (FSA) é uma organização não-governamental
que atua na proteção dos consumidores, no combate aos crimes financeiros e
na divulgação dos conceitos ligados ao funcionamento do sistema financeiro.
Vem atuando no sentido de promover a expansão da educação financeira, por
meio de projetos que envolvem escolas, jovens, aposentadoria, empréstimos e
recomendações financeiras (England e Chatterjee, 2005).
Em 2003, a FSA reuniu líderes industriais e defensores dos direitos dos
consumidores para discutir estratégias de educação financeira, recomenda-
ções e informações gerais que permitissem a identificação de lacunas a serem
supridas na capacitação financeira dos indivíduos (Worthington, 2006).
Basic Skills Agency
Fundada em 2000, a Basic Skills Agency (BSA) é focada no fomento de progra-
mas direcionados à melhoria das técnicas de ensino e de aprendizagem dos
adultos (England e Chatterjee, 2005).
Department for Work and Pensions
O Department for Work and Pensions (DWP) concentra seus esforços no de-
senvolvimento de políticas de educação financeira voltadas para as institui-
ções de ensino e para os indivíduos à margem desse sistema, de modo a ampliar
as aptidões da população, no que tange à interpretação de informações e reco-
mendações de natureza financeira (England e Chatterjee, 2005).
Instituições financeiras e outras associações
Empresas do setor financeiro, como o Royal Bank of Scotland (RBS), NatWest,
Barclays e Lloyds TSB, e entidades comunitárias, como os Services Against
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Financial Exclusion (Safe) e o Pre-Retirement Association atuam no fortaleci-
mento da educação financeira no Reino Unido (England e Chatterjee, 2005).
Também são exemplos de instituições envolvidas com programas de
educação financeira, o Personal Finance Education Group — que procura de-
senvolver competências nos educadores de finanças pessoais — e a Citizens
Advice Bureaux que, juntamente com a Stewart Ivory Foundation, fomenta a
educação financeira na comunidade em geral (Worthington, 2006).
Outros países
Holzmann e Miralles (2005) mencionam o estágio da educação financeira em
alguns países da OCDE — República Tcheca, Hungria, Polônia e Eslováquia —
e em outros não-membros — Bulgária, Lituânia, Macedônia e Ucrânia. Em
linhas gerais, observamos que há uma incipiência de conhecimento sobre o
tema, a mídia é a maior envolvida no processo de capacitação financeira, e
tanto os indivíduos quanto as instituições enfrentam dificuldades para se inse-
rir na educação financeira.
Nas últimas décadas, vários fatores contribuíram para a criação de servi-
ços financeiros na Austrália, exigindo maior capacitação financeira dos consu-
midores para a gestão efetiva do seu patrimônio. Em seu estudo, Worthington
(2006) menciona que o nível de conhecimento financeiro é mais elevado entre
pessoas de 50 a 60 anos, profissionais, empresários, donos de fazenda e indiví-
duos com formação universitária. Menor nível é observado nos desemprega-
dos, mulheres e aqueles que não falam inglês, com reduzido grau de educação.
4. Educação financeira no Brasil
No caso brasileiro, não foram encontrados trabalhos que consolidam as infor-
mações sobre educação financeira. Isso torna este artigo extremamente rele-vante, já que se trata de uma contribuição institucional para futuras discussões
sobre o tema no país.
Com esse intuito, foi realizado um levantamento das principais ações
desenvolvidas pelos órgãos governamentais, instituições financeiras e de ensi-
no, associações e mídia, no que tange ao processo de educação financeira. Não
pretendemos, com esses dados, esgotar o assunto, mas sim ilustrar a sua evo-
lução no país. Vale ressaltar, ainda, que tais ações são insuficientes para aten-
der a demanda por esses conhecimentos.
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Ministério da Educação e Cultura (MEC)
Não há obrigatoriedade da educação financeira no sistema de ensino. O MEC
preconiza a contextualização do ensino, que pressupõe um processo de apren-
dizagem apoiado no desenvolvimento de competências para inserção dos es-
tudantes na vida adulta, mediante a multidisciplinaridade, o incentivo do
raciocínio e da capacidade de aprender.
No ensino de matemática, recomenda-se estimular: a capacidade de lei-
tura e interpretação de textos com conteúdo econômico; a habilidade de aná-
lise e julgamento dos cálculos de juros nas vendas a prazo; a compreensão do
relacionamento entre a matemática e os demais campos de conhecimento, como
a economia; a utilização desta para promover ações de defesa dos direitos do
consumidor (MEC, 2000a, 2000b).
Tais orientações são oriundas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (no 9.384/96), mas não demonstram uma preocupação explícita do
MEC com a inserção da educação financeira no ensino.
O MEC, em conjunto com o Ministério da Fazenda, a Secretaria da Re-
ceita Federal, a Secretaria do Tesouro Nacional, e as secretarias da Fazenda e
de Educação dos estados, vem implementando o Programa Nacional de Edu-
cação Fiscal, com o objetivo de capacitar os indivíduos no âmbito fiscal. Por
meio da Escola de Administração Fazendária (Esaf) são oferecidos cursos online
e materiais sobre o assunto (Esaf, 2006).
Universidades
Não verificamos uma participação constante das instituições de ensino superi-
or no processo de educação financeira.
Banco Central do Brasil (Bacen)
O Bacen possui o Programa de Educação Financeira (PEF), responsável pela
orientação da sociedade a respeito de assuntos econômicos, contribuindo para
um melhor entendimento dos aspectos financeiros e da responsabilidade no
planejamento das finanças pessoais. São exemplos de ações implementadas
(Bacen, 2006):
� Projeto Museu-Escola, que envolve visitas monitoradas ao museu do Bacen;
� Projeto o Museu Vai à Escola, que é uma extensão do Projeto Museu-Esco-
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la, levando palestras e exposições às escolas do Distrito Federal e de regiões
próximas;
� Projeto BC e Universidade, composto por palestras mensais, ministradas
por servidores do Bacen e direcionadas aos estudantes universitários, escla-
recendo sua atuação e suas funções.
No entanto, percebemos que tais ações empreendidas pelo Bacen não
atingem, de forma ampla, o público adulto, que é o principal usuário dos ser-
viços financeiros. Além disso, identifica-se uma lacuna na atuação desse ór-
gão, evidenciada pela inexistência de uma regulamentação que exija o fomento
da educação financeira por parte de bancos e outras instituições.
Comissões de Valores Mobiliários (CVM)
Promove palestras e disponibiliza cartilhas gratuitas de educação ao investi-
dor, além de esclarecer dúvidas dos indivíduos quanto a investimentos (CVM,
2006).
Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa)
Possui o programa educacional Bovespa, criado em 1989, para atender aos
interessados que desejam conhecer a bolsa e o funcionamento do mercado
acionário. Suas iniciativas buscam evidenciar a importância das bolsas de va-
lores para a economia do país, transmitir conceitos econômicos básicos, esti-
mular hábitos de poupança, entre outras.
Além disso, promove visitas monitoradas à Bolsa; realiza palestras
e orientações à população, por meio dos projetos Educar e Bovespa Vai
até Você; realiza concursos estudantis; apóia concursos de simulação de
investimentos em conjunto com o jornal Folha de S. Paulo; e desenvolve
parcerias com instituições de ensino para distribuição de materiais
(Bovespa, 2006).
Federação Brasileira de Bancos (Febraban)
Oferece informações sobre o uso de produtos financeiros, como cartão, caixa
automático, segurança e relacionamento com bancos (Febraban, 2006).
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Serasa
Desenvolveu o Guia Serasa de orientação ao cidadão, que auxilia na gestão dos
recursos financeiros e pode ser encontrado em seu site (Serasa, 2006).
Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid)
Difunde conceitos sobre investimento pessoal, estimulando a formação do investi-
dor no Brasil, e incentiva a produção de estudos acadêmicos sobre o mercado de
capitais brasileiro. No seu portal <www.comoinvestir.com.br>, disponibiliza ser-
viços de e-learning e oferece informações educativas sobre alternativas de investi-
mentos, como: fundos, ações, debêntures, CDB, títulos públicos. Também promove
cursos e atua na certificação de profissionais que têm contato com os clientes, ao
comercializarem produtos de investimento (Anbid, 2006).
Instituições financeiras
Poucas instituições financeiras possuem programas de educação financeira para
o público. Como exemplo, pode-se citar o Banco Itaú, que disponibiliza o Guia
do crédito consciente, orientando os indivíduos no uso apropriado de emprésti-
mos e financiamentos e disponibilizando conceitos para a elaboração de um
orçamento familiar (Banco Itaú, 2006).
Mídia e eventos
No caso brasileiro, o papel exercido pela mídia — jornais, revistas, televisão,
rádio e internet — é muito relevante, pela amplitude de seu alcance e pela
facilidade de assimilação do conteúdo difundido.
Outra forma de divulgação se dá pela realização de eventos. O Expomoney,
por exemplo, oferece palestras gratuitas em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Ho-
rizonte, abordando assuntos, como: planejamento financeiro, previdência, fundos
de investimento, ações, economia doméstica, entre outros (Expomoney, 2006).
Demais associações
Podem ser citadas: a Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito
e Serviços (Abecs), que oferece recomendações por meio do Manual do porta-
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1137Paradigmas da Educação Finance ira no Bras i l
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dor de cartão (Abecs, 2006); e a Associação Nacional da Previdência Privada
(Anapp), que disponibiliza informações relativas aos produtos de previdência
(Anapp, 2006).
5. Considerações finais
O objetivo do presente artigo foi discutir a educação financeira no Brasil, de
forma a avaliar o estágio das ações referentes ao assunto no contexto nacional,
e sugerir iniciativas para o seu fomento. Também pretendemos encorajar o seu
desenvolvimento e alertar os agentes envolvidos no processo.
O trabalho iniciou-se com a contextualização e a importância da educa-
ção financeira. Prosseguiu com as definições e as experiências internacionais.Discorreu sobre o tratamento do assunto nos Estados Unidos, no Reino Unido
e em outros países-membros da OCDE. Em seguida, apresentou as implicações
do papel do governo brasileiro para o fomento da educação financeira e, final-
mente, retratou as iniciativas existentes no país.
A educação financeira no Brasil se encontra em estágio de desenvolvi-
mento inferior aos Estados Unidos e Reino Unido. No primeiro, o tema é ado-
tado obrigatoriamente na grade de ensino de alguns estados, 72% dos bancos
promovem programas de educação financeira, além de diversas organizações
engajadas nesse processo. No Reino Unido, embora seja facultativa, há um
forte envolvimento dos atores do processo, inclusive com a criação de um fun-
do, com o intuito de estimular a cultura de poupança. A explicação para essas
diferenças entre o Brasil e os países citados está na compreensão de fatores
históricos, culturais, bem como da responsabilidade das instituições no pro-
cesso de educação financeira.
O extenso período de inflação comprometeu a capacidade de planeja-
mento econômico-financeiro de longo prazo. Com a abertura econômica, no
início dos anos 1990, e o processo de estabilização do Plano Real, o mercado
financeiro nacional se transformou e criou novos instrumentos, aumentando a
complexidade dos produtos oferecidos. Desse modo, os indivíduos e as famíli-
as passaram a demandar maior conhecimento e informação atualizada, para
tomarem as suas decisões financeiras de forma fundamentada e segura.
Apesar dessas mudanças, a educação financeira não foi agregada, de
maneira oficial, nas grades curriculares e, nas universidades, não se constata
uma ação efetiva e duradoura. Tal realidade reflete uma atuação ainda insufi-
ciente do MEC, no que tange à inserção do tema em todos os níveis de ensino.
Assim como no ensino, também não se verifica o desenvolvimento de
programas de educação financeira nos bancos brasileiros. As iniciativas exis-
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tentes são escassas e não atendem às demandas dos seus clientes. A regulação
da matéria pelo Banco Central pode ser uma alternativa para solucionar tal
deficiência.
Outros organismos ligados ao governo — CVM, Ministério da Fazenda,
Secretaria da Receita Federal, Secretaria do Tesouro Nacional, Secretaria da
Fazenda e secretarias de Educação dos estados — possuem projetos na área de
educação financeira, mas ainda estão muito aquém do necessário para habili-
tar a população adulta sobre o tema.
Diante desse quadro, algumas ações podem ser sugeridas:
� incentivar a cultura de poupança na população;
� inserir a educação financeira nos programas de todos os níveis de ensino;
� desenvolver os conceitos de crédito, investimento e consumo por meio de
escolas, universidades, mídia e outros setores;
� promover a coordenação de esforços entre governo e sociedade;
� monitorar a qualidade dos programas.
No Brasil, há uma situação preocupante no âmbito da educação finan-
ceira, demandando urgência na inserção do tema em todas as esferas, ainda
mais considerando a desequilibrada distribuição de renda desse país, onde
representativa parte dos recursos produtivos é direcionada ao Estado, tornan-
do imprescindível a excelência na gestão de recursos escassos por parte dos
indivíduos e de suas famílias. Além de ser necessária uma coordenação maior
de esforços e monitoramento das iniciativas do setor privado, o papel do setor
público será de extrema importância para a propagação, fortalecimento e con-
solidação duradoura da educação financeira, sendo a participação das escolas
e das universidades de grande relevância para o seu êxito.
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