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12
PAULO FREIRE NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Ana Paula costa back¹
Beatriz Küsters
Tamires dos Santos Branger
Roseli Benner²
RESUMO
O presente paper tem como tema a influência da teoria de Paulo Freire no processo de ensino-aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos no Brasil e também apresentar a experiência de Paulo Freire na alfabetização de adultos, destacando mudanças ocorridas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) ao longo da história. Como essa modalidade de ensino tem repercutido com intensidade nas propostas educacionais. As metodologias aplicadas para a difusão de conhecimentos concernentes a essa modalidade de ensino e a repercussão do processo de ensino-aprendizagem, influenciado pela teoria de Paulo Freire. Sendo um dos mais importantes teóricos da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, as contribuições de Paulo Freire são percebidas até os dias atuais. A trajetória da Educação de Jovens e Adultos no Brasil está relacionada com a própria história da educação e, sua consolidação como modalidade de ensino é marcada por uma série de acontecimentos e ações. Com esse estudo pretende-se na medida em que desenvolvemos o nosso objetivo, conhecer sobre a pessoa de Paulo Freire, seu “método” e suas ações na EJA.
Palavras-chave: Educação. Método. Processo de ensino-aprendizagem. Paulo Freire
1. INTRODUÇÃO
2. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E OS PROGRAMAS QUE PERMEARAM A LUTA CONTRA O ANALFABETISMO NO BRASIL.
Dando início ao programa no ano de 1960, o Movimento de Cultura Popular era vinculado a Prefeitura de Recife contava com a ajuda de Paulo Freire que coordenava o Projeto de Educação de Adultos do MCP. O mesmo tinha como objetivo a alfabetização com novos métodos de aprendizagem. Em 1964, o movimento foi extinto pelo golpe militar, os militares cessaram com o movimento porque viam o mesmo como uma ameaça aos objetivos do governo.
Por sua vez, o Movimento de Educação de Base foi criado no ano de 1961 pela Conferência Nacional de Bispos do Brasil. Contou com a ajuda do Governo Federal no repasse de recursos para a alfabetização de adultos e sua atuação se dava principalmente pelo estado de Minas Gerais e no interior das regiões Centro Oeste, Norte e Nordeste, regiões estas com alto índice de subdesenvolvimento. O programa teve fim, em alguns estados, no ano de 1996 em razão da imposição feita pelo governo militar.
 Diante desse cenário, identificamos o fim dessas mobilizações e movimentos por motivos políticos, afinal, os programas por meio da presença da pedagogia de Paulo Freire, reconheciam o analfabetismo não como uma causa da situação de pobreza, mas como consequência de uma sociedade estruturada em desigualdades. Logo, para “a concepção crítica, o analfabetismo nem é uma “chaga”, nem uma “erva daninha” a ser erradicada, nem tampouco uma enfermidade, mas uma das expressões concretas de uma realidade social injusta”. (FREIRE, 1981, p. 13).
Perante esse contexto, percebemos a extinção dos movimentos durante o governo militar, pelo fato de estarem comprometidos com a conscientização das classes populares na busca de transformações e melhores condições de vida, ou seja, o governo passou a ditar as regras de forma autoritária para o país e assim centralizou seu poder não aceitando ideias contrárias ao seu sistema político.
A configuração proposta para a Educação de Jovens e Adultos nesse período foi de retomar a prioridade do Estado em programas assistencialistas e conservadores no trabalho de alfabetização de adultos. Dentro desse contexto, o governo militar criou em 1967, o Movimento Brasileiro de Alfabetização. O MOBRAL foi um projeto do governo militar, que teve como objetivo erradicar o analfabetismo. No entanto, sua ação foi a alfabetização funcional dos jovens e adultos, ou seja, ensiná-los a ler, escrever e fazer cálculos deixando de lado a formação crítica do aluno.
O trabalho pedagógico no MOBRAL, não tinha um caráter crítico eproblematizador, sua orientação, supervisão e produção de materiais, era todo centralizado. Assim, “este programa criou analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que muitas vezes aprenderam somente a assinar o nome, e que não apresentam condições de participar de atividades de leitura e escrita no contexto social em que vivem.” (MOTA, 2009, p. 15).
Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional Lei 5692/71 o Ensino Supletivo organizou-se em termos de cursos e exames. De início, o ensino supletivo foi anunciado como algo temporário, para aqueles que tinham a necessidade de provar escolaridade no trabalho, mas logo depois, tornou-se um meio de ensino necessário por razão da crescente procura. Com a Nova República, em 1985, o Mobral foi extinto e em seu lugar foi criada a Fundação Educar atuando em conjunto com os municípios. A mesma deixou de lado a realização dos programas, mas passou a apoiar de forma técnica e financeira os já existentes. A Fundação Educar visava a ação de programas de alfabetização e de educação básica para o adulto, seu atendimento dava preferência aos lugares com maior número de jovens e adultos analfabetos.
Com a aprovação da Constituição de 1988, o dever do Estado para com a EJA torna-se maior. A Constituição trata do assunto garantindo em seu artigo 208, inciso I, “o acesso ao ensino fundamental gratuito, inclusive aqueles que a ele não tiveram acesso na idade própria” (BRASIL, 1988). Tendo em vista as discussões e determinações legais em torno da educação de jovens e adultos, em 10 de maio de 2000 foram promulgadas as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Essas Diretrizes passaram a reconhecer o valor da EJA como um direito, superando o conceito de ensino supletivo e substituindo a ideia de compensação e caridade pelas funções reparadora, equalizadora e qualificadora.
2.1 A ANÁLISE DE METODOLOGIA DE PAULO FREIRE NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.
A Educação de Jovens e Adultos no Brasil, veio, ao longo de décadas, ganhando destaque nas políticas educacionais. Houve uma diversidade de metodologias aplicadas à essa modalidade de educação, porém nenhuma delas foi tão significativa como a do teórico Paulo Freire.
Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, na cidade de Recife. Foi alfabetizado por sua mãe, no quintal da sua casa, tinha por lápis pequenos galhos de árvores e por quadro, a terra. Na adolescência desenvolveu grande interesse pela Língua Portuguesa. Com 22 anos de idade começou a estudar Direito na Faculdade de Direito do Recife. Em 1947 foi contratado para dirigir o departamento de educação e cultura do Sesi, onde entrou em contato com a alfabetização de jovens e adultos. Paulo Freire vivenciou a Educação de Jovens e Adultos de forma especial, pois não foi somente professor dessa modalidade de ensino, foi também um dos alunos integrantes desse tipo de educação. Essas experiências permitiram a esse teórico analisar os tipos de métodos utilizados para o público de jovens e adultos, fazendo assim com que Paulo Freire desenvolvesse o seu tão famoso método.
Mediante tantas dificuldades enfrentadas, as escolas têm procurado melhorar a qualidade de ensino para o público de jovens e adultos. Paulatinamente, o corpo docente tem notado a sua responsabilidade na formação desses alunos e a dificuldade que esses têm de assistir as aulas. Porém, fala-se da metodologia desenvolvida por Freire e sua relativa aplicação em sala de aula, o que nortearia os professores em aplicar os conteúdos e à forma em que se daria o processo de ensino-aprendizagem.
O ‘Método Paulo Freire’ não é simplesmente um método qualquer. É um instrumento de mediação da educação, na qual está se dá de forma mútua, não existindo o detentor do saber. A cultura da sociedade em que o educando está inserido é respeitada, como também os seus conhecimentos prévios são considerados.
 [...] A captação e a compreensão da realidade se refazem, ganhando um nível que até então não tinham. Os homens tendem a perceber que sua compreensão e que a ‘razão’ da realidadenão estão fora dela, como, por sua vez, ela não se encontra deles dicotomizada, como se fosse um mundo à parte, misterioso e estranho, que os esmagasse. (FREIRE, 1987, p. 96).
Apesar da importância dada à leitura e escrita, é necessário que os docentes trabalhem com a modalidade de jovens e adultos de forma diferenciada. Preocupando-se com a necessidade do seu público alvo e como esse ensino será trabalhado. O aluno tem que ser autônomo no seu processo de aprendizagem, para que possa ressignificar seus conhecimentos e o seu mundo.
A metodologia desenvolvida por Freire, idealizava fazer da alfabetização um instrumento, através do qual o educando pudesse criar e recriar o seu mundo, como também gerar outros atos criadores.
A primeira fase da metodologia desenvolvida por Paulo Freire, permite com que o educador descubra o universo vocabular do grupo a ser trabalhado. A segunda fase do método de Paulo Freire refere-se á seleção das palavras dentro do universo vocabular, obedecendo alguns critérios. O primeiro critério refere-se ao da riqueza silábica. O segundo critério refere-se às dificuldades fonéticas. E o terceiro critério refere-se ao conteúdo prático da palavra.
A terceira fase da metodologia de Paulo Freire refere-se à criação de situações existenciais características de cada grupo. Trata-se de situações inseridas na realidade local, a quarta fase é de elaboração de fichas indicadoras que ajudam os coordenadores do debate em seu trabalho. As fichas de cultura são desenhos feitos em cartazes, as quais geram os primeiros debates e trocas de ideias entre o professor e os educandos e pôr fim a quinta fase: consiste na elaboração de fichas nas quais aparecem as famílias fonéticas correspondentes às palavras geradoras. O educador tem que chamar a atenção dos alunos para a formação das palavras.
2.2 A INFLUÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES DA METODOLOGIA DE PAULO FREIRE NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL
Paulo Freire deixou contribuições valiosas para o processo de ensino-aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos. Uma das contribuições mais importantes, é retirar do professor o papel de detentor do saber e transferir para o aluno o papel de construtor e modificador de seus conhecimentos.O que Paulo Freire mais defendia em suas teorias era a importância de resgatar a auto-confiança do educando. Sem acreditar em si mesmo e em sua capacidade, o educando não tem como libertar-se de sua condição social.
Devido a perceber essa robotização dos educandos jovens e adultos, Paulo Freire criticava as cartilhas e as frases sem significado real. Os alunos não necessitam ser copistas e decoradores de palavras, eles precisam compreendê-las dentro do seu universo vocabular, para que depois venham a dominar a leitura e a escrita. A aprendizagem não deve se dar de forma que os alunos memorizem palavras e depois as esqueça. O que se pretendia nos círculos de cultura e o que ainda se pretende, é que o aluno domine o processo que o leva a ler e a escrever, ou seja, tenha autonomia para ressignificar seus conhecimentos.
Socialmente e culturalmente, a pessoa letrada já não é a mesma que era quando analfabeta ou iletrada, ela passa a ter uma outra condição social e cultural – não se trata propriamente de mudar de nível ou de classe social, cultural, mas de mudar seu lugar social, seu modo de viver na sociedade, sua inserção na cultura – sua relação com os outros, com o contexto, com os bens culturais torna-se diferente. (SOARES, 2003, p. 37).
É necessário promover uma inquietação no educando, para que ele sinta a necessidade da mudança do seu papel dentro da sua sociedade. Quando o aprendente conseguir fazer a leitura do seu mundo, vai enxergar-se como ser ativo e não passivo, o que o levará à mudança de comportamento e até mesmo, à mudança da aceitação de sua posição na sociedade. Posição esta, que é imposta pelo sistema que os massacra. Nas escolas que atendem à Educação de Jovens e Adultos, Paulo Freire e o seu método são extremamente citados. Não daria para separar o nome desse teórico da educação, da própria Educação de Jovens e Adultos.
Os sites das secretarias de educação, tanto estadual, quanto municipal, deveriam tratar do Plano Plurianual de Alfabetização de forma clara e aberta ao público. Atualmente, só a Secretaria do Estado da Bahia disponibiliza esse plano para os internautas, expondo até mesmo as abordagens que serão utilizadas. As Secretarias de Educação de outros estados brasileiros, via site, não disponibilizam informações necessárias para que seja feita uma avaliação da forma com que o processo de ensino-aprendizagem acontece. O que também não garante que esse planejamento seja seguido à risca.
Segundo a Secretaria de Educação do Estado da Bahia (2007), “uma das abordagens a ser desenvolvida na concepção de educação é a sociocultural, do teórico Paulo Freire”. Essa abordagem considera que a especificidade da educação de jovens e adultos está fundamentada na experiência dos educandos.
O planejamento da alfabetização de jovens e adultos do estado da Bahia, burocraticamente, trata da concepção de educação de Paulo Freire, como uma das suas abordagens utilizadas. Porém, o seu tão conhecido ‘método’, não é aplicado nas escolas com o segmento de EJA.
O que ainda se vê da influência de Paulo Freire nas escolas é o incentivo ao diálogo, a posição dos alunos em semicírculo, para que todos se vejam, o uso das sílabas que formam as palavras geradoras. A cultura local tende a ser valorizada à medida em que os educandos vão tendo a liberdade de expor suas ideias e conhecimentos. Por esse motivo o diálogo tem uma importância ímpar dentro da sala de aula.
De acordo com Gadotti (1989, p. 46), “para Paulo Freire, o diálogo faz parte da própria natureza humana. Os seres humanos se constroem em diálogos, pois são essencialmente comunicativos. Não há progresso humano sem diálogo. Para ele, o momento do diálogo é o momento para transformar a realidade e progredir”. 
Fica, portanto, evidente a importância do diálogo para a progressão do processo de ensino-aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos. Pois, parte dos educandos dessa modalidade de ensino, foram alunos que, outrora, não tiveram a liberdade de expressar-se em sala de aula, não tinham no professor um mediador de novos conhecimentos. Ao contrário, eram tratados como depósitos de informações, característica típica da concepção tradicionalista, o que contribuiu para desestimulá-los a continuar na escola em período regular.
Dos componentes do ‘Método Paulo Freire’, tais como o círculo de cultura, os animadores de debate, as fichas de cultura, as fichas fonéticas, o levantamento vocabular, entre outros, pouco restou para influenciar a educação atual. Porém, a valorização dos conhecimentos prévios do educando, a posição dos alunos em semicírculo, o levantamento vocabular, o respeito a sua cultura e o trabalho com sílabas, mesmo que de forma não tão fiel ao ‘Método Paulo Freire’, influencia o processo de ensino-aprendizagem que se dá, atualmente, nas escolas do segmento de EJA em todo o Brasil.
2.3 A CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA DE PAULO FREIRE
Partindo da análise sobre educação como um processo de humanização, a concepção pedagógica defendida por Paulo Freire na década de 60 é a Educação Libertadora. Sua concepção tem como característica a emancipação do sujeito perante sua condição de opressão e, suas ideias contemplam o processo educativo como um caminho que prepara esse sujeito para transformar sua realidade.
A proposta educacional de Freire tem como concepções metodológicas o respeito ao educando, o diálogo e o desenvolvimento da criticidade. Mas sua pedagogia fundamenta-se sobre dois princípios essenciais: a politicidade e a dialogicidade. A ideia inicial do pensamento de Freire compreende uma educação que não é neutra, pois a mesma quando vista sobre as dimensões da ação e da reflexão de certa existência pressupõe a atuação do homem sobre essa realidade. O princípio da politicidade nas ideias de Freire concebe a educaçãocomo problematizadora, que mediada pelo diálogo busca a transformação através do pensamento crítico.
Segundo Feitosa (1999, p. 44), os processos de aprendizagem da leitura e da escrita no pensamento de Freire, são construídos em conformidade com o ato político, pois enquanto aprende a escrever a palavra sociedade, por exemplo, “[...] o alfabetizando é desafiado a refletir sobre seu papel na sociedade [...]”. Esse modelo de reflexão impulsiona a superação da consciência pelo senso comum para a consciência crítica, sendo essa nova visão a possibilidade de intervenção dos sujeitos na transformação.
Por sua vez, a dialogicidade é uma característica essencial da educação libertadora. Através do diálogo, educador e educando se tornam sujeitos do processo educacional e os argumentos de autoridade de nada mais valem. Vale ressaltar que o diálogo nos relatos de Freire, tem início antes mesmo da própria ação pedagógica, uma vez que, essa interação acontece na busca do conteúdo a ser trabalhado.
Falar sobre algo completamente distante da experiência do educando é uma das inquietações de crítica de Paulo Freire. Na educação “bancária”, o educador apenas transmite aos educandos conteúdos e informações isolados da realidade a qual esses sujeitos se inserem.
Essa educação, segundo Freire (1987), “transforma a consciência do aluno em um pensar mecânico e não reflexivo”. À procura de humanismo, nas relações entre os sujeitos, a educação de acordo com Freire tem o propósito de causar a ampliação da visão de mundo e isso acontece quando essa relação é intermediada a favor do diálogo.
A educação como prática da liberdade diferencia-se da simples transmissão deinformações e vem no sentido de produzir um senso crítico que leve o sujeito a entender, reivindicar e se transformar. Além disso, a educação libertadora resulta na consciência do aluno sobre o mundo em que vive e refere-se à ideia de que é preciso existir uma troca contínua de conhecimento entre educador e educando. Paulo Freire não considerava seu pensamento educacional como uma metodologia de ensino. Em entrevista concedida a Pelandré (2002, p. 53), ele declara sobre esse assunto.
Eu preferia dizer que não tenho método. O que eu tinha, quando muito jovem, há 30 anos ou 40 anos, não importa o tempo, era a curiosidade de um lado e o compromisso político do outro, em face dos renegados, dos negados, dos proibidos de ler a palavra, relendo o mundo. O que eu tentei fazer, e continuo fazendo hoje, foi ter uma compreensão que eu chamaria de crítica ou de dialética da prática educativa, dentro da qual, necessariamente, há uma certa metodologia, um certo método, que eu prefiro dizer que é um método de conhecer e não um método de ensinar.
Diante das considerações apresentadas, entendemos a proposta de alfabetização do educador Freire, como um processo de conscientização que também proporciona a aquisição dos recursos de leitura e escrita. Percebemos sua concepção, como diferente, por tornar possível uma aprendizagem libertadora e não mecânica, por promover a relação entre educador e educando e a valorização da sua cultura, do vocabulário do sujeito alfabetizando.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
 Esse trabalho acadêmico foi elaborado por meio de pesquisas realizadas em sites, livros, revistas e também por experiências relatadas por docentes no exercício da profissão. Foi realizada uma entrevista com a professora Marli Hofmann Dechering, que atuou na sala de aula na modalidade da EJA por doze anos, alfabetizando pessoas que procuravam o conhecimento para si, como um meio de libertação e para facilitar o seu dia a dia e de seus familiares.
Em se tratando especificamente de como é o EJA no município de Vidal Ramos, segundo ela é conduzido com a maior seriedade pelos professores que cobram dos alunos um comprometimento e resultados que se igualam ao ensino regular. A professora nos relatou que quando trabalhou com a alfabetização de adultos, tanto ela ensinava quanto aprendia com seus alunos. Pois cada um trazia consigo suas experiências de vida e o principal motivo que os faziam voltarem a uma sala de aula depois de tantos anos. Ela contou da sua admiração por Paulo Freire e que buscava seguir sua linha de pensamento, buscando conhecer a história de seus alunos para a partir dali planejar as suas aulas.
Ela conta que alfabetizou pessoas das mais variadas idades e com os mais diversos objetivos. As senhoras queriam aprender a ler para facilitar as tarefas domésticas como ler uma receita de bolo por exemplo. Já os homens, um tinha o objetivo de conseguir a carteira de habilitação e outro queria saber ler as letras das musicas que tocava em sua gaita. Quando seus alunos conseguiam ler, ela ficava muito feliz e comemorava com eles como se fosse uma grande conquista, que para eles sem dúvida não deixava de ser.
 Quanto ao público jovem que são aqueles alunos do ensino regular que não acompanham o restante da turma e acabam reprovando várias vezes e isso os leva a procurar a modalidade em busca da conclusão dos estudos. De acordo com dona Marli, quando se encontram em uma mesma sala o adulto acaba por influenciar no comportamento e desempenho do jovem, fazendo com que seja mais responsável e comprometido.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5. CONCLUSÃO
Dadas as reflexões referentes aos conceitos freireanos e as suas bases filosóficas, é importante relembrar: a existência na atualidade requer uma tomada de posição, a favor ou contra a vida e a dignidade humanas. Assim sendo, a figura de Paulo Freire vem em nosso auxílio e possibilita relembrar que o ser humano é um ser de diálogo e comunicação, de abertura e comunhão, de crescimento mutuo. Para freire, a educação que ele denomina de bancária, onde o docente deposita o saber ao educando que recebe passivamente sem questionar, inibe o desenvolvimento da sua consciência crítica. 
Podemos perceber claramente também a nobre preocupação que Paulo Freire demonstrava com as classes menos favorecidas, sendo ele a iniciar com o EJA (Educação de Jovens e Adultos) no Brasil. Paulo freire defendia que a educação liberta o ser humano da opressão, por isso dedicou parte de sua vida a alfabetizar jovens e adultos da periferia e pra isso criou um método próprio de alfabetizar.
Diante de todas as informações e dados acima expostos, pode-se concluir que este pensador foi um homem preocupado com o ser humano e o papel que ele desempenha no mundo. Colocou a pessoa acima das origens e classes sociais, em uma sociedade que preconiza exatamente o inverso, onde as classes mais favorecidas oprimem as menos favorecidas em benefício próprio.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é o método Paulo Freire. 24. Ed. São Paulo: Brasiliense, 2003.
BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 4.024 de 20 de dezembro de 1961. Brasília, 1961. Disponível em: < http://www6.senado.gov.br / legislação / Lista Publicacoes.action? id=102346 >. Acesso em: 20 novembro. 2009.
BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 5.692 de 11 de agosto de 1971. Brasília, 1971. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br /legislacao / ListaPublicacoes . action ? id = 102368 >. Acesso em: 20 novembro. 2009.
FEITOSA, Sonia Couto Souza. Método Paulo Freire Princípios e Práticas de uma Concepção Popular de Educação. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, 1999, p. 43-53. Disponível em: <acervo.paulofreire.org/xmlui/bitstream/handle/.../FPF_PTPF_07_0004.pdf>. Acesso em: 25 de novembro. de 2019.
FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação. 3. ed. São Paulo: Centauro, 1980.
FREIRE, Paulo. A alfabetização de adultos – crítica de sua visão ingênua compreensão de sua visão crítica. In: FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. 5. ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1981, p. 11-20.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. 23. ed. São Paulo: Cortez,1989.
GADOTTI, Moacir. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1989.
MOTA, Rosangela da Silva. Aprendizagem do Adulto e Correspondentes Metodologias. Trabalho de conclusão de curso (especialização em Educação de Jovens e Adultos). Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, 2009, 36 p. Disponível em:<http://www. bibliotecadigital. unicamp. br/document/?code=41039>. Acesso em:24 de novembro. de 2019.
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS IBERAMERICANOS (OEI). Ministério da Educação de Brasil. Sistema Educativo Nacional de Brasil. 14. Educação de Jovens e Adultos. p. 164-173. Disponível em: <www.oei.es/quipu/brasil/educ_adultos.pdf>. Acesso em: 24 de novembro. de 2019.
PELANDRÉ, Nilcea Lemos. Efeitos a longo prazo do método de alfabetização Paulo Freire. Florianópolis, 1998. Vol. I e II p. 26-52 Tese (Doutorado em Letras/Linguística) – Curso de Pós Graduação em Letras/Linguística, Universidade Federal de Santa Catarina. Acesso em: 03 de abr. de 2014. Disponível em: <https://repositorio .ufsc.br/bitstream/handle /123456789/112179/ 110 247 .pdf?sequence=1>. Acesso em: 24 de novembro. 2019.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2. Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
1 Ana Paula Costa Back, Beatriz Küsters, Tamires dos Santos Branger.
2 Rozeli Benner.
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - pedagogia (Ped 1677) – Prática do Módulo VI – 26/11/2019

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