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LINGUAGEM-E-PSICOMOTRICIDADE

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SANTA CRUZ DO SUL - RS 
LINGUAGEM E PSICOMOTRICIDADE 
CURSO DE CAPACITAÇÃO 
FAVENI – FACULDADE DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
SUMÁRIO 
1 PSICOMOTRICIDADE ................................................................................ 2 
1.1 O Que é Psicomotricidade? .................................................................. 3 
2 ELEMENTOS BÁSICOS DA PSICOMOTRICIDADE .................................. 6 
2.1 Percepção e controle do corpo ............................................................. 7 
3 APRENDIZAGEM E PSICOMOTRICIDADE ............................................. 11 
4 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 20 
5 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 23 
6 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 36 
7 ARTIGO PARA REFLEXÃO 2 .................................................................. 39 
 
 
 
 
2 
 
1 PSICOMOTRICIDADE 
 
Fonte: blog.tricae.com.br 
“Psicomotricidade é a ciência do Homem em movimento, das relações consigo 
e com o mundo, com o corpo, através do corpo e de sua corporeidade” – Freinet. O 
estudo da psicomotricidade permite compreender a forma como a criança toma 
consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse corpo, 
é um dos aspectos que o trabalho psicomotor assumirá durante o período escolar 
será, precisamente, o de fazer com que a criança passe da etapa perspectiva à fase 
da representação mental de um espaço orientado tanto no espaço como no tempo. 
Ao estudarmos o comportamento de uma criança, percebemos como é o seu 
desenvolvimento. O comportamento e a conduta são termos adequados para todas 
as suas reações, sejam elas reflexas, voluntárias e espontâneas, ou aprendidas. 
Assim como o corpo cresce, o comportamento evolui. No processo de 
desenvolvimento a criança evolui tanto física, quanto intelectual e emocionalmente. 
As primeiras evidências de um desenvolvimento normal mental são as manifestações 
motoras. 
À medida que ocorre a maturação do sistema nervoso, o comportamento se 
diferencia e também se modifica. Inicialmente a criança apresenta uma coordenação 
global ampla, que são realizadas por grandes feixes de músculos. À medida que os 
feixes de músculos mais específicos são usados, a criança desenvolve sua 
coordenação fina. 
 
 
3 
 
Para que ocorra um desenvolvimento motor adequado, é necessário um 
amadurecimento neural, ósseo, muscular, além de crescimento físico, juntamente com 
o aprendizado. O desenvolvimento motor percentual se completa ao redor de 07 anos, 
ocorrendo, posteriormente, um refinamento da integração perceptiva-motora com o 
desenvolvimento do processo intelectual propriamente dito. 
1.1 O Que é Psicomotricidade? 
 
Fonte: www.fundacaoaprender.org.br 
É o controle mental sobre a expressão motora. Objetiva obter uma organização 
que pode atender, de forma consciente e constante, às necessidades do 
desenvolvimento do corpo. Esse tipo de Educação é justificado quando qualquer 
defeito localiza o indivíduo à margem das normas mentais, fisiológicas, neurológicas 
ou afetivas. É a percepção de um estímulo, a interpretação da elaboração de uma 
resposta adequada. É uma harmonia de movimentos, um bom controle motor, uma 
boa adaptação temporal, espacial, boa coordenação viso-motora, boa atenção e um 
esquema corporal bem estruturado. 
Psicomotricidade é a ciência da educação que educa o movimento ao mesmo 
tempo em que põe em jogo as funções da inteligência. Movimento é o deslocamento 
 
 
4 
 
de qualquer objeto, mas a ação corporal em si, a mesma unidade bio-psicomotora em 
ação. 
A psicomotricidade está associada à afetividade e à personalidade, porque o 
indivíduo utiliza o seu corpo para demonstrar o que sente, e uma pessoa com 
problemas motores passa a ter problemas de expressão. A reeducação psicomotora 
lida com a pessoa como um todo, porém, com um enfoque maior na motricidade. A 
reeducação psicomotora deverá ser efetuada por um psicólogo com especialização 
em psicomotricidade (psicomotrista), pois não será apenas uma mera aplicação de 
exercícios, mas será desenvolvida uma adaptação de toda a personalidade da 
criança. 
Como se estrutura? 
_ No desenvolvimento do seu “eu” corporal; 
_. Na sua localização e orientação no espaço; 
_. Na sua orientação temporal. 
Como se fundamenta? 
Em Atividades: 
_ Motoras - São as atividades globais de todo o corpo. 
_ Sensório-motoras - É a percepção de diversas lições através da manipulação 
dos objetos. 
_ Percepto-motoras – É uma análise profunda das funções intelectuais, 
motoras, tais como a análise perceptiva, a precessão de representação mental, 
determinação de pontos de referência. 
Destaca-se: percepção visual. 
Objetivos Da Psicomotricidade 
As atividades psicomotoras visam propiciar a ativação dos seguintes 
processos: 
_. Vivenciar estímulos sensoriais para discriminar as partes do próprio corpo e 
exercer um controle sobre elas; 
_ Vivenciar, através da percepção do próprio corpo em relação aos objetos, a 
organização espacial e temporal; 
_. Vivenciar situações que levem a aquisição dos pré-requisitos necessários 
para aprendizagem da leitura escrita. 
 
 
5 
 
Para entender tais objetivos, é necessário considerar que durante a primeira 
infância, motricidade e psiquismo estão estreitamente ligados, da mesma forma como 
sabemos que o desenvolvimento motor, o afetivo e o intelectual encontram-se 
inseparáveis no homem. 
A educação psicomotora, antes utilizada somente como recurso ré educativo, 
atualmente é parte integrada de toda a atuação passiva do aluno, frente à atitude 
expositiva e controladora do professor. A psicomotricidade tem como ponto de partida 
o desenvolvimento psicobiológico da criança, na medida em que acompanha as leis 
do amadurecimento do sistema nervoso através da mielinização. 
 
Fonte: alunoon.com.br 
A psicomotricidade não deve ser considerada como uma matéria entre outras. 
Isto é, não deve dispor apenas de um momento ou um ambiente específico na 
programação escolar. Qualquer que seja a atividade ou tema utilizado, a 
psicomotricidade vai estar presente. O pensamento se constrói a partir da atividade 
motora que permite à criança a exploração do ambiente externo, proporcionando-lhe 
experiências concretas indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual. A 
liberdade deve explorar e conhecer o espaço físico e o mundo é muito importante para 
o seu desenvolvimento afetivo. Como fazer para oferecer condições que permitiam 
esse desenvolvimento? 
 
 
6 
 
Antes de tudo a criança precisa ter um conhecimento adequado de seu corpo, 
porque é o corpo o intermediário obrigatório entre a criança e o mundo. Esse 
conhecimento abrange três aspectos que são: a imagem do corpo, o conceito do corpo 
e a elaboração do esquema corporal. 
2 ELEMENTOS BÁSICOS DA PSICOMOTRICIDADE 
 
Fonte: www.pragentemiuda.org 
A imagem do corpo é a própria experiência que a pessoa tem de seu corpo e 
se revela frequentemente através do desenho, da modelagem e que demonstra o nível 
de elaboração do esquema corporal; O conceito do corpo desenvolve-se 
posteriormente à imagem do corpo, sendo mais o conhecimento intelectual dele e de 
cada função de seus órgãos. 
O esquema corporal, segundo Pierre Vayer, é definido como organização das 
sensações relativas aos dados do mundo exterior, notando-se aí dois sentidos na 
atividade motora cinética, dirigida para o mundo exterior. 
A construção do Esquema Corporal elabora-se progressivamente com o 
desenvolvimento e o amadurecimento do Sistema Nervoso e é, ao mesmo tempo, 
paralela à evolução sensória motora. A educação do Esquema Corporal é, então, o 
 
 
7 
 
posto-chave de toda prática educativa. Dos 02 aos 05 anos, toda educação é uma 
E.P.M.baseada na estrutura do Esquema Corporal. Dos 05 aos 07 anos a 
psicomotricidade passa a ser a base sobre a qual se constroem as primeiras relações 
lógicas e a decorrente aprendizagem escolar. Toda aprendizagem deve ser feita 
através de experiências concretas e vivenciadas com o corpo inteiro. Voltando ao 
primeiro objetivo, temos que trabalhar os seguintes aspectos: 
_ Percepção e controle do corpo; 
_ Equilíbrio; 
_ Lateralidade; 
_ Independência dos membros em relação ao tronco e entre si; 
_ Controle muscular; 
_ Controle de respiração. 
2.1 Percepção e controle do corpo 
 
Fonte: institutolafontaine.blogspot.com.br 
A criança adquire primeiro a sensação, depois o uso, e finalmente, o controle 
de seu corpo. Ponto de partida o conhecimento do corpo, partes do corpo, através de 
 
 
8 
 
estímulos sensoriais – superfície, temperatura, unidade, peso etc. – referenciará as 
partes do corpo e suas sensibilidades. Numa segunda etapa fará uso e controlará as 
partes independentemente uma das outras. 
Como? Brincando com água, tinta, areia, barro, blocos, sucata; usando 
determinadas partes do corpo em jogos ou em movimentos propostos; dramatizando. 
O equilíbrio 
É condição indispensável para qualquer ação diferenciada. As ações serão 
tanto coordenadas quanto mais a criança conseguir em posição ereta, sem precisar 
esforçar-se ou ficar tensa. A sensibilidade da planta do pé é muito importante para 
desenvolver qualquer equilíbrio, por isso é essencial que as crianças se movimentem 
e brinquem, tanto na areia como na sala de aula, de pé no chão. O contato do corpo 
com o chão deve estender-se a todo o corpo, rolando, deitando, sentando, rastejando, 
ajoelhando. Em movimentos de repouso a criança deverá, sempre que possível, 
relaxar seu corpo em direto contato com o chão que oferece sensação de segurança. 
Como? – Andar sobre linhas de várias maneiras, sobre beiradas de canteiros, 
bancos de diferentes alturas, trilhos de madeira, tijolos. Imitar animais e posições 
estáticas. Lançar e receber a bola. 
 
 
Fonte: crechecarmen.blogspot.com.br 
 
 
9 
 
Lateralidade 
O homem, por natureza, tem um lado do corpo dominante. Quer dizer que usa 
melhores olhos, ouvidos, pé e mão de um determinado lado. Normalmente, a 
lateralidade se define entre os 05 e os 07 anos. As crianças que, a partir dessa idade 
apresentam uma lateralidade não definida ou cruzada, facilmente encontrarão 
dificuldades na aprendizagem escolar. 
Como? – Atividade que exijam o uso de todo corpo com objetos grandes 
(pneus, bolas, caixas, blocos) e pequenos, desenvolvendo a coordenação funcional 
da mão e dos dedos (contas, sementes, pinos, clips, tampinhas, pregadores, cartas). 
Atividades em que ordena a mão a ser usada (com bolas, saquinhos de areia/feijão). 
 
Fonte: www.pragentemiuda.org 
Independência dos membros em relação ao tronco e entre si 
 
Para a criança é mais fácil fazer movimentos simétricos e simultâneos, pois só 
numa segunda etapa é que ela virá a movimentar os membros separadamente um do 
outro. 
 
 
10 
 
Como? – Macaco mandou – de início pedindo movimentos simétricos, 
aumentando a dificuldade, na medida em que as crianças puderem realizar 
naturalmente, movimentos assimétricos e não simultâneos. 
 
Controle muscular 
 
É muito difícil para uma criança interromper um movimento, mas esse controle 
da inibição é indispensável para que ela venha a adquirir, mais tarde, não só uma 
caligrafia, mas também a concentração necessária para a aprendizagem escolar. 
Como? – Inibição dos movimentos globais que envolvem todo o corpo como o 
andar, o correr – “Batatinha Frita”. Recreação com o uso de música. Trabalhar os 
“movimentos segmentários – jogos cantados “O meu chapéu tem 03 pontas”, “A 
galinha e o seu Kara Kara”, jogo de estátua. 
Controle da respiração 
 
Fonte: www.xalingo.com.br 
O controle respiratório contribui na formação de hábitos de se concentrar, 
relaxar, se acalmar. 
Como? – Bolhas de sabão, bolas de encher, pintura com canudo de soprar, 
corridas de soprar. Dramatização de aspirar e soprar. Relaxamento sentido o próprio 
corpo ou do companheiro. 
 
 
11 
 
3 APRENDIZAGEM E PSICOMOTRICIDADE 
O ser humano comunica-se por meio da linguagem verbal e corporal. A criança 
nos primeiros dias de vida até o início da linguagem verbal se faz entender por meio 
de gestos, pois os movimentos constituem a expressão global de suas necessidades. 
O movimento é importante no desenvolvimento da criança porque está ligado às 
emoções e por ser um veículo de transmissão do equilíbrio do estado interior do 
recém-nascido. 
Esse movimento possibilita o relacionamento da criança com o mundo e com 
as demais características inerentes da condição humana. Conforme a criança cresce, 
vai organizando sua capacidade motora de acordo com sua maturidade nervosa e 
com os estímulos do meio que a rodeiam. De acordo com Fávero (2004), a 
organização motora é fundamental para o desenvolvimento das funções cognitivas, 
das percepções e dos esquemas sensório-motores da criança. Segundo Colello 
(1995), a falta de atenção da escola ao movimento dos indivíduos se fundamenta na 
concepção dualista do homem, segundo a qual a mente predomina sobre o corpo. 
Apesar dos vários estudos mostrarem a importância desta área, as escolas continuam 
deixando em segundo plano a prática psicomotora, pois pensam no ato de escrever 
como sendo um ato motor que, repetido várias vezes, por meio de movimentos 
mecânicos e sem sentido, pode ser fixado. Portanto, a grande preocupação dos 
educadores durante o processo de aprendizagem limita-se ao treinamento das 
habilidades responsáveis pelos aspectos figurativos da escrita, como coordenação 
motora, discriminação visual e organização espacial. No entanto, o autor considera a 
escrita um ato essencialmente motor, destacado de qualquer outra esfera do 
desenvolvimento, seja afetiva, cognitiva ou social. 
De acordo com Negrine (1980), as aprendizagens escolares básicas devem ser 
os exercícios psicomotores, e sua evolução é determinante para a aprendizagem da 
escrita e da leitura. 
Fávero (2004) realizou um levantamento dos estudos que mostram a 
importância do desenvolvimento psicomotor para as aprendizagens escolares como 
os de Furtado (1998), Nina (1999), Cunha (1990), Oliveira (1992) e Petry (1988). Para 
Furtado (1998), provocando-se o aumento do potencial psicomotor da criança, amplia-
se também as condições básicas para as diversas aprendizagens escolares. Em um 
 
 
12 
 
estudo sobre o grau de influência dos aspectos psicomotores sobre prontidão para ler 
e escrever em escolas de classes de alfabetização do ensino infantil, Nina (1999) 
destaca a necessidade de, desde o ensino pré-escolar, serem oferecidas atividades 
motoras direcionadas para o fortalecimento e consolidação das funções psicomotoras, 
fundamentais para o êxito nas atividades do bom aprendizado da leitura e escrita. 
Estudos anteriores realizados por Cunha (1990) mostraram a importância do 
desenvolvimento psicomotor e cognitivo. Além disso, a autora constatou que as 
crianças com nível mais alto de desenvolvimento psicomotor e conceitual são as que 
apresentam os melhores resultados escolares. 
Em outra pesquisa, Oliveira (1992) identificou entre as dificuldades de 
aprendizagem às que são relacionadas ao desenvolvimento psicomotor e, a partir 
disso, desenvolveu uma investigação mostrando como o desenvolvimento adequado 
da psicomotricidade pode auxiliar para que alguns dos pré-requisitos para a escrita 
sejam alcançados. 
Petry (1988) reafirma a importância do desenvolvimento dos conceitos 
psicomotores, ressaltando que as dificuldades de aprendizagem em crianças de 
inteligência média podem se manifestar quanto à caracterização de letras simétricas 
ela inversão do “sentido direita-esquerda”, como, por exemplo, b, p, q ou por inversão 
do “sentido em cima em baixo”, d, p, n, u, ou aindapor inversão das letras oar, ora, 
aro. De acordo com a autora, a compreensão de conceitos como perto, longe, dentro, 
fora, mais perto, bem longe, atrás, embaixo, alto, mais alta será facilitada com série 
de ações no espaço, com o corpo em movimento. 
 
 
13 
 
 
Fonte: psicopedagogialudica.blogspot.com.br 
Os estudos citados acima mostram a importância de se estimular o 
desenvolvimento psicomotor das crianças, pelo fato deste ser fundamental para a 
facilitação das aprendizagens escolares, pois é por meio da consciência dos 
movimentos corporais e da expressão de suas emoções que a criança poderá 
desenvolver os aspectos motor, intelectual e soco emocional. 
Segundo Fávero (2004), para escrever é preciso que se tenha orientação 
espacial suficiente para situar as letras no papel, para adequá-las em tamanho e forma 
ao espaço de que se dispõe. E, além disso, precisa-se dirigir o traçado da esquerda 
para a direita, de cima para baixo, controlando os movimentos de maneira a não 
segurar o lápis nem com muita força nem com pouca força, é necessário que a escola 
ofereça condições para a criança vivenciar situações que estimulem o 
desenvolvimento dos conceitos psicomotores. 
Essas restrições podem levar a criança a dificuldades de aprendizagem, 
repercutindo no desempenho escolar. Neste sentido, Negrine (1986, p. 61) afirma que 
as dificuldades de aprendizagem vivenciadas pelas crianças “são decorrentes de todo 
um todo vivido com seu próprio corpo, e não apenas problemas específicos de 
aprendizagem de leitura, escrita, etc.” Assim, os aspectos psicomotores exercem 
grande influência na aprendizagem, pois as limitações apresentadas pelas crianças 
 
 
14 
 
na orientação espacial podem tornar-se um fator determinante nas dificuldades de 
aprendizagem. 
Para Ajuriaguerra (1988), a escrita é uma atividade que obedece a exigências 
precisas de estruturação espacial, pois a criança deve compor sinais orientados e 
reunidos de acordo com as leis, depois deve respeitar essas leis de sucessão que 
fazem destes sinais palavras e frases tornando a escrita uma atividade espaço-
temporal. Para Fonseca (1995), um objeto situado a determinada distância e direção 
é percebido porque as experiências anteriores da criança levam-na a analisar as 
percepções visuais que lhe permitem tocar o objeto. É por meio dessas que resultam 
as noções de distância e orientação de um objeto com relação a outro, e assim a 
criança começa a transpor essas noções gerais a um plano mais reduzido, que será 
de extrema importância quando na fase do grafismo. Fonseca (1983) destaca que na 
aprendizagem da leitura e escrita a criança deverá obedecer ao tempo de sucessão 
das letras, dos sons e das palavras, fato este que destaca a influência da estruturação 
temporal para a adaptação escolar e para a aprendizagem. 
 
Fonte: terapeutadafala-porto.blogspot.com.br 
Colello (1995) afirma que, além dessas dificuldades inerentes ao ato de escrita, 
existe ainda a dificuldade que os professores têm em diagnosticar as dificuldades de 
aprendizagem e relacioná-las ao desenvolvimento psicomotor. Em sala de aula, os 
professores trabalham a motricidade infantil como uma atividade mecanizada do 
 
 
15 
 
movimento das mãos e as aulas de educação física parecem se restringir a atividades 
de recreação nas quais o movimento parece ter um fim em si mesmo. Para o autor, 
até mesmo os professores de Educação Física têm mostrado dificuldades em 
perceber a importância do movimento para o desenvolvimento integral da criança. 
Segundo Tomazinho (2002, p. 50), o desenvolvimento corporal é possível 
graças a ações, experiências, linguagens, movimentos, percepções, expressões e 
brincadeiras corporais dos indivíduos. As experiências e brincadeiras corporais 
assumem um papel fundamental no desenvolvimento infantil, pois enfatizam a 
valorização do corpo na constituição do sujeito e da aprendizagem, assim a “[...] pré-
escola necessita priorizar, não só atividades intelectuais e pedagógicas, mas também 
atividades que propiciem seu desenvolvimento pleno”. 
De acordo com Oliveira (1996, p. 182), a psicomotricidade contribui para o 
processo de alfabetização à medida que procura proporcionar ao aluno as condições 
necessárias para um bom desempenho escolar, permitindo ao homem que se assume 
como realidade corporal e possibilitando-lhe a livre expressão. A psicomotricidade 
caracteriza-se como uma educação que se utiliza do movimento para promover 
aquisições intelectuais. Para a autora, a inteligência pode ser considerada uma 
adaptação ao meio ambiente e para que esta aconteça é necessário que o indivíduo 
apresente uma manipulação adequada dos objetos existentes ao seu redor, “[...] esta 
educação deve começar antes mesmo que a criança pegue um lápis na mão [...]”. 
 
 
Fonte: www.fonoterapia.com.br 
 
 
16 
 
O ponto de referência que os seres humanos têm para conhecer e interagir com 
o mundo é o corpo. Este elemento serve como base para o desenvolvimento cognitivo 
e conceitual, incluindo os presentes para a aprendizagem de conceitos na atividade 
de alfabetização. Por essa razão, o desenvolvimento do movimento por meio da 
psicomotricidade auxilia a criança a adquirir o conhecimento do mundo que as rodeia. 
Fávero (2004) ressalta que o desenvolvimento psicomotor não é o único fator 
responsável pelas dificuldades de aprendizagem, mas um dos que podem 
desencadear ou agravar o problema. As dificuldades de aprendizagem relacionadas 
à escrita alteram o rendimento escolar. Crianças com dificuldades de escrita podem 
apresentar disfunção nas habilidades necessárias para uma aprendizagem escolar 
efetiva, e estes fatores podem ser acentuados pelos déficits psicomotores. 
Sabe-se que atualmente condições socioculturais fazem com que as crianças 
sejam privadas do movimento, como bem lembra Fávero (2004, p. 55) “[...] a escola, 
como responsável pela educação global deveria proporcionar através das suas aulas 
atividades que levassem à criança condições para um desenvolvimento harmonioso 
em termos psicomotores”. 
A escrita exige o desenvolvimento de habilidades específicas e um esforço 
intelectual proporcionalmente superior às aprendizagens anteriores da criança. Na 
escrita ocorre a comunicação por meio de códigos que variam de acordo com a 
cultura, e sua aprendizagem se dá pela realização da cópia, do ditado e na escrita 
espontânea. 
 
Fonte: www.fonoterapia.com.br 
 
 
17 
 
Segundo Fávero (2004), a escrita espontânea envolve um grau maior de 
dificuldade, pois o modelo visual e auditivo está ausente e envolve a tomada de 
decisões acerca do que vai ser escrito e como será escrito. Antes de se escrever algo 
é preciso gerar uma informação, organizá-la de forma coerente para posteriormente 
escrevê-la e revisar o que foi escrito. É preciso diferenciar as letras dos demais signos 
e determinar quais são as letras que devem ser empregadas, além disso, a escrita 
pressupõe um desenvolvimento motor adequado, pois certas habilidades são 
essenciais para que a atividade ocorra de maneira satisfatória. 
Ajuriguerra (1988), Ferreiro (1985) e Cagliari (2000), ao estudarem a aquisição 
da escrita, constataram que esta aquisição não deve ser restrita a simples 
decodificação de símbolos ou signos, pois o processo de aquisição da língua escrita 
é complexo e anterior ao que se aprende na escola. A grande dificuldade que os 
educadores enfrentam está em compreender os fatores que diferenciam as crianças 
que conseguem dominar a linguagem escrita das que não conseguem. Segundo 
Escoriza Nieto (1998), foi somente a partir da década de 1970 que as pesquisas 
começaram a buscar explicar os processos cognitivos envolvidos na atividade escrita. 
 
Fonte: comoeducarseusfilhos.com.br 
Para Gregg (1992 apud GARCIA, 1998) as dificuldades encontradas no 
processo de alfabetização vão desde o desenvolvimento das habilidades de escrita 
(disgrafia)e erros de soletração até erros na sintaxe, estruturação e pontuação das 
 
 
18 
 
frases, bem como a organização de parágrafos. No começo do processo de 
alfabetização o que mais se observa são: confusão de letras, lentidão na percepção 
visual, inversão de letras, transposição de letras, substituição de letras, erros na 
conversão símbolo-som e ordem de sílabas alteradas, essas dificuldades podem se 
manifestar ao se soletrar ou escrever uma palavra ditada ou copiada. É possível 
encontrar crianças com boa capacidade de expressão oral, mas com dificuldades para 
escrever, alunos que se expressam oralmente com dificuldade e escrevem as 
palavras mal e sujeitas que escrevem bem as palavras, mas se expressam mal. 
Essas dificuldades, se consolidadas ao longo da infância, tornam-se mais 
evidentes no ambiente escolar, onde o processo de aprendizagem é 
institucionalizado. Ajuriaguerra (1988) destaca que a escrita envolve, além de 
habilidades cognitivas, as habilidades psicomotoras, pois o ato de escrever está 
impregnado pela ação motora de traçar corretamente cada letra e constituir a palavra. 
Quando se coloca em questão o desenvolvimento motor, é necessário, além da 
maturação do sistema nervoso, a promoção do desenvolvimento psicomotor, 
objetivando o controle, o sustento tônico e a coordenação dos movimentos envolvidos 
no desempenho da escrita. 
 
Fonte: dreamygirlofficial.blogspot.com.br 
 
 
19 
 
Segundo Ferreira (1993, p.18), não existe aprendizagem sem que seja 
registrada no corpo. Para a autora, a participação do corpo no processo de 
aprendizagem se dá pela ação do sujeito e pela representação do mundo. Todo 
conhecimento apresenta um nível de ação (fazer os movimentos) e um nível figurativo 
(dado pela imagem pela configuração) que se inscreve no corpo. Pensando no 
desenvolvimento da criança de forma integrada e buscando entender aspectos físicos, 
afetivos, cognitivos e sociais, é necessário o estudo do desenvolvimento psicomotor. 
 
Fonte: www.dicasfree.com 
Estudos (SISTO et al, 1994; FINI et al, 1994) partem do pressuposto de que o 
baixo rendimento escolar pode ser compreendido como uma manifestação das 
dificuldades de aprendizagem. Mais especificamente, os estudos de Tomazinho 
(2002), Oliveira (1992) e Fávero (2004) mostram a procedência de identificar entre as 
dificuldades de aprendizagem às que são relacionadas ao desenvolvimento 
psicomotor e, a partir desses dados, mostrar a necessidade de se abordar os 
esquemas motores nas primeiras séries como prevenção à dificuldade de 
aprendizagem de escrita. 
 
 
20 
 
4 BIBLIOGRAFIA 
AJURIAGUERRA, J. A Escrita Infantil – Evolução e Dificuldades. Porto Alegre: Artes 
Médicas, 1988. 
 
CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Linguística. 10ª ed. São Paulo: Scipione, 2000. 
 
COLLELO, S. M. G. Alfabetização em questão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. 
 
CUNHA, M.F.C. Desenvolvimento psicomotor e cognitivo: influência na alfabetização 
de criança de baixa renda. 1990. 250 f. Tese (Doutorado) – Instituto de Psicologia, 
Universidade de São Paulo. São Paulo, 1990. 
 
ESCORIZA NIETO, J. Dificultades em el proceso de composición del discurso escrito. 
In: BERMEJO, V. S. e LLERA, J. A. B. Dificultades de aprendizaje. Madrid: 
Editorial Sntesis, 1998. 
 
FÁVERO, Maria Tereza M. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem da escrita. 
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Maringá, 2004. 
 
FERREIRA, Isabel Neves. Caminhos do aprender: uma alternativa educacional para 
criança portadora de deficiência mental. Brasília: Coordenação nacional para 
interação da pessoa portadora de deficiência, 1993. 
 
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 1985. 
 
FINI, L.; OLIVEIRA G.; SISTO F.; SOUZA M.; BRENELLI R. Avaliação escrita de 
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São Paulo: 2002. 
 
 
 
23 
 
5 LEITURA COMPLEMENTAR 
ARTIGO PARA REFLEXÃO 
 
Autores: Cleuza Aparecida Fagundes Vaz e 
Helenice Maria Tavares 
Disponível em: 
http://catolicaonline.com.br/revistadacatolica2/artigos
n4v2/17-pedagogia.pdf 
Acesso em: 15 de setembro de 16 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM CORPORAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL1 
 
Cleuza Aparecida Fagundes Vaz2 E Helenice Maria Tavares3 
 
RESUMO 
 
Este estudo tem como objetivos analisar a importância da expressão corporal 
e sua dimensão, bem como repensar a prática pedagógica a partir da expressão 
corporal e contribuir como possível alternativa pedagógica capaz de facilitar a 
compreensão das mais diversas formas de expressar e interagir da criança com no 
ambiente escolar, abordando a psicomotricidade como aliada do processo de ensino 
e aprendizagem na educação infantil. Mediante pesquisa bibliográfica, verificou-se a 
importância de ver a criança como um conjunto: corpo-mente e afetivo no processo 
de ensino sistematizado especialmente na Educação infantil. Além disso, reafirma a 
importância da psicomotricidade na educação infantil, pois sua prática proporcionará 
a oportunidade da vivencia através do jogo simbólico e a exploração da linguagem 
corporal a partir da observação do educador contribuindo com a capacidade de 
aprendizagem a evolução da criança. 
 
1 Trabalho apresentado para conclusão do curso de Especialização em Psicomotricidade pela Faculdade Católica 
de Uberlândia 
2 Aluna do curso de Especialização em Psicomotricidade pela Faculdade Católica de Uberlândia. 
3 ProfessoraOrientadora do curso de Especialização em Psicomotricidade pela Faculdade Católica de Uberlândia. 
E-mail: tavareshm@netsite.com.br 
 
http://catolicaonline.com.br/revistadacatolica2/artigosn4v2/17-pedagogia.pdf
http://catolicaonline.com.br/revistadacatolica2/artigosn4v2/17-pedagogia.pdf
 
 
24 
 
Palavras-chave: Expressão Corporal. Educação Infantil. Psicomotricidade. 
 
Vermos crianças presas em salas de aula, em apartamentos, ter que ficarem 
quietas para aprender fazendo em aula só o lazer sem compromisso 
educativo, são motivos suficientes para pensarmos nossa atuação [...] e 
propormos uma alternativa. (GIRARDI, 1993, p. 84) 
Um dos grandes problemas encontrados hoje pelos profissionais que atuam na 
educação infantil é como lidar com a diversidade desse mundo. As crianças estão 
chegando com inquietações, problemas de ordem emocional, afetivo e uma 
capacidade intensa de busca e vontade de explorar tudo o que está a sua volta. 
Essas crianças trazem consigo uma história muitas vezes marcada por grandes 
desafetos que interferem no seu comportamento, nas relações interpessoais e na 
construção da aprendizagem. 
 Tendo em vista a temática do presente estudo, esta pesquisa espera indicar 
possíveis direções que consideramos essenciais quando se pretende levar em conta 
o ensino e a aprendizagem de maneira produtiva e satisfatória. 
Assim, este estudo tem como objetivos analisar a importância da expressão 
corporal e sua dimensão, bem como repensar a prática pedagógica a partir da 
expressão corporal e contribuir como possível alternativa pedagógica capaz de 
facilitar a compreensão das mais diversas formas de expressar e interagir da criança 
com no ambiente escolar, abordando a psicomotricidade como aliada do processo de 
ensino e aprendizagem na educação infantil. 
Sua elaboração se pautou na pesquisa bibliográfica, que segundo Gil 
(1999, p. 65): 
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, 
constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase 
todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há 
pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. 
 
A linguagem corporal é um elo integrador entre os aspectos motores, 
cognitivos, afetivo e social. Por isso partimos do pré-suposto que o nosso corpo é um 
conjunto fantástico de estruturas e funções complexas e sutis. Se prestarmos atenção 
verá que todo pensamento é expresso através do nosso corpo de alguma forma, 
gestos, caras, bocas, sorriso, choro... O corpo é nossa casa. 
 
 
25 
 
A criança consegue organizar o mundo a sua volta quando vivem experiências 
sensórias motoras, ou seja, interage com os órgãos do seu corpo e o mundo que a 
cerca, só então ela se localiza, assimila, identifica e formula conhecimento. 
A educação infantil surge da necessidade de se ter um local onde os pais diante 
da necessidade de trabalhar precisavam de um local em que pudessem deixar seus 
filhos sobre os cuidados de outras pessoas. 
Enquanto para as famílias mais abastadas pagavam uma babá, os pobres se 
viam na contingência de deixar os filhos sozinhos ou colocá-los numa 
instituição que deles cuidassem. Para os filhos das mulheres trabalhadoras, 
a creche tinha que ser de tempo integral; para os filhos de operárias de baixa 
renda, tinha que ser gratuita ou cobrar muito pouco; ou para cuidar da criança 
enquanto a mãe estava trabalhando fora de casa, tinha que zelar pela saúde, 
ensinar hábitos de higiene e alimentar a criança. A educação permanecia 
assunto de família. Essa origem determinou a associação creche, criança 
pobre e o caráter assistencial da creche. (DIDONET, 2001, p. 13) 
 
As primeiras instituições de educação infantil nasceram na França no século 
XVIII, devido à situação de abandono, maus tratos e pobreza. Os objetivos e formas 
de tratar as crianças mais pobres da sociedade não eram consensuais, setores da 
elite defendiam a idéia de que não seria bom para a sociedade como um todo que se 
educassem as crianças pobres, era proposta a educação da ocupação e da piedade 
(OLIVEIRA, 1995). 
As instituições infantis, inclusive no Brasil organizavam seu espaço e sua rotina 
em função de idéias assistencialistas de custodia e higiene das crianças. 
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) a 
expansão da educação infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido de forma crescente 
nos últimos tempos, acompanhando a intensificação da urbanização e a participação 
da mulher no mercado de trabalho e as mudanças nas estruturações familiares. A 
partir de então as instituições passaram a ser pensadas e reivindicadas como lugar 
de educação e cuidados coletivos para criança de zero a seis anos de idade. A 
conjunção desses fatores permitiu o reconhecimento social desses direitos 
manifestados pelos movimentos populares e por grupos organizados da sociedade 
civil. (BRASIL, 1998) 
A Constituição Brasileira de 1988 no artigo 208, inciso IV, pela primeira vez na 
história do Brasil, definiu como direito das crianças de zero a seis anos de idade e 
dever do estado o atendimento a infância. (BRASIL, 1988) 
 
 
26 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 destaca também o direito da 
criança a esse atendimento. (BRASIL, 1990) 
Reafirmando essas mudanças a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional 
Lei nº. 9.394 sancionada em 20 de dezembro de 1996 (LDB) estabelece de forma 
incisiva o vínculo entre o atendimento à criança de zero a seis anos a educação. 
(BRASIL, 1996) 
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa tem como finalidade o 
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus 
aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a ação 
da família e da comunidade. 
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: 
I – Creches, ou entidades equivalentes, para criança de até três anos de 
idade; II – Pré-escolas para as crianças de quatro a seis anos de idade. 
Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-à mediante acompanhamento 
e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para 
o acesso ao ensino fundamental. (BRASIL, 1996, p. 56) 
 
Nos últimos quatro anos, os estados, municípios e o distrito federal estão 
passando por um período de transição, pois foi sancionada a lei 11.274, que dispõe 
sobre a duração de nove anos para o ensino fundamental. Consta a lei: "Art. 32. O 
ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola 
pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica 
do cidadão.” (BRASIL, 2006, s.p.) 
Diante dessa evolução significativa da educação infantil, a necessidade de 
atualização dos profissionais que trabalham com estas crianças é de relevante 
importância e as práticas psicomotoras muito podem contribuir com o 
desenvolvimento integral dessas crianças que possuem uma natureza singular, são 
seres que pensam e sentem o mundo de um jeito muito próprio e estabelece relações 
com o outro e o mundo que as rodeiam tudo isto pode ser levado à criança por 
intermédio da psicomotricidade, que deve ser considerada como princípio norteador 
na educação infantil, pois favorece que a criança tome consciência do seu corpo. 
Abordar a origem e a evolução da psicomotricidade é antes de tudo estudar a 
significação do corpo ao longo da história da civilização humana. (NEGRINE, 1995) 
Para Levin (1995) a história da psicomotricidade é solidária a história do corpo, 
ou seja, a psicomotricidade tem seu início desde que o homem passou a existir, a falar 
e andar, a partir deste instante ele falará do seu corpo. Sendo assim o homem vai 
 
 
27 
 
construindo com o seu corpo um longo percurso histórico com expressões discursivas 
e carregadas de significado no campo psicomotor. 
Para a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade: 
A Psicomotricidadeé uma ciência que tem como objeto de estudo o homem 
através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e 
externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, 
com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de 
manutenção, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas afetivas e 
orgânicas (S. B. P., 1999, s. p.). 
 
Segundo Levin (1995) o termo psicomotricidade surgiu na França no final do 
século XIX,a partir dos estudos da neuropsiquiatria infantil de Dupré, que na 
observação de pacientes definiu a síndrome da debilidade motora, caracterizada pela 
presença de sinesias, paratonias e inabilidades, rompendo a correlação entre a 
perturbação motora e a síndrome. Dessa forma, ele evidenciou o paralelismo 
psicomotor, ou seja, uma estrita relação entre o desenvolvimento da motricidade, da 
inteligência e da afetividade. Tal paralelismo psicomotor definiu-se como uma tentativa 
de superação do dualismo cartesiano – corpo e mente. Negrine (1995) aponta que 
Wallon (1925) trouxe suas contribuições para a psicomotricidade, sendo que seus 
estudos relacionam motricidade, afeto, emoção e meio ambiente aos hábitos da 
criança. Ressalta ainda que Guilmaim (1935) desenvolveu um exame psicomotor para 
fins de diagnóstico, de indicação da terapêutica psicomotora e de prognóstico. 
Determinava-se assim um método de trabalho: a reeducação psicomotora que é feita 
através de baterias de exercícios físicos programados. 
No final da década de 40, a psicomotricidade começou a se diferenciar de 
outras ciências adquirindo sua própria especificidade e autonomia. Essa mudança 
aconteceu devido ao surgimento de técnicas ligadas aos distúrbios psicomotores 
propostas por Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra que conseguiu romper com a 
hegemonia neurológica e com o conceito do paralelismo psicomotor mudando, dessa 
forma, a história da psicomotricidade. (LEVIN, 1995) 
São consideráveis as contribuições de Piaget que serve de pilar a construção 
do campo da psicomotricidade. Pois ele considera a relação da motricidade com a 
inteligência, antes da aquisição da linguagem Para Piaget, a inteligência é uma 
adaptação ao meio ambiente e para que ela se desenvolva é necessário que o 
 
 
28 
 
indivíduo explore o meio ao qual está inserido. A partir desses experimentos motores 
ele percebe as inter-relações entre a motricidade e a percepção. (OLIVEIRA, 2007). 
“Historicamente desde o ano de 1900 até a presente data, o percurso e a 
evolução do campo psicomotor desenvolvem-se, no nosso modo de ver, de acordo 
com diferentes cortes que vão modificando e esboçando um acionar clínico 
específico”. (NEGRINE, 1995, p. 30) 
É importante situar-se na história da psicomotricidade compreendendo que sua 
evolução está relacionada a três diferentes momentos que norteiam suas práticas 
fazendo com que esta se torne cada vez mais peculiar e específica. 
O primeiro corte epistemológico foi influenciado pela neuropsiquiatria, 
predominando a prática reeducativa. Há a tentativa de superação do dualismo 
cartesiano. Nesta primeira etapa o corpo é visto como uma “ferramenta de trabalho 
para o reeducador que se propõe a concertá-lo”. (LEVIN, 1995, p.30) 
No segundo corte surgem às contribuições da psicologia, especialmente a 
genética. Nesse momento o corpo é visto como um instrumento de construção da 
inteligência priorizando a educação psicomotora. E por fim o terceiro corte, quando a 
área da psicanálise efetiva suas contribuições. A partir daí o olhar se direciona para 
um sujeito com o seu corpo em movimento, um sujeito desejante, que fala, anda e se 
expressa. (LEVIN, 1995) 
É importante à compreensão da história da psicomotricidade e a sua origem 
para que se possa entender que no decorrer do processo histórico existe uma 
apropriação deste saber por parte de psicólogos e pedagogos que utilizam desses 
recursos no campo da educação, reeducação e terapia. 
Negrine (1995) se refere a educação psicomotora como sendo uma ação 
pedagógica que tem como objetivo principal o desenvolvimento motor e mental da 
criança, com a finalidade de levá-la a dominar o próprio corpo e adquirir uma inibição 
voluntária. 
Para Meur; Staes (1991) a reeducação psicomotora é dirigida às crianças que 
sofrem de perturbações mentais, atrasos ou dificuldades psicomotoras. Trata-se de 
diagnosticar as causas dos problemas e de fazer um balanço das aquisições e das 
carências, antes de fixar um programa de reeducação. 
Lapierre e Aucouturier (1980, apud. MEUR; STAES, 1991) indicam a terapia 
psicomotora em especial para as crianças portadoras de grandes perturbações e cuja 
 
 
29 
 
adaptação é de ordem patológica, considerando assim a necessidade de uma vasta 
formação prática, técnica e teórica ao terapeuta, pois só assim este estará preparado 
para interpretar atitudes corporais, e as reações tônico-afetivas e emocionais. 
A psicomotricidade funcional se originou dentro de um modelo biomédico, ou 
seja diagnóstico-tratamento. Suas bases teóricas são sustentadas por uma 
concepção maturacionista de desenvolvimento humano, que compreendem que esse 
desenvolvimento acontece com o amadurecimento do nosso equipamento biológico. 
É importante ressaltar que a psicomotricidade funcional utiliza um método direto 
e testes padronizados para traçar o perfil psicomotriz da criança, não permitindo 
oportunidades a esta de exteriorização e expressão psicomotriz. 
Esse modelo de psicomotricidade consiste no objetivo de diagnosticar e tratar 
crianças com algum tipo de dificuldade e para tanto se utilizavam das baterias de 
testes e tomavam emprestados da Educação física as famílias de exercícios 
Os estudiosos da psicomotricidade não empregam uma classificação única e 
tampouco fazem uso de uma terminologia comum para as diversas funções 
psicomotoras. (NEGRINE, 1995) 
Lê Boulch (1983, apud. MELLO, 1993) cita as seguintes funções da 
psicomotricidade, a estruturação do esquema corporal, coordenação dinâmica geral, 
motricidade gráfica, lateralidade, relação corpo-tempo e percepção temporal e tono 
muscular. Fonseca faz referência à noção do corpo ou somatognosia, equilibração, 
coordenação dinâmico-manual, lateralidade, controle da respiração, estruturação 
espaço-temporal, ritmo, dissociação e tonicidade. Coste aborda o esquema corporal, 
coordenação, motricidade fina, preensão e coordenação óculo-manual, lateralidade e 
estruturação espaço-temporal. 
Verifica-se, entretanto que as diferentes classificações e terminologias 
aplicadas denotam diferenças sensíveis entre a concepção dos autores. O que 
geralmente acontece é que cada autor ressalta certas funções psicomotora sob 
determinados aspectos, e tratam as demais agrupadas a essas primeiras 
(MELLO,1993, p.37) 
Segundo Le Boulch (1983, p. 37 apud. MELLO,1993, p.37-38) esquema 
corporal é a consciência que o sujeito tem do seu próprio corpo, de suas partes com 
movimentos corporais estáticos ou dinâmicos, na relação com os espaços e os objetos 
que o rodeiam nas posturas e nas atitudes. 
 
 
30 
 
Para Mello (1993) a tonicidade é uma tensão dos músculos, pela qual as 
posições relativas das diversas partes do corpo são corretamente mantidas e que se 
opõem as modificações passivas dessas posições e o equilíbrio é capacidade que o 
sujeito tem de manter-se sobre uma base reduzida de sustentação do corpo. 
Para o autor a lateralidade: 
É a capacidade de vivenciar as noções do hemisférico direito e hemisférico 
esquerdo do corpo sobre o mundo exterior. Diferenciando-se do conceito de 
dominância lateral que significa o domínio ocular, auditivo e sensório-motor 
de um dos membros superiores ou inferiores, que devem ocorrer em todas 
as pessoas. (MELLO, 1993, p.39) 
 
A Organização espacial é a capacidade do sujeito de orientar-se diante de um 
espaço físico e de perceber a relação da proximidade de coisas entre se. Refere-se 
às relaçõesde perto, longe em cima, embaixo, dentro, fora, etc. Já a organização 
temporal é a capacidade de avaliar intervalos de tempo e de estar ciente dos conceitos 
de tempo, caracterizando-se pela aquisição de noções de direção, localização, 
posição e disposição do espaço. (MELLO, 1993). 
A capacidade perceptiva é a aquisição de conhecimentos por meio de 
impressões sensoriais do mundo exterior e do próprio corpo, utilizando os órgãos dos 
sentidos: a visão, o olfato, o paladar, a audição e o tato. (SOUZA FILHO, 2001) 
A coordenação motora global para Mello (1993, p. 38) é definida como “a 
colocação em ação simultânea de grupos musculares diferentes, com vistas à 
execução de movimentos amplos e voluntários mais ou menos complexos, 
envolvendo principalmente o trabalho de membros inferiores, superiores e do tronco.” 
A coordenação motora fina para o mesmo autor é o trabalho de forma ordenada 
dos pequenos músculos. Engloba as principais atividades: manual e digital, ocular, 
labial e lingual. 
“A coordenação viso motora manual e pedal. É a capacidade de coordenar a 
visão com os movimentos do corpo todo ou de partes com influência nos seguintes 
movimentos cortar, bordar, desenhar e escrever.” (HURTADO, 1991, p.33) 
Essas funções muito têm contribuído para as práticas pedagógicas atualmente 
principalmente na educação infantil. 
Para Negrine (1995), Lapierre e Aucouturier inovaram a psicomotricidade e 
juntos vivenciaram períodos distintos na evolução histórica desta ciência, sejam eles: 
os períodos continuador, inovador e ruptura. No período continuador a 
 
 
31 
 
psicomotricidade passa de vertente reeducativa e terapêutica para uma vertente 
educativa e segue uma linha funcionalista. Havia uma inquietação dos 
psicomotricistas com relação a mudança de paradigma de atuação, muitos estudos, 
mas na prática a atuação continuava a mesma: funcional. 
O período inovador é a evolução para uma postura vivenciada, cita que: “O 
mais importante na prática relacional é trabalhar com o que a criança tem de positivo, 
o que ela sabe fazer, e não preocupar-se com o que ela não sabe”. (NEGRINE, 1995, 
p.58) 
Neste período, Lapierre e Aucouturier, atuavam juntos, priorizando a prática 
vivenciada. 
O distanciamento entre Lapierre e Aucouturier denomina-se como período de 
ruptura causado pela busca de uma prática coerente como os princípios inovadores 
proposto por ambos os autores. Suas diferenças fundamentais se baseiam na forma 
de interação com as crianças na tentativa de entender e potenciar o jogo durante a 
seção psicomotora. 
A partir do ponto de vista vivencial denotam que se devem formular estratégias 
de interpretação pedagógica através da via corporal, ou seja, o componente 
pedagógico principal na prática psicomotriz para provocar exteriorização da criança 
será o jogo e o livre brincar. 
A psicomotricidade vivenciada que se baseia nos métodos-não-directivos para 
a busca dos seus objetivos. Estes métodos permitem interpretações relevantes por 
parte do educador em relação aos atos da criança, seja através da expressão corporal 
e fala, este viés da psicomotricidade surge com variadas abordagens, inclusive na 
França, berço desta prática. Podemos citar autores como: André Lapierre e Bernard 
Aucouturier, que são franceses e pilares da psicomotricidade com enfoque relacional. 
É importante ressaltar que existem nuances dentro da psicomotricidade 
vivenciada e que psicomotricistas que tiveram a mesma formação inicial, no decorrer 
de seus estudos acabam seguindo linhas diferentes e como exemplo Aucouturier e 
Lapierre. 
As práticas vivenciadas utilizam o lúdico como ferramenta do trabalho de 
prevenção durante o jogo e o brincar o sujeito tem a oportunidade de representarem 
vários palpeis, ao terminar as atividades de representação, permitindo uma 
compreensão dos processos afetivos. Através da observação dele em contato com o 
 
 
32 
 
mundo, por intermédio de suas relações com o seu corpo, suas ligações afetivas com 
o outro. 
Negrine (1995) explica a importância do ato de brincar como um elemento 
motivador a fim de provocar a exteriorização da criança, e que tal prática impulsiona 
processos de desenvolvimento da aprendizagem. 
Os principais objetivos da prática vivenciada são: a oportunidade de vivenciar 
diversas experiências corporais, estimular vivência simbólica, facilitar a comunicação 
da criança em suas várias dimensões. 
O espaço destinado a estas práticas pode ser: aberto ou fechado de acordo 
com a realidade da instituição que a exerce. O importante é que seja um espaço em 
que permita a criança uma maior expressividade motriz, uma prática de desinibição. 
O espaço deve ser organizado previamente, tal organização serve de referência e 
ajuda a expressão mental da criança. Algumas recomendações para organização do 
espaço: espaço para ritual de entrada; espaço para construção e representação; 
espaço para jogos e exercícios, e esse deve ser um espaço onde a criança se 
exteriorize através de exercícios, ou jogos. 
A frequência da prática deve ser de três vezes semanais. Deve-se determinar 
um tempo disponível para os alunos verbalizarem suas produções. 
Para implementação desta prática, utiliza-se materiais diversos, seja eles: 
aparelhos fixos, espaldar, banco sueco, cavalo de pau, massa de modelar, papel e giz 
de cera, jornal, caixa de papelão, materiais e aparelhos para exercitar e jogar, 
almofadas, colchões, pneus, materiais de sucata e peças de vestuário (para fantasiar), 
tecido, corda, aros. A oferta desses materiais deve ser de forma alternada. 
Trabalhar a psicomotricidade significa oportunizar a criança diferente vivências 
para construção de novas experiências, que se baseiam nos parâmetros psicomotores 
que podem ser definidos como um conjunto de elementos a partir dos quais a 
expressividade motora pode ser analisada. Tais parâmetros reúnem em sua 
denominação a exploração que a criança realiza, do mundo externo até ser 
constituídos para aspectos como o movimento, o espaço, o tempo, os objetos e o 
outro. (SÁNCHEZ; MARTINEZ; PENALVER, 2003). 
O movimento é intrínseco a vida, permite a aquisição de experiências, suas 
condutas podem ser de aspectos planejado, organizado, reflexão e vivência, e 
refletem relação entre o plano afetivo, emocional e cognitivo. 
 
 
33 
 
As práticas psicomotoras vivenciadas tiveram como precursores André 
Lapierre e Bernard Aucouturier. O primeiro criou a psicomotricidade relacional 
fundamentada na teoria de Henry Wallon e destaca como ferramentas essenciais para 
compreensão do ser humano. Atualmente é um diferencial na atuação profissional em 
vários segmentos sociais, tais como: escolas, clínicas, empresas e outros. 
É através do nosso corpo que mostramos nossos desejos, nossas frustrações 
e nossas ansiedades. A psicomotricidade relacional vem ao encontro dos alunos como 
prevenção, levando-os a alcançar o equilíbrio e o desenvolvimento. 
Já Prática Psicomotora Aucouturier determina que na seção, o jogo de pulsão 
(jogo sensório motor classificação de Piaget) deve ser potencializado e a partir da 
psicomotricidade tem sua função até os oito anos. Aucouturier possui uma 
característica importante a respeito da psicomotricidade, que é seguida por diversos 
psicomotricistas, que é a organização da seção psicomotora que segue uma 
sequência temporal, isto é, a criança deve seguir uma determinada ordem para 
executar os jogos: momento inicial ou ritual de entrada; jogos de segurança profunda; 
jogos de prazer sensório motor; narração da história, atividades de representação e 
momento final ou ritual de saída. É importante ressaltar que as seções são realizadas 
somente em ambientes fechados. 
Assim, a psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a estruturação 
e formação do esquema corporal da criança e tem como um dos objetivos a expressão 
dos sentimentos por intermédio do corpo, valorizando a linguagemdo corpo. 
“Se pararmos para observar verá que em determinadas ocasiões expressamos 
através do olhar, do sorriso, do corpo, reações de carinho ou de repulsa em alguns 
momentos até tentarmos disfarçar essas sensações, percepções, sentimentos, porém 
o corpo não é escravo da mente”. (GIRARDI, 1993, p. 76) 
Portanto o corpo não se separa da mente e suas expressões revelam 
evidentemente emoções diferentes, suas imagens mostram as atitudes que são 
expressas em determinadas situações. 
As expressões podem ser influenciadas pelo meio ambiente. A primeira forma 
de comunicação entre a mãe e seu bebe são os movimentos expressivos do corpo e 
do rosto, que revelam energia e vivacidade. 
Para que haja comunicação é necessário apenas que o receptor entenda a 
mensagem do emissor que pode acontecer consciente ou inconscientemente. É 
 
 
34 
 
importante ressaltarmos então que o corpo fala, cria e aprende com o movimento, 
expressando-se através dos gestos que são ricos de sentidos e intencionalidades. 
Entretanto pela vivencia de repressão, os sujeitos deixam de perceber seu 
próprio corpo. Segundo Girardi (1993) podemos verificar que os adultos por medo de 
sentir, não se permitem viver seu próprio corpo, pois ao longo da história o corpo é 
tido como feio, podre e objeto de punição pelos erros cometidos. 
Na idade média em tentativa de purificar a alma puniam o corpo de forma 
violenta. Na atualidade continuamos presenciando todos os dias atos de violência 
contra o corpo. Crianças espancadas e violentadas, preconceito contra cor e 
obesidade, cirurgias plásticas para satisfazer as vaidades que cultuam um padrão 
determinado de beleza valorizado pela mídia, pais que punem com violência o corpo 
dos filhos na tentativa de impor disciplina. 
Essas formas violentas de repressão sinalizam estado de ira e cobrança para 
o receptor que por medo e insegurança viverá um grau elevado de conflitos e até 
desvios de conduta. 
O corpo fala por intermédio de emoções que são expressas e recebidas em 
uma relação. As emoções são estados significativos nas relações interpessoais, 
considerando o sujeito completo (afetividade, cognição e emoção). 
Assim torna-se evidente que os saberes são construídos a partir das relações 
construídas no tempo, na socialização familiar e numa integração cognitiva afetiva. As 
emoções e sentimentos podem variar de intensidade em função de contextos, mas 
estão presentes em todos os momentos da vida da criança interferindo nas suas 
diversas atividades. 
Se o nosso corpo fala por intermédio das emoções é importante que a escola 
proporcione a criança atividades e situações criativas para que a criança possa 
interagir de maneira saudável e satisfatória na construção de seu aprendizado. 
Portanto é necessário que todos os professores que trabalham com educação 
infantil tenham idéia de como a criança se desenvolve e compreenda que seu corpo 
está em constante movimento. 
Existem situações em que por pressão de seus subordinados que impõem 
regras e normas de um modelo pedagógico ultrapassado, professores utilizam da 
pedagogia do traseiro, crianças em silencio sentadas em cadeiras enfileiradas tolhidos 
 
 
35 
 
em sua criatividade frustradas e insatisfeitas, bloqueadas em sua capacidade de 
aprendizagem. 
Analisando as concepções discorridas podemos afirmar que o sucesso 
pedagógico vai depender da postura do professor. O seu papel como mediador do 
processo didático pedagógico vai contribuir ou não para uma aprendizagem 
significativa. 
É importante ressaltar que a criança utiliza a linguagem corporal como forma 
de interagir com os outros e com o meio produzindo cultura e identidade. A criança se 
expressa com o seu corpo, as práticas escolares devem respeitar compreender e 
acolher o universo cultural infantil. 
Acreditamos que o corpo adquire um papel fundamental na infância, pois é um 
modo de expressão e de vinculação da criança com o mundo. 
Nesta perspectiva, existe a necessidade de atualização dos professores de 
educação infantil, a fim de proporcionar uma ação interdisciplinar facilitadora de 
vivência psicomotora que evidencia a importância do corpo, da mente, do outro, do 
eu, da ação, do pensamento, da percepção do real, do imaginário, expressão e afeto 
estritamente ligados à criança desde a primeira idade. 
Em alguns momentos nos deparamos com a desvalorização do movimento 
espontâneo e natural da criança, em prol do conhecimento formalizado deixa-se de 
lado a linguagem corporal, capacidade de expressar de cada criança em uma 
dimensão educativa. 
As expressões psicomotoras são estímulos à vida social e a atividade 
construtiva da criança. “A criança é movimento, vida também é movimento” (GIRARDI, 
1993, p. 73). 
Sendo assim a criança é vida que sente, ama, hostiliza, agride, sente prazer e 
medo, todas as sensações consideradas boas e ruins que fazem parte do 
desenvolvimento humano. 
Dessa forma enfatizamos a importância da utilização da psicomotricidade na 
educação infantil, pois sua prática proporcionará a oportunidade da vivencia através 
do jogo simbólico e a exploração da linguagem corporal a partir da observação do 
educador que fará os registros das ações para leitura e análises posteriores. As 
possíveis intervenções contribuirão com a capacidade de aprendizagem a evolução 
da criança. 
 
 
36 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A partir das análises bibliográficas foi possível evidenciar que a linguagem 
corporal é uma forma significativa e complexa de interação, pois envolve os mais 
diversos estados emocionais: amor, medo, hostilidade, ódio. 
A psicomotricidade muito tem contribuído com as práticas pedagógicas, pois 
ela visa fins educativos pelo emprego do movimento, a liberdade da expressão e 
simbólico. 
É então relevante que o educador conheça caminhos que possibilite a 
exploração das diversas formas de comunicação corporal da criança, sem deixar de 
lado a individualidade, história e cultura de cada um. 
É fundamental a compreensão e o respeito a história de cada um, pois estas 
são construídas a partir de suas vivencias e estão contidas no corpo e serão 
expressas a todo momento. 
Nesta perspectiva entendemos que o professor de educação infantil deverá 
contemplar a expressão corporal como princípio norteador das atividades didático-
pedagógicas, possibilitando que o movimento a encontrarem significado na prática 
psicomotora presente na relação que a criança mantém com o mundo. 
A linguagem corporal é elemento mediador da aprendizagem e 
desenvolvimento humano. A educação pela expressão é parte fundamental desse 
processo especialmente na educação infantil. 
6 REFERÊNCIAS 
BRASIL. Diário Oficial da União. Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília: DOU, 1988. 
 
BRASIL. Câmara dos Deputados. Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 
8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília: Centro Gráfico, 1990. 
 
 
 
37 
 
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação 
Fundamental. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394 de 20 
de dezembro de 1996. Brasília: MEC/SEF, 1996. 
 
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria do Ensino Fundamental. 
Referencial Curricular Nacional para a educação infantil. v. 1. Brasília: MEC / SEF, 
1998. 
 
BRASIL. Diário Oficial da União. Lei 11.274 de 6 de fevereiro de 2006. Brasília: 
DOU, 2006. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20042006/2006/Lei/L11274.htm>. Acesso 
em: 30 out.2010. 
 
DIDONET, Vital. Creche: a que veio para onde vai. Educação Infantil: a creche, um 
bom começo. Brasília: Instituto Nacional de pesquisas educacionais. v 18, n. 73, p. 
11-28, 2001. 
 
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999. 
 
GIRARDI, M. J. brincar de viver o corpo. In: PICCOLO, V. L. N. Educação física 
escolar… ser ou não ter? São Paulo: Editora da UNICAMP, 1993, p. 73– 86. 
 
HURTADO, J. G. G. M. Dicionário de Psicomotricidade. Porto Alegre: Prodil, 1991 
LEVIN, Esteban. A Clínica psicomotora: O corpo na linguagem. Petrópolis: Vozes, 
1995. 
 
MELLO, Alexandre M. Psicomotricidade, educação física, jogos infantis, São 
Paulo: Ibrasa, 1993. 
 
MEUR, de A.; STAES, L. Psicomotricidade: educação e reeducação. São Paulo: 
Manole, 1991. 
 
 
 
38 
 
NEGRINE, A. S. Fontes epistemológicas da psicomotricidade. In: _____. 
Aprendizagem e desenvolvimento infantil: Psicomotricidade – alternativa 
pedagógica – Porto Alegre: Prodil, 1995, p. 33 – 74. 
 
OLIVEIRA, Z. R. Educação Infantil: muitos olhares. São Paulo: Cortez, 1995. 
 
OLIVEIRA, Gislene de Campo. Psicomotricidade: educação e reeducação num 
enfoque psicopedagógico. 12. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2007. 
 
SÁNCHEZ, Pilar Arniz; MARTINEZ, Marta Radabâm; PENALVER, Iolanda Vives. 
 
Penalver. A psicomotricidade na educação infantil: uma prática preventiva e 
educativa. Porto Alegre: Artmed, 2003. 
 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. 1999. Disponivel em: 
<www.psicomotricidade.com.br>. Acesso em: 13 out. 2010. 
 
SOUZA FILHO, Gerson, C. Aspectos Ligados à construção do Esquema Corporal em 
Crianças. Revista Sprint Body Science. s.p., jan. / fev. 2001. 
 
 
 
39 
 
7 ARTIGO PARA REFLEXÃO 2 
Autora: 
Cíntia da Rocha Marques 
Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/psicomotricidade-e-linguagem-
verbal/56855/ 
Acesso: 16 de setembro de 16 
 
 
Psicomotricidade e Linguagem Verbal 
 
Cíntia da Rocha 
Marques 
Acadêmica do curso de Pedagogia 
Faculdade Pitágoras – Londrina 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho visa apresentar os benefícios originados através do uso da 
psicomotricidade no despertar da comunicação a partir da linguagem. Vemos que 
todas nossas experiências vividas, percebidas e significadas através do nosso corpo 
estão presentes constantemente na nossa comunicação ao longo de nossa vida; 
assim sendo, com uma linguagem verbal e não verbal, nos comunicamos transmitindo 
nossas mensagens corporais, fazendo com que a psicomotricidade seja intrínseca na 
linguagem e comunicação humana. Serão usados alguns autores de renome, como 
Molinari e Sens, Meur e Staes, Wallon, dentre outros, como referência para a pesquisa 
e método de observação a fim de analisar o objeto de estudo. 
 
(Palavras-chave: Criança, Psicomotricidade, Linguagem, Educação, 
Comunicação). 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
40 
 
"O melhor método de ensino é aquele que o professor oportuniza o fluir do 
saber empírico e instiga adádiva da criação e recriação de seus educandos". 
Roberto Giancaterino 
 
O movimento é o meio pelo qual o indivíduo se comunica e transforma o 
ambiente à sua volta. Segundo Wallon (1995) o movimento não é só uma contração 
muscular, mas o uso da afetividade para com o mundo. Conhecer não é somente 
observar, mas interagir atuando com o corpo e linguagem para entender o mundo que 
o cerca e fazê-lo entender você. A transmissão de conhecimento se dá a partir da 
interação mútua, seja indivíduo? natureza, indivíduo? objetos ou até mesmo 
indivíduo? indivíduo. Fazer com que essa linguagem seja inteligível pelas duas partes 
da comunicação é agir de acordo com que o corpo fala? transmitir e adquirir 
conhecimento. 
A psicomotricidade trabalha fazendo a transmissão de conhecimentos através 
de um leque de descobertas, pois, se é a prática que nos ensina, vamos fazê-la 
voltada para uma realidade de mudanças constantes. Tudo isso porque é pelo 
movimento? significação expressiva, intencional e manifestação vital do ser humano? 
que o envolvimento atinge o pensamento (Le Boulch, 1983). As funções motoras não 
podem ser estudadas separadamente do desenvolvimento intelectual. Para se 
aprender a ler e escrever é imprescindível o domínio de habilidades a eles 
relacionado, considerando que essas habilidades são principais manifestações 
psicomotoras. 
"O desenhar e brincar deveriam ser estágios preparatórios ao 
desenvolvimento da linguagem escrita das crianças. Os educadores devem 
organizar todas essas ações e todo o complexo processo de transição de um 
tipo de linguagem escrita para outro. Devem acompanhar esse processo 
através de seus momentos críticos até o ponto da descoberta de que se pode 
desenhar não somente objetos, mas também a fala. Se quiséssemos resumir 
todas essas demandas práticas e expressá-las de uma forma unificada, 
poderíamos dizer o que se deve fazer é, ensinar às crianças a linguagem 
escrita e não apenas a escrita de letras" (Vygotsky, 1987, p.134). 
 
Molinari e Sens (2002, p. 85-93) afirmam que: 
 
[...]"a educação psicomotora nas séries iniciais do ensino fundamental atua 
como prevenção. Com ela podem ser evitados vários problemas como a má 
 
 
41 
 
concentração, confusão no reconhecimento de palavras, confusão com letras 
e sílabas e outras dificuldades relacionadas à alfabetização". 
 
Símbolos representativos e ludicidade são essenciais à criança nessa fase 
inicial da escola, pois neste momento em diante ela começa a ver o mundo, interpretá-
lo e dar a ele seus próprios significados de acordo com o que acha coerente. 
Como objetivo de estudo, temos as causas pelas quais as crianças não 
conseguem se expressar através da linguagem. Essa problematização é respeitável 
de estudo, pois, todos nós passamos pelo primeiro contato com o mundo, um dia. 
Esse primeiro contato, feito através da linguagem, influenciará à criança? futuramente 
um adulto? em sua comunicação afetivo-emocional ao longo de sua vida social. O 
vocabulário motor? composto de gestos, mímicas, expressões faciais, gestos de 
cabeça, olhares? se tornará a primeira comunicação significativa da criança com o 
meio, isto é, uma linguagem que, apesar de não-verbal, aproxima-a do seu mundo 
relacional. Quanto mais subsídio motor as crianças tiverem, maior será o seu 
vocabulário motor. Com essas vivências, a criança experimenta o mundo e adéqua-
se a ele, para mais tarde atribuir a ele os seus próprios significados (Fátima 
Gonçalves, artigo Psicomotricidade e o Despertar da Comunicação, 2008)¹. Busca-se, 
através deste, sugerir práticas mais adequadas para que a criança tenha um 
desenvolvimento pleno, principalmente, em sua linguagem, instrumento que usará 
constantemente. O sociólogo Luiz Ernani Torres da Costa e Silva define a linguagem 
como o "elemento mais eficaz da comunicação social. Através dela são transmitidos 
todos os padrões culturais da sociedade, é iniciado o processo de socialização e a 
sociedade perpetua-se através dos tempos". 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
I.a. Os problemas com início da execução da linguagem verbal. Em observação 
à salas de aula de educação infantil, com crianças de 4 à 6 anos, vemos que a maior 
dificuldade da criança pequena para escrever é a falta do lúdico em sua rotina escolar. 
Em algumas escolas, a escrita é diretamente inserida sem qualquer preparo anterior 
às estruturas físicas e psicológicas da criança. Vemos também que a maioria (se não 
todas) fica extremamente agitada, pois, é natural da criança se mexer, porém, a 
situação contribui, ainda mais para que isso aconteça e a aprendizagem não seja 
 
 
42 
 
alcançada. As crianças se cansam, ainda mais, quando alguma atividade lhes é 
imposta e elas não conseguem fazer por conta de não estarem preparadas (Sandra 
Regina da Luz Inácio, 2008)². Isso pode gerar uma série de transtornos como: falta de 
interesse para com a escola e estudos. Em uma observação em escola, pude entender 
que a criança só está devidamente preparada para a escrita quando consegue 
dominar, razoavelmente, sua coordenação motora fina, que é preparada através de 
atividades que envolvam a brincadeira e a reflexão, para que aprendam; por exemplo: 
montar quebra-cabeça, fazer objetos com argila, pular amarelinha, correr até certo 
ponto e parar, etc. (Meur e Staes, 1984). 
 
II. PONTOS CHAVE 
 
O interesseem relação ao tema surgiu de uma situação onde crianças eram 
obrigadas a aprender a ler e escrever em certa escola. A professora exigia que, até o 
fim do ano, as crianças lessem, escrevessem e falassem corretamente (circunstância 
impossível!). A importância da leitura, linguagem e escrita no cotidiano infantil levam 
à reflexão sobre o tema a ser discorrido. Quais os problemas com o início da execução 
da linguagem verbal? Muitos professores, corrompidos pelo Sistema educacional em 
que atuam, entendem que a alfabetização deve ter início no 1º ano, porém, não 
entendem que nessa fase, a criança pode não ter as estruturas ósseas do braço 
(ombros, cotovelos, punhos, mãos e dedos) preparadas, pode ter dislexia, déficit de 
aprendizagem, problemas visuais, auditivos ou motores, dentre outros. Destacaremos 
os problemas motores, estudados em linha graduada por Meur e Staes. 
A progressão do desenvolvimento da linguagem verbal não se dá, 
exclusivamente, com base na idade ou tamanho físico da criança. Seu 
desenvolvimento é inteiramente ligado ao psicomotor. Por exemplo: a pré-escrita 
começa com os exercícios motores. Os primeiros exercícios de pré-escrita visam dar 
para as crianças força muscular e flexibilidade articular necessárias aos diferentes 
movimentos da escrita. Essa educação deve começar antes mesmo que a criança 
pegue um lápis na mão (Meur e Staes, 1984). O grafismo propriamente dito só será 
trabalhado após essa educação. A criança pequena tem necessidades diferentes do 
que, ultimamente, se anda esperando dela; a aprendizagem, nessa idade, se dá 
através do lúdico, do brincar, mexer com plasticina, massa de modelar, argila, ter 
 
 
43 
 
contato com a natureza, até que chegue à escrita propriamente dita (Meur e Staes, 
1984). 
O trabalho da escrita é muito mais complexo do que podemos imaginar! Não é 
simplesmente dar papel e lápis à criança para que ela já apareça escrevendo tudo o 
que deseja; são vários os passos para que a escrita, de forma ampla e decodificada, 
seja completa em seu cotidiano (Meur e Staes, 1984). A escrita, em primeiro lugar, 
tem ligação direta com o que a criança já traz consigo em sua "bagagem de vida", ou 
seja, se a criança é estimulada desde cedo a fazer a "falsa leitura" de rótulos, imagens, 
fotos, histórias, etc., será mais fácil para que ela aprenda, mais tarde, a utilizar a 
linguagem como meio de comunicação. A linguagem tem um papel importante na 
formação da identidade dos indivíduos, pois nas suas diferentes formas, é meio de 
que represente, constrói e transmite significados (Hall, 2000). 
 
III. TEORIZAÇÃO 
 
Os exercícios motores e psicomotores, se executados corretamente, trazem 
benefícios extraordinários à criança que tem dificuldade de se comunicar através da 
linguagem. Faz com que sua evolução e desenvolvimento caminhe com mais rapidez 
e eficácia. Temos várias sugestões para que a criança evolua de tal forma, que serão 
apresentadas posteriormente, embasadas nos pareceres de Meur e Staes, em seu 
exemplar "Psicomotricidade: educação e reeducação", Ed. Manole, 1984. 
III.a. Utilizando a linguagem como meio de comunicação 
Como já dito há pouco, são vários os passos para que a criança chegue à utilização 
da linguagem como meio de comunicação (Meur e Staes, 1984). 
Para começar, são dadas as seguintes orientações: 
Começaremos com: 
1) O trabalho de cada articulação. 
a) Ombros 
Exemplo: Brincar de meteoro? o brinquedo é feito com uma espécie de bola 
oval atravessada por duas cordas que terminam em alças; a intenção é fazer com que 
a bola vá de uma criança a outra, sendo que uma abra os braços e outra fecha e assim 
sucessivamente. 
 
 
44 
 
b) Punhos: as crianças colocam suas mãos sobre a mesa, horizontalmente. 
Pede-se que levantem as mãos sem desencostar o punho da mesa. Este 
exercício pode ser feito através de jogos: as crianças cantam e marcam um ritmo com 
a mão na mesa, por exemplo. 
Outro jogo simples é o jogo de Ioiô. 
c) Dedos: brincar com bolinhas de gude ou de pião. 
 
2) Trabalho com Plasticina 
 
Fazer um boneco com apenas uma das mãos, rolar uma bolinha de plasticina, 
com a palma da mão, sobre a mesa, por exemplo. 
 
3) Grafismo 
 
Grafismo é a forma mais simples de representar um objeto. O trabalho em plano 
vertical: traçar horizontais, traçar verticais, quadrado, traçar semicírculos, círculos, 
etc.; 
Círculo: primeiramente executado da direita para a esquerda; Caracol: 
primeiramente executado do interior para o exterior e depois inversamente; Ondas: 
desenho das ondas bem acentuadas, planas e estreito; As pontes: aqui a criança pode 
descansar algumas vezes (ao contrário das ondas), mas o traçado deve ser completo 
sem levantar o giz ou pincel do papel. Espirais: as espirais devem ser grandes. A 
criança dever ter um bom ritmo para que as espirais saiam uniformes, então, é 
sugerido que ela faça uma espiral a cada pausa da canção, por exemplo. 
Linha quebrada e telhados: a criança deve perceber as pontas, por exemplo, 
ponta do lápis, da tesoura da professora, do telhado da casa de madeira. Pede-se que 
desenhem uma casinha de madeira com o telhado, orientando que a primeira linha 
sobe e a segunda, desce. 
Triângulo: fazendo a linha quebrada de forma certa será fácil assimilar o 
triângulo, pois, só terá de fechar a linha quebrada (uma que sobe e outra que desce). 
O trabalho em plano horizontal: pouco a pouco o lápis é inserido ao trabalho 
das crianças, assim, elas adquirirão força muscular e flexibilidade articular suficiente, 
 
 
45 
 
sendo que cada criança deve ser corrigida individualmente para que possa perceber 
a posição exata de seus dedos a segurar o lápis. Aí é que entra a força muscular e a 
flexibilidade articular suficientes para que a criança perceba a posição correta em que 
o lápis deve ser empregado e para que ela consiga fazer tal exercício (Meur e Staes, 
1984). 
 
IV. POSSÍVEIS SOLUÇÕES 
 
São sugeridos exercícios de pressão do lápis sobre o papel como: traçar uma 
linha sem apertar o lápis e outra, o apertando. Também exercícios em que a criança 
deve contornar o traçado, traçar um caminho entre duas retas paralelas, traçar 
caracteres ou letras usando um normógrafo, colorir corretamente sem virar a folha ao 
pintar e ponderando o tamanho dos traços ao colorir a imagem, fazer uma estrela 
(usando lápis de diversas cores para identificar as linhas), fazer uma casinha com 
telhado triangular sem tirar o lápis do lugar (Meur e Staes, 1984). 
Esses são alguns dos exercícios que podem ser sugeridos para que a criança 
chegue até o grafismo utilizando a linguagem como meio de comunicação. 
 
"Nosso cérebro é fantástico, e tem capacidade de proporcionar mudanças de 
caminhos para se chegar ao objetivo desejado, utilizando outras funções que 
ainda se encontram preservadas e com potencial." Luciana Gurgel 
 
O papel da família e do meio em que a criança vive é importantíssimo na 
formação de seu vocabulário. A criança vai percebendo que outras pessoas ao seu 
redor se comunicam através da fala e, em suas observações, vai a cada dia 
aumentando seu repertório de palavras. Inicia com vocalizações, depois sílabas, 
palavras e sentenças cheias de significados (Tânia Regina Bello, 2008). 
Segundo Freire (1989, p.76) "causa mais preocupação, na escola da primeira 
infância, ver crianças que não sabem saltar que crianças com dificuldades para ler ou 
escrever", pois, o lúdico é essencial nessa fase da vida da criança, fazendo com que 
ela desenvolva, futuramente, habilidades para lidar com lápis e papel e aptidões 
básicas para que sejam, mais tarde, aperfeiçoadas e executadas sem dificuldade. 
 
 
46 
 
Coste (1981, p.46), ressalta que, "O corpo é, de fato, um lugar original de 
significações específicas e, por ser parte integrante de nosso universo de símbolos, é 
produto e gerador, ao mesmo tempo, de signos". Sendo assim, nosso corpo é 
integrante essencial em

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