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ARQUITETURA BRASILEIRA I

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
 
 
 
ARQUITETURA BRASILEIRA I 
Técnicas construtivas e Evolução urbana do Brasil colonial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluna: Paola Eugenia Pérez Cerri Tetzner 
Orientador: Professor Dalmo Vieira Filho 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O estudo da cidade é um tema tão sugestivo como amplo e difuso; impossível de 
abordar por um homem só, se se tem em conta a massa de saberes que teria que 
acumular. Uma cidade se pode estudar desde infinitos ângulos. 
(CHUECA GOITÍA, Fernando, 2004, p.7, tradução nossa) 
 
 
 
 
2 
 
 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 3 
CAPÍTULO I: EVOLUÇÃO URBANA DO BRASIL COLONIAL .................................................. 4 
1. Elementos da organização espacial: cidades de mineração ...................................... 4 
1.1. Situação: ........................................................................................................................... 4 
1.2. Sitio .................................................................................................................................... 5 
1.3. Traçado ............................................................................................................................. 5 
2. Espaços vazios e edificados da cidade colonial – Ouro Preto ............................... 10 
2.1. Espaços vazios ............................................................................................................. 10 
2.2. Espaços edificados ...................................................................................................... 11 
CAPÍTULO II: TÉCNICAS CONSTRUTIVAS DOS ESPAÇOS EDIFICADOS........................ 15 
1. Origem das técnicas construtivas coloniais ................................................................. 15 
2. Vedações e divisórias ......................................................................................................... 15 
3. Coberturas e forros.............................................................................................................. 18 
4. Esquadrias ............................................................................................................................. 20 
5. Muxarabis e balcões ............................................................................................................ 22 
6. Pisos e pavimentos.............................................................................................................. 23 
7. Alicerces: ................................................................................................................................ 23 
CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 24 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................. 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho apresenta um percorrido pela evolução urbana do Brasil colonial 
e as técnicas construtivas da época, tomando como referência as cidades mineiras do 
ciclo do ouro, em especial a cidade de Ouro Preto, ícone do período colonial. 
O objetivo deste trabalho é estabelecer um elo entre as diversas variáveis que 
gravitam sobre uma cidade e que fazem dela um conjunto em perfeita harmonia e com 
características únicas. De acordo com Chueca Goitía (2004 apud ALBERTI, p. 7, 
tradução nossa): “a grandiosidade da arquitetura está unida à da cidade, e à solidez 
das instituições se costuma medir pela solidez dos muros que a contem.”1 
Em primeiro lugar, analisaremos a macro escala, ou seja, a cidade colonial e seus 
elementos de organização espacial: situação, sítio e traçado 
Em segundo lugar analisar-se-á a micro escala, ou seja, as construções presentes na 
cidade colonial e as técnicas construtivas com as quais a própria cidade foi tomando 
forma e adquirindo o aspecto que ela tem até os nossos dias. São estas técnicas 
construtivas e a estética buscada pelos portugueses e colonos o que fazem das 
cidades coloniais uma marca registrada da época colonial brasileira. Chueca Goitía 
(2004 apud PARK, Robert E. p. 34, tradução nossa) afirma que: “a cidade se 
fundamenta nos costumes e nos hábitos de seus habitantes, que possuem tanto uma 
organização física como moral, que se modelam e modificam uma a outra pela sua 
mutua interação.”2 
Tomam-se como referência as cidades mineiras pois a autora teve a possibilidade de 
morar um ano e meio no estado de Minas Gerais e de percorrer as cidades de Sabará, 
Mariana, Ouro Preto, São João del Rei e Tiradentes. Esta experiência ímpar 
possibilitou entender a dinâmica da cidade colonial e familiarizar-se com sua estética. 
 
 
 
 
 
1 CHUECA GIITIA, Fernando. Breve historia del urbanismo. Alianza Editorial, S.A., Madrid, 2004, p. 7,. 
2 Ibid, p. 34. 
4 
 
 
 
CAPÍTULO I: EVOLUÇÃO URBANA DO BRASIL COLONIAL 
 
1. Elementos da organização espacial: cidades de mineração 
1.1. Situação: 
No século XVIII o Brasil sofreu um dos maiores surtos urbanizadores do território 
desde a chegada dos primeiros europeus. Com a descoberta do ouro, começa a 
ocupação do sertão de Minas, Goiás e Mato Grosso. 
 Onde quer que se garimpasse nas areias de rio e riachos, assim como nas 
montanhas, ou onde se encontrasse um terreno aurífero eram instaladas 
tendas nas redondezas para abrigar os exploradores. Muitos desses 
acampamentos transformaram-se em arraiais -depois nas vilas e nas cidades 
de Minas Gerais – distribuídos em núcleos esparsos e localizados às 
margens dos córregos ou nas encostas dos morros. 3 
Segundo Nestor Goulart Reis Filho, “a descoberta do ouro no interior provocaria um 
afluxo da população da própria Colônia e de Portugal, provocando, na região das 
minas a terceira etapa de urbanização intensa, entre 1670 e 1720, com a fundação de 
oito vilas”4. Assim sendo, neste período surgem em Minas Gerais as seguintes vilas: 
• Em 1711: Vila de Albuquerque (atual Mariana), a Vila Real de Sabará (atual 
Sabará), e Vila Rica (atual Ouro Preto). 
• Em 1713: São João Del Rei 
• Em 1714: Vila do Príncipe (atual Serro) e Vila Nova da Rainha do Caeté do Mato 
Dentro (atual Caeté). 
• Em 1715: Vila Nova do Infante (atual Fitanguí) 
• Em 1718: São José Del Rei (atual Tiradentes). 
 
3 PESSÔA, José; PICCINATO, Giorgio (org.). Atlas dos Centros Históricos do Brasil. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 
2007, p. 67. 
4 REIS FILHO, Nestor Goulart. Contribuição ao estudo da evolução urbana do Brasil: 1500-1720; edição ilustrada. 
São Paulo: Pioneira, 1968, p. 82. 
5 
 
 
 
 
 
 
1.2. Sitio 
De acordo com Reis Filho (1968 apud Pierre Lavedan, p. 124): “entende-se por sitio 
de uma aglomeração urbana o local sobre o qual está assentada”5. No caso das 
cidades mineiras, o sitio é uma consequência da atividade de extração do ouro, sendo 
este muitas vezes pouco propício para o estabelecimento de uma vila ou cidade nos 
padrões portugueses. 
Geralmente as cidades ficavam contidas por morros e serras, que eram seus limites 
naturais. Nesta topografia acidentada do interior de Minas Gerais, procuravam-se os 
locais mais altos já que eram mais ventilados e ensolarados 
1.3. Traçado 
Segundo Pessôa, “os arraiais de mineração nasceram das datas minerais. A rua inicial 
acompanhava essa ocupação paralela ao rio. As igrejas, [...] definiam os percursos de 
ligação determinando a configuração dos sítios.”6 Sendo assim, o traçado das cidades 
de mineração considera-se espontâneo. Segundo Murilo Marx,5 REIS FILHO, op. cit., p 124. 
6 PESSÔA, José; PICCINATO, Giorgio (org.), op. cit. p. 21. 
Figura 1 - O ciclo do Ouro. Fonte: 
http://www.piranga.com.br/ciclo/index.htm 
6 
 
 
 
Em geral, a cidade brasileira é irregular, tende à linearidade e, polinuclear, 
tem um contorno indefinido. [...] Como as cidades medievais, acomodando-
se em terrenos acidentados e à imagem das portuguesas, as povoações 
brasileiras mais antigas são marcadas pela irregularidade.7 
Tomemos como exemplo a cidade de Ouro Preto. Considerada o mais significativo 
conjunto urbano da arquitetura colonial brasileira, teve sua origem no século XVII a 
partir dos acampamentos de aventureiros durante a exploração do ciclo do ouro. Esta 
cidade se desenvolveu com uma urbanização não planejada, mas bem surgida das 
soluções encontradas pelos seus habitantes com o intuito de superar as abundantes 
barreiras naturais da região, entre elas, o relevo acidentado e uma grande quantidade 
de córregos. 
Com o crescimento dos vários arrais dispostos ao longo de um caminho linear, Ouro 
Preto foi elevada à categoria de vila em 1711, com o nome de Vila Rica de 
Albuquerque. Em 1720 passa a ser sede da capitania de Minas Gerais. 
 
Figura 2: Mapa de Vila Rica – 1775 Manoel Ribeiro Guimarães. Fonte: Original manuscrito do Arquivo Histórico 
do Exército, Rio de Janeiro) 
 
Atualmente, Vila Rica é considerada o exemplo mais complexo de urbanização das 
vilas do ouro. Nela é possível comprovar as características citadas por Marx: cidade 
irregular, linear, polinuclear e de contorno indefinido. 
 
7 MARX, Murillo. Cidade brasileira. São Paulo: Melhoramentos/Ed. da Universidade de São Paulo, 1980, p. 23. 
7 
 
 
 
Cidade irregular: De acordo com Marx (1980 apud Saint-Hilaire, 1975, p. 23): “Vila 
Rica tem tão pouca regularidade, que é extremamente difícil dar dela uma 
ideia suficientemente exata.”8 
Como já foi mencionado, a cidade de Ouro Preto teve um desenvolvimento 
espontâneo, sem planejamento prévio e agravado pela irregularidade da topografia 
da região. Este traçado urbano lembra às cidades medievais. Marx afirma que “o típico 
aglomerado medieval lusitano foi transplantado para a banda oriental americana da 
linha de Tordesilhas”.9 
Goulart reforça esta teoria ao afirmar: 
Os núcleos menores, mais antigos instalavam-se, em sua maior parte, em 
sítios acidentados, no topo das colinas. Seus traçados apresentavam, então, 
no conjunto, características de acentuada irregularidade. As ruas adaptavam-
se às condições topográficas mais favoráveis, e tendiam a se organizar como 
ligações entre os pontos de maior importância na vida desses núcleos, sem 
intenção de ordenação geométrica.10 
Cidade linear: Vila Rica inicialmente desenvolveu-se na direção das jazidas de ouro 
perto dos riachos para logo aproveitar as encostas da serra de Ouro Preto. Uma 
estrada tronco ligava os diferentes aglomerados separados pela mata. Esta estrada 
constituiu mais tarde o eixo estruturador da vila, assumindo uma formação longilínea 
característica dos arraiais. 
Em Ouro Preto, o eixo longitudinal da vila era composto por duas extremidades, de 
um lado, Rosário (Caquende) e, do outro, Santa Efigenia e Padre Faria. No centro de 
esse eixo, que é cortado por outro transversal, se instalaram as construções oficiais 
da cidade: Palácio dos Governadores, Casa de Câmara e Cadeia. 
Cidade polinuclear: Um dos pontos citados por Marx é o fato das cidades serem 
polinucleares. Isto significa uma divisão das vilas em núcleos cada qual com sua 
capela ou igreja. Segundo Marx, “a tendência foi então a formação de núcleos 
variados de atração no tecido urbano, com predomínio dos largos, pátios e terreiros, 
cada um em seu setor ou freguesia eclesiástica.”11 Esse é o caso de Ouro Preto que 
 
8 MARX, Murillo. Cidade brasileira. São Paulo: Melhoramentos/Ed. da Universidade de São Paulo, 1980, p. 23. 
9 Ibid., p. 24. 
10 REIS FILHO, Nestor Goulart, op. cit., p. 130. 
11 MARX, Murillo, op. cit., p. 28. 
8 
 
 
 
no momento da criação da vila, já estavam definidos os núcleos numa divisão similar 
à atual. 
 
Figura 3: Mapa da ocupação residencial linear e polinuclear ao longo da estrada tronco em meados do século 
XVIII, segundo Sylvio de Vasconcellos. Fonte: http://espacospublicosbarrocos.blogspot.com.br/2012/05/historia-
de-ouro-pretomineracao-no.html (2015), baseado em VASCONCELLOS, 1977, p. 78. 
Em 1730 começa a fase áurea da urbanização da vila, com a expansão do tecido 
urbano e a definição da praça como centro administrativo, abertura de novos 
caminhos paralelos aos principais e de becos e travessas. Em 1737 a cidade 
contabilizava 249 construções o que exigiu melhoramentos urbanos, sendo 
construídos chafarizes, pontes, edifícios públicos e religiosos, calçadas e muros para 
conter desabamentos. 
Entre 1730 e 1760 foram construídos os prédios de maior importância, tanto 
administrativos quanto religiosos. Datam deste período o Palácio dos Governadores, 
a primeira Casa de Câmara e Cadeia, as Igrejas de Nossa Senhora do Pilar, Nossa 
Senhora da Conceição, São Francisco de Assis, Nossa Senhora do Carmo e Nossa 
Senhora do Rosário, entre outras. Segundo Pessôa, 
 Os monumentos tiveram um papel primordial na estruturação dos 
assentamentos urbanos. [...] As igrejas e conventos, as casas de câmara e 
cadeia, os portos e os fortes foram os geradores de nossas praças-adros, rua 
9 
 
 
 
direita, ruas novas. Os caminhos de acesso a estas edificações se tornaram 
ruas e configuraram o traçado destas cidades.12 
 
 
Figura 4 – Implantação de Ouro Preto. Fonte: arquivo pessoal. 
 
Figura 5 - Mapa turístico de Ouro Preto. Traçado irregular. Fonte: http://www.pousadaclassica.com.br/localizacao 
 
12 PESSÔA, José; PICCINATO, Giorgio (org.), op. cit. p. 22. 
10 
 
 
 
2. Espaços vazios e edificados da cidade colonial – Ouro Preto 
2.1. Espaços vazios 
Ruas 
Na cidade colonial as ruas eram estreitas e seus limites definidos pelas próprias 
edificações. Não existia o passeio como conhecemos atualmente. Segundo Goulart 
as ruas “eram estreitas; para os padrões atuais seriam consideradas mesmo como 
terrivelmente estreitas. [...] Eram constituídas por fileiras de casas construídas sobre 
o alinhamento e sobre os limites laterais dos terrenos, formando superfícies 
contínuas”.13 
Praças 
As praças eram na sua maioria irregulares e estavam ligadas às igrejas. Segundo 
Marx, “a praça deve sua existência, sobretudo aos adros das nossas igrejas.”14 As 
praças eram o ponto de encontro social por excelência na colônia e nelas aconteciam 
“reuniões religiosas, cívicas e recreativas e atividades de comércio, como feiras e 
mercados.”15 
 
 
 
 
 
13 REIS FILHO, Nestor Goulart, op. cit., p. 144-145. 
14 MARX, Murillo, op. cit., p. 49. 
15 REIS FILHO, Nestor Goulart, op. cit., p. 133. 
Figura 6: Ruas estreitas em Ouro Preto. Fonte: 
arquivo pessoal. 
Figura 7: Praça frete a Igreja São Francisco de Assis, em Ouro Preto. 
Fonte: http://www.mineirosnaestrada.com.br/igrejas-ouro-preto/ 
11 
 
 
 
2.2. Espaços edificados 
Residenciais 
Em Ouro Preto não existem grandes solares ou residências nobres. Na área mais 
valorizada da cidade os lotes são pequenos e os terrenos raramente superam os 10 
metros de largura. Na opinião de Cláudia Lage, “por causa das imposições das 
Ordenações do Reino, reforçadas pelo pouco espaço disponível, os edifícios eram 
construídos junto às ruas dando forma a um conjunto urbano compacto”.16 Já Marx 
descreve assim o casario “apertados uns contra os outros, disputam a frente para as 
ruas, aspirando maior destaque na cena urbana”.17 
Em Ouro Preto coexistiam casas térreas e casas assobradadas. ParaGoulart “os 
principais tipos de habitação eram o sobrado e a casa térrea, sendo possível 
caracterizá-los pela diferença entre seus pisos: assoalho no sobrado e de ‘chão batido’ 
na casa térrea”.18 
Os sobrados eram as habitações de dois pavimentos que possuíam “espaço ‘sobrado’ 
ou ‘ganho’ devido à presença de um soalho suspenso.”19 Para este autor, a presença 
da casa portuguesa se manifesta “através de sua aparência decorrente das técnicas, 
dos materiais de construção e da tentativa de repetir modismos estilísticos. Aqui, as 
condições sócio-econômicas e o clima determinaram plantas, agenciamentos e 
partidos arquitetônicos peculiares”.20 
 
16 PESSÔA, José; PICCINATO, Giorgio (org.), op. cit ., p. 68. 
17 MARX, Murillo, op. cit., p. 98. 
18 REIS FILHO, Nestor Goulart, op. cit., p. 158. 
19 LEMOS, Carlos A. C. História da casa brasileira. São Paulo: Contexto, 1989, p. 32. 
20 Ibid. p. 13 
Figura 8: Sobrados de Ouro Preto. Fonte 
https://arquiteturadobrasil.files.wordpress.com/201
0/03/dsc02383.jpg 
12 
 
 
 
Oficiais 
Compreendem construções tanto militares como de administração pública. No caso 
de Ouro Preto, estes edifícios se concentram, como vimos anteriormente, ao redor da 
Praça Tiradentes. Na opinião de Marx. “nos três séculos de vida colonial [...] a 
arquitetura civil pública foi discreta, quando não precária”. 21 
 
Figura 9 - A Praça Tiradentes: à esq. a Casa de Câmara e à dir. o Palácio dos Governadores. Fonte: 
https://marcosocosta.wordpress.com/2011/08/01/a-praca-tiradentes-em-ouro-preto/ 
 
Infraestrutura: chafarizes e pontes 
Assim como a praça, os chafarizes públicos além de responsáveis pelo fornecimento 
de água, eram o centro da convivência social espontânea. Segundo Cláudia Lage, 
“sua composição era sempre muito livre e original”22. Estavam espalhados ao longo 
do caminho-tronco e iam dos mais simples até os mais complexos. 
Lage ainda afirma que os chafarizes 
Combinavam alvenaria branca e pedras, tendo como modelo os frontões das 
construções religiosas [...] nas partes superiores, apresentam cruzes, 
brasoes, volutas, pinhas ou outros elementos arquitetônicos de remate. Nas 
soluções mais eruditas, mesmo as pequenas composições apresentam 
volutas, rocailles, concheados e outros elementos decorativos do barroco.23 
Ouro Preto possui também inúmeras pontes, construídas em pedra do Itacolomi. 
Determinam um marco pitoresco para a cidade e também permitiam o convívio social 
pois possuíam bancos nas partes centrais. Eram “constituídas por estruturas de 
 
21 MARX, Murillo, op. cit., p. 75. 
22 PESSÔA, José; PICCINATO, Giorgio (org.), op. cit., p. 68. 
23 Ibid., p. 68. 
https://marcosocosta.wordpress.com/2011/08/01/a-praca-tiradentes-em-ouro-preto/
13 
 
 
 
alvenaria de pedra em arcadas, algumas se alargam na sua parte central, onde quase 
sempre possuem um cruzeiro como decoração.”24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figure 10 - Chafariz Marília de Dirceu, Ouro Preto. Fonte: arquivo pessoal. 
Religiosos 
As igrejas marcam fortemente a paisagem urbana e geralmente delimitam o caminho 
tronco das cidades de mineração. Goulart nos diz que “as construções religiosas 
surgiram com as povoações, desde os primeiros instantes”.25 
Em Ouro Preto inicialmente forma construídas as capelas provisórias que depois se 
converteram em “passos” (pequenas capelas). A partir da segunda metade do século 
XVIII, embora o esgotamento das jazidas de ouro já se fizesse sentir, começaram a 
ser construídas as igrejas graças a ação das confrarias religiosas que contavam com 
a colaboração de artistas como Antônio Francisco de Lisboa – P Aleijadinho – Manuel 
da Costa Ataíde, Manuel Francisco Araújo, João Nepomuceno Costa e Castro e 
Antônio Fernandes Rodrigues. 
 
 
24 PESSÔA, José; PICCINATO, Giorgio (org.), op. cit., p. 69. 
25 REIS FILHO, Nestor Goulart, op. cit., p. 177. 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 
Figure 13 – Igrejas em Mariana, Minas Gerais. Fonte: arquivo pessoal. 
 
 
Figura 11 - Igreja Nossa Senhora do Rosário (dos 
Homens Pretos). Fonte: 
https://www.eaiferias.com/2016/10/ouro-preto-
roteiro-um-dia.html 
Figura 12 - Igreja Nossa Senhora do Carmo em Ouro Preto. 
Fonte: 
https://www.trekearth.com/gallery/South_America/Brazil/So
utheast/Minas_Gerais/Ouro_Preto/photo1004347.htm 
15 
 
 
 
CAPÍTULO II: TÉCNICAS CONSTRUTIVAS DOS ESPAÇOS EDIFICADOS. 
 
1. Origem das técnicas construtivas coloniais 
Podemos afirmar que as técnicas construtivas do Brasil colonial utilizaram as matérias 
primas encontradas abundantemente na região: madeira e barro. A pedra foi também 
utilizada, mas em menor escala e em edifícios de maior importância social como as 
Igrejas e prédios administrativos, principalmente na técnica de cantaria. É importante 
destacar que não houve no Brasil colônia uma fusão das técnicas portuguesas com 
as indígenas e africanas. 
Um ponto importante para se destacar é que o maior desafio encontrado pelos 
portugueses foi o clima quente e a abundante chuva. A partir deste desafio, surgiriam 
soluções como beirais, casa como falso porão, alpendres, muxarabis, entre outros. 
2. Vedações e divisórias 
 Durante o período colonial a técnica construtiva mais simples é a utilizada nos 
sobrados e casas térreas podendo ser de pau-a-pique, a taipa de pilão ou alvenaria 
de adobe ou tijolos cerâmicos. 
Pau-a-pique: também conhecida como taipa de mão, taipa de sopapo ou taipa de 
sebe, é uma técnica construtiva antiga que consiste no entrelaçamento de madeiras 
verticais fixadas no solo, com vigas horizontais, geralmente de bambu, amarradas 
entre si por cipós, dando origem a um grande painel perfurado que, após ter os vãos 
preenchidos com barro, transformava-se em parede.26 
 
Figura 14 - Técnica de pau-a-pique. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/476889048034218406/ 
 
26 WIKIPEDIA, Pau-a-pique. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pau_a_pique. Acesso em: 
30/03/2018. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pau_a_pique
16 
 
 
 
Ouro Preto, “por causa da topografia acidentada, as construções recorreram a estacas 
ou pilares de estrutura autônoma em madeira ou mistas. Essas estruturas eram 
fixadas em bases de pedra, e as paredes eram normalmente feitas em pedra ou pau-
a-pique.”27 Carlos Lemos acrescenta “a arquitetura mineira sempre teve essa 
característica: respeitar o perfil natural do terreno.”28 
 
Figura 12: Esquema de sobrado do Brasil Colonial. Fonte: Reis Filho, Quadro da Arquitetura no Brasil (1978, p. 
29). 
Segundo Colin, “sabendo-se que a taipa de pilão, ou o pau-a-pique eram vulneráveis 
à chuva, um dos modos de protege-las das intempéries era colar empena com 
empena, restando apenas duas fachadas expostas. Os beirais e varandas se 
incumbiam da proteção destas.”29 Isto explica o alinhamento das casas formando um 
corredor em conjunto com a rua. 
Taipa de pilão: é uma técnica construtiva que consiste 
em comprimir a terra em formas de madeira, 
denominada de taipais, onde o barro é compacto 
horizontalmente disposto em camadas de 
aproximadamente quinze centímetros de altura até 
atingir a densidade ideal, criando assim uma estrutura 
resistente e durável.30 
 
27 PESSÔA, José; PICCINATO, Giorgio (org.), op. cit., p. 69. 
28 LEMOS, Carlos A. C., op. cit., p. 43. 
29 COLIN, Silvio Vilela. Técnicas Construtivas do Período Colonial I. Disponível em 
http://imphic.ning.com/group/historiacolonial/forum/attachment/download?id=2394393%3AUploadedFile%3
A16519 . Acesso: 30/03/2018. 
30 ZOROWICH, Ana Clara. Taipa de pilão. Disponível em: http://www.ecoeficientes.com.br/taipa-de-pilao/. 
Acesso em: 30/03/2018 
Figura 15- Taipa de pilão . Fonte: 
http://www.ecoeficientes.com.br/taipa-de-pilao/ 
http://imphic.ning.com/group/historiacolonial/forum/attachment/download?id=2394393%3AUploadedFile%3A16519
http://imphic.ning.com/group/historiacolonial/forum/attachment/download?id=2394393%3AUploadedFile%3A16519
http://www.ecoeficientes.com.br/taipa-de-pilao/
17 
 
 
 
Alvenaria de adobe ou tijolos cerâmicos: 
A alvenaria é uma técnica de confecção de muros utilizando tijolos, lajotas ou pedras 
de mão, aglutinados entre si por meio de uma argamassa. No período do Brasil 
colonial as argamassas mais utilizadas eram de cal e areia ou de barro.31 
 
Figure 16- Tijolos de adobe. http://armazemdoreparo.blogspot.com.br/2012/07/novidades.html 
Figura 17- Casa em Paracatu MG. Fonte: https://paracatumemoria.wordpress.com/tag/tijolo/ 
Alvenaria de pedra: 
Era o material que conferia maior resistência aos muros, razão porque era utilizada 
nas fortificações, igrejas monumentais e nas construções oficiais.32 A pedra conferia-
lhe aos muros uma grande espessura o que lhe conferia durabilidade além de 
isolamento térmico. A pedra mais utilizada em Minas Gerais era a pedra sabão em 
tamanhos diversos. Dispostas de forma irregular, eram assentadas com argamassa 
de barro e pedras menores. Um belo exemplo desta técnica encontramos na igreja 
inacabada de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em Sabará, MG. 
 
Figure 18 - Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Fonte: http://fotostrada.com.br/blog/tag/igreja-de-
pedra-de-sabara/ 
 
31 COLIN, Silvio. Op. cit. 
32 Ibid. 
18 
 
 
 
Cantaria: 
Por cantaria entendemos o serviço utilizando a pedra lavrada de maneira precisa, de 
modo que as peças se ajustam perfeitamente umas sobre as outras sem o auxílio 
de argamassa aglutinante.33 
Esta técnica é utilizada nas partes mais destacadas da construção não só pelo seu 
alto custo como assim também pela escassez de mão de obra. 
 
Figura 19 - Portada da fachada principal em cantaria com ornamento decorativo. Fonte: <a 
href="https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g303389-d2389271-i258686864-Casa_dos_Contos-
Ouro_Preto_State_of_Minas_Gerais.html#258686864"><img 
3. Coberturas e forros 
A cobertura era de telhas cerâmicas sobre madeiramento. Reis destaca que “o 
sistema de cobertura em telhado de duas águas, procurava lançar uma parte da chuva 
recebida sobre a rua e a outra sobre o quintal [...]”. 34 Por isso a importância do beiral 
o qual permitia jogar a água da chuva longe, protegendo as paredes expostas. 
 
Figura 20 - Casa térrea colonial (REIS, 2006). 
 
 
33 COLIN, Silvio. Op. cit. 
34 REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da arquitetura no Brasil. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1978, p. 26. 
Figura 21 - Telhados coloniais. Fonte: 
http://acervofernandorabelo.blogspot.com.br/2012/
12/da-serie-telhados-de-um-brasil-colonial.html. 
19 
 
 
 
O telhado era sustentado por uma estrutura de madeira, utilizando diferentes tipos 
de tesouras. 
 
Figura 22 - Diferentes tesouras utilizadas no período colonial. Fonte: 
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-ii/ 
O beiral merece um parágrafo aparte, dada sua relevância no período colonial. Sua 
função era proteger da chuva as paredes de taipa ou pau-a-pique. “A forma 
característica de mudança de inclinação das águas, que tem o nome de galbo, tinha 
a finalidade de projetar a água para mais distante.”35 
 
Figura 23- Elementos do beiral de caibro armado. Fonte: 
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-ii/ 
As tábuas de madeira eram os forros mais comuns do período colonial. A junção das madeiras 
era feita de diversas formas. Encontramos também forros de esteira de taquara. 
 
Figura 24 - Tipos de forro. Fonte Santos, 1951. 
 
35 COLIN, Silvio. Técnicas construtivas do período colonial II. Disponível em: 
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-ii/. Acesso 
em: 01/04/2018. 
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-ii/
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-ii/
20 
 
 
 
Principalmente nas Igrejas encontramos forros com forma abobadada “ou a chamada 
forma de esquife, caixão ou gamela.”36 Estes forros serviam em muitos casos para 
plasmar belas pinturas. Esse é o caso de algumas igrejas de Minas Gerais cujo artista 
foi o pintor barroco brasileiro Manuel da Costa Ataíde. 
 
Figura 25 - Forro abobadado e forro em esquife. Fonte: https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-
construtivas-do-periodo-colonial-ii/ 
 
Figura 26- Assunção de Nossa Senhora, no teto da igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto. Fonte: 
http://arteclassicaeterna.blogspot.com.br/2015/09/mestre-ataide-maravilhoso-pintor.html 
 
4. Esquadrias 
O material mais utilizado para portas e janelas era a madeira. Somente diferiam nas 
técnicas utilizadas e as características estéticas. “As folhas podiam ser de réguas, 
de almofadas, de treliças (urupemas) ou rendas de madeira – estas últimas no caso 
 
36 COLIN, Silvio. Técnicas construtivas do período colonial III. Disponível em: 
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-iii/ . Acesso 
em: 01/04/2018. 
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-ii/
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-ii/
http://arteclassicaeterna.blogspot.com.br/2015/09/mestre-ataide-maravilhoso-pintor.html
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-iii/
21 
 
 
 
de folhas de janelas.”37 Enquanto a seu funcionamento, Colin nos informa que “O 
mais comum era a abertura segundo um eixo vertical – abertura à francesa, ou 
horizontal, que hoje chamamos de basculante.”38 
 
Figura 27– Janelas e portas coloniais. Fonte: https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.com/2010/07/janelas-medley1.jpg 
Os vãos se compõem de quatro elementos: verga (horizontal superior), peitoril ou 
soleira (horizontal inferior), e ombreiras (verticais). “O acabamento das janelas 
poderia ser de madeira, ou nas construções mais sofisticadas, de cantaria de pedra, 
material que a partir do século XIX se consagrou.”39 
 
 
 
37 COLIN, Silvio. Técnicas construtivas do período colonial III. Disponível em: 
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-iii/. 
Acessado em 01/04/2018. 
38 Ibid. 
39 Ibid. 
Figura 29 - Porta e janelas com 
vão em cantaria em Sabará. 
Fonte: arquivo pessoal. 
Figura 28 - Portada da Igreja de São Francisco 
de Assis .Fonte: 
https://guia.melhoresdestinos.com.br/igreja-de-
sao-francisco-de-assis-206-5816-l.html 
 
 
https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.com/2010/07/janelas-medley1.jpg
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-iii/
https://guia.melhoresdestinos.com.br/igreja-de-sao-francisco-de-assis-206-5816-l.html
https://guia.melhoresdestinos.com.br/igreja-de-sao-francisco-de-assis-206-5816-l.html
22 
 
 
 
 Neste ponto é importante destacar o tratamento diferenciado das portas e janelas 
das igrejas. Vasconcellos afirma que “nas igrejas os quadros da porta principal 
adquirem grande ênfase, compondo-se por vezes com linhas caprichosas.” 40 
 
Figura 30 - Porta da igreja de Nossa Senhora do Carmo de Ouro Preto. 
5. Muxarabis e balcões 
De influência árabe, os muxarabis era uma espécie de sacada protegida do sol portreliças. Era uma solução muito interessante para as regiões de clima quente pois 
além de sombra, permitia a passagem da brisa no interior da casa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 - Muxarabi e treliçados, Diamantina MG. Fonte: 
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.141/4214 
 
 
40 VASCONSELLOS, Sylvio de. Arquitetura no Brasil; sistemas construtivos. Belo Horizonte: UFMG, 1979, p. 
115. 
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.141/4214
23 
 
 
 
6. Pisos e pavimentos 
Internos: 
Terra batida: “O piso mais simples era de terra batida. A terra era socada com certa 
mistura de argila, areia e água, à qual se adicionava às vezes sangue de boi, para 
uma melhor liga.”41 Muitas vezes e sobre a terra batida assentavam-se ladrilhos de 
barro cozido formando diversos desenhos. 
Tábuas corridas: piso de madeira utilizado geralmente elevado do solo. 
Externos: 
Lajeados: consiste em lajes de pedra – arenitos, gneiss ou calcários, assentadas com 
argamassa de barro. Também podiam se feitos de mármore, sendo usados em áreas 
nobres. 
 
Figura 32 - Lajeado. Fonte: https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.com/2010/07/lageado.jpg 
7. Alicerces: 
Utilizavam-se fundações diretas na maioria das vezes de alvenaria de pedra seca 
excetuando as construções de pau-a-pique ou enxaimel. Nestes casos as peças de 
madeira são enterradas de 2 a 4 metros de profundidade. 
 
 
 
41 COLIN, Silvio. Técnicas construtivas do período colonial IV. Disponível em: 
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-
%E2%80%93-iv/. Acesso em: 01/04/2018. 
https://coisasdaarquitetura.files.wordpress.com/2010/07/lageado.jpg
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-%E2%80%93-iv/
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-do-periodo-colonial-%E2%80%93-iv/
24 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Tendo em vista os aspectos apresentados, conclui-se que a arquitetura e o urbanismo colonial 
derivam de adaptações da estética e das técnicas portuguesas às condições materiais e 
geográficas da colônia. Foi este sincretismo o que caracterizou as cidades coloniais de 
mineração, objeto do nosso estudo. 
Resultantes da ocupação espontânea do território, estas cidades foram tomando forma a partir 
das soluções encontradas pelos habitantes para salvar as barreiras naturais. Para John Bury 
“os colonizadores portugueses não levaram para o Brasil nenhuma tradição firme ou bem 
definida de planejamento urbano”.42 Cidades que respondem à topografia do lugar, 
fusionando-se num espaço urbano de características irregulares, e onde a superfícies 
continua das fachadas determinam o traçado das ruas. 
Cidades com uma estética portuguesa, mas com novidades que derivaram das necessidades 
de se proteger de um clima com alto índice pluviométrico e temperaturas elevadas. Novas 
ressignificações para antigas técnicas construtivas: muxarabis, beirais, alpendres, entre 
outros. 
Cidades nas quis o barro, a madeira e a pedra permitiram a materialização de uma arquitetura 
que vá da mais singela à mais monumental e onde os edifícios religiosos ganham destaque, 
por sobre os civis. 
Cidades que ainda hoje são testemunho vivo da história e guardam entre seus muros os 
pensamentos, ideias e sonhos da sociedade que a construiu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 BURY, John. Arquitetura e arte no Brasil colonial. Brasília, DF: IPHAN, 2006, p. 169. 
25 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
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1956. 
BURY, John. Arquitetura e arte no Brasil colonial. Brasília, DF: IPHAN, 2006. 
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Madrid, 2004. 
 COLIN, Silvio Vilela. Técnicas Construtivas do Período Colonial I. Disponível em 
http://imphic.ning.com/group/historiacolonial/forum/attachment/download?id=2
394393%3AUploadedFile%3A16519. 
COLIN, Silvio. Técnicas construtivas do período colonial III. Disponível em: 
https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/09/06/tecnicas-construtivas-
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COLIN, Silvio. Técnicas construtivas do período colonial IV. Disponível em: 
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de São Paulo, 1980. 
PESSÔA, José; PICCINATO, Giorgio (org.). Atlas dos Centros Históricos do Brasil. 
Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2007. 
REIS FILHO, Nestor Goulart. Contribuição ao estudo da evolução urbana do 
Brasil: 1500-1720: edição ilustrada. São Paulo: Pioneira, 1968. 
REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da arquitetura no Brasil. 4. ed. São Paulo: 
Perspectiva, 1978. 
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1951. 
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Horizonte: UFMG, 1979. 
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ZOROWICH, Ana Clara. Taipa de pilão. Disponível em: 
http://www.ecoeficientes.com.br/taipa-de-pilao/. 
 
 
http://www.ecoeficientes.com.br/taipa-de-pilao/

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