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1 SOBRESP FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA PROFª Ms. ELIZABETH COELHO PROFª Ms. NAYANA MARIA SCHUCH PALMEIRO DISCIPLINA: HISTÓRIA DA PSICOLOGIA 2 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA PSICOLOGIA Desde o início formal da Psicologia, em 1879, seus métodos e objetos de estudos mudavam à medida que cada ideia nova atraía adeptos, passando a dominar a área durante um período.Assim, o estudo da história da psicologia concentra-se na sequência evolutiva das abordagens que definiram a psicologia ao longo dos anos. Para se obter uma melhor compreensão do campo da psicologia e de sua diversidade, é necessário que antes compreendamos sua história. Pois , essa nos mostra que sua multiplicidade não pressupõe uma imaturidade científica, mas mostra-nos que tal diversidade é,na verdade,produto de sua evolução histórica. Por isso é importante a abordagem, mesmo que sucinta, de alguns contextos históricos que propiciaram o desenvolvimento da psicologia,para que a conheçamos tal como é hoje. A história da Psicologia,como Ciência,tem por volta de 130 anos,considerando o ano de1879 quando Wilhem Wundt (1932-1920) instalou o Laboratório de Psicologia Experimental,em Leipzig, Alemanhã. Na história da Psicologia,duas vertentes de história são importantes. Uma vertente é quando retomamos a história grega, em um período anterior à era Cristã;a outra é quando retomamos o desenvolvimento da modernidade que é,efetivamente, a responsável pelo surgimento da Psicologia ,como Ciência. UNIDADE 1 – BASES FILOSÓFICAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O NASCIMENTO DA PSICOLOGIA: 1.1-FILOSOFIA GREGA- SÓCRATES,PLATÃO E ARISTÓTELES. 1.2-O RENASCIMENTO 1.3-MODERNIDADE: ILUMINISMO E RACIONALISMO 1.4-RENE DESCARTES E O PENSAMENTO CIENTÍFICO. DESENVOLVIMENTO 1.1-Filosofia Grega- Sócrates, Platão e Aristóteles Não havia Psicologia na Grécia Antiga. A Psicologia surge com Wundt, na Alemanha do final do sec. XIX, porém a preocupação com a alma e a razão humanas já existia entre os gregos, antes da era cristã. A história do pensamento humano tem um momento importante na Antiguidade, entre os gregos,considerados o povo mais evoluído nessa época. Tais avanços permitiram que o cidadão se ocupasse das coisas do espírito,como a Filosofia e a arte. Alguns homens,como Platão, Sócrates e Aristóteles,dedicaram-se a compreender esse espírito empreendedor do conquistador grego, ou seja, a Filosofia começou especular em torno do homem e da sua interioridade. 3 É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar um pensamento sobre o espírito humano, isto é, a interioridade humana. O próprio termo psicologia vem do grego psyché,que significa alma,e de logos, que significa razão. A alma ou espírito era concebida como a parte imaterial do ser1 i2humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio,a irracionalidade,o desejo,a sensação e a percepção. Os filósofos pré-socráticos (assim chamados por antecederem o filósofo grego Sócrates) preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo por 3meio da percepção. Discutiam se o mundo existe porque o homem o vê ou se o homem vê um mundo que já existe. Sócrates Sócrates nasceu em Atenas,em 470 a.C. Ele fundou a filosofia Ocidental. Seus primeiros estudos e pensamentos foram sobre a natureza da alma humana. Sócrates era considerado um dos mais sábios e inteligentes. Através da palavra,o filósofo tentava levar o conhecimento sobre as coisas do mundo e do ser humano. Sócrates não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega,pois defendia algumas idéias contrárias ao funcionamento da sociedade grega. Criticou muitos aspectos da cultura grega, afirmando que muitas tradições,crenças religiosas e costumes não ajudavam no desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos. Em função de suas idéias inovadoras para a sociedade,começa a atrair a atenção de muitos jovens atenienses. Suas qualidades de orador e sua Inteligência, também colaboraram para o aumento de sua popularidade. Temendo algum tipo de mudança na sociedade,a elite mais conservadora de Atenas começa a encarar Sócrates como um inimigo público e um agitador em potencial. Foi preso, acusado de pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e provocar mudanças na religião grega. Em sua cela foi condenado a suicidar-se tomando um veneno,em 399 a.C. Foi com Sócrates que as idéias sobre o mundo psicológico ganharam certa consistência. Sua principal preocupação era com o limite que separa o ser humano dos animais.Dessa forma postulava que a principal característica humana era a razão. A razão permitia ao ser humano sobrepor-se aos instintos, que seriam a base da irracionalidade.Ao definir a razão como peculiaridade humana ou como essência humana, Sócrates abre um caminho para a teorização sobre a consciência naquele momento, no campo da Filosofia. Platão Foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga. Platão fundou a Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. 4 Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia natural,da ciência e da filosofia ocidental. Platão nasceu em Atenas, provavelmente em 427 a.C e morreu em 347 a.C. Inicialmente,Platão entusiasmou-se com a filosofia de Crátilo,um seguidor de Heráclito. No entanto,por volta dos 20 anos, encontrou o filósofo Sócrates e tornou-se seu discípulo até a morte deste. Pensamento Platônico Platão, discípulo de Sócrates, procurou definir um lugar para a razão em nosso próprio corpo.Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde se encontra a alma humana. A medula seria, portanto, o elemento de ligação da alma com o corpo. Esse elemento de ligação era necessário porque Platão concebia a alma separada do corpo. Quando alguém morria, a matéria (o corpo)desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo. Platão acreditava que o homem estava em contato com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira não muda. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos. O foco de Platão são coisas como o ser humano, o bem ou a justiça. Platão passou a ideia que as pessoas têm características diferentes, tamanho, peso, cor, pensamento e tudo,mas todos eram humanos. Platão criou a teoria do conhecimento. Se alguém vê um objeto varias vezes,ela acaba por se lembrar aos poucos da idéia daquele objeto. Aristóteles O Filósofo grego Aristóteles nasceu em 384 a.C, na cidade antiga de Estágira, e morreu em 322 a.C. Seus pensamentos filosóficos e idéias sobre a humanidade tem influências significativas na educação e no pensamento ocidental contemporâneo. Aristóteles é considerado o criador do pensamento lógico. Suas obras influenciaram também na teologia medieval da cristandade. Aristóteles foi viver em Atenas aos 17 anos, onde conheceu Platão, tornando seu discípulo. Passou o ano de 343 a.C como preceptor do imperador Alexandre,o Grande,da Macedônia. Fundou em Atenas,no ano de 335 a.C a escola Liceu, voltada para o estudo das ciências naturais. Seus estudos filosóficos baseavam- se em experimentações para comprovar fenômenos da natureza. O filósofo valorizava a inteligência humana, única forma de alcançar a verdade. Fez escola e seus pensamentos foram seguidos e propagados pelos discípulos. Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conhecimento: 5 política,lógica,moral,ética,teologia,pedagogia,metafísica,didática,poética,retóri- ca,física, antropologia, psicologia e biologia. A contribuição de Aristóteles foi inovadora ao postular que alma e corpo não podem ser dissociados. Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida. Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta,possui a sua psyché ou alma. Dessa forma,os vegetais,osanimais e o ser humano teriam alma. Os vegetais teriam a alma vegetativa, que se define pela função da alimentação e reprodução. Os animais teriam essa alma e a alma sensitiva, que tem a função de percepção e movimento.E o ser humano teria os dois níveis anteriores e a alma racional, que tem a função pensante. 1.2- O Renascimento O Renascimento promoveu uma reviravolta no comportamento do homem europeu. Entre os séculos XIV e XVI, muitas transformações aconteceram atingindo profundamente a forma pela qual o homem europeu encarava o mundo a sua volta. O Renascimento foi o período da história marcado por muitas mudanças que determinaram o reconhecimento de novos modos de pensar e executar as artes, as ciências e as relações político-sociais. O termo Renascimento, que advém da ideia de se "nascer outra vez", tem sua origem fixada no expresso interesse que os homens dessa época tinham nas manifestações da cultura greco-romana. Para alguns que vivenciaram tal época, a renascença buscava recuperar uma visão de mundo que havia sido deixada de lado com o forte sentimento religioso desenvolvido na Idade Média. O Renascimento tinha uma expressa tendência humanista. As preocupações, sentimentos e comportamentos humanos passavam a ser extremamente valorizados no campo da literatura, da pintura, da escultura e até nas instituições políticas. Nesse contexto , a Igreja começa a enfraquecer o antigo monopólio de conhecimento que lhe garantia posição central na produção do saber. Do ponto de vista histórico, todas essas inovações tiveram seus primeiros passos desenvolvidos no interior das ricas cidades comerciais italianas. Essas cidades recebiam pessoas de vários lugares que acabavam possibilitando a circulação de novos conhecimentos e valores. Além de modificar a natureza das artes, com a introdução de técnicas mais apuradas e o gosto pela temática humanística, o renascimento também provoca uma mudança no meio científico. Por meio de ações que envolviam a observação e a experimentação do mundo, os cientistas dessa época conquistaram importantes informações que contribuíram no desenvolvimento da medicina, da astronomia e da física. 6 O Renascimento não pode ser simplificado como uma mera substituição da forma medieval de se enxergar o mundo. Muitos artistas e estudiosos dessa época não abandonaram suas crenças e, em muitos casos, valorizaram trabalhos de temática religiosa. Foi uma importante experiência que ofereceu outra possibilidade do homem europeu lidar com o mundo à sua volta. Renascimento é o período em que ocorreu a transição para a sociedade moderna e se desenvolveu um processo de valorização do homem. As transformações ocorrem em todos os setores da produção humana. As ciências conhecem um grande avanço, por exemplo, em 1543, Copérnico causa uma revolução no conhecimento humano mostrando que o nosso 4planeta não é o centro do universo. E esse avanço contribui muito para o progresso a psicologia. 1.3- Modernidade: Iluminismo e Racionalismo O iluminismo No século 18, a razão é vista também como guia para a discussão do problema moral (o problema da ação humana) e o filósofo é entendido como aquele que faz uso público da razão, ao usar sua liberdade de pensar diante de um público letrado. Immanuel Kant foi um filósofo de grande reputação, um dos maiores pensadores da filosofia do iluminismo , movimento cultural do século 17 e 18 caracterizado pela valorização da razão como instrumento para alcançar o conhecimento. Kant, ao fundamentar na razão os princípios gerais da ação humana, elaborou as bases de toda ética que viria a seguir. A formulação do famoso "imperativo categórico" guiou seu pensamento no campo da moral e dos costumes. Tal como o Renascimento, o movimento iluminista tinha como pilar o racionalismo. Essa manifestação cultural ocorreu durante o auge do regime absolutista, nos séculos XVII e XVIII. O iluminismo começou na Inglaterra, mas foi na França onde surgiram os maiores eluministas. Essa filosofia serviu de pilar para os americanos do norte em sua luta pela independência, aos franceses na luta contra o absolutismo e ainda aos líderes da América Latina em seus movimentos de Independência. O iluminismo representa, na verdade, a culminância de um processo que começou no Renascimento, quando a razão se impôs como método de conhecimento do mundo. Os iluministas consideravam a razão indispensável ao estudo dos fenômenos naturais e sociais. Até a crença religiosa devia ser racionalizada. Eles acreditavam que Deus está presente na natureza, portanto também no próprio indivíduo, que pode descobrí-lo por meio da razão. 7 Em seus escritos, os pensadores iluministas insistiam : somente a partir do uso da razão os homens atingiriam o progresso em todos os sentidos. A razão permite instaurar no mundo uma nova ordem, caracterizada pela felicidade ao alcance de todos. Universalidade, individualidade e autonomia eram as palavras de ordem desse novo projeto civilizatório proposto pelos filósofos. Os três princípios básicos do ideário iluminista podem assim ser decodificados: Universalidade: o projeto visava a todos os seres humanos, independente de barreiras nacionais, étnicas ou culturais. Individualidade: os seres humanos devem ser vistos como pessoas concretas e não apenas como integrantes de uma coletividade. Autonomia: os homens estão aptos a pensar por si mesmos, sem a tutela da religião ou ideologia, e para agir no espaço público a fim de adquirir, por meio de seu trabalho, os bens e serviço necessários à sobrevivência material. O fim do século XVIII assistiria a grandes transformações. O absolutismo feudal e aristocrático, baseado em privilégios, estava a caminho do desaparecimento. Uma nova classe capitalista burguesa começava a se firmar. Os Pensadores Iluministas John Locke (1632-1704) Sobre a origem do Estado Locke afirmava que os homens viviam em estado natural, onde cada um, por conta própria, defendia os seus direitos naturais : vida, liberdade e propriedade. Montesquieu (1689-1755) Celebrizou-se com a teoria dos freios e contrapesos (divisão dos poderes), através da qual era necessário que o poder não se concentrasse nas mãos de apenas um indivíduo, pois havia uma tendência natural para o abuso do poder.Assim o poder devia ser contido pelo poder, através da divisão em executivo, legislativo e judiciário. Voltaire (1694-1778) Crítico mordaz da igreja.Pelo conteúdo de suas obras foi perseguido, exilado e preso várias vezes. Ataca o absolutismo e elogia a liberdade na Inglaterra. Jean -Jacques Rousseau (1712-1778) Discurso sobre a linguagem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Considerado o pai da democracia, destacou-se propondo a soberania popular. Racionalismo É a corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínio como uma operação mental, discursiva e lógica que usa uma ou mais proposições par extrair conclusões, ou seja, se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável. O racionalismo é em parte, a base da Filosofia, ao priorizar a razão como o caminho para se alcançar a verdade. 8 O racionalismo afirma que tudo o que existe tem uma causa inteligível, mesmo que causa não possa ser demonstrada empiricamente, tal como a causa da origem do universo. Privilegia a razão em detrimento da experiência do mundo sensível como via de acesso ao conhecimento. Considera a dedução como o método superior de investigação filosófica. É baseado nos princípios da busca da certeza, pela demonstração e análise, sustentados pelo conhecimento que não é inato nem decorre da experiência sensível mas é produzido somente pela razão. O racionalismo é a corrente central no pensamento liberal que se ocupa em procurar, estabelecer e propor caminhos para alcançar determinados fins. A matemática racionalista: o racionalismo como doutrina surgiu no século I a.C,enfatizando que tudo que existe tem uma causa. Séculos mais tarde, os filósofos racionalistas modernos utilizaram a matemática como instrumento da razão para explicar a realidade. 1.4-Rene Descartes e o pensamento científico Na modernidade encontramos Rene Descartes (1596-1650), homem que definitivamente influencia o desenvolvimento do pensamento desse período. Era contemporâneo de Galileu Galillei e se considerava também cientista além de filósofo. Rene Descartes identifica o racional com o real, supondo a total inteligibilidade do real. Durante a renascença a sociedade adquire novos valores sociais e econômicos voltados a interesses humanistas, já libertos do absolutismo religioso. Apresenta o homem de uma maneira dissociada do pensamento cristão, afirmando que o homem é formado por uma substância física (corpo) e uma substância pensante mas que esta substância pensante não é um espírito abrindo caminho para o estudo da anatomia, proibida pela igreja, e contribuindo em muito para o progresso da psicologia. Descartes considerava um de seus objetivos primordiais a fundamentação da nova ciência natural então nascente, defendendo sua validade diante dos erros da ciência antiga e mostrando a necessidade de se encontrar o verdadeiro método científico que colocasse a ciência no caminho correto para o desenvolvimento do conhecimento, o que se propõe no discurso do método. Esse avanço na produção de conhecimentos propicia o início da sistematização do conhecimento científico. Com esse objetivo, Descartes elaborou um método baseado na geometria e baseado em quatro regras, as regras do método científico : O primeiro método era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que não conhecesse evidentemente como tal, isto é, de evitar a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus juízos que não se apresente tão clara e tão distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida. 9 O segundo método era o de dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las. O terceiro método era o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros. O quarto método era o de fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que se tivesse a certeza de nada omitir. Todo esse processo foi acelerado pela chamada Revolução Científica, que estabeleceu o método científico (baseado na observação e na experimentação) como instrumento para desvendar os segredos da natureza. Novas descobertas acenderam a imaginação de homens e mulheres e a razão passou a disputar o lugar até então ocupado pelo pensamento religioso. O uso da razão era visto como uma possibilidade universal, ou seja, toda a humanidade poderia utilizá-la para compreender melhor o universo. UNIDADE 2 – CONTEXTO HISTÓRICO PARA O SURGIMENTO DO PENSAMENTO CIENTÍFICO E DA CIÊNCIA EM PSICOLOGIA 2.1- LOTZE E A PSICOLOGIA FISIOLÓGICA 2.2- WEBER, HELMHOLTZ E FECHNER E A PSICOFÍSICA 2.3- A PSICOLOGIA EXPERIMENTAL DE WUNDT. DESENVOLVIMENTO 2.1- Lotze e a psicologia fisiológica Psicologia Fisiológica A psicologia fisiológica é uma das áreas da psicologia, onde se estuda as bases fisiológicas de como nosso cérebro funciona e como nós pensamos, conectando as operações físicas do cérebro com o que fazemos e dizemos. Estuda os mecanismos neurais do comportamento por meio da manipulação direta do cérebro em experimentos controlados, métodos cirúrgicos e elétricos de manutenção cerebral são mais comuns. Os sujeitos da pesquisa em psicologia fisiológica quase sempre são animais de laboratório. Isso porque o foco na manipulação direta do cérebro e de experimentos controlados impede o uso de sujeitos humanos na maioria dos casos. Também há uma tradição de pesquisa pura na psicologia fisiológica: a ênfase está em pesquisas que contribuam para o desenvolvimento de teorias do controle neural do comportamento em vez de pesquisas que apontem para algum benefício prático imediato. A pesquisa fisiológica que estimulou e orientou a nova psicologia era produto do trabalho científico do fim do século XIX. Assim como todos os demais esforços, esse também teve predecessores, trabalhos iniciais que serviram de 10 base a ele. A fisiologia tornou-se uma disciplina, voltada aos experimentos, durante a década de 1830. Muitos dos primeiros fisiologistas realizaram suas pesquisas diretamente nos tecidos cerebrais e essas contribuições foram substanciais para o estudo das funções do cérebro. Esses esforços foram as primeiras tentativas de mapeamento das funções cerebrais, ou seja, de determinar as partes específicas do cérebro responsáveis pelo controle das diferentes funções cognitivas. A importância desse trabalho para a psicologia não se restringe à delimitação das áreas especializadas do cérebro, como reside também no refinamento dos métodos de pesquisa que mais tarde viriam a ser amplamente usados na psicologia fisiológica. Lotze Rudolf Rudolph Hermann (1817- 1881) Estudou Filosofia e Ciências Naturais na Universidade de Leipzig. Ingressou como estudante de medicina quando tinha 17 anos. Seus primeiros estudos estiveram centrados, principalmente, em dois interesses distintos: o primeiro era científico, como estudos matemáticos e físicos, o outro era seu interesse estético e artístico. Foi professor filosofia na Universidade em Leipzig até o ano de 1991,quando,pouco antes de sua morte foi nomeado para uma cadeira de filosofia na Universidade de Berlim. Ao final dos estudos, Lotze fez, em 1840, uma “Habilitation”, na Alemanha. Um grau superior ao doutorado, em Filosofia. As publicações de Lotze, 1817-1881, exerceram grande influência na Filosofia Alemã nos séculos 19 e 20. Ele também foi precursor da Psicologia Científica na Alemanha. Suas idéias filosóficas foram determinadas pelos conflitos entre estética e princípios cientistas baseados em empirismo. De acordo com Lotze, o ser humano está sujeito no corpo e mente com as mesmas regras naturais que objetos inanimados. Na tentativa de descobrir algumas das bases fisiológicas da psicologia,Lotze teve grande influência sobre o desenvolvimento da psicologia experimental. Entre os seus escritos incluem fisiologia geral da vida do corpo (1851), psicologia médica ou a fisiologia da alma (1852). 2.2- Weber- Helmholtz e Fechner e a psicofísica A psicofísica é o ramo mais antigo da Psicologia atual, a qual se dedica ao estudo dos comportamentos do cérebro e dos processos mentais, seja de um indivíduo ou de um grupo. A concepção moderna de psicofísica propõe uma complementação, acrescentando aos conceitos de psicofísica interna e externa, a neurofisiologia. Com a possibilidade de se medir objetivamente eventos neurais, surgiram possibilidades de estudos quantitativos correlacionais entre a percepção e os correlatos neurais destas. Neste quadro atual, a psicofísica externa se mantém como a relação entre as alterações realizadas no estímulo e 11 as alterações nas respostas subjetivas. A psicofísica interna passa a ser uma avaliação quantitativa da atividade neural durante os processos perceptuais e, a aquisição da neurofisiologia para o estudo das percepções A compreensão dos processos internos está continuamente ganhando conteúdo que permite, cada vez mais, ter acesso aos eventos mentais mais complexos. Estudos correlacionais envolvendo psicofísica, eletrofisiologia e avaliação de atividade cerebral por técnicas de neuroimagem funcional, estão na fronteira do conhecimento sobre a mente. A psicofísica,após receber extensões e modificações metodológicas,mantém ativa a sua atividade científica, contribuindoao lado das neurociências para as descobertas das propriedades da mente e de sua relação com o cérebro. Além do desenvolvimento, os estudos psicofísicos podem nos oferecer valiosas quantificações e informações sobre processamento mental de aspectos emocionais. Ernstheinrich Weber (1795-1878 Nasceu em Wittengerg, Alemanha e recebeu o seu doutorado na Universidade de Leipzig em 1815, onde também lecionou anatomia e fisiologia de 1817 até a sua aposentadoria em 1871. Seu principal interesse de pesquisa foi a fisiologia dos órgãos sensoriais, área em que deu notáveis e duradouras contribuições. As pesquisas sobre os órgãos sensoriais tinham se limitado quase exclusivamente aos sentidos superirores da visão e da audição. O trabalho de Weber consistiu sobretudo em explorar novos campos,principalmente as sensações cutâneas e musculares. Ele merece destaque especial por ter aplicado os métodos experimentais da fisiologia a problemas de natureza psicológica. Suas principais contribuições à psicologia são o seu trabalho sobre o limiar de dois pontos de discriminação da pele e a diferença apenas perceptível detectada pelos músculos. Seus experimentos sobre o tato marcaram uma mudança fundamental no status do objeto de estudo da psicologia. Weber uniu a psicologia às ciências naturais e ajudou a abrir caminho para o uso da pesquisa experimental no estudo da mente. É em meados do século XIX que os problemas e temas da psicologia, até então estudados exclusivamente pelos filósofos, passam a ser, tambem, investigados pela fisiologia e pela neurofisiologia em particular. Os avanços que atingiram também essa área levaram à formulação de teorias sobre o sistema nervoso central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram produtos desse sistema. Para se conhecer o psiquismo humano passa a ser necessário compreender os mecanismos e o funcionamento da máquina de pensar do homem - seu cérebro. Assim, a psicologia começa a trilhar os caminhos da fisiologia, neuroanatomia e neurofisiologia. Algumas descobertas são extremamente relevantes para a psicologia. Por exemplo, por volta de 1846, a neurologia descobre que a doença mental é fruto da ação direta ou indireta de diversos fatores sobre as células cerebrais. A neuroanatomia descobre que a atividade motora nem sempre está ligada à consciência, por não 12 estar necessariamente na dependência dos centros cerebrais superiores. O caminho natural que os fisiologistas da época seguiam, quando passavam a se interessar pelo fenômeno psicológico enquanto estudo científico, era a psicofísica. Estudavam, por exemplo, a fisiologia do olho e a percepção das cores. Por volta de 1860, temos a formulação de uma importante lei no campo da psicofísica. É a lei de Fechner-Weber, que estabelece a relação entre estímulo e sensação, permitindo a sua mensuração. Essa lei teve muita importância na história da psicologia, porque instaurou a possibilidade de medida do fenômeno psicológico, o que até então era considerado impossível. Dessa forma, os fenômenos psicológicos vão adquirindo status científicos, porque, para concepção de ciências da época, o que não era mensurável não era passível de estudo científico. Outra contribuição muito importante nesses primórdios da psicologia científica é a de Wilhelm Wundt (1832-1926). Wundt cria na Universidade de Leipzig, na Alemanha, o prmeiro laboratório para realizar experimentos na área de psicofisiologia. Por esse fato e por sua extensa produção teórica na área, ele é considerado o pai da psicologia moderna ou científica. Hemann Helmholtz (1821-1894) Grande pesquisador no campo da física e da fisiologia, foi um dos maiores cientistas do século XIX. A psicologia estava em terceiro lugar entre as áreas de suas contribuições científicas, contudo, o seu trabalho, ao lado do de Fechner e Wundt, foi decisivo para a fundação da nova psicologia. Nascido em Potsdam, Alemanha, onde seu pai era professor no Gynnasium (na Europa, um liceu preparatório para a universidade), Helmholtz foi educado em casa por causa de sua saúde delicada. Aos dezessete anos, ingressou num Instituto Médico de Berlim em que não se cobravam anuidades de quem se dispusesse a ser cirurgião do exército depois da graduação.Serviu por sete anos, período durante o qual prosseguiu seus estudos de matemática e física. Apresentou uma tese sobre a indestrutibilidade da energia, na qual formulou matematicamente a lei da conservação de energia. Quando deixou o exército, aceitou o cargo de professor associado de fisioloia da universidade de Konigsber. Nos trinta anos seguintes, exerceu funções acadêmicas no campo de fisiologia em universidades de Bonn e Heidelbeg e, no da física, em Berlim. Helmholtz escreveu sobre assuntos diversos, desde a idade da terra até a formação do sistema solar: - na fisiologia e na psicologia fisiológica, contribuiu com teorias da visão, da percepção visual, percepção espacial, visão a cores, sensação de tom sonoro, percepção do som, etc. - na física, é conhecido pelas suas teorias da conservação da energia, trabalhos em eletrodinâmica, termodinâmica química e numa fundação mecânica para termodinâmica. 13 - na filosofia, é conhecido por sua filosofia da ciência, ideias sobre a relação entre as leis da percepção e as leis da natureza, sobre a estética e ideias sobre o poder civilizador da ciência. Gustavtheodor Fechner (1801-1887) Poeta, fisiologista, físico, psicofísico,é considerado um dos grandes intervenientes na construção da história da psicologia. A sua principal contribuição ao mundo da psicologia foi a psicofísica que deu origem à psicologia experimental. Quando Fechner desenvolveu a psicofísica, seu objetivo eraapresentar um método científico de estudo das relações entre corpo e mente, ou mais precisamente, entre os mundos físico e fenomenológico (1860). Para ele, o mundo físico e o mundo psicológico eram apenas reflexos diferentes da mesma realidade.Os processos do corpo (os processos cerebrais) seriam os processos de um ponto de vista externo ou objetivo, enquanto que os processos mentais se refeririam aos processos internalizados ou subjetivos. A fisiologia sensorial na época em que a psicofísica foi desenvolvida era apoiada apenas no fenômeno subjetivo, isto é, na percepção, em vez de atividades neurais e potenciais elétricos registrados em receptores sensoriais. No entanto, Fechner criou o conceito de Psicofísica interna para se referir às funções neurais ou às relações sensoriais e as suas respectivas atividades neurais que a suportam. Ele tinha consigo que os eventos neurais, ainda bastante desconhecidos naquele momento, tinham parte importante no entendimento desta relação entre mundo objetivo e subjetivo. Assim, Fechner considerava como psicofísica externa a relação entre sensações(ou seja, o fenômeno)e as correspondentes propriedades físicas e as variações dos próprios objetos. A psicofísica interna se manteve no plano dos conceitos teóricos enquanto que a psicofísica externa proporcionou a base para a criaçção de métodos de estudo dos processos sensoriais e cerebrais. Para Fechner, a concepção de psicofísica se colocava em um extremo o evento físico, caracterizado pela apresentação controlada e sistemática de suas características físicas, ligada ao outro extremo pelo evento subjetivo, caracterizado pela resposta sensorial ou perceptual. Assumindo uma posição central entre estes dois eventos, ele posicionava a atividade neural qu serviria de substrato fisiológico do evento perceptual. Temos, então, a descrição de uma relação entre os eventos subjetivos com as atividades neurais, mantidas em plano teórico. Eis o pono forte da psicofísica. Pela ligação comum que se faz da psicofísica externa com a psicofísica interna pelos eventos subjetivos, temos a possibilidade de inferir regras sensoriais ou neurais para o processamento e a transformação do estímulo. 2.3-A psicologia experimental de Wundt. Wundt é considerado por muitos estudiosos como o pai da Psicologia. Sem dúvida, a posição de destaque que Wundt ocupa entre os psicólogos e a sua influência internacional, gigantesca, tem sua fundamentação numa série de 14 circunstâncias: Wundt não se limitou a criar em 1879, em Leipzig, o primeiro laboratório destinado à investigação experimental dos fenômenos da consciência, fato que muitos consideraram o marco inicial da Psicologia como ciência independente. Ele desenvolveu, além disso, um sistema amplo para o nascimento desta nova ciência, pesquisando aspectos que iam desde a Psicologia Experimental Fisiológica até a Psicologia dos Povos, dando origem àquilo que hoje se conhece como Psicologia Social e Comunitária. Essa ampla gama de estudos dentro da Ciência Psicológica demonstrava que Wundt possuía invulgar capacidade e fecundidade para o trabalho. Apesar da grandiosa concepção fundamental, a Psicologia dos Povos de Wundt não levou a quaisquer resultados duradouros precisamente no que se refere à compreensão dos fenômenos mais complexos ou mesmo daqueles que dizem respeito ao desenvolvimento humano. Mesmo porque Wundt não chegou a desenvolver um conceito preciso daquilo que seria essa área da Psicologia,a Psicologia dos Povos. Wundt é entre os “fundadores” da psicologia o autor que mais sofreu distorção de suas idéias na literatura psicológica. É antes de tudo um filósofo, que formulou um sistema de filosofia, uma teoria do conhecimento, uma ética e uma metafísica. Sem uma adequada compreensão de seus escritos filosóficos, os problemas relativos à interpretação de sua psicologia não poderão ser satisfatoriamente resolvidos. (Araújo, 2005). Em 1862 Wundt colocou três tarefas para sua vida, a criação de: (a) uma psicologia experimental; (b) uma metafísica científica; e (c) uma psicologia social. Wundt tinha 69 anos de idade quando publicou o primeiro dos dez volumes de sua Völkerpsychologie. Terminou seu último volume em 1920 e, como boa medida, acrescentou uma breve autobiografia e então morreu, duas semanas depois. Calcula-se que ele tenha escrito mais de 54 mil páginas durante sua vida. O segundo objetivo de Wundt, elaborado entre 1880 até 1900, era a criação de uma metafísica ou filosofia científica. Aqui, Wundt elaborou três obras que compõem sua metafísica científica: uma de Lógica (conjunto de estudos que visam determinar quais são os processos intelectuais ou as categorias racionais para a apreensão do conhecimento); uma Ética (conjunto de estudos dos juízos de apreciação da conduta humana); e uma de Sistemas Filosóficos (conjunto de estudos das principais concepções filosóficas para Wundt). (Bernardes, 1998) A crença de Wundt de que a ciência experimental que ele criara em Leipzing era um projeto limitado, conduziu a seu repúdio pela geração mais jovem de psicólogos experimentais. Não podiam perdoar o fundador da sua disciplina por ter afirmado que a psicologia era apenas em parte um ramo das ciências naturais. Wundt afirmava que não era possível estudar os processos mentais mais profundos de maneira experimental. 15 Para a geração mais nova de experimentalistas, especialmente Külpe e Ebbinghaus, o organismo substituiu a psique como foco de atenção. A substituição da psique pelo organismo, foi um passo preliminar importante no processo de considerar a psicologia como um ramo das ciências naturais. Esse fato marca também a transição da filosofia para a biologia como a disciplina-mãe para a psicologia. UNIDADE 3 - O SURGIMENTO DAS DIFERENTES CORRENTES DO PENSAMENTO EM PSICOLOGIA 3.1- ESTRUTURALISMO E FUNCIONALISMO 3.2- ASSOCIACIONISMO 3.3- BEHAVIORISMO 3.4- PSICANALISE 3.5- GESTALT E PSICOLOGIA HUMANISTA DESENVOLVIMENTO 3.1- Estruturalismo e Funcionalismo Foi com Wilheim Wundt que nasceu a psicologia moderna, uma ciência separada da filosofia. Através do seu laboratório na Alemanha, Wundt realizava testes que pudessem demonstrar os fenômenos da consciência e conhecer as estruturas da mente. Para isso, utilizou a introspecção: apresentava-se um estímulo visual ou um som a indivíduos, e estes teriam que descrever as sensações e sentimentos da experiência consciente, o que faz com que o objetivo fosse descrever uma experiência (pela intensidade, duração, modo) sem interpretar o que estava a acontecer. É importante para a Psicologia a fusão da Fisiologia (ramo da Medicina),estudo do cérebro e Filosofia, a maneira como as pessoas utilizam o raciocínio e tiram conclusões. Esta síntese foi realizada por Wundt. Surgiram inicialmente duas escolas psicológicas: Estruturalismo (estudo das estruturas da mente) e Funcionalismo (estudo das funções que desempenham tais estruturas). Estruturalismo Primeira Escola do pensamento em Psicologia. Foi uma escola mais pura (buscava o conhecimento) do que aplicava (prática). Caráter científico: pesquisas empíricas de natureza fisiológica, experimentação e quantificação sistemática em laboratório. Influenciou a Psicologia Cognitiva: o moderno estudo da estrutura da percepção, da inteligência, da criatividade, etc. O Estruturalismo influenciou diversas áreas da ciência, pois estuda os elementos básicos dos fenômenos: moléculas, células, consciência, e as relações entre tais estruturas. Na Psicologia o foco foi a estrutura da mente: buscando os fatores 16 constituintes da percepção (formas, cores, combinações e relações entre estes elementos. Edward Bradford Titchener (1867-1927) Apesar de ser um fiel seguidor de Wundt, Titchener alterou o sistema de psicologia ao levá-lo da Alemanha para os Estados Unidos. Ele apresentou uma abordagem própria, à qual denominou estruturalismo, embora alegasse tratar do mesmo sistema estabelecido por Wundt. Na realidade,os dois eram completamente distintos e a denominção "estruturalismo" é adequada para definir apenas a psicologia de Titchener.O estruturalismo permaneceu em evidência por cerca de 20 anos nos Estados Unidos. Wundt havia identificado elementos ou conteúdos da consciência, mas a questão que mais chamava a sua atenção era a organização desses elementos, ou seja, a sua síntese em processos cognitivos superiores por meio da percepção. Na opinião de Wundt, a mente era dotada do poder de organização voluntária dos elementos mentais, posição divergente da explicação mecanicista da passividade mental sustentada pela maioria dos empiristas e associacionistas britânicos. Titchener se concentrava nos elementos ou conteúdos mentais, assim como na conexão mecânica mediante o processo de associação, mas descartava a doutrina da percepção de Wundt.O seu enfoque estava nos elementos, propriamente ditos e, em sua opinião, a principal tarefa da psicologia consistia na descoberta da natureza das experiências conscientes elementares, a determinação da estrutura da consciência mediante análise das suas partes componentes. Introspecção Titchener empregava a introspecção, ou auto-observação, com base em observadores rigorosamente treinados para descrever os elementos no seu estado consciente, em vez de relatar o estímulo observado ou percebido, utilizando apenas nomes conhecidos. Percebeu que todos aprendemos a descrever a experiência no que se refere a estímulo, por exemplo, chamar o objeto vermelho, redondo e brilhante de maçã, o que é suficiente e útil para o cotidiano. Titchener adotou a mesma definição de Kulpe para descrever o seu método, introspecção experimental sistemática. Como Kulpe, ele utilizava relatos detalhados, subjetivos e qualitativos das atividades mentais dos indivíduos durante o ato de introspecção. Ele se opunha à abordagem de Wundt, cujo foco era as mensurações quantitativas e objetivas, porque acreditava não serem úteis na análise das sensações e imagens elementares da consciência, ponto central da sua psicologia. Em outras palavras, Titchenerdivergia de Wundt porque estava interessado em analisar a experiência consciente complexa a partir das partes componentes, e 17 não a síntese dos elementos mediante a percepção. Titchener dava ênfase às partes, enquanto Wundt, ao todo. Os elementos da consciência Titchener apresentou três propostas básicas para a psicologia: 1-Reduzir os processos conscientes a seus componentes mais simples; 2-Determinar as leis de associação desses elementos da consciência; 3-Conectar os elementos às suas condições fisiológicas. Assim, as metas da psicologia estrutural de Titchener coincidem com as das ciências naturais.. A parte principal da pesquisa de Titchener dedicava-se a descobrir os elementos da consciência. Ele definiu três estados elementares da consciência: o estado da sensação, o da imagem e os estados afetivos. As sensações são elementos básicos da percepção e estão presentes nos sons, nas visões, nos cheiros e nas outras experiências provocadas pelos objetos físicos do ambiente. As imagens são elementos das ideias e estão no processo que reflete as experiências não realmente presentes no momento, mas como a lembrança de uma experiência do passado. Os estados afetivos, são elementos da emoção e encontram-se nas experiências como o amor, o ódio e a tristeza. Titchener acreditava que estava estabelecendo uma base para a psicologia, no entanto seus esforços fizeram parte apenas de uma fase da história da disciplina. A era do estruturalismo entrou em colapso quando ele morreu, e o fato de essa escola ter se mantido por tanto tempo, deve ser atribuído como um verdadeiro tributo à sua personalidade dominadora. Apesar de todas as críticas ao movimento estruturalista, os historiadores dão o devido crédito às contribuições de Titchener e dos estruturalistas. Seu objeto de estudo, a experiência consciente, era claramente definido. Seus métodos de pesquisa, baseados na observação, experimentação e medição, eram cientificamente os mais tradicionais. Embora o objeto de estudo e os propósitos dos estruturalistas não sejam mais fundamentais, o método de introspecção, mais amplamente definido , ainda é empregado em diversas áreas da psicologia. Funcionalismo Charles Darwin, com sua noção de evolução, mudou o foco da nova psicologia da estrutura da consciência para as suas funções. Era inevitável que a escola de pensamento funcionalista se desenvolvesse. O funcionalismo se preocupa com as funções da mente, em como ela é usada por um organismo para se adaptar a seu ambiente. O movimento da psicologia funcional focou em uma questão prática: O que os processos mentais conseguem realizar? Os funcionalistas estudaram a mente não do ponto de vista de sua composição, seus elementos mentais ou sua estrutura, mas sim como um aglomerado ou acúmulo de funções e processos que levam a consequências práticas no mundo real. As pesquisas realizadas por Wundt e Titchener nada 18 revelaram sobre os resultados ou realizações da atividade mental humana, mas este não era o objetivo.Tais preocupações utilitárias eram incomparáveis com a sua abordagem puramente científica da psicologia. Como um primeiro sistema de psicologia, puramente norte-americana, o funcionalismo foi um protesto deliberado contra a psicologia experimental de Wundt e a psicologia estrutural de Titchener, ambas vistas como restritivas demais. Essas primeiras escolas de pensamento não podiam responder às perguntas que os funcionalistas estavam fazendo: O que a mente faz? E como age? Como resultado dessa ênfase nas funções mentais, os funcionalistas passaram a se interessar pelas aplicações em potencial da psicologia aos problemas da vida diária, de como as pessoas funcionam e se adaptam a diferentes ambientes. O rápido desenvolvimento da psicologia aplicada nos Estados Unidos pode ser considerado o legado mais importante do movimento funcionalista. O funcionalismo é o estudo das funções e processos mentais. Estuda os processos do pensamento. Para que servem estas estruturas e qual a sua função e como e para que a mente funciona. A psicologia funcional é a psicologia da operação mental, sua tarefa é descobrir o modo operante do processo mental, as suas realizações e as condições sob as quais ocorre.É a psicologia das utilidades fundamentais da consciência. A consciência é vista como um instrumento utilitário, já que faz a mediação entre as necessidades do organismo e as condições do ambiente. É a psicologia das relações mente-corpo e dedica-se ao estudo de todas as relações entre o organismo e seu ambiente.Seu objeto de estudo é a atividade mental representada pelos processos mentais: memória, percepção, sentimento, imaginação, julgamento e vontade. A teoria da evolução de Darwim foi comprovadamente um estímulo para o desenvolvimento da psicologia animal. "Em nenhuma outra área da psicologia, Darwim teve um efeito mais profundo e imediato que no estudo do comportamento dos animais." O trabalho de Darwim alterou essa visão conformista, pois suas conclusões apontaram para a inexistência de qualquer distinção evidente entre a mente humana e a animal. Assim, os cientistas propuseram a continuidade entre todo aspecto mental e físico dos seres humanos e dos animais, com base na teoria de que o homem descende do animal por meio do contínuo processo de desenvolvimento evolutivo. Darwim afirmou: "Não existe diferença fundamental entre o homem e os mamíferos superiores em relação às faculdades mentais." (1871). E ainda, acreditava que os animais inferiores sentiam prazer e dor, alegria e tristeza, tinham sonhos e até certo grau de imaginação. Desse modo, estava lançado o desafio para os cientistas buscarem as provas da existência da inteligência animal. Nem o grande experimentalista Wundt escapou dessa tendência. Em 1863, antes de tornar-se o primeiro psicólogo da história, ele escreveu a respeito das habilidades intelectuais de vários seres vivos, desde besouros até castores. Trinta anos depois, a sua generosidade em relação à inteligência animal havia 19 diminuído, mas durante algum tempo sua afirmação juntou-se às várias que sugeriam serem os animais tão bem dotados quanto os seres humanos. É nítida a oposição entre estruturalismo e funcionalismo. Enquanto que o estruturalismo se preocupa com os elementos da consciência, o funcionalismo preocupa-se com a função da consciência e do comportamento. 3.2- Associacionismo A teoria associacionista, antecessora do comportamentalismo ou behaviorismo, inspirada na filosofia empirista e positivista, atribuiu exclusivamente ao ambiente a constituição das características humanas e privilegia a experiência como fonte do conhecimento e de formação de hábitos de comportamento. Assim as características individuais são determinadas por fatores externos ao indivíduo. Nesta abordagem, desenvolvimento e aprendizagem se confundem e ocorrem simultaneamente. O Associacionismo ou Conexionismo se interessa pela investigação de animais em condições controladas de laboratório. Acredita que o estudo do comportamento animal permite acesso ao modo humano de solucionar problemas. O termo Associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação de ideias. Das mais simples às mais complexas. Assim, para aprender um conteúdo complexo, a pessoa precisaria primeiro aprender as ideias mais simples, que estariam associadas àquele conteúdo. "Aprendizagem se produz por mero acidente, sem participação inteligente e compreensiva de quem a realiza, pelo fortalecimento da resposta correta dentre muitas esboçadas, pela influência do exercício e do efeito." O principal representante do Associacionismo é Edward L. Thorndike, e sua importância está em ter sido o formulador de uma primeira teoria de aprendizagem na psicologia. Sua produção de conhecimentos pautava-se por uma visão de utilidade deste conhecimento, muito mais do que por questões filosóficasque perpassam a psicologia. Edward Lee Thorndike formulou a Lei do Efeito, que seria de grande utilidade para a Psicologia Comportamentalista. De acordo com essa lei, todo comportamento de um organismo vivo, tende a se repetir, se for recompensado(efeito) assim que este emitir o comportamento. Por outro lado, o comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for castigado(efeito) após sua ocorrência. Pela Lei do Efeito o organismo vai associar essas situações com outras semelhantes. 3.3- Behaviorismo Behaviorismo, também conhecido como comportamentalismo, é uma área da psicologia, que tem o comportamento como objeto de estudo. 20 O behaviorismo surgiu como oposição ao funcionalismo e estruturalismo, e é uma das três principais correntes da psicologia, juntamente com a psicologia da forma (Gestalt) e psicologia analítica (psicanálise). Esta palavra tem origem no termo behavior, que em inglês significa comportamento ou conduta. Em 1913, foi publicado um artigo com o nome “Psicologia: como os behavioristas a veem” da autoria do psicólogo estadunidense John Watson (reconhecido como pai do Behaviorismo Metodológico). Mais tarde, em 1914, na obra de 1914 intitulada Behavior, Watson abordou mais uma vez o conceito de psicologia do comportamento. Watson se baseou em teorias e noções de vários pensadores e autores como Descartes, Pavlov, Loeb e Comte. O behaviorismo contempla o comportamento como uma forma funcional e reacional de organismos vivos. Esta corrente psicológica não aceita qualquer relação com o transcendental, com a introspecção e aspectos filosóficos, mas pretende estudar comportamentos objetivos que podem ser observados. De acordo com Watson, o estudo do meio que envolve um indivíduo possibilita a previsão e o controle do comportamento humano. Behaviorismo radical de Skinner O behaviorismo radical, conceito proposto pelo psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner, era oposto ao behaviorismo de Watson. Segundo Skinner, o behaviorismo radical é a filosofia da ciência do comportamento humano, onde o meio ambiente era o responsável pelo comportamento humano. Esta vertente do behaviorismo teve grande popularidade no Brasil e nos Estados Unidos. Skinner era claramente contra a utilização de elementos não observáveis para explicar a conduta humana. Assim, os aspectos cognitivos não são considerados, porque o ser humano é visto como um ser homogêneo, e não como um ser que é composto pelo corpo e mente. O behaviorismo radical contempla os estímulos dados aos indivíduos pelo meio ambiente. De acordo com Skinner, esses meios eram conhecidos como punição, reforço positivo e reforço negativo. Behaviorismo na educação No âmbito da educação, o behaviorismo remete para uma alteração do comportamento dos elementos envolvidos no processo de aprendizagem, sendo que essa mudança nos professores e alunos poderia melhorar a aprendizagem. Para Watson, a educação é um importante elemento capaz de transformar a conduta de indivíduos. 21 Além disso, Watson acreditava que com os estímulos específicos, era possível "transformar" e "moldar" o comportamento de uma criança, para que ela pudesse exercer qualquer profissão por ela escolhida. Esta linha de pensamento conduz a uma tese sobre o sistema de aprendizagem, apoiada sobre mapas cognitivos - interações-estímulo-estímulo, gerados nos mecanismos cerebrais. Assim, para cada grupo de estímulos o indivíduo produz um comportamento diferente e, de certa forma, previsível. Tolman, ao contrário de Watson, vale-se dos processos mentais em suas pesquisas , reestruturando a linha mentalista através da simbologia comportamental. Ele via também no comportamento uma intencionalidade, um objetivo a ser alcançado, com traços de uma intensa persistência na perseguição desta meta. Por estas características presentes em sua teoria, este autor é considerado, portanto, um precursor da Psicologia Cognitiva. O behaviorismo filosófico é uma teoria que se preocupa com o sentido dos pensamentos e das concepções, baseado na idéia de que estado mental e tendências de comportamento são equivalentes, melhor dizendo, as exposições dos modos de ser da mente humana é semelhante às descrições de padrões comportamentais. Esta linha teórica analisa as condições intencionais da mente, seguindo os princípios de Ryle e Wittgenstein. O behaviorismo não ocupa mais um espaço predominante na Psicologia, embora ainda seja um tanto influente nesta esfera. O desenvolvimento da neurociência, que ajuda a compreender melhor, hoje, o que ocorre na mente humana em seus processos internos, aliado à perda de prestígio dos estímulos como causas para a conduta humana, e somado às críticas de estudiosos renomados como Noam Chomsky, o qual alega que esta teoria não é suficiente para explicar fenômenos da linguagem e da aprendizagem, levam o Behaviorismo a perder espaço entre as teorias psicológicas dominantes. 3.4- Psicanálise Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica da psique humana independente da Psicologia, que tem origem na Medicina, desenvolvido por Sigmund Freud, médico que se formou em 1881, trabalhou no Hospital Geral de Viena e teve contato com o neurologista francês Jean Martin Charcot, que lhe mostrou o uso da hipnose. Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Freud, médico neurologista austríaco, propôs este método para a compreensão e análise do homem, compreendido enquanto sujeito do inconsciente, abrangendo três áreas: um método de investigação do psiquismo e seu funcionamento; um sistema teórico sobre a vivência e o comportamento humano; um método de tratamento caracterizado pela aplicação da técnica da Associação Livre. http://www.infoescola.com/biografias/noam-chomsky/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Psique https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud https://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud https://pt.wikipedia.org/wiki/Inconsciente https://pt.wikipedia.org/wiki/Psiquismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_psicanal%C3%ADtica 22 Essencialmente é uma teoria da personalidade e um procedimento de psicoterapia; a psicanálise influenciou muitas outras correntes de pensamento e disciplinas das ciências humanas, gerando uma base teórica para uma forma de compreensão da ética, da moralidade e da cultura humana. . Em linguagem comum, o termo "psicanálise" é muitas vezes usado como sinônimo de "psicoterapia" ou mesmo de "psicologia". Em linguagem mais própria, no entanto, psicologia refere-se à ciência que estuda o comportamento e os processos mentais, psicoterapia ao uso clínico do conhecimento obtido por ela, ou seja, ao trabalho terapêutico baseado no corpo teórico da psicologia como um todo, e psicanálise refere-se à forma de psicoterapia baseada nas teorias oriundas do trabalho de Sigmund Freud; psicanálise é, assim, um termo mais específico, sendo uma entre muitas outras formas de psicoterapia. De acordo com Sigmund Freud, psicanálise é o nome de um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo um método (baseado nessa investigação para o tratamento de distúrbios neuróticos, e uma coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se acumulou numa "nova" disciplina científica. A essa definição elaborada pelo próprio Freud pode ser acrescentada um tratamento possível da psicose e perversão, considerando o desenvolvimento dessa técnica. Ainda segundo o seu criador, a psicanálise cresceu num campo muitíssimo restrito. No início, tinha apenas um único objetivo , o de compreender algo da natureza daquilo que era conhecido como doenças nervosas ‘funcionais’, com vistas a superar a impotência que até então caracterizara seu tratamento médico. Em sua opinião, os neurologistas daquele período haviam sido instruídos a terem um elevado respeito por fatos químico-físicos e patológico-anatômicose não sabiam o que fazer do fator psíquico e não podiam entendê-lo. Deixavam-no aos filósofos, aos místicos e, aos charlatães; e consideravam não científico ter qualquer coisa a ver com ele. Os primórdios da psicanálise datam de 1882 quando Freud, médico recém formado, trabalhou na clínica psiquiátrica de Theodor Meynert, e mais tarde, em 1885, com o médico francês Charcot,no Hospital Salpêtrière (Paris, França). Sigmund Freud, um médico interessado em achar um tratamento efetivo para pacientes com sintomas neuróticos ou histéricos. Ao escutar seus pacientes, Freud acreditava que seus problemas se originaram da não aceitação cultural; ou seja, seus desejos eram reprimidos, relegados ao inconsciente. Notou também que muitos desses desejos se tratavam de fantasias de natureza sexual. O método básico da psicanálise é o manejo da transferência e da resistência em análise. O analisado, numa postura relaxada, é solicitado a dizer tudo o que lhe vem à mente (método de associação livre). Suas aspirações, angústias,sonhos e fantasias são de especial interesse na escuta, como também todas as experiências vividas são trabalhadas em análise. Escutando o analisado, o analista tenta manter uma atitude empática de neutralidade. Uma postura de não-julgamento, visando a criar um ambiente seguro. A originalidade do conceito de inconsciente introduzido por Freud deve-se à proposição de uma realidade psíquica, característica dos processos https://pt.wikipedia.org/wiki/Personalidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicoterapia https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_humanas https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Moral https://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia_e_psican%C3%A1lise https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_Hermann_Meynert https://pt.wikipedia.org/wiki/1885 https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Martin_Charcot https://pt.wikipedia.org/wiki/Salp%C3%AAtri%C3%A8re https://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud https://pt.wikipedia.org/wiki/Sintoma https://pt.wikipedia.org/wiki/Neurose https://pt.wikipedia.org/wiki/Histeria https://pt.wikipedia.org/wiki/Inconsciente https://pt.wikipedia.org/wiki/Fantasia_sexual https://pt.wikipedia.org/wiki/Livre_associa%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Sonho 23 inconscientes. Por outro lado, analisando-se o contexto da época observa-se que sua proposição estabeleceu um diálogo crítico à proposições Wilhelm Wundt (1832 — 1920) da psicologia com a ciência que tem como objeto a consciência entendida na perspectiva neurológica (da época) ou seja opondo- se aos estados de coma e alienação mental. Muitos colocam a questão de como observar o inconsciente. Se a Freud se deve o mérito do termo "inconsciente", pode-se perguntar como foi possível a ele, Freud, ter tido acesso a seu inconsciente para poder ter tido a oportunidade de verificar seu mecanismo, já que não é justamente o inconsciente que dá as coordenadas da ação do homem na sua vida diária. Não é possível abordar diretamente o inconsciente , o conhecemos somente por suas formações: atos falhos, sonhos, chistes e sintomas diversos expressos no corpo. Nas suas conferências na Clark University (publicadas como Cinco lições de psicanálise) nos recomenda a interpretação como o meio mais simples e a base mais sólida de conhecer o inconsciente. Outro ponto a ser levado em conta sobre o inconsciente é que ele introduz na dimensão da consciência uma opacidade. Isto indica um modelo no qual a consciência aparece, não como instituidora de significatividade, mas sim como receptora de toda significação desde o inconsciente. Pode-se prever que a mente inconsciente é um outro "eu", e essa é a grande ideia de que temos no inconsciente uma outra personalidade atuante, em conjuntura com a nossa consciência, mas com liberdade de associação e ação. O modelo psicanalítico da mente considera que a atividade mental é baseada no papel central do inconsciente dinâmico. O contato com a realidade teórica da psicanálise põe em evidência uma multiplicidade de abordagens, com diferentes níveis de abstração, conceituações conflitantes e linguagens distintas. Mas isso deve ser entendido em um contexto histórico cultural e em relação às próprias características do modelo psicanalítico da mente. Correntes, dissensões e críticas Diversas dissidências da matriz freudiana foram sendo verificadas ao longo do século XX, tendo a psicanálise encontrado seu apogeu nos anos 50 e 60. As principais dissensões que passou o criador da psicanálise foram Jung e Alfred Adler, que participavam da expansão da psicanálise no começo do século XX. Jung, inclusive, foi o primeiro presidente do Instituto Internacional de Psicanálise (IPA), antes de sua renúncia ao cargo e a seguidor das ideias de Freud. Outras dissidências importantes foram Otto Rank, Erich Fromm e Wilhelm Reich. No entanto, a partir da teoria psicanalítica de Freud, fundou-se uma tradição de pesquisas envolvendo a psicoterapia, o inconsciente e o desenvolvimento da práxis clínica, com uma abordagem puramente psicológica. Desenvolvimentos como a psicoterapia humanista/existencial, psicoterapia reichiana, dentre diversas e tantas terapias existentes, foram, sem dúvida, influenciadas pela tradição psicanalítica, embora tenham conferido uma visão particular para os conteúdos da psicologia clínica. https://pt.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Wundt https://pt.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Wundt https://pt.wikipedia.org/wiki/Consci%C3%AAncia https://pt.wikipedia.org/wiki/Neuroci%C3%AAncia https://pt.wikipedia.org/wiki/Coma https://pt.wikipedia.org/wiki/Ato_falho https://pt.wikipedia.org/wiki/Sonhos https://pt.wikipedia.org/wiki/Piada https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1950 https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1960 https://pt.wikipedia.org/wiki/C._G._Jung https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Adler https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX https://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_Rank https://pt.wikipedia.org/wiki/Erich_Fromm https://pt.wikipedia.org/wiki/Erich_Fromm https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicoterapia https://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Existencialismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Reich https://pt.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Reich https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cl%C3%ADnica 24 O método de interpretar os pacientes e buscar a cura de enfermidades físicas e mentais através de um diálogo sistemático/metodológico com os pacientes foi uma inovação trazida por Freud desenvolvido a partir de suas observações e experiência de tratamento através da hipnose. Até então, os avanços na área da psicoterapia eram obsoletas e tinham um apelo pela sugestão ou pela terapia com banhos, sangrias e outros métodos antigos no combate às doenças mentais. Sua contribuição para a Medicina, Psicologia, e outras áreas do conhecimento humano (arte,literatura, sociologia, antropologia, entre outras) é inegável. O verdadeiro choque moral provocado pelas ideias de Freud serviu para que a humanidade rompesse, ou pelo menos repensasse muito de seus tabus e preconceitos na compreensão da sexualidade, e atingisse um maior grau de refinamento e profundidade na busca das verdades psíquicas do ser humano. Na atualidade, a Psicanálise já não se limita à prática e tem uma amplitude maior de pesquisa, centrada em outros temas e cenários, desenvolvendo-se como uma ciência psicológica autônoma. Hoje fica muito difícil afirmar se a Psicanálise é uma disciplina da Psicologia ou uma Psicologia própria. Após Freud, muitos outros psicanalistas contribuíram para o desenvolvimento e importância da psicanálise. Entre alguns, podemos citar Melanie Klein, Winnicott, Bion e André Green. No entanto, a principal virada no seio da psicanálise, que conciliou ao mesmo tempo a inovação e a proposta de um "retorno a Freud" veio com o psicanalista francês Jacques Lacan. A partir daí outros importantes autoressurgiram e convivem em nosso tempo, como Françoise Dolto, Serge André, J-D Nasio e Jacques-Alain Miller. Uma das recentes tendências é a criação da neuropsicanálise segundo Soussumi tendo como antecedentes a fundação do grupo de estudos de neurociência e psicanálise no Instituto de Psicanálise em 1994 com a participação de Arnold Pfefer, e o neurocientista da Universidade de Columbia como James Schwartz, que a partir de 1996, fica sobre a coordenação de Mark Solms, psicanalista inglês com formação em neurociência, que vinha trabalhando em Londres e publicando trabalhos sobre o assunto desde a década de 1980 que juntamente com Pfeffer, em Londres, julho de 2000 , organizam o I Congresso Internacional de Neuro-Psicanálise, onde é criada a Sociedade Internacional de Neuro-Psicanálise. 3.5- Gestalt e Psicologia Humanista Psicologia Humanista A psicologia humanista surgiu na década de 50, ganhando força nos anos 60 e 70, como uma reação às idéias psicológicas pré-existentes - o behaviorismo e a psicanálise - embora não quisesse revisá-las ou adaptá-las, mas dar uma nova contribuição à psicologia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipnose https://pt.wikipedia.org/wiki/Sangria https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicopatologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicopatologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Tabu https://pt.wikipedia.org/wiki/Preconceito https://pt.wikipedia.org/wiki/Sexualidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Melanie_Klein https://pt.wikipedia.org/wiki/Melanie_Klein https://pt.wikipedia.org/wiki/Donald_Woods_Winnicott https://pt.wikipedia.org/wiki/Bion https://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_Green https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Lacan https://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7oise_Dolto https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Serge_Andr%C3%A9&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=J-D_Nasio&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques-Alain_Miller https://pt.wikipedia.org/wiki/Neuropsican%C3%A1lise http://en.wikipedia.org/wiki/Mark_Solms http://en.wikipedia.org/wiki/Mark_Solms http://www.neuro-psa.org.uk/npsa/ http://www.neuro-psa.org.uk/npsa/ 25 As críticas ao comportamentalismo giravam em torno de sua abordagem estreita, artificial e estéril da natureza humana, que reduzia o homem à máquinas e animais propensos ao condicionamento. A divergência à psicanálise se mostrava no questionamento à ênfase no inconsciente, nas questões biológicas e eventos passados, no estudo de pessoas neuróticas e psicóticas e na compartimentalização do indivíduo. O movimento humanista teve forte influência das filosofias existenciais e da fenomenologia. As convicções e as certezas começam a ruir no século XX, quando a razão começa a entrar em crise devido à existência da corrida armamentista e à pouca contribuição dos avanços tecnológicos na diminuição da desigualdade social no mundo. O existencialismo tem o homem como ponto de partida nos processos de reflexão e a fenomenologia, a consciência do ser sobre algo, a investigação da experiência consciente: o fenômeno. Com Heidegger, filósofo fenomenológico, há um retorno à teoria do conhecimento e das questões ontológicas. O ser e a existência do todo passa a ser a questão central. O existencialismo fenomenológico, enquanto método apreendido pelo movimento humanista, se pauta em três questões: - redução fenomenológica Recurso para se chegar ao fenômeno em sua essência, considerando a sua totalidade e visando, deste modo, a incorporação de uma atitude crítica perante o cotidiano. A concordância entre a intuição, que ocorre na imediatez da vivência, e a significação se faz essencial para a aproximação da realidade observada. A busca pela essência do sintoma permite a recapitulação da realidade total, pois somente ela consente o conhecimento dos fatos. - intencionalidade Atribuição de sentido do fenômeno, onde a consciência e o objeto, o sujeito e o mundo estão unificados. Quando esta fusão ocorre, a totalidade é apreendida e a decisão torna-se um processo consciente e libertador. O sujeito pensante e o objeto pensado tornam-se uno. A intencionalidade só surge após a compreensão da realidade, obtida, por sua vez, pela redução fenomenológica. - subjetividade e intersubjetividade O encontro entre a própria subjetividade e a do outro é chamado de intersubjetividade. É ela que, através da pluralidade de constituições de vários sujeitos, dá sentido ao mundo. O acoplamento entre a intra-subjetividade e a intersubjetividade é a única forma de efetivação de uma comunicação verdadeira, que faculta a chegada à essência. É importante frisar que a fenomenologia não visa a explicação do objeto; as coisas, sim, que quando apreendidas, se tornam um momento fenomenológico. A função de sua abordagem é permitir a elaboração de conceitos que expressem 26 adequadamente o fenômeno que se pretende estudar. São estes conceitos que auxiliam a pessoa a como proceder no dia-a-dia, uma vez que a história só é construída à medida que as coisas recebem significados. Logo, embora a realidade exista per si, sofre ressignificação no encontro com a realidade íntima de cada um, o que a torna fluída. O processo terapêutico deve, portanto, conectar a experiência interior ao mundo da objetividade. A grande contribuição desta nova escola pode ser vista na ênfase da experiência consciente, na crença na integralidade entre natureza e a conduta do ser humano, no livre-arbítrio, espontaneidade e poder de criação do indivíduo, e no estudo de tudo que tenha relevância para a condição humana. Somente mediante a perspectiva da totalidade, que a consciência é entendida.Esta, por sua vez, deve ser submetida à temporalidade, impedindo-a de ficar estática e desmistificando a existência de uma realidade pura. Seu valor reside na relação que estabelece entre as realidades. Experienciar o tempo presente como uma totalidade que sinaliza a integração eu-mundo é fundamental para a libertação das exigências compulsivas do passado e futuro. A teoria humanista tem como principais teóricos Abraham Maslow (1908-1970) e Carl Rogers (1902-1987), os maiores responsáveis pela projeção dos seus postulados no mundo. O primeiro, americano, foi considerado o pai espiritual do movimento humanista. Maslow abandona o comportamentalismo, abraçado no início de sua carreira, por passar a acreditar na tendência inata que cada pessoa traz em si para se tornar auto-realizadora. Este seria o nível mais alto da existência humana, onde a realização do potencial de cada indivíduo seria conquistada. A existência de níveis a serem satisfeitos foi proposta por ele através da hierarquia das necessidades. De acordo com Maslow, estas necessidades seriam inatas e deveriam obedecer a uma ordem de saciação, que se encontra representada na pirâmide abaixo. A grande novidade trazida por Maslow, para a psicologia, foi os estudo de pessoas, consideradas por ele, saudáveis, através dos quais formulou suas teorias. O segundo, também americano, teve o seu trabalho pautado no valor do indivíduo desde o início. Diferentemente do seu contemporâneo, suas visões advieram do tratamento de indivíduos emocionalmente perturbados. Rogers 27 trabalhou com um conceito semelhante ao da auto-realização de Maslow: a existência de uma única motivação avassaladora que se configura na tendência inata que cada pessoa tem de atualizar as capacidades e potenciais do eu, a tendência atualizante. Ele também defendeu a idéia de autoconceito como sendo um padrão organizado e consistente de características percebidas em cada um desde a infância. Na medida em que se acumulam novas experiências, este conceito pode ser reforçado ou ser substituído por novos. Experiênciasinfantis podem ajudar ou prejudicar a auto-atualização, ainda que esta seja inerente ao homem, mas, de forma alguma, são podem ser consideradas determinantes. A capacidade do homem de poder alterar consciente e racionalmente seus pensamentos e comportamentos indesejáveis fornece ao presente um grande peso na formação da personalidade do indivíduo. Para ele, os indivíduos bem ajustados psicologicamente têm autoconceitos realistas, sendo a angústia psicológica advinda do impasse ou desarmonia entre o autoconceito real (o que se é de fato) e o ideal para si (o que se deseja ser). Por isso, Rogers defendia que o cliente deveria determinar o conteúdo e a direção do tratamento, uma vez que este tem dentro de si vastos recursos para o auto-entendimento e para alterar o autoconceito. O termo terapia centrada no cliente deriva desta idéia e esta é encarada apenas como um facilitador. Gestalt Gestalt é uma palavra alemã. Existem diversas interpretações para o termo, uma, diz que pode ser considerada a psicologia da forma, outra, associa ao processo de surgimento de figura-fundo. A palavra adequada para designar a Gestalt seria dizer: "Gestaltung", palavra que indica dar forma, ou seja, um processo, uma formação. A Gestalt-terapia é um modelo psicoterápico com ênfase na responsabilidade de si mesmo, na experiência individual do momento atual (chamado também de aqui-e-agora), no relacionamento do terapeuta-consulente e na autorregulação e ajustamento criativos do indivíduo, levando em conta sempre o meio ambiente e o contexto social, que constituem o ser de um modo geral. A teoria foi desenvolvida pelos teóricos Fritz Perls, Laura Perls e Paul Goodman entre as décadas de 1940 e 1950 A Gestalt-Terapia desenvolveu-se da síntese de várias tendências filosóficas, psicológicas e culturais. Como bases filosóficas a teoria lança mão do existencialismo, humanismo e da fenomenologia colocando a abordagem no grupo da Psicologia Humanista considerada como a terceira via, ao lado da psicanálise e da terapia comportamental. Foi influenciada pela cultura pós- guerra, que levantaram novos paradigmas epistemológicos, filosóficos e culturais. A cultura hippie foi bastante presente na vida de Perls assim como também as filosofias orientais e o Cristianismo. Depois da desvinculação de Perls em relação à psicanalise, ele passou a utilizar- se de vários conceitos de psicologia para construir o corpo teórico da Gestalt- terapia. Teorias como a Psicologia da Gestalt de Wertheimer, Köhler e Koffka, Teoria de Campo de Lewin e a Teoria Organísmica de Goldstein. A psicanalise https://pt.wikipedia.org/wiki/Fritz_Perls https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Laura_Perls&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Paul_Goodman&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/1940 https://pt.wikipedia.org/wiki/1950 https://pt.wikipedia.org/wiki/Existencialismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Fenomenologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_humanista https://pt.wikipedia.org/wiki/Psican%C3%A1lise https://pt.wikipedia.org/wiki/Comportamental https://pt.wikipedia.org/wiki/Epistemologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Hippie https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_oriental https://pt.wikipedia.org/wiki/Gestalt 28 também teve seu grau de influência além da própria experiência pessoal de Perls. Enfoque Dada as suas bases filosóficas a Gestalt-terapia tem seu enfoque clínico no conceito de aqui-e-agora. Não confundir com a ideia de que a abordagem nega o histórico do cliente. O conceito refere-se à ideia de que o que se apresenta como fenômeno no momento atual que deve ser levado em consideração. Esta abordagem no aqui-agora pretende promover o contato e aawareness, também conceitos da teoria. O modo de abordar o aqui-e-agora expressa-se na relação terapeuta-consulente, já que é a relação que está ocorrendo no momento da terapia. O trabalho focado nesta relação sugere ao cliente que tome consciência do aqui-e-agora e lide com o que emerge desta relação. Estes elementos que emergem são chamados de figura, conceito da Gestalt conhecido como figura e fundo. Este enfoque no aqui-e-agora da relação terapeuta- consulente pretende servir de modelo vivencial das experiências do consulente, acreditando-se que toda a tomada de consciência advinda desta vivencia afetará a relação do consulente consigo mesmo de modo geral, holístico. UNIDADE 4 - A EVOLUÇÃO DAS TEORIAS PSICOLÓGICAS EM RELAÇÃO AOS ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS E SOCIAIS 4.1- A observação dos fenômenos históricos e sociais e a compreensão da Psicologia 4.2- O papel da Psicologia cientifica como desenvolvimento da prática. 4.3- Possibilidades e compromissos atuais da Psicologia. Desenvolvimento 4.1-A observação dos fenômenos históricos e sociais e a compreensão da Psicologia Psicologia é a ciência que estuda o comportamento e as funções mentais. A psicologia tem como objetivo imediato a compreensão de grupos e indivíduos, tanto pelo estabelecimento de princípios universais como pelo estudo de casos específicos, e tem, segundo alguns, como objetivo final o benefício geral da sociedade. Um pesquisador ou profissional desse campo é conhecido como psicólogo, podendo ser classificado como cientista social, comportamental ou cognitivo. A função dos psicólogos é tentar compreender o papel das funções mentais no comportamento individual e social, estudando também os processos fisiológicos e biológicos que acompanham os comportamentos e funções cognitivas. Psicólogos exploram conceitos como percepção, cognição, atenção, inteligência, fenomenologia, motivação, funcionamento do cérebro humano, personalidade, comportamento, relacionamentos interpessoais, incluindo resiliência, entre outras áreas. Psicólogos de orientações diversas também estudam conceitos como o inconsciente e seus diferentes modelos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Fen%C3%B4meno https://pt.wikipedia.org/wiki/Consci%C3%AAncia https://pt.wikipedia.org/wiki/Segrega%C3%A7%C3%A3o_figura-fundo 29 A percepção dos sujeitos, para a Psicologia é fruto de toda sua construção sociocultural e histórica. E é neste quesito que a abordagem sócio-histórica, que tem como enfoque o materialismo dialético, torna-se válida, por priorizar o indivíduo e sua historicidade. Partindo do marxismo, a abordagem sócio-histórica fundamenta-se no materialismo histórico e dialético. Assim, o ser humano é concebido como: ativo; social; e histórico. Ratgner (1995) concorda com Vygotsky (1896-1934) ao defender que o desenvolvimento psicológico se dá, não no homem, mas na relação do homem com o mundo sociocultural. Nesse enfoque, o fenômeno psicológico é, portanto, o resultado de todas essas experiências vividas e experimentadas pelo indivíduo ao longo de sua existência. A visão sócio-histórica defende que, sem a dialética, seria impossível a formação da consciência no indivíduo, nem sua participação ativa na construção de sua história (BOCK, 2001). A linguagem é a forma pela qual o homem se apropria do mundo. Por meio dela, ele assimila elementos e características do meio e, posteriormente as restitui. É por meio da linguagem que “o homem se individualiza, humaniza, e aprende a materializar o mundo das significações” (BOCK, 2001), sem ela não haveria processo social e nem histórico. Preocupada com o fenômeno psicológico e a subjetividade do homem, a psicologia sócio-histórica, entende que ambas são formas de adaptação (social, cultura e econômica), sofridas pelo homem dentro de um contexto histórico (BOCK, 2001). A subjetividade é concebida ao longo do desenvolvimento do ser humano, como um reflexo da realidade em que o homem vive, e de toda a gama de possibilidades e atrações que mundo exterior exerce sobre o ele. Assim, o homem constrói o mundo e este, por sua vez, propicia os elementos para a construção psicológica do homem. Acolher a abordagem sócio-histórica
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