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Polígrafo História da Psicologia COMPLETO

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1 
 
 
 
 
SOBRESP 
 FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
 
CURSO DE PSICOLOGIA 
PROFª Ms. ELIZABETH COELHO 
PROFª Ms. NAYANA MARIA SCHUCH PALMEIRO 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA PSICOLOGIA 
 
 
Desde o início formal da Psicologia, em 1879, seus métodos e objetos de 
estudos mudavam à medida que cada ideia nova atraía adeptos, passando a 
dominar a área durante um período.Assim, o estudo da história da psicologia 
concentra-se na sequência evolutiva das abordagens que definiram a psicologia 
ao longo dos anos. 
 
Para se obter uma melhor compreensão do campo da psicologia e de sua 
diversidade, é necessário que antes compreendamos sua história. Pois , essa 
nos mostra que sua multiplicidade não pressupõe uma imaturidade científica, 
mas mostra-nos que tal diversidade é,na verdade,produto de sua evolução 
histórica. Por isso é importante a abordagem, mesmo que sucinta, de alguns 
contextos históricos que propiciaram o desenvolvimento da psicologia,para que 
a conheçamos tal como é hoje. 
 
A história da Psicologia,como Ciência,tem por volta de 130 anos,considerando 
o ano de1879 quando Wilhem Wundt (1932-1920) instalou o Laboratório de 
Psicologia Experimental,em Leipzig, Alemanhã. 
 
Na história da Psicologia,duas vertentes de história são importantes. Uma 
vertente é quando retomamos a história grega, em um período anterior à era 
Cristã;a outra é quando retomamos o desenvolvimento da modernidade que 
é,efetivamente, a responsável pelo surgimento da Psicologia ,como Ciência. 
 
 
UNIDADE 1 – BASES FILOSÓFICAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O 
NASCIMENTO DA PSICOLOGIA: 
 
1.1-FILOSOFIA GREGA- SÓCRATES,PLATÃO E ARISTÓTELES. 
1.2-O RENASCIMENTO 
1.3-MODERNIDADE: ILUMINISMO E RACIONALISMO 
1.4-RENE DESCARTES E O PENSAMENTO CIENTÍFICO. 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
1.1-Filosofia Grega- Sócrates, Platão e Aristóteles 
 
Não havia Psicologia na Grécia Antiga. A Psicologia surge com Wundt, na 
Alemanha do final do sec. XIX, porém a preocupação com a alma e a razão 
humanas já existia entre os gregos, antes da era cristã. 
 
A história do pensamento humano tem um momento importante na Antiguidade, 
entre os gregos,considerados o povo mais evoluído nessa época. Tais avanços 
permitiram que o cidadão se ocupasse das coisas do espírito,como a Filosofia e 
a arte. Alguns homens,como Platão, Sócrates e Aristóteles,dedicaram-se a 
compreender esse espírito empreendedor do conquistador grego, ou seja, a 
Filosofia começou especular em torno do homem e da sua interioridade. 
 
3 
 
É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar um 
pensamento sobre o espírito humano, isto é, a interioridade humana. O próprio 
termo psicologia vem do grego psyché,que significa alma,e de logos, que 
significa razão. A alma ou espírito era concebida como a parte imaterial do ser1 
i2humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio,a 
irracionalidade,o desejo,a sensação e a percepção. 
 
Os filósofos pré-socráticos (assim chamados por antecederem o filósofo grego 
Sócrates) preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo por 
3meio da percepção. Discutiam se o mundo existe porque o homem o vê ou se 
o homem vê um mundo que já existe. 
 
Sócrates 
 
Sócrates nasceu em Atenas,em 470 a.C. Ele fundou a filosofia Ocidental. Seus 
primeiros estudos e pensamentos foram sobre a natureza da alma humana. 
 
Sócrates era considerado um dos mais sábios e inteligentes. Através da 
palavra,o filósofo tentava levar o conhecimento sobre as coisas do mundo e do 
ser humano. 
 
Sócrates não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega,pois defendia 
algumas idéias contrárias ao funcionamento da sociedade grega. Criticou muitos 
aspectos da cultura grega, afirmando que muitas tradições,crenças religiosas e 
costumes não ajudavam no desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos. 
 
 Em função de suas idéias inovadoras para a sociedade,começa a atrair a 
atenção de muitos jovens atenienses. Suas qualidades de orador e sua 
Inteligência, também colaboraram para o aumento de sua popularidade. 
Temendo algum tipo de mudança na sociedade,a elite mais conservadora de 
Atenas começa a encarar Sócrates como um inimigo público e um agitador em 
potencial. Foi preso, acusado de pretender subverter a ordem social, corromper 
a juventude e provocar mudanças na religião grega. Em sua cela foi condenado 
a suicidar-se tomando um veneno,em 399 a.C. 
 
Foi com Sócrates que as idéias sobre o mundo psicológico ganharam certa 
consistência. Sua principal preocupação era com o limite que separa o ser 
humano dos animais.Dessa forma postulava que a principal característica 
humana era a razão. A razão permitia ao ser humano sobrepor-se aos instintos, 
que seriam a base da irracionalidade.Ao definir a razão como peculiaridade 
humana ou como essência humana, Sócrates abre um caminho para a 
teorização sobre a consciência naquele momento, no campo da Filosofia. 
 
Platão 
Foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga. Platão fundou 
a Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo 
ocidental. 
 
 
 
 
4 
 
 
 Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, Platão ajudou 
a construir os alicerces da filosofia natural,da ciência e da filosofia ocidental. 
 
 Platão nasceu em Atenas, provavelmente em 427 a.C e morreu em 347 a.C. 
Inicialmente,Platão entusiasmou-se com a filosofia de Crátilo,um seguidor de 
Heráclito. No entanto,por volta dos 20 anos, encontrou o filósofo Sócrates e 
tornou-se seu discípulo até a morte deste. 
 
Pensamento Platônico 
 
Platão, discípulo de Sócrates, procurou definir um lugar para a razão em nosso 
próprio corpo.Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde se encontra a alma 
humana. A medula seria, portanto, o elemento de ligação da alma com o corpo. 
Esse elemento de ligação era necessário porque Platão concebia a alma 
separada do corpo. Quando alguém morria, a matéria (o corpo)desaparecia, mas 
a alma ficava livre para ocupar outro corpo. 
 
Platão acreditava que o homem estava em contato com dois tipos de realidade: 
a inteligível e a sensível. A primeira não muda. A segunda são todas as coisas 
que nos afetam os sentidos. 
 
 O foco de Platão são coisas como o ser humano, o bem ou a justiça. Platão 
passou a ideia que as pessoas têm características diferentes, tamanho, peso, 
cor, pensamento e tudo,mas todos eram humanos. 
 
Platão criou a teoria do conhecimento. Se alguém vê um objeto varias vezes,ela 
acaba por se lembrar aos poucos da idéia daquele objeto. 
 
 
Aristóteles 
 
O Filósofo grego Aristóteles nasceu em 384 a.C, na cidade antiga de Estágira, e 
morreu em 322 a.C. 
 
Seus pensamentos filosóficos e idéias sobre a humanidade tem influências 
significativas na educação e no pensamento ocidental contemporâneo. 
Aristóteles é considerado o criador do pensamento lógico. Suas obras 
influenciaram também na teologia medieval da cristandade. 
 
Aristóteles foi viver em Atenas aos 17 anos, onde conheceu Platão, tornando seu 
discípulo. Passou o ano de 343 a.C como preceptor do imperador Alexandre,o 
Grande,da Macedônia. Fundou em Atenas,no ano de 335 a.C a escola Liceu, 
voltada para o estudo das ciências naturais. Seus estudos filosóficos baseavam-
se em experimentações para comprovar fenômenos da natureza. 
 
O filósofo valorizava a inteligência humana, única forma de alcançar a verdade. 
Fez escola e seus pensamentos foram seguidos e propagados pelos discípulos. 
Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conhecimento: 
5 
 
política,lógica,moral,ética,teologia,pedagogia,metafísica,didática,poética,retóri-
ca,física, antropologia, psicologia e biologia. 
 
A contribuição de Aristóteles foi inovadora ao postular que alma e corpo não 
podem ser dissociados. Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida. 
Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta,possui a sua psyché ou alma. 
Dessa forma,os vegetais,osanimais e o ser humano teriam alma. Os vegetais 
teriam a alma vegetativa, que se define pela função da alimentação e 
reprodução. Os animais teriam essa alma e a alma sensitiva, que tem a função 
de percepção e movimento.E o ser humano teria os dois níveis anteriores e a 
alma racional, que tem a função pensante. 
 
1.2- O Renascimento 
 
O Renascimento promoveu uma reviravolta no comportamento do homem 
europeu. 
 
Entre os séculos XIV e XVI, muitas transformações aconteceram atingindo 
profundamente a forma pela qual o homem europeu encarava o mundo a sua 
volta. 
 
O Renascimento foi o período da história marcado por muitas mudanças que 
determinaram o reconhecimento de novos modos de pensar e executar as artes, 
as ciências e as relações político-sociais. 
 
O termo Renascimento, que advém da ideia de se "nascer outra vez", tem sua 
origem fixada no expresso interesse que os homens dessa época tinham nas 
manifestações da cultura greco-romana. 
 
Para alguns que vivenciaram tal época, a renascença buscava recuperar uma 
visão de mundo que havia sido deixada de lado com o forte sentimento religioso 
desenvolvido na Idade Média. 
 
O Renascimento tinha uma expressa tendência humanista. As preocupações, 
sentimentos e comportamentos humanos passavam a ser extremamente 
valorizados no campo da literatura, da pintura, da escultura e até nas instituições 
políticas. Nesse contexto , a Igreja começa a enfraquecer o antigo monopólio de 
conhecimento que lhe garantia posição central na produção do saber. 
 
Do ponto de vista histórico, todas essas inovações tiveram seus 
primeiros passos desenvolvidos no interior das ricas cidades comerciais 
italianas. Essas cidades recebiam pessoas de vários lugares que acabavam 
possibilitando a circulação de novos conhecimentos e valores. 
 
Além de modificar a natureza das artes, com a introdução de técnicas mais 
apuradas e o gosto pela temática humanística, o renascimento também provoca 
uma mudança no meio científico. Por meio de ações que envolviam a 
observação e a experimentação do mundo, os cientistas dessa época 
conquistaram importantes informações que contribuíram no desenvolvimento da 
medicina, da astronomia e da física. 
6 
 
 
O Renascimento não pode ser simplificado como uma mera substituição da 
forma medieval de se enxergar o mundo. Muitos artistas e estudiosos dessa 
época não abandonaram suas crenças e, em muitos casos, valorizaram 
trabalhos de temática religiosa. Foi uma importante experiência que ofereceu 
outra possibilidade do homem europeu lidar com o mundo à sua volta. 
 
Renascimento é o período em que ocorreu a transição para a sociedade 
moderna e se desenvolveu um processo de valorização do homem. As 
transformações ocorrem em todos os setores da produção humana. As ciências 
conhecem um grande avanço, por exemplo, em 1543, Copérnico causa uma 
revolução no conhecimento humano mostrando que o nosso 4planeta não é o 
centro do universo. E esse avanço contribui muito para o progresso a psicologia. 
 
 
1.3- Modernidade: Iluminismo e Racionalismo 
 
O iluminismo 
 
No século 18, a razão é vista também como guia para a discussão do problema 
moral (o problema da ação humana) e o filósofo é entendido como aquele que 
faz uso público da razão, ao usar sua liberdade de pensar diante de um público 
letrado. 
 
Immanuel Kant foi um filósofo de grande reputação, um dos maiores pensadores 
da filosofia do iluminismo , movimento cultural do século 17 e 18 caracterizado 
pela valorização da razão como instrumento para alcançar o conhecimento. 
 
 Kant, ao fundamentar na razão os princípios gerais da ação humana, elaborou 
as bases de toda ética que viria a seguir. A formulação do famoso "imperativo 
categórico" guiou seu pensamento no campo da moral e dos costumes. 
 
Tal como o Renascimento, o movimento iluminista tinha como pilar o 
racionalismo. Essa manifestação cultural ocorreu durante o auge do regime 
absolutista, nos séculos XVII e XVIII. O iluminismo começou na Inglaterra, mas 
foi na França onde surgiram os maiores eluministas. 
 
Essa filosofia serviu de pilar para os americanos do norte em sua luta pela 
independência, aos franceses na luta contra o absolutismo e ainda aos líderes 
da América Latina em seus movimentos de Independência. 
 
O iluminismo representa, na verdade, a culminância de um processo que 
começou no Renascimento, quando a razão se impôs como método de 
conhecimento do mundo. Os iluministas consideravam a razão indispensável ao 
estudo dos fenômenos naturais e sociais. Até a crença religiosa devia ser 
racionalizada. Eles acreditavam que Deus está presente na natureza, portanto 
também no próprio indivíduo, que pode descobrí-lo por meio da razão. 
 
 
 
7 
 
Em seus escritos, os pensadores iluministas insistiam : somente a partir do uso 
da razão os homens atingiriam o progresso em todos os sentidos. A razão 
permite instaurar no mundo uma nova ordem, caracterizada pela felicidade ao 
alcance de todos. Universalidade, individualidade e autonomia eram as palavras 
de ordem desse novo projeto civilizatório proposto pelos filósofos. 
 
Os três princípios básicos do ideário iluminista podem assim ser decodificados: 
Universalidade: o projeto visava a todos os seres humanos, independente de 
barreiras nacionais, étnicas ou culturais. 
Individualidade: os seres humanos devem ser vistos como pessoas concretas e 
não apenas como integrantes de uma coletividade. 
Autonomia: os homens estão aptos a pensar por si mesmos, sem a tutela da 
religião ou ideologia, e para agir no espaço público a fim de adquirir, por meio de 
seu trabalho, os bens e serviço necessários à sobrevivência material. 
 
O fim do século XVIII assistiria a grandes transformações. O absolutismo feudal 
e aristocrático, baseado em privilégios, estava a caminho do desaparecimento. 
Uma nova classe capitalista burguesa começava a se firmar. 
 
Os Pensadores Iluministas 
 
John Locke (1632-1704) 
Sobre a origem do Estado Locke afirmava que os homens viviam em estado 
natural, onde cada um, por conta própria, defendia os seus direitos naturais : 
vida, liberdade e propriedade. 
 
Montesquieu (1689-1755) 
Celebrizou-se com a teoria dos freios e contrapesos (divisão dos poderes), 
através da qual era necessário que o poder não se concentrasse nas mãos de 
apenas um indivíduo, pois havia uma tendência natural para o abuso do 
poder.Assim o poder devia ser contido pelo poder, através da divisão em 
executivo, legislativo e judiciário. 
 
Voltaire (1694-1778) 
Crítico mordaz da igreja.Pelo conteúdo de suas obras foi perseguido, exilado e 
preso várias vezes. Ataca o absolutismo e elogia a liberdade na Inglaterra. 
 
Jean -Jacques Rousseau (1712-1778) 
Discurso sobre a linguagem e os fundamentos da desigualdade entre os 
homens. Considerado o pai da democracia, destacou-se propondo a soberania 
popular. 
 
Racionalismo 
 
É a corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínio como uma 
operação mental, discursiva e lógica que usa uma ou mais proposições par 
extrair conclusões, ou seja, se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou 
provável. O racionalismo é em parte, a base da Filosofia, ao priorizar a razão 
como o caminho para se alcançar a verdade. 
 
8 
 
O racionalismo afirma que tudo o que existe tem uma causa inteligível, mesmo 
que causa não possa ser demonstrada empiricamente, tal como a causa da 
origem do universo. Privilegia a razão em detrimento da experiência do mundo 
sensível como via de acesso ao conhecimento. 
 
Considera a dedução como o método superior de investigação filosófica. É 
baseado nos princípios da busca da certeza, pela demonstração e análise, 
sustentados pelo conhecimento que não é inato nem decorre da experiência 
sensível mas é produzido somente pela razão. 
 
O racionalismo é a corrente central no pensamento liberal que se ocupa em 
procurar, estabelecer e propor caminhos para alcançar determinados fins. 
 
A matemática racionalista: o racionalismo como doutrina surgiu no século I a.C,enfatizando que tudo que existe tem uma causa. Séculos mais tarde, os filósofos 
racionalistas modernos utilizaram a matemática como instrumento da razão para 
explicar a realidade. 
 
1.4-Rene Descartes e o pensamento científico 
 
Na modernidade encontramos Rene Descartes (1596-1650), homem que 
definitivamente influencia o desenvolvimento do pensamento desse período. Era 
contemporâneo de Galileu Galillei e se considerava também cientista além de 
filósofo. 
 
Rene Descartes identifica o racional com o real, supondo a total inteligibilidade 
do real. Durante a renascença a sociedade adquire novos valores sociais e 
econômicos voltados a interesses humanistas, já libertos do absolutismo 
religioso. Apresenta o homem de uma maneira dissociada do pensamento 
cristão, afirmando que o homem é formado por uma substância física (corpo) e 
uma substância pensante mas que esta substância pensante não é um espírito 
abrindo caminho para o estudo da anatomia, proibida pela igreja, e contribuindo 
em muito para o progresso da psicologia. 
 
Descartes considerava um de seus objetivos primordiais a fundamentação da 
nova ciência natural então nascente, defendendo sua validade diante dos erros 
da ciência antiga e mostrando a necessidade de se encontrar o verdadeiro 
método científico que colocasse a ciência no caminho correto para o 
desenvolvimento do conhecimento, o que se propõe no discurso do método. 
 
Esse avanço na produção de conhecimentos propicia o início da sistematização 
do conhecimento científico. Com esse objetivo, Descartes elaborou um método 
baseado na geometria e baseado em quatro regras, as regras do método 
científico : 
 
O primeiro método era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que 
não conhecesse evidentemente como tal, isto é, de evitar a precipitação e a 
prevenção, e de nada incluir em meus juízos que não se apresente tão clara e 
tão distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo 
em dúvida. 
9 
 
 
O segundo método era o de dividir cada uma das dificuldades que eu 
examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas necessárias 
fossem para melhor resolvê-las. 
 
O terceiro método era o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando 
pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, 
como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo 
uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros. 
 
O quarto método era o de fazer em toda parte enumerações tão completas e 
revisões tão gerais, que se tivesse a certeza de nada omitir. 
 
Todo esse processo foi acelerado pela chamada Revolução Científica, que 
estabeleceu o método científico (baseado na observação e na experimentação) 
como instrumento para desvendar os segredos da natureza. Novas descobertas 
acenderam a imaginação de homens e mulheres e a razão passou a disputar o 
lugar até então ocupado pelo pensamento religioso. 
 
O uso da razão era visto como uma possibilidade universal, ou seja, toda a 
humanidade poderia utilizá-la para compreender melhor o universo. 
 
UNIDADE 2 – CONTEXTO HISTÓRICO PARA O SURGIMENTO DO 
PENSAMENTO CIENTÍFICO E DA CIÊNCIA EM PSICOLOGIA 
 
2.1- LOTZE E A PSICOLOGIA FISIOLÓGICA 
2.2- WEBER, HELMHOLTZ E FECHNER E A PSICOFÍSICA 
2.3- A PSICOLOGIA EXPERIMENTAL DE WUNDT. 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
2.1- Lotze e a psicologia fisiológica 
 
Psicologia Fisiológica 
 
A psicologia fisiológica é uma das áreas da psicologia, onde se estuda as bases 
fisiológicas de como nosso cérebro funciona e como nós pensamos, conectando 
as operações físicas do cérebro com o que fazemos e dizemos. Estuda os 
mecanismos neurais do comportamento por meio da manipulação direta do 
cérebro em experimentos controlados, métodos cirúrgicos e elétricos de 
manutenção cerebral são mais comuns. Os sujeitos da pesquisa em psicologia 
fisiológica quase sempre são animais de laboratório. Isso porque o foco na 
manipulação direta do cérebro e de experimentos controlados impede o uso de 
sujeitos humanos na maioria dos casos. Também há uma tradição de pesquisa 
pura na psicologia fisiológica: a ênfase está em pesquisas que contribuam para 
o desenvolvimento de teorias do controle neural do comportamento em vez de 
pesquisas que apontem para algum benefício prático imediato. 
A pesquisa fisiológica que estimulou e orientou a nova psicologia era produto 
do trabalho científico do fim do século XIX. Assim como todos os demais 
esforços, esse também teve predecessores, trabalhos iniciais que serviram de 
10 
 
base a ele. A fisiologia tornou-se uma disciplina, voltada aos experimentos, 
durante a década de 1830. 
Muitos dos primeiros fisiologistas realizaram suas pesquisas diretamente nos 
tecidos cerebrais e essas contribuições foram substanciais para o estudo das 
funções do cérebro. Esses esforços foram as primeiras tentativas de 
mapeamento das funções cerebrais, ou seja, de determinar as partes específicas 
do cérebro responsáveis pelo controle das diferentes funções cognitivas. A 
importância desse trabalho para a psicologia não se restringe à delimitação das 
áreas especializadas do cérebro, como reside também no refinamento dos 
métodos de pesquisa que mais tarde viriam a ser amplamente usados na 
psicologia fisiológica. 
 
Lotze Rudolf Rudolph Hermann (1817- 1881) 
 
Estudou Filosofia e Ciências Naturais na Universidade de Leipzig. Ingressou 
como estudante de medicina quando tinha 17 anos. Seus primeiros estudos 
estiveram centrados, principalmente, em dois interesses distintos: o primeiro era 
científico, como estudos matemáticos e físicos, o outro era seu interesse estético 
e artístico. Foi professor filosofia na Universidade em Leipzig até o ano de 
1991,quando,pouco antes de sua morte foi nomeado para uma cadeira de 
filosofia na Universidade de Berlim. 
 
Ao final dos estudos, Lotze fez, em 1840, uma “Habilitation”, na Alemanha. Um 
grau superior ao doutorado, em Filosofia. 
 
As publicações de Lotze, 1817-1881, exerceram grande influência na Filosofia 
Alemã nos séculos 19 e 20. Ele também foi precursor da Psicologia Científica na 
Alemanha. 
 
Suas idéias filosóficas foram determinadas pelos conflitos entre estética e 
princípios cientistas baseados em empirismo. De acordo com Lotze, o ser 
humano está sujeito no corpo e mente com as mesmas regras naturais que 
objetos inanimados. Na tentativa de descobrir algumas das bases fisiológicas da 
psicologia,Lotze teve grande influência sobre o desenvolvimento da psicologia 
experimental. 
 
Entre os seus escritos incluem fisiologia geral da vida do corpo (1851), psicologia 
médica ou a fisiologia da alma (1852). 
 
 
2.2- Weber- Helmholtz e Fechner e a psicofísica 
 
A psicofísica é o ramo mais antigo da Psicologia atual, a qual se dedica ao estudo 
dos comportamentos do cérebro e dos processos mentais, seja de um indivíduo 
ou de um grupo. A concepção moderna de psicofísica propõe uma 
complementação, acrescentando aos conceitos de psicofísica interna e externa, 
a neurofisiologia. Com a possibilidade de se medir objetivamente eventos 
neurais, surgiram possibilidades de estudos quantitativos correlacionais entre a 
percepção e os correlatos neurais destas. Neste quadro atual, a psicofísica 
externa se mantém como a relação entre as alterações realizadas no estímulo e 
11 
 
as alterações nas respostas subjetivas. A psicofísica interna passa a ser uma 
avaliação quantitativa da atividade neural durante os processos perceptuais e, a 
aquisição da neurofisiologia para o estudo das percepções 
 
A compreensão dos processos internos está continuamente ganhando conteúdo 
que permite, cada vez mais, ter acesso aos eventos mentais mais complexos. 
 
Estudos correlacionais envolvendo psicofísica, eletrofisiologia e avaliação de 
atividade cerebral por técnicas de neuroimagem funcional, estão na fronteira do 
conhecimento sobre a mente. 
 
A psicofísica,após receber extensões e modificações metodológicas,mantém 
ativa a sua atividade científica, contribuindoao lado das neurociências para as 
descobertas das propriedades da mente e de sua relação com o cérebro. 
Além do desenvolvimento, os estudos psicofísicos podem nos oferecer valiosas 
quantificações e informações sobre processamento mental de aspectos 
emocionais. 
 
Ernstheinrich Weber (1795-1878 
 
Nasceu em Wittengerg, Alemanha e recebeu o seu doutorado na Universidade 
de Leipzig em 1815, onde também lecionou anatomia e fisiologia de 1817 até a 
sua aposentadoria em 1871. 
 
Seu principal interesse de pesquisa foi a fisiologia dos órgãos sensoriais, área 
em que deu notáveis e duradouras contribuições. As pesquisas sobre os órgãos 
sensoriais tinham se limitado quase exclusivamente aos sentidos superirores da 
visão e da audição. O trabalho de Weber consistiu sobretudo em explorar novos 
campos,principalmente as sensações cutâneas e musculares. Ele merece 
destaque especial por ter aplicado os métodos experimentais da fisiologia a 
problemas de natureza psicológica. Suas principais contribuições à psicologia 
são o seu trabalho sobre o limiar de dois pontos de discriminação da pele e a 
diferença apenas perceptível detectada pelos músculos. Seus experimentos 
sobre o tato marcaram uma mudança fundamental no status do objeto de estudo 
da psicologia. Weber uniu a psicologia às ciências naturais e ajudou a abrir 
caminho para o uso da pesquisa experimental no estudo da mente. 
 
É em meados do século XIX que os problemas e temas da psicologia, até então 
estudados exclusivamente pelos filósofos, passam a ser, tambem, investigados 
pela fisiologia e pela neurofisiologia em particular. Os avanços que atingiram 
também essa área levaram à formulação de teorias sobre o sistema nervoso 
central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos 
humanos eram produtos desse sistema. Para se conhecer o psiquismo humano 
passa a ser necessário compreender os mecanismos e o funcionamento da 
máquina de pensar do homem - seu cérebro. Assim, a psicologia começa a trilhar 
os caminhos da fisiologia, neuroanatomia e neurofisiologia. Algumas 
descobertas são extremamente relevantes para a psicologia. Por exemplo, por 
volta de 1846, a neurologia descobre que a doença mental é fruto da ação direta 
ou indireta de diversos fatores sobre as células cerebrais. A neuroanatomia 
descobre que a atividade motora nem sempre está ligada à consciência, por não 
12 
 
estar necessariamente na dependência dos centros cerebrais superiores. O 
caminho natural que os fisiologistas da época seguiam, quando passavam a se 
interessar pelo fenômeno psicológico enquanto estudo científico, era a 
psicofísica. Estudavam, por exemplo, a fisiologia do olho e a percepção das 
cores. Por volta de 1860, temos a formulação de uma importante lei no campo 
da psicofísica. É a lei de Fechner-Weber, que estabelece a relação entre 
estímulo e sensação, permitindo a sua mensuração. Essa lei teve muita 
importância na história da psicologia, porque instaurou a possibilidade de medida 
do fenômeno psicológico, o que até então era considerado impossível. 
 
Dessa forma, os fenômenos psicológicos vão adquirindo status científicos, 
porque, para concepção de ciências da época, o que não era mensurável não 
era passível de estudo científico. 
 
Outra contribuição muito importante nesses primórdios da psicologia científica é 
a de Wilhelm Wundt (1832-1926). Wundt cria na Universidade de Leipzig, na 
Alemanha, o prmeiro laboratório para realizar experimentos na área de 
psicofisiologia. Por esse fato e por sua extensa produção teórica na área, ele é 
considerado o pai da psicologia moderna ou científica. 
 
Hemann Helmholtz (1821-1894) 
 
Grande pesquisador no campo da física e da fisiologia, foi um dos maiores 
cientistas do século XIX. A psicologia estava em terceiro lugar entre as áreas de 
suas contribuições científicas, contudo, o seu trabalho, ao lado do de Fechner e 
Wundt, foi decisivo para a fundação da nova psicologia. 
 
Nascido em Potsdam, Alemanha, onde seu pai era professor no Gynnasium (na 
Europa, um liceu preparatório para a universidade), Helmholtz foi educado em 
casa por causa de sua saúde delicada. 
 
Aos dezessete anos, ingressou num Instituto Médico de Berlim em que não se 
cobravam anuidades de quem se dispusesse a ser cirurgião do exército depois 
da graduação.Serviu por sete anos, período durante o qual prosseguiu seus 
estudos de matemática e física. 
 
Apresentou uma tese sobre a indestrutibilidade da energia, na qual formulou 
matematicamente a lei da conservação de energia. Quando deixou o exército, 
aceitou o cargo de professor associado de fisioloia da universidade de 
Konigsber. Nos trinta anos seguintes, exerceu funções acadêmicas no campo de 
fisiologia em universidades de Bonn e Heidelbeg e, no da física, em Berlim. 
Helmholtz escreveu sobre assuntos diversos, desde a idade da terra até a 
formação do sistema solar: 
 
- na fisiologia e na psicologia fisiológica, contribuiu com teorias da visão, da 
percepção visual, percepção espacial, visão a cores, sensação de tom sonoro, 
percepção do som, etc. 
- na física, é conhecido pelas suas teorias da conservação da energia, trabalhos 
em eletrodinâmica, termodinâmica química e numa fundação mecânica para 
termodinâmica. 
13 
 
- na filosofia, é conhecido por sua filosofia da ciência, ideias sobre a relação entre 
as leis da percepção e as leis da natureza, sobre a estética e ideias sobre o 
poder civilizador da ciência. 
 
Gustavtheodor Fechner (1801-1887) 
 
Poeta, fisiologista, físico, psicofísico,é considerado um dos grandes 
intervenientes na construção da história da psicologia. A sua principal 
contribuição ao mundo da psicologia foi a psicofísica que deu origem à psicologia 
experimental. 
 
Quando Fechner desenvolveu a psicofísica, seu objetivo eraapresentar um 
método científico de estudo das relações entre corpo e mente, ou mais 
precisamente, entre os mundos físico e fenomenológico (1860). Para ele, o 
mundo físico e o mundo psicológico eram apenas reflexos diferentes da mesma 
realidade.Os processos do corpo (os processos cerebrais) seriam os processos 
de um ponto de vista externo ou objetivo, enquanto que os processos mentais 
se refeririam aos processos internalizados ou subjetivos. A fisiologia sensorial na 
época em que a psicofísica foi desenvolvida era apoiada apenas no fenômeno 
subjetivo, isto é, na percepção, em vez de atividades neurais e potenciais 
elétricos registrados em receptores sensoriais. No entanto, Fechner criou o 
conceito de Psicofísica interna para se referir às funções neurais ou às relações 
sensoriais e as suas respectivas atividades neurais que a suportam. Ele tinha 
consigo que os eventos neurais, ainda bastante desconhecidos naquele 
momento, tinham parte importante no entendimento desta relação entre mundo 
objetivo e subjetivo. Assim, Fechner considerava como psicofísica externa a 
relação entre sensações(ou seja, o fenômeno)e as correspondentes 
propriedades físicas e as variações dos próprios objetos. A psicofísica interna se 
manteve no plano dos conceitos teóricos enquanto que a psicofísica externa 
proporcionou a base para a criaçção de métodos de estudo dos processos 
sensoriais e cerebrais. 
 
Para Fechner, a concepção de psicofísica se colocava em um extremo o evento 
físico, caracterizado pela apresentação controlada e sistemática de suas 
características físicas, ligada ao outro extremo pelo evento subjetivo, 
caracterizado pela resposta sensorial ou perceptual. 
 
Assumindo uma posição central entre estes dois eventos, ele posicionava a 
atividade neural qu serviria de substrato fisiológico do evento perceptual. Temos, 
então, a descrição de uma relação entre os eventos subjetivos com as atividades 
neurais, mantidas em plano teórico. Eis o pono forte da psicofísica. Pela ligação 
comum que se faz da psicofísica externa com a psicofísica interna pelos eventos 
subjetivos, temos a possibilidade de inferir regras sensoriais ou neurais para o 
processamento e a transformação do estímulo. 
 
2.3-A psicologia experimental de Wundt. 
 
Wundt é considerado por muitos estudiosos como o pai da Psicologia. Sem 
dúvida, a posição de destaque que Wundt ocupa entre os psicólogos e a sua 
influência internacional, gigantesca, tem sua fundamentação numa série de 
14 
 
circunstâncias: Wundt não se limitou a criar em 1879, em Leipzig, o primeiro 
laboratório destinado à investigação experimental dos fenômenos da 
consciência, fato que muitos consideraram o marco inicial da Psicologia como 
ciência independente. 
 
Ele desenvolveu, além disso, um sistema amplo para o nascimento desta nova 
ciência, pesquisando aspectos que iam desde a Psicologia Experimental 
Fisiológica até a Psicologia dos Povos, dando origem àquilo que hoje se conhece 
como Psicologia Social e Comunitária. Essa ampla gama de estudos dentro da 
Ciência Psicológica demonstrava que Wundt possuía invulgar capacidade e 
fecundidade para o trabalho. 
 
Apesar da grandiosa concepção fundamental, a Psicologia dos Povos de Wundt 
não levou a quaisquer resultados duradouros precisamente no que se refere à 
compreensão dos fenômenos mais complexos ou mesmo daqueles que dizem 
respeito ao desenvolvimento humano. Mesmo porque Wundt não chegou a 
desenvolver um conceito preciso daquilo que seria essa área da Psicologia,a 
Psicologia dos Povos. 
 
Wundt é entre os “fundadores” da psicologia o autor que mais sofreu distorção 
de suas idéias na literatura psicológica. É antes de tudo um filósofo, que formulou 
um sistema de filosofia, uma teoria do conhecimento, uma ética e uma 
metafísica. Sem uma adequada compreensão de seus escritos filosóficos, os 
problemas relativos à interpretação de sua psicologia não poderão ser 
satisfatoriamente resolvidos. (Araújo, 2005). 
 
Em 1862 Wundt colocou três tarefas para sua vida, a criação de: (a) uma 
psicologia experimental; (b) uma metafísica científica; e (c) uma psicologia 
social. 
 
Wundt tinha 69 anos de idade quando publicou o primeiro dos dez volumes de 
sua Völkerpsychologie. Terminou seu último volume em 1920 e, como boa 
medida, acrescentou uma breve autobiografia e então morreu, duas semanas 
depois. Calcula-se que ele tenha escrito mais de 54 mil páginas durante sua vida. 
 
O segundo objetivo de Wundt, elaborado entre 1880 até 1900, era a criação de 
uma metafísica ou filosofia científica. Aqui, Wundt elaborou três obras que 
compõem sua metafísica científica: uma de Lógica (conjunto de estudos que 
visam determinar quais são os processos intelectuais ou as categorias racionais 
para a apreensão do conhecimento); uma Ética (conjunto de estudos dos juízos 
de apreciação da conduta humana); e uma de Sistemas Filosóficos (conjunto de 
estudos das principais concepções filosóficas para Wundt). (Bernardes, 1998) 
 
A crença de Wundt de que a ciência experimental que ele criara em Leipzing era 
um projeto limitado, conduziu a seu repúdio pela geração mais jovem de 
psicólogos experimentais. Não podiam perdoar o fundador da sua disciplina por 
ter afirmado que a psicologia era apenas em parte um ramo das ciências 
naturais. Wundt afirmava que não era possível estudar os processos mentais 
mais profundos de maneira experimental. 
 
15 
 
Para a geração mais nova de experimentalistas, especialmente Külpe e 
Ebbinghaus, o organismo substituiu a psique como foco de atenção. A 
substituição da psique pelo organismo, foi um passo preliminar importante no 
processo de considerar a psicologia como um ramo das ciências naturais. Esse 
fato marca também a transição da filosofia para a biologia como a disciplina-mãe 
para a psicologia. 
 
 
UNIDADE 3 - O SURGIMENTO DAS DIFERENTES CORRENTES DO 
PENSAMENTO EM PSICOLOGIA 
 
3.1- ESTRUTURALISMO E FUNCIONALISMO 
3.2- ASSOCIACIONISMO 
3.3- BEHAVIORISMO 
3.4- PSICANALISE 
3.5- GESTALT E PSICOLOGIA HUMANISTA 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
3.1- Estruturalismo e Funcionalismo 
 
Foi com Wilheim Wundt que nasceu a psicologia moderna, uma ciência separada 
da filosofia. Através do seu laboratório na Alemanha, Wundt realizava testes que 
pudessem demonstrar os fenômenos da consciência e conhecer as estruturas 
da mente. Para isso, utilizou a introspecção: apresentava-se um estímulo visual 
ou um som a indivíduos, e estes teriam que descrever as sensações e 
sentimentos da experiência consciente, o que faz com que o objetivo fosse 
descrever uma experiência (pela intensidade, duração, modo) sem interpretar o 
que estava a acontecer. 
 
É importante para a Psicologia a fusão da Fisiologia (ramo da Medicina),estudo 
do cérebro e Filosofia, a maneira como as pessoas utilizam o raciocínio e tiram 
conclusões. Esta síntese foi realizada por Wundt. 
 
Surgiram inicialmente duas escolas psicológicas: Estruturalismo (estudo das 
estruturas da mente) e Funcionalismo (estudo das funções que desempenham 
tais estruturas). 
 
Estruturalismo 
 
Primeira Escola do pensamento em Psicologia. Foi uma escola mais pura 
(buscava o conhecimento) do que aplicava (prática). 
 
Caráter científico: pesquisas empíricas de natureza fisiológica, experimentação 
e quantificação sistemática em laboratório. Influenciou a Psicologia Cognitiva: o 
moderno estudo da estrutura da percepção, da inteligência, da criatividade, etc. 
 
O Estruturalismo influenciou diversas áreas da ciência, pois estuda os elementos 
básicos dos fenômenos: moléculas, células, consciência, e as relações entre tais 
estruturas. Na Psicologia o foco foi a estrutura da mente: buscando os fatores 
16 
 
constituintes da percepção (formas, cores, combinações e relações entre estes 
elementos. 
 
Edward Bradford Titchener (1867-1927) 
 
Apesar de ser um fiel seguidor de Wundt, Titchener alterou o sistema de 
psicologia ao levá-lo da Alemanha para os Estados Unidos. Ele apresentou uma 
abordagem própria, à qual denominou estruturalismo, embora alegasse tratar do 
mesmo sistema estabelecido por Wundt. Na realidade,os dois eram 
completamente distintos e a denominção "estruturalismo" é adequada para 
definir apenas a psicologia de Titchener.O estruturalismo permaneceu em 
evidência por cerca de 20 anos nos Estados Unidos. 
 
Wundt havia identificado elementos ou conteúdos da consciência, mas a questão 
que mais chamava a sua atenção era a organização desses elementos, ou seja, 
a sua síntese em processos cognitivos superiores por meio da percepção. Na 
opinião de Wundt, a mente era dotada do poder de organização voluntária dos 
elementos mentais, posição divergente da explicação mecanicista da 
passividade mental sustentada pela maioria dos empiristas e associacionistas 
britânicos. 
 
Titchener se concentrava nos elementos ou conteúdos mentais, assim como na 
conexão mecânica mediante o processo de associação, mas descartava a 
doutrina da percepção de Wundt.O seu enfoque estava nos elementos, 
propriamente ditos e, em sua opinião, a principal tarefa da psicologia consistia 
na descoberta da natureza das experiências conscientes elementares, a 
determinação da estrutura da consciência mediante análise das suas partes 
componentes. 
 
Introspecção 
 
Titchener empregava a introspecção, ou auto-observação, com base em 
observadores rigorosamente treinados para descrever os elementos no seu 
estado consciente, em vez de relatar o estímulo observado ou percebido, 
utilizando apenas nomes conhecidos. Percebeu que todos aprendemos a 
descrever a experiência no que se refere a estímulo, por exemplo, chamar o 
objeto vermelho, redondo e brilhante de maçã, o que é suficiente e útil para o 
cotidiano. 
 
Titchener adotou a mesma definição de Kulpe para descrever o seu método, 
introspecção experimental sistemática. Como Kulpe, ele utilizava relatos 
detalhados, subjetivos e qualitativos das atividades mentais dos indivíduos 
durante o ato de introspecção. Ele se opunha à abordagem de Wundt, cujo foco 
era as mensurações quantitativas e objetivas, porque acreditava não serem úteis 
na análise das sensações e imagens elementares da consciência, ponto central 
da sua psicologia. 
 
Em outras palavras, Titchenerdivergia de Wundt porque estava interessado em 
analisar a experiência consciente complexa a partir das partes componentes, e 
17 
 
não a síntese dos elementos mediante a percepção. Titchener dava ênfase às 
partes, enquanto Wundt, ao todo. 
 
Os elementos da consciência 
 
Titchener apresentou três propostas básicas para a psicologia: 
 
1-Reduzir os processos conscientes a seus componentes mais simples; 
2-Determinar as leis de associação desses elementos da consciência; 
3-Conectar os elementos às suas condições fisiológicas. 
 
Assim, as metas da psicologia estrutural de Titchener coincidem com as das 
ciências naturais.. A parte principal da pesquisa de Titchener dedicava-se a 
descobrir os elementos da consciência. Ele definiu três estados elementares da 
consciência: o estado da sensação, o da imagem e os estados afetivos. As 
sensações são elementos básicos da percepção e estão presentes nos sons, 
nas visões, nos cheiros e nas outras experiências provocadas pelos objetos 
físicos do ambiente. As imagens são elementos das ideias e estão no processo 
que reflete as experiências não realmente presentes no momento, mas como a 
lembrança de uma experiência do passado. Os estados afetivos, são elementos 
da emoção e encontram-se nas experiências como o amor, o ódio e a tristeza. 
 
Titchener acreditava que estava estabelecendo uma base para a psicologia, no 
entanto seus esforços fizeram parte apenas de uma fase da história da disciplina. 
A era do estruturalismo entrou em colapso quando ele morreu, e o fato de essa 
escola ter se mantido por tanto tempo, deve ser atribuído como um verdadeiro 
tributo à sua personalidade dominadora. 
 
Apesar de todas as críticas ao movimento estruturalista, os historiadores dão o 
devido crédito às contribuições de Titchener e dos estruturalistas. Seu objeto de 
estudo, a experiência consciente, era claramente definido. Seus métodos de 
pesquisa, baseados na observação, experimentação e medição, eram 
cientificamente os mais tradicionais. 
Embora o objeto de estudo e os propósitos dos estruturalistas não sejam mais 
fundamentais, o método de introspecção, mais amplamente definido , ainda é 
empregado em diversas áreas da psicologia. 
 
Funcionalismo 
 
Charles Darwin, com sua noção de evolução, mudou o foco da nova psicologia 
da estrutura da consciência para as suas funções. Era inevitável que a escola de 
pensamento funcionalista se desenvolvesse. 
 
O funcionalismo se preocupa com as funções da mente, em como ela é usada 
por um organismo para se adaptar a seu ambiente. O movimento da psicologia 
funcional focou em uma questão prática: O que os processos mentais 
conseguem realizar? Os funcionalistas estudaram a mente não do ponto de vista 
de sua composição, seus elementos mentais ou sua estrutura, mas sim como 
um aglomerado ou acúmulo de funções e processos que levam a consequências 
práticas no mundo real. As pesquisas realizadas por Wundt e Titchener nada 
18 
 
revelaram sobre os resultados ou realizações da atividade mental humana, mas 
este não era o objetivo.Tais preocupações utilitárias eram incomparáveis com a 
sua abordagem puramente científica da psicologia. 
 
Como um primeiro sistema de psicologia, puramente norte-americana, o 
funcionalismo foi um protesto deliberado contra a psicologia experimental de 
Wundt e a psicologia estrutural de Titchener, ambas vistas como restritivas 
demais. Essas primeiras escolas de pensamento não podiam responder às 
perguntas que os funcionalistas estavam fazendo: O que a mente faz? E como 
age? 
 
Como resultado dessa ênfase nas funções mentais, os funcionalistas passaram 
a se interessar pelas aplicações em potencial da psicologia aos problemas da 
vida diária, de como as pessoas funcionam e se adaptam a diferentes ambientes. 
O rápido desenvolvimento da psicologia aplicada nos Estados Unidos pode ser 
considerado o legado mais importante do movimento funcionalista. 
 
O funcionalismo é o estudo das funções e processos mentais. Estuda os 
processos do pensamento. Para que servem estas estruturas e qual a sua 
função e como e para que a mente funciona. 
 
A psicologia funcional é a psicologia da operação mental, sua tarefa é descobrir 
o modo operante do processo mental, as suas realizações e as condições sob 
as quais ocorre.É a psicologia das utilidades fundamentais da consciência. A 
consciência é vista como um instrumento utilitário, já que faz a mediação entre 
as necessidades do organismo e as condições do ambiente. É a psicologia das 
relações mente-corpo e dedica-se ao estudo de todas as relações entre o 
organismo e seu ambiente.Seu objeto de estudo é a atividade mental 
representada pelos processos mentais: memória, percepção, sentimento, 
imaginação, julgamento e vontade. 
 
A teoria da evolução de Darwim foi comprovadamente um estímulo para o 
desenvolvimento da psicologia animal. "Em nenhuma outra área da psicologia, 
Darwim teve um efeito mais profundo e imediato que no estudo do 
comportamento dos animais." O trabalho de Darwim alterou essa visão 
conformista, pois suas conclusões apontaram para a inexistência de qualquer 
distinção evidente entre a mente humana e a animal. Assim, os cientistas 
propuseram a continuidade entre todo aspecto mental e físico dos seres 
humanos e dos animais, com base na teoria de que o homem descende do 
animal por meio do contínuo processo de desenvolvimento evolutivo. Darwim 
afirmou: "Não existe diferença fundamental entre o homem e os mamíferos 
superiores em relação às faculdades mentais." (1871). E ainda, acreditava que 
os animais inferiores sentiam prazer e dor, alegria e tristeza, tinham sonhos e 
até certo grau de imaginação. Desse modo, estava lançado o desafio para os 
cientistas buscarem as provas da existência da inteligência animal. 
 
Nem o grande experimentalista Wundt escapou dessa tendência. Em 1863, 
antes de tornar-se o primeiro psicólogo da história, ele escreveu a respeito das 
habilidades intelectuais de vários seres vivos, desde besouros até castores. 
Trinta anos depois, a sua generosidade em relação à inteligência animal havia 
19 
 
diminuído, mas durante algum tempo sua afirmação juntou-se às várias que 
sugeriam serem os animais tão bem dotados quanto os seres humanos. 
É nítida a oposição entre estruturalismo e funcionalismo. Enquanto que o 
estruturalismo se preocupa com os elementos da consciência, o funcionalismo 
preocupa-se com a função da consciência e do comportamento. 
 
3.2- Associacionismo 
 
A teoria associacionista, antecessora do comportamentalismo ou behaviorismo, 
inspirada na filosofia empirista e positivista, atribuiu exclusivamente ao 
ambiente a constituição das características humanas e privilegia a 
experiência como fonte do conhecimento e de formação de hábitos de 
comportamento. Assim as características individuais são determinadas por 
fatores externos ao indivíduo. Nesta abordagem, desenvolvimento e 
aprendizagem se confundem e ocorrem simultaneamente. 
 
O Associacionismo ou Conexionismo se interessa pela investigação de animais 
em condições controladas de laboratório. Acredita que o estudo do 
comportamento animal permite acesso ao modo humano de solucionar 
problemas. O termo Associacionismo origina-se da concepção de que a 
aprendizagem se dá por um processo de associação de ideias. Das mais 
simples às mais complexas. Assim, para aprender um conteúdo complexo, a 
pessoa precisaria primeiro aprender as ideias mais simples, que estariam 
associadas àquele conteúdo. 
 
"Aprendizagem se produz por mero acidente, sem participação inteligente e 
compreensiva de quem a realiza, pelo fortalecimento da resposta correta dentre 
muitas esboçadas, pela influência do exercício e do efeito." 
 
O principal representante do Associacionismo é Edward L. Thorndike, e sua 
importância está em ter sido o formulador de uma primeira teoria de 
aprendizagem na psicologia. Sua produção de conhecimentos pautava-se por 
uma visão de utilidade deste conhecimento, muito mais do que por questões 
filosóficasque perpassam a psicologia. 
 
Edward Lee Thorndike formulou a Lei do Efeito, que seria de grande utilidade 
para a Psicologia Comportamentalista. De acordo com essa lei, todo 
comportamento de um organismo vivo, tende a se repetir, se for 
recompensado(efeito) assim que este emitir o comportamento. Por outro lado, o 
comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for castigado(efeito) 
após sua ocorrência. 
 
Pela Lei do Efeito o organismo vai associar essas situações com outras 
semelhantes. 
 
3.3- Behaviorismo 
 
Behaviorismo, também conhecido como comportamentalismo, é uma área 
da psicologia, que tem o comportamento como objeto de estudo. 
 
20 
 
O behaviorismo surgiu como oposição ao funcionalismo e estruturalismo, e é 
uma das três principais correntes da psicologia, juntamente com a psicologia da 
forma (Gestalt) e psicologia analítica (psicanálise). 
 
Esta palavra tem origem no termo behavior, que em inglês 
significa comportamento ou conduta. 
 
Em 1913, foi publicado um artigo com o nome “Psicologia: como os behavioristas 
a veem” da autoria do psicólogo estadunidense John Watson (reconhecido como 
pai do Behaviorismo Metodológico). Mais tarde, em 1914, na obra de 1914 
intitulada Behavior, Watson abordou mais uma vez o conceito de psicologia do 
comportamento. Watson se baseou em teorias e noções de vários pensadores 
e autores como Descartes, Pavlov, Loeb e Comte. 
 
O behaviorismo contempla o comportamento como uma forma funcional e 
reacional de organismos vivos. Esta corrente psicológica não aceita qualquer 
relação com o transcendental, com a introspecção e aspectos filosóficos, mas 
pretende estudar comportamentos objetivos que podem ser observados. 
 
De acordo com Watson, o estudo do meio que envolve um indivíduo possibilita 
a previsão e o controle do comportamento humano. 
 
Behaviorismo radical de Skinner 
 
O behaviorismo radical, conceito proposto pelo psicólogo americano Burrhus 
Frederic Skinner, era oposto ao behaviorismo de Watson. Segundo Skinner, 
o behaviorismo radical é a filosofia da ciência do comportamento humano, onde 
o meio ambiente era o responsável pelo comportamento humano. Esta vertente 
do behaviorismo teve grande popularidade no Brasil e nos Estados Unidos. 
 
Skinner era claramente contra a utilização de elementos não observáveis para 
explicar a conduta humana. Assim, os aspectos cognitivos não são 
considerados, porque o ser humano é visto como um ser homogêneo, e não 
como um ser que é composto pelo corpo e mente. 
 
O behaviorismo radical contempla os estímulos dados aos indivíduos pelo meio 
ambiente. De acordo com Skinner, esses meios eram conhecidos como punição, 
reforço positivo e reforço negativo. 
 
 
Behaviorismo na educação 
 
No âmbito da educação, o behaviorismo remete para uma alteração do 
comportamento dos elementos envolvidos no processo de aprendizagem, sendo 
que essa mudança nos professores e alunos poderia melhorar a aprendizagem. 
Para Watson, a educação é um importante elemento capaz de transformar a 
conduta de indivíduos. 
 
21 
 
Além disso, Watson acreditava que com os estímulos específicos, era possível 
"transformar" e "moldar" o comportamento de uma criança, para que ela pudesse 
exercer qualquer profissão por ela escolhida. 
 
Esta linha de pensamento conduz a uma tese sobre o sistema de aprendizagem, 
apoiada sobre mapas cognitivos - interações-estímulo-estímulo, gerados nos 
mecanismos cerebrais. Assim, para cada grupo de estímulos o indivíduo produz 
um comportamento diferente e, de certa forma, previsível. Tolman, ao contrário 
de Watson, vale-se dos processos mentais em suas pesquisas , reestruturando 
a linha mentalista através da simbologia comportamental. Ele via também no 
comportamento uma intencionalidade, um objetivo a ser alcançado, com traços 
de uma intensa persistência na perseguição desta meta. Por estas 
características presentes em sua teoria, este autor é considerado, portanto, um 
precursor da Psicologia Cognitiva. 
 
O behaviorismo filosófico é uma teoria que se preocupa com o sentido dos 
pensamentos e das concepções, baseado na idéia de que estado mental e 
tendências de comportamento são equivalentes, melhor dizendo, as exposições 
dos modos de ser da mente humana é semelhante às descrições de padrões 
comportamentais. Esta linha teórica analisa as condições intencionais da mente, 
seguindo os princípios de Ryle e Wittgenstein. O behaviorismo não ocupa mais 
um espaço predominante na Psicologia, embora ainda seja um tanto influente 
nesta esfera. O desenvolvimento da neurociência, que ajuda a compreender 
melhor, hoje, o que ocorre na mente humana em seus processos internos, aliado 
à perda de prestígio dos estímulos como causas para a conduta humana, e 
somado às críticas de estudiosos renomados como Noam Chomsky, o qual 
alega que esta teoria não é suficiente para explicar fenômenos da linguagem e 
da aprendizagem, levam o Behaviorismo a perder espaço entre as teorias 
psicológicas dominantes. 
 
3.4- Psicanálise 
 
Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica da psique humana 
independente da Psicologia, que tem origem na Medicina, desenvolvido 
por Sigmund Freud, médico que se formou em 1881, trabalhou no Hospital Geral 
de Viena e teve contato com o neurologista francês Jean Martin Charcot, que lhe 
mostrou o uso da hipnose. 
 
Sigmund Freud, o pai da psicanálise. 
 
Freud, médico neurologista austríaco, propôs este método para a compreensão 
e análise do homem, compreendido enquanto sujeito do inconsciente, 
abrangendo três áreas: 
 
um método de investigação do psiquismo e seu funcionamento; 
um sistema teórico sobre a vivência e o comportamento humano; 
um método de tratamento caracterizado pela aplicação da técnica da Associação 
Livre. 
 
http://www.infoescola.com/biografias/noam-chomsky/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psique
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud
https://pt.wikipedia.org/wiki/Inconsciente
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psiquismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_psicanal%C3%ADtica
22 
 
Essencialmente é uma teoria da personalidade e um procedimento 
de psicoterapia; a psicanálise influenciou muitas outras correntes de 
pensamento e disciplinas das ciências humanas, gerando uma base teórica para 
uma forma de compreensão da ética, da moralidade e da cultura humana. 
. 
Em linguagem comum, o termo "psicanálise" é muitas vezes usado como 
sinônimo de "psicoterapia" ou mesmo de "psicologia". Em linguagem mais 
própria, no entanto, psicologia refere-se à ciência que estuda o comportamento 
e os processos mentais, psicoterapia ao uso clínico do conhecimento obtido por 
ela, ou seja, ao trabalho terapêutico baseado no corpo teórico da psicologia 
como um todo, e psicanálise refere-se à forma de psicoterapia baseada nas 
teorias oriundas do trabalho de Sigmund Freud; psicanálise é, assim, um termo 
mais específico, sendo uma entre muitas outras formas de psicoterapia. 
De acordo com Sigmund Freud, psicanálise é o nome de um procedimento para 
a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer 
outro modo um método (baseado nessa investigação para o tratamento de 
distúrbios neuróticos, e uma coleção de informações psicológicas obtidas ao 
longo dessas linhas, e que gradualmente se acumulou numa "nova" disciplina 
científica. A essa definição elaborada pelo próprio Freud pode ser acrescentada 
um tratamento possível da psicose e perversão, considerando o 
desenvolvimento dessa técnica. 
 
Ainda segundo o seu criador, a psicanálise cresceu num campo muitíssimo 
restrito. No início, tinha apenas um único objetivo , o de compreender algo da 
natureza daquilo que era conhecido como doenças nervosas ‘funcionais’, com 
vistas a superar a impotência que até então caracterizara seu tratamento médico. 
Em sua opinião, os neurologistas daquele período haviam sido instruídos a terem 
um elevado respeito por fatos químico-físicos e patológico-anatômicose não 
sabiam o que fazer do fator psíquico e não podiam entendê-lo. Deixavam-no aos 
filósofos, aos místicos e, aos charlatães; e consideravam não científico ter 
qualquer coisa a ver com ele. 
 
Os primórdios da psicanálise datam de 1882 quando Freud, médico recém 
formado, trabalhou na clínica psiquiátrica de Theodor Meynert, e mais tarde, 
em 1885, com o médico francês Charcot,no Hospital Salpêtrière (Paris, 
França). Sigmund Freud, um médico interessado em achar um tratamento 
efetivo para pacientes com sintomas neuróticos ou histéricos. Ao escutar seus 
pacientes, Freud acreditava que seus problemas se originaram da não aceitação 
cultural; ou seja, seus desejos eram reprimidos, relegados ao inconsciente. 
Notou também que muitos desses desejos se tratavam de fantasias de 
natureza sexual. O método básico da psicanálise é o manejo da transferência e 
da resistência em análise. O analisado, numa postura relaxada, é solicitado a 
dizer tudo o que lhe vem à mente (método de associação livre). Suas aspirações, 
angústias,sonhos e fantasias são de especial interesse na escuta, como também 
todas as experiências vividas são trabalhadas em análise. Escutando o 
analisado, o analista tenta manter uma atitude empática de neutralidade. Uma 
postura de não-julgamento, visando a criar um ambiente seguro. 
 
A originalidade do conceito de inconsciente introduzido por Freud deve-se à 
proposição de uma realidade psíquica, característica dos processos 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Personalidade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicoterapia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_humanas
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Moral
https://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia_e_psican%C3%A1lise
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_Hermann_Meynert
https://pt.wikipedia.org/wiki/1885
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Martin_Charcot
https://pt.wikipedia.org/wiki/Salp%C3%AAtri%C3%A8re
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sintoma
https://pt.wikipedia.org/wiki/Neurose
https://pt.wikipedia.org/wiki/Histeria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Inconsciente
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fantasia_sexual
https://pt.wikipedia.org/wiki/Livre_associa%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sonho
23 
 
inconscientes. Por outro lado, analisando-se o contexto da época observa-se 
que sua proposição estabeleceu um diálogo crítico à proposições Wilhelm 
Wundt (1832 — 1920) da psicologia com a ciência que tem como objeto 
a consciência entendida na perspectiva neurológica (da época) ou seja opondo-
se aos estados de coma e alienação mental. 
 
Muitos colocam a questão de como observar o inconsciente. Se a Freud se deve 
o mérito do termo "inconsciente", pode-se perguntar como foi possível a ele, 
Freud, ter tido acesso a seu inconsciente para poder ter tido a oportunidade de 
verificar seu mecanismo, já que não é justamente o inconsciente que dá as 
coordenadas da ação do homem na sua vida diária. 
Não é possível abordar diretamente o inconsciente , o conhecemos somente por 
suas formações: atos falhos, sonhos, chistes e sintomas diversos expressos no 
corpo. Nas suas conferências na Clark University (publicadas como Cinco lições 
de psicanálise) nos recomenda a interpretação como o meio mais simples e a 
base mais sólida de conhecer o inconsciente. 
 
Outro ponto a ser levado em conta sobre o inconsciente é que ele introduz na 
dimensão da consciência uma opacidade. Isto indica um modelo no qual a 
consciência aparece, não como instituidora de significatividade, mas sim como 
receptora de toda significação desde o inconsciente. Pode-se prever que a 
mente inconsciente é um outro "eu", e essa é a grande ideia de que temos no 
inconsciente uma outra personalidade atuante, em conjuntura com a nossa 
consciência, mas com liberdade de associação e ação. 
 
O modelo psicanalítico da mente considera que a atividade mental é baseada no 
papel central do inconsciente dinâmico. O contato com a realidade teórica da 
psicanálise põe em evidência uma multiplicidade de abordagens, com diferentes 
níveis de abstração, conceituações conflitantes e linguagens distintas. Mas isso 
deve ser entendido em um contexto histórico cultural e em relação às próprias 
características do modelo psicanalítico da mente. 
 
Correntes, dissensões e críticas 
 
Diversas dissidências da matriz freudiana foram sendo verificadas ao longo do 
século XX, tendo a psicanálise encontrado seu apogeu nos anos 50 e 60. 
As principais dissensões que passou o criador da psicanálise 
foram Jung e Alfred Adler, que participavam da expansão da psicanálise no 
começo do século XX. Jung, inclusive, foi o primeiro presidente do Instituto 
Internacional de Psicanálise (IPA), antes de sua renúncia ao cargo e a seguidor 
das ideias de Freud. Outras dissidências importantes foram Otto Rank, Erich 
Fromm e Wilhelm Reich. No entanto, a partir da teoria psicanalítica de Freud, 
fundou-se uma tradição de pesquisas envolvendo a psicoterapia, o inconsciente 
e o desenvolvimento da práxis clínica, com uma abordagem puramente 
psicológica. 
Desenvolvimentos como a psicoterapia humanista/existencial, psicoterapia 
reichiana, dentre diversas e tantas terapias existentes, foram, sem dúvida, 
influenciadas pela tradição psicanalítica, embora tenham conferido uma visão 
particular para os conteúdos da psicologia clínica. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Wundt
https://pt.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Wundt
https://pt.wikipedia.org/wiki/Consci%C3%AAncia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Neuroci%C3%AAncia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Coma
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ato_falho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sonhos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Piada
https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1950
https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1960
https://pt.wikipedia.org/wiki/C._G._Jung
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Adler
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX
https://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_Rank
https://pt.wikipedia.org/wiki/Erich_Fromm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Erich_Fromm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicoterapia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Existencialismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Reich
https://pt.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Reich
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cl%C3%ADnica
24 
 
O método de interpretar os pacientes e buscar a cura de enfermidades físicas e 
mentais através de um diálogo sistemático/metodológico com os pacientes foi 
uma inovação trazida por Freud desenvolvido a partir de suas observações e 
experiência de tratamento através da hipnose. Até então, os avanços na área da 
psicoterapia eram obsoletas e tinham um apelo pela sugestão ou pela terapia 
com banhos, sangrias e outros métodos antigos no combate às doenças 
mentais. 
 
Sua contribuição para a Medicina, Psicologia, e outras áreas do conhecimento 
humano (arte,literatura, sociologia, antropologia, entre outras) é inegável. O 
verdadeiro choque moral provocado pelas ideias de Freud serviu para que a 
humanidade rompesse, ou pelo menos repensasse muito de 
seus tabus e preconceitos na compreensão da sexualidade, e atingisse um 
maior grau de refinamento e profundidade na busca das verdades psíquicas do 
ser humano. 
 
Na atualidade, a Psicanálise já não se limita à prática e tem uma amplitude maior 
de pesquisa, centrada em outros temas e cenários, desenvolvendo-se como uma 
ciência psicológica autônoma. Hoje fica muito difícil afirmar se a Psicanálise é 
uma disciplina da Psicologia ou uma Psicologia própria. 
 
Após Freud, muitos outros psicanalistas contribuíram para o desenvolvimento e 
importância da psicanálise. Entre alguns, podemos citar Melanie 
Klein, Winnicott, Bion e André Green. No entanto, a principal virada no seio da 
psicanálise, que conciliou ao mesmo tempo a inovação e a proposta de um 
"retorno a Freud" veio com o psicanalista francês Jacques Lacan. A partir daí 
outros importantes autoressurgiram e convivem em nosso tempo, 
como Françoise Dolto, Serge André, J-D Nasio e Jacques-Alain Miller. 
 
Uma das recentes tendências é a criação da neuropsicanálise segundo 
Soussumi tendo como antecedentes a fundação do grupo de estudos de 
neurociência e psicanálise no Instituto de Psicanálise em 1994 com a 
participação de Arnold Pfefer, e o neurocientista da Universidade de Columbia 
como James Schwartz, que a partir de 1996, fica sobre a coordenação de Mark 
Solms, psicanalista inglês com formação em neurociência, que vinha 
trabalhando em Londres e publicando trabalhos sobre o assunto desde a década 
de 1980 que juntamente com Pfeffer, em Londres, julho de 2000 , organizam o I 
Congresso Internacional de Neuro-Psicanálise, onde é criada a Sociedade 
Internacional de Neuro-Psicanálise. 
 
 
3.5- Gestalt e Psicologia Humanista 
 
Psicologia Humanista 
 
A psicologia humanista surgiu na década de 50, ganhando força nos anos 60 e 
70, como uma reação às idéias psicológicas pré-existentes - o behaviorismo e a 
psicanálise - embora não quisesse revisá-las ou adaptá-las, mas dar uma nova 
contribuição à psicologia. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipnose
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sangria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicopatologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicopatologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte
https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tabu
https://pt.wikipedia.org/wiki/Preconceito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sexualidade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Melanie_Klein
https://pt.wikipedia.org/wiki/Melanie_Klein
https://pt.wikipedia.org/wiki/Donald_Woods_Winnicott
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bion
https://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_Green
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Lacan
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7oise_Dolto
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Serge_Andr%C3%A9&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=J-D_Nasio&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques-Alain_Miller
https://pt.wikipedia.org/wiki/Neuropsican%C3%A1lise
http://en.wikipedia.org/wiki/Mark_Solms
http://en.wikipedia.org/wiki/Mark_Solms
http://www.neuro-psa.org.uk/npsa/
http://www.neuro-psa.org.uk/npsa/
25 
 
As críticas ao comportamentalismo giravam em torno de sua abordagem estreita, 
artificial e estéril da natureza humana, que reduzia o homem à máquinas e 
animais propensos ao condicionamento. A divergência à psicanálise se mostrava 
no questionamento à ênfase no inconsciente, nas questões biológicas e eventos 
passados, no estudo de pessoas neuróticas e psicóticas e na 
compartimentalização do indivíduo. 
 
O movimento humanista teve forte influência das filosofias existenciais e da 
fenomenologia. As convicções e as certezas começam a ruir no século XX, 
quando a razão começa a entrar em crise devido à existência da corrida 
armamentista e à pouca contribuição dos avanços tecnológicos na diminuição 
da desigualdade social no mundo. O existencialismo tem o homem como ponto 
de partida nos processos de reflexão e a fenomenologia, a consciência do ser 
sobre algo, a investigação da experiência consciente: o fenômeno. Com 
Heidegger, filósofo fenomenológico, há um retorno à teoria do conhecimento e 
das questões ontológicas. O ser e a existência do todo passa a ser a questão 
central. 
 
O existencialismo fenomenológico, enquanto método apreendido pelo 
movimento humanista, se pauta em três questões: 
 
- redução fenomenológica 
 
Recurso para se chegar ao fenômeno em sua essência, considerando a sua 
totalidade e visando, deste modo, a incorporação de uma atitude crítica perante 
o cotidiano. A concordância entre a intuição, que ocorre na imediatez da vivência, 
e a significação se faz essencial para a aproximação da realidade observada. A 
busca pela essência do sintoma permite a recapitulação da realidade total, pois 
somente ela consente o conhecimento dos fatos. 
 
- intencionalidade 
 
Atribuição de sentido do fenômeno, onde a consciência e o objeto, o sujeito e o 
mundo estão unificados. Quando esta fusão ocorre, a totalidade é apreendida e 
a decisão torna-se um processo consciente e libertador. O sujeito pensante e o 
objeto pensado tornam-se uno. A intencionalidade só surge após a compreensão 
da realidade, obtida, por sua vez, pela redução fenomenológica. 
 
 
- subjetividade e intersubjetividade 
 
O encontro entre a própria subjetividade e a do outro é chamado de 
intersubjetividade. É ela que, através da pluralidade de constituições de vários 
sujeitos, dá sentido ao mundo. O acoplamento entre a intra-subjetividade e a 
intersubjetividade é a única forma de efetivação de uma comunicação 
verdadeira, que faculta a chegada à essência. 
 
É importante frisar que a fenomenologia não visa a explicação do objeto; as 
coisas, sim, que quando apreendidas, se tornam um momento fenomenológico. 
A função de sua abordagem é permitir a elaboração de conceitos que expressem 
26 
 
adequadamente o fenômeno que se pretende estudar. São estes conceitos que 
auxiliam a pessoa a como proceder no dia-a-dia, uma vez que a história só é 
construída à medida que as coisas recebem significados. Logo, embora a 
realidade exista per si, sofre ressignificação no encontro com a realidade íntima 
de cada um, o que a torna fluída. O processo terapêutico deve, portanto, 
conectar a experiência interior ao mundo da objetividade. 
 
A grande contribuição desta nova escola pode ser vista na ênfase da experiência 
consciente, na crença na integralidade entre natureza e a conduta do ser 
humano, no livre-arbítrio, espontaneidade e poder de criação do indivíduo, e no 
estudo de tudo que tenha relevância para a condição humana. Somente 
mediante a perspectiva da totalidade, que a consciência é entendida.Esta, por 
sua vez, deve ser submetida à temporalidade, impedindo-a de ficar estática e 
desmistificando a existência de uma realidade pura. Seu valor reside na relação 
que estabelece entre as realidades. Experienciar o tempo presente como uma 
totalidade que sinaliza a integração eu-mundo é fundamental para a libertação 
das exigências compulsivas do passado e futuro. 
A teoria humanista tem como principais teóricos Abraham Maslow (1908-1970) 
e Carl Rogers (1902-1987), os maiores responsáveis pela projeção dos seus 
postulados no mundo. O primeiro, americano, foi considerado o pai espiritual do 
movimento humanista. Maslow abandona o comportamentalismo, abraçado no 
início de sua carreira, por passar a acreditar na tendência inata que cada pessoa 
traz em si para se tornar auto-realizadora. Este seria o nível mais alto da 
existência humana, onde a realização do potencial de cada indivíduo seria 
conquistada. A existência de níveis a serem satisfeitos foi proposta por ele 
através da hierarquia das necessidades. De acordo com Maslow, estas 
necessidades seriam inatas e deveriam obedecer a uma ordem de saciação, que 
se encontra representada na pirâmide abaixo. A grande novidade trazida por 
Maslow, para a psicologia, foi os estudo de pessoas, consideradas por ele, 
saudáveis, através dos quais formulou suas teorias. 
 
 
 
 
O segundo, também americano, teve o seu trabalho pautado no valor do 
indivíduo desde o início. Diferentemente do seu contemporâneo, suas visões 
advieram do tratamento de indivíduos emocionalmente perturbados. Rogers 
27 
 
trabalhou com um conceito semelhante ao da auto-realização de Maslow: a 
existência de uma única motivação avassaladora que se configura na tendência 
inata que cada pessoa tem de atualizar as capacidades e potenciais do eu, a 
tendência atualizante. Ele também defendeu a idéia de autoconceito como sendo 
um padrão organizado e consistente de características percebidas em cada um 
desde a infância. Na medida em que se acumulam novas experiências, este 
conceito pode ser reforçado ou ser substituído por novos. Experiênciasinfantis 
podem ajudar ou prejudicar a auto-atualização, ainda que esta seja inerente ao 
homem, mas, de forma alguma, são podem ser consideradas determinantes. A 
capacidade do homem de poder alterar consciente e racionalmente seus 
pensamentos e comportamentos indesejáveis fornece ao presente um grande 
peso na formação da personalidade do indivíduo. Para ele, os indivíduos bem 
ajustados psicologicamente têm autoconceitos realistas, sendo a angústia 
psicológica advinda do impasse ou desarmonia entre o autoconceito real (o que 
se é de fato) e o ideal para si (o que se deseja ser). Por isso, Rogers defendia 
que o cliente deveria determinar o conteúdo e a direção do tratamento, uma vez 
que este tem dentro de si vastos recursos para o auto-entendimento e para 
alterar o autoconceito. O termo terapia centrada no cliente deriva desta idéia e 
esta é encarada apenas como um facilitador. 
 
Gestalt 
 
Gestalt é uma palavra alemã. Existem diversas interpretações para o termo, 
uma, diz que pode ser considerada a psicologia da forma, outra, associa ao 
processo de surgimento de figura-fundo. A palavra adequada para designar a 
Gestalt seria dizer: "Gestaltung", palavra que indica dar forma, ou seja, um 
processo, uma formação. 
 
A Gestalt-terapia é um modelo psicoterápico com ênfase na responsabilidade 
de si mesmo, na experiência individual do momento atual (chamado também de 
aqui-e-agora), no relacionamento do terapeuta-consulente e na autorregulação 
e ajustamento criativos do indivíduo, levando em conta sempre o meio ambiente 
e o contexto social, que constituem o ser de um modo geral. A teoria foi 
desenvolvida pelos teóricos Fritz Perls, Laura Perls e Paul Goodman entre as 
décadas de 1940 e 1950 
 
A Gestalt-Terapia desenvolveu-se da síntese de várias tendências filosóficas, 
psicológicas e culturais. Como bases filosóficas a teoria lança mão 
do existencialismo, humanismo e da fenomenologia colocando a abordagem no 
grupo da Psicologia Humanista considerada como a terceira via, ao lado 
da psicanálise e da terapia comportamental. Foi influenciada pela cultura pós-
guerra, que levantaram novos paradigmas epistemológicos, filosóficos e 
culturais. A cultura hippie foi bastante presente na vida de Perls assim como 
também as filosofias orientais e o Cristianismo. 
 
Depois da desvinculação de Perls em relação à psicanalise, ele passou a utilizar-
se de vários conceitos de psicologia para construir o corpo teórico da Gestalt-
terapia. Teorias como a Psicologia da Gestalt de Wertheimer, Köhler e Koffka, 
Teoria de Campo de Lewin e a Teoria Organísmica de Goldstein. A psicanalise 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fritz_Perls
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Laura_Perls&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Paul_Goodman&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/1940
https://pt.wikipedia.org/wiki/1950
https://pt.wikipedia.org/wiki/Existencialismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fenomenologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_humanista
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psican%C3%A1lise
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comportamental
https://pt.wikipedia.org/wiki/Epistemologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hippie
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_oriental
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gestalt
28 
 
também teve seu grau de influência além da própria experiência pessoal de 
Perls. 
 
Enfoque 
 
Dada as suas bases filosóficas a Gestalt-terapia tem seu enfoque clínico no 
conceito de aqui-e-agora. Não confundir com a ideia de que a abordagem nega 
o histórico do cliente. O conceito refere-se à ideia de que o que se apresenta 
como fenômeno no momento atual que deve ser levado em consideração. Esta 
abordagem no aqui-agora pretende promover o contato e aawareness, também 
conceitos da teoria. O modo de abordar o aqui-e-agora expressa-se na relação 
terapeuta-consulente, já que é a relação que está ocorrendo no momento da 
terapia. O trabalho focado nesta relação sugere ao cliente que 
tome consciência do aqui-e-agora e lide com o que emerge desta relação. Estes 
elementos que emergem são chamados de figura, conceito da Gestalt conhecido 
como figura e fundo. Este enfoque no aqui-e-agora da relação terapeuta-
consulente pretende servir de modelo vivencial das experiências do consulente, 
acreditando-se que toda a tomada de consciência advinda desta vivencia afetará 
a relação do consulente consigo mesmo de modo geral, holístico. 
 
UNIDADE 4 - A EVOLUÇÃO DAS TEORIAS PSICOLÓGICAS EM RELAÇÃO 
AOS ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS E SOCIAIS 
 
4.1- A observação dos fenômenos históricos e sociais e a compreensão da 
Psicologia 
4.2- O papel da Psicologia cientifica como desenvolvimento da prática. 
4.3- Possibilidades e compromissos atuais da Psicologia. 
 
Desenvolvimento 
 
4.1-A observação dos fenômenos históricos e sociais e a compreensão da 
Psicologia 
 
Psicologia é a ciência que estuda o comportamento e as funções mentais. A 
psicologia tem como objetivo imediato a compreensão de grupos e indivíduos, 
tanto pelo estabelecimento de princípios universais como pelo estudo de casos 
específicos, e tem, segundo alguns, como objetivo final o benefício geral da 
sociedade. Um pesquisador ou profissional desse campo é conhecido como 
psicólogo, podendo ser classificado como cientista social, comportamental ou 
cognitivo. A função dos psicólogos é tentar compreender o papel das funções 
mentais no comportamento individual e social, estudando também os processos 
fisiológicos e biológicos que acompanham os comportamentos e funções 
cognitivas. 
 
Psicólogos exploram conceitos como percepção, cognição, atenção, inteligência, 
fenomenologia, motivação, funcionamento do cérebro humano, personalidade, 
comportamento, relacionamentos interpessoais, incluindo resiliência, entre 
outras áreas. Psicólogos de orientações diversas também estudam conceitos 
como o inconsciente e seus diferentes modelos. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fen%C3%B4meno
https://pt.wikipedia.org/wiki/Consci%C3%AAncia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Segrega%C3%A7%C3%A3o_figura-fundo
29 
 
A percepção dos sujeitos, para a Psicologia é fruto de toda sua construção 
sociocultural e histórica. E é neste quesito que a abordagem sócio-histórica, que 
tem como enfoque o materialismo dialético, torna-se válida, por priorizar o 
indivíduo e sua historicidade. 
 
Partindo do marxismo, a abordagem sócio-histórica fundamenta-se no 
materialismo histórico e dialético. Assim, o ser humano é concebido como: ativo; 
social; e histórico. Ratgner (1995) concorda com Vygotsky (1896-1934) ao 
defender que o desenvolvimento psicológico se dá, não no homem, mas na 
relação do homem com o mundo sociocultural. Nesse enfoque, o fenômeno 
psicológico é, portanto, o resultado de todas essas experiências vividas e 
experimentadas pelo indivíduo ao longo de sua existência. 
 
A visão sócio-histórica defende que, sem a dialética, seria impossível a formação 
da consciência no indivíduo, nem sua participação ativa na construção de sua 
história (BOCK, 2001). A linguagem é a forma pela qual o homem se apropria do 
mundo. Por meio dela, ele assimila elementos e características do meio e, 
posteriormente as restitui. 
 
É por meio da linguagem que “o homem se individualiza, humaniza, e aprende a 
materializar o mundo das significações” (BOCK, 2001), sem ela não haveria 
processo social e nem histórico. 
 
Preocupada com o fenômeno psicológico e a subjetividade do homem, a 
psicologia sócio-histórica, entende que ambas são formas de adaptação (social, 
cultura e econômica), sofridas pelo homem dentro de um contexto histórico 
(BOCK, 2001). A subjetividade é concebida ao longo do desenvolvimento do ser 
humano, como um reflexo da realidade em que o homem vive, e de toda a gama 
de possibilidades e atrações que mundo exterior exerce sobre o ele. Assim, o 
homem constrói o mundo e este, por sua vez, propicia os elementos para a 
construção psicológica do homem. 
 
Acolher a abordagem sócio-histórica

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