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AULA 1 
TRANSTORNO DO ESPECTRO 
AUTISTA
Profª Ligia Maria Bueno Pereira Bacarin 
2 
CONVERSA INICIAL 
Iniciaremos esta aula com informações contextuais e conceituais básicas 
sobre a temática, tendo em vista que os profissionais que desenvolvem ações 
nessa área compõem um corpo diversificado, destacando-se a área clínica, 
institucional e a de prestação de serviços a domicílio. 
Usaremos como referencial teórico e metodológico uma abordagem 
multidisciplinar do TEA, uma vez que não há possibilidade de compreensão desse 
transtorno sem envolver todos os aspectos que o compõem. 
De forma geral, o TEA, conforme a Organização Mundial da Saúde (1993, 
p. 246), conceitua-se como
[...] conjunto heterogêneo de síndromes clínicas, tendo em comum a 
tríade de comprometimentos da interação social recíproca, comunicação 
verbal e não verbal e comportamentos repetitivos e estereotipados, 
variando num continuum, desde as formas mais severas até as mais 
brandas. 
Quanto à nomenclatura hoje conhecida como TEA (estabelecida pelo DSM 
V e em uso corrente), esta foi precedida por outras duas: 
 Transtorno Global do Desenvolvimento – TGD (CID 10)
 Transtorno Invasivo do Desenvolvimento – TID (DSM IV)
De forma geral, o indivíduo afetado pelo TEA apresenta:
 Comprometimento em habilidades de interação social recíproca;
 Comprometimento em habilidades de comunicação;
 Presença de comportamentos, interesses e atividades estereotipadas.
Nesse sentido, para iniciarmos academicamente nosso estudo, devemos
nos indagar: Os comportamentos são comuns a todos os indivíduos do TEA? 
Ou o que muda é a intensidade das manifestações e a gravidade do 
acometimento? Serão essas as questões norteadoras deste nosso primeiro 
módulo. 
TEMA 1 – FUNDAMENTOS CONCEITUAIS E TEÓRICOS 
Aparentemente, os debates acerca do TEA são atuais — pois foi na 
primeira década do século XX que o conceito se firmou cientificamente —, mas 
sua trajetória histórica é longa. Passamos agora a uma breve retomada dessa 
caminhada. 
3 
A palavra autismo deriva do grego “autos”, que significa “voltar para si 
mesmo”. Isto é, os indivíduos que possuem autismo passam por um estágio em 
que se fecham em si mesmos, perdendo o interesse pelo mundo exterior e a tudo 
o que a ele é inerente (Morais, 2012).
Tomando o que é produzido na lei, percebemos que antes da conceituação 
do espectro do autismo como transtorno existiu uma problematização que 
classificava o autismo segundo diversos modelos, fato que dificultava a precisão 
do diagnóstico clínico. Atualmente, reconhece-se no âmbito científico que todos 
os indivíduos que desde a infância apresentam características autísticas são 
pessoas com o Transtorno do Espectro Autista. 
Tal fator — as características autísticas que se manifestam desde a infância 
— é o mais característico no âmbito do quadro autístico. É possível observar 
muitas crianças com autismo com características diversas, reconhecendo-se 
assim que existem grande diferenças entre um autista e outro. Por exemplo: 
existem autistas que não falam, mas também há os que se comunicam 
normalmente; existem crianças com autismo que apresentam imensas 
dificuldades de aprendizagem na escola, outras que não passam pelo mesmo 
problema; existem aquelas que irão desenvolver um quadro de regressão com 2,5 
a 3 anos de idade, e aquelas que desde o nascimento apresentam as 
características. 
O TEA apresenta diferentes intensidades, classificadas como suaves – ou 
leves –, moderadas e severas. Faz-se importante questionar: o que separa uma 
condição da outra? Diversos elementos, quais sejam: a intensidade do sintoma; o 
grau de compreensão observado na comunicação social e se há comunicação e 
expressão nas mais diversas linguagens (verbais ou não verbais); a intensidade 
das estereotipias, manias e repetições; a intensidade dos interesses restritos e, 
por fim, o grau de dependência que a criança possui em relação aos responsáveis. 
O diagnóstico clínico necessariamente precisa ser realizado por um médico 
especializado. Em síntese, o TEA é tipificado por condições caracterizadas por 
prejuízos significativos na comunicação, no comportamento e na interação social, 
que se iniciam no período compreendido pelos três primeiros anos de vida e que 
têm causas multifatoriais. 
 
 
4 
1.1 Perspectiva histórica do autismo 
Até a primeira metade do século XX, o autismo era confundindo com 
esquizofrenia. No ano de 1943, Leo Kanner (1894-1981) escreveu um artigo 
intitulado “Distúrbio Autista do Contato Afetivo”, em que discorreu acerca da 
descrição de 11 crianças que possuíam o diagnóstico prévio de esquizofrenia. Por 
esse motivo, compreendemos que Kanner foi o primeiro a descrever clinicamente 
o autismo, que a partir de então passou a ser denominado Síndrome de Kanner. 
Morais (2012, p. 6) não dialoga com esse recorte histórico: 
O termo “autismo” foi introduzido pela primeira vez pelo psiquiatra Eugen 
Bleuler, em 1911, com o intuito de descrever um tipo de sintoma que ele 
considerou ser um sintoma secundário das esquizofrenias, ou seja, 
como sinônimo da perda do contato com a realidade que se produz no 
processo do pensamento na síndrome de esquizofrenia do adolescente 
e adultos. Esta desordem origina grande dificuldade ou impossibilidade 
de comunicação e contato com as pessoas. 
Segundo Ambady e Rosenthal (1993), o conceito autista foi a princípio 
usado em psiquiatria para explicar o indivíduo “retraído” ou “fechado em si 
mesmo”, e se estendeu para todos aqueles que fossem retraídos por qualquer 
motivo, incluindo, por exemplo, uma depressão severa, tumores cerebrais ou 
simplesmente personalidade tímida e distante. 
 Independente do recorte histórico, o termo descreve condições de pessoas 
que se removem da interação social. Na década de 1940, o psiquiatra americano 
Leo Kanner e o pediatra austríaco Hans Asperger (1906-1980) descobriram o 
distúrbio de desenvolvimento que afeta milhares de crianças no mundo. Foi uma 
descoberta isolada, ou seja, nenhum dos dois sabia o que o outro pesquisava. Por 
uma dessas coincidências inacreditáveis, ambos deram o mesmo nome à 
síndrome. 
O termo é relevante levando-se em consideração que o traço mais 
marcante do transtorno é o isolamento do mundo exterior, deixando de formar 
uma interação social. O termo hoje adotado pelos médicos é Transtornos de 
Espectro Autista (TEA) ou Perturbações do Espectro do Autismo (PEA): 
Desde o século XIX a concepção de autismo infantil sofreu várias 
alterações, e a literatura já vem descrevendo casos isolados de crianças 
com severos distúrbios mentais. Distúrbios esses decorrentes de 
importantes desordens do desenvolvimento que, em concordância com 
a atual terminologia, preencheram critérios diagnósticos de crianças 
portadoras do espectro do autismo (Morais, 2012, p. 6). 
 
 
5 
É de se observar que, na história do autismo, desde os primeiros estudos 
sobre o tema até o conjunto de entendimento do que atualmente se constitui como 
Transtorno do Espectro Autista, o caminhar no reconhecimento desses sintomas 
e diagnósticos foi percorrido com muitas reviravoltas. Dentre elas, destacaremos 
algumas a seguir. 
1.2 Marcos pontuais da história do autismo no século XX 
Conforme Silva e Gaiato (2012), é por meio do resgate histórico que se 
identificam as principais transformações as quais o TEA sofreu para que se 
estabelecessem as considerações científicas que existem atualmente acerca do 
tema. 
1.2.1 Kanner, Asperger e Rutter 
No ano de 1940, Kanner desenvolveu em sua obra Autistic Disturbances of 
Affective Contact uma narrativa acerca de crianças que aparentemente viviam em 
um “mundo particular”, ou seja, que não interagiam com as outras crianças. Para 
tanto, Kanner valeu-se da mesma nomenclatura utilizada por Bleuer em 1911. 
A importância desse pesquisador, à luz da sua época, se deve ao conceito 
de “mães geladeiras”, utilizado por ele para se referiràs mães de crianças com 
autismo. Na perspectiva de Kanner, as crianças teriam desenvolvido os sintomas 
apontados porque suas mães assumiram postura muito fria e de pouca interação. 
No entanto, o cientista posteriormente fez autocrítica publicamente, 
compreendendo que essas mães possivelmente se relacionam com maior 
distanciamento de seus filhos porque estes não conseguiam corresponder 
efetivamente a elas. Esse conceito ainda permanece no discurso do senso comum 
(Silva; Gaiato; Reveles, 2012). 
Gadia et al. (2004) apontam, que um ano após a publicação de Kanner, 
Hans Asperger delineou episódios que exibiam semelhanças aos apresentados 
no estudo anterior. Em seus estudos, as crianças mantinham preservação 
cognitiva, porém apresentavam dificuldades de comunicação social. Conforme 
Morais (2012, p. 8): 
Os artigos de Kanner foram mais citados na literatura sobre o autismo 
em relação aos de Asperger, que sendo escritos em Alemão e durante 
a Segunda Guerra Mundial, foram em grande parte ignorados, segundo 
relata Frith (1993). Asperger considerava que existia, desde o 
nascimento, e coincidindo com Kanner, um transtorno essencial que 
 
 
6 
daria origem a diversas alterações muito características. Quando se faz 
referência à síndrome de Asperger esta costuma estar focalizada num 
escasso número de autistas que apresentam boas capacidades 
intelectuais assim como um aceitável desenvolvimento da linguagem. 
Também Frith (1993) salienta que o termo “Síndrome de Asperger” tende 
a reservar-se para os poucos autistas quase normais, que possuem boas 
capacidades intelectuais e bom desenvolvimento da linguagem. 
Morais (2012, p. 8) também observa que, nos anos 1970, surgiram no 
debate científico questionamentos acerca dos critérios utilizados para o 
diagnóstico clínico desses sujeitos, tanto no que concerne às propostas de vários 
esquemas, questionários e tabelas quanto aos “conhecimentos fundamentais 
sobre fatores etiológicos, efeitos neuroquímicos, influências genéticas, tratamento 
farmacológico, entre outros”. 
Para a autora, foi Rutter quem, em 1978, conseguiu elaborar critérios que 
foram um contraponto aos anteriores. Com essa nova concepção, a Síndrome 
conquistou aceitação acadêmica e científica. Morais (2012) afirma que Rutter 
assinalou quatro critérios para diferenciar as crianças autistas de outras crianças 
excepcionais: 
1º Deficiência grave no relacionamento com os pais, membros da família 
e outras pessoas. 2º Desenvolvimento atrasado e deficiente da 
linguagem, caracterizado pelo uso inadequado da linguagem. 3º 
Comportamento estereotipado e 4º Esses comportamentos aparecem 
cedo e apresentam-se desde o início da vida, geralmente antes dos três 
anos de idade [...] (Morais, 2012, p. 8). 
TEMA 2 – MANUAL DIAGNOSTICO ESTATÍSTICO DE SAÚDE MENTAL (DSN) 
Em 1952, o Manual Diagnóstico Estatístico de Saúde Mental – DSM, 
livro em que se baseia o diagnóstico de todos os transtornos mentais e até hoje 
conhecido como “enciclopédia” da área, trouxe o conceito de autismo pela 
primeira vez incorporado de forma consensual pela comunidade médica. 
Entretanto, o conceito que ele apresentava relacionava sintomas da esquizofrenia 
a sintomas do autismo. 
A partir de 1980, com a publicação do DSM 3, ocorreu uma mudança 
significativa no conceito de autismo, uma vez que seus sintomas foram 
definitivamente separados daqueles da esquizofrenia. Isto é, as características 
das crianças autistas que “falam sozinhas” não são sinônimos às alucinações 
típicas da esquizofrenia, mas, sim, dizem respeito às repetições ou à ecolalia. 
No DSM 4 se configurou a definição de autismo com a tríade de 
dificuldades: socialização, comunicação e interesses restritos 
7 
estereotipados. Por outro lado, ainda existiam diversas possibilidades 
de classificação e categorização, quais sejam: a Síndrome de Rett, 
Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, 
Síndrome de Asperger, entre outras várias possibilidades. 
Em 2013, com a mais recente versão do DSM — de número 5 —, essas 
várias possibilidades de classificação diagnóstica foram extintas. A única 
classificação passou a ser a do Transtorno do Espectro do Autismo. 
Desde então a Síndrome de Asperger não é mais um diagnóstico possível, 
porque todas as pessoas que têm dificuldades de comunicação e interação 
social ou interesses restritos e estereotipados são classificadas como pessoas 
com o transtorno do espectro autista. 
A mudança da classificação se justifica porque nos Estados Unidos o 
tratamento é financiado pelo governo, e todos os pormenores são elementos 
usados para não disponibilizar a gratuidade do tratamento ou a inclusão do 
sujeito em um plano de saúde. O diagnóstico de Síndrome de Asperger não 
cobria os mesmos direitos contidos no diagnóstico de autismo, por exemplo. 
Para resolver o problema e propiciar o direito desses sujeitos a 
serem acompanhados nas clínicas e nas instituições escolares, uniformizou-
se todos como pessoas com TEA. O DSM 4 considerava o autismo como um 
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento e incluía os quadros de 
Transtorno de Rett, Transtorno de Asperger e Transtorno Desintegrativo 
da Infância, já não representando mais o entendimento e a 
classificação dos “autistas”. Na compreensão de Buoro (2015, p. 14):
[...] como a Classificação Estatística Internacional de Doenças e 
Problemas Relacionados à Saúde (CID 10) e o Manual Diagnóstico e 
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), dos quais foram extraídos 
conceitos importantes para a realização deste trabalho, e que são 
manuais utilizados por profissionais da área médica e da saúde mental. 
Para concluir o processo histórico desta doença, vemos que o Autismo 
vem sendo reconhecido pelo mundo todo, prova disso foi o ocorrido de 
2007 quando a ONU decretou o dia 2 de abril como sendo o Dia Mundial 
da Conscientização do Autismo, e com isso percebemos os avanços 
desta patologia durante as últimas décadas. 
Para a OMS (1993, p. 246): 
Essas anormalidades qualitativas são um aspecto invasivo do 
funcionamento do indivíduo em todas as situações, embora possam 
variar em grau. Na maioria dos casos, o desenvolvimento anormal é 
desde a infância [...]. É usual, mas não invariável, haver algum grau de 
comprometimento cognitivo, mas os transtornos são definidos em 
termos de comportamento que é desviado em relação à idade mental 
(seja o indivíduo retardado ou não). 
 
 
8 
À vista disso, é possível inferir que existe uma conjunção desses dois 
documentos — a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento (CID 
10) e o Manual Diagnóstico estatístico de Transtornos Mentais —, pois ambos 
descrevem o autismo como um transtorno global do desenvolvimento. Os autores 
desses documentos dialogam no processo de elaboração dos textos, 
consequentemente, estes são totalmente ajustados entre si. 
Um dos aspectos significativos dessa versão atualizada dos manuais é que 
eles classificam os transtornos, não as pessoas. Conforme Pablo de Assis, no seu 
texto Um breve manual dos transtornos mentais (2010, p. 3), evita-se utilizar 
expressões como “o esquizofrênico” ou “o alcoólatra”, e utilizam-se termos como 
“a pessoa com esquizofrenia” ou “o paciente que sofre de alcoolismo”. 
Para o neurologista infantil Clay Brites (2019), o DSM-5 representa um salto 
de qualidade nos critérios de diagnósticos do autismo, pois flexibiliza e amplia a 
identificação dos sintomas, “levando a uma maior sensibilidade na observação do 
desenvolvimento do comportamento social e comunicativo da criança”. Para o 
neurologista, esta alteração permitiu que mais profissionais pudessem 
compreender melhor os sintomas autísticos e a ampliar sua identificação. Nas 
palavras de Brites (2019): “sabe-se hoje, pelas evidências científicas, que o 
diagnóstico precoce é fundamental e que somente esta medida pode alterar o 
prognóstico futuro e corrigir os atrasos mais profundos”.9 
Tabela 1 – Parece autismo, mas não é 
Fonte: Revista Ler & Saber – Edição: Autismo. 
A Tabela 1 demonstra que facilmente é possível confundir o diagnóstico de 
TEA. Para evitar erros, usa-se a Tríade de Lorna Wing, que estabelece os 
problemas comuns no TEA, quais sejam: incapacidades ao nível da comunicação 
verbal e não verbal, e a relação com os outros e das atividades lúdicas e 
imaginativas. Entretanto, Marques (2000) realça um conjunto de outras 
características e patologias que, em associação, vão desencadear uma 
sintomatologia muito específica e peculiar, que se traduz em quadros diferentes 
em termos de características, capacidades/incapacidades e comportamentos, as 
quais tipificam as crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista). 
TEMA 3 – CONCEITO GERAL DE TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO 
(TEA) 
Para ser compreendido, o TEA precisa ser muito bem estudado. Segundo 
Morais (2012, p. 1), “parece ser uma perturbação da qual nem sempre se têm 
certezas absolutas”. Isto é, para a autora o conjunto de perturbações do 
desenvolvimento que estão no âmbito do TEA “não são totalmente compreendidas 
 
 
10 
quer ao nível do diagnóstico quer ao nível da abordagem terapêutica” (Morais, 
2012, p. 1). 
Conforme Silva e Gaiato (2012), o Transtorno do Espectro do Autismo 
é considerado um transtorno de neurodesenvolvimento no qual a criança tem 
dificuldade na comunicação social e mantém um interesse restrito e estereotipado. 
Isso significa que se trata de uma alteração ocorrida dentro do cérebro, em que 
as conexões entre os neurônios se dão de forma diferente, ocasionando 
dificuldade em interagir com as outras pessoas de maneira adequada. 
Grosso modo, os TEA são considerados atualmente como transtornos de 
desenvolvimento de causas variadas. Entretanto, ao se fazer o levantamento 
acerca de como o TEA se apresenta legalmente, é possível observar que, antes 
do conceito de autismo, existiu termo muito difundido, Transtornos Globais do 
Desenvolvimento (TGD)1. Para Morais (2012, p. 9): 
Atualmente e contrariando a perspectiva inicial das concepções sobre a 
perturbação, não se define o autismo enquanto “psicose” infantil (Rutter, 
1972). Esta síndrome é entendida como uma das perturbações 
contínuas e gerais, designadas de “perturbações globais do 
desenvolvimento”. O autismo caracteriza-se pela existência de 
disfunções sociais, perturbações na comunicação e no jogo imaginativo, 
tal como por interesses e atividades restritas e repetitivas. O autismo, 
para ser considerado em termos de diagnóstico, tem de ter presentes 
estas manifestações, desde o nascimento até aproximadamente aos 36 
meses de idade, persistindo e evoluindo de diferentes maneiras, ao 
longo da vida. 
Nesse sentido, quando o docente, o pedagogo ou a equipe escolar solicitar 
um laudo diagnóstico em decorrência das limitações e especificidades dessas 
profissões, geralmente a escola só consegue entender que naquele laudo se 
apresenta uma criança com características autísticas quando se faz referência, 
nesse documento, ao termo Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD). 
Assim sendo, é preciso questionar: o que especificamente significa dizer que 
uma criança tem TGD? Ao observar o organograma a seguir, inferem-se alguns 
pontos para essa problemática: 
 
 
1 Morais (2012) lembra que, desde o século XIX, a concepção de autismo infantil sofreu várias 
alterações, e a literatura já vem descrevendo casos isolados de crianças com severos distúrbios 
mentais, decorrentes de importantes desordens do desenvolvimento que, em concordância com 
a atual terminologia, preencheram critérios diagnósticos de crianças portadoras do espectro do 
autismo. 
 
 
11 
Figura 1 – Alteração cognitiva no TEA 
 
 
3.1 A alteração em comunicação social 
A alteração em comunicação social no TEA apresenta ou pode apresentar 
os elementos listados a seguir, de acordo com Silva e Gaiato (2012): 
 Dificuldade no contato visual; 
 Dificuldade no uso de gestos e expressões faciais; 
 Dificuldades em fazer amizades e no brincar, entender emoções e 
sentimentos relacionados ao outro; 
 Falta de interesse por coisas ou atividades que as outras crianças propõem; 
 Foco em brinquedos ou brincadeiras apenas que sejam do seu interesse; 
 Aproximação com os demais de uma forma artificializada, robotizada ou 
“aprendida” e fracasso nas conversas interpessoais; 
 Demonstrações de pouco interesse no que outra pessoa está dizendo ou 
sentindo; 
 Dificuldade em iniciar ou responder a interações sociais; 
 Dificuldade de entender a linguagem não verbal das outras pessoas; 
 Dificuldade em se adaptar a diferentes situações sociais. 
3.2 Interesse restrito e estereotipado 
O interesse restrito e estereotipado pode aparecer, de acordo com Silva e 
Gaiato (2012), nas seguintes situações: 
 Movimentos repetitivos ou estereotipados com objetos e/ou fala; 
 
 
12 
 Na fala, repetições de trechos de filmes ou desenhos, falando sozinhos 
numa linguagem “própria”, sem função de interação social; 
 Insistência em rotinas, rituais de comportamentos padronizados, fixação 
em temas e interesses restritos; 
 Hiper- ou hiporreação a estímulos do ambiente, como sons ou texturas; 
 Estereotipias motoras, movimentos repetitivos com o corpo ou com as 
mãos; 
 Extrema angústia com pequenas mudanças na rotina; 
 Forte apego a objetos, gastando muito tempo observando ou usando um 
mesmo brinquedo ou segurando o dia todo algo que caiba nas mãos; 
 Sensibilidade a barulhos, cheiros, texturas de objetos ou extremo interesse 
em luzes, brilhos e determinados movimentos repetitivos; 
 Alteração na sensibilidade à dor. 
As autoras ressaltam que, em decorrência das individualidades, as crianças 
com TEA podem apresentar especificidades diversas quanto à alteração em 
comunicação social e ao interesse restrito e estereotipado. Acerca dessa 
questão, Morais (2012, p. 11) observa que: 
Ao nível comportamental as características que distinguem as crianças 
com autismo das que sofrem de outro tipo de perturbações do 
desenvolvimento baseiam-se sobretudo na sociabilidade, no jogo, na 
linguagem, na comunicação a nível global, a nível de atividade, do 
repertório de interesses, e as atitudes dos demais não assumem para 
elas a mesma importância que por norma assume para outras crianças, 
deste modo as crianças autistas representam um grande desafio para os 
profissionais, pelas vastas características que reúnem. 
É importante e significativo entender que o autismo é uma disfunção no 
desenvolvimento cerebral que tem origem na infância, que persiste ao longo de 
toda a vida e que pode dar origem a uma grande variedade de expressões clínicas 
(Morais, 2012, p. 12). 
TEMA 4 – ALTERAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL 
Foram apresentados no tópico anterior uma série de possíveis gatilhos que 
representam a alteração em comunicação social no TEA. Essas alterações 
estão inseridas no que se conhece como Transtorno do Processamento 
Sensorial (TPS). O TPS é definido por Lázaro (2016, p. 38) como: 
a presença de uma alteração em detectar, modular, interpretar ou 
responder ao estímulo sensorial, anteriormente descrita na literatura 
13 
como disfunção de integração sensorial. Trata-se de um transtorno 
apresentado por um grupo heterogêneo de crianças caracterizadas 
pelas variadas experiências de limitações na participação e realização 
das atividades. Dados na literatura científica demonstram que cerca de 
78 a 90% dos indivíduos com TEA são acometidos por essas disfunções. 
Tal condição pode trazer prejuízos associados às habilidades sociais, ao 
controle postural, à coordenação motora, ao uso e manuseio dos 
objetos, assim como ao desempenho nas atividades de vida diária, a 
exemplo da alimentação, e à imaturidade no brincar. Pode ainda estar 
associada aos prejuízos nas atividades escolares, aos problemas de 
atenção, alémde ser risco para dificuldades de aprendizagem. 
A classificação do TPS, conforme pesquisa desenvolvida por Lázaro (2016, 
p. 38-39, grifos da autora) sobre os estudos de Ayres, subdivide-se em:
1) Transtornos de Modulação Sensorial: dificuldade em regular grau,
intensidade e natureza das respostas aos estímulos sensoriais,
podendo ser classificados em:
a) hiporresponsividade sensorial, com pobre reação aos estímulos
relevantes do ambiente como, por exemplo, dor, movimentos ou
cheirar;
b) hiperresponsividade sensorial, com maior tendência a se orientar
e a responder a determinados estímulos, como toques, movimentos,
luzes, sons, apresentando, por exemplo, respostas aversivas ou
intolerância ao movimento, com reação de enjoo, mal-estar e
náuseas diante de mínimos estímulos;
c) busca sensorial, com procura constante de estímulos intensos, seja
vestibular, proprioceptivo e outros.
2) Transtornos de Discriminação Sensorial: dificuldades em
interpretar a qualidade ou a singularidade de cada estímulo, perceber
suas diferenças e semelhanças, podendo apresentar diferentes
graus de dificuldades nas diversas modalidades sensoriais, como
visual, tátil, auditivo, vestibular, proprioceptivo, gustativo e olfativo.
3) Transtornos Motores com Base Sensorial: dificuldades em
integrar as informações do próprio corpo e movimentar-se de maneira
eficiente no ambiente, sendo os problemas mais comuns:
a) distúrbio postural, com dificuldade em estabilizar o corpo durante o
movimento ou retificar a postura quando solicitado pelo movimento;
b) dispraxia, com dificuldade em idealizar, criar, iniciar, planejar,
sequenciar, modificar e executar as ações.
O sujeito autista possui bastante resistência a frequentar lugares muito 
“barulhentos”, com muitos estímulos visuais e auditivos, muitas pessoas em 
trânsito, como shoppings, festas de aniversário ou até mesmo o intervalo entre 
as aulas. Estes são lugares de maior ansiedade, que fazem com que a 
criança com o transtorno do espectro autista se comporte tentando bloquear o 
estímulo colocando as mãos nos ouvidos, andando na ponta dos pés, girando ao 
redor do próprio corpo e até mesmo correndo em círculos. 
Quais serão os motivos desse comportamento? Conforme pesquisas 
realizadas por Posar e Visconti (2018), esses comportamentos se explicam pelo 
Transtorno de Processamento Sensorial ou Disfunção Sensorial. Quase 
 
 
14 
todos os indivíduos com TEA apresentam esse comportamento, que pode estar 
relacionado diretamente aos tópicos dispostos a seguir: 
 Estereotipias; 
 Problemas de comportamento; 
 Dificuldades de adaptação em determinados ambientes (escolar, familiar, 
sociais, locais públicos e também em contextos terapêuticos); 
 Dificuldades de aprendizagem. 
Posar e Visconti (2018) analisam que os nossos estímulos sensoriais 
possuem a função de captar os estímulos do ambiente e reportá-los ao sistema 
nervoso, para que retornem ao ambiente sob a forma de comportamentos e 
aprendizagens. Por exemplo, um estudante que apresenta hipersensibilidade 
ou/e hiperresponsividade aos estímulos auditivos da sala de aula e do ambiente 
que o cerca — que acarretam problemas de concentração, ansiedade ou até 
mesmo problemas com agressividade — na realidade passa por uma sobrecarga 
sensorial. 
Para Corrêa (2015), outro fator comum que por vezes aparece como 
sintoma em crianças com TEA é a questão da seletividade alimentar, que pode 
estar relacionada tanto com hipossensibilidade como com hipersensibilidade 
sensorial. No que tange a tal aspecto, faz-se importante o papel do terapeuta e 
do professor em adaptar os ambientes de contato, haja vista uma possível 
dificuldade da criança frente aos possíveis estímulos por ela captados. A reação 
a tais estímulos pode muitas vezes ser confundida como uma simples aversão, 
quando na realidade é apenas uma resposta aos sentidos absorvidos. 
Tais respostas podem se manifestar, por exemplo, conforme Corrêa (2015), 
em um tipo de apatia por parte da criança em situações que por ventura levem-na 
a machucar o próprio corpo, em acidentes corriqueiros ou propositadamente. É 
possível que ela esteja relacionada a outras características do TEA, como as 
estereotipias já mencionadas. 
No que diz respeito ao sentido vestibular — produzido pelo aparelho 
vestibular, que trabalha na manutenção do equilíbrio corporal —, os indivíduos 
com TEA que apresentam hiporresponsividades podem buscar estímulos que não 
são sentidos por pessoas que não apresentam o transtorno, quais sejam balançar 
a cabeça ou girar sobre o próprio corpo. 
15 
É importante que esses aspectos sejam levados em consideração em sala 
de aula, visto que podem ser confundidos com uma possível sobrecarga sensorial, 
mau comportamento ou até mesmo uma necessidade de conforto sensorial, 
quando na verdade são apenas consequências da hipossensibilidade ou da 
hiporresponsividade características dos distúrbios sensoriais 
TEMA 5 – INTERESSE RESTRITO E ESTEREOTIPADO 
A estereotipia é um dos fatores do TEA que mais causa estresse, tanto aos 
profissionais quanto ao próprio indivíduo. Para que se possa entender melhor o 
tema, é importante que se faça tal indagação: Como lidar com esses sintomas? 
Os comportamentos estereotipados causam grandes restrições sociais, uma vez 
que interferem no funcionamento e convívio na estrutura familiar. Muitas vezes a 
própria família do indivíduo, ao passar por essas situações estressantes, hesita 
em manter relações de convívio com outras pessoas. 
O estresse é significativo, pois a administração desses comportamentos 
demanda uma supervisão ininterrupta por parte dos responsáveis, tendo em vista 
os perigos que podem causar à criança autista. Nesse sentido, é importante que 
se entenda: O que significa a estereotipia? 
É um modo recorrente de agir e se comportar em determinado contexto, de 
se comunicar com outrem e de manusear objetos sem intuito funcional ou de 
interação social. É um sinal clínico muito comum no TEA, que mais o representa 
e causa preocupação do ponto de vista terapêutico, tendo em vista a dificuldade 
em termos sociais e comunicativos — fatores cruciais para o desenvolvimento da 
criança. 
 As pessoas com o transtorno do Espectro Autista (TEA) tendem a repetir 
comportamentos, o que causa um distanciamento da realidade que se observa 
em determinado contexto. Ademais, a repetição acarreta dificuldades em 
começar e manter diálogos e realizar tarefas simples do cotidiano e da escola. 
Além disso, a rotina se torna algo fragmentado, o que prejudica tanto a 
alimentação quanto o sono.
As estereotipias podem reduzir o desenvolvimento da criança em 
intervenções tanto médicas quanto não médicas. Elas são multiformes, fontes de 
grande parte do estresse do indivíduo. Algumas delas podem ser elencadas 
conforme relação a seguir: 
16 
 Estereotipas de fala e com objetos;
 Com rituais de movimentos;
 Estereotipias de rotinas individuais (manias, compulsões e formas de agir
previsíveis).
Devido a tais fatores, o tratamento requer vários eixos de intervenção:
 Uso de medicação: tanto para reduzir os sintomas principais do TEA como
para auxiliar na redução das suas hipersensibilidades auditivas ou táteis,
que podem induzir a determinadas estereotipias.
 Buscar abordagens comportamentais: fundamentais na administração
desses comportamentos.
 Reduzir fatores que intensificam estereotipias: por exemplo alguns
barulhos, mudanças súbitas de rotina, dores pelo corpo (sobretudo dor de
dente, ouvido e barriga), problemas de sono. Outros fatores médicos
também podem influenciar este quadro, como alergias, infecções ou
intolerâncias alimentares.
Dessa forma, a atenção quanto a essas manifestações ajuda a aliviar a
intensidade e a frequência desses comportamentos destrutivos e/ou restritivos do 
indivíduo com TEA. Isto é, meios para controlar essas estereotipias envolvem 
métodos de controle comportamental baseados em técnicade Reforçamento 
Positivo: 
1. Usar os brinquedos preferidos da criança e propor um acordo de redução
de suas atitudes repetitivas durante um determinado período.
Objetivo: proporcionar o brinquedo à criança, com mais momentos
programados, como se fosse uma recompensa pela conquista de uma nova
atividade.
2. Reduzir estímulos indesejáveis do ambiente para a criança com TEA.
Observação importante 
Nem toda criança com TEA tem as mesmas estereotipias e os mesmos 
fatores hiperestressantes que desencadeiam essas estereotipias. Dessa forma, o 
elemento determinante e necessário é a avaliação da criança com TEA. 
3. Aumentar paulatinamente o tempo de exposição da criança àquilo que ela
mais gosta.
 Motoras;
 
 
17 
Objetivo: aproveitar esses momentos para a introdução de pequenos 
conteúdos, o que proporcionará que a disposição da criança para refazer 
estereotipias diminua. 
Os métodos e as técnicas utilizados para estimular comportamentos 
desejáveis e reduzir comportamentos indesejáveis em crianças com TEA serão 
abordados em outro momento, de maneira conceitual. Conforme Lampreira (2007, 
p. 106): “a formulação e a adoção de um programa de intervenção precoce se dá 
sempre dentro de um referencial teórico que lhe dá coerência e organicidade. 
Dessa maneira, para melhor compreendê-lo e adotá-lo, é importante conhecer 
esse referencial”. Por sua vez, Lázaro (2016, p. 15) ressalta que: 
A manifestação de outros distúrbios neurobiológicos, a exemplo do 
Transtorno do Déficit de Atenção Hiperatividade (TDAH) e do Transtorno 
Desafiante Opositor (TDO), Epilepsia, deficiência intelectual, distúrbios 
do sono, hiperatividade, auto e heteroagressividade e complicações 
genéticas (especialmente a síndrome do X-Frágil), podem piorar 
significativamente o prognóstico do TEA. Ao avaliar a frequência dos 
sintomas de TDAH no TEA, outros autores observaram maior 
comprometimento funcional nos autistas que preencheram os critérios 
para o diagnóstico de TDAH. Os sintomas do Transtorno Desafiante 
Opositor, a exemplo de agressividade, desafio e recusa a obedecer às 
solicitações e regras, quando associados ao autismo parecem indicar 
um fenótipo distinto, exigindo medidas terapêuticas específicas. Essas 
alterações de conduta também interferem no acesso às medidas 
socioeducativas e principalmente na adaptação social. Já os 
comportamentos auto e heteroagressivos parecem associados ao déficit 
cognitivo e têm pior prognóstico no que se refere à adaptação social. 
Além dos fatos citados, a irritabilidade e as agressões, geram riscos 
físicos para a criança, e exigem intervenções farmacológicas para a 
contenção destes comportamentos. 
Prezados cursistas, neste nosso primeiro módulo foram elencados, a partir 
da fundamentação inicial do TEA, alguns dos pressupostos acerca desse 
transtorno tão multifacetado. Para sintetizar esse debate, faz-se necessário 
retomar as questões que orientaram a trajetória neste módulo: 
Os comportamentos são comuns a todos os indivíduos do TEA ou o que 
muda é a intensidade das manifestações e a gravidade do acometimento? 
É possível entender, baseando-se nas problemáticas que orientam este 
primeiro módulo, que o TEA não é um transtorno individualizado com 
características e propriedades inerentes à patologia. Ao contrário: possui uma 
extensão sindrômica que varia tanto na intensidade da sintomatologia central 
como na presença de sintomas associados, que apresentam variações nas 
manifestações clínicas. Com isso, as causas do TEA se consideram diferentes 
apresentações fenotípicas e neurobiológicas. Desse modo, destaca-se a 
 
 
18 
importância dos instrumentos de avaliação que identifiquem e monitorem os 
sintomas centrais do TEA e os sintomas comórbidos repetidamente associados. 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
SILVA, A. B. B; GAIATO, M.B; REVELES, L.T. Mundo singular: entenda o 
autismo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. 
O diferencial desse texto é que, mesmo desenvolvendo os referenciais teóricos 
acerca do TEA, apresenta-se com uma linguagem clara e objetiva no que 
concerne à sistematização dos pressupostos básicos desse transtorno: sintomas, 
diagnósticos e tratamento. 
Texto de abordagem prática 
APA – American Psychiatric Association. DSM-V: Manual diagnóstico e estatístico 
de transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2014. 
Totalmente reformulado, o DSM-V reúne o resultado de mais de 10 anos de 
trabalho de uma equipe de especialistas internacionais. A nova edição apresenta 
a síntese atual em termos de classificação e diagnóstico na área da saúde mental, 
tornando-se assim recurso indispensável a estudantes, clínicos e pesquisadores. 
Saiba mais 
ASSIS, P. de. Um breve manual de transtornos mentais: um guia introdutório à 
psicopatologia e os sistemas diagnósticos de classificação. 2010. Disponível em: 
<http://pablo.deassis.net.br/wp-content/uploads/2010/02/Transtornos-
Mentais.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2019. 
O autor desenvolveu uma espécie de enciclopédia compacta acerca dos 
transtornos mentais. 
 
 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
AMBADY, N.; ROSENTHAL, R. Half a minute: Predicting teacher evaluations from 
thin slices of nonverbal behavior and physical attractiveness. Journal of 
personality and social psychology, v. 64, n. 3, p. 431-441, 1993. 
APA – American Psychiatric Association. DSM-IV: Manual diagnóstico e 
estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 
_____. DSM-V: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto 
Alegre: Artmed, 2014. 
ASSIS, P. de. Um breve manual de transtornos mentais: um guia introdutório à 
psicopatologia e os sistemas diagnósticos de classificação. 2010. Disponível em: 
<http://pablo.deassis.net.br/wp-content/uploads/2010/02/Transtornos-
Mentais.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2019. 
BRITES, L.; BRITES, C. Como saber do que seu filho precisa? 1. ed. São 
Paulo: Gente, 2018. 
BRITES, C. Quais os critérios de diagnóstico do autismo? Disponível em: 
<http://entendendoautismo.com.br/artigo/quais-os-criterios-de-diagnosticos-do-
autismo/>. Acesso em: 22 jan. 2019. 
BUORO, L. Autismo: Aspectos cognitivos, educacionais e neurobiológicos com 
base na análise dos livros Mundo singular: entenda o autismo e Os gatos nunca 
mentes sobre o amor e na literatura especializada. 55 f. Trabalho de Conclusão 
de Curso (Graduação em Pedagogia) – Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho, Rio Claro, 2015. 
CORRÊA, M. M. Inclusão de crianças com PEA: e agora? Porto: Escola de 
Educação de Paula Frassinetti, 2015. 
GADIA, C. A. et al. Autismo e Doenças Invasivas de Desenvolvimento. Jornal de 
Pediatria, Rio de Janeiro, v. 80, n 2, 2004. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/jped/v80n2s0/v80n2Sa10.pdf>. Acesso em: 22 jan. 
2019. 
LAMPREIA, C. A perspectiva desenvolvimentista para a intervenção precoce no 
autismo. Estudos de psicologia, Campinas, v. 24, n. 1, p. 105-114, 2007. 
 
 
20 
LÁZARO, C. P. Construção de escala para avaliar o comportamento alimentar 
de indivíduos com transtorno do espectro do autismo (TEA). Tese (Doutorado 
em Medicina e Saúde Humana) – Escola de Medicina e Saúde Pública, Salvador, 
2016. 
MARQUES, C. E. Perturbações do Espectro do Autismo, Ensaio de uma 
Intervenção Construtivista Desenvolvimentista com Mães. Coimbra: Quarteto 
Editora, 2000. 
MENDES, J. I.; COSTA, J. R. Integração sensorial em crianças com transtorno do 
espectro autista. Cadernos da Escola de Saúde, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 1-3, 
2018. 
MORAIS, T. L. de C. Modelo teacch: intervenção pedagógica em crianças com 
perturbações do espetro do autismo. Dissertação (Mestrado em Educação 
Especial) – Escola superior de Educação Almeida Garrett, Lisboa, 2012. 
OMS – Organização Mundial Da Saúde. Classificação Estatística Internacional 
de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID-10. 1993. Disponível 
em: <http://www.medicinanet.com.br/cid10.htm>. Acesso em: 22 jan. 2019.POSAR, A.; VISCONTI, P. Sensory abnormalities in children with autism spectrum 
disorder. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 94, n. 4, p. 342-350, 2018. 
SCHWARTZMAN, J. S.; ARAÚJO, C. A. de. Transtornos do espectro do 
autismo. São Paulo: Memnon, 2011. 
SILVA, A. B. B; GAIATO, M.B; REVELES, L.T. Mundo singular: entenda o 
autismo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

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