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ECONOMIA E MERCADO ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 17 4 ECONOMIA E MERCADO A disciplina Economia e Mercado tem o objetivo de trazer uma visão abrangente sobre economia, trabalhando aspectos, conceitos e categorias de análise que possibilitem a reflexão a respeito de relações, processos e estruturas que se desenvolvem na economia. 4.1 Introdução Adam Smith (1723-1790), economista escocês, elaborou pela primeira vez “um modelo abstrato completo e relativamente coerente da natureza, da estrutura e do funcionamento”, de um sistema econômico. Outros economistas também se destacaram, depois e mesmo antes de Adam Smith: François Quesnay (sistema econômico), Jean Baptista Say (a mão invisível), Thomas Robert Malthus (controle da natalidade), David Ricardo (valor da terra), Karl Marx (mais valia), John Maynard Keynes (macroeconomia), Schumpeter (inovações) etc. Após a evolução de estudo, a economia pode ser conceituada como: “A ciência que estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos”. (ROSSETTI, 2004) O conceito acima demonstra que a economia considera o fato de que se pode ter necessidades ilimitadas para satisfazer e que os recursos para tal fim são escassos. Para isto, tem-se que escolher a melhor alocação dos recursos capazes de produzir o necessário para satisfazer as necessidades. Examinando as opções viáveis que se apresentam aos agentes econômicos para empregar os limitados recursos sob comando, tomando decisões racionais diante de várias alternativas. A melhor escolha em relação a alocação dos recursos é feita pelos agentes econômicos. São eles: Unidades familiares; Empresas; e Governo. 4.1.1 Fatores de Produção Fatores de produção são os recursos que as pessoas, em sentido amplo, dispõe para a produção de qualquer bem ou serviço. Podem se fracionar em quatro categorias: Trabalho: físico ou intelectual; Recursos da Natureza: terra, água, vento, sol, minerais, animais e vegetais de florestas naturais; Tecnologia: entendida como a maneira de se fazer as coisas e não os objetos empregados para fazê-las, por exemplo, os programas de computadores e não os MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 18 computadores, como máquinas; Capital: tanto pode ser o dinheiro em si, chamado de capital financeiro, como os meio de produção (prédios, máquinas, computadores etc.), conhecidos como capital produtivo. 4.1.2 O problema fundamental da economia O problema fundamental da economia se refere à escassez dos recursos de produção. Quando não se tem abundância relativa dos recursos de produção, as necessidades não são completamente liquidadas. Se todos os bens fossem ilimitados, a disponibilidade livre de recursos seria de tal ordem que a obtenção de quaisquer bens não seria problema. Neste caso, não necessitaria da ciência econômica, pois não haveria conflitos de interesses. Porém, são raros os bens que ainda são livres e que não temos que pagar para adquiri-los – a água da chuva, por exemplo. Ou até mesmo o ar que respiramos que ainda é livre, vai, pouco a pouco, se transformando em bem econômico. Surge então à necessidade da economia, para que se possa usufruir, da melhor maneira possível, desses recursos. Se observa, portanto a importância da economia para ajudar a alocar recursos escassos para atender as necessidades ilimitadas. Em todos os países, as unidades familiares exigem mais e melhor produtos. As empresas para produzi-los exigem equipamentos de mais alta sofisticação, mais ágeis e mais produtivos. Os governos, para garantir a satisfação das necessidades dos outros agentes, têm de fornecer mais infraestrutura econômica e social, melhores bens e serviços públicos. Todos necessitam da economia para auxiliá-los. 4.1.3 Questionamentos relevantes 1- O que produzir? O que produzir com os recursos que são escassos para atender as necessidades ilimitadas da sociedade. Várias podem ser as alternativas de produção, dentre elas o que produzir para usufruir e gastar da melhor maneira possível os recursos que são limitados. 2- Quanto produzir? Quanto produzir de determinado produto ou produtos para atender as necessidades da sociedade, para a sustentação do seu bem-estar corrente e para a progressiva melhoria do seu padrão de vida. ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 19 3- Como produzir? Como produzir para otimizar os recursos de produção (terra, capital, trabalho, capacidade tecnológica e capacidade empresarial) face à sua escassez 4- Quem produzir? Para quem vai ser direcionado o produto/serviço. Tal questionamento é importante para que se produza o necessário para atender as necessidades da sociedade. As respostas a esses questionamentos são extremamente relevantes para resolver os problemas econômicos que afetam s sociedades como um todo. Várias são as possibilidades de se produzir bens/serviços, com a disponibilidade limitada de recursos, para atendê-las. Assim, essas possibilidades de produção podem ser destinadas a uma variedade de combinações de diferentes categorias de bens e serviços que podem ser destinados à sociedade. 4.1.4 Fluxos Econômicos Ao longo do processo de produção, em que são alcançados bens e serviços, as unidades produtoras remuneram os fatores de produção por elas empregadas: pagam salários aos seus funcionários, aluguel pelas instalações que ocupam, juros pelos financiamentos obtidos e distribuem lucros aos seus proprietários. Essa remuneração é recebida pelos proprietários dos fatores de produção e permite-lhes adquirir os bens e os serviços de que necessitam. As unidades produtoras, ao mesmo tempo em que produzem bens e serviços, remuneram os fatores de produção por elas empregados, deixando que as pessoas adquiram bens e serviços produzidos por todas as outras unidades produtoras. Condição fundamental do sistema econômico para garantir sua eficiência. O indivíduo que labuta em uma fábrica de roupas, por exemplo, não vai adquirir apenas o produto de seu trabalho (as roupas) com o salário que recebe. Precisa, conjuntamente, comprar alimentos, alugar ou comprar uma casa, usar transporte coletivo etc. É através da remuneração de sua força de trabalho (fator de produção que concorreu para a produção das roupas) que ela poderá adquirir as coisas de que necessita para viver. Desta forma, em um sistema econômico existem dois fluxos: O primeiro é fluxo do produto, formado pelos bens e serviços produzidos no sistema econômico, que também recebe o nome de fluxo real; O segundo é o fluxo de renda, ou fluxo monetário, formado pelo pagamento que os fatores de produção recebem durante o processo produtivo, também chamado de fluxo nominal. Esses dois fluxos têm significado muito importante para a teoria econômica. O fluxo MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 20 de produto, formado por bens e serviços produzidos, constitui a oferta da economia, ou seja, tudo aquilo que tiver sido produzido e estiver à disposição dos consumidores. O fluxo de renda, formado pelo total da remuneração dos fatores produtivos, constitui o montante de que as pessoas dispõem para satisfazer às suas necessidades e desejos. Esse fluxo confunde- se, em geral, com a despesa que os agentes realizam, representando a demanda, ou a procura, da economia. Pode-se perceber portanto, a seguinte igualdade: Produto = renda = despesa A oferta e a procura são as duas funções mais significativas de um sistema econômico. Elas formam o mercado em que as pessoas que querem vender se encontram com as pessoas que querem comprar. É importante observar que o termo mercado, na teoria econômica, não significa apenas o lugar físico onde as pessoas estão localizadas, como uma feira livre, por exemplo. Seusignificado é mais amplo, se refere a todas as compras e vendas realizadas no sistema econômico, tanto de bens de consumo, intermediários e de capital como de serviços. Em síntese, resume a essência do sistema econômico, em que as necessidades são satisfeitas através da venda e da compra de mercadorias e serviços. 4.1.5 Oferta e Demanda Teoria Elementar da Demanda: A demanda/procura pode ser entendida como a quantidade de um determinado bem ou serviço que os consumidores desejam comprar em determinado período de tempo a um determinado preço, mantidas constantes todas as outras variáveis. A análise da demanda está alicerçado no conceito de utilidade que é a qualidade que os bens econômicos possuem de satisfazer as necessidades humanas. Esta utilidade difere de consumidor para consumidor, visto que está baseada em aspectos psicológicos ou preferências. E como visa satisfazer necessidades humanas, elas têm que apresentar algum valor. Em economia, geralmente se utiliza a expressão ceterisparibus, que significa “tudo permanece constante”. Essa hipótese é de extrema importância, pois não é um fator isolado que determina a demanda de um bem. Todavia, para analisar o efeito de apenas uma única variável, é necessário considerar as demais causas constantes. São elas: Salários; Juros; Lucros; Aluguéis; Alimentos; Vestuário; ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 21 Serviços; Equipamentos. Outras variáveis que influenciam a escolha do consumo são: Preço do bem ou serviço; O preço dos outros bens; A renda do consumidor; Os gastos com propaganda e publicidade; O gosto ou preferência do indivíduo. Ainda deve-se atentar para a Lei Geral da Demanda, que indica que há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade demandada e o preço do bem, ceterisparibus (ou seja, quanto mais baixo o preço, maior o número de pessoas que irão querer adquirir o bem ou serviço). Além do preço do bem, a oferta de bem ou serviço é afetada pelos custos dos fatores de produção (matérias- primas, salários, preços da terra) e por alterações tecnológicas, ou pelo aumento do número de empresas no mercado. O preço de equilíbrio: A interação das curvas de demanda e oferta determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço em dado mercado, ou seja, a quantidade a ser produzida e o preço ofertado, possuem os mesmos valores na curva de demanda. No encontro das curvas de oferta e demanda (PE) teremos o preço e a quantidade de equilíbrio, isto é, o preço e a quantidade que atendem os objetivos dos consumidores e dos produtores simultaneamente. Se a quantidade concedida se encontrar abaixo daquela de equilíbrio “PE”, teremos uma situação e insuficiência do produto. Haverá uma disputa entre os consumidores, pois as quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas. Filas serão formadas, o que forçará a elevação dos preços, até atingir-se o equilíbrio, quando as filas cessarem, haverá um concentração de estoques não programados do produto, o que provocará uma competição entre os produtores, conduzindo a uma nova redução dos preços, até que se atinja o ponto e equilíbrio. Quando há competição, tanto de consumidores quanto de ofertantes, há uma tendência natural no mercado para se chegar a uma situação de equilíbrio estacionário. 4.1.6 Bens econômicos Para economia, “bem” é tudo que serve de elemento a uma empresa ou entidade para a formação do patrimônio empregado para desempenhar a atividade produtiva, útil para a produção direta ou indireta de seu lucro. É tudo aquilo que tem utilidade material, prática e valor financeiro. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 22 São classificados como: Bens de Capital: São os bens que servem para produzir outros bens, como por exemplo, uma máquina de costura, ou seja, máquinas e equipamentos que são utilizados para fabricar outros bens. Bens de consumo: São aqueles que atendem, diretamente, à demanda. Eles são destinados ao consumo final dos consumidores. Existem dois tipos: 1- Duráveis por exemplo: televisores, geladeira, aparelho de som, carro, liquidificador, pois são bens que não possuem consumo imediato; 2- Não duráveis são bens destinados ao consumo final e são consumidos imediatamente pelos consumidores, por exemplo: alimentos, produtos de higiene e limpeza, etc. Bens intermediários: São os utilizados para produzir outros bens, mas difere dos bens de capital, porque são consumidos durante o processo produtivo. Por exemplo, o tecido que utilizado para produzir a camisa. No final do processo não existe mais tecido, mas sim a camisa, enquanto a máquina de costura continua como tal, sendo utilizada para produzir outros bens. Bens substitutos: São bens que interferem na demanda de um produto por parte do consumidor. Assim, quanto mais substitutos houver para um bem e/ou serviço, mais opções o consumidor terá a sua disposição para decidir sobre a sua demanda. Neste caso, pequenas variações em seu preço, para cima, por exemplo, farão com que o consumidor passe a adquirir mais de seu produto substituto, provocando queda em sua demanda maior do que a variação do preço. Exemplo: O consumidor tem sua demanda por uma certa quantidade de tomate que possui vários substitutos (repolho, cenoura, vagem, pepino abóbora, etc.). Neste caso qualquer variação de preço de tomate, por menor que seja, leva o consumidor a trocar uma certa quantidade (ou toda ela) de tomate por quantidade de outros produtos. Bens Complementares: São bens que tendem a influenciar a demanda de outros bens. São denominados bens complementares porque um está relacionado ao consumo do outro. Como por exemplo, o pão e a manteiga. Assim, quando o preço do pão subir isto ocasionará uma queda na demanda do próprio pão e, consequentemente, na demanda da própria manteiga, que o consumidor utiliza para passar no pão. ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 23 4.2 Produto Interno Bruto (PIB) Além de medir a riqueza e mostrar a evolução dos agregados econômicos, institucionalmente o PIB serve como um dos parâmetros para a distribuição do fundos de participação dos estados e dos municípios (FPE e FPM). Esse fato explica a defasagem temporal de cerca de dois anos para a divulgação definitiva de resultados dos PIBs estaduais. É um indicador de grande importância para a elaboração de políticas públicas e como fonte de informações para pesquisadores e acadêmicos. Vale ressaltar que o PIB é calculado pela ótica da produção, o que significa tratar-se do resultado da diferença entre o valor bruto da produção e o respectivo consumo intermediário, mais os tributos indiretos, menos serviços de intermediação financeira indiretamente medidos. O produto interno bruto (PIB)refere-se ao valor de mercado de todos os bens e serviços produzidos num país durante um determinado período. É a riqueza do País. Constitui um indicador da atividade econômica de um determinado país na medida em que representa o valor total da produção de bens e serviços. Dividindo o PIB pelo total da população obtém-se o PIB per capita, indicador que mede o grau de desenvolvimento econômico de um país, dado que os preços dos produtos e serviços pode variar fortemente entre países. O PIB per capita é por vezes ajustado às paridades do poder de compra entre países. Esse valor refere-se à produção efetuada no país, independentemente de ser realizada por empresas nacionais ou estrangeiras. Se o critério de contabilização fosse a nacionalidade, tratar-se-ia de um outro conceito, o de Produto Nacional Bruto (PNB). O PIB é um dos agregados macroeconômicos, ou seja, é uma grandeza que representa o conjunto das operações efetuadas, durante o ano, pelos vários agentes dessa economia. Em termos de Contabilidade Nacional, considera-se o PIB (a preços de mercado) como a soma do consumoprivado, do consumo público, do investimento das empresas e das exportações líquidas (óptica da despesa). O PIB mede o valor, em reais, de tudo o que produzimos. Se o país fosse um indivíduo, o PIB seria sua renda. A Fórmula para o cálculo do PIB de uma região é a seguinte: PIB = C+I+G+X-M. Onde, C (consumo privado), I (investimentos totais feitos na região), G (gastos dos governos), X (exportações) e M (importações). O PIB per capita (por pessoa), também conhecido como renda per capita, é obtido ao pegarmos o PIB de uma região, dividindo-o pelo número de habitantes desta região. PIB pode ser determinado de três formas, as quais devem, em princípio, dar o mesmo resultado. Eles são o produto (ou saída) abordagem, a abordagem da renda, e na ótica da despesa. O mais direto dos três é a abordagem do produto, que resume os resultados de todas as classes de empresa para chegar ao total. A ótica da despesa, trabalha no princípio de que todo o produto deve ser comprado por alguém, pois o valor do produto total deve MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 24 ser igual ao total das despesas das pessoas em comprar coisas. Exemplo: o método de despesas PIB = Consumo privado + Investimento bruto + gastos do governo + ( exportações - importações ), ou Nota: "Bruto" significa que o PIB da produção de medidas, independentemente das diferentes utilizações a que a produção pode ser colocado. A produção pode ser utilizada para consumo imediato, o investimento em novos ativos fixos ou inventários, ou para substituir depreciado ativos fixos. "Doméstica", que o PIB da produção de medidas que ocorre dentro das fronteiras do país. Na equação do método da despesa, dada acima, o prazo das exportações sobre as importações, menos é necessária, a fim de inútil para gastos em coisas não produzidas no país (importações) e adicionar em coisas produzidas, mas não vendidos no país (exportações). Economistas (desde Keynes) preferiram dividir o termo consumo geral em duas partes: o consumo privado e do sector público (ou governo) da despesa. Duas vantagens da divisão do consumo total deste modo em teóricos da macroeconomia são: O consumo privado é uma preocupação central da economia do bem estar. O investimento privado e porções de comércio da economia é dirigida fundamentalmente (em integrar os modelos econômicos) para aumentos de longo prazo do consumo privado. Se separados endógena do consumo privado, consumo do governo pode ser tratada como exógena , para que os gastos diferentes níveis de governo pode ser considerada dentro de um quadro macroeconómico significativo. É importante destacar que os números revelados por meio do PIB têm impacto no cotidiano da população de um País. O caminho indicado por eles reflete na qualidade de vida de uma nação, no entanto, os efeitos não ocorrem de maneira imediata, mas indicam uma conjuntura que pode ser propícia ou não ao bem-estar da população. Se o PIB aponta expansão da economia, isso tem influência sobre o bem-estar da população. Quando o País está crescendo, as pessoas vão sentir os efeitos, não de forma igualitária, porque isso vai depender da estrutura produtiva e de como o cidadão está inserido, mas a qualidade de vida aumenta, porque, quanto mais se produz, a tendência é que mais empregos sejam gerados, que os preços diminuam e que haja mais disponibilidade de produtos no mercado. Então, isso significa não apenas mais renda para gastar, mas também mais produtos disponíveis para compra, além da melhoria da qualidade dos atendimentos, tanto por empresas privadas como pelo próprio governo. As empresas e o governo arrecadam mais, então podem melhorar seus atendimentos e os serviços prestados à população. Apesar de tudo, o PIB não é capaz de captar todas as riquezas geradas no País, ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 25 porque, para fazer o cálculo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) leva em consideração apenas as atividades legalizadas. Já as informais não são absorvidas em sua totalidade pela metodologia aplicada. 4.2.1 Custos do crescimento econômico Em 1980, houve um boom econômico, com crescimento acima de 5% ao ano. No entanto essa inflação causada subiu para mais de 10%. Para reduzir a inflação o governo aumentou as taxas de juros, isso levou a economia a abrandar e, em seguida, entrar em uma recessão. Apesar dos benefícios do crescimento econômico existem custos potenciais. Estes custos serão maiores se a taxa de crescimento econômico é muito rápida. Para compreender a questão, faz-se necessário observar os conceitos a seguir. Inflação: Se a demanda aumenta mais rapidamente do que a oferta, então o crescimento econômico será insustentável. O hiato do produto irá diminuir e provocar inflação. Boom: Se o crescimento econômico é insustentável, em seguida, vem uma alta inflacionária que pode ser seguida por uma recessão. Isso ocorreu no final de 1980 e início de 1990. Balanço de Pagamentos-Déficit: O aumento do crescimento econômico provoca um aumento nos gastos com importações, portanto, causando um déficit. Os custos ambientais: O aumento do crescimento econômico vai levar a aumento da produção e, portanto, aumento da poluição e dos congestionamentos. Isto irá causar problemas de saúde como asma e, portanto, irá reduzir a qualidade de vida. Reduzir a desigualdade: As maiores taxas de crescimento econômico têm frequentemente resultado o aumento da desigualdade, no entanto isso depende de coisas como as taxas de imposto e da natureza do crescimento econômico. 4.2.2 Benefícios do crescimento econômico Crescimento econômico significa um aumento do PIB real. Este aumento do PIB real significa que há um aumento no valor da produção/despesa nacional. Os benefícios do crescimento econômico são: Rendimentos mais elevados. Isso permite aos consumidores desfrutar de mais bens e serviços; Com a diminuição do desemprego de saída as empresas maiores tendem a empregar mais trabalhadores; O crescimento econômico gera receitas fiscais mais elevadas e há menos necessidade de gastar dinheiro em benefícios como subsídio de desemprego; MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 26 Melhoria dos serviços públicos em função aumento das receitas fiscais, fazendo com que o governo gaste mais em educação e em saúde, etc.; O dinheiro pode ser gasto com a proteção do ambiente. 4.2.3 Mercado e suas extensões No idioma pátrio, a palavra mercado tem diversas definições, dependendo da área de atuação. Em Economia mercado pode significar o conjunto de trocas comerciais entre vários países ou no interior de um país. Pode significar, também, o conjunto de consumidores que absorvem determinados produtos e/ou serviços. Focando no significado que aborda o meio consumidor, segue a classificação abaixo. Classificação dos mercados: Existem várias formas ou estruturas de mercado. Essas dependem, fundamentalmente, de duas características básicas: Número de empresas que compõe esse mercado; Se existem ou não barreira, obstáculos para que novas empresas entrem nesse mercado. Neste sentido podemos ter as seguintes estruturas de mercado. Concorrência perfeita: É um tipo de mercado em que há um grande número de empresas. Assim sendo, uma empresa isoladamente, por ser irrelevante, não afeta os níveis de oferta do mercado e, consequentemente, o preço de equilíbrio. É um mercado “atomizado”, pois é composto de um número expressivo de empresas, como se fossem átomos. Características fundamentais deste tipo de mercado: 1- Trabalham com produtos homogêneos, onde não existe diferenciação entre os produtos oferecendo pelas empresas; 2- Não existem barreiras para o ingresso de novas empresas, ou seja, qualquer empresa pode entrar no mercado facilmente e; 3- Há transparência no mercado, onde todas as informações sobre lucros, preços,etc., são conhecidas por todos os participantes do mercado. Efetivamente, não existe o mercado, tipicamente, de concorrência perfeita no mundo real. Provavelmente, o mercado de produtos hortifrutigranjeiros (que produzem tomate, repolho, pepino, etc.) seja o exemplo mais próximo que se poderia apontar. ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 27 Monopólio: Retrata aspectos contrarias às da concorrência perfeita. Nele existe, de um lado, um único empresário dominando a oferta/produção e de outro, todos os consumidores. Não há, portanto, concorrência, nem produto substituto ou concorrente. À vista disso, ou os consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor, ou deixarão de consumir o produto. Para a existência de monopólios, geralmente existem barreiras que impedem a entrada de novas empresas no mercado. Essas barreiras podem surgir em virtude das condições a seguir: Controle de matérias primas, onde o monopólio controla a fonte de matéria prima para produzir o seu produto; Patente exclusiva do produto, não permitindo que outras empresas produzam aquele produto; Elevado volume de capital, onde a empresa para entrar necessita de alto volume de capital e tecnologia. Monopsônio: Este tipo de mercado possui apenas um comprador, caracterizando assim o poder do comprador sobre os fornecedores dos bens ou serviços, isto é, o comprador consegue influenciar o mercado. Oligopólio: É qualificado por um baixo número de empresas que dominam a oferta de mercado, ou, então, um grande número de empresas, mas poucas dominam o mercado. Aqui, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre as empresas por meio de conluios ou cartéis. O cartel é uma organização (formal ou informal) de produtores dentro de um setor que determina a política de preços para todas as empresas que a ele pertencem. No oligopólio, normalmente as empresas debatem suas estruturas de custos. Existe uma empresa líder que, via de regra fixa o preço, respeitando as estruturas de custo das demais e há empresas satélites que seguem as regras ditadas pelas líderes (modelo de liderança de preços). Oligopsônio: Trata-se de um mercado que possui um número reduzido de compradores. Assim como no monopsônio, o comprador consegue influir nos preços e na quantidade de bens e serviços ofertados. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 28 Concorrência Monopolista: É uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita. Na concorrência monopolista há um número relativamente grande de empresas, com certo poder concorrência, mas com segmentos de mercado e produtos diferenciados e com margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma vez que existem produtos substitutos no mercado. 4.3 Macroeconomia Macroeconomia é uma das partes da ciência econômica dedicada a análise, medida e observação de uma economia regional ou nacional como um todo. O estudo macroeconômico surgiu como forma de oposição ao sistema mercantilista vigente na Europa, este movimento foi chamado por Keynes de revolução clássica. Os dois dogmas mercantilistas atacados pelos clássicos eram, o metalismo (a crença de que a riqueza e o poder de uma nação estava no acúmulo de metais preciosos), e a crença na necessidade de intervenção estatal para direcionar o desenvolvimento do sistema capitalista. A macroeconomia concentra-se na análise do comportamento agregado de uma economia, ou seja, das principais tendências (a partir de processos microeconômicos) da economia no que concerne principalmente à produção, à geração de renda, ao uso de recursos, ao comportamento dos preços, e ao comércio exterior. Os objetivos da macroeconomia são principalmente: o crescimento da produção e consumo, o pleno emprego, a estabilidade de preços, o controle inflacionário e uma balança comercial favorável. Um conceito fundamental à macroeconomia é o de sistema econômico, ou seja, uma organização que envolva meios produtivos. A estrutura macroeconômica se compõe de cinco mercados: Mercado de bens e serviços: determina o nível de produção agregada bem como o nível de preços. Mercado de trabalho: admite a existência de um tipo de mão de obra independente de características, determinando a taxa de salários e o nível de emprego. Mercado monetário: analisa a demanda da moeda e a oferta da mesma pelo Banco Central que determina a taxa de juros. Mercado de títulos: analisa os agentes econômicos superavitários que possuem um nível de gastos inferior a sua renda e deficitários que possuem gastos superiores ao seu nível de renda. ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 29 Mercado de divisas: depende das exportações e de entradas de capitais financeiros determinada pelo volume de importações e saída de capital financeiro. 4.3.1 Agregados macroeconômicos Os principais agregados macroeconômicos são produto (economia), renda e despesa. Produto: É a produção total de bens e serviços finais que são fornecidos por uma sociedade num determinado período. Renda: 1- Renda pessoal ou consumo das famílias : o total das remunerações recebidas pelos proprietários dos fatores de produção como compensação pela utilização de seus serviços na atividade produtiva. Ex: salário, aluguéis, juros, lucros. 2- Renda pessoal disponível (RPD) é a renda com que as famílias contam para poderem consumir. 3- Poupança é a parte da RPD que não foi consumida. RENDA(D) = C + S e RENDA(D) = W + J + A + L Em que: W – salários: remuneração do fator de produção trabalho (comissões, honorários de profissionais liberais, ordenados dos executivos, mesmo que não assalariados); J - juros - remuneração do fator de produção capital; A – aluguéis: remuneração dos proprietários dos recursos naturais; L – lucros: remuneração do fator de produção capital. Despesas: É a soma dos gastos efetuados pelos agentes econômicos na aquisição de bens e serviços produzidos pela sociedade. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 30 Outros conceitos: Investimento: São as despesas voltadas para a ampliação da capacidade produtiva da economia. Ex. construção de uma hidroelétrica, a construção ou ampliação de uma fábrica, a aquisição de novas máquinas e equipamentos por uma firma, etc. INVESTIMENTO BRUTO = FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO + VARIAÇÃO DE ESTOQUE Investimento bruto é compra de bens de capital, somente produtos novos. Representam um adicionamento ao estoque de capital da economia. Bens de investimento é sinônimo de bens de capital. Variações positiva de estoque são bens produzidos e não vendidos no período, para serem vendidos no futuro. Por significarem um acréscimo ao patrimônio da sociedade tais variações são computadas como investimentos. INVESTIMENTO BRUTO – DEPRECIAÇÃO = INVESTIMENTO LÍQUIDO Depreciação: Uma parte dos bens de capital em uso na economia poder sofrer desgastes física ou obsolescência. Isso configurará um decréscimo no estoque de capital denominado depreciação. RENDA = CONSUMO + POUPANÇA R = C + S DESPESA = CONSUMO + INVESTIMENTO D = C + I COMO PRODUTO = RENDA = DESPESA C + I = C + S I = S 4.4 Microeconomia As teorias microeconômicas fornecem a base para a operação eficiente da empresa. Visam definir as ações que permitirão à empresa obter sucesso. Os conceitos envolvidos nas relações de oferta e demanda e as estratégias de maximização do lucro, bem como A mensuração de preferências através do conceito de utilidade, risco e determinação de valor, são extraídos da teoria microeconômica. Questões relativas à composição de fatores produtivos, níveis elevado de vendas e estratégias e determinação de preço do produto são todas afetadas por teorias do nível microeconômico. As razões para depreciar ativos também derivam desta área da economia, aanálise ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 31 marginal é o princípio básico que se aplica em administração financeira; a predominância desse princípio sugere que apenas se deve tomar decisões e adotar medidas quando as receitas marginais excederem os custos marginais. Quando se verificar essa condição, é provável que uma dada decisão ou ação resulte num aumento nos lucros da empresa. Em suma, é necessário possuir conhecimentos de economia para se entender o ambiente financeiro e as teorias de decisão que constituem a base da administração financeira contemporânea. 4.5 Balança comercial É o nome da conta do balanço de pagamentos onde se registram os valores das importações e exportações entre os países. Quando as exportações são maiores que as importações registra-se um superávit na balança, e quando as importações são maiores que as exportações registra-se um déficit. Quando o saldo da balança comercial apresenta negativo, o governo para equilibrá-la tem que recorrer as reservas cambiais de dólares que o Estado tem em caixa ou recorrer a empréstimos de banqueiros do exterior, este é um fato gerador da dívida externa. Superávit: Superávit é quando a balança comercial apresenta saldo positivo pois os valores em dólares das importações, foram menores do que os valores das exportações, ou seja, as exportações proporcionaram maior entrada de dinheiro no pais, (exceto dinheiro de especulações), neste caso, a balança comercial é favorável. Déficit: Déficit é quando o saldo da balança comercial é negativo, o valor em dólares das exportações é menor do que o das importações, nesse caso a balança comercial é desfavorável. Dívida interna: É a dívida contraída em moeda nacional pelo governo com as pessoas físicas e jurídicas residentes no país. Dívida externa: É o total dos débitos de um país, resultantes de empréstimos e financiamentos contraídos no exterior pelo próprio governo, por empresas estatais ou privadas. 4.6 Inflação É um processo pelo qual ocorre acréscimo generalizado nos preços dos bens e serviços, ocasionando a perda do poder aquisitivo da moeda. Isso faz com que o dinheiro valha cada vez menos, sendo necessária uma quantidade cada vez maior dele para adquirir MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 32 os mesmos produtos. Segue abaixo, texto reflexivo de Odair Rodrigues, sobre o tema em comento. Tentativas ortodoxas de combate à inflação: Em 1979, iniciou-se o governo do general Figueiredo, tendo como ministro da fazenda Karlos Rischbiter, como ministro da agricultura Delfim Netto e como ministro do planejamento Mario Henrique Simonsen. Este defendia um rigoroso ajuste fiscal, corte nos gastos e nos investimentos que não tinham prioridade, visando a melhoria das contas em transações correntes e o controle do processo de endividamento externo, optando por seguir uma política ortodoxa. Por outro lado, figurava a oposição composta por Delfim, do planejamento e por Andreazza, do interior. Estes defendiam uma política heterodoxa, que era baseada no crescimento econômico a qualquer custo, tendo em vista um rápido desenvolvimento da economia no país. Logo, traçou-se uma disputa política relacionada aos rumos da economia brasileira, assim Delfim Netto acabou substituindo Simonsen no Ministério do Planejamento. Delfim queria reeditar o milagre econômico, mesmo sabendo que a situação externa estava desfavorável. Com o segundo choque do petróleo e a alta dos juros externos, ele não teve outra saída a não ser mudar a condução da política econômica. Dentre essas razões, este período ficou conhecido como a “década perdida”, caracterizada pela queda nos investimentos e no crescimento do PIB, pelo aumento do déficit público, pelo crescimento da dívida externa e interna e pela ascensão inflacionaria. Devido ao agravamento da crise econômica e ao aumento das pressões sobre o governo militar, acabaram tornando inviável a continuação desse tipo de governo, e assim em 1985, iniciou uma nova forma de governar o país, um governo civil em que o presidente seria eleito de forma indireta através do Congresso Nacional. Embora seja um tema relativamente constante do noticiário econômico brasileiro dos últimos 40 anos, foi na década de 1980 que a inflação brasileira intensificou-se como nunca ocorreu antes. A alta dos juros internacionais, desde 1979, e os problemas ligados à administração da dívida externa marcaram então um crescimento nunca visto das taxas inflacionárias no país, e continuaram a crescer ano a ano. Em 1986, o governo tentou conter a inflação com o Plano Cruzado, mas conseguiu apenas baixá-la para 62% ao ano. Assim, após mais três planos econômicos de contenção, a década encerrou-se com o Brasil às portas da hiperinflação, com a marca de 1764% ao ano em 1989, chegando ao máximo de 6584% para o período dos últimos 12 meses, em abril de 1990. O Brasil é resultado de um amplo conjunto de causas entre as quais, o peso insustentável da dívida externa, o imobilismo gerado por uma excessiva proteção à indústria nacional, o fracasso dos programas de estabilização no combate à inflação e o esgotamento de um modelo desenvolvimentista, baseado fundamentalmente na intervenção generalizada do Estado na economia, esgotamento esse assente na crise do Estado brasileiro que diminuiu sensivelmente a sua capacidade de investimento, retirando-lhe grande papel de principal promotor do desenvolvimento. ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 33 Desde então, refletindo a crise econômica internacional (explosão dos preços do petróleo e problemas econômicos nos países industrializados), a inflação brasileira cresceu desde final de 73, chegando a 76% ao ano em 1979 assim nesse período, o padrão de crescimento baseado no financiamento externo ou estatal, através do investimento direto do Estado ou do investimento privado subsidiado, que tinha prevalecido durante a década de setenta. Nesse período o Brasil vivia alta dos juros internacionais, desde 1979, e os problemas ligados à administração da dívida externa marcaram então um crescimento nunca visto das taxas inflacionárias no país, que ultrapassaram a marca dos 100% (três dígitos) ao ano em 1981, e continuaram a crescer ano a ano sendo que em 1982 foi quando o fluxo de financiamento externo cessou devido a declaração de Moratória do México o que deixou o mercado apreensivo. A crise nacional se acentua e o Brasil perde o controle do seu rumo devido a utilização de uma política equívoca. O mundo estava em recessão e a política defendida era a desenvolvimentista assim assume o cargo do ministério do planejamento Delfin Netto que tinha em mente reeditar o milagre econômico que ocorreu na década anterior. A tentativa não obteve êxito contribuindo ainda mais para o aprofundamento da economia brasileira, pois era necessário capital estrangeiro para financiar o plano. Como a economia mundial estava em recessão e com as devidas crises do petróleo as taxas de juros estavam muito oscilantes e o único modo que o Brasil conseguiu financiar o planejamento foi adotando taxas de juros não fixas, deste modo, a dívida ficava muito vulnerável com a alta dos juros internacionais, desde 1979. A política heterodoxa adotada por Delfin Netto não estava adequada ao momento econômico, o Brasil percebeu isto apenas em 1981 quando não teve outra saída a não ser pedir auxílio ao FMI que vem ao país com o intuito de controlar a economia interna e fazer com que o país quite suas dívidas. Assim Delfin concretiza-se que deveria adotar a política ortodoxa que antes havia sido defendida por Simonsen, já que e os problemas ligados à administração da dívida externa marcaram então um crescimento nunca visto das taxas inflacionárias no país, que ultrapassaram a marca dos 100% (três dígitos) ao ano em 1981, e continuaram a crescer ano a ano. As políticas econômicas ortodoxas, em função dos desequilíbrios desta economia, comoa inflação e o desequilíbrio externo, estavam geralmente contidas nas recomendações do Fundo Monetário Internacional e consistiam basicamente em: Reduzir as despesas do Estado e equilibrar o orçamento público; Reduzir e controlar a quantidade de moeda em circulação; Liberalizar os preços de quaisquer tabelamentos; Liberalizar a taxa de juros; Liberalizar a taxa de câmbio; Eliminar todos os subsídios; Reduzir os salários dos setores público e privado. É possível observar que a exceção da proposta para os salários, todas as demais são liberalizantes Aliás, uma constante das propostas ortodoxas de política econômica, sempre foi o arrocho salarial, adotado em nome do combate à inflação. Se a inflação e o MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 34 desequilíbrio externo decorrem das distorções do mercado e do excesso de procura agregada, há que corrigir essas distorções eliminando todo e qualquer controle de preços e procurando reduzir a procura agregada, aumentando a recessão da economia. Assim, a redução das despesas do Estado, a redução da quantidade de moeda em circulação e a elevação da taxa de juros têm como consequência reduzir a procura agregada e provocar a recessão. Como consequência, a inflação cairia, uma vez que por definição é considerada como sendo causada por um excesso de procura. A redução da procura interna teria um efeito duplo sobre as contas externas. De um lado, a queda do consumo faria com que sobrassem mais mercadorias para serem exportadas. De outro, a queda no investimento implicaria numa menor procura por bens importados. Aumentando as exportações e reduzidas as importações, a balança comercial tornaria superavitária e o balanço de pagamentos tenderia a equilibrar-se, sendo que em 1986, o governo tentou conter a inflação com o Plano Cruzado, mas conseguiu apenas baixá-la para 62% ao ano. Os credores externos começaram a propor que o país adota-se a política ortodoxa, em virtude das desconfianças quanto a segurança dos seus empréstimos, uma vez que no ano de 1979, ocorreram três choques externos. Estes três choques foram o segundo choque do petróleo, que triplicou os seus preços, a elevação brusca das taxas de juros internacionais, que aumentou de forma significativa o total dos juros pagos pelos países devedores e finalmente a recessão norte americana que se estendeu de 1979 à 1982. Desta maneira aumento da taxa de juros eleva os pagamentos anuais dos juros, decorrentes do grande volume de financiamentos externos, captados durante a década de setenta. Assim 80 a 85 de a instalação de movimentos inerciais, em que, a inflação passada reproduzia-se no presente com um movimento ascendente nos preços, alimentados pela correção monetária generalizada, com a adoção de indexadores contratuais e remarcação de preços, já seu combate foi através do Plano Cruzado, que tentou controlar a inflação de maneira heterodoxa com os seguintes princípios: criação de uma nova moeda; extinção da indexação; congelamento de preços públicos e privados; fixidez da taxa de câmbio, mostrados a seguir. Sendo que a partir de 86 ouve fase dos choques heterodoxos. Com o Plano Cruzado a inflação recuou para níveis próximos de zero, quebrando o ímpeto inercial, devido ao congelamento de preços a desindexação da economia. A procura foi maior do que a oferta, contribuindo para a incorporação do ágio nos preços, caracterizando uma inflação reprimida, alimentada pela expansão da oferta de moeda, da elevação dos níveis salariais e de emprego e pela redução da pressão fiscal sobre a renda. No início de 87 a inflação acelerou devido ao rompimento da barreira do congelamento de preços, sendo que no segundo semestre projetava para o patamar de quatro dígitos. E em 87/89/90 ocorreram outras tentativas de estabilização sem êxito, com prefixações, congelamentos parciais e confisco de ativos financeiros. Inicialmente as taxas recuavam, mas, a recorrência dos preços sobrepunha-se a todas as medidas, e os preços caminhavam sempre em velocidade crescente, para fronteiras próximas da hiperinflação aberta. Apesar da sucessão de reformas monetárias, a moeda se desqualificava. Uma a uma, suas funções se corroíam: da reserva de valor à unidade de conta. ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 35 A década de 80 vem a ser lembrada por ser um período onde o mundo passava por crises e consequentemente havia uma recessão em que os gastos públicos eram contidos, as importações estavam restritas, e os investimentos não faziam mais parte de nenhuma política adotada. Porém o Brasil, regido em seu ministério do planejamento por Delfim Netto, acreditava que o momento ainda era propicio para o desenvolvimento do país, e o seu crescimento seria apenas uma consequência. Sem perceber que a crise externa estava maior, Delfim continuou a sua política desenvolvimentista, até ser surpreendido pelos credores, os quais queriam assegurar que seus empréstimos estavam seguros. Com isto ocorreu a instalação de movimentos inerciais, sendo que a partir de 80, especuladores deveriam ter feito uma pequena recessão de modo a controlar a inflação. Porém o ocorrido só fez adiantar a crise pela qual o país passou, assim exibiu taxas de três dígitos, chegando a 100%, 200% e até próximo de 300% a.a., isso ocorreu devido: a alta das taxas de juros internacionais, aumentando ainda mais o nosso déficit. A economia encontrava-se altamente indexada, com repasses automáticos para os preços as expectativas de elevações futuras, causando um processo conhecido como inflação inercial. Assim após ter percebido que suas tentativas de combate à inflação e visando o crescimento não surtiram efeito, veio à primeira tentativa heterodoxa de combate à inflação: o plano cruzado, que tinha como características principais: criação de nova moeda, extinção da indexação, congelamento de preços e salários e a fixação da taxa de câmbio. Não era hora pra desenvolver o país e que se fosse adotada a política ortodoxa desde o princípio quem sabe os erros seriam bem menores e contendo os gastos, os investimento e promovendo a exportação desde o princípio o país poderia mesmo com uma taxa cambial valorizada apresentar superávit comercial. Assim, a década de 80 poderia ser mais valorizada nos dias de hoje e não uma década para ser esquecida e vista como “a década perdida”. 4.7 Tributos Cotidianamente os indivíduos assumem despesas. A cada produto consumido ou serviço utilizado e até mesmo, e principalmente, na atividade produtiva que realizada, é embutido em preços e nos rendimentos, impostos, contribuições e taxas. Apesar dessa convivência diária com a chamada carga tributária, os contribuintes (pessoas físicas ou jurídicas que têm de pagar tributos), desconhece o que significam cada um de seus componentes e a diferença entre eles. Existe inclusive o costume de generalizar nomeando tudo como imposto, quando, na verdade, o imposto é apenas um dos três tipos de tributos existentes. Conceito: É uma obrigação que os contribuintes, ou seja, pessoas físicas (consumidores, trabalhadores) ou jurídicas (empresas, empregadores) devem pagar ao Estado, representado pela União (nível federal), pelos estados ou pelos municípios. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 36 Existem os tributos diretos, que incidem sobre a renda e o patrimônio, e os tributos indiretos, que incidem sobre o consumo. Exemplos da primeira categoria são o IR (Imposto de Renda); o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano); a contribuição à Previdência, entre outros. Na segunda, pode- se encontrar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços), cobrado em quase todos os produtos comercializados; e a COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), que integra os custos das indústrias. Modalidades: Segue a definição das três modalidades de tributos, que podem se enquadrar como diretos ou como indiretos: Imposto:pagamento realizado pelo contribuinte para custear a máquina pública, isto é, gerar/compor o orçamento do Estado. Na teoria, os recursos arrecadados pelo Estado por meio dos impostos deveriam ser revertidos para o bem comum, para investimentos e custeio de bens públicos, como saúde, educação ou segurança pública. No entanto, na prática, como o imposto não está vinculado ao destino das verbas, ao contrário de taxas e contribuições, pagá-lo não dá garantia de retorno. No caso do imposto sobre propriedade de veículos, o IPVA, por exemplo, o pagamento não implica que o dinheiro será efetivamente revertido para melhoria das rodovias. Taxa: é a cobrança que a administração faz em troca de algum serviço público. Neste caso, há um destino certo para a aplicação do dinheiro. Diferentemente do imposto, a taxa não possui uma base de cálculo e seu valor depende do serviço prestado. Como exemplos, estão a taxa de iluminação pública e de limpeza pública, instituídas pelos municípios. Contribuição: pode ser especial ou de melhoria. A primeira possui uma destinação específica para um determinado grupo ou atividade, como a do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). A segunda se refere a algum projeto/obra de melhoria que pode resultar em algum benefício ao cidadão. Além desses tributos, previstos no Código Tributário Brasileiro, existe o empréstimo compulsório, que foi acrescentado pelo Supremo Tribunal Federal. Essa modalidade é uma espécie de tomada de dinheiro, a título de empréstimo, que o Governo faz em determinadas situações de emergência, para futuramente restituí-lo ao cidadão. Somente a União pode determiná-lo. ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 37 4.7.1 Lista de Tributos Impostos federais: Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros (II); Imposto sobre a exportação de produtos nacionais ou nacionalizados (IE); Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (IR); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF); Imposto Territorial Rural (ITR). Sem regulamentação: Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). Previsto na Constituição, mas ainda falta regulamentação por lei complementar - Esse imposto não existe, de acordo com o Código tributário Nacional, não é passível de cobrança sem a devida regulamentação por Lei Complementar. Impostos estaduais: Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS); Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA); Imposto sobre Transmissões Causa Mortis e Doações de Qualquer Bem ou Direito (ITCMD). Impostos municipais: Imposto sobre a Propriedade predial e Territorial Urbana (IPTU); Imposto sobre Transmissão intervivos de Bens e Imóveis e de direitos reais a eles relativos (ITBI) De acordo com o Artigo 156 da CF- Brasileira: só a transmissão onerosa, de Bens Imóveis como Compra e Venda, por aquisição e incorporação, e ainda a transmissão real de direito sobre imóvel, pertencem aos Municípios. Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS ou ISSQN). 4.7.2 Lista de Taxas Taxa de Autorização do Trabalho Estrangeiro – Federal; Taxa de Avaliação in loco das Instituições de Educação e Cursos de Graduação - lei 10.870/2004 – Federal; Taxa de Classificação, Inspeção e Fiscalização de produtos animais e vegetais ou de consumo nas atividades agropecuárias - decreto-lei 1.899/1981 – Federal; MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 38 Taxa de Coleta de Lixo – Municipal; Taxa de Combate a Incêndios – Municipal; Taxa de Conservação e Limpeza Pública – Municipal; Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA) - lei 10.165/2000 –Municipal; Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos - lei 10.357/2001, art. 16 Taxa de Emissão de Documentos (níveis municipais, estaduais e federais); Taxa de Fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - lei 7.940/1989 – Federal; Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária - lei 9.782/1999, art. 23; Taxa de Fiscalização dos Produtos Controlados pelo Exército Brasileiro (TFPC) - lei 10.834/2003; Taxa de Fiscalização e Controle da Previdência Complementar (Tafic) - MP 233/2004, art. 12; Taxa de Licenciamento Anual de Veículo; Taxa de Licenciamento para Funcionamento e Alvará Municipal; Taxa de Marinha – Laudêmio; Taxa de Pesquisa Mineral ou Taxa Anual por Hectare - TAH (DNPM) - art. 20, inciso II, Decreto-lei n° 227/67 (Código de Mineração), Portaria Ministerial 503/1999; Taxa de Serviços Administrativos (TSA) – Zona Franca de Manaus - lei 9960/2000; Taxa de Serviços Metrológicos - lei 9933/1999, art. 11; Taxas ao Conselho Nacional de Petróleo (CNP); Taxas de Outorgas (Radiodifusão, Telecomunicações, Transporte Rodoviário e Ferroviário, etc.); Taxas de Saúde Suplementar (ANS) - lei 9.961/2000, art. 18; Taxa de Utilização do Siscomex; Taxa de Utilização do MERCANTE - decreto 5.324/2004; Taxa Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM); Taxas do Registro do Comércio (Juntas Comerciais); Taxa Processual Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) - lei 9.718/1998. 4.7.3 Lista de Contribuições Contribuições trabalhistas ou sobre a folha de pagamento: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS); PIS/Pasep. Contribuições sobre o faturamento ou sobre o lucro: Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); PIS/Pasep; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Contribuições sobre as importações: Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 39 Programa de Integração Social (PIS). Contribuições para o "Sistema S": Contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) - lei 8.029/1990; Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) - lei 8.621/1946; Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) - lei 8.706/1993; Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) - lei 4.048/1942; Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) - lei 8.315/1991; Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop); Contribuição ao Serviço Social da Indústria (Sesi) - lei 9.403/1946; Contribuição ao Serviço Social do Comércio (Sesc) - lei 9.853/1946; Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo (Sescoop); Contribuição ao Serviço Social do Transporte (Sest) - lei 8.706/1993. Outras contribuições: Contribuições aos Órgãos de Fiscalização Profissional (OAB, CRC, Crea, Creci, Core, CRQ, etc.); Contribuição à Direção de Portos e Costas (DPC) - lei 5.461/1968; Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) - lei 10.168/2000; Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), também chamado "Salário Educação"; Contribuição ao Funrural; Contribuição ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) - lei 2.613/1955; Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT); Contribuição Confederativa Laboral (dos empregados); Contribuição Confederativa Patronal (das empresas); Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (CIDE - Combustíveis) - lei 10.336/2001; Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública - Emenda Constitucional 39/2002; Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine) - MP 2228-1/2001, art. 32 e lei 10.454/2002; Contribuição Sindical Laboral (não se confunde com a Contribuição Confederativa Laboral, vide comentários sobre a Contribuição Sindical Patronal); Contribuição Sindical Patronal (não se confunde com a Contribuição Confederativa Patronal, já que a Contribuição Sindical Patronal é obrigatória, pelo artigo 578 da CLT, e a Confederativa foi instituída pelo art. 8º, inciso IV, da CF e é obrigatória em função da assembleia do sindicato que a instituir para seus associados, independentemente da contribuição prevista na CLT); MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 40 Contribuição Social Adicional para Reposição das Perdas Inflacionárias do FGTS - lei complementar 110/2001. Contribuições de Melhoria: "Contribuição de Melhoria" não deve ser confundida com uma mera contribuição: é espécie tributária autônoma, definida na própria CF. Contribuições de Melhoria instituídas pela União Contribuições de Melhoria instituídas pelos estados Contribuições de Melhoria instituídas pelo Distrito Federal Contribuições de Melhoria instituídas pelos municípios 4.7.4 Empréstimos compulsórios Também é espécie tributária autônoma. Empréstimo compulsório instituído por ocasião de guerra externa ou de sua iminência (CF, art. 148); Empréstimo compulsório instituído por ocasião de calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis (CF, art. 148); Empréstimo compulsório instituído por ocasião de conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo. (CTN, art. 15) - este dispositivo não foi recepcionado pela CF; Empréstimo compulsório instituído no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional (CF, art. 148). 4.7.5 Royalties Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais - CFEM (DNPM) - § 1º, art. 20 CF; art. 8º Lei nº 7.990/89; Decreto nº 1/91 (entendimento do STF como não sendo de natureza tributária). 4.8 Juros Juro é a remuneração recolhida pelo empréstimo de dinheiro. É referido como um percentual sobre o valor emprestado (taxa de juro) e pode ser cotado de duas formas: juros simples ou juros compostos. Pode ser entendido como uma espécie de "aluguel sobre o dinheiro". A taxa seria uma compensação paga pelo tomador do empréstimo para ter o direito de usar o dinheiro até o dia do pagamento. O credor, por outro lado, recebe uma compensação por não poder usar esse dinheiro até o dia do pagamento e por correr o risco de não receber o dinheiro de volta (risco de inadimplência). ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 41 4.8.1 Taxa básica de juros A taxa básica de juros diz respeito à menor taxa de juros válida em uma economia, funcionando como taxa de referência para todos os contratos. É também a taxa a que um banco empresta a outros bancos. No Brasil, a taxa de juros básica é a taxa Selic, que é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, e corresponde à taxa de juros vigente no mercado interbancário, ou seja, é a taxa aplicada aos empréstimos entre bancos para operações de um dia (overnight) - operações estas lastreadas por títulos públicos federais. A taxa básica de juros, estabelecida pelo governo, através do Banco Central, para remunerar os títulos da dívida pública, é um importante instrumento de política monetária e fiscal. Similarmente, nos Estados Unidos, a taxa básica de juros é fixada pelo Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed (o sistema de bancos centrais dos EUA), com base na remuneração dos Federal Funds, que são os títulos que lastreiam empréstimos interbancários overnight, que têm como finalidade a manutenção do nível das reservas bancárias depositadas no banco central. 4.8.2 Taxa preferencial de juros A taxa preferencial de juros é a taxa de juros bancária recolhida dos clientes preferenciais, sendo aqueles que têm as melhores avaliações de crédito. É determinada pelas condições de mercado (custos bancários, expectativas inflacionárias, remuneração de outros ativos, etc.). Normalmente, a taxa preferencial de juros adotada por grandes bancos tende a ser o modelo para todo o setor bancário e geralmente será a menor taxa do mercado. Em geral, a taxa preferencial supera em alguns pontos a taxa básica. Mas, na Inglaterra e na Eurozona, a taxa preferencial de juros equivale exatamente à taxa válida no mercado interbancário, e funciona como taxa básica de juros. É o caso da Libor e da Euribor. A Libor (London Interbank Offered Rate) é a taxa preferencial de juros que remunera grandes empréstimos entre os bancos internacionais operantes no mercado londrino e é também utilizada como base da remuneração de empréstimos em dólares a empresas e instituições governamentais. Euribor (Euro Interbank Offered Rate) é a taxa de juros usada nas operações interbancárias, feitas em euro, entre os países da Eurozona. 4.8.3 Juros simples Aqui, a taxa de juros é aplicada sobre o principal (valor emprestado) de forma linear, isto é, não considera que o saldo da dívida aumenta ou diminui conforme o passar do tempo. A fórmula de juros simples pode ser escrita da seguinte forma: MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 42 Em que: FV: Valor futuro; PV: Valor presente; i: Taxa de juros; n: Número de períodos. Exemplo numérico: Uma pessoa toma emprestado $100 (PV = 100) para pagar em 2 meses (n = 2) com taxa de juros de 10% ao mês (i = 0,1), calculados conforme o regime de juros simples. Depois de 2 meses essa pessoa irá pagar $120, conforme a fórmula: 4.8.4 Juros compostos Nos juros compostos, os juros de cada período são somados ao capital para o cálculo de novos juros nos períodos seguintes. Nessa situação, o valor da dívida é sempre reparada e a taxa de juros é calculada sobre esse valor. A fórmula de juros compostos pode ser escrita conforme se observa abaixo: Em que: FV: Valor futuro; PV: Valor presente; i: Taxa de juros; n: Número de períodos. Exemplo numérico: Uma pessoa toma emprestado $100 (PV = 100) para pagar em 2 meses (n = 2) com taxa de juros de 10% ao mês (i = 0,1), calculados conforme o regime de juros compostos. Depois de 2 meses essa pessoa irá pagar $121, conforme a fórmula: ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 43 4.8.5 Taxa de juros continuamente composta O regime de juros compostos também pode ser demonstrado através da taxa de juros continuamente composta. Não obstante ter o mesmo funcionamento do regime de juros compostos, a taxa de juros continuamente composta exibe uma fórmula de cálculo diferente. A fórmula da taxa de juros continuamente composta pode ser exposta da seguinte modo: FV: Valor futuro; PV: Valor presente; r: Taxa de juros continuamente composta; n: Número de períodos; e: Número de Euler, que é equivalente a 2,718281828459... O valor da taxa de juros r, que é continuamente composta, possui definição diferente do valor da taxa de juros i, usada na primeira fórmula. Todavia, como ambas são usadas no regime de juros compostos, existe uma fórmula para fazer a "tradução" de uma taxa para outra: ou, invertendo os termos, Distintamente da taxa de juros composta, a taxa de juros continuamente composta pode ser somada. Por exemplo, se a taxa de juros continuamente composta de janeiro é 3% e a de fevereiro é 4%, a taxa desse bimestre é 7% (esse cálculo não pode ser feito com taxas que não são continuamente compostas). Devido a essa propriedade, elas podem ser usadas para facilitar a interpretação e o tratamento de bases de dados, além de possibilitar que alguns tipos de modelos estatísticos sejam aplicados. Apesar dessas vantagens, o uso da taxa continuamente composta está concentrado na área acadêmica e no mercado de capitais. Relacionado à dificuldade de interpretação e cálculo, essa taxa não utilizada para divulgar empréstimos bancários ou alternativas de investimento para o público geral. Exemplo numérico: Uma pessoa toma emprestado $100 (PV = 100) para pagar em 2 meses (n = 2) com taxa dejuros continuamente composta de 10% ao mês (r = 0,1). Depois de 2 meses essa pessoa irá pagar $122,14, conforme a fórmula: MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 44 4.8.6 Juros simples vs. Compostos A tabela 1 (4) mostra os valores de um empréstimo de $ 100 com taxa de juros de 10% ao período sob o regime de juros simples e juros compostos. Note que essa tabela apresenta três momentos diferentes: Para períodos inferiores a 1 (n< 1), o regime de juros simples apresenta valores superiores ao regime de juros compostos. No período 1, o valor é igual para ambos regimes. Para mais de um período, o regime de juros compostos apresenta valores superiores ao regime de juros simples. Tabela 1 - Empréstimo x juros simples e compostos N Juros Simples Juros Compostos 0,00 100,00 100,00 0,25 102,50 102,41 0,50 105,00 104,88 0,75 107,50 107,41 1,00 110,00 110,00 1,25 112,50 112,65 1,50 115,00 115,37 1,75 117,50 118,15 2,00 120,00 121,00 2,25 122,50 123,92 Fonte: Catálogo wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Juro Acesso em agosto de 2016 4.8.7 Taxa nominal vs. taxa real A taxa de juros nominal é o pagamento pelo empréstimo de dinheiro do modo como foi explicado até este ponto. A taxa de juros real leva em conta mais um fator: inflação. Assim, é a taxa nominal diminuindo-se a inflação. A taxa de juros real demonstra a alteração no poder de compra do dinheiro conforme o tempo passa e é calculada de acordo com a equação de Fisher: ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 45 Em que: ir: Taxa de juros real in: Taxa de juros nominal π: Taxa de inflação Todos os cálculos são feitos no regime de juros compostos. Exemplo numérico: Uma pessoa toma um empréstimo com taxa de juros nominal de 10% (in = 0,1). No período, a inflação é de 5% (π = 0,05). A taxa de juros real nesse caso é de 4,76%, conforme a fórmula a seguir: 4.9 Poupança Interna A poupança interna é a soma da poupança do governo, dos bancos, das empresas e das pessoas. Nenhum país cresce, de forma sustentada, se não poupar para poder investir. Assim é que a necessidade de aumentar a poupança interna do país para estimular o crescimento é fundamental. A estabilidade da economia, combinada ao crescimento econômico e ao aumento da renda per capita, já gera "um certo aumento da poupança". Além disso, a importância do investimento público e do aumento da capacidade do governo de investir, conforma o processo de continuação da trajetória de aumento da capacidade do país de crescer, cuja questão está relacionada ao aumento da taxa de poupança. É fato que a estabilidade econômica no país, trazida pela consolidação do sistema de metas de inflação, pelo fortalecimento das instituições e também o aumento da produtividade, é essencial para o crescimento da economia. Na medida em que a estabilidade esteja cada vez mais consolidada, o Brasil pode concentrar a discussão em aspectos estruturais. O crescimento do mercado de capitais brasileiro também foi beneficiado pela estabilidade e previsibilidade da economia. Como consequência disso também, o real tem ganhado mais importância mundial e aumentado seu poder de compra. Há muito tempo o governo federal investe pouco porque quase não poupa. Sobra menos que 10% do total de impostos arrecadados para investir. Não é por outra razão que MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 46 aposta tudo nas parcerias público privadas e nos PACs, porque nesses programas a maioria do dinheiro vem do setor privado. Já os bancos têm poupança, mas se recusam a emprestar no longo prazo, se podem ganhar muito mais emprestando no curto prazo e no varejo. 15 milhões de pessoas já poupam para seu futuro na previdência privada. E ajudam o país a se desenvolver, pois é a única poupança disponível para empreendimentos de longo prazo de maturação como hidrelétricas, estaleiros, portos, rodovias, shopping centers e hotéis. EXERCÍCIOS 1- Dê um conceito de economia. 2- Quais são os fatores de produção? 3- O que significa oferta de um produto? 4- O que significa demanda de um produto? 5- Qual é a importância do PIB- Produto Interno Bruto? 6- Explique os custos do crescimento econômico? 7- Explique os benefícios do crescimento econômico? 8- O que é mercado? 9- Defina inflação. 10- O que é poupança interna? ADMINISTRAÇÃO MÓDULO 3 47 REFERÊNCIAS GREMAUD, Amaury Patrick; DIAZ, Maria Dolores Montoya; AZEVEDO, Paulo Furquim de. Introdução à economia. São Paulo: Atlas, 2007. LOPES, F. O desafio da hiperinflação. Rio de Janeiro: Ed Campus, 1989. LOURENÇO, GILMAR MENDES. Economia brasileira: da construção da indústria à inserção na globalização. Curitiba: Ed. do Autor, 2005. 164 p. MANKIW, N. Gregory Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. São Paulo: Thomson Pioneira, 2005. PEREIRA, José Matias – Economia Brasileira Contemporânea, Editora Atlas, 2007. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. São Paulo: Atlas, 2003. SAMUELSON, Paul A. Economia. São Paulo: Mcgray - Hill, 2004. SILVA, César Roberto Leite da, et alius – Economia e Mercado, Editora Saraiva, 2008. SILVA, Fábio Gomes da, et alius – Economia Aplicada à Administração, Editora Futura, 1999. VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2008. VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval; PINHO, Diva Benevides. Manual de introdução à economia. São Paulo: Saraiva, 2006. MÓDULO 3 ADMINISTRAÇÃO 48 ANOTAÇÕES: _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________
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