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Química Forense

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AN02FREV001/REV 4.0 
 1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
QUÍMICA FORENSE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
Copyright © Portal Educação 
2015 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP:79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS 
Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Tiago Pereira Nocera CRB 1/2995 
 Portal Educação 
P842q Química forense / Portal Educação.- Campo Grande: Portal Educação, 
2015. 
94p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
ISBN 978-85-436-0396-4 
 
 1. Química legal. I. Portal Educação. II. Título. 
CDD 614.12 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO À QUÍMICA FORENSE ............................................................................................ 4 
1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA QUÍMICA FORENSE ..................................................................... 4 
1.2 A IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA FORENSE ................................................................................... 8 
1.3 A BIOLOGIA MOLECULAR NA QUÍMICA FORENSE .................................................................... 8 
1.4 A AMOSTRAGEM E COLETA DE MATERIAL .............................................................................. 14 
1.4.1 Coleta de Fluidos Corporais .................................................................................................... 15 
1.4.2 Coleta de Tecidos Ósseos ....................................................................................................... 16 
1.4.3 Coleta de Tecidos Moles .......................................................................................................... 16 
2 ENTENDENDO O DNA .................................................................................................................... 17 
2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 17 
2.2 O DNA NUCLEAR ......................................................................................................................... 19 
2.3 O DNA MITOCONDRIAL ............................................................................................................... 22 
2.4 EXAMES UTILIZANDO O DNA ..................................................................................................... 26 
.3 METODOLOGIA E TÉCNICAS VOLTADAS À QUÍMICA FORENSE ............................................ 28 
3.1 TÉCNICAS ANALÍTICAS MAIS USUAIS ....................................................................................... 28 
3.2 DETECÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS ......................................................................... 33 
3.2.1 O Exame Residuográfico de Disparo de Armas de Fogo ...................................................... 33 
3.2.2 O Exame Químico Metalográfico e de Tintas ......................................................................... 37 
3.2.3 Revelações de Impressões Digitais: do Clássico à Nanotecnologia ................................... 43 
3.2.4 Identificação de Sangue e Outros Fluidos Biológicos .......................................................... 53 
3.2.5 O Bafômetro e Outras Técnicas de Quantificação do Etanol................................................ 61 
3.3 AS DROGAS DE ABUSO .............................................................................................................. 63 
3.3.1 Aspectos Históricos Relacionados às Drogas de Abuso ...................................................... 63 
3.3.2 Preparação e Métodos de Detecção ........................................................................................ 69 
4 A ABORDAGEM PERICIAL EM OPERAÇÕES POLICIAIS ............................................................ 74 
4.1 EXAMES PERICIAIS ..................................................................................................................... 74 
4.1.1 Exame Pericial em Alimentos .................................................................................................. 75 
4.1.2 Exame Pericial em Locais de Incêndios ................................................................................. 77 
4.1.3 Exame Pericial em Medicamentos, Cosméticos e Saneantes ............................................... 85 
4.1.4 Exame Pericial em Combustíveis – Análise de Adulteração ................................................. 89 
 
 
3 
4.2 ANÁLISE DE PLANTAS ALUCINÓGENAS E DE MATERIAIS SUSPEITOS DE SEREM 
ENTORPECENTES ............................................................................................................................. 91 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 94 
 
 
 
 
4 
1 INTRODUÇÃO À QUÍMICA FORENSE 
 
 
1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA QUÍMICA FORENSE 
 
 
Um conhecimento imprescindível ao entendimento da Química Forense é a etimologia 
da palavra “forense”. Forense vem do latim forensis, que significa público, ao fórum ou à 
discussão pública. Dessa forma, ciência forense é a ciência utilizada em um sistema judiciário, 
ou seja, para finalidades da lei. 
As ciências forenses são responsáveis pelo apoio científico nas investigações de danos, 
mortes e crimes inexplicados; ou seja, aplicam o conhecimento e a tecnologia da ciência no 
cumprimento das leis sociais, utilizando-se de provas materiais recolhidas no momento da 
perícia criminal. 
A Ciência Forense é uma área interdisciplinar na qual estão envolvidas várias outras 
ciências, dentre elas a Química Forense, responsável pela realização de análises voltadas à 
identificação e constituição dos elementos como: análises de disparos de armas de fogo, 
identificação de adulterações em veículos, revelação de impressões digitais, identificação de 
sangue em locais de crime, constatação de substâncias entorpecentes e várias outras 
apreciações que contribuem fortemente para solucionar os crimes. 
Na Química Forense, todo e qualquer tipo de contato gera um vestígio, um rastro, uma 
pista. O trabalho de um químico forense é encontrar essas pistas e determinar o seus 
significados. A utilização da prática forense na investigação criminal é muito antiga e relatos da 
literatura indicam a China como berço dessa prática. No século VII, durante a dinastia Tang, Ti 
Yen Chieh utilizou a lógica e a prova forense, baseando-se em estudos da cena do crime, 
exames das pistas e conversas com testemunhas. 
No século XIII, foi publicado na China um livro com explicações de como realizar o 
reconhecimento de sinais de afogamento, pela presença de água nos pulmões, e 
estrangulamento, pela partição da cartilagem do pescoço, ou explicações de como feridas 
podiam revelar o tipo e o tamanho da arma utilizada no crime. Os sete séculos seguintes foram 
marcados pelo baixo nível de desenvolvimento. Uma exceção foi o trabalho do químico belga 
Jean ServaisStas (1813 – 1891) (FIGURA 1). 
 
 
 
5 
FIGURA 1 - JEAN SERVAIS STAS (1813 - 1891) 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.probertencyclopaedia.com>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
Stas, então professor de química na Universidade de Bruxelas e considerado líder no 
país por seus experimentos sobre determinação de venenos vegetais no corpo humano, teve 
seus conhecimentos solicitados na busca pelo entendimento de um crime ocorrido. Os órgãos da 
vítima foram analisados e pôdeser concluído que havia ocorrido um envenenamento por um 
produto natural, no caso a nicotina. Portanto, seus conhecimentos químicos serviram de prova 
na solução do crime em questão. Hoje em dia, a detecção de alcaloides é realizada por testes 
que utilizam a espectrofotometria. 
Em meados do século XIX, iniciou-se o progresso da Química Forense. Em 1863, o 
químico Christian Friedrich Schönbein (1799–1868) (FIGURA 2) descobriu o primeiro método 
confiável para a identificação de sangue humano. Schönbein expôs que ao adicionar peróxido de 
hidrogênio em manchas de sangue, o local era tomado por uma espécie de espuma. Essa 
descoberta permitiu um avanço considerável na época, pois havia muita dúvida na identificação 
de manchas já quando secas, pois vários tipos apresentavam o mesmo padrão das de sangue. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
FIGURA 2 - CHRISTIAN FRIEDRICH SCHÖNBEIN (1799 - 1868) 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.probertencyclopaedia.com>. Acesso em: 26 set. 
2012. 
 
 
Por mais de séculos o arsênio é conhecido pela sua capacidade de envenenamento e 
até o século XIX não era possível a sua identificação no corpo humano. Vários pesquisadores 
procuraram a solução para o problema, porém o primeiro a obter sucesso nesta empreitada foi o 
químico britânico James Marsh (1794–1846) (FIGURA 3). 
 
FIGURA 3 - JAMES MARSH (1794 - 1846) 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.probertencyclopaedia.com>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
Marsh levou cerca de quatro anos para desenvolver o método infalível na detecção do 
arsênio no corpo humano. Para isso construiu um aparato que ficou conhecido por Aparato de 
 
 
7 
Marsh (FIGURA 4). Esse método ainda é usado na atualidade e leva o seu nome, o então 
chamado Teste de Marsh. 
 
FIGURA 4 - APARATO DO TESTE DE MARSH 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.probertencyclopaedia.com>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
O teste consiste no seguinte: obtida a amostra a ser analisada, deve-se colocá-la em 
contato com zinco metálico puro e ácido sulfúrico. Caso a amostra contenha arsênio, ele irá ser 
reduzido pelo zinco, conforme a equação abaixo: 
As2O3 + 6Zn + 6H+ k 2As3- + 6Zn2+ + 3H2O 
Os íons As3– resultantes da reação química acima se combinam com os íons hidrogênio 
do ácido sulfúrico, havendo a formação de um gás chamado arsina (AsH3): 
 
A arsina é decomposta por ação do calor, acarretando na formação de um filme 
prateado escuro de arsênio e gás hidrogênio, como pode ser observada pela equação abaixo: 
 
A determinação quantitativa do veneno está relacionada com o tamanho do espelho 
formado. Uma maior quantidade de veneno no corpo é descoberta por espelhos maiores de 
arsênio. 
Em 1835, Henry Goddard tentou utilizar as marcas de bala encontradas no corpo de um 
homem para localizar o seu assassino. Goddard percebeu que a bala possuía uma inusitada 
marcação e por meio dessa evidência foi possível encontrar o criminoso. Atualmente essa 
prática é muito utilizada nas investigações criminais pelos padrões de estrias de cada arma. 
O avanço tecnológico da ciência, em especial o aprimoramento das técnicas analíticas, 
permitiu o desenvolvimento dos equipamentos, métodos e técnicas que são fundamentais à 
Química Forense. 
 
http://mosaicum.org/wp-content/uploads/2010/03/equation_01.png
 
 
8 
1.2 A IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA FORENSE 
 
 
O combate ao crime no Brasil e no mundo conta com o auxílio de várias áreas científicas 
na análise das cenas que o compõem. Os vestígios encontrados devem ser analisados e 
avaliados pelos peritos e, assim que possível, identificados para um melhor entendimento do fato 
criminoso. 
Quando, para o entendimento de um crime, for necessária a determinação da presença 
ou ausência de alguma substância ou mesmo a determinação de sua natureza, torna-se 
imprescindível a utilização de métodos químicos de análise. Daí a importância da Química 
Forense como ferramenta na área criminalística. 
Os métodos utilizados pelos químicos forenses são inúmeros e sempre variam de 
acordo com a situação específica do crime. Métodos esses que vão desde simples análises à 
utilização de equipamentos de alta tecnologia. 
A Ciência Forense, em especial a Química Forense, é uma área bastante avançada nos 
países desenvolvidos. No Brasil, é uma disciplina ainda em expansão. Diversas pesquisas 
científicas estão sendo conduzidas no país e a criação de cursos universitários específicos na 
área tende a dinamizar esse processo na busca pelo aperfeiçoamento. 
As principais análises realizadas pela Química Forense são: análise de resíduos de 
armas de fogo, análise de manchas de sangue, identificação de adulteração em veículos e vários 
outros exames que serão descritos ao longo deste conteúdo. 
 
 
1.3 A BIOLOGIA MOLECULAR NA QUÍMICA FORENSE 
 
 
As técnicas de identificação e análise de DNA foram as responsáveis pelo avanço da 
ciência e tecnologia em nível forense na década de 80. Essas técnicas demonstraram ser uma 
importante ferramenta na investigação criminal. A Biologia Molecular é responsável pelo estudo 
da estrutura e da função do material genético e também dos produtos gerados na expressão, 
que são as proteínas. 
O DNA pode ser utilizado na área forense e diversos aspectos, os principais são: 
 
 Para demonstrar a culpa de criminosos; 
 
 
9 
 Na exoneração dos inocentes; 
 Na identificação de corpos e restos humanos em desastres; 
 Na determinação de paternidade; 
 Na elucidação de trocas de bebês em berçários; 
 Na detecção de substituições e erros de rotulação em laboratórios de patologia 
clínica; 
 Na distinção de crimes isolados e crimes em série. 
 
 O DNA apresenta várias características que permitem que ele seja utilizado na 
investigação criminal. As mais importantes são: 
 
 Apresenta alta estabilidade; 
 Apresenta alto potencial discriminatório; 
 Está presente em todas as células nucleadas do organismo humano, facilitando 
a obtenção do mesmo. 
 É uma molécula resistente a fatores ambientais. 
 
O DNA pode ser obtido de diversos espécimes biológicos, dentre eles, amostras de 
sangue, ossos, sêmen, cabelos, dentes, unhas, saliva, urina e etc., presentes em quaisquer tipos 
de substrato na cena do crime. As técnicas de identificação baseadas no DNA são chamadas de 
DNA fingerprint ou perfil de DNA. O perfil de DNA ou DNA fingerprint se baseia no fato de os 
únicos indivíduos possuírem cópias idênticas do genoma, ou serem os gêmeos univitelinos. 
Dessa forma, no genoma humano ocorrem vários polimorfismos que diferem os 
membros da população. Portanto, cada indivíduo é único. Assim, a técnica utiliza esse padrão de 
variação na identificação. Esses polimorfismos são também chamados de marcadores genéticos 
e são responsáveis pela diferenciação dos indivíduos na população. 
Dentre os marcadores genéticos mais utilizados, estão os seguintes: 
 
a) VNTRs ou Minissatélites 
VNTR significa “número variável de repetições em tandem”. Do inglês variablenumberof 
tandem repeats são polimorfismos de DNA que consistem em uma série de comprimento de 
repetições de fragmentos de DNA. Uma região VNTR apresenta cerca de 500 a 100pb (pb-
pares de bases) repetidas em sequências e apresentam grande importância nos processos de 
 
 
10 
identificação humana por exibirem um enorme número de alelos diferentes. A importância 
justifica-se no fato de que seja provável que não existam dois indivíduos aparentados com o 
mesmo genótipo. 
 
b) STRs ou microssatélites 
Do inglês short tandem repeats ou “repetições curtas em tandem” os STRs ou 
microssatélites são polimorfismos de até 200pb que apresentam grande importância na 
identificação humana por serem muito abundantes no genoma humano. 
 
c) Marcadores bialélicos 
São exemplos de marcadores bialélicos: 
 Os SNPs (polimorfismos de substituição de nucleotídeos únicos - single 
nucleotidepolymorphisms); 
 Os polimorfismos de inserção ou deleçãode um ou mais nucleotídeos 
(polimorfismos de inserção – deleção; ins/del). 
 
 Ambos apresentam a grande vantagem de poderem ser estudados em produtos de 
amplificação muito curtos (50 pb ou menos) e, assim, apresentam distintas vantagens sobre os 
microssatélites no estudo de DNA extremamente degradado. Os ins/del são muito mais fáceis de 
serem tipados porque seus alelos diferem somente no tamanho. 
 As principais técnicas moleculares utilizadas na identificação de DNA, ou seja, na 
identificação dos polimorfismos acima descritos, são: 
 
 Eletroforese 
 
 A eletroforese é uma técnica por meio da qual é feita a separação das moléculas do 
material genético em função da sua massa (tamanho), forma e compactação. É uma técnica 
rápida, sensível e precisa. 
 O procedimento da eletroforese (FIGURA 5) consiste na migração da molécula em 
questão em suportes (géis) por ação de uma corrente elétrica, com diferentes velocidades, 
dependendo do seu tamanho e forma. Quando submetidas a um campo elétrico, as moléculas 
migram para o polo positivo, pois são carregadas negativamente, e como força oposta à 
migração existe o atrito com o suporte (gel). 
 
 
 
11 
FIGURA 5 - ELETROFORESE 
 
FONTE: SKOOG, 2004. 
 
Moléculas maiores promovem maiores atritos com o gel e, portanto, apresentam uma 
migração mais lenta. A visualização da migração é realizada por meio da revelação do gel na 
presença de compostos intercalantes, como o brometo de etídio (FIGURA 6). 
 
FIGURA 6 - PADRÕES DE BANDAS EM GEL REVELADO 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ufla.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 Southern blotting 
 
 O Southern blotting(FIGURA 7) é uma técnica que utiliza a capacidade de a 
nitrocelulose ligar-se fortemente ao DNA fita simples, mas não à fita dupla. 
 Os passos do Southern blottingsão os seguintes: 
 
 
 
12 
1º Passo: Clivagem do DNA genômico com enzimas de restrição; 
2º Passo: Realização da eletroforese com o DNA genômico total; 
3º Passo: Conversão do DNA na sua forma simples pela ação do NaOH; 
4º Passo: Transferência das moléculas do gel para a folha de nitrocelulose por 
capilaridade; 
5º Passo: Secagem a 80ºC. 
6º Passo: Contato da membrana de nitrocelulose com uma sonda (sequência de DNA 
conhecida) marcada radioativamente; 
7º Passo: Hibridização da sonda à sequência alvo; 
8º Passo: Remoção da sonda por lavagem; 
9º Passo: Autorradiografia pela exposição a um filme de raio-X. 
 
FIGURA 7- SOUTHERN BLOTTING 
 
 
FONTE: SKOOG, 2004. 
 
Reação em cadeia da polimerase (PCR) 
A reação em cadeia da DNA-polimerase (do inglês Polimerase Chain Reaction) é um 
método (FIGURA 8) in vitro rápido e versátil para a amplificação de sequências-alvo de DNA 
definidas, presentes em uma preparação de DNA. A técnica de PCR promove a amplificação 
seletiva de uma determinada sequência de DNA. Para que isso ocorra é necessário o contato 
 
 
13 
entre o DNA extraído previamente, os primers específicos para a sequência alvo, a DNA 
polimerase termoestável e os quatro desoxirribonucleosídeos trifosfatos (dATP, dCTP, dGTP e 
dTTP). Esses componentes são colocados em um termociclador e após um tempo definido 
ocorre a produção de várias sequências de DNA idênticas à sequência alvo. 
 
FIGURA 8 - TÉCNICA DE PCR 
 
FONTE: SKOOG, 2004. 
 
 A técnica de PCR é uma técnica extremamente simples e de fácil realização. Permite 
resultados em pouco tempo, o que garante a sua preferência pelos pesquisadores, quando 
comparado ao tempo gasto com a técnica Southern. 
 
Vantagens da técnica de PCR: 
 Velocidade e facilidade de utilização; 
 Sensibilidade; 
 Robustez; 
 Possibilidade de análise de amostras degradadas. 
 
 
 
14 
1.4 A AMOSTRAGEM E COLETA DE MATERIAL 
 
 
A identificação humana por meio da análise do material genético envolve vários 
processos para que os resultados obtidos sejam fidedignos. O material em questão deve ser 
coletado, manipulado e armazenado de forma a não perder as suas características intrínsecas 
responsáveis pela identificação. 
A coleta é uma etapa extremamente importante em uma investigação criminal, portanto, 
deve ser feita por profissionais habilitados e sempre que possível em até 24 horas após a 
ocorrência do delito em questão. As condições adequadas de coleta de vestígios e indícios 
criminais dependem também do material utilizado na coleta pelos profissionais. 
Esse ponto é de extrema importância para garantir a qualidade da amostra, ou seja, é 
responsável por impedir que ocorra qualquer tipo de contaminação. Diante disso, é necessário 
que os profissionais da área possuam um kit próprio de coleta, em que os principais materiais 
são: 
 
 Maleta – destinada para transporte e armazenamento do material de coleta; 
 Swab e/ou Cotonete (algodão ou dracon) – utilizado na coleta de material líquido 
ou em manchas secas. Pode ser utilizado cotonete comercial; 
 Água destilada estéril – utilizada para umedecer o swab (ou cotonete); 
 Pinças – coleta de cabelo ou material sólido; 
 Luvas descartáveis (de procedimento); 
 Máscara cirúrgica; 
 Touca cirúrgica; 
 Envelopes – transporte e armazenamento das amostras; 
 Seringas descartáveis – coleta de líquidos; 
 Coletor universal – acondicionamento e transporte de amostras; 
 Tubos plásticos – acondicionamento de transporte de amostras; 
 Espátula descartável – para coleta de amostras sólidas; 
 Estilete (com lâminas descartáveis) – efetuar cortes em tecidos, couro, etc.; 
 Bisturi (com lâminas descartáveis) – efetuar pequenos cortes e raspagem de 
amostras secas; 
 Tesoura – efetuar cortes em geral; 
 
 
15 
 Palito de cutícula – para coleta de amostras sob as unhas; 
 Algodão hidrófilo; 
 Fita adesiva – coleta de amostras; 
 Papel (tipo ofício/A4) – coleta e acondicionamento de amostras; 
 Isopor (pedaços) – fixar swab ou cotonetes para secar e transportar; 
 Sacos plásticos – transporte e armazenamento de amostras; 
 Sacos de papel - transporte e armazenamento de amostras; 
 Caixa para transporte de swab; 
 Caixa de isopor pequena – transporte das amostras. 
 
O método de coleta depende do estado e das condições da amostra. A amostra deve ser 
representativa para que os resultados obtidos sejam confiáveis. Cada tipo de material biológico 
exige um método de coleta específico, daí a importância em se ter profissionais capacitados e 
material adequado sempre em mãos. 
Os tipos de coleta, portanto, estão relacionados aos tipos de materiais biológicos. Abaixo 
serão descritos os métodos de coleta de acordo com cada tipo de material biológico a ser 
analisado. 
 
 
1.4.1 Coleta de Fluidos Corporais 
 
 
Exemplos: Sangue, esperma, saliva, etc. 
 
Os fluidos corporais em estado líquido, quando em pequenas quantidades, devem ser 
coletados por meio de swab estéril. Já em grandes quantidades devem ser utilizadas seringas 
descartáveis estéreis. Todo material de coleta deve ser armazenado em condições adequadas 
para garantir a qualidade da amostra. Em situações em que os fluidos corporais estiverem 
secos, o procedimento de coleta vai depender do tamanho e do tipo de objeto em questão. 
Quando os objetos forem pequenos e de fácil deslocamento, são enviados inteiros para a 
análise; exemplos de fluidos encontrados em roupas e objetos pessoais. 
Já quando estiverem em grandes superfícies de metal, paredes e móveis, devem ser 
retirados com o auxílio de espátulas e bisturis estéreis e acondicionados em sacos plásticos 
 
 
16 
estéreis. Muitas vezes, é necessária a utilização de swab umedecido com água estéril para 
facilitar a remoção do fluido. Todo procedimento é documentado, descrito e fotografado para fins 
da investigação. 
 
 
1.4.2 Coleta de Tecidos Ósseos 
 
 
Exemplos: ossos e dentes. 
 
Os tecidos duros funcionam como fonte de DNA. Todo material ósseo coletado deve ser 
armazenado em locais estéreis e submetido a baixas temperaturas,preferencialmente a -20ºC, 
para evitar o crescimento microbiano. Se o congelamento não for possível, o material coletado 
deve ser armazenado em local o mais fresco e seco possível para evitar a degradação do DNA. 
 
 
1.4.3 Coleta de Tecidos Moles 
 
 
Exemplos: Músculo, gordura, pele, unhas, fios de cabelo, etc. 
 
As amostras devem ser coletadas utilizando-se de pinças estéreis, em condições 
controladas, para evitar possível contaminação, e devem ser armazenadas em condições que 
limitem a degradação do DNA. Quando possível, as amostras devem ser submetidas ao 
congelamento (-20ºC a -80ºC). Quando essa forma de armazenamento não for possível, as 
amostras devem ser armazenadas em locais estéreis em solução de etanol 95% ou soluções 
tamponantes comerciais. 
A coleta de materiais biológicos deve sempre levar em conta as questões de 
biossegurança, visando à proteção do profissional envolvido na pesquisa e a garantia de 
resultados fidedignos. 
 
 
17 
2 ENTENDENDO O DNA 
 
 
2.1 INTRODUÇÃO 
 
 
Em 25 de abril de 1953 foi anunciada uma das maiores descobertas e que mudaria os 
rumos da ciência. O norte-americano James Watson e o inglês Francis Crick desvendaram a 
estrutura do DNA (ácido desoxirribonucleico) (FIGURA 9). 
 
FIGURA 9 - WATSON E CRICK DEMONSTRANDO A ESTRUTURA DO DNA (DUPLA 
HÉLICE) 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.tragodefilosofia.blogspot.com>. 
Acesso em: 26 set. 2012. 
 
O motivo de essa descoberta ser tão importante está relacionado aos requisitos abaixo: 
1) A estrutura em dupla hélice sugere como o material genético pode determinar a 
estrutura das proteínas; 
2) Se a sequência de bases do DNA especifica a sequência de aminoácidos, então 
é possível uma mutação pela substituição de um tipo de base por outro em uma ou mais 
posições; 
3) O pareamento específico sugere um mecanismo de cópia para o material 
genético. 
Com a descoberta da estrutura do DNA e consequentemente o avanço das técnicas 
relacionadas à análise e sequenciamento, inúmeras espécies puderam ter seus genomas 
 
 
18 
sequenciados, inclusive o homem. De acordo com os estudos de sequenciamento, as 
informações genéticas humanas podem ser encontradas em dois tipos de genoma, o genoma 
nuclear e o genoma mitocondrial. Portanto, a espécie humana apresenta o DNA nuclear e o DNA 
mitocondrial em suas células. 
O genoma nuclear está armazenado no núcleo celular e o genoma mitocondrial 
encontra-se nas mitocôndrias, organelas citoplasmáticas responsáveis pela produção de energia 
(FIGURA 10). 
 
FIGURA 10 - CÉLULA ESQUEMÁTICA HUMANA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.webciencia.com>. 
Acesso em: 26 set. 2012. 
 
O DNA nuclear e o DNA mitocondrial apresentam várias diferenças, como pode ser 
observado na Tabela 1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
TABELA 1 - COMPARAÇÃO ENTRE O DNA NUCLEAR E O DNA MITOCONDRIAL 
 
FONTE: Adaptado de BUTLER, 2005. 
 
Neste capítulo serão diferenciados de forma aprofundada os dois tipos de DNA 
presentes no genoma humano, demonstrando o papel específico de cada um nas investigações 
criminais, ou seja, na prática forense. 
 
 
2.2 O DNA NUCLEAR 
 
 
O DNA nuclear está armazenado no núcleo das células, compondo os 22 pares de 
cromossomos autossômicos e um par de cromossomos sexuais – X e Y. Portanto, toda célula 
somática humana apresenta um total de 46 cromossomos em sua constituição. Os pares de 
cromossomos apresentam variação no tamanho. Dessa forma, cada cromossomo contém uma 
quantidade variável de genes. 
O genoma humano apresenta cerca de três bilhões de pares de bases e apenas 1 a 2% 
desse total é codificado, correspondendo a aproximadamente 30.000 genes. A molécula de DNA 
(FIGURA 11) é constituída de duas cadeias de polinucleotídeos compostos por quatro tipos de 
nucleotídeos (Adenina, Guanina, Citosina e Timina). 
 
 
 
 
 
20 
FIGURA 11 - ESTRUTURA DA MOLÉCULA DE DNA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.webciencia.com>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 
 Cada uma destas cadeias é conhecida como uma fita de DNA. As duas fitas de DNA 
são unidas por pontes de hidrogênio, dando origem à estrutura de dupla-hélice tão conhecida. 
 O DNA nuclear pode ser classificado em três tipos: 
 
 DNA cópia única ou DNA não repetitivo 
 Representa apenas 50% do genoma, correspondente a uma cópia por genoma. É o 
responsável pela codificação dos genes, que são sequências ordenadas de nucleotídeos 
localizadas em posições particulares em um cromossomo específico que codificam produtos 
funcionais específicos (Proteínas e RNAs). 
 Os genes humanos são classificados em: 
 
Genes de classe I 
 
 São os genes responsáveis pela codificação de rRNAs (RNAsribossomais). 
 
Genes de classe II 
 
 São os genes responsáveis pela codificação de mRNAs (RNA mensageiro) e, 
consequentemente, proteínas. 
 
 
21 
Genes de classe III 
 
 Os genes de classe III são os responsáveis por codificarem o tRNA (RNA 
transportador). 
 
 DNA moderadamente repetitivo 
 
 Representa 40% do genoma humano; correspondente a um intervalo de 100 a 100.000 
cópias por genoma. 
 
 DNA altamente repetitivo 
 
 Representa em torno de 10% do genoma; correspondente a mais de 100.000 cópias 
por genoma. O DNA repetitivo não é codificado e pode ser representado por sequências curtas 
ou similares. Essas sequências são encontradas de duas formas: 
 
a) Sequências em tandem (agrupadas) 
 
 Exemplos: DNA satélite; microssatélite e minissatélite. 
 O DNA satélite é uma porção do DNA que se diferencia do restante do genoma pela 
composição de bases, apresentando alto conteúdo GC. Existem vários satélites no genoma 
humano em diferentes cromossomos, sendo o principal denominado de alfa ou alfoide. 
 O DNA satélite pode ser classificado em: minissatélite (VNTRs), sequências de 5 a 50 
pb; e em microssatélites (STRs), sequências de 1 a 4 pb. E é por meio dessa variação que se 
torna possível a identificação humana, já que cada indivíduo apresenta um padrão diferente em 
seu genoma dessas repetições. 
 
b) Sequências dispersas 
 
Exemplo: SINEs e LINEs 
 
De acordo com estudos, acreditam que esses tipos de sequências são originados de 
genes que perderam sua funcionalidade ou de RNAs que mantiveram sua capacidade de 
duplicação e de movimentação pelo genoma. Exemplos de sequências dispersas são os SINEs 
 
 
22 
(Short Interspersed Nuclear Elementes), que representam sequências curtas e os LINEs 
(LongInterspersed Nuclear Elements), que representam sequências maiores. 
O número de cópias dessas sequências no genoma varia, no caso dos SINEs, 
correspondem a 7% do genoma. O DNA repetitivo é largamente utilizado na investigação 
forense. Os STRs tornaram-se os marcadores genéticos mais usados devido às seguintes 
características: 
 
 Abundância no genoma humano; 
 Elevado poder discriminativo; 
 Robustez e especificidade em multiplex; 
 Baixa taxa de mutação; 
 Tamanho previsível dos fragmentos de amplificação, na ordem dos 90-500 pb; 
 Estudo fácil mediante técnicas de PCR. 
 
Há no mercado diversos kits (multiplex) capazes de genotiparem essas regiões. No 
cromossomo Y, apenas a mutação é a causa da diversificação dos haplotipos de STRs. A 
principal característica do cromossomo Y é ser exclusiva de indivíduos do sexo masculino, sendo 
que a maioria dos crimes mais graves e violentos é cometida por homens. Em casos de mistura 
de fluidos corporais de ambos os sexos, como é o caso das agressões sexuais, a tipagem do 
cromossomo Y pode fornecer informação específica da componente masculina. 
Há também o interesse na investigação de SNPs (polimorfismos de nucleótidos únicos) 
autossômicos por apresentarem, também, uma baixa taxa de mutação, serem adequados para a 
introdução de novas tecnologias e automatização e poderem ser analisados a partir de 
fragmentos muito pequenos, ideal para amostras que apresentem o DNA muito degradado. A 
grandelimitação do uso destes polimorfismos é o fato de ser necessário um maior número de 
SNPs, comparativamente aos STRs, para que se consiga um poder discriminativo semelhante. 
 
 
2.3 O DNA MITOCONDRIAL 
 
 
A mitocôndria é uma organela presente no citoplasma das células eucarióticas, 
responsável pela produção de energia. A produção de energia ocorre na forma de ATP por meio 
de um processo chamado de fosforilação oxidativa. As mitocôndrias apresentam DNA próprio, 
 
 
23 
sendo caracterizado por apresentar pequena dimensão e ser uma molécula circular de fita dupla 
(FIGURA 12). A distribuição assimétrica de guaninas e citosinas faz com que haja uma cadeia 
leve (light chain), constituída maioritariamente por citosinas e uma cadeia pesada (heavy chain), 
extremamente rica em guaninas. 
 
FIGURA 12 - MOLÉCULA DE DNA MITOCONDRIAL 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.webciencia.com>. 
Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 O DNA mitocondrial é constituído por: 
 
a) Região codificante 
 
A região codificante é constituída por 37 genes. Treze desses genes estão envolvidos na 
fosforilação oxidativa, 22 são responsáveis por codificarem tRNAs e dois são responsáveis pela 
codificação de rRNAs. 
 
b) Região controle ou D-loop 
 
A região controle é também chamada de D-loop ou região hipervariável. Essa 
dominação de D-loop está relacionada à fase inicial de replicação, quando a nova fita recém-
 
 
24 
sintetizada se solta da fita molde formando uma “bolha” ou “loop”. Essa região é considerada 
hipervariável, pois acumula mutações pontuais cerca de dez vezes mais comuns que o DNA 
nuclear. Exemplos são as regiões hipervariáveis já descritas em estudos, como: HV1, HV 2 e 
HV3. A região controle é a responsável por comandara síntese de RNA e DNA. 
O DNA mitocondrial (mtDNA) possui características genéticas únicas que o tornam 
instrumento de grande importância no contexto das investigações forenses. Dentre as 
características mais importantes estão: 
 
 Hereditariedade materna 
 
O genoma mitocondrial é um genoma haploide, devido ao fato de ter sido provado 
cientificamente que o seu DNA apresenta herança exclusivamente materna. Isso ocorre devido a 
um mecanismo durante a fecundação de seletividade de mitocôndrias. Dessa forma, a mãe 
transmite para o filho o seu genoma mitocondrial, o que faz com que a descendência da linha 
materna tenha sempre o mesmo genoma. 
Diante dessa característica de hereditariedade uniparental é possível a realização de 
reconstruções de linhas evolutivas por meio do tempo, sem que haja interferência dos efeitos da 
hereditariedade biparental e da inerente recombinação existente no DNA nuclear. 
 
 Ausência de recombinação 
 
Outra característica específica do mtDNA é a ausência de recombinação. Não há 
evidências da contribuição paterna para o genoma mitocondrial. Diante disso, o mtDNA é 
essencialmente constituído por cópias clonais do genoma mitocondrial materno, comportando-se 
como um único locus. 
 
 Elevado número de cópias 
 
O mtDNA está presente nas células em um elevado número de cópias, podendo variar 
de acordo com o tipo de célula e tecido. 
 
 Heteroplasmia 
 
 
 
25 
 É dado o nome de heteroplasmia a existência de diferentes tipos de mtDNA em um 
indivíduo. É um fenômeno resultante de mutações que ocorrem durante a proliferação das 
células germinativas ou durante a replicação de células somáticas. 
 A heteroplasmia pode ser observada de três modos: 
 
a) Um indivíduo pode ter mais de que um tipo de mtDNA no mesmo tecido; 
b) Um indivíduo pode ser heteroplasmático em um tecido e homoplasmático em; 
c) Um indivíduo pode ter um tipo de mtDNA em um tecido e outro tipo em outro. 
 
Há dois tipos de heteroplasmia: a de sequência e a de comprimento (FIGURA 13). 
 
 
FIGURA 13 - HETEROPLASMIA. A: HETEROPLASMIA DE SEQUÊNCIA; B: 
HETEROPLASMIA DE COMPRIMENTO 
 
FONTE: Disponível em: <http://projects.nfstc.org>. 
Acesso em: 26 set. 2012. 
 
A heteroplasmia de sequência é quando as sequências apresentam diferentes 
nucleotídeos em uma posição determinada. Já a heteroplasmia de comprimento é quando as 
sequências apresentam diferentes tamanhos devido a inserções e/ou deleções. As 
B 
 
A 
 
 
26 
heteroplasmias de sequência são as mais desejáveis na investigação forense, pois aumentam a 
probabilidade de determinação de um perfil de DNA. 
 
 Taxa de mutação 
 
De acordo com relatos na literatura, o mtDNA apresenta taxa de mutação muito maior 
quando comparada à taxa do DNA nuclear. Esse fato é devido à ausência de proteínas 
protetoras, como por exemplo, as histonas presentes no DNA nuclear; à baixa atividade de 
reparação da mtDNA polimerase e à grande exposição do mtDNA aos radicais livres gerados na 
fosforilação oxidativa. 
Diante dessas características peculiares, o mtDNA tem sido amplamente utilizado nas 
investigações forenses quando a quantidade de DNA nuclear é muito ínfima, em casos em que 
ele esteja muito degradado ou em situações forenses nas quais existem apenas amostras de 
parentes da linhagem materna para comparação. Portanto, o DNA nuclear é sempre preferível 
nas análises investigativas. 
As técnicas de análise de mtDNA baseia-se nos polimorfismos encontrados nas 
sequências hipervariáveis da região controle. Atualmente tem sido realizada a análise de todo 
genoma mitocondrial por meio da utilização de marcadores SNPs, o que tem aumentado o poder 
da determinação de perfis de mtDNAs. 
 
 
2.4 EXAMES UTILIZANDO O DNA 
 
 
A molécula de DNA é capaz de sofrer alterações denominadas mutações, que acarreta a 
variação nas sequências dos nucleotídeos. Essa variação é chamada de polimorfismo genético. 
É, portanto, possível identificar uma pessoa com base no seu padrão polimórfico. 
Como foi dito no capítulo anterior, O DNA pode ser utilizado na área forense para: 
 Demonstrar a culpa de criminosos; 
 Exonerar inocentes; 
 Identificar corpos e restos humanos em desastres; 
 Determinar a paternidade; 
 Elucidar trocas de bebês em berçários; 
 Detectar substituições e erros de rotulação em laboratórios de patologia clínica; 
 
 
27 
 Distinguir crimes isolados de crimes em série. 
 
Os exames que utilizam o DNA como fonte de informação realizam análises das regiões 
polimórficas, criando os perfis de DNA, chamados DNA fingerprint. O perfil de DNA ou DNA 
fingerprintse baseia no fato de os únicos indivíduos possuírem cópias idênticas do genoma 
serem os gêmeos univitelinos. Dessa forma, no genoma humano ocorrem vários polimorfismos 
que diferem os membros da população. Portanto, cada indivíduo é único. 
Assim, a técnica utiliza esse padrão de variação na identificação. Esses polimorfismos 
são também chamados de marcadores genéticos e são responsáveis pela diferenciação dos 
indivíduos na população. Os diversos tipos de técnicas utilizadas em exames de DNA já foram 
descritas no capítulo anterior. 
 
 
 
28 
.3 METODOLOGIA E TÉCNICAS VOLTADAS À QUÍMICA FORENSE 
 
 
3.1 TÉCNICAS ANALÍTICAS MAIS USUAIS 
 
 
A Química Forense conta com o auxílio da Química Analítica nas investigações 
criminais. Muitas técnicas analíticas estão sendo utilizadas na documentoscopia, balística 
forense e drogas de abuso. As mais utilizadas de acordo com cada área são: 
 
a) Documentoscopia 
 
A documentoscopia é a parte da criminalística que estuda a autenticidade dos 
documentos. Os principais estudos da documentoscopia são: alterações de documentos, exame 
de instrumentos escreventes e, a parte de interesse para a Química Forense, o exame de tintas. 
As técnicas mais utilizadas na documentoscopia são: 
 
 Espectroscopia Raman 
 
A Espectroscopia Raman é uma técnica de grande importância na comparação de tintas. 
Essa técnica utiliza uma potente fonte de laser de radiação monocromática no visível ou no 
infravermelho próximo. Ao ser incidido sobre o objeto em análise, é espalhada por ele, podendogerar luz de mesma energia (espalhamento elástico) ou de energia diferente da incidente 
(espalhamento inelástico). 
Como espalhamento inelástico é possível obter informações importantes sobre a 
composição química do objeto em análise pela formação dos chamados espectros Roman. É 
utilizada a microscopia Raman (FIGURA 14). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
FIGURA 14 - MICROSCÓPIO RAMAN 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.nei.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
A espectrometria Raman utiliza a frequência de vibração dos átomos do objeto sob 
análise para descobrir informações acerca de sua geometria molecular, de sua interação com o 
ambiente, etc. Dessa forma, a espectrometria Raman permite a investigação da autenticidade de 
documentos pela análise de tintas. 
 
 Espectrometria de massas (MALDI-MS e EASI-MS) 
 
 A espectrometria de massa (EM) é uma técnica que converte molécula e átomos 
neutros em íons e os separa por suas razões de massa/carga. As informações obtidas por um 
espectrômetro de massas são representadas por meio de um espectro de massas, que é um 
gráfico de abundâncias relativas dos íons em função da razão massa/carga, ou também na 
forma de tabela. 
 Os espectrômetros de massas são constituídos de três partes: 
 
1) Fonte de íons; 
2) Analisador; 
3) Sistema de detecção dos íons. 
 
 O princípio básico da espectrometria de massa pode ser visto na figura 15. 
 
 
 
 
 
 
 
30 
FIGURA 15 - ESTRUTURA BÁSICA DE UM ESPECTRÔMETRO DE MASSAS 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.mundoescola.com.br>. Acesso em: 25 set. 2012. 
 
De acordo com a figura 15, pode-se ter uma ideia do princípio básico do funcionamento 
de um espectrômetro de massas. Na fonte de íons, os constituintes da amostra são convertidos 
em íons. Esses são acelerados em direção ao analisador, que realiza a separação dos íons de 
acordo com a razão massa/carga. Os íons separados pelo analisador são então detectados pelo 
detector, transformando a corrente de íons em sinais elétricos que são processados. 
O que diferencia os diversos tipos de espectrometria de massas são os métodos de 
ionização. A fonte de ionização representa o dispositivo responsável pela ionização dos analitos 
da amostra antes de atingirem o analisador de massas. Diante disso, há vários tipos de 
espectrometria de massas. As mais utilizadas são: 
 
MALDI – MS (Matrix-assisted laser desorption/ionization mass spectrometry) 
Para este tipo de espectrometria de massa é utilizada a ionização por dessorção a laser 
assistida por matriz. Seu princípio baseia-se na ionização do analito adsorvido em uma 
substância (matriz) por um feixe de laser. 
Apesar de ser bastante utilizada, apresenta algumas desvantagens como: 
 
 O documento a ser analisado é destruído pela técnica; 
 A necessidade da utilização de solventes; 
 A degradação da substância analisada pela potência do laser; 
 A reprodutibilidade das condições de ionização e a otimização da técnica podem 
ser complexas. 
 
 
31 
 
Para minimizar essas desvantagens, surgiu a necessidade de descobrir técnicas com 
poderes destrutivos menores. Uma delas é a espectrometria de massas com ionização por 
eletrospray (ESI-MS). 
 
 ESI – MS 
O processo electrospray é simples e requer uma fonte de alta tensão que esteja em 
contato com a solução contendo os analitos. Essa solução é transmitida por meio do capilar, no 
qual é aplicado um potencial positivo ou negativo forçando um processo de oxirredução e, 
consequentemente, a formação de algumas espécies sem seus contraíons. Assim, a gota sendo 
formada na ponta do capilar estará enriquecida por íons positivos ou negativos, dependendo do 
potencial aplicado. 
Conforme a densidade de carga aumenta na gota, presa à ponta do capilar, o campo 
elétrico formado entre o capilar e o contraeletrodo aumenta, provocando uma deformação na 
gota. A gota ganha forma de um cone, o qual é denominado de cone de Taylor. Quando a 
densidade de carga supera a tensão superficial, a gota se desprende do capilar, subdividindo-se. 
A frequência desse último processo depende da magnitude do campo elétrico, da tensão 
superficial do solvente e da condutividade da solução. 
Como resultado final, os íons tornam-se completamente dessolvatados, ou seja, há 
apenas o rompimento gradual de interações não covalentes, principalmente a remoção de 
moléculas de solventes. 
 
b) Balística Forense 
 
 Na Balística Forense são utilizadas as seguintes técnicas analíticas: 
 
 Espectrometria de fluorescência de raios-X (XRF) 
 
 
A espectrometria de fluorescência de raios-X baseia-se na emissão de raios 
fluorescentes pela amostra a ser analisada por meio da excitação eletrônica. A técnica utiliza um 
espectrômetro de fluorescência de raios-X para gerar as informações, que é um aparato 
constituído por uma fonte responsável pela excitação, o local de inserir a amostra, o sistema de 
dispersão, o mecanismo de detecção e o processador dos dados. 
 
 
32 
 
 Espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) 
 
A espectrometria de massa com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) é 
uma técnica analítica bastante sensível para análise multielementar e isotópica. É usada para 
determinação de elementos em razão da massa/carga do íon. O princípio da técnica é: os íons 
gerados no plasma são introduzidos no espectrômetro de massa, os quais são separados em 
função da razão massa/carga, sob ação de campos elétricos e magnéticos que modificam as 
suas trajetórias. 
 
 Microscopia Eletrônica de Varredura por Raios-x (MEV-EDX) 
 
A técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV) baseia-se na interação da 
amostra a ser analisada com os feixes de elétrons, que é responsável por produzir a imagem 
desejada. O microscópio eletrônico de varredura (MEV) funciona da seguinte maneira: há a 
emissão de feixes de elétrons (eletrodo negativo) por um filamento capilar de tungstênio. Por 
efeito termiônico, os elétrons são acelerados em direção ao ânodo, passando por lentes 
condensadoras e por uma lente objetiva, responsável por focalizar sobre a amostra. A amostra é 
varrida pelos dois estágios de bobinas eletromagnéticas existentes acima da lente objetiva. 
O EDX (energydispersex-ray detector, EDX ou EDS) é um acessório que mede a energia 
associada a cada elétron. Dessa forma, o uso em conjunto do MEV e do EDX permite uma 
identificação mais precisa de que mineral está sendo analisado, já que cada elétron de 
determinado átomo apresenta energia específica. As imagens geradas pelo MEV-EDX 
apresentam excelente nitidez. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
3.2 DETECÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE RESÍDUOS 
 
 
3.2.1 O Exame Residuográfico de Disparo de Armas de Fogo 
 
 
 Uma arma de fogo é considerada uma máquina térmica, sendo constituída pelo 
aparelho arremessador ou arma propriamente dita, pela carga de projeção (pólvora) e pelo 
projétil (FIGURA 16). 
 
FIGURA 16 - CARTUCHO PADRÃO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.armasonline.org>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
Com a combustão da pólvora, que ocorre pela “chama iniciadora” proveniente da 
espuleta, o projétil é lançado para fora do cano. A força com que é projetado depende da 
qualidade da combustão. A combustão da pólvora gera um volume de gases, que gera uma 
pressão que impele o projétil pelo cano da arma. 
A expansão dos gases ocorre na região anterior do cano da arma, orientada para a 
frente e na região posterior da arma, em decorrência da presença de orifícios na culatra (em 
revólveres) ou do extrator (no caso de pistolas). É o fluxo de gases emitido pela região posterior 
da arma que atinge a mão do atirador, sendo chamado de vestígios ou resíduos de arma de 
fogo. 
Os resíduos de tiro (GSR) (FIGURA 17), do inglês GunshotResidue, são produzidos em 
todo crime em que tenha ocorrido um disparo de arma de fogo. Representam um conjunto 
complexo de compostos orgânicose inorgânicos, ou seja, elementos metálicos oriundos do cano 
(Fe), do estojo (Cu, Zn, Ni), do projétil (Pb, Sb), do iniciador (Pb, Ba, Sb) e da pólvora 
(orgânicos). 
 
 
34 
Porém, não pode ser detectado a olho nu e, portanto, necessita de técnicas de 
laboratório para sua revelação. Esses resíduos de tiro, quando presente nas mãos, apresentam 
um tempo de vida curto. Dessa forma, a coleta precisa ser feita o mais rápido possível para não 
comprometer o andamento das investigações. 
 
FIGURA 17 - NUVEM DE GSR 
 
FONTE: Disponível em: <http://quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
A coleta dos resíduos dos disparos é realizada nas seguintes regiões da mão do 
atirador: a palma, o dorso e a região palmar (Pinça-Palmar) e dorsal (Pinça-Dorsal) dos dedos 
polegar e indicador (FIGURA 18). 
 
FIGURA 18 - REGIÕES DA MÃO DE ATIRADORES SUBMETIDAS À COLETA 
 
FONTE: Disponível em: <http://quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
35 
O procedimento de coleta independe do tipo de análise dos resíduos. Utiliza-se 
cotonetes ou swabs embebidos em solução diluída de EDTA (Ácido etilenodiaminotetracético) a 
2% ou outra solução complexante por um período de dois minutos. Após esse período, esses 
cotonetes são esfregados nas quatro regiões distintas da mão do possível atirador por um 
minuto. 
As extremidades dos cotonetes ou swabs são armazenadas em tubos devidamente 
identificados e então levados aos laboratórios para que possam ser analisados. A realização dos 
testes de detecção de resíduos de armas de fogo surgiu com a necessidade de determinar se 
um indivíduo foi ou não o responsável pelos disparos em um crime sob investigação. Diversas 
técnicas foram utilizadas, porém, as mais confiáveis e irrefutáveis são as descritas abaixo. 
Essas técnicas permitem diferir partículas de elementos oriundas de disparos de armas 
de fogo das partículas oriundas das diversas tarefas ocupacionais do dia a dia. 
 
 Espectrometria de Absorção atômica sem chama 
(FlamelessAtomicAbsorptionSpectrometry) – FAAS 
 
A técnica da espectrometria de absorção atômica sem chama (FAAS) baseia-se no 
aquecimento a elevadas temperaturas com o objetivo de romper as ligações das moléculas 
presentes na amostra. Dessa forma, os átomos em seu estado elementar são analisados e 
avaliados pela capacidade de absorção de radiação. 
A presente técnica representa uma possibilidade de detecção de Bário, Antimônio e 
Chumbo, sendo de simples execução, alta sensibilidade e, acima de tudo, baixo custo. Porém, 
apresenta como desvantagem a impossibilidade de detecção dos elementos que estão na 
mesma partícula. 
 
 Microscopia Eletrônica de Varredura por Raios-x (MEV-EDX) 
 
É uma técnica que produz imagens com alta ampliação (até 300.000x) e resolução. As 
imagens fornecidas são virtuais, pois o que é exibido no monitor do aparelho é a transcodificação 
de ondas energéticas emitidas. A técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV) baseia-
se na interação da amostra a ser analisada com os feixes de elétrons, que é responsável por 
produzir a imagem desejada. 
O microscópio eletrônico de varredura (MEV) funciona da seguinte maneira: há a 
emissão de feixes de elétrons (eletrodo negativo) por um filamento capilar de tungstênio. Por 
 
 
36 
efeito termiônico, os elétrons são acelerados em direção ao ânodo, passando por lentes 
condensadoras e por uma lente objetiva, responsável por focalizar sobre a amostra. A amostra é 
varrida pelos dois estágios de bobinas eletromagnéticas existentes acima da lente objetiva. 
O EDX (energy disperse x-ray detector, EDX ou EDS) é um acessório que mede a 
energia associada a cada elétron. Dessa forma, o uso em conjunto do MEV e do EDX permite 
uma identificação mais precisa de que mineral está sendo analisado, já que cada elétron de 
determinado átomo apresenta energia específica. As imagens geradas pelo MEV-EDX 
apresentam excelente nitidez. Dessa forma, a utilização de um microscópio eletrônico de 
varredura equipado com capacidade de análise EDX fornece resultados que combinam detalhes 
da morfologia e da composição elementar de partículas individuais de GSR. 
Com o avanço da tecnologia, as indústrias de armamentos têm lançado munições cada 
vez mais modernas. O lançamento de munições que não apresentam metais pesados na 
composição da espuleta e o encamisamento total dos projéteis para evitar a evaporação de Pb 
tem dificultado e muito os trabalhos de investigação forense. Com isso, novas técnicas são 
necessárias na avaliação das partículas residuais. 
As técnicas mais utilizadas nestes casos estão relacionadas à separação. Por exemplo, 
tem-se utilizado as técnicas de eletroforese, cromatografia líquida, espectrometria atômica 
(Fluorescências de raios-X, XRF), espectrometria de massas com plasma indutivamente 
acoplado, ICP-MS, espectrometria de massas de íons secundários e espectrometria de absorção 
atômica. Porém, pouco se sabe acerca dessas técnicas e quase não são encontrados relatos na 
literatura. 
 
c) Drogas de abuso 
 
 As drogas de abuso são substâncias psicotrópicas que atuam no sistema nervoso 
central (SNC), modificando o humor, a consciência, os sentimentos, as sensações, o estado de 
vigília, dentre outros. São responsáveis por causar dependência psíquica e física e podem ser 
classificadas em três classes: 
 
I) Depressores do SNC 
 
Exemplos: opiáceos/opioides, etanol e barbitúricos. 
 
 
 
 
37 
II) Estimulantes do SNC 
 
 Exemplos: cocaína ou crack, anfetaminas, metanfetaminas (como MDMA) e 
anorexígenos. 
 
III) Perturbadores do SNC 
 
Exemplos: drogas alucinógenas, como LSD, psilocibina, mescalina e canabinoides. 
A técnica analítica mais usada para identificar a presença de drogas de abuso é a ESI – 
MS, já descrita anteriormente. 
 
 
3.2.2 O Exame Químico Metalográfico e de Tintas 
 
 
Exame químico metalográfico 
 
Todo veículo deixa a indústria com um número de identificação. Esse número é aplicado 
ao metal pelo método da cunhagem a frio, que deixa uma impressão em baixo relevo na 
superfície metálica. O que os adulteradores fazem é remover as impressões em baixo relevo por 
ação mecânica, com o auxílio de abrasivos que desgastam a superfície do metal. Dessa forma, 
torna-se necessária uma ferramenta que identifique essas fraudes. 
O exame metalográfico é realizado por peritos e consiste em uma ferramenta de grande 
importância quando um veículo é adulterado e não se consegue provar por outros meios. O 
exame metalográfico visa identificar qualquer tipo de adulteração feita em veículos roubados. É 
realizado por meio da ação de reagentes específicos na superfície que contém a possível 
adulteração. 
O tipo de reagente utilizado no método depende da natureza da espécie de metal ou liga 
a ser tratada. Tudo vai depender de como se encontra a área suspeita a ser analisada. Por 
exemplo, caso a área esteja pintada, torna-se necessária a remoção da tinta. Qualquer traço de 
óleo ou graxa também deve ser eliminado. A superfície a ser analisada não deve conter 
ferrugem. Caso esteja presente, deve ser removida por meio do polimento com papel lixa. Ou 
seja, para a realização eficaz do exame, a área deve estar completamente limpa e lisa. 
 
 
38 
Sempre que possível, antes de dar início ao exame, deve-se submeter a superfície a ser 
analisada ao aquecimento. Esse procedimento facilita o processo de revelação. Como já foi dito, 
o tipo de reagente depende da natureza do metal ou da liga a ser analisada. 
Segue abaixo uma lista das fórmulas dos melhores reagentes que, de acordo com os 
profissionais da área, têm produzido bons resultados: 
 
 Para ferro fundido e ligas de magnésio – Identificação de numeração 
 
 Solução reagente: 
 
 Ácido Clorídrico..........120 ml 
 Cloreto férrico..............30g 
 Cloreto cúprico.............80g 
 Álcool metílico...........1000ml 
 
Nesse caso,a superfície a ser tratada deve estar completamente limpa e lisa. Deve-se 
uniformizar a superfície em questão com o auxílio de lixas de 00 e 000 (de ourives) para que a 
fórmula reativa possa atuar. Aplica-se a solução na superfície do metal onde se deseja revelar a 
numeração adulterada. A aplicação é feita com o auxílio de um bastão de vidro em cuja 
extremidade se encontra um chumaço de algodão, que é embebido na solução reativa. O sentido 
da aplicação do reagente deve ser sempre da esquerda para a direita, no sentido horizontal. 
Após a primeira aplicação, deve-se aguardar cerca de cinco minutos e repetir o processo 
por quatro ou cinco vezes. Após as quatro ou cinco aplicações do reativo, deve-se deixar a 
superfície em repouso por cerca de 10 minutos. Após este tempo, há o aparecimento de uma 
camada fina de óxido de cobre, que deve ser removida, já que ela dificulta a visualização da 
numeração. 
Esse procedimento deve ser repetido várias vezes até a gravação original, que foi 
destruída, começar a aparecer. 
 
 Ferro fundido e aço fundido 
 
 Solução reagente: 
 10% de ácido sulfúrico 
 Bicromato de potássio. 
 
 
39 
 
Gravações em superfícies de ferro e aço fundidos são consideradas as mais difíceis de 
serem reveladas. Torna-se necessária a constante aplicação do ácido, sendo preciso, em alguns 
casos, deixar a área suspeita imersa na solução por mais de três horas. 
 
 Ferro ou aço batidos, estampados ou forjados 
 
Para revelações em ferro ou aço batidos, estampados ou forjados, são necessárias duas 
soluções reagentes. 
 
 Solução reagente 1: 
 
 Ácido clorídrico (80 ml); 
 Água (60 ml); 
 Cloreto de cobre (12,9 g); 
 Álcool (30 ml). 
 
 Solução reagente 2: 
 
 Ácido nítrico a 15%. 
 
 Deve-se realizar os seguintes procedimentos: 
 
a) passar a solução 1 durante 60 segundos; 
b) secar com algodão; 
c) aplicar a solução 2 durante 60 segundos. 
 
 O procedimento deve ser repetido até que apareçam os vestígios procurados. 
 
 Alumínio 
 
Nessa categoria, a solução reagente mais indicada é a Solução de Vilela. Porém, é uma 
solução de alta periculosidade. 
 
 
 
40 
 Solução de Vilela: 
 
 Glicerina (30 ml); 
 Ácido fluorídrico (20 ml); 
 Ácido nítrico (10 ml). 
 
A solução deve ser aplicada de forma contínua até a numeração aparecer. Devido à alta 
periculosidade da solução de Vilela, também pode ser utilizada a solução de Hume Rothery. 
 
 Solução de Hume Rothery: 
 
 Cloreto de Cobre (500g); 
 Ácido Clorídrico (5 ml); 
 Água (1000 ml); 
 
É uma solução que garante bons resultados, porém deve ser passada alternadamente 
com água destilada para evitar a formação de depósito de cobre. 
 
 Cobre, latão, prata alemã e outras ligas de cobre 
 Solução Reagente: 
 
 Cloreto de Ferro (19 g); 
 Ácido clorídrico (6 ml); 
 Água (100 ml). 
 
A forma de aplicação é semelhante às demais. É uma solução reagente de ação 
extremamente lenta. Dessa forma, muitos profissionais da área recomendam cercar com 
plasticina a área a pesquisar, formando, assim, uma cerca dura impermeável que possibilitará o 
uso do reagente como um banho, ficando a referida área totalmente imersa. 
 
 Ácido Inoxidável 
 
Alguns pesquisadores recomendam a aplicação de ácido sulfúrico diluído. Outros 
recomendam a aplicação de uma solução de ácido clorídrico e álcool. 
 
 
41 
 Chumbo (baterias de automóveis etc.) 
 
 Solução reagente: 
 
 Ácido acético glacial (três partes); 
 Peróxido de hidrogênio. 
 
 Após a aplicação, recomenda-se limpar o metal com ácido nítrico concentrado. 
 
 Zinco 
 
 Solução reagente: 
 
 Hidróxido de sódio dissolvido em água, a 10%. 
 
 Por ser uma solução de ação lenta, recomenda-se imersão total da área 
suspeita. 
 
 Estanho 
 
 Solução reagente: 
 
 Solução de ácido clorídrico a 10%. 
 
 Recomenda-se aplicar a solução alternadamente com água. Repetir esse 
procedimento até a visualização. 
 
Exame químico de tintas 
 
As tintas de canetas são fabricadas de acordo com suas propriedades físicas como 
densidade, cor, viscosidade, tensão superficial e resistência à água. Para que isso seja possível 
é necessário o controle da composição química das tintas. 
A análise de tintas é de grande importância para a Ciência, em especial, à Química 
Forense, devido ao alto número de falsificações e adulterações de documentos. 
 
 
42 
O exame de tintas é baseado em dois fatores: 
 
 No tipo de componente utilizado para dissolver o corante; 
 Na pigmentação do corante. 
 
Há três tipos de componentes químicos utilizados para dissolver o corante: gel, água e 
solvente. Portanto, a discriminação das tintas em uma investigação forense depende de sua cor 
e de suas composições química e mineralógica. O exame químico de tintas visa determinar a 
autenticidade de determinado documento questionado legalmente. O exame envolve a 
identificação de substâncias empregadas na confecção da tinta usada no documento 
questionado e a compatibilidade com a data do mesmo. 
A técnica mais utilizada nessa avaliação é a espectroscopia de Raman, já descrita 
anteriormente, devido a diversos fatores como: 
 
 A espectroscopia de Raman é uma técnica que apresenta capacidade 
considerável na identificação de compostos químicos; 
 Nessa técnica não é necessário preparar a amostra; 
 A avaliação pode ser feita diretamente nos locais onde estão acondicionadas as 
amostras; 
 É uma técnica não invasiva; 
 Não destrói a amostra; 
 Proporciona rapidez às análises. 
 
Dessa maneira, a espectroscopia Raman, em análise de tintas, fornecerá uma resposta 
baseada nas características inerentes de cada tinta, distinguindo-as quimicamente. As 
informações são obtidas na forma de um espectro de Raman (FIGURA 19). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
FIGURA 19 - ESPECTROS RAMAN 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
A figura mostra exemplos de espectros Raman para cada tipo de tonalidade. Os 
espectros são facilmente distinguíveis devido à diferença em suas composições químicas. 
 
 
3.2.3 Revelações de Impressões Digitais: do Clássico à Nanotecnologia 
 
 
A identidade é o conjunto de caracteres que individualizam uma pessoa pela ocorrência 
de propriedades, sinais ou marcas específicas. É, portanto, exclusiva e intransferível. Diante 
disso, o método de identificação consiste na determinação da identidade. 
Um dos métodos de identificação humana bastante utilizada é a Papiloscopia. A 
Papiloscopia é a ciência responsável pela identificação por meio das papilas dérmicas. As 
papilas dérmicas são reentrâncias que representam o local de contato entre a derme e a 
epiderme (FIGURA 20). As papilas são irrigadas e apresentam receptores sensoriais. 
 
 
 
 
 
 
44 
FIGURA 20 - ESTRUTURA DA PELE 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
A Papiloscopia é, portanto, baseada na perenidade, individualidade, viabilidade e 
imutabilidade das papilas dérmicas: 
 Perenidade: 
As papilas dérmicas apresentam a capacidade de resistir à ação do tempo; 
 Individualidade: 
As papilas dérmicas são específicas de indivíduo para indivíduo; 
 Viabilidade: 
O estudo das papilas dérmicas é viável às práticas periciais, pelo seu baixo custo e fácil 
operacionalização; 
 Imutabilidade: 
As papilas dérmicas não variam com o passar do tempo. 
 
A Papiloscopia é dividida em várias áreas de acordo com o objeto de estudo em 
questão. A área responsável pela identificação por meio das impressões digitais é a 
Datiloscopia. O uso das impressões digitais na identificação humana remonta à pré-história. 
Desde essa época é conhecido que o homem primitivo realizava marcações de seus objetos e 
cavernas com as mãos. Em geral, essas marcações eram feitas em argila, reproduzindo 
principalmente as extremidades digitais. 
Após isso, várias descobertas tiveram importânciano campo das impressões digitais e 
vários sistemas de identificação por meio destas foram propostos. Porém, em 1891, Juan 
Vucetich apresentou o novo sistema de identificação, que ficou conhecido como 
Iconofalangometria. Porém, a dúvida acerca da confiabilidade do método de identificação 
humana por meio de impressões digitais ainda pairava. 
 
 
45 
Depois de anos de estudos e investigações chegou-se à conclusão de que a 
identificação por impressões digitais era mesmo confiável, ou seja, era possível a identificação 
individual por meio destas. A partir daí, o sistema Vucetich passou a ser amplamente utilizado 
em todas as circunstâncias, ou seja, deixou de ser apenas um processo destinado à 
identificação de criminosos e passou a ser utilizado pela sociedade civil. Nesta época, o sistema 
passou a ser chamado de Datiloscópico ou simplesmente Datiloscopia. 
O processo datiloscópico divide-se em: 
 
a) Monodatilar 
 
 É quando se refere à impressão digital de um só dedo. 
 
b) Decadátilar 
 
 É quando se trata da impressão do conjunto dos 10 dedos. 
 
 Os desenhos papilares estão presentes desde a vida embrionária e só desaparecem 
com a putrefação corporal, ocorrida após a morte. Os desenhos são expressos em datilogramas 
que podem ser divididos de três formas: 
 
a) Datilogramas naturais: são aqueles realizados diretamente pelo auxílio da lupa. 
b) Datilogramas artificiais: são aqueles realizados de forma artificial, ou seja, com o 
auxílio de meios gráficos de impressão. Um exemplo é a ficha datiloscópica (FIGURA 21). 
 
FIGURA 21 - FICHA DATILOSCÓPICA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 25 set. 2012. 
 
 
46 
a) Datilogramas acidentais: são aqueles encontrados acidentalmente nos locais de 
crime. 
 
No Sistema Vucetich, há quatro tipos de desenhos fundamentais que servem de base 
para toda a classificação datiloscópica. Esses desenhos são baseados na presença de duas 
características: o delta e as linhas do sistema nuclear (FIGURA 22). 
 
FIGURA 22 - REPRESENTAÇÃO DO DELTA E DAS LINHAS NUCLEARES 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 25 set. 2012. 
 
Diante disso, os quatro tipos de desenhos fundamentais e suas características são: arco, 
presilha interna, presilha externa e verticilos. Esses tipos apresentam a seguinte denominação 
de acordo com os dedos: 
 
a) Arco (A – polegar; 1 – demais dedos) (FIGURA 23) ; 
 
FIGURA 23 - REPRESENTAÇÃO DO ARCO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 25 set. 2012. 
 
Delta 
Linhas 
nucleares 
 
 
47 
Características do Arco: 
 
I) Ausência de delta; 
II) As linhas atravessam o campo da impressão de um lado para o outro, 
assumindo forma abaulada. 
 
b) Presilha interna (I – polegar; 2 – demais dedos) (FIGURA 24); 
 
FIGURA 24 - REPRESENTAÇÃO DA PRESILHA INTERNA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
Características da Presilha Interna: 
 
I) Um delta à direta do observador; 
II) As linhas nucleares ocorrem para a esquerda do observador. 
 
c) Presilha externa (E – polegar; 3 – demais dedos) (FIGURA 25); 
 
FIGURA 25 - REPRESENTAÇÃO DA PRESILHA EXTERNA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 
48 
Características da Presilha Externa: 
 
I) Um delta à esquerda do observador; 
II) As linhas nucleares ocorrem para a direita do observador. 
 
d) Verticilo (V – polegar; 4 – demais dedos) (FIGURA 26). 
 
FIGURA 26 - REPRESENTAÇÃO DO VERTICILO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.papiloscopia.com.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
Características do Verticilo: 
 
I) Apresenta dois deltas: um à direita e outro à esquerda do observador; 
II) As linhas nucleares ficam encerradas entre dois deltas. 
 
 Há mais de um milhão de fórmulas datiloscópicas baseadas nesses quatro tipos 
fundamentais e ambas estão à disposição do Serviço de Identificação do Exército. Os 
datiloscopistas são os profissionais responsáveis por realizar os trabalhos de pesquisa nos 
arquivos datiloscópicos e comparar com as impressões digitais em avaliação. 
 As impressões digitais podem ser: 
 
 Impressões latentes (IPL): são as impressões formadas por óleo ou secreções 
de suor depositadas pelo dedo de uma pessoa quando esta toca determinada superfície ou 
objeto. São invisíveis a olho nu e necessitam de técnicas que as faça visíveis. 
 Impressões visíveis: são formadas quando o dedo do criminoso está 
contaminado com algum tipo de fluido. Daí é deixada uma marca visível. 
 
 
49 
 Impressões plásticas ou moldadas: são formadas quando a impressão do dedo 
é deixada em uma substância macia. Raras de serem encontradas nas cenas de crime. 
 
Há diversas técnicas para coleta de impressões digitais na cena do crime. Saber 
escolher a técnica se torna importante do ponto de vista que uma escolha errada acarreta na 
destruição do vestígio, da evidência, comprometendo, assim, o andamento das investigações. 
Nas técnicas de revelação de impressões digitais são utilizados reveladores. Os 
reveladores reagem com os produtos liberados no suor (TABELA 2) e tornam visíveis as 
impressões digitais. 
 
TABELA 2 - RELAÇÃO ENTRE AS GLÂNDULAS E OS COMPOSTOS EXCRETADOS 
NO SUOR HUMANO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
Os reveladores podem ser classificados em químicos e físicos. Dentre os reveladores 
químicos encontram-se os pós como: carbonato de chumbo ou cerusa, negro de marfim, negro 
de fumo, pó de alumínio, pó de grafite, pó de ferro, pó magnético, rodamina-B, eosina, sulfato de 
para-rosanilina, violeta cristal, crisoidina, fluoresceína, naftolato AS, verde malaquita, fosfina R, 
azul demetileno, nitrato de uranilo, etc. Entre os meios físicos destacam-se a luz comum oblíqua 
e a luz ultravioleta (com ou sem filtros adequados). 
 
A técnica do pó 
Na revelação de impressões digitais utilizando a técnica do pó são utilizados diversos 
tipos de pó (TABELA 3). A escolha depende da superfície avaliada, das condições climáticas e 
 
 
50 
da experiência do perito. O pó pode ser aplicado com o auxílio de um pincel com cerdas macias, 
spray de aerossol e aparato eletrostático (FIGURA 27). 
 
FIGURA 27 - APLICAÇÃO DO PÓ NA REVELAÇÃO DAS IMPRESSÕES DIGITAIS 
 
FONTE: Disponível em: <http://quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
TABELA 3 - TIPOS DE PÓS UTILIZADOS NAS REVELAÇÕES 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 
 
51 
Vapor de Iodo 
 
 O iodo tem a capacidade de sublimar, ou seja, passar do estado sólido diretamente 
para o estado gasoso. Para realizar essa mudança, necessita absorver calor. O vapor gerado 
por essa mudança apresenta a coloração marrom amarelada. O princípio da técnica de 
revelação utilizando o vapor de iodo está relacionado a essa mudança de estado. Coloca-se o 
material a ser examinado em um saco plástico selado junto a cristais de iodo. Agita-se o saco, 
movimento suficiente para gerar calor no microambiente. Ocorre, dessa forma, a sublimação e o 
vapor reagem com a impressão digital latente por meio de uma absorção física. 
 É uma técnica extremamente simples e indicada para avaliação de pequenos objetos. 
Apresenta a vantagem de não danificar o vestígio, portanto, pode ser realizada antes de outras 
técnicas. 
 
Nitrato de Prata 
 
 É uma técnica bastante utilizada e baseia-se na reação do nitrato de prata com os íons 
cloreto presentes nas secreções do suor e consequentemente nas impressões digitais. 
 
 
 O princípio da técnica consiste em imergir a superfície a ser analisada em um 
recipiente contendo solução 5% de nitrato de prata (AgNO3(aq)) por 30 segundos. O cloreto de 
prata (AgCl(ppt)) originado é insolúvel em água, ou seja, é um precipitado. Após esse 
procedimento, a superfíciedeve ser colocada em câmara escura para secagem. Depois, deve 
ser deixada ao sol para que o íon prata seja reduzido à prata metálica, revelando a impressão 
digital sob um fundo negro. Deve-se fotografar a impressão digital antes que toda a superfície 
escureça. 
 
Ninidrina 
 
 A ninidrina é uma substância que apresenta afinidade por compostos orgânicos como 
proteínas e aminoácidos. O princípio é o seguinte: é feita uma solução de 0,5 g de ninidrina com 
30 ml de etanol. Deve-se borrifar a solução na superfície a ser analisada, sempre mantendo uma 
 
 
52 
distância de segurança de aproximadamente 15 cm. Esse procedimento deve ser repetido o 
número de vezes necessárias para a visualização da impressão. 
 A impressão, caracterizada pela cor púrpura, só aparecerá quando a superfície estiver 
completamente seca. A reação ocorrida é exemplificada na figura 15 e um exemplo de 
impressão digital revelada em papel pode ser visto na Figura 29. 
 
FIGURA 28 - REAÇÃO QUÍMICA DA NINIDRINA COM AMINOÁCIDOS 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
FIGURA 29 - IMPRESSÕES DIGITAIS REVELADAS COM A TÉCNICA DE NINIDRINA 
EM PAPEL 
 
FONTE: Disponível em: <http://quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
53 
3.2.4 Identificação de Sangue e Outros Fluidos Biológicos 
 
 
 O objetivo do perito é encontrar vestígios que auxiliem na elucidação dos crimes. Os 
vestígios biológicos mais comuns em qualquer cena do crime são: sangue, cabelos, pelos, 
sêmen, saliva, urina, fezes, ossos e peças dentárias. 
 
a) Sangue 
 
 O sangue é uma mistura constituída pelo plasma (água e sais dissolvidos) e os 
componentes sólidos (eritrócitos – glóbulos vermelhos, leucócitos – glóbulos brancos e 
plaquetas) (FIGURA 30). 
 
FIGURA 30 - CONSTITUINTES DO SANGUE 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
 
 O sangue apresenta as seguintes funções: 
 
 Transporte de oxigênio e dióxido de carbono pelo corpo humano; 
 Responsável por mediar a troca de substâncias entre os órgãos; 
 Transporte de metabólitos; 
 Distribuição de hormônios; 
 Homeostase; 
 
 
54 
 Manutenção da temperatura corporal; 
 Regulação do balanço ácido-base em conjunto com os pulmões, fígado e rins; 
 Defesa contra agentes patogênicos; 
 Realização da coagulação como mecanismo de autoproteção. 
 
 Quanto à presença de sangue na cena de um crime há três situações possíveis de 
ocorrer: 
 
I) O sangue/mancha de sangue encontra-se visível; 
II) O sangue/mancha de sangue encontra-se invisível; 
III) O sangue /mancha de sangue foi removida pelo criminoso, portanto, considerada 
também invisível. 
O tipo de mancha de sangue deixada como vestígio vai depender do tipo de ferimento 
em questão (FIGURA 31). 
 
FIGURA 31 - MANCHAS DE SANGUE. GOTEJADA (À ESQUERDA), TRANSFERIDA 
(CENTRO) E PROJETADA (À DIREITA) 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.quimicaforensic.blogspot.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
Os eritrócitos ou glóbulos vermelhos do sangue apresentam em seu interior uma 
molécula de hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio. A molécula de hemoglobina 
possui em sua estrutura um radical denominado heme (FIGURA 32). 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
FIGURA 32 - ESTRUTURA MOLECULAR DA HEMOGLOBINA (À ESQUERDA) E A 
ESTRUTURA DO RADICAL HEME (À DIREITA) 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com>. Acesso em: 27 set. 2012. 
 
A coleta dos vestígios sanguíneos é um processo de extrema importância e deve ser 
realizado com bastante cautela pelos peritos. Antes deve ser feita uma avaliação geral do local 
do crime, determinar a localização exata das manchas, se elas foram lavadas, se há 
contaminação, o aspecto e o tamanho, etc. 
A coleta depende do estado físico do sangue. Caso esteja em estado líquido, deve ser 
coletado com o auxílio de tiras absorventes ou zaragatoas estéreis. As tiras deverão ser 
armazenadas em envelopes de papel após estarem completamente secas. Já as zaragatoas 
deverão ser armazenadas em suportes próprios. 
Caso o sangue esteja em estado sólido, há duas possibilidades. A primeira é a 
realização da raspagem e posterior armazenamento em envelopes de papel. A segunda é a 
solubilização com soro fisiológico e coleta em tiras de papel, como descrito anteriormente. 
A escolha do teste depende das características da amostra obtida na coleta. Os testes 
podem ser de dois tipos: testes presuntivos, que são aqueles que identificam a presença de 
sangue baseados em reações de oxidação, que podem ser reações de cor ou luminescência; e 
os testes confirmatórios, que são aqueles que confirmam a presença de sangue por meio da 
formação de cristais de derivados do grupo heme ou de reações imunológicas com a 
hemoglobina. 
 
Testes presuntivos 
Reações de cor 
 
 
 
56 
São utilizados peróxido de hidrogênio e um reagente que funciona como indicador. O 
grupo heme atua sobre o peróxido liberando oxigênio que oxida o indicador, originando um 
composto corado. 
 
I) Reação de cor – Reagente de Kastle-Meyer 
 
 Reagente de Kastle-Meyer: 
 0,1 g de fenolftaleína; 
 2,0 g de hidróxido de sódio (sob a forma de pellet); 
 2,0 g de pó de zinco metálico; 
 10 ml de água destilada. 
 
 A amostra de sangue coletada deve ser macerada com 1 ml de água destilada ou 
hidróxido de amônio concentrado. Duas gotas do macerado são colocadas em um tubo de 
ensaio junto com duas gotas do reagente e duas de peróxido de hidrogênio a 5 %. A reação 
ocorrida pode ser vista na Figura 33. 
 
FIGURA 33 - REAÇÕES DO REAGENTE DE KASTLE – MEYER 
 
FONTE: Disponível: <http://www.allchemy.iq.usp.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 
57 
 Caso a amostra contenha sangue, haverá a decomposição do peróxido em água e 
oxigênio. O oxigênio liberado promoverá a mudança de cor da fenolftaleína. É essa mudança de 
cor que evidencia ao perito que a amostra contém sangue. É um teste de sensibilidade de 
1/1.000.000. 
 
II) Reação de cor – Reagente de Adler- Ascarelli ou Benzidina 
 
 Reagente de Adler – Ascarelli ou Benzidina 
 0,16 g de benzidina cristalizada; 
 4Ml de ácido acético glacial; 
 4mL de peróxido de hidrogênio de 3 a 5%. 
 
 A amostra coletada deve ser macerada em 1 ml de água destilada ou ácido acético 
glacial. Colocam-se duas gotas do macerado em um tubo de ensaio juntamente com duas gotas 
do reagente e duas de peróxido de hidrogênio. Caso a amostra contenha sangue, o oxigênio 
liberado irá oxidar a benzidina fazendo com que haja o aparecimento da coloração azul. 
(FIGURA 34). 
 
FIGURA 34 - REAÇÃO DE BENZIDINA 
 
FONTE: Disponível: <http://www.allchemy.iq.usp.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
 A sensibilidade desse teste é de 1/ 2.000.000. 
 
Reações de Luminescência 
 
 As moléculas do sangue podem ser excitadas quimicamente por meio de fluorocromos 
produzindo luminescência por reação de oxidação com o grupo heme. Esses testes em que se 
 
 
58 
utilizam reações de luminescência servem para detectar vestígios em cenas de crimes em que 
não há manchas visíveis a olho nu. 
 
I) Reação de Luminescência - Reagente de Luminol 
 
 O composto luminol (5-amino-2,3-di-hidro-1,4-ftalazinadiona) pode ser obtido a partir 
do ácido 3-nitroftálico (FIGURA 35). 
 
FIGURA 35 - SÍNTESE DE LUMINOL 
 
FONTE: Disponível: <http://www.allchemy.iq.usp.br>. Acesso em: 26 set. 2012. 
 
O luminol produz uma reação quimioluminescente em solução básica quando em 
contato com o sangue. A vantagem da utilização do luminol é que ele é capaz de reagir com 
quantidades ínfimas de sangue, mesmo se já tenha passado longos períodos ou se tenha sido 
realizada a remoção prévia pelo criminoso. A sensibilidade do teste pode chegar a 1/ 
1.000.000.000. 
Hoje, há kits especiais no mercado facilitando a vida dos peritos na revelação de 
manchas de sangue. Exemplos da reação de quimioluminescência podem

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